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1 OS IMPACTOS AMBIENTAIS DO CONSUMO DO COCO VERDE NA PRAIA DO FUTURO EM FORTALEZA-CE. Autores: Cora Franklina do Carmo Furtado Faculdade Integrada da Grande Fortaleza [email protected] Maria Auriceliana Cézar Gadelha Faculdade Integrada da Grande Fortaleza [email protected] RESUMO: A pesquisa teve por objeto de estudo a visão de treze gestores de barracas da Praia do Futuro em Fortaleza-CE em relação às ações que podem minimizar o impacto ambiental oriundo do consumo de coco verde. Apoiando-se em pesquisa qualitativa o processo de coleta foi realizado por meio de pesquisas secundárias as quais dispunham de informações para o aproveitamento da casca do coco verde. As referidas informações relatavam que problemas de saúde são causados pelo descarte incorreto gerado por: proliferação de vetores, reprodução desordenada de animais nocivos à saúde das pessoas, ocupação de grandes áreas nos aterros sanitários, produção de gases e contaminação do solo. Também se relatou que todo esse resíduo pode ser transformado em produtos desde que passe por um fluxo correto de descarte e seja beneficiado. Ao analisar as respostas às entrevistas, utilizou-se a análise do discurso mostrando que, dos gerentes e proprietários de barracas entrevistados, apenas dois conhecem o destino dos resíduos produzidos pela sua própria barraca. Um deles informou que o produto é levado para reciclagem. Quando foram questionados sobre a utilidade da reciclagem, sete dos entrevistados informaram que é útil na produção de fibras, artesanato, adubo, grama sintética e combustível. Da coleta realizada, quatro empresas são dos próprios fornecedores de coco verde às barracas que adotam estratégias de logística reversa, duas empresas de natureza ambiental e os demais resíduos são coletados por serviços da prefeitura de Fortaleza que jogam os rejeitos nos aterros sanitários. Palavras-chave: Impactos Ambientais, Sustentabilidade, Resíduos de coco verde. ABSTRACT: The research object was to study the point of view of thirteen managers of beach restaurants in Futuro Beach in Fortaleza/CE about the actions that can minimize the environmental impact of consumption of green coconut. The article was based on qualitative research having the collection process conducted through secondary research which had information on the use of green coconut shell. Such information reported that health problems are caused by incorrect disposal generated by the proliferation of vectors, disorderly reproduction of vermin, occupation of large areas in landfills, gas production and soil contamination. It was also reported that all this waste can be turned into products since it goes through a proper stream of disposal and it is processed. By analyzing the responses to the interviews, we used discourse analysis showing that only two out of 13 managers and owners of the beach restaurants interviewed know the destination of the waste produced by their own restaurants. One reported that the product is taken for recycling. When asked about the usefulness of recycling, seven of the respondents reported that it is useful in fiber production, craft, fertilizers, synthetic grass and fuel. About the collection of waste, four companies belong to the providers of green coconut and the beach restaurants adopt strategies to reverse logistics, two companies of environmental nature and the other waste is collected by municipal service of the city of Fortaleza that throw it in landfills. Key-words: Keywords: Environmental Impact, Sustainability, Waste green coconut.

OS IMPACTOS AMBIENTAIS DO CONSUMO DO COCO … · sustentabilidade requer uma interação da sociedade com o meio ambiente, em que os cuidados com os impactos ambientais são predominantes

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OS IMPACTOS AMBIENTAIS DO CONSUMO DO COCO VERDE NA PRAIA DO

FUTURO EM FORTALEZA-CE.

Autores: Cora Franklina do Carmo Furtado Faculdade Integrada da Grande Fortaleza [email protected] Maria Auriceliana Cézar Gadelha Faculdade Integrada da Grande Fortaleza [email protected] RESUMO: A pesquisa teve por objeto de estudo a visão de treze gestores de barracas da Praia do Futuro

em Fortaleza-CE em relação às ações que podem minimizar o impacto ambiental oriundo do

consumo de coco verde. Apoiando-se em pesquisa qualitativa o processo de coleta foi

realizado por meio de pesquisas secundárias as quais dispunham de informações para o

aproveitamento da casca do coco verde. As referidas informações relatavam que problemas de

saúde são causados pelo descarte incorreto gerado por: proliferação de vetores, reprodução

desordenada de animais nocivos à saúde das pessoas, ocupação de grandes áreas nos aterros

sanitários, produção de gases e contaminação do solo. Também se relatou que todo esse

resíduo pode ser transformado em produtos desde que passe por um fluxo correto de descarte

e seja beneficiado. Ao analisar as respostas às entrevistas, utilizou-se a análise do discurso

mostrando que, dos gerentes e proprietários de barracas entrevistados, apenas dois conhecem

o destino dos resíduos produzidos pela sua própria barraca. Um deles informou que o produto

é levado para reciclagem. Quando foram questionados sobre a utilidade da reciclagem, sete

dos entrevistados informaram que é útil na produção de fibras, artesanato, adubo, grama

sintética e combustível. Da coleta realizada, quatro empresas são dos próprios fornecedores de

coco verde às barracas que adotam estratégias de logística reversa, duas empresas de natureza

ambiental e os demais resíduos são coletados por serviços da prefeitura de Fortaleza que

jogam os rejeitos nos aterros sanitários.

Palavras-chave: Impactos Ambientais, Sustentabilidade, Resíduos de coco verde.

