70
por Teresa Guerreiro

Os Lusíadas são (e dão) Arte

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Livro digital resultado da exposição homónima decorrente do trabalho de articulação entre as disciplinas de Português e Educação Visual, com a Biblioteca Escolar da Escola Básica de Vila Boim, realizado com as turmas de 9º ano, a propósito do estudo da obra Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. Agrupamento de Escolas nº3 de Elvas EB de Vila Boim Ano Letivo de 2013/2014

Citation preview

Page 1: Os Lusíadas são (e dão) Arte

por Teresa Guerreiro

Page 2: Os Lusíadas são (e dão) Arte
Page 3: Os Lusíadas são (e dão) Arte

Introdução Constitui prática corrente, na EB de Vila Boim, a concretização de projetos e atividades que

conjuguem o melhor de distintas disciplinas, de modo a enriquecer e melhorar as aprendizagensdos alunos. Nesta medida, o que partilhamos agora não é original – felizmente para todos!

A novidade está no tema abordado - Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, obra maior daliteratura portuguesa e conteúdo do currículo do 9º ano, na disciplina de Língua Portuguesa.

As docentes desta disciplina, Carmen Santos e Teresa Guerreiro, foram desafiadas peladocente de Educação Visual, Manuela Soares, para dar corpo a uma atividade que pusesse em jogoa aprendizagem desta obra e a sua interpretação não apenas literária mas também visual. Assimnasceu a exposição que dá nome ao projeto Os Lusíadas são (e dão) arte.

Com a colaboração da Biblioteca Escolar da EB de Vila Boim, a exposição cresce etransforma-se em livro digital, agora disponível para todos e não apenas para os que tiveram a sortede ver estes magníficos trabalhos ao vivo: nunca é demais valorizar o que de bom os nossos alunossão capazes de fazer.

Que outros trabalhos, no futuro, sejam assim delineados e concretizados: o ensino e aaprendizagem não podem nunca dissociar-se da criatividade e do prazer de aprender.

Carmen Santos, Manuela Soares e Teresa Guerreiro

Page 4: Os Lusíadas são (e dão) Arte
Page 5: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO I – INVOCAÇÃOSusana Garcia

Page 6: Os Lusíadas são (e dão) Arte

4

E vós, Tágides minhas, pois criado

Tendes em mi um novo engenho ardente,

Se sempre em verso humilde celebrado

Foi de mi vosso rio alegremente,

Dai-me agora um som alto e sublimado,

Um estilo grandíloco e corrente,

Por que de vossas águas Febo ordene

Que não tenham enveja às de Hipocrene.

5

Dai-me ũa fúria grande e sonorosa,

E não de agreste avena ou frauta ruda,

Mas de tuba canora e belicosa,

Que o peito acende e a cor ao gesto muda;

Dai-me igual canto aos feitos da famosa

Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;

Que se espalhe e se cante no universo,

Se tão sublime preço cabe em verso.

O poeta invoca as tágides, as ninfas doTejo, para que o ajudem na tarefaimensa que tem pela frente: contar osfeitos grandiosos dos portugueses.

Page 7: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO I – INÍCIO DA NARRAÇÃOPedro Ferreira

Page 8: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO I – INÍCIO DA NARRAÇÃOAndré Catita

Page 9: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO I – INÍCIO DA NARRAÇÃOSílvia Vieira

Page 10: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO I – INÍCIO DA NARRAÇÃOCristina Domingos

Page 11: Os Lusíadas são (e dão) Arte

19

Já no largo Oceano navegavam,

As inquietas ondas apartando;

Os ventos brandamente respiravam,

Das naus as velas côncavas inchando;

Da branca escuma os mares se mostravam

Cobertos, onde as proas vão cortando

As marítimas águas consagradas,Que do gado de Próteu são cortadas,

Início da narração, in medias res, ouseja, quando a viagem dos portuguesesjá vai a meio, com tempo ameno e maramigo.

Page 12: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO I – CONSÍLIO DOS DEUSESJoão Grilo

Page 13: Os Lusíadas são (e dão) Arte

20

Quando os Deuses no Olimpo luminoso,

Onde o governo está da humana gente,

Se ajuntam em consílio glorioso,

Sobre as cousas futuras do Oriente.

