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1 PROJETO PEDAGÓGICO OS MENINOS MORENOS Rua Tito, 479 – Lapa – São Paulo – SP CEP 05051-000 DIVULGAÇÃO ESCOLAR (11) 3874-0884 [email protected] www.editoramelhoramentos.com.br www.facebook.com/melhoramentos

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PROJETO PEDAGÓGICO

OS MENINOS MORENOS

Rua Tito, 479 – Lapa – São Paulo – SP

CEP 05051-000

DIVULGAÇÃO ESCOLAR

(11) 3874-0884

[email protected]

www.editoramelhoramentos.com.brwww.facebook.com/melhoramentos

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da Providência, selos comemorativos do Natal dos Correios e Telégrafos, campa-nhas do PNLD etc.Na literatura infantil, o autor estreou com

Flicts, publicado em 1969. Com o máxi-mo de cores e o mínimo de palavras, nes-sa obra Ziraldo conta a história de uma cor que não encontrava seu lugar no mundo. Já na obra Os Meninos Morenos, publica-da em 2003, o diálogo entre a prosa poé- tica de Ziraldo e a poesia de Humberto Ak’abal está fortemente registrado.

Os Meninos Morenos

11anos

INDICAÇÃO:

leitor crítico:

ensinofundamental

a partir de

Autor: ZiraldoTítulo: Os Meninos MorenosIlustrador: Ziraldo, Borjalo e telas de PortinariFormato: 15,5 x 23 cmNº de páginas: 96Elaboração: Sonia Maria Soares dos Reis

Ficha

Temas principais: poesia, amizade e afetividade Temas transversais: ética e pluralidade culturalInterdisciplinaridade: Língua Portuguesa, Arte, Ciências, História e Geografia

Quadro sinóptico

O autor

PRO

JETO

PED

AGÓ

GIC

O Ziraldo Alves Pinto nasceu em 1932, em Caratinga, Minas Gerais. Desde a mais tenra idade, já demonstrava pai-xão pelo desenho. Desenhava em to-dos os lugares – nas calçadas, nas pare-des, no caderno durante a aula... Ou-tra de suas paixões era e é a leitura. Lia tudo o que lhe caía nas mãos: Vi-riato Correa, Monteiro Lobato e todas as revistas em quadrinhos da época.A carreira de Ziraldo começou na re-

vista Era Uma Vez... Depois, ele traba-lhou em diver sos jornais e revistas: Fo-lha de Mi nas, A Cigarra, O Cruzeiro, Jornal do Brasil. Ziraldo fez também cartazes para

vários filmes do cinema brasileiro, como Os Fuzis, Os Mendigos, Selva Trágica etc.Por causa da diversidade de sua obra,

não é possível limitá-lo apenas às artes gráficas. Ele é um artista que tem, ao longo dos anos, desenvolvido várias fa-cetas de seu talento. Ziraldo é cartazis-ta, pintor, jornalista, teatrólogo, char-gista, caricaturista e escritor.Sua arte está presente em nosso coti-

diano e pode ser identificada em cen-tenas de camisetas, cartazes da Feira

Segundo o próprio Ziraldo, a obra Os Meninos Morenos é uma tentativa de re-velar ao mundo quem somos. Para isso, as lembranças da infância de dois meni-nos cor de terra – um na Guatemala, ou-tro no Brasil, dois países deste enorme continente de meninos morenos – são reveladas. O menino moreno do Brasil tece a narrativa com passagens de sua avó pescando lagosta e de seu avô que, um dia, lhe explicou a música que a chu-va toca (“É a chuva, meu filho, tocando sua música”). Esses dizeres do avô mar-caram fortemente o menino moreno

Resumo

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Texto de dimensão profunda, que não se submete à história particular do escri-tor nem a época delimitada e a espaço preciso, atravessa os tempos, apresenta--se sempre atual, justificando-se como eterno. Esse livro confirma que a arte é uma afirmação da essencialidade.

Na perspectiva de Roland Barthes, o livro é um mundo. Nessa simples consi-deração, se reconhece a especificidade do mundo da arte, garantida pelo escri-tor, que cria as suas próprias dimensões, avançando os limites estéticos e sociais convencionais, para transformar a rea-lidade conhecida e transfigurar a ima-gem do mundo. A arte, nesses termos, é uma ruptura que permite a redesco-berta e a reelaboração das coisas que estão aí prontas, padronizadas; a ela não se impõem os limites da História e a réplica de situações vigentes.