ABSTRACT: The research object was to study the point of view of thirteen managers of beach restaurants

in Futuro Beach in Fortaleza/CE about the actions that can minimize the environmental

impact of consumption of green coconut. The article was based on qualitative research having

the collection process conducted through secondary research which had information on the

use of green coconut shell. Such information reported that health problems are caused by

incorrect disposal generated by the proliferation of vectors, disorderly reproduction of vermin,

occupation of large areas in landfills, gas production and soil contamination. It was also

reported that all this waste can be turned into products since it goes through a proper stream of

disposal and it is processed. By analyzing the responses to the interviews, we used discourse

analysis showing that only two out of 13 managers and owners of the beach restaurants

interviewed know the destination of the waste produced by their own restaurants. One

reported that the product is taken for recycling. When asked about the usefulness of recycling,

seven of the respondents reported that it is useful in fiber production, craft, fertilizers,

synthetic grass and fuel. About the collection of waste, four companies belong to the

providers of green coconut and the beach restaurants adopt strategies to reverse logistics, two

companies of environmental nature and the other waste is collected by municipal service of

the city of Fortaleza that throw it in landfills.

Key-words: Keywords: Environmental Impact, Sustainability, Waste green coconut.

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1 INTRODUÇÃO

No atual cenário ambiental algumas iniciativas são essenciais para que a terra consiga ser sustentável e diante dessa preocupação o artigo traz para discussão um problema de impacto ambiental a partir dos resíduos do coco verde.

Devido às constantes transformações ocorridas ao meio ambiente, a sociedade atual tem se dado conta da grande importância do reaproveitamento dos resíduos sólidos. Nesta perspectiva, soluções sustentáveis serão explicitadas para a redução desses impactos no meio ambiente.

A sustentabilidade consiste na busca de equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente, e com base nessa busca que o assunto abordará a importância do aproveitamento da casca do coco verde.

O consumo de água de coco verde tem crescido consideravelmente nos últimos anos devido à incorporação de hábitos saudáveis no atual comportamento da população brasileira. Além disso, Fortaleza é uma cidade litorânea e turística, elevando ainda mais esse consumo. O Ceará é o 3º maior Estado produtor de coco no Brasil o que nos leva a questionar o grau de participação que esta cidade possui na produção de impactos ambientais quando os rejeitos do coco verde são dispostos incorretamente e o grau de possibilidade de desenvolvimento de atitudes ecologicamente corretas e sustentáveis.

Os impactos ambientais gerados a partir do grande número de descartes de resíduos sólidos no ambiente têm sido fator preocupante nos últimos tempos. Devido ao rápido crescimento da população e de seu desenvolvimento, cresce também o seu consumo desenfreado e a tendência é que, a cada dia que passa, mais lixo será descartado no ambiente.

As cascas de coco verde são resíduos oriundos da agricultura com grande potencial de aproveitamento. Dados da Embrapa revelam que do total desse produto tão consumido no Brasil, 80% é descartado no meio ambiente, na maioria das vezes, sem os devidos cuidados.

Analisar os impactos ambientais e o possível aproveitamento da casca do coco é uma alternativa para a redução da problemática dos impactos causados no meio ambiente. O que nos leva à valorização da busca pela sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental, tendo em vista a diminuição da quantidade de descartes no aterro sanitário, que além de aumentar a vida útil do mesmo, haverá uma considerável redução de gases que contribuem para o efeito estufa. No caso do descarte do coco verde é a produção de Metano, e uma diminuição de risco de poluição do lençol freático através do chorume produzido por lixo orgânico. Além da melhoria na saúde pública com a redução de proliferação de doenças e criação de renda.

Diante da problemática o artigo tem como objetivo principal analisar os impactos ambientais causados pelo consumo do coco verde na praia do futuro e como objetivos específicos: avaliar o potencial de aproveitamento da casca do coco verde para a redução dos impactos ambientais; diagnosticar a problemática do resíduo do coco verde das barracas de praia situadas na praia do futuro e propor soluções sustentáveis para este descarte.

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2 SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

A sustentabilidade é hoje um tema bastante discutido em meio ao universo de estudos e pesquisas. Isso ocorre devido às descobertas realizadas por estudiosos de que o impacto ambiental causado pela ação do homem pode causar danos irreparáveis para toda a sociedade. De acordo com Costanza, Daly e Bartholomew (1991, p. 8)

Sustentabilidade é uma relação entre a dinâmica humana e dos sistemas econômicos é maior, mas normalmente mais lento em relação à mudança de sistemas ecológicos, em que (a) a vida humana pode continuar indefinidamente, (b) os seres humanos podem prosperar, e (c) as culturas humanas podem desenvolver, mas em as atividades humanas permanecem dentro de limites, de modo a não destruir a diversidade, complexidade e função do sistema ecológico de suporte da vida.

Gerações passadas percebiam o meio ambiente de maneira diferente da grande parte da população nos dias atuais, como um recurso abundante. Esse ponto de vista fez com que a sociedade demonstrasse uma grande demora na percepção da importância do equilíbrio entre o desenvolvimento e a sustentabilidade.