Pisando o cristalino Céu fermoso,

Vêm pela Via Láctea juntamente,

Convocados, da parte de Tonante,

Pelo neto gentil do velho Atlante.

Enquanto os nautas sulcam os mares, éconvocado por Júpiter o grandiosoConsílio do Deuses, que se reúnem noOlimpo para decidir se deverão apoiarou rejeitar os intentos dos portugueses:chegar à Índia.

Page 14: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO I – CONSÍLIO DOS DEUSES: JÚPITERLuís Almas

Page 15: Os Lusíadas são (e dão) Arte

22

Estava o Padre ali, sublime e dino,

Que vibra os feros raios de Vulcano,

Num assento de estrelas cristalino,

Com gesto alto, severo e soberano;

Do rosto respirava um ar divino,

Que divino tornara um corpo humano;

Com ũa coroa e ceptro rutilante,De outra pedra mais clara que diamante.

Descrição de Júpiter, o pai dos deuses,figura sublime e grandiosa, que mostrao seu imenso poder através do “gestoalto e soberano” e da “coroa e ceptrorutilante”. É Júpiter quem convoca osdeuses para o Consílio.

Page 16: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO I – CONSÍLIO DOS DEUSES: DISCURSO DE MARTEDanilo Andrade

Page 17: Os Lusíadas são (e dão) Arte

37

A viseira do elmo de diamante

Alevantando um pouco, mui seguro,

Por dar seu parecer se pôs diante

De Júpiter, armado, forte e duro;

E dando ũa pancada penetrante

Co conto do bastão no sólio puro,

O Céu tremeu, e Apolo, de torvado,

Um pouco a luz perdeu, como enfiado;

No decurso do Consílio dos Deuses,Baco insurge-se contra os portuguesesenquanto Vénus os apoia, o queprovoca discussão e confusão naassembleia. Então, Marte, deus daguerra, toma a palavra e impõe o seupoder perante todos – irá também dar oseu apoio aos nautas lusos.

Page 18: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO II – VÉNUS E AS NEREIDAS PROTEGEM A FROTAAna Rita Carlos

Page 19: Os Lusíadas são (e dão) Arte

22

Põe-se a Deusa com outras em direito

Da proa capitaina, e ali fechando

O caminho da barra, estão de jeito

Que em vão assopra o vento, a vela inchando;

Põem no madeiro duro o brando peito,

Pera detrás a forte nau forçando;

Outras em derredor levando-a estavam

E da barra inimiga a desviavam.

Foram muitos os perigos por quepassaram os portugueses: tempestades,ventos nefastos e a crueldade doselementos. Vénus, desde o inícioapoiante dos navegantes, protege-os aolongo do caminho.

Page 20: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO III – INÊS DE CASTROLeonor Rodrigues

Page 21: Os Lusíadas são (e dão) Arte

118

«Passada esta tão próspera vitória,

Tornado Afonso à Lusitana terra,

A se lograr da paz com tanta glória

Quanta soube ganhar na dura guerra,

O caso triste, e dino da memória

Que do sepulcro os homens desenterra,

Aconteceu da mísera e mesquinha

Que despois de ser morta foi Rainha.

Ao longo da viagem, os navegadoresportugueses param em várias terras.Em Melinde, são recebidos pelo seu rei,que pede a Vasco da Gama que lhe dêinformações sobre o seu país. Este,entre outros, narra-lhe o episódio deInês de Castro.

Page 22: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO III – INÊS DE CASTROMaria Vinagre

Page 23: Os Lusíadas são (e dão) Arte

119

«Tu só, tu, puro Amor, com força crua,

Que os corações humanos tanto obriga,

Deste causa à molesta morte sua,

Como se fora pérfida inimiga.

Se dizem, fero Amor, que a sede tua

Nem com lágrimas tristes se mitiga,

É porque queres, áspero e tirano,

Tuas aras banhar em sangue humano.

Vasco da Gama, na sua narração,aponta o Amor como o grande causadorde todo o sofrimento por que passaramInês de Castro, D. Pedro e o povoportuguês.

