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INTRODUÇÃO Embora não seja uma guerra, o futebol é o confronto entre duas nações representadas pelos seus “guerreiros” no campo. Por isso, mesmo sendo um esporte, ele adapta o conceito de tática utilizado nas guerras: tática é a arte de dispor e ordenar tropas para combate. Restringindo-se agora apenas ao futebol, dá para acrescentar outro conceito. Como as equipes são compostas por pelo menos três setores: defesa, meio-campo e ataque – é preciso aplicar um sistema, responsável pela coordenação das partes entre si, transformando o que poderia ser um emaranhado de 11 jogadores em uma estrutura organizada. Para isso, a partir da década de 1930, o futebol passou a evoluir com a criação de diversos sistemas táticos, responsáveis pela organização das equipes. TÁTICA NO FUTEBOL É preciso diferenciar três aspectos que contribuem para a execução do sistema tático adotado pela equipe. Existem três tipos de táticas, e todas elas devem ser levadas em consideração pelo treinador de futebol. Tática Individual: é a função desempenhada pelo jogador. Dentro da proposta coletiva, o técnico precisa estabelecer de maneira clara e eficiente o papel de cada um. Envolve as orientações sobre a movimentação do jogador, a postura ofensiva e a postura defensiva. Tática de grupo: é o planejamento dirigido a um setor específico. Envolve as atribuições de cobertura, apoio à marcação, linhas de passe e triangulações, ocupação e abertura de espaços. Exemplo: tática de grupo para defesa e ataque no lado direito do campo, envolvendo o lateral- direito, o primeiro volante e o meia-articulador. Conforme suas táticas individuais, todos precisam saber como

OS PRINCIPAIS ESQUEMAS TÁTICOS DO SÉCULO XX

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Page 1: OS PRINCIPAIS ESQUEMAS TÁTICOS DO SÉCULO XX

INTRODUÇÃO

Embora não seja uma guerra, o futebol é o confronto entre duas nações representadas pelos seus “guerreiros” no campo. Por isso, mesmo sendo um esporte, ele adapta o conceito de tática utilizado nas guerras: tática é a arte de dispor e ordenar tropas para combate.

Restringindo-se agora apenas ao futebol, dá para acrescentar outro conceito. Como as equipes são compostas por pelo menos três setores: defesa, meio-campo e ataque – é preciso aplicar um sistema, responsável pela coordenação das partes entre si, transformando o que poderia ser um emaranhado de 11 jogadores em uma estrutura organizada.

Para isso, a partir da década de 1930, o futebol passou a evoluir com a criação de diversos sistemas táticos, responsáveis pela organização das equipes.

TÁTICA NO FUTEBOL

É preciso diferenciar três aspectos que contribuem para a execução do sistema tático adotado pela equipe. Existem três tipos de táticas, e todas elas devem ser levadas em consideração pelo treinador de futebol.

Tática Individual: é a função desempenhada pelo jogador. Dentro da proposta coletiva, o técnico precisa estabelecer de maneira clara e eficiente o papel de cada um. Envolve as orientações sobre a movimentação do jogador, a postura ofensiva e a postura defensiva.

Tática de grupo: é o planejamento dirigido a um setor específico. Envolve as atribuições de cobertura, apoio à marcação, linhas de passe e triangulações, ocupação e abertura de espaços. Exemplo: tática de grupo para defesa e ataque no lado direito do campo, envolvendo o lateral-direito, o primeiro volante e o meia-articulador. Conforme suas táticas individuais, todos precisam saber como auxiliar uns aos outros na marcação, e como se movimentar organizadamente nas investidas de ataque.

Tática coletiva: é o planejamento adotado para todo o time, aquele “dos números”, responsável por interligar e coordenar as táticas de grupo. Mas o sucesso da tática coletiva depende da maneira como o treinador define as funções de cada jogador (táticas individuais) e a movimentação ordenada de cada setor (táticas de grupo). Apenas definir o sistema tático, sem o cuidado de organizar as partes e as individualidades, não é suficiente.

ESTRATÉGIA

A estratégia não pode ser confundida com o sistema tático. Ela na verdade é a maneira como vai se comportar a equipe em campo. Independentemente do sistema tático, o

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time pode adotar uma postura mais ofensiva ou mais defensiva. Com o mesmo sistema tático, um time pode modificar a estratégia dentro de um jogo – invertendo jogadores de posição, por exemplo, ou alterando o sistema de marcação.