O fato de o meio ambiente sempre ter sido considerado um recurso abundante e classificado na categoria de bens livres, ou seja, daqueles bens para os quais não há necessidade de trabalho para sua obtenção, dificultou a possibilidade de estabelecimento de certo critério em sua utilização e tornou disseminada a poluição ambiental, passando a afetar a totalidade da população, através de uma apropriação socialmente indevida do ar, da água ou do solo. ... A ciência econômica só recentemente se interessou pela questão ambiental ligada à poluição, pois até então suas preocupações diziam respeito apenas às relações existentes entre o meio ambiente, considerado sob a ótica dos recursos naturais (natureza) e o processo de desenvolvimento. DONAIRE (1999:39).

Para a humanidade continuar em crescente desenvolvimento é necessário continuar a utilizar os recursos vindos da natureza. “Tanto o desenvolvimento econômico quanto o crescimento populacional exercem tremendas pressões sobre nosso recursos e sistemas naturais” HINRICHS, at all (2003:72), e como estes recursos passaram a ser afetados, foi despertada a preocupação para com a escassez desses recursos naturais, juntamente com a preocupação com a qualidade de vida das pessoas em meio a tanta poluição. O que leva o assunto desenvolvimento sustentável ser discutido como uma necessidade mundial.

Segundo DIAS (2011:44) “o desenvolvimento sustentável nas organizações apresenta três dimensões, que são: econômica, social e ambiental”. A sustentabilidade requer uma interação da sociedade com o meio ambiente, em que os cuidados com os impactos ambientais são predominantes. É necessário manter um equilíbrio entre estas três dimensões. Do ponto de vista econômico as empresas precisam ser lucrativas. Em relação à sociedade é preciso propiciar atitudes socialmente corretas para auxiliar no desenvolvimento humano e, por último, ambiental em que a empresa aborda a postura de responsabilidade ambiental, inserindo no seu dia-a-dia atitudes responsáveis para a preservação do meio-ambiente. Para DIAS (2011:45) “o mais importante na abordagem das três dimensões da sustentabilidade empresarial é o equilíbrio dinâmico necessário e permanente que devem ter”. De acordo com DONAIRE (1999:40)

O conceito de desenvolvimento sustentado tem três vertentes principais: crescimento econômico, equidade social e equilíbrio ecológico. Induz um espírito de responsabilidade comum como processo de mudança no qual a exploração de recursos materiais, os investimentos financeiros e as rotas do desenvolvimento tecnológico deverão adquirir sentido harmonioso. Nesse

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sentido, o desenvolvimento da tecnologia deverá ser orientado para metas de equilíbrio com a natureza e de incremento da capacidade de inovação dos países em desenvolvimento e o progresso será entendido como fruto de maior riqueza, maior benefício social equitativo e equilíbrio ecológico.

As atitudes ecologicamente corretas trazem benefícios para a sociedade de modo geral. Manter o meio ambiente equilibrado e protegê-lo é função primordial a ser inserido no dia-a-dia da população. Para que as gerações futuras possam ainda desfrutar dos bens provenientes da natureza, assim como desfrutar de boa qualidade de vida. De acordo com o WCED (1987, p. 65)

O desenvolvimento sustentável é desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades. Ele contém em si dois conceitos fundamentais: o conceito de 'necessidades', em particular as necessidades essenciais dos pobres do mundo, a prioridade absoluta que deve ser dada, e a ideia de limitações impostas pelo estado da tecnologia e da organização social sobre a capacidade do ambiente para atender às necessidades presentes e futuras.

Este assunto passou a ser abordado como uma questão de sobrevivência. Sendo necessária a conscientização da população atual no que diz respeito aos impactos causados pela intervenção do homem na natureza. Conforme Gladwin, Krause & Kennelly, (1995, p. 879).

Mostrando também que existem maneiras rentáveis para se alcançar o presente propósito. Equidade social e respeito da biosfera são necessários para maior bem-estar em qualquer lugar do planeta: o bem-estar humano e a equidade social são necessárias para motivar o respeito da biosfera, e maior bem-estar e respeito da biosfera são necessários para facilitar a equidade social.

De acordo com Taylor (1994) e Sachs(1995) a questão central da sustentabilidade é oferecer uma visão de desenvolvimento centrada na melhoria da condição humana e na conservação e manutenção da natureza. A crença de que ecocentrismo é um paradigma ainda não manifesto na realidade, e pode ser similarmente desafiador por razões de extremo idealismo foi criticada pelos autores. Gladwin, Krause & Kennelly, (1995, p. 879) contribuem com Taylor e Sachs e explicam que:

Algumas pessoas podem alegar que, como expressão do humanismo ecológico, é fundamentalmente uma contradição nos termos. Acreditamos, no entanto, que o centro da sustentabilidade representa a perspectiva de que é mais congruente com os requisitos do desenvolvimento sustentável.

A ideia em discussão neste artigo é justamente a proposta de que a sustentabilidade deve se fazer presente em ações empreendedoras por meio da pesquisa e inovação que orienta a transformação de resíduos ou lixo em riqueza e gera uma sinergia ambiental entre o consumo de recursos naturais e a natureza. Por outro lado é essencial que a sociedade e os stakeholders cumpram o seu papel de proteger o ambiente em que vivem provocando o menor impacto possível. 2.1 OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO CONSUMO DO COCO VERDE

As alterações causadas no meio em que estamos inseridos podem provocar impactos, tanto no sentido de melhorias quanto de prejuízos. No que se refere aos impactos causados pelo consumo do coco verde os prejuízos, principalmente quando os resíduos são dispostos de forma incorreta no meio ambiente são: proliferação de vetores; impacto visual; contaminação do solo; ocupação de grandes espaços nos aterros sanitários; emissão de gases devido à decomposição do resíduo do coco verde; entre outros.