Page 24: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO III – INÊS DE CASTROCatarina Baleca

Page 25: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO III – INÊS DE CASTROCatarina Tibério

Page 26: Os Lusíadas são (e dão) Arte

120

«Estavas, linda Inês, posta em sossego,

De teus anos colhendo doce fruto,

Naquele engano da alma, ledo e cego,

Que a Fortuna não deixa durar muito,

Nos saüdosos campos do Mondego,

De teus fermosos olhos nunca enxuto,

Aos montes ensinando e às ervinhas

O nome que no peito escrito tinhas.

Descrição de Inês de Castro,apresentada como uma mulher pura einocente, apaixonada e vítima do seuamor, inconsciente dos perigos quecorre por sua causa.

Page 27: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO III – INÊS DE CASTROAna Nascimento

Page 28: Os Lusíadas são (e dão) Arte

122

«De outras belas senhoras e Princesas

Os desejados tálamos enjeita,

Que tudo, enfim, tu, puro amor, desprezas

Quando um gesto suave te sujeita.

Vendo estas namoradas estranhezas,

O velho pai sesudo, que respeita

O murmurar do povo e a fantasia

Do filho, que casar-se não queria,

D. Pedro, filho de D. Afonso IV eherdeiro do trono de Portugal, tambémele profundamente apaixonado porInês, recusa casar com qualquer mulherque o pai lhe destine, o que provoca “omurmurar do povo” e a preocupação dorei.

Page 29: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO III – INÊS DE CASTROAna Laura Micaelo

Page 30: Os Lusíadas são (e dão) Arte

123

«Tirar Inês ao mundo determina,

Por lhe tirar o filho que tem preso,

Crendo co sangue só da morte indina

Matar do firme amor o fogo aceso.

Que furor consentiu que a espada fina

Que pôde sustentar o grande peso

Do furor Mauro, fosse alevantada

Contra ũa fraca dama delicada?

D. Afonso IV determina a morte de Inês,para que o amor que prende D. Pedro aela desapareça e o rei consiga alcançaros seus objetivos reais.Vasco da Gama considera tal decisão deenorme crueldade.

Page 31: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO III – INÊS DE CASTROBeatriz Mantas

Page 32: Os Lusíadas são (e dão) Arte

124

«Traziam-a os horríficos algozes

Ante o Rei, já movido a piedade;

Mas o povo, com falsas e ferozes

Razões, à morte crua o persuade.

Ela, com tristes e piedosas vozes,

Saídas só da mágoa e saüdade

Do seu Príncipe e filhos, que deixava,

Que mais que a própria morte a magoava,

Inês de Castro é levada à presença dorei, que já se encontra “movido apiedade”, sendo no entanto persuadidopelo povo cruel a manter a suadeterminação.Inês, nas estâncias seguintes, iráproferir um comovente discurso dedefesa, sem, no entanto, conseguirdissuadir o monarca.

Page 33: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO IV – DESPEDIDAS EM BELÉMAndreia Conceição

Page 34: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO IV – DESPEDIDAS EM BELÉMJosé Leal

Page 35: Os Lusíadas são (e dão) Arte

85

«Pelas praias vestidos os soldados

De várias cores vêm e várias artes,

E não menos de esforço aparelhados

Pera buscar do mundo novas partes.

Nas fortes naus os ventos sossegados

Ondeiam os aéreos estandartes;

Elas prometem, vendo os mares largos,

De ser no Olimpo estrelas, como a de Argos.

Vasco da Gama prossegue a narração dahistória de Portugal ao Rei de Melinde,relatando-lhe os eventos que ocorreramno dia em que a armada partiu deLisboa, narrando as despedidas emBelém

Page 36: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO V – O ADAMASTORMaria Romão

Page 37: Os Lusíadas são (e dão) Arte

39

«Não acabava, quando ũa figura

Se nos mostra no ar, robusta e válida,

De disforme e grandíssima estatura;

O rosto carregado, a barba esquálida,

Os olhos encovados, e a postura

Medonha e má e a cor terrena e pálida;

Cheios de terra e crespos os cabelos,

A boca negra, os dentes amarelos.

40

«Tão grande era de membros, que bem posso

Certificar-te que este era o segundo

De Rodes estranhíssimo Colosso,

Que um dos sete milagres foi do mundo.

Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,

Que pareceu sair do mar profundo.