Mais ligada às táticas individual e de grupo, a estratégia leva em consideração a movimentação dos jogadores na marcação (cobertura, antecipação) e na articulação (antecipação, criação de espaços, formação de linhas de passe), e a característica dos atletas. Times que se enfrentam com o mesmo esquema tático podem ter estratégias diferentes.

Por isso, é importante que os jogadores tenham capacidade para compreender as atribuições de cada função dentro da tática coletiva, assimilando mais de uma tática individual. Isso oferece a oportunidade para que o treinador altere a estratégia com a bola rolando, sem a necessidade de fazer substituições, apenas modificando a função dos jogadores.

ZONAS DE MARCAÇÃO

A definição do sistema de marcação é fundamental dentro da estratégia de cada equipe. Mas também é preciso levar em consideração o preparo físico e a movimentação do adversário na definição do sistema de marcação. De nada adiantaria, por exemplo, definir uma marcação-pressão se a equipe não tem condições físicas de agüentar essa exigência por muito tempo.

Zona: é a marcação utilizada principalmente nos clubes da Inglaterra. Delimitada a zona de atuação de cada jogador (tática individual), ele vai dar combate nos adversários que por ali transitarem. Exige muita visão periférica para antecipar as jogadas e fazer a abordagem correta no momento em que for exigido.

Pressão: adiantam-se todos os setores (tática de grupo) e a marcação é feita no campo do adversário. Os atacantes entram em combate direto com os zagueiros para induzir o adversário à ligação direta.

Meia-pressão: a defesa e o meio-campo adiantam-se, mas a pressão é exercida apenas pelos atacantes, na saída de bola dos adversários.

Individual: um jogador marca apenas um adversário, acompanhando o atleta em qualquer parte do campo. Utilizada para anular algum jogador diferenciado de criação ou finalização.

Mista: é diferenciada por setor (tática de grupo). Pode ser adotada pressão no ataque, a zona no meio e a individual na defesa, por exemplo.

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SISTEMAS TÁTICOS

A evolução das regras e do preparo físico levou os treinadores a criar novos sistemas de acordo com a exigência de cada época. No início, o futebol se resumia a um grande número de atletas no ataque. A estratégia era a ligação direta. Mas, com a regra do impedimento, os times precisaram se organizar.

O enfoque passou do ataque para o meio, onde a bola precisaria permanecer por maior tempo em busca da articulação. Cada sistema, entretanto, surge como oposição ao antecessor, exatamente pela necessidade de vencê-lo.

A FIFA reconhece apenas seis sistemas táticos. Os demais são considerados variações destes já existentes:

W.M – Arsenal - 1925

É o primeiro sistema tático identificado na história do futebol. Tem três zagueiros em linha, dois volantes, dois meias de ligação e três atacantes. Fez tanto sucesso que todos passaram a usá-lo, “espelhando” os confrontos. Quem quisesse vencer teria de aumentar o

número de atacantes.

CURIOSIDADE: Dele surgiu o termo “zagueiro central”, utilizado até hoje.

4-2-4 (utilizado pelo Brasil nas Copas de 58 e 62)

Com o objetivo de criar dificuldades para o W.M, surgiu o 4-2-4. Com relação ao antecessor, um volante virou o 4º zagueiro, e um meia virou o 4º atacante. E no confronto com o W.M, ficaram 4 zagueiros para marcar 3 atacantes, e 4 atacantes contra três zagueiros.

CURIOSIDADE: Dele surgiu o termo “quarto zagueiro”, utilizado até hoje.

4-3-3 (utilizado pelo Brasil na Copa de 1970)

A simplificação do 4-2-4 reduziu a permanência da bola no meio-campo, resumindo-se o jogo à ligação direta. Aos poucos, entretanto, a atenção dos confrontos passou do ataque e da defesa para o meio-campo. E

assim, o 4-3-3 é o primeiro sistema que busca aumentar a posse de bola no setor de criação. Pode variar de um volante e dois meias para dois volantes e um meia, modificando-se ainda mais com as estratégias de ataque ou defesa (laterais ofensivos

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ou defensivos, sistema de marcação e movimentação dos atacantes). Hoje, por exemplo, o Barcelona utiliza um 4-3-3 com laterais quase fixos à defesa, em linha, e atacantes de movimentação que jogam em diagonal, ao contrário dos antigos pontas, que corriam para o fundo e faziam cruzamentos. É o mesmo sistema, mas com uma estratégia diferente.