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Impacto ambiental é qualquer alteração (boa ou ruim) no meio ambiente causada por determinada ação ou atividade que afete a qualidade do solo, água, atmosfera (meio físico), dos ecossistemas, da flora, ou da fauna (meio biótico) ou das atividades humanas como turismo, pesca ou atividades culturais (meio socioeconômico). (RIMA, 2010:26)

O aumento no consumo da água de coco verde tem sido fator preocupante devido aos impactos no meio ambiente e na sociedade provocados pelas cascas que são descartadas incorretamente. O que levou pesquisadores a aprofundarem seus estudos no assunto.

A água-de-coco verde vem despontando como um produto bastante promissor no

mercado brasileiro, com crescimento de mercado estimado em 20% ao ano. O

problema, no entanto, é que o aumento no consumo da água-de-coco está gerando

cerca de 6,7 milhões de toneladas de casca/ano, transformando-se em um sério

problema ambiental, principalmente para as grandes cidades. (Embrapa, 2012: on

line).

A proliferação de moscas, mosquitos, baratas e ratos a partir dos resíduos depositados de maneira imprópria contribuem e geram condições favoráveis para se reproduzirem e consequentemente espalhar doenças para a população.

A geração do resíduo sólido urbano (RSU) é motivo de preocupação de governantes

e administradores em todo o mundo, estando associada aos costumes, educação,

qualidade de vida e nível de atividade comercial e industrial. A forma como ocorre o

descarte e a destinação do RSU pode ter impactos sociais, como a proliferação de

vetores, e ambientais, como a geração de chorume e de gases, como o metano.

Portanto, conhecer a quantidade do resíduo originado e como é feita a sua disposição

final é importante para que se dimensione os possíveis impactos que possam ser

causados. Como as cascas de coco verde compõem o RSU, são destinadas da mesma

forma, estando submetidas a todos os processos de decomposição que ocorrem no

resíduo sólido urbano. (PASSOS, 2005).

Depois de consumido o coco verde, parte dos consumidores o descarta em local inapropriado, próximos ao local de venda, com maior frequência nas praias, causando uma poluição visual. O que contribui para um mal-estar das pessoas que frequentam, prejudicando também a imagem do local visitado por turistas. Outra questão é a contaminação do solo e corpos d’água. Isso pode ocorrer quando há disposição dos resíduos em vazadouros.

A ocupação de um grande espaço nos aterros sanitários, reduzindo a vida útil do mesmo. A casca de coco verde leva em média 12 anos para se decompor, o que torna ainda mais reduzido o espaço do aterro devido ao grande volume acumulado.

A emissão de gases devido à decomposição das cascas do coco verde devido os resíduos constituírem origem orgânica, sofrem um processo de decomposição pela ação de micro-organismos. Durante esse processo é produzido o metano (CH4), gás que contribui para o efeito estufa.

O efeito estufa é o responsável pelo aquecimento da terra. A intensificação desse efeito e o aquecimento global, segundo MAY at al (2003: p. 222), “poderão resultar em graves perturbações do sistema climático da Terra, com graves consequências, tanto para sociedades humanas, quanto para os ecossistemas do planeta”. Quadro 2.1 Consequências do descarte do Coco Verde

A elevação do nível dos oceanos;

O derretimento de geleiras, glaciares e calotas polares;

Mudanças nos regimes de chuvas e ventos, com intensificação de fenômenos extremos tais como furacões,

tufões, ciclones, tempestades tropicais e inundações;

Intensificação do processo de desertificação e de acesso à água potável;

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Perda de biodiversidade;

Perda de áreas agricultáveis;

Aumento da incidência de algumas doenças transmissíveis por alguns vetores;

Aumento do risco de incêndios, dentre outras.

Fonte: May at al, 2003:222

2.2 O BENEFICIAMENTO DA CASCA DE COCO (Cocos nucifera) VERDE

O crescente número de lixo gerado pela sociedade atual tem levado grande parte da população a reavaliar o modo de vida adotado ainda pela maioria, onde o consumir e o descartar são predominantes. Aumentando, a cada dia, mais lixo a ser depositado nos aterros ou a serem dispostos indevidamente nas cidades.

Com isso, novas propostas estão sendo feitas, para um melhor aproveitamento desses resíduos. Trazendo benefícios para a população.

Nas cidades litorâneas, como Fortaleza, os resíduos do coco representam 70% do lixo que fica depositado nas orlas, por isso é tão importante incentivar as parcerias com indústrias que fazem o beneficiamento (GLOBO NOTÍCIAS, 2011: on-line).

Com base nos dados, cerca de 70% do lixo das regiões praianas como Fortaleza é proveniente do descarte do coco verde, o que leva a valorizar ainda mais a possibilidade do aproveitamento das cascas do coco verde, em que 80% desse produto, até pouco tempo atrás não havia uma destinação sustentável.