Considerando a definição de Julia Kris-teva do texto como um diálogo de có-digos que se produz, simultaneamente, em nível de escritura e leitura, elucida- -se a atitude criadora quanto aos rumos que ela possa seguir ao intertextualizar linguagens, experiências etc. A evoca-ção daquilo que o escritor lê, quando escreve, transformando o que evoca, pode preencher o espaço do discurso com reminiscências, fatos lineares, des-critivismo de paisagens e situações que o empobrecem pela ênfase especular. Como pode, também, ir além da fixa-ção da fotografia de dados realistas ou pessoais para transgredir a reprodução pela tessitura de um universo simbólico. É nessa segunda situação que inserimos a obra Os Meninos Morenos.

Ziraldo; até hoje, toda vez que ouve a chuva tamborilando no telhado, ele sen-te uma enorme sensação de aconchego e segurança. Ziraldo relembra também o dia em que seu pai decidiu despachar o cachorro Zulu de trem... A imagem do pobre cão chorando como criança, justo Zulu, que sempre fazia festa como quem não sabe o que é guardar rancor... Há, ainda, recordações do nascimento de um de seus seis irmãos pelas mãos do avô parteiro; da primeira vez em que seu pai foi ao cinema com ele e tantas outras re-cordações poéticas que preenchem o co-ração de nosso narrador. Enfim, Os Me-ninos Morenos é uma homenagem a vá-rias figuras importantes da vida do autor – seus pais, seus avós, seu tio João Gual-berto, além de seus amigos Zé Mamona, João Permanente, Zé Biscoito, João Bobo e João Barbeiro –, todos fiéis habitantes da terra dos meninos morenos de sua in-fância. Ao mesmo tempo, o menino mo-reno da Guatemala empresta alguns de seus belos e sensíveis versos, também re-latando trechos de sua infância, para, ao longo do livro, compor a ternura e o bri-lho do universo “morenocêntrico” apre-sentado por Ziraldo.

Os Meninos Morenos aborda a temáti-ca da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena da Lei nº 11.645, promulgada em 10 de março de 2008.

– Afixe na sala de aula um cartaz que con-tenha a famosa frase de Ziraldo: “Ler é mais importante do que estudar”.

– Reflita com os alunos por que o autor defende a ideia de que ler é mais impor-tante do que estudar.

– Faça um levantamento com eles so-bre os benefícios da leitura. O que ela proporciona? Entretenimento, la-zer, conhecimento, ampliação do ho-rizonte de experiências são algumas possibilidades de resposta.

– Brinque de “Marcha, soldado” com os alunos e, em seguida, leia para eles o poema de Fátima Miguez:

Conversa com o professor

Preparando a leitura

“A infância avança / de espada na mão... / Na liderança, / um menino-capitão / abre o desfile / com seu cavalo-invenção / soltando as rédeas / da divertida fan-tasia / de soldado-folião! / O corneteiro

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O momento da sensibilizaçãoSugerimos que instigue seus alunos,

apresentando alguns textos variados de Humberto Ak’abal e fragmentos do tex-to em prosa de Ziraldo, como os que se seguem. Deixe que eles conversem livre-mente sobre as impressões que tiveram.

Trabalhando a leitura

“Quando nasci, as cidades de minha in-fância eram exatos pueblos. E tinham rios. Mais belos do que o Tejo. Era bonito, ainda que mortal, o pequeno rio da minha pri-meira aldeia, o lugar onde nasci.” (p. 10)

“Mi pueblo é grande. É preciso esfregarSua terra nas mãos,Sentir-se árvore entre bosques,Reverenciar seus rituais...” (p. 7)

“Mamãe dizia que ele era puri. Na re-gião do Brasil de onde eu vim, o Vale do Rio Doce, havia dois grupos indígenas que foram dizimados pelo colonizador: os coroados e os puris. Na minha infân-cia mais remota, vivendo ainda às mar-gens do grande rio, lembro-me de que descendentes dos puris, às vezes, apare-ciam na rua – como as populações rurais chamavam o povoado – vendendo arte-sanato, cestas, tacapes, flechas, enfeites de pena, artefatos de barro.” (p. 44)

anuncia / a harmonia da festa, / o ritmo empresta / uma marcha marcial. / É tem-po de carnaval! / ‘Marcha, soldado, / ca-beça de papel! / Quem não marchar di-reito / vai preso pro quartel.’ / Marcham meninos / cumprindo seus destinos, / na valente brincadeira de soldados libertos / pela alegria passageira. / Mesmo descal-ços, / o sonho calça / a carência do dia a dia / em três dias de folia.”