4-4-2 (utilizado pelo Brasil na Copa de 1994)

Cada vez mais as atenções voltaram-se para o meio-campo. E então um dos atacantes passou para o setor de criação, eliminando a existência dos pontas. É um dos sistemas táticos que mais permite variações, dependendo da tática individual dos homens de meio e de ataque: variam o número de volantes e

articuladores, o posicionamento de todos, e a característica dos atacantes. No meio, o desenho pode ser o quadrado, o losango, a linha, variando de um até quatro volantes. No ataque, também podem ser dois centroavantes fixos, ou dois atacantes de movimentação, ou então uma combinação entre o centroavante e o atacante.

CURIOSIDADE: Dele nasceu o termo “quarto homem de meio-campo”.

3-5-2 (nascido na Itália)

Este é o esquema que mais sofre distorções. Nasceu na Itália com o conceito de líbero. O líbero (em italiano, “livre”), está originalmente localizado na defesa, mas é um jogador “livre” para se posicionar conforme as exigências da partida. Dentro do mesmo jogo pode

estar atrás da linha de zagueiros – como homem da sobra, à frente deles – como volante, investir pelo meio ou pelas laterais, e até mesmo aparecer na área para concluir. Baresi é o maior exemplo de líbero bem sucedido pela inteligência com a qual se posicionava em campo, sempre atento à hora de modificar a própria posição.

Mas no Brasil o sistema é mal-compreendido. No 3-5-2 tupiniquim, o líbero virou o “homem da sobra”, ou pior: o “terceiro zagueiro”. Atua fincado atrás da linha de zaga, sem liberdade para apoiar nem sequer de posicionar-se à frente deles, como um volante. E assim, o time perde volume no meio-campo.

Compreender a função do líbero é fundamental para o sucesso do 3-5-2, porque apenas com um jogador capaz de assimilar essa tática individual de extrema alternância de funções, com posicionamento, noção de cobertura e movimentação constante, pode exercê-la. Do contrário, o líbero seguirá sendo apenas um rebatedor atrás da linha de zaga.

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Outro conceito trazido pelo 3-5-2 é o de alas, abolindo os laterais. Os alas têm na origem a função de não apenas jogar pelos lados, mas também ocupar os espaços de meio-campo na articulação das jogadas.

3-4-3 (Dinamarca 2002/Ájax 1995)

É um sistema quase misto, que se utiliza dos conceitos de defesa do 3-5-2 (líbero, cobertura e posicionamento) de meio-campo do 4-4-2 (diversas possibilidades de desenhos e estratégias) e de ataque do 4-3-3 (retorno do 3º atacante).

Os demais esquemas são considerados pela FIFA variações destes seis reconhecidos. Portanto, o 3-6-1 pode ser visto como uma variação do 3-5-2, o 4-5-1 como uma alternativa ao 4-4-2 e assim por diante.

O FUTURO

O futebol está cada vez mais dependente da força física e da velocidade dos jogadores. E isso vai se refletir nas opções relativas ao sistema tático – incluindo as táticas coletivas, de grupo e individual, à estratégia e ao sistema de marcação.

Dentro das estratégias, haverá cada vez mais variação de posicionamento tático dentro da mesma partida. E por isso o jogador precisará ser cada vez mais inteligente e de raciocínio rápido.

Essas variações táticas vão exigir jogadores capazes de entender a necessidade da partida, com inteligência para cumprir mais de uma função tática individual e de assimilar diversos sistemas e estratégias, tanto de grupo como coletivas. E assim esse jogador também terá autonomia para tomar decisões em campo.

O TREINADOR

Dados todos estes argumentos, fica muito claro porque sou tão crítico com os treinadores. Muitos defendem que o poder de decisão está com os jogadores, que é a qualidade deles quem determina os vitoriosos, mas eu discordo. Os méritos e as cobranças devem sim ser mais direcionados ao treinador.

Neste pequeno resumo de apenas sete páginas expus uma diversidade de atribuições do treinador, mesmo as relacionadas ao desempenho do atleta. Por muitas vezes, um jogador apresenta-se mal porque não tem uma tática individual clara, ou pior: foi escalado para cumprir uma função equivocada.

É o treinador quem define todas as táticas individuais, dos 10 jogadores de linha – e até do goleiro (reposição de bola, posicionamento como “homem da sobra”...), todas as táticas de grupo e encaixa essas definições na tática coletiva e na estratégia. É o

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treinador quem faz o time jogar, e quando o técnico é limitado, não tem inteligência para definir táticas individuais coerentes com as táticas de grupo, integrada à tática coletiva e de acordo com a melhor estratégia, o time torna-se um emaranhado de atletas chocando-se dentro de campo como baratas desgovernadas.

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“SEMPRE NO ESPORTE COLETIVO VENCERÁ A COLETIVIDADE QUE ESTIVER MAIS BEM ORGANIZADA.”