O aproveitamento da casca do coco verde vem sendo estudado há anos pela

Embrapa Agroindústria Tropical. Por ser um produto de difícil degradação o seu

aproveitamento trouxe uma grande contribuição para a redução dos impactos

ambientais por eles causados e um desenvolvimento mais sustentável principalmente

nas regiões praianas. (EMBRAPA, 2012:on line)

Através de uma parceria com a metalúrgica FORTALMAG, a Embrapa desenvolveu um conjunto de equipamento destinado à obtenção do pó e da fibra da casca de coco verde. Todo o processo é feito mecanicamente por meio desses equipamentos e é basicamente constituído de três etapas de acordo com o Quadro 2.2.

Quadro 2.2 Processo de beneficiamento da casa do coco.

Trituração Nesta etapa a casca de coco é cortada e triturada por um rolo

de facas fixas. Este procedimento possibilita a realização da

etapa de seleção e prensagem. Prensagem A casca de coco tem alta concentração de sais em níveis

tóxicos para o cultivo de várias espécies vegetais. A casca de

coco verde têm 85% de umidade e a maior parte dos sais se

encontra em solução. A extração desta umidade via

compressão mecânica possibilita a extração conjunta dos sais.

A eficiência desta etapa é de importância fundamental para a

perfeita seleção do material na etapa seguinte e também para a

adequação do nível de salinidade do pó obtido no

processamento. Seleção Após a prensagem são separadas as fibras do pó na máquina

selecionadora que é equipada com um rolo de facas fixas e

uma chapa perfurada. O material é turbilhonado ao longo do

eixo da máquina, o que faz com que o pó caia pela chapa

perfurada e a fibra saia no fim do percurso. Resultado Após o processamento obtém-se o pó e a fibra da casca de

coco verde com um rendimento sobre a matéria prima de 15%

e 7,5% respectivamente. Fonte: Embrapa, 2012: on-line.

Pesquisas conduzidas pela Embrapa (2006) demonstraram que o pó da casca de coco pode ser utilizado para cultivo da produção de cajueiro-anão precoce. Os resultados mostraram uma maior eficiência quando o pó da casca do coco verde

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foi adicionado a outros materiais orgânicos do que quando cultivado em bagana de carnaúba ou casca de arroz carbonizada.

O beneficiamento do coco verde vai mais além do que um simples meio de reduzir os impactos ambientais e contribuir com o desenvolvimento sustentável. Trata-se também de uma oportunidade de negócio do qual se utiliza de lixo para produzir produtos de alta qualidade, agregando valor aos bens que utilizam esse tipo de matéria-prima. 2.3 A UTILIZAÇÃO DA FIBRA E DO PÓ DAS CASCAS DO COCO VERDE

Já foram feitas muitas descobertas de utilização da fibra e do pó oriundos da reciclagem das cascas do coco verde. Essas descobertas tornaram sustentável o aproveitamento desses resíduos, os quais agregam valor à marca que utiliza esse tipo de fibra em seus produtos, além de causar rendimentos à população.

Conforme Quadro 2.3, os produtos oriundos do aproveitamento das cascas do coco verde são diversos e são produtos que trazem a proposta da sustentabilidade tão almejada hoje e para as futuras gerações. Quadro 2.3 Produtos desenvolvidos a partir dos resíduos do coco

Subprodutos do coco Características

Assentos e revestimento internos de veículos A fibra do coco é melhor do que a espuma

derivada do petróleo, por ser uma matéria-prima

barata, como também por ser ecologicamente

correta, resistente e durável.

Mantas e telas de proteção para o solo Servem para proteção de solos, no controle e

recuperação de áreas degradadas. Devido à lenta

decomposição, as fibras aumentam a retenção de

umidade e a atividade microbiana, criando as

condições favoráveis ao desenvolvimento

vegetal.

Vassouras e Cordas Obtidas a partir de meadas de fibras que podem

ser mais curtas e de tamanho diferentes. O

processo produtivo é simples e não exige pessoal

muito especializado.

Substrato agrícola e peças para jardinagem O substrato obtido a partir do coco tem se

mostrado como um dos melhores meios de

cultivo de vegetais, principalmente da alta

porosidade e alto potencial de retenção de

umidade. (ROSA, 2001)

Produtos como vasos, palitos e placas, dentre

outros que substituem os artefatos produzidos

com xaxim, palmeira da Mata Atlântica, em

extinção, com extração regulamentada por lei.

Telhas Incorporação das fibras em matriz de papel

reciclado, para a produção de compósito, que

após impermeabilização com cimento asfáltico

recebeu a denominação de “telha ecológica.

(PASSOS, 2005)

Isolante térmico e acústico A fibra de coco contribui para uma redução

substancial dos níveis sonoros, superando

largamente os resultados obtidos com a utilização

de outros materiais. A resistência e durabilidade

convertem esta fibra em um material versátil e

indicado para os mercados de isolamento,

térmico e acústico.

Briquetes Briquetes são produtos de alto poder calorífico,

obtido pela compactação dos resíduos de madeira

como o pó de serragem e as cascas vegetais como

a casca de coco. Este produto é muito utilizado

para a geração de energia, sendo considerado

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uma lenha ou carvão ecológico de alta qualidade.

(Fonte: ROCHA at al, 2010:4)

3 METODOLOGIA O método utilizado nesta pesquisa foi de natureza qualitativa que

representa de acordo com Creswell (2007, p. 34) o pesquisador coleta dados emergentes abertos com o objetivo principal de desenvolver temas a partir dos dados.