(Fátima Miguez)

– Depois, localize no livro Os Me-ninos Morenos alguns fragmentos que trazem o mesmo tema: as can-tigas e as brincadeiras infantis.

“De barata a gente não gostou nun-ca. Mas os besouros, estes eram nossos amigos.

Primeiro era fácil brincar de boizi-nho com os besouros que a gente pe-gava caídos ao pé do poste, nas noites de verão. Com uma linha amarrávamos uma caixa de fósforos no seu dorso e fa-zíamos com que ele a puxasse como se fosse um burrinho de carga...” (p. 50)

“O canto dos pássaros está bem escrito, qualquer um pode senti-lo.” (p. 94)

Antecipe aos alunos que o livro que vão ler trata das lembranças infantis dos me-ninos morenos Ziraldo, brasileiro, mineiro do Vale do Rio Doce, e Humberto Ak’abal, guatemalteco, do povo indígena maya k’iche.

Após a leitura dos fragmentos acima, in-dague sobre as afinidades entre os dois meninos artistas: o fato de ambos serem americanos (sul e central), a miscigenação nacional, as memórias da infância...

Localize a Guatemala no mapa: O que há em comum entre os dois países?

Outras atividades de sensibilização po-dem aguçar a curiosidade dos leitores.

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Veja sugestões:• Leve para a sala de aula fotos dos dois

artistas e mostre-as aos alunos. Apre-sente, ainda, outros livros de Ziraldo para que eles possam folheá-los.

• Chame a atenção para alguns títulos e capas dos livros de Ziraldo: O Menino Maluquinho, O Menino Quadradinho, O Menino Mais Bonito do Mundo, O Menino da Lua... Quantos meninos! Converse sobre “a presença do meni-no” na narrativa de Ziraldo.

• Finalmente, proponha uma sessão de cinema para os alunos com o filme O Menino Maluquinho, produzido em 1995. Converse com os alunos sobre a adaptação do texto de Ziraldo feita por Helvécio Ratton para o cinema.

Primeira etapa do trabalho: da leitu-ra semântica

Embora pertença ao universo da cultu-ra infantil, com elementos lúdicos (brinca-deiras, cantigas, jogos), o livro Os Meni-nos Morenos extrapola esse universo: faz dialogar diferentes artistas e poetas de séculos diferentes, de lugares diferentes. Nele estão presentes elementos das cultu-ras brasileira, portuguesa, guatemalteca... Assim, o livro oferece oportunidade para percebermos a história dos meninos mo-renos sob vários pontos de vista: – No início do livro, o escritor reproduz um

poema de Humberto Ak’abal, tornando evidente a intenção de dar ao texto e às suas reminiscências sentido poético, pre-dispondo o leitor a uma leitura sensível, que ultrapassa o limite da expressão co-mum, puramente informativa, e da narra-ção de fatos de dimensão mais objetiva. O resultado é uma obra reveladora de um estado poético, decorrente da pureza da alma e da espontaneidade do ser livre.

Os meninos morenos, que estão em qualquer tempo e espaço, são colocados numa relação direta com elementos da natureza – o riozinho, a chuva (tambori-lando no telhado), o ar, o vento e os pás-saros –, elementos de sentido metaforica-

“A chuva era muito forte, mas meu avô estava protegido por sua enorme capa gaúcha, que cobria, também, o dorso do animal que ele montava: con-tra a luz dos raios, a silhueta que se de-senhava parecia ser a de um só animal.

Acomodado sobre a cabeça do arreio, na altura dos meus três anos, eu ia en-colhidinho sob a capa que cobria o avô e o cavalo. Ia ouvindo o tamborilar da chuva caindo sobre a grossa gabardine de que a capa era feita. Paciente, o avô explicava ao menino curioso: ‘É a chuva, meu filho, tocando sua música’. Sua voz parecia vir do céu, lá fora.” (p. 13)

Explorando a leitura mente poético, igualando-se ao estado natural, bruto, misterioso e ilimitado da realidade, onde existe poesia.