“UM GÊNIO DENTRO DE UMA EQUIPE EMBARALHADA CAI DE PRODUÇÃO, ENQUANTO UM JOGADOR LIMITADO FAZENDO PARTE DE UMA ENGRENAGEM

INTELIGENTE TORNA-SE ÚTIL.”

O curso me deu oportunidade para aprender muito mais, sobre preparo físico, periodização de treinamento, planejamento, categorias de base... Mas vou me restringir ao assunto que eu mais gosto, sempre estudei, e continuarei tentando me aprimorar: os sistemas táticos.

Para terminar, deixo como exemplo de sistema tático de minha predileção, o 4-4-2 britânico. É nele que eu vejo as melhores táticas de grupo, o melhor sistema de marcação, e as melhores táticas individuais. Tomo como exemplo o Manchester United. É claro que dá certo também pela genialidade dos atletas do clube mais rico do mundo, dando-se ao luxo de manter no banco de reservas jogadores que seriam titulares em outras potências do futebol, mas ainda assim é o sucesso deste 4-4-2 britânico que mantém Sir Alex Fergusson há 21 anos no cargo. Ele funciona assim:

- Marcação por zona na defesa;- Marcação por zona no meio-campo;- Marcação meia-pressão no ataque;- Defesa em linha;- Meio-campo em linha;- Dois atacantes de movimentação;- Aplicação tática de todos.

Nesse sistema do 4-4-2 britânico, são as famosas duas linhas de quatro. Mas elas não são vulneráveis, como pode parecer, à “bola nas costas”, principalmente entre os dois setores. Isso porque, sem a bola, há a compactação extrema entre defesa e meio campo. As duas linhas aproximam-se, uma frente à própria grande área, e outra poucos passos adiante, na intermediária.

Na marcação, funciona o sistema por zona. Não há porque acompanhar o adversário. Cada atleta exerce pressão (tática individual) apenas quando a bola está no seu setor. A cobertura está no espelho correspondente (o jogador logo atrás), e a compactação permite que pelos menos outros dois (a dupla ao lado) funcione para a sobra, somando-se ao jogador do combate e sua cobertura respectiva. Enquanto isso, os dois atacantes marcam meia-pressão, a partir do meio campo, dando combate à saída de bola adversária.

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Na articulação, o time privilegia o jogo pelas laterais. Na primeira linha são dois zagueiros e dois laterais defensivos, que pouco apóiam. E na segunda linha são dois meias centralizados e dois meias ofensivos chamados “wingers”. Os wingers são quase atacantes, apóiam com muito vigor, tanto pela linha de fundo como também em diagonal. É permitido que ambos ataquem simultaneamente, enquanto um está com a bola o outro geralmente entra na área, como um terceiro atacante. Enquanto isso, os meias centralizados posicionam-se para a “segunda bola” – o rebote, à frente da área, e a linha defensiva adianta-se até o meio-campo, encurtando o espaço para um possível contra-ataque adversário.

A evolução é feita com linhas de passe (táticas de grupo). O time “roda” muito a bola, sem a dependência do 4-4-2 convencional a um meia articulador específico. É no toque de bola rápido, no “dois-um”, na movimentação e na paciência que o time evolui, aos poucos.

No ataque, privilegia-se dois homens de movimentação e força, porque os meias centralizados e os wingers os acionam a todo o momento, tanto nas jogadas de pivô, preparando a bola para a segunda linha, com também em passes diagonais, para o confronto direto.

Por isso este 4-4-2 britânico proporciona gols tão bonitos. Durante muito tempo o sistema foi conhecido como o “do chuveirinho inglês”, porque os wingers são realmente homens que fazem cruzamentos. Mas também, pela troca de bola em linha, os meias centralizados chutam muito de fora da área; e acionados constantemente em velocidade nas diagonais, os atacantes aparecem muito com liberdade, ou no “mano a mano”.

Quem assiste a um 4-4-2 britânico dentro dessa perspectiva, fã deste sistema como eu, pode também se perguntar: porque nunca foi feito, e não é testado, no Brasil? Qual a diferença? É preciso que se tenha no grupo Cristiano Ronaldo e Rooney para dar certo? Claro que para aplicar esse 4-4-2 britânico são necessários jogadores capazes de cumprir com as táticas individuais, principalmente na segunda linha – dois wingers velozes e abnegados na marcação, e dois meias centrais com posicionamento, bom passe, visão de jogo e combatividade.

Em todo caso, fica à disposição dos amigos este material para consulta.

Grande abraço.