Arrepiam-se as carnes e o cabelo,

A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

Conforme já foi explicado, foraminúmeros – e terríveis – os perigos porque os navegadores portuguesespassaram ao longo de tão arriscadaviagem. O gigante Adamastor constituiexemplo e símbolo máximo dostremendos terrores que sofreram osnautas lusos.

Page 38: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO VI – BACO CONVENCE NEPTUNO A ALIAR-SE CONTRA OS PORTUGUESES Maria José Andrade

Page 39: Os Lusíadas são (e dão) Arte

8

No mais interno fundo das profundas

Cavernas altas, onde o mar se esconde,

Lá donde as ondas saem furibundas

Quando às iras do vento o mar responde,

Neptuno mora e moram as jocundas

Nereidas e outros Deuses do mar, onde

As águas campo deixam às cidades

Que habitam estas húmidas Deidades.

Baco, deus que, desde o Consílio dosDeuses (canto I), se manifestou contraos intentos dos portugueses, nuncadeixou de tentar frustrar a sua empresa,procurando aliados para derrotar osportugueses, conseguindo convencerNeptuno, deus dos mares.

Page 40: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO VI – BACO CONVENCE NEPTUNO A ALIAR-SE CONTRA OS PORTUGUESESSoraia Malhado

Page 41: Os Lusíadas são (e dão) Arte

15

– «Ó Neptuno (lhe disse) não te espantes

De Baco nos teus reinos receberes,

Porque também cos grandes e possantes

Mostra a Fortuna injusta seus poderes.

Manda chamar os Deuses do mar, antes

Que fale mais, se ouvir-me o mais quiseres;

Verão da desventura grandes modos:

Ouçam todos o mal que toca a todos.»

Baco argumenta perante Neptuno, nosentido de o convencer a aliar-se a si,para destruir os navegadoresportugueses e impedi-los de chegar àÍndia.

Page 42: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO VI – TEMPESTADE MARÍTIMANuno Mexia

Page 43: Os Lusíadas são (e dão) Arte

72

O céu fere com gritos nisto a gente,

Cum súbito temor e desacordo;

Que, no romper da vela, a nau pendente

Toma grão suma d' água pelo bordo.

– «Alija (disse o mestre rijamente,

Alija tudo ao mar, não falte acordo!

Vão outros dar à bomba, não cessando;

À bomba, que nos imos alagando!»

Na sequência da aliança feita entreBaco e Neptuno, este último provocauma tremenda tempestade que poráem grande perigo as vidas dosportugueses.

Page 44: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO VI – VÉNUS SALVA OS PORTUGUESES DA TEMPESTADECatarina Demétrio

Page 45: Os Lusíadas são (e dão) Arte

85

Mas já a amorosa Estrela cintilava

Diante do Sol claro, no horizonte,

Mensageira do dia, e visitava

A terra e o largo mar, com leda fronte.

A Deusa que nos Céus a governava,

De quem foge o ensífero Orionte,

Tanto que o mar e a cara armada vira,

Tocada junto foi de medo e de ira.

Estavam já os portugueses quase anaufragar quando a sempre amiga dosnavegadores, Vénus, convoca o seu“exército” de ninfas e nereidas econsegue acalmar os ventosdestruidores.

Page 46: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO VI – VÉNUS SALVA OS PORTUGUESES DA TEMPESTADEAna Catarina Fortalezas

Page 47: Os Lusíadas são (e dão) Arte

87

Grinaldas manda pôr de várias cores

Sobre cabelos louros a porfia.

Quem não dirá que nacem roxas flores

Sobre ouro natural, que Amor enfia?

Abrandar determina, por amores,

Dos ventos a nojosa companhia,

Mostrando-lhe as amadas Ninfas belas,

Que mais fermosas vinham que as estrelas.

As ninfas vão conseguir acalmar osventos cruéis seduzindo-os eabrandando os seus ímpetosdestruidores.

Page 48: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO VI – VÉNUS SALVA OS PORTUGUESES DA TEMPESTADEJoana Trindade

Page 49: Os Lusíadas são (e dão) Arte

88

Assi foi; porque, tanto que chegaram

À vista delas, logo lhe falecem

As forças com que dantes pelejaram,

E já como rendidos lhe obedecem;

Os pés e mãos parece que lhe ataram

Os cabelos que os raios escurecem.

