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São José Marello Um coração para os jovens

Cartas de um bispo a mães e pais, catequistas e professores

“Educar é iluminar a mente e aquecer o coração no amor de Deus”

Alberto, Guido Miglietta

coeditores

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São José Marello

Um coração para os jovens

Cartas de um bispo a mães e pais, catequistas e professores

“Educar é iluminar a mente e aquecer o coração no amor de Deus”

“Educar é iluminar a mente e aquecer o coração no amor de Deus”

“PERFIL ESPIRITUAL DE SÃO JOSÉ MARELLO”

SÃO JOSÉ MARELLO, APÓSTOLO DA JUVENTUDE

José Marello nasceu em Turim (Itália) em 1844. Inteligente, alegre, idealista, tornou-se

padre em Asti, dedicando seu ministério em favor dos pobres e dos jovens. Escolheu

São José como modelo de vida e apostolado. Em 1878 fundou a Congregação dos

Oblatos de São José, família religiosa cujos membros dedicam-se à educação da

juventude nas paróquias, nas escolas e nas missões. José Marello morreu em 1895,

quando era Bispo da Diocese de Acqüi (Itália). Em 25 de novembro de 2001, foi

proclamado santo pelo Papa João Paulo II.

Traços de sua Espiritualidade

Dentro de todo um contexto, podemos situar o Marello que teve antes de tudo:

1. Uma profunda vida interior, de oração vivida na intimidade com Deus; 2. Viveu verdadeiramente o sentido de Igreja, sentiu-se dentro da Igreja, caminhou com ela, nela foi um

autêntico sacerdote e bispo. 3. Teve um equilíbrio das virtudes, sendo homem corajoso e paciente, exigente e prudente, entusiasta e pacato,

rico de zelo e fervor, mas ao mesmo tempo cheio de humildade e escondimento. 4. Viveu um empenho social dentro da sociedade, empenho extremamente concreto para com os pobres, para

com os jovens, com a assistência aos doentes.

ORAÇÃO

Ó Deus nosso Pai, que destes a São José Marello a inspiração de imitar São José para melhor conformar a sua vida

com a de Jesus Cristo, fazei que, seguindo seus exemplo de mansidão, humildade e incansável espírito apostólico,

vivamos com alegria e constância os nossos compromissos cristãos. Por sua intercessão, concedei-nos a graça

(faça seu pedido) que, para vossa glória, imploramos confiantes. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém!

CONGREGAÇÃO DOS OBLATOS DE SÃO JOSÉ

Rua João Bettega, 796 - Bairro do Portão - 81070-000 Curitiba (PR) - BRASIL; Cx.Postal 8.882 - CEP 80611-970 Curitiba (PR) - BRASIL

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Prefácio

Apresentamos dois documentos centrais para definir os

fundamentos da educação segundo o pensamento de São José Marello, duas cartas pastorais: a primeira, sobre a instrução escolar e a educação dos jovens na família, a segunda, sobre o catecismo. Escritos pelo santo bispo ao povo de Àcqüi, respectivamente para a quaresma dos anos 1892 e 1894, ambos os documentos ainda hoje encontram aplicação nas obras educativas dos Oblatos de São José. São aqui oferecidos em seu contexto histórico-cultural, numa linguagem atualizada, a fim de que o leitor possa colher melhor sua riqueza e profundidade de pensamento para um caminho seguro de formação humana e cristã. O interesse de São José Marello pelo tema da educação começou com a experiência da sua vida, com a reflexão sobre os acontecimentos

históricos e sociais da Itália na segunda metade de 1800, com o seu papel de fundador e bispo, assim como com a sua santidade. Ele tinha vivido os anos de grande transformação do Risorgimento italiano com as guerras de independência em 1848-49 e 1859, e os eventos que precederam a proclamação do Reino d’Itália em Turim, 1861, com Vittorio Emanuele II de Savóia como primeiro rei, com Camilo Benso, o conde de Cavour, como primeiro chefe de governo, com Giuseppe Garibaldi, guerreiro revolucionário, com políticos e teóricos favoráveis ou opositores como Giuseppe Mazzini, republicano e outros. Em seguida, a expansão do Reino com a terceira guerra de independência. contra a Áustria em 1866, a tomada de Roma em 1870 para fazer ali a