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OS PRINCIPAIS ESQUEMAS TÁTICOS DO SÉCULO XX (1)

André Luiz Medeiros é arquiteto e pesquisador do futebol

Neste trabalho pretendemos relacionar, ilustrar e analisar os principais esquemas táticos que marcaram o futebol no século XX. Na medida do possível, serão eles apresentados em ordem cronológica, embora vários tenham surgido quase na mesma época. Aqui estão listados somente os mais importantes. Enfocarmos todos seria uma tarefa impossível, tal a riqueza, a criatividade e a diversidade das alternativas táticas existentes.

PIRÂMIDE

Este foi o primeiro esquema tático sério a ser implantado no futebol. Foi criado pelos escoceses no início do século. Constava de 2 zagueiros de área jogando bem recuados. No meio de campo, 3 médios mais defensivos; os laterais pegavam os pontas adversários, enquanto o centro-médio era o verdadeiro pião da equipe, centralizando o jogo. Ele era, geralmente, um jogador de grande habilidade. Os médios direito e esquerdo foram os precursores dos laterais, enquanto do centro-médio se originaria, mais tarde, o volante, que daria o primeiro combate à frente da zaga. No ataque, 2 meias um pouco recuados, 2 pontas bem abertos e o centro-avante artilheiro, o pião da linha de frente. A disposição em 2-3-5 do time em campo lembrava uma pirâmide, daí o nome. A Pirâmide, mesmo após a introdução do WM, continuou a ser largamente usada na Europa (Inglaterra, Itália de 34/38) e na América do Sul (Brasil até Copa de 50, Argentina, Uruguai). Os ataques predominavam sobre as defesas: atacava-se com 6 a 8 atacantes, defendia-se com 2 ou 4 jogadores, marcando por zona.

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WM

Sistema de jogo criado pelo técnico inglês Herbert Chapman, do Arsenal, em 1924. Foi introduzido no Brasil por Dori Kreschner (Flamengo, 37) e usado pelo Vasco dos anos 40, entre outros. Na Europa, com exceção dos países centrais (Áustria e Tchecoslováquia, com a belíssima “Escola do Danúbio”) e da Itália (esta manteve a Pirâmide), passou-se a empregar largamente o WM inglês. Na zaga aparecia mais um jogador pelo meio, o centro-médio recuado (seria o futuro “zagueiro-central”). No meio-campo, 4 jogadores, sendo 2 médios e 2 meias recuados, formando o famoso “quadrado-mágico”, ponto focal da equipe. Estes 4 jogadores ajudavam na defesa e serviam o ataque. A linha de frente era formada por 2 pontas e pelo centro-avante artilheiro. Este esquema usava a marcação individual, em oposição à marcação por zona da Pirâmide.

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FERROLHO

O sistema chamado de Ferrolho foi lançado em 1934 pelo técnico austríaco Karl Rappan e logo utilizado pela seleção suíça na Copa de 34. Era um sistema bastante defensivo, em que o meio-campo jogava junto aos 2 zagueiros de área. Os médios direito e esquerdo combatiam os extremas adversários, enquanto o centro-médio se postava bem diante da zaga, como um precursor dos futuros líberos. Dos atacantes, 3 recuavam para fechar o meio-campo (normalmente os pontas e um meia), sobrando apenas 2 na frente. Assim sendo, procurava-se reforçar as defesas, antes tão desprotegidas, em detrimento do ataque. As ações ofensivas aconteciam em contra-ataques rápidos, nem sempre efetivos.

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DIAGONAL

Foi o esquema tático do Brasil na Copa de 50. O técnico do Vasco e da seleção brasileira, Flávio Costa, começou a experimentar no time vascaíno algumas novas concepções de jogo. Partindo do WM, Flávio teve a idéia de fazer uma rotação de 45 o

no quadrado-mágico de meio de campo. Com isso, criou um losango compacto, em que o vértice avançado era ocupado pelo centro-avante (Ademir) e o vértice recuado pelo homem de criação e iniciador das jogadas ofensivas a partir do meio-campo (Bauer). Os 2 vértices laterais foram preenchidos pelos meias (Zizinho e Jair), presentes na armação do ataque. Some-se 2 extremas velozes e tínhamos aí formado um time muito agressivo. Mais atrás na defesa, 2 jogadores abertos pelas laterais (Augusto e Bigode). Seriam algo parecido com os laterais de hoje, porém mais defensores que armadores. Na última linha, 2 zagueiros de área, com um deles (Juvenal) jogando quase sempre na sobra.