A Bóreas, que do peito mais queria,

Assi disse a belíssima Oritia:

Os ventos terríficos, na presença dasninfas, rendem-se aos seus encantos.

Page 50: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO VI – CHEGADA À ÍNDIAJoão Pedro de Sousa

Page 51: Os Lusíadas são (e dão) Arte

92

Já a manhã clara dava nos outeiros

Por onde o Ganges murmurando soa,

Quando da celsa gávea os marinheiros

Enxergaram terra alta, pela proa.

Já fora de tormenta e dos primeiros

Mares, o temor vão do peito voa.

Disse alegre o piloto Melindano:

– «Terra é de Calecu, se não me engano.

Vencida a tempestade, numa bela“manhã clara”, os portugueses avistamCalecut: conseguiram chegar à Índia!

Page 52: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO IX – ILHA DOS AMORESGonçalo Vieira

Page 53: Os Lusíadas são (e dão) Arte

79

«Oh! Não me fujas! Assi nunca o breve

Tempo fuja de tua formosura;

Que, só com refrear o passo leve,

Vencerás da fortuna a força dura.

Que Emperador, que exército se atreve

A quebrantar a fúria da ventura

Que, em quanto desejei, me vai seguindo,

O que tu só farás não me fugindo?

Após o estabelecimento dos contactoscom as autoridades locais, osportugueses retornam à pátria, sendopremiados com uma divina Ilha dosAmores, presente de Vénus para osrecompensar pelos feitos alcançados.Leonardo é um dos marinheiros quepersegue uma ninfa formosa mas difícil.

Page 54: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO IX – ILHA DOS AMORESMarta Arguelles

Page 55: Os Lusíadas são (e dão) Arte

82

Já não fugia a bela Ninfa tanto,

Por se dar cara ao triste que a seguia,

Como por ir ouvindo o doce canto,

As namoradas mágoas que dizia.

Volvendo o rosto, já sereno e santo,

Toda banhada em riso e alegria,

Cair se deixa aos pés do vencedor,

Que todo se desfaz em puro amor.

Leonardo, já desolado por ver que, aocontrário dos companheiros, nãoconseguia obter os favores da ninfa,roga-lhe compaixão. Esta, já rendida àssuas palavras doces, ainda foge, masapenas para o continuar a ouvir,acabando por se deixar “cair” nosbraços do marinheiro.

Page 56: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO IX – ILHA DOS AMORESAntónio Dias

Page 57: Os Lusíadas são (e dão) Arte

89

Que as Ninfas do Oceano, tão fermosas,

Tétis e a Ilha angélica pintada,

Outra cousa não é que as deleitosas

Honras que a vida fazem sublimada.

Aquelas preminências gloriosas,

Os triunfos, a fronte coroada

De palma e louro, a glória e maravilha,

Estes são os deleites desta Ilha.

Descrição dos “deleites” que sãooferecidos aos navegadoresportugueses, que são recebidos porTétis e as ninfas do oceano.

Page 58: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO IX – ILHA DOS AMORESCarlota Malhado

Page 59: Os Lusíadas são (e dão) Arte

89

Que as Ninfas do Oceano, tão fermosas,

Tétis e a Ilha angélica pintada,

Outra cousa não é que as deleitosas

Honras que a vida fazem sublimada.

Aquelas preminências gloriosas,

Os triunfos, a fronte coroada

De palma e louro, a glória e maravilha,

Estes são os deleites desta Ilha.

(...)

92

Mas a Fama, trombeta de obras tais,

Lhe deu no Mundo nomes tão estranhos

De Deuses, Semideuses, Imortais,

Indígetes, Heróicos e de Magnos.

Por isso, ó vós que as famas estimais,

Se quiserdes no mundo ser tamanhos,

Despertai já do sono do ócio ignavo,

Que o ânimo, de livre, faz escravo.

Após a narração do encontro entre osnautas e as ninfas, o poeta tecealgumas considerações, explicando asimbologia da Ilha dos Amores erefletindo sobre o modo de alcançar aFama.