O escritor explora o relacionamento poético dos meninos morenos com coi-sas miúdas e com a natureza, envolve-se nesse processo de captação da atitude in-fantil, reassumindo a relação primeira, ori-ginária, mítica e poética da criança com o mundo. Ele concilia o adulto, amadurecido para o seu intento criador, com o menino, mergulhado na magia da infância.

“O Jarinho falava com os animais. Ao lado das plantas de seu pai, no seu quin-

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Atividade práticaO narrador-personagem é um meni-

no com uma história particular, vivida ao lado de seu pai, Geraldo, sua mãe, Zizinha, avô, avó, irmãos. Entretan-to, o texto imprime a essa história um caráter universal. Ele é uma criança que experimenta a vida com toda a liberdade da infância, descobre e cria coisas insólitas, entende o mundo no dinamismo do seu crescimento em di-ferentes estágios (p. 22 – o menino tem 6 anos), adentrando a realidade a cada momento com mais profun-didade. Tem espírito curioso e sensí-vel, é observador, manifestando, por meio do desenho, a sua índole inventi-va, pronta para o inesperado e para a transformação do esperado.

tal, havia um pequeno jardim zoológico que me matava de inveja (...).

Principalmente, o Jarinho tinha pas-sarinhos nas inúmeras gaiolas pendura-das na grande varanda dos fundos, na sala da casa, nas janelas.

Sua casa era uma sinfonia, e Jarinho imitava os cantares de todos os seus passarinhos.” (p. 45)

• Estimule os alunos a pensar sobre a vida deles mesmos. Eles são de cidade do in-terior? A cidade é um grande centro urba-no ou não? Do que eles brincam? Onde brincam? Depois, incentive-os a fazer uma comparação da infância dos garotos do in-terior com a dos garotos dos grandes cen-tros urbanos: Como vivem e o que gostam de fazer? Quais os hábitos e costumes das crianças que vivem em outros países, como Portugal e Guatemala?

• Explique aos alunos que os historiadores estudam documentos e todo tipo de pista deixada pelas pessoas. Depois, em livros e exposições, eles expõem o significado

dessas pistas, para que também possamos conhecer a História. Proponha aos alunos que eles sejam “historiadores” e pesqui-sem como vivem os garotos de Portugal, na região do Tejo, e como vivem os garo-tos da Guatemala. Eles vão refletir sobre os modos de vida em diferentes épocas e lugares: como se vestem, o que comem, como se divertem, como são suas casas e suas famílias. A vida dessas crianças é mui-to diferente da vida do menino do Vale do Rio Doce?

• Monte um grande painel com mapas desses lugares e fotos ou desenhos de crianças em seu dia a dia, em seus respectivos países.

Arte e Língua Portuguesa

Geografia e História

• Dê oportunidade de a criança se colocar na própria sala de aula e relatar suas ex-periências. Para isso, ela pode usar brin-quedos, brincadeiras, jogos, fotografias, relatos por escrito sobre sua família: avô, pai, mãe, irmãos etc.

• Proponha aos alunos que contem a “His-tória de sua vida” por meio de:

– textos em versos;– desenhos das recordações mais

importantes;– relatos memorialísticos;– colagens de lugares, cenas;– álbuns de fotografias.

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Arte e Língua Portuguesa (continuação)Brinquedos e brincadeiras existem há muitos e muitos anos. Não sabemos quem os in-

ventou, só sabemos que eles são até hoje transmitidos por meio da cultura popular, de boca em boca, de pai para filho, em todos os lugares de nosso planeta.

Criar brinquedos e brincadeiras é uma tarefa interessante e divertida: cada brinquedo pode apresentar uma forma, um tamanho, uma cor diferente... de acordo com a imagina-ção de quem o constrói.

Ziraldo conta no seu livro Os Meninos Morenos que o seu negócio era ficar desenhando (p. 72), enquanto todos os seus amigos faziam seus brinquedos (carrinho de rolimã, pião, pipas, gaiola etc.) e desenvolviam brincadeiras (soltar papagaio, jogar bola de gude, rodar pião etc.).