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MM

Sistema derivado do WM e implantado no início dos anos 50, que procurava ser mais ofensivo que o tradicional WM. Neste caso, o zagueiro-central avançava um pouco, formando um meio-campo de até 5 jogadores, com os 2 médios e 2 dos avantes recuados. Na frente, 3 atacantes enfiados. Este sistema foi empregado pela fantástica seleção húngara de 54, com os grandes craques Puskas, Hidegkuti, Czibor, Kocsis, Lantos e Bozsik.

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4 – 2 – 4

Este esquema tático foi usado pelo Brasil na Copa de 54, sendo, logo após, difundido pelo mundo. Recuou-se um dos médios, formando-se, com isso, a figura do chamado “quarto-zagueiro” (hoje, zagueiro de área esquerdo), que reforçaria o sistema defensivo, até então algo exposto, mesmo no WM. Para o seu lugar recuou-se, também, um meia, o chamado “meia armador” (ou “meia de ligação”). O “ponta de lança” vinha em grande velocidade, trocando bolas com o centro-avante mais à frente. O 4–2–4 era flexível, permitindo que 2 atacantes voltassem para ajudar o meio de campo quando a bola estava com o adversário, formando um 4-4-2, que somente seria consolidado anos depois. Assim, como nos demais sistemas de jogo adotados pelos sul-americanos, a marcação na defesa era feita por zona. Já os europeus aceitavam com mais facilidade a marcação homem-a-homem, como ocorria no WM.

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4 – 3 – 3

Esquema derivado do 4-2-4, que definitivamente recuava 2 atacantes (os meias), formando 3 jogadores na intermediária com o médio (volante). O quarto-zagueiro do 4-2-4 passa a ser o 2o zagueiro de área, perdendo sua antiga denominação, e se deslocando livremente à frente e atrás dos outros zagueiros, algumas vezes subindo ao ataque, de surpresa. Na dianteira, temos agora 3 atacantes que se movimentam sem guardar muito posições fixas. Utilizou-se muito o “4-3-3 pelo meio” (com o recuo dos 2 meias). Tivemos, também, o “4-3-3 pelas pontas”, quando do ataque recuavam um dos pontas (Zagalo, em 58) e um dos meias. O 4-3-3 atingiu seu auge nas décadas de 60 e 70, sendo empregado até hoje como opção de jogo. Continuou a ser usado no bi-campeonato brasileiro no Chile, em 62.

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CARROSSEL

Inovador e revolucionário esquema lançado por Rinus Michaels na seleção holandesa de 1974. Foi chamado de “futebol-total”. Constava de 3 linhas de jogadores próximas umas das outras. Eram, basicamente, 4 zagueiros avançados, 3 médios logo adiante da defesa e 3 atacantes vindos de trás, linhas essas que constantemente se mesclavam. O time marcava por pressão. Nenhum jogador ocupava posição fixa em campo: defendiam e atacavam em bloco, com grande velocidade. Até hoje é o sonho de muitos admiradores do futebol-espetáculo. Exige jogadores hábeis, inteligentes e muito bem treinados. Dessa maneira, a equipe toda jogava muito coesa, defendendo ou atacando, com um permanente rodízio de linhas e de jogadores. O time todo, quando perdia a bola, marcava por pressão. Esse esquema exigia uma coordenação perfeita e, não raro, confundia os oponentes que, atacados em massa e em grande velocidade, não sabiam direito a quem marcar. Os camisas-laranja eram sempre vistos cercando com 3 ou 4 jogadores qualquer adversário que se apossasse da bola. Seus jogadores foram, sem dúvida, a semente do depois chamado jogador “polivalente”, que se deslocaria por vários setores do campo, não ficando preso a nenhuma posição fixa.

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ESQUEMA SEM PONTAS

Foi usado, por exemplo, pelo Brasil do técnico Telê Santana de 82, graças a uma ótima geração de craques. Estava formado um belo time sem pontas, mas que não deixava de ser ofensivo. Os jogadores de frente criavam pelo círculo central e, juntamente com o lateral Júnior, revezavam-se nas posições de meio-de-campo. Apenas Serginho ficava isolado à frente. A equipe jogava bonito, era ofensiva e grande parte dos integrantes marcava gols. O meio-campista mais recuado era Cerezo e os meias que jogavam mais à frente eram Zico e Sócrates, que às vezes voltavam, permitindo a chegada de Falcão e Éder. Assim sendo, a intermediária contava com Cerezo mais atrás, Falcão pela direita, Éder pela esquerda e Zico e Sócrates mais avançados. Telê sofreu diversas críticas quanto ao esquema defensivo do time, que permitiria muitos espaços aos adversários.