Inicialmente o artigo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica e exploratória que aplicou entrevistas aos gestores de barracas de praia para avaliar o conhecimento desses atores sobre o impacto do descarte do coco. De acordo com Collis e Hussey (2005, p. 24) “a pesquisa exploratória é realizada quando há poucos ou nenhum estudo anterior que possamos buscar as informações sobre a questão ou o problema. ... a descritiva descreve as características das questões pertinentes”. E a pesquisa avança quando descreve as possibilidades de uso dos resíduos do produto e caracteriza sua natureza descritiva porque descreve o processo e as estratégias de reciclagem e beneficiamento.

Por meio da bibliografia estudada, foi feita uma investigação acerca dos impactos ambientais causados pelo consumo da água de coco verde e levantadas possibilidades de aproveitamento dos resíduos por eles provocados. Além de mostrar a relevância do assunto para a sociedade através da sustentabilidade e sua responsabilidade socioambiental.

Para a coleta de dados foi utilizada a pesquisa de campo utilizando-se de entrevista. Conforme ANDRADE, (2003:146), “A pesquisa de campo utiliza técnicas específicas, que têm o objetivo de recolher e registrar de maneira ordenada, os dados sobre o assunto em estudo”. Para RUIZ, (1993:50) “a pesquisa de campo consiste na observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados e no registro de variáveis presumivelmente relevantes para ulteriores análises”. Esta técnica foi escolhida com o objetivo de obter informações acerca do assunto abordado, por meio da análise de informações como: quantidade vendida semanalmente de coco verde e qual a destinação dos seus resíduos para analisar o possível grau de impacto ambiental provocado; obtenção de informações dos entrevistados, se os mesmos possuem conhecimento sobre o seu aproveitamento e quais opiniões possuem acerca desse assunto no âmbito econômico, social e ambiental.

O tipo de entrevista escolhida foi a padronizada, em que as perguntas foram feitas segundo um roteiro preestabelecido. De acordo com ANDRADE, (2003:146) “a entrevista constitui um instrumento eficaz na recolha de dados fidedignos para a elaboração de uma pesquisa”. O instrumento de coleta de dados buscou as respostas para entender a visão dos respondentes no processo de sustentabilidade. Quadro 3.1 Instrumento de Pesquisa para avaliação do impacto do descarte do coco verde nas barracas da Praia do Futuro.

1 Qual a quantidade de venda média semanal de coco verde neste período?

2 E na alta estação?

3 Como é realizada a coleta das cascas do coco verde?

4 Qual o seu destino final?

5 Possui algum conhecimento a respeito da reciclagem do coco verde?

6 Considera a casca do coco verde um problema ambiental e urbano?

7 Possui algum conhecimento dos riscos à saúde pública e ao meio-ambiente quando existe a má disposição desse resíduo?

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8 Considera importante a reciclagem desse resíduo?

Fonte: Elaborado pelas autoras.

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS A partir dos resultados das entrevistas realizadas junto aos proprietários

de barracas da Praia do Futuro, foi possível identificar que, apesar de a sociedade está inserida se inserindo recentemente em assuntos de sustentabilidade e responsabilidade ambiental, o enfoque na preocupação com os impactos ambientais causados pela ação da humanidade, é visível. Quadro 4.1 Quantidade média semanal de vendas de coco verde produzido em período de baixa estação

Entrevistado 1 1000 unidades

Entrevistado 2 2000 unidades

Entrevistado 3 1500 unidades

Entrevistado 4 200 unidades

Entrevistado 5 30 unidades

Entrevistado 6 150 unidades

Entrevistado 7 20 unidades

Entrevistado 8 100 unidades

Entrevistado 9 200 unidades

Entrevistado 10 Não informou.

Entrevistado 11 150 unidades

Entrevistado 12 700 unidades

Entrevistado 13 1200 unidades

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Os resultados apresentados no Quadro 4.1 demonstram que a média de venda do produto no período de baixa estação é de 604 unidades por barraca. Considerando que cada produto possui em média 1,5kg e que em média 80% desse produto são descartados, aproximadamente 725kg de resíduos são gerados por barraca. Existe mais de 150 barracas na praia do futuro, o que gera uma média de 108.720kg de resíduos de coco verde gerados semanalmente na praia do futuro na baixa estação. Quadro 4.2 Quantidade média semanal de vendas de coco verde produzido em período de alta

estação

Entrevistado 1 1500 unidades

Entrevistado 2 6000 unidades

Entrevistado 3 3000 unidades

Entrevistado 4 300 unidades

Entrevistado 5 60 unidades

Entrevistado 6 400 unidades

Entrevistado 7 50 unidades

Entrevistado 8 150 unidades

Entrevistado 9 300 unidades

Entrevistado 10 Não informou.

Entrevistado 11 1000 unidades

Entrevistado 12 1300 unidades

Entrevistado 13 1600 unidades

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Os resultados apresentados no Quadro 4.2 demonstram que a média de venda do produto no período da alta estação é de 1.305 unidades por barraca. Considerando que cada produto possui em média 1,5kg e que em média 80% desse produto são descartados, aproximadamente 1.566kg de resíduos são gerados por barraca. Existe mais de 150 barracas na praia do futuro, o que gera uma média de 234.900kg de resíduos de coco verde gerados semanalmente na praia do futuro na alta estação. Quadro 4.3 Coleta dos resíduos da casca do coco de conhecimento dos gestores das barracas

da Praia do Futuro.

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Entrevistado 1 Coleta realizada pelo próprio fornecedor do coco verde.