• Divida a turma em dois grupos. O grupo 1 ficará encarregado de confeccionar brin-quedos folclóricos com sucata – madeira, latas, garrafas etc. Seus componentes po-derão contar com a participação de pessoas da família/comunidade para orientá-los. O grupo 2 deverá recolher as cantigas e brin-cadeiras populares (não só brasileiras, mas também de outros povos). Você, profes-

sor, poderá colaborar trazendo gravuras e fotos de brinquedos populares para ajudá--los em suas criações artísticas.

• Organize, com os brinquedos confeccio-nados, uma exposição para ser vista por toda a comunidade escolar. Durante o evento cultural, as cantigas e brincadeiras pesquisadas devem ser compartilhadas com o público.

Segunda etapa do trabalho: da lin-guagem visual

A propensão para o jogo e para o ima-ginário é tipicamente da criança e viabi-liza ao escritor, por meio da recupera-ção da potencialidade lúdica do mun-do infantil, atingir o plano poético na sua criação: a sua linguagem sensível é fértil de significações metafóricas e de construções que se apoiam na explora-ção sonora e gráfico-visual. No livro Os Meninos Morenos, a comunicação se faz de forma plástica, ampla, por meio de significações contidas na forma, na cor, na disposição da palavra, no espa-ço em branco entre um fragmento e outro. Chame a atenção do aluno para:

– o uso de capitulares;– as belíssimas e sugestivas vinhetas;– os diferentes tipos de letra utiliza-

dos no diálogo entre texto em verso e texto em prosa;

– o emprego dos recursos gráficos (p. 46-47 e 64);

– o diálogo com outras artes.

Educação Física

• Professor, para envolver os alunos, você pode organizar suas aulas em eventos como: “Hoje é dia dos brinquedos...”; “Hoje é dia das brincadeiras...”; “Hoje é dia de sessão

de filmes...”. E, sempre que possível, esta-beleça comparações entre o universo das ex-periências infantis dos participantes e o dos meninos morenos de Ziraldo.

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Atividade práticaA arte tem muitos segredos. Para desvendá-los, temos de aprender a observar o mundo

à nossa volta como se fosse a primeira vez que fizéssemos isso. É preciso aguçar os senti-dos; não só a visão, mas também o tato, o paladar, o olfato e a audição.

Também é preciso conhecer a arte e os artistas, ver as reproduções de obras em livros e revistas e ler poemas e narrativas. É interessante ler, também, o que dizem os críticos a respeito dos artistas e de suas respectivas obras.

Arte e Língua Portuguesa

• Organize uma aula em que os alunos te-nham a oportunidade de apreciar os mais diversos objetos (caixinhas, desenhos, len-ços, instrumentos musicais, carrinhos, bo-necas, fotografias, selos etc.). Coloque es-ses objetos em uma grande caixa no cen-tro da sala, reúna a turma e peça a todos que os observem. Depois, peça a cada um que retire da caixa o objeto que mais lhe agrada. Estabeleça com os alunos uma conversa sobre a escolha feita por eles: O que (cor, textura, forma, tema etc.) os le-vou a escolher aquele objeto e não outro? Mostre aos alunos que nós estabelecemos relações com tudo o que nos cerca por meio de laços afetivos, sensações, referências.

• Traga um cartaz com uma paisagem, uma cena ou um conjunto de objetos que te-nha correspondência com os da história de Os Meninos Morenos. Peça à turma que o observe bem, a fim de memorizá-lo. Escolha um aluno que, depois de observar o

cartaz, fique na frente da turma, de cos-tas para o cartaz, descrevendo-o de acor-do com o que ficou registrado em sua memória.

• O próximo passo é fornecer histórias em quadrinhos aos alunos. Peça a eles que observem as cores usadas nos quadrinhos (elas se repetem ou não?), os recursos gráficos, os tipos de balão (fala, de linhas quebradas, uníssono, cochicho, retangular etc.), a paginação e o que eles expressam. Em seguida, discuta com os alunos a frase:

“(...) o verdadeiro artista não pode viver sem sua forma de expressão”.

• Informe aos alunos que, em outubro de

1960, a empresa gráfica O Cruzeiro pas-sou a publicar uma revista em quadri-nhos genuinamente brasileira. Tratava- -se de Pererê, criação de Ziraldo Alves Pinto, que enfocava uma figura bas-

tante conhecida de nosso folclore, o Saci-Pererê.