capital do novo reino, o que significava o fim do Estado Pontifício governado pelo Papa e a interrupção do Concílio Vaticano I, no qual o mesmo José Marello, então padre e secretário do bispo de Asti, tomava parte. São José Marello esteve sempre atento aos acontecimentos históricos e sociais do seu tempo. Durante a juventude, principalmente durante aquele ano e meio que passou fora do seminário diocesano e Asti – de junho 1862 a janeiro 1864 – em Turim, entusiasmara-se pelo “apostolado humanitário”; mas, decepcionado pela inconsistência daqueles ideais, belos mas infrutíferos, por uma graça de Deus, toda particular, retornou ao seminário onde ocorreu aquela que alguns

chamam a sua primeira conversão ao apostolado cristão. Ele estava ciente de realizar assim um ideal integral de amadurecimento pessoal e social. Começou a perceber na caridade cristã praticada nas obras sociais dos santos, o cumprimento da verdadeira filantropia de Deus, a realização do verdadeiro humanismo na prática do amor a Deus e ao próximo.

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Peru, Trujillo, Parróquia

Santa Lucia

Daqui a sua concepção da educação como um caminho para a completa atualização da potencialidade humana e por isso a meta de perfil do

cristão virtuoso que é ao mesmo tempo ótimo cidadão. Suas convicções profundas levaram-no a conceber uma pedagogia fruto de uma antropologia cristã. Por isso, em busca de um alicerce seguro para um projeto educativo que levasse ao desenvolvimento integral de todo jovem – nos seus aspectos de “ser histórico” e “aberto à transcendência” – um projeto de humanismo cristão, ele inspirou-se em São Francisco de Sales, assim como nas atuações pastorais e educativas de santos e iluminados protagonistas daquele tempo. São Francisco de Sales tinha lutado contra o humanismo pagão do Renascimento sem perder de vista os valores da humanidade clássica por ele reconhecidos. São José Marello afastou-se do humanismo liberal burguês do século XIX – que se revestia de

agnosticismo, reducionismo, materialismo, positivismo, pessimismo, nihilismo – mas sem perder as conquistas positivas da nova ordem social nascente.

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Perú, Huaraz, Centro de Educação Ocupacional de Monterrey

Ele queria uma educação que formasse o homem não só para as realidades temporais – a cultura, a profissão, a família, a sociedade – mas, sobretudo, para os valores sobrenaturais e para a salvação eterna. Propunha o método preventivo aplicado por São João Bosco e outros, colaudado pela tradição cristã.

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Islas Filipinas, San Pablo City,

Scuola San Giuseppe Marello”

“O Marello deu como fins à educação e à instrução da juventude, formar cristãos virtuosos que sejam ótimos cidadãos. O ideal é Cristo ... porque falar de virtude é falar de Cristo, da humanidade e da vida de Cristo que é perfeição da humanidade. A educação humana e cristã contida nos dois documentos é: promoção integral, educação libertadora, por isso humanismo unitário e integral, é verdadeiramente humanismo devoto e otimista” (Nicola Cuccovillo). Ele cobrou grande energia espiritual e educativa do protótipo de vida

que é São José, o qual “foi o primeiro neste mundo a cuidar dos interesses de Jesus: ele que no-lo guardou criança, protegeu-o menino e fez-lhe as vezes de pai nos primeiros trinta anos de sua vida terrena” (L 83.) A presença educativa está, portanto profundamente arraigada na nossa identidade espiritual de Oblatos de São José e família Josefino- marelliana, porque se nutre do carisma dom do Espírito Santo a nós todos doado. Transmito com profunda alegria estas duas cartas pastorais de São José Marello, a fim de manter sempre vivo e atuante o dom por nós recebido.

30 de maio de 2011, festa de São José Marello

Pe. Michele Piscopo, osj Padre Geral

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Índia, Kerela, Kodungallur

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CARTA PASTORAL SOBRE A INSTRUÇÃO ESCOLAR

E A EDUCAÇÃO DOS JOVENS NA FAMÍLIA, Àcqüi 1892

A FAMÍLIA CRISTÃ É O LUGAR DA PRIMEIRA FORMAÇÃO

1. A instrução e a educação cristã na família é tarefa dos pais e

dirige-se ao intelecto e ao coração dos filhos

Venerandos Irmãos e Filhos

em Cristo muito amados.

Talvez nunca como em nossos dias falou-se e escreveu-se tanto sobre os

cuidados devidos à juventude.