Entrevistado 2 Coleta realizada pela prefeitura de Fortaleza.

Entrevistado 3 Coleta realizada pelo próprio fornecedor do coco verde.

Entrevistado 4 Coleta realizada pelo próprio fornecedor do coco verde.

Entrevistado 5 Coleta realizada pela prefeitura de Fortaleza.

Entrevistado 6 Coleta realizada pela prefeitura Fortaleza.

Entrevistado 7 Coleta realizada pela cooperativa COCACE.

Entrevistado 8 Coleta realizada pelo caminhão do lixo.

Entrevistado 9 Coleta realizada pelo próprio fornecedor do coco verde.

Entrevistado 10 Coleta realizada pela prefeitura de Fortaleza.

Entrevistado 11 Coleta realizada pela empresa Meta Ambiental.

Entrevistado 12 Coleta realizada pela prefeitura de Fortaleza.

Entrevistado 13 Coleta realizada pela prefeitura de Fortaleza e pelo caminhão do lixo.

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Os resultados apresentados no Quadro 4.3 demonstram que a coleta dos resíduos do coco já é realizada de maneira sustentável pela maioria dos barraqueiros. Existe a preocupação com o perfeito armazenamento desse lixo, onde em quase todas as barracas entrevistadas esse resíduo é separado dos demais lixos produzidos para que a coleta seja realizada pela prefeitura; pelo próprio fornecedor ou por alguma cooperativa como a COCACE. Somente duas, do total de treze barracas entrevistadas, não descarta o resíduo por meio do caminhão do lixo que é destinado aos grandes lixões. Quadro 4.4 Destino final do coco verde de conhecimento dos gestores de barracas de praia

Entrevistado 1 Não sabe.

Entrevistado 2 Não sabe.

Entrevistado 3 Produção de artesanatos, papéis.

Entrevistado 4 Não sabe. Entrevistado 5 Não sabe. Entrevistado 6 Não sabe. Entrevistado 7 Não sabe. Entrevistado 8 Não sabe. Entrevistado 9 Não sabe. Entrevistado 10 Não sabe. Entrevistado 11 Não sabe. Entrevistado 12 Não sabe.

Entrevistado 13 Produtos levados para reciclagem pela empresa COCACE.

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Os resultados apresentados no Quadro 4.4 demonstram que, apesar de a coleta das cascas do coco verde já estarem sendo feitas, pela maioria, de forma correta e com destinação sustentável, nenhum dos barraqueiros conseguiu responder com segurança sobre o destino final desses resíduos. Somente dois responderam que eram levados para reciclagem e os demais responderam que não sabiam. Quadro 4.5 Conhecimento dos gestores de barracas de praia sobre reciclagem da casca do

coco.

Entrevistado 1 Conhece um pouco. Sabe que produz fibras.

Entrevistado 2 Conhece um pouco. Produz artesanatos e adubos.

Entrevistado 3 Já ouviu falar.

Entrevistado 4 Não possui conhecimento.

Entrevistado 5 Diz que já ouviu falar que produzia carvão.

Entrevistado 6 Produz artesanatos.

Entrevistado 7 Possui conhecimento.

Entrevistado 8 Não possui conhecimento.

Entrevistado 9 Possui conhecimento. Sabe do valor da casca do coco para produção de

adubo e jarros (artesanato).

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Entrevistado 10 Possui conhecimento. Produção de fibra, grama sintética e combustível.

Entrevistado 11 Diz que não possui conhecimento, apesar de citar durante a entrevista que

pode ser usado como adubo.

Entrevistado 12 Não possui conhecimento.

Entrevistado 13 Sabe que existem empresas que reciclam, mas não sabe como.

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Os resultados apresentados no Quadro 4.5 demonstram que no que se refere à reciclagem das cascas do coco verde a maioria possui conhecimento sobre o assunto ou já ouviu falar a respeito. Mesmo que alguns dos entrevistados não demonstrem convicção sobre o conhecimento, pode-se concluir que os mesmos estão cientes da importância dessa reciclagem. Quadro 4.6 Conhecimento dos gestores de barracas do impacto do descarte da casca do coco.

Entrevistado 1 Gera lixo e todo lixo é um problema quando não é coletado ou bem

armazenado.

Entrevistado 2 O lixo gerado ocupa muito espaço e gera custos para descartar.

Entrevistado 3 Não considera o descarte da casca do coco um problema.

Entrevistado 4 Deve causar problema por ser lixo.

Entrevistado 5 Não considera o descarte da casca do coco um problema.

Entrevistado 6 Causa impactos como qualquer outro lixo.

Entrevistado 7 Não considera o descarte da casca do coco um problema, por ser lixo

orgânico.

Entrevistado 8 Não possui conhecimento.

Entrevistado 9 Existem impactos quando não há uma destinação correta, mas agora a

casca do coco está sendo valorizado para o reaproveitamento.

Entrevistado 10 Não considera o descarte da casca do coco um problema.

Entrevistado 11 Considera um problema por ser mais lixo no meio ambiente.

Entrevistado 12 Considera um problema quando não é recolhido.

Entrevistado 13 Não considera o descarte da casca do coco um problema.