• Convide os alunos a fazer uma releitu-ra, por meio de desenhos, dos perso-nagens da Turma do Pererê.

Com o livro Os Meninos Morenos, po-demos constatar a forma de expressão de Ziraldo. Então:

• Convide seus alunos a observar as ilus-trações do livro e o projeto gráfico. Há todo um cuidado, toda uma arte na composição do texto de Ziraldo. O pro-jeto gráfico é variado, cada página pa-rece ter um desenho próprio (verifique os detalhes, admire os tons das cores, descubra os traçados).

• Organize uma seleção de livros ilustrados por Ziraldo. Apresente-os aos alunos e comente o uso de recursos expressivos da linguagem visual. Chame a atenção para o “estilo” de Ziraldo. Compare os li-vros. Organize uma exposição na sala ou no pátio. Peça aos alunos que escolham uma imagem/cena e, individualmente, façam, por escrito, uma pequena descri-ção da “imagem” escolhida e do estilo do artista. Coloque os textos correspon-dentes ao lado de cada desenho para que todos possam ler.

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Terceira etapa do trabalho: da leitura intertextualEm termos menos específicos, a intertextualidade significa um diálogo entre textos, quan-

do quem escreve deixa aflorar, de forma intencional, certas experiências, e outras afloram inconscientemente. Em outras palavras, aquilo tudo que foi lido e recolhido e, portanto, faz parte do universo do autor é transformado no momento da produção do texto.

O escritor, ao escrever, lê experiências, vivências de âmbito particular, revê a realidade existen-cial, sociocultural e histórica e textos de outros autores que são convenientes a sua escritura.

Retomando a leitura do texto Os Meninos Morenos, observamos que o discurso de Ziraldo se estrutura sobre o diálogo da narrativa com a poesia, transgredindo o limite do gênero literário puro. Além do diálogo da narrativa com a poesia, no livro cruzam-se também:

Atividade práticaA leitura do livro permite a interpre-

tação de várias realidades (Fernan-do Pessoa – Portugal/aldeia; Humberto Ak’a bal – Guatemala/pueblo; e Ziraldo – Minas Gerais/cidadezinha) e determina associações que condicionam leituras variadas, detectáveis, ora em termos de semelhanças entre tais realidades, ora de oposições. Assim, o escritor lê a própria vida e a de todos os seus irmãos, meni-nos morenos, no seu transcurso simples e, ao mesmo tempo, profundo, imbrican-do a realidade simbólica do menino prin-cipiante – aprendiz na trajetória da vida.

Nessa trajetória, os olhares dos ar-tistas se cruzam. Ziraldo, Humberto Ak’abal e Portinari reconhecem dife-rentes formas de injustiça social contra os meninos morenos e, também, con-tra os homens latino-americanos. Por-tanto, oferecer suas obras aos alunos é uma forma de sensibilizá-los para ques-tões que demandam solidariedade:

“A Lua busca algum buraquinho nas casas de pau a pique, entra e se senta no chão”. (p. 56)

– cantiga popular: Meu pai foi menino de origem muito humilde, pobre, pobre, po-bre, de marré, marré, marré (p. 34);

– fotografias: Ver nas páginas 88 e 89; – documentos oficiais: auto de cartório

(p. 34);– citações de marchinha de carnaval:

Meu periquitinho verde, tire a sorte, por favor..., de Nássara e Sá Roriz (p. 16);

– epígrafe: Eu também já fui brasileiro, / moreno como vocês, de Carlos Drummond de Andrade (abertura do livro, p. 4);

– telas de Portinari: Café, 1935 (p. 30); e Brodowski, 1958 (p. 84-85);

– desenho de Portinari: Menino, 1950 (p. 55);

– “Hino da Marinha”: Qual cisne branco / que em noites de lua / vai navegando no lago imenso... (p. 24);

– paráfrase da “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias: Pois é: minha terra tinha palmeiras onde, em vez de sabiá, cantava o melro. E, como a gente chegava muito cedo para a aula, os melros ainda estavam cantando a sua canção matinal. Era como se estivessem saudando os meninos mo-renos, que também chegavam em bando para a escola (p. 45);

– ilustração de Borjalo: cartum (p. 79);– texto de Fernando Pessoa: O Tejo é

mais belo que o rio que corre pela minha aldeia. / Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia. / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia (p. 10);

– canção: pauta de Sérgio Ricardo para o tema da fita Deusa de Joba (p. 86);

– citação: nomes de filmes e heróis (p. 83-84).