Para ela dirigem-se os pensamentos de muitos, bem como a mais assídua e viva

preocupação como a objeto de grandes e sérios temores e de não menores

esperanças. E isso explica o grande zelo

que vemos em toda parte pela fundação de novas escolas, a fim de que meninos

e meninas possam receber a instrução que lhes dê, no tempo devido, o justo

desenvolvimento intelectual. Se junto com a instrução se pense e se

proporcione sempre a educação que se deve dar ao coração, não é aqui o lugar

para discutir isso. O que ninguém poderá negar é que cultivar só a inteligência não

basta e amiúde é prejudicial, se ao mesmo tempo não se educa cristãmente

o coração; e que, mesmo se as escolas vão-se multiplicando, os pais e mães

cristãos não se podem dispensar de, por

um lado, pensar a quais professores estão confiando os seus filhos e, por

outro, fazer eles mesmos primeiramente tudo o que podem e devem para instruir

e educar seus filhos.

“Talvez nunca como em nossos dias…”. A instrução da população

ocupava o centro dos interesses do Estado Italiano, constituído em 1861

com uma média de 78% de

analfabetos. Em 1892 o analfabetismo caiu a 60% (54% dos

homens e 63% das mulheres). O

Estado tinha assumido as escolas, mas difundia programas contrários à

religião, enquanto por parte da

Igreja havia o esforço de dar uma formação integral à juventude, e a

educação era a prioridade de muitas

congregações religiosas que nasceram naquele período: os

Salesianos de São João Bosco, as

Filhas de Maria Auxiliadora de Santa Maria Domênica Mazzarello, os

Josefinos de Turim de São Leonardo

Murialdo, os Oblatos de São José em Asti, e outros. O bispo Marello alude

também ao problema da precária

preparação dos professores primários e dos programas laicistas.

A Igreja, tendo perdido a

exclusividade do espaço escolar, advertia os pais a não descuidarem

da educação cristã dos filhos, agora

substituída pela instrução escolar, mas que vigiassem sobre os

conteúdos da educação pública dada

nas escolas.

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2. Protagonistas são vocês, pais, e as pessoas que colaboram com vocês na

missão de educar.

Por isso, minhas palavras se dirigem especialmente a vocês, pais

cristãos, chamados por Deus à grande e formidável tarefa de criar

uma família. Mas não somente a vocês; antes, eu gostaria que

fossem bem recebidas também por aquelas tantas pessoas que de

algum modo participam da missão de vocês, como também por todos

os que possam ajudá-los no feliz cumprimento de uma obra que

redunda em vantagem de todos no

tempo e na eternidade.

3. Em muitas famílias cristãs se exercita o ministério da

educação. É dever dos pais cristãos cuidar do corpo e da

alma dos próprios filhos.

Primeiramente agradeçamos a Nosso Senhor porque nesta nossa

Diocese ainda são numerosas as famílias nas quais o ministério da

educação cristã dos filhos é

dignamente exercido. Estaríamos mesmo perdidos se a nossa

juventude não tivesse encontrado nos cuidados carinhosos, nos

ensinamentos e nas correções úteis e salutares, e ainda mais nos

ótimos exemplos dos pais, a prevenção e o remédio contra as seduções do vício e contra o veneno dos falsos princípios que hoje, principalmente através da imprensa,

vão-se multiplicando. Faço votos que também os casais jovens, chamados pelo Senhor a fundar uma nova

família, aprendam dos mais velhos a valer-se das graças recebidas na bênção nupcial, e assim cumpram fielmente os deveres do seu estado. Ó esposos cristãos, lembrem-

se sempre que seus filhos são um depósito sagrado que Deus lhes confiou, e do qual Ele mesmo haverá de pedir-lhes um dia contas rigorosíssimas.

É direito dos filhos serem circundados desde o nascimento dos cuidados mais

primorosos, e vocês pais têm o dever de prover a eles tudo quanto é necessário à conservação e ao desenvolvimento das forças deles: e não só das forças corporais,

mas também e principalmente das espirituais, pois ao corpo está unida uma alma que

“Talvez nunca como em nossos dias…”. A

instrução da população ocupava o centro dos interesses do Estado Italiano,

constituído em 1861 com uma média de

78% de analfabetos. Em 1892 o analfabetismo caiu a 60% (54% dos

homens e 63% das mulheres). O Estado tinha assumido as escolas, mas difundia

programas contrários à religião, enquanto

por parte da Igreja havia o esforço de dar uma formação integral à juventude, e a

educação era a prioridade de muitas

congregações religiosas que nasceram naquele período: os Salesianos de São

João Bosco, as Filhas de Maria Auxiliadora

de Santa Maria Domênica Mazzarello, os Josefinos de Turim de São Leonardo

Murialdo, os Oblatos de São José em Asti,

e outros. O bispo Marello alude também ao problema da precária preparação dos

professores primários e dos programas

laicistas. A Igreja, tendo perdido a exclusividade do espaço escolar, advertia

os pais a não descuidarem da educação

cristã dos filhos, agora substituída pela instrução escolar, mas que vigiassem

sobre os conteúdos da educação pública

dada nas escolas.