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ESQUEMA COM LÍBERO

O objetivo é o de ter sempre um zagueiro mais recuado para dar o último combate na defesa. Este último defensor é o chamado “líbero”. O líbero não ocupa posição fixa e, quando o outro time ataca, se posta atrás da zaga. O líbero verdadeiro tanto ataca quanto defende (Beckenbauer, por exemplo), já o “zagueiro de sobra” raramente apóia. Na ilustração vemos uma das alternativas para um esquema com líbero verdadeiro. Com este jogador-chave, a defesa joga um pouco mais adiantada. Neste caso, para ilustrar, usamos um 3-4-1-2.

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ESQUEMA COM SOBRA

Neste caso, um dos zagueiros centrais joga mais recuado, pegando o último adversário que entrar área adentro. Ele é o “zagueiro de sobra” que, ao contrário do líbero, pouco vai à frente. Dependendo do lado onde o adversário ataque, um dos centrais fica na sobra. No caso da ilustração, o ataque vem pela esquerda da defesa, e o ala esquerdo cai para o miolo da zaga para dar o primeiro combate, sobrando o zagueiro de área esquerdo. Se a defesa jogar com zagueiro de sobra, este será um dos centrais (o central esquerdo, neste exemplo) e a posição do sobra será preenchida pelo volante, que recuará para perto da zaga.

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4 – 4 – 2

É, atualmente, um dos esquemas mais empregados no mundo inteiro, com todas suas possíveis variantes. Consta de 4 zagueiros (os laterais se transformam em “alas”, constantemente subindo para o ataque), 4 no meio de campo, com 2 mais recuados (os “volantes”) e 2 armadores na criação (os “meias”). Todos os 4 meio-campistas devem saber defender e apoiar, quando necessário. Na frente, 2 atacantes esperando pelos lançamentos e pela chegada dos meias e, quase sempre, dos alas. É um esquema que depende muito de contra-ataques rápidos. Há muitas variações do 4-4-2, como a do Real Madrid dos 90, com um 4-1-3-2 (4 zagueiros, 1 volante à frente dos mesmos, 3 armadores e 2 atacantes). Há, também, a variação 4-4-1-1 (ou 4-5-1), que predominou na Copa de 98. O Brasil foi tetracampeão na Copa dos Estados Unidos (1994) empregando um 4-4-2. A consolidação deste sistema praticamente extinguiu os pontas abertos. As jogadas de linha de fundo são feitas, geralmente, pelos laterais (ou alas).

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4 – 3 – 1 – 2

Neste caso, em comparação com o 4-4-2, um dos meias armadores (aqui, o meia esquerda) recua para perto dos 2 volantes, enquanto o outro meia (o “1” do sistema) joga mais avançado pelo centro, como um “meia de ligação” entre o meio de campo e o ataque. Para a Copa de 98, Zagallo adotou na seleção brasileira o esquema 4-3-1-2. Na fase de preparação para a competição, o treinador enfrentou grandes dificuldades para definir quem seria o número “1”, jogador-chave no esquema. Pelo menos cinco foram testados na posição (Leonardo, Rivaldo, Denílson, Juninho e Giovanni), sem convencer o técnico. Se até a Copa não encontrasse o jogador ideal, Zagallo estava decidido a repetir o 4-4-2 de 1994.

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3 – 4 – 1 –2

Este é um esquema alternativo do 4-3-1-2. Neste caso, joga-se com 3 zagueiros de área, 5 no meio de campo, ou seja, os 2 alas liberados para apoiar, mais 2 volantes-armadores e 1 jogador pelo centro na ligação meio de campo-ataque e, na frente, 2 atacantes. É um esquema mais ofensivo. Foi freqüentemente usado por Zagalo na seleção brasileira no final dos anos 90.

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3 – 5 – 2

É um esquema tático moderno. Jogam 3 zagueiros marcando, em geral, 2 atacantes adversários, sendo que o zagueiro central é um zagueiro de sobra ou um líbero, atuando um pouco mais recuado. Os laterais transformam-se em alas, apoiando pelas extremas. No meio de campo, 5 jogadores: os 2 alas, 1 volante à frente dos 3 zagueiros e 2 armadores. No ataque, 2 jogadores enfiados.