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“João Permanente morava num bar-raco miserável, de pau a pique e sapé (...)”. (p. 56)

“Os meninos morenos daqueles dias morriam muito: por causa da água ou por falta de água. As doenças que os matavam eram provocadas pelos ver-mes que habitavam o rio de muito pou-ca água (...). Ou eram causadas pela desidratação dos recém-nascidos, por falta de informação das populações po-bres dos cantos de rua”. (p. 60)

Arte, Filosofia e Geografia

• Converse com os alunos sobre a “Declaração Universal dos Direitos Humanos” (aprovada pela Assem-bleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948) e a “Decla-ração dos Direitos da Criança” (pro-clamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1959). Leia alguns fragmentos do documento e questione se esses di-reitos têm sido respeitados.

– “Todos os homens nascem livres. To-dos os homens nascem iguais e têm, portanto, os mesmos direitos.”

– “Todas as crianças têm o direito de crescer protegidas, queridas e bem tratadas. Como as plantinhas de que a gente cuida com amor e carinho para que cresçam bonitas e viçosas!”

– “Mesmo sendo muito diferentes umas das outras e morando em lugares tam-bém muito diferentes, todas as crianças têm o direito de ir à escola para apren-der. E o direito de brincar, brincar bastan-te, para crescerem pessoas bem felizes.”

• Leve para a escola reproduções de te-las de Candido Portinari (sugestões: a série Os Retirantes) e telas de crianças de Brodósqui (Meninos Soltando Pipa, 1943, Futebol, 1935, e outras) para que os alunos observem as emoções que as telas suscitam. Como o artista retrata o seu povo, a sua gente? Quem são as pessoas retratadas? Como vi-vem? A sociedade e as autoridades pú-blicas dispensam os cuidados devidos às crianças, às suas famílias?

• Procure informações sobre algum pro-grama de melhoria no padrão de vida das pessoas mais pobres de seu mu-

nicípio (nas áreas de educação, saú-de, habitação, transporte ou mesmo na oferta de alimentos ou criação de empregos). Elabore um boletim com as informações obtidas. Asso-cie os artigos do boletim com ima-gens de Portinari e com trechos da “Declaração Universal dos Direitos Humanos”.

• Selecione poemas de Humberto Ak’abal e fragmentos do livro Os Meninos Mo-renos que dialoguem com as telas de Portinari, com a “Declaração Universal dos Direitos Humanos” e a “Declara-ção dos Direitos da Criança”. Organize um painel com as telas de Portinari na sala de aula ou no pátio, associando o texto verbal ao texto pictórico por meio de aproximação dos temas.

QUER SABER MAIS?Para um trabalho mais aprofundado so-

bre a obra de Ziraldo e sobre as propostas pedagógicas, consulte o glossário e as bi-bliografias sugeridas na próxima página e na página 13.

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Pequeno glossário

Capitular é a letra que inicia um capítu-lo de um livro ou um poema. Pode ser do mesmo tipo usado no texto, em tamanho maior, em negrito ou itálico; ou de tipo di-ferente; ser ornamentada ou acompanha-da por um desenho relativo ao texto.

Ilustração é toda imagem que acompa-nha um texto. Pode ser um desenho, uma pintura, uma fotografia, um gráfico etc.

Projeto gráfico é o planejamento de qualquer impresso: cartaz, embalagem, fo-lheto, jornal, revista etc. No caso do livro, o projeto gráfico abrange: formato, núme-ro de páginas, tipo de papel, tipo e tama-nho das letras, mancha (a parte impressa da página, por oposição às margens), dia-gramação, encadernação (capa dura, bro-chura etc.), tipo de impressão etc.

Vinheta é uma ilustração pequena, de até cerca de um quarto do tamanho da pá-gina. Pequena estampa ou figura que se co-loca no princípio de um livro, intercalada no texto, no princípio ou no fim de qualquer divisão ou subdivisão dele. Do francês vig-nette, “pequena vinha”, esses ornamentos

representavam, na origem, cachos e folhas da videira, símbolo da abundância.