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Perú, Pomabamba, igreja de Ranquish

vive de uma vida própria e imortal e que se desenvolve e cresce, por assim dizer, com o alimento da verdade e da virtude, e tem um fim altíssimo que supera de longe

todos os prazeres e felicidades passageiros desta terra. Criar o corpo, não permitindo que lhe falte comida e quanto pode servir para

mantê-lo são e robusto, é coisa que fazem também os animais, até mesmo os mais ferozes; mas educar uma alma, isto é: iluminá-la com as luzes da verdade, aquecê-la

no fogo sagrado do amor divino, guiá-la pelos caminhos do bem até à sua eterna salvação, este é um ofício nobre e santo de homens e de cristãos, ministério grande

que eleva os educadores a representantes do Pai Celeste e à dignidade de seus colaboradores.

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4. A primeira instrução deve acontecer na família

Portanto, vocês devem dar a seus filhos aquela instrução que os introduza no

reto caminho e os torne cristãos virtuosos e ótimos cidadãos. E aqui não me refiro à instrução humana,

que as leis civis os obrigam a prover enviando os filhos às escolas públicas; nem tampouco

aludo àquela instrução religiosa mais aprofundada, dada pelos ministros de Deus

através da catequese e da pregação e à qual os obriga a lei de Deus.

Quero acenar àquela instrução que é como que

o fundamento de todas as outras e que por lei natural e divina vocês pais e mães devem dar

aos seus filhos desde a mais tenra idade.

5. O exemplo de Tobit

Na Sagrada Escritura Tobias é muito

louvado porque instruiu seu filho desde pequenino a temer a Deus e a evitar o pecado

[Tb 1,10 Vulgata]. O mesmo devem fazer os pais cristãos, isto é: ancorados naquele áureo

livro que é o Catecismo da Igreja Católica, devem desde cedo instruir os filhos nas

primeiras verdades e nos principais mistérios da

nossa Fé, ensinar-lhes a amar a Deus sobre todas as coisas, e estimulá-los a observar a sua santa lei, não só pelo medo de serem castigados, mas pelo amor que Deus

merece de nossa parte e pela gratidão que lhe devemos.

6. A primeira responsabilidade de vocês pais, na educação, não pode ser

delegada nem à escola, nem à Igreja

Ninguém venha dizer que essas verdades os meninos hão de aprender mais tarde, na escola, por exemplo, ou na Igreja. Vamos admitir – e assim Deus, o

permitisse – que em todas as escolas os filhos de vocês fossem bem ensinados nas verdades cristãs e na prática das virtudes; e vamos admitir também que graças ao

cuidado de mandá-los, ou melhor, de acompanhá-los ao catecismo e de assegurar-se que participem, recebessem dos sacerdotes aquele ensinamento que só eles podem

transmitir com perfeição e autoridade, mesmo assim vocês não deveriam esquecer-

se jamais, ó pais cristãos, que em primeiro lugar Deus confiou a vocês o cuidado de seus filhos, exatamente porque são os seus.

Nem todos os pregadores, nem todos os professores do mundo nunca poderão ser tão úteis aos seus filhos quanto vocês mesmos, pais e mães, se começarem a

instruí-los, quando ainda não puderem ir à igreja e à escola, e prosseguirem a

“As seduções do vício e o veneno dos falsos princípios”

eram veiculados pelo principal

meio de comunicação da época: a imprensa, mas hoje também

pelo cinema, televisão, internet,

celulares, etc. Daí a necessária

vigilância dos pais sobre os

filhos, “depósito sagrado que

Deus lhes confiou”. Na graça que os esposos cristãos

recebem do sacramento do

matrimônio há também o auxílio de Deus para bem educar os

filhos, que a Deus pertencem e

que Ele confia aos pais, os quais cuidam do corpo e da alma dos

próprios filhos.