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5 –3 – 2

É um dos esquemas mais defensivos usados atualmente. Ainda não é adotado com muita freqüência, mas certas equipes utilizam-no em algumas situações de jogo. O 3-5-2, por exemplo, pode ser facilmente modificado para um 5-3-2, recuando-se apenas os 2 alas.No 5-3-2 joga-se quase sempre com 1 líbero, seguido por uma linha de 2 zagueiros centrais, 2 laterais, 1 volante à frente da zaga, 2 meias, 1 atacante um pouco recuado e 1 fixo na frente. Defensivamente, o esquema possibilita uma boa retranca, mas os atacantes tendem a ficar isolados e fáceis de serem marcados. Normalmente, os times que utilizam esse esquema tático fazem uso de lançamentos em profundidade ou, por vezes, até mesmo simples chutões da defesa para frente, a chamada “ligação direta” com a linha de frente.

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ESQUEMA DO AJAX (anos 90)

Este é um esquema novo e muito interessante, à moda holandesa. Utiliza 3 zagueiros, sendo o central um líbero, 1 volante (o centro-médio), 2 alas no meio de campo, 1 jogador na ligação do meio-campo com o ataque e 3 atacantes, sendo 1 centro-avante e 2 pontas, relançando, assim, a figura dos pontas verdadeiros. Este sistema de jogo não se enquadra em nenhum dos anteriores. O futebol mundial que parecia ter decretado o fim dos pontas, já que era muito difícil achar jogadores tão versáteis para essa função, relançou-os no Ajax. Com essa filosofia de jogo, o time holandês ganhou muitos títulos nos anos 90, surpreendendo o mundo. O bom ponteiro é capaz de defender, bloqueando o avanço do lateral adversário, e de atacar com precisão, constituindo-se num dos grandes trunfos do time.

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ESQUEMA NORUEGUÊS (4-5-1)

Sistema introduzido na seleção norueguesa pelo técnico Egil Olsen. Trata-se de um esquema moderno de jogo, baseado num 4–5–1. Consta de 4 zagueiros, 5 meio-campistas jogando em linha e 1 avante lançado. A vantagem do esquema é que pode rapidamente transformar-se num 4-4-2 ou mesmo num 4-6-0, quando o atacante, se necessário, recua para fechar o meio de campo.

O ESQUEMA DO FUTURO

Pode-se apenas especular quanto ao que nos espera no próximo século em termos de esquemas táticos. Segundo vários técnicos de futebol, deverá ter algo em torno de um 4-6-0, com 4 zagueiros e 6 no meio-campo, estes últimos defendendo e atacando coesos e em bloco. Os ataques terão que ser muito rápidos, devido à distância que separará os jogadores da área adversária. Em compensação, serão ações ofensivas em que muitos integrantes estarão presentes, o que certamente dificultará as defesas contrárias. Seria este, enfim, o tão sonhado futebol-total do futuro?

CONCLUSÕES

De tudo o que vimos, podemos tirar algumas conclusões: – Seja qual for o esquema tático, todos eles funcionam como um ponto de referência para o time. É claro que, com o decorrer do jogo, qualquer equipe modifica sua disposição em campo de acordo com o adversário, com as nuances da partida ou com a necessidade circunstancial de se jogar mais ofensiva ou defensivamente. – A tática apresentada como exemplo para o esquema com líbero é apenas ilustrativa. O líbero poderá ser utilizado em uma série de sistemas de jogo diferentes. – O mesmo pode ser dito quanto ao exemplo dado no caso do uso do esquema sem pontas e do esquema com zagueiro de sobra. Aliás, ao contrário do líbero, o sobra poderá ser qualquer um dos zagueiros de área, de acordo com o lado por onde o time esteja sendo atacado. – O futebol moderno parece ter definitivamente extinguido com o jogador rigidamente especialista em sua posição. Todos devem possuir a capacidade de ser, o quanto possível, polivalentes, deslocando-se por diversos setores do campo. Isso fica bem claro com o fim dos pontas: toda jogada de linha de fundo é efetuada por alguém que caia pelas laterais. Acabaram-se os pontas, não as jogadas pelas extremas. – Uma tendência irreversível parece ser o povoamento cada vez maior da intermediária. Aí teremos, em breve, de 5 a 6 jogadores prontos a defender ou a atacar em bloco e com grande velocidade. É o fim de uma era em que os defensores não atacam e os atacantes não defendem. Assim sendo, o preparo físico será um fator determinante para o sucesso de uma equipe, pois a mobilidade em campo será fundamental. – Que significativa evolução tática observamos desde o aparecimento da Pirâmide até os últimos sistemas aqui apresentados. Com isso, o futebol só tem a ganhar tal a riqueza de jogadas, a complexidade de esquemas e a ocupação dos espaços. Conseqüência imediata: certo nivelamento observado nas equipes de hoje.

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– E, finalmente, em qualquer esquema, tática ou formação, o craque sempre será um fator de desequilíbrio importante em uma partida. Ele, felizmente, nunca morrerá.