BibliografiaARNHEIM, Rudolf. Arte e Percepção Vi-

sual – Uma psicologia da visão criadora. São Paulo: Pioneira, USP e Edusp, 1980.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

CAMARGO, Luís. Ilustração do Livro In-fantil. Belo Horizonte: Lê, 1995.

READ, Hebert. A Educação pela Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1977.

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AN

EXO

TEÓ

RICO

Metodologia da interpretaçãoVivemos em uma sociedade grafocêntrica, embora se saiba que essa posição conferida à palavra escrita não significa exclusividade; não só porque há culturas que dela prescindem, mas também porque, na atualidade, confere-se à imagem uma nova dimensão. Mas isso não impede que nos aproximemos da escrita informativa ou poética – com certo respeito.

Com o objetivo de possibilitar a construção da compreensão de diferentes textos, que abordam dos fatos mais simples aos mais complexos, dos mais concretos aos mais abs-tratos, valemo-nos da metodologia dos três olhares – Metodologia da Interpretação para auxiliar o ato da leitura. Essa metodologia tem sido vista como uma unidade tripartida em compreensão, interpretação e aplicação.

Assim, o primeiro momento, o da compreen-são, quando se faz o primeiro contato com o texto e a apreensão dos seus referenciais, cor-responderia ao nosso nível de leitura literal, no qual o aluno deverá reconhecer os elementos da superfície do texto, como personagens, es-paço, tempo. Para isso, faz-se necessário, evi-dentemente, ter domínio do código da língua portuguesa.

O segundo momento, o da interpretação, quando o aluno, pelo exercício da herme-nêutica, dialoga com o texto, dá-se pela con-cretização de uma leitura mais apurada, ten-do por base o horizonte de expectativa da

primeira leitura. Esse momento corresponde, para nós, ao nível da leitura contextualizada, no qual o aluno deverá interpretar o texto narrativo.

O terceiro momento, o da aplicação, forma-do pelos dois precedentes, é o da recepção efetiva do texto, quando há formação de jul-gamento estético e, com ele, a atualização do texto. Esse momento abarca dois níveis de leitura: o nível da leitura crítica, no qual o aluno deverá apreender o discurso temático e ampliar o seu horizonte de expectativa, dialo-gando com outros textos, formadores de sua história de leituras e que abordem o mesmo tema, e o nível da metaleitura, no qual o alu-no deverá ter o domínio do conhecimento, pela apropriação do discurso metalinguístico.

Conceitos e teoria dessa metodologia podem ser aplicados à leitura do texto verbal e não verbal, uma vez que ela admite a intertextu-alidade e a interdisciplinaridade; enfim, o dia-logismo entre textos de áreas diferentes, mas de conteúdos complementares.

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MOMENTOS DO OLHAR

1o MOMENTOOlhar receptivo

2o MOMENTOOlhar mediador

3o MOMENTOOlhar ativo

O que acontece Encontro do leitor com um mundo que não conhece

Encontro do leitor com o mundo significativo

Encontro do leitor com o mundo

novo que agora conhece

O que faz

Uma leitura que apanha os elementos significativos,

sinais, referentes

Uma leitura de diálogo com o texto, por meio

da pergunta e da resposta

Uma leitura de cruzamento do ver e do sentir, do exterior e do interior, ou seja, cruzamento de

experiências

Como faz Olha e vê Olha, vê, interroga e busca

Olha, encontra, associa, reúne,

interioriza, vê e lê

O que importa

Reconhecer os elementos significativos,

sinais, referentes

O exame da realidade

representada, por meio do

questionamento da busca dos porquês, causas e motivos

A integração do novo que se vê e do antigo que é a experiência

do já visto, fusão de horizontes, ampliação de conhecimento

O que resultaCompreensão

VER-POR--CONHECER

InterpretaçãoVER-E-PENSAR

AplicaçãoVER-PENSAR-LER

Bibliografia

JAUSS, Hans Robert. A História da Litera-tura como Provocação à Teoria Literária. São Paulo: Ática, 1994.LONTRA, Hilda Orquídea Hartmann (Org.). Leitura e Literatura Infantil – Questão do ser, do fazer e do sentir. Oficina Editorial do Ins-tituto de Letras da UnB: FINATEC, 2000.ZILBERMAN, Regina (Org.). Leitura – Perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Ática, 1988.

Método dos três olhares à luz da estética da recepção