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Os resultados apresentados no Quadro 4.6 demonstram que, no que se refere aos impactos ambientais oriundos do descarte da casca do coco, foi citado pela maioria a preocupação com a produção de lixo; cinco dos entrevistados não consideram esse descarte um problema; um não possui conhecimento sobre os impactos e um acha que deve trazer problemas, mas não soube dizer de que tipo. Quadro 4.7 Conhecimento dos gestores de barracas dos riscos à saúde pública e ao meio-

ambiente quando existe a má disposição desse resíduo.

Entrevistado 1 Causa poluição.

Entrevistado 2 Causa muita sujeira e polui o meio ambiente.

Entrevistado 3 Ocorre o acúmulo de água nas cascas dos cocos gerando doenças e sujeira.

Entrevistado 4 Não possui conhecimento.

Entrevistado 5 Diz não possuir conhecimento, mas em seguida aborda a redução do lixo e

acúmulo de lixo em bueiros.

Entrevistado 6 Causa sujeira, insetos e odor com o apodrecimento dos resíduos.

Entrevistado 7 Causa poluição visual.

Entrevistado 8 Causa doenças e acumula insetos.

Entrevistado 9 O acúmulo de água provoca doenças como a dengue.

Entrevistado 10 Causa poluição.

Entrevistado 11 Causa acúmulo de água gerando o mosquito da dengue.

Entrevistado 12 Causa acúmulo de água gerando o mosquito da dengue.

Entrevistado 13 Não possui conhecimento.

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Os resultados apresentados no Quadro 4.7 demonstram que os entrevistados possuem conhecimento sobre alguns impactos causados ao meio ambiente e à sociedade, apesar de, nas perguntas anteriores, muitos falarem pouco sobre esses impactos e, algumas vezes, responderem que não sabem. Somente

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dois do total de entrevistados responderam que não possuem conhecimento, enquanto que os demais citam diversos problemas, como: poluição do meio ambiente; poluição visual; geração de doenças devido o acúmulo de água e sujeiras; proliferação de insetos e aumento na quantidade de lixo. Quadro 4.8 Posicionamento dos gestores de barracas da importância da reciclagem desse

resíduo.

Entrevistado 1 É muito importante, pois gera trabalho e não deixa o meio ambiente sujo.

Entrevistado 2 Considera importante, pois qualquer reaproveitamento traz

sustentabilidade que é vital para as pessoas.

Entrevistado 3 É importante, pois evita o mau armazenamento e doenças.

Entrevistado 4 É bom para quem reaproveita, por gerar renda.

Entrevistado 5 É importante para reduzir a quantidade de lixo no meio ambiente evitando

bueiros tapados.

Entrevistado 6 É fundamental para manter o meio ambiente limpo.

Entrevistado 7 É muito importante. A própria natureza exige a reciclagem.

Entrevistado 8 É bom por gerar emprego.

Entrevistado 9 Com certeza é muito importante, é mais uma fonte de renda e o ambiente

fica limpo com a redução de lixo.

Entrevistado 10 Considera muito importante, pois reduz a quantidade de lixo e ainda

produz combustível, fibra, grama sintética.

Entrevistado 11 É importante, pois colabora e ajuda para adubo.

Entrevistado 12 É bom por gerar renda.

Entrevistado 13 É importante para manter o meio ambiente limpo.

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Os resultados apresentados no Quadro 4.8 demonstram que, mesmo que os entrevistados não possuam amplo conhecimento sobre os impactos causados pelos resíduos do coco verde, todos consideraram que era importante o seu aproveitamento. Os motivos são comuns à maioria: Geração de renda à sociedade; evitar o acúmulo de lixo e proliferação de doenças; redução da quantidade de lixo no meio ambiente e a produção de produtos sustentáveis. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir deste estudo buscou-se mostrar os impactos ambientais provocados pelo descarte dos resíduos do coco verde e o possível aproveitamento das cascas. Assim, foi possível perceber por meio dos dados obtidos na pesquisa com os barraqueiros da praia do futuro que a maioria dos donos das barracas têm pouco conhecimento em relação aos problemas gerados por esses resíduos e seu possível aproveitamento.

De acordo com os dados obtidos na pesquisa a grande quantidade de resíduo de coco verde produzido pelas barracas da praia do futuro está na média de 108 mil quilos por semana na baixa estação e 234 mil quilos por semana na baixa estação. Há algum tempo atrás todos esses resíduos eram simplesmente lixo que contribuíam com a redução da vida útil dos aterros; com a proliferação de insetos e possíveis doenças; com a contaminação do lençol freático quando dispostos em vazadouros; com a poluição visual.

Apesar de a pesquisa ter demonstrado que nem todos os barraqueiros percebem amplamente a necessidade de reduzir os impactos ambientais, existem cuidados com o descarte desse resíduo, pois possuem fatores que influenciam diretamente nas barracas como o grande número de lixo e a poluição visual. Atitudes foram tomadas para a coleta somente da casca do coco por parte da prefeitura; cooperativa e do próprio fornecedor que destinam esses resíduos à produção de produtos sustentáveis.

Quando não existe o descarte correto da casca do coco sempre haverá algum impacto no ambiente e na sociedade. Mas esses impactos podem ser

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reduzidos, ou até mesmo evitados através de sistemas de reaproveitamento dos resíduos na produção de produtos ecológicos contribuindo com o desenvolvimento sustentável.

Pode-se perceber que a sociedade atual está mudando o seu ponto de vista no que se refere ao meio ambiente, passando a ter atitudes ecologicamente sustentáveis favorecendo o bem-estar da sociedade e da natureza.

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