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mesma instrução a cada dia com

empenho e interesse. Porque vocês têm sobre os filhos uma influência muito

maior e mais profunda do que qualquer outra pessoa, e por isso as palavras de

vocês penetram mais intimamente na consciência deles e ali ficam mais

eficazmente impressas.

7. Os filhos devem ser educados

através de bom exemplo e não de muitas palavras

Mas, além da instrução, vocês têm a

obrigação de edificar os filhos com as boas obras e o bom exemplo. Longa é a

via dos preceitos, breve e eficaz a dos exemplos. Esse antigo provérbio

continua sempre verdadeiro e digno de ser lembrado a todos; e se é verdadeiro

em outros casos, muito mais o é aplicado aos pequenos inocentes, por necessidade e por instinto inclinados à imitação. Os filhos vivem ao seu redor e observam sobretudo

vocês, pais e mães. Os exemplos mais genuínos devem, portanto, partir de vocês. Todos os seus passos e as suas ações, mesmo as menores, aos olhos de seus filhos

são revestidas de uma qualidade e de uma autoridade dignas de estima e quase sagrada. Por isso, suas vidas sejam para eles como um livro sempre aberto, no qual

possam aprender os primeiros deveres mesmo sem ajuda de um empenho ulterior e mais prolongado.

Devem saber os filhos que vocês não lhes ensinam uma coisa da qual não

estejam por primeiro bem convencidos, e que vocês não impõem a eles

nenhuma obrigação nem os submetem a nenhum sacrifício que para vocês não se

tenha tornado fácil e agradável. Não se iludam de poder infundir na consciência

deles por meio de palavras algum ensinamento que não venha confirmado

pelo exemplo; senão eles vão dizer no segredo de seus corações e talvez um

dia abertamente: Papai, mamãe, como pretendem

ensinar-nos a amar a Deus, a invocá-lo com a oração, a observar a sua santa lei, a conformar- nos à sua divina vontade, se depois vocês de tantas formas e tão

gravemente ofendem a Deus? Vocês esperam de nós respeito, obediência, calma,

autocontrole, e no entanto dão-nos exemplos de maledicência, orgulho, ira, intemperança, rancor contra o próximo...

Com certeza fazem mal os filhos quando seguem o mau exemplo dos pais,

porque o pecado de uns não desculpa os outros. Mas, de quem é a culpa mais grave,

O papel que São José Marello aponta como dos pais é formar os filhos

para serem “cristãos virtuosos e

ótimos cidadãos”, espelhando o objetivo do método educativo de São

João Bosco, de criar “bons cristãos e

honestos cidadãos”. Note-se a atualidade da meta: ter

cristãos virtuosos e ótimos cidadãos

como sujeito de direitos e de deveres na sociedade de hoje. O Papa Leão

XIII na encíclica Humanum genus, 20

de abril de 1884, havia denunciado o erro daqueles que criam os filhos sem

nenhuma religião para deixar-lhes a

liberdade de escolher uma quando forem maiores.

A tarefa da educação dos filhos cabe naturalmente aos pais. O Estado e a

Igreja colaboram segundo o princípio de subsidiariedade, mas o papel dos pais não

pode ser substituído nem pela escola, nem pela paróquia. As impostações estatalistas dos séculos XIX e XX, que depois

floresceram no tempo das ditaduras, confiavam toda a tarefa da educação ao

Estado.

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não será daquele que dá escândalo? Disse o Senhor: “Quem escandalizar um desses

pequeninos que creem em mim, seria melhor que fosse lançado no fundo do mar” [cf. Mc 10,42; São José Marello mostra conhecer muito bem a capacidade de

aprendizagem das crianças, que assimilam por imitação e não por raciocínio. Os pais têm a grave responsabilidade de “formar pela palavra e pelo exemplo os filhos na

fé e na prática da vida cristã”, assim o Código de Direito Canônico, Cân. 774,§2. Mt 18,6; Lc 17,1]. É, portanto, necessário que seus filhos recebam continuamente de

vocês o bom exemplo; como é também importante que, graças à sua vigilância, não venham a ficar escandalizados com os maus exemplos dos outros.

Nigéria, Ibadan. Escola Santa Maria

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8. Precisamos tutelar os filhos vigiando sobre nós mesmos e sobre eles

Diz Santo Agostinho que, se é útil aos pequenos conhecer o bem, muito mais útil é

que eles não conheçam o mal. É uma frase de muito valor, que nunca deveria ser esquecida pelos pais e por quantos estão no lugar deles na