Page 60: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO IX – ILHA DOS AMORESMónica Grilo

Page 61: Os Lusíadas são (e dão) Arte

95

E fareis claro o Rei que tanto amais,

Agora cos conselhos bem cuidados,

Agora co as espadas, que imortais

Vos farão, como os vossos já passados.

Impossibilidades não façais,

Que quem quis, sempre pôde; e numerados

Sereis entre os Heróis esclarecidos

E nesta «Ilha de Vénus» recebidos.

Após a narração do encontro entre osnautas e as ninfas, o poeta tecealgumas considerações, explicando asimbologia da Ilha dos Amores erefletindo sobre o modo de alcançar aFama.

Page 62: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO X – ILHA DOS AMORESJosé César

Page 63: Os Lusíadas são (e dão) Arte

1

Mas já o claro amador da Larisseia

Adúltera inclinava os animais

Lá pera o grande lago que rodeia

Temistitão nos fins Ocidentais;

O grande ardor do Sol Favónio enfreia

Co sopro que nos tanques naturais

Encrespa a água serena e despertava

Os lírios e jasmins, que a calma agrava,

Descrição do ambiente na Ilha dosAmores, onde as ninfas irão oferecerum banquete em honra dosportugueses e lhes serão dadas aconhecer as futuras glórias no Oriente ea visão da Máquina do Mundo, quemostrará a extensão do impérioportuguês.

Page 64: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO X – ILHA DOS AMORESEsperança Magarreiro

Page 65: Os Lusíadas são (e dão) Arte

2

Quando as fermosas Ninfas, cos amantes

Pela mão, já conformes e contentes,

Subiam pera os paços radiantes

E de metais ornados reluzentes,

Mandados da Rainha, que abundantes

Mesas d' altos manjares excelentes

Lhe tinha aparelhados, que a fraqueza

Restaurem da cansada natureza.

As ninfas oferecem aos “amantes”portugueses um esplendorosobanquete em sua honra e glória, paraque “a fraqueza/ restaurem da cansadanatureza”.

Page 66: Os Lusíadas são (e dão) Arte

CANTO X – REGRESSO A PORTUGALLuís Branquinho

Page 67: Os Lusíadas são (e dão) Arte

144

Assi foram cortando o mar sereno,

Com vento sempre manso e nunca irado,

Até que houveram vista do terreno

Em que naceram, sempre desejado.

Entraram pela foz do Tejo ameno,

E à sua pátria e Rei temido e amado

O prémio e glória dão por que mandou,

E com títulos novos se ilustrou.

Após a passagem pela Ilha dos Amores,os navegadores portugueses regressama Portugal, onde serão recebidos emglória pelo povo e pelo rei.

Page 68: Os Lusíadas são (e dão) Arte
Page 69: Os Lusíadas são (e dão) Arte

Nomes dos alunos participantes: 9ºA

Ana Laura MicaeloAna Rita CarlosAndreia ConceiçãoAntónio DiasCarlota MalhadoEsperança MagarreiroJoão SousaJosé CésarLuís BranquinhoMaria Beatriz MantasMaria do Carmo RomãoMaria José AndradeMarta ArguellesMónica GriloNuno MexiaSílvia VieiraSoraia MalhadoSusana Garcia

9ºB Ana Catarina Fortalezas Ana Leonor Rodrigues Ana Margarida Nascimento André Catita Catarina Demétrio Catarina Tibério Catarina Baleca Cristina Duarte Danilo Andrade Gonçalo Vieira Joana Trindade João Grilo José Leal Luís Almas Maria Vinagre Pedro Ferreira

Page 70: Os Lusíadas são (e dão) Arte

FICHA TÉCNICA:

Ilustrações feitas pelos alunos das turmas A e B do 9º ano, nas aulas de Educação Visual, a partir das suas escolhas de estrofes ou versos estudados da obra Os Lusíadas, nas aulas de Português.

Docentes envolvidos: Carmen Santos, Manuela Soares, Teresa Guerreiro

Montagem da exposição: 9ºA, professoras Manuela Soares e Teresa Guerreiro

Divulgação, grafismo, construção e publicação online do livro digital: Biblioteca Escolar da E.B. de Vila Boim

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS Nº3 DE ELVAS

ESCOLA BÁSICA DE VILA BOIM

ANO LETIVO DE 2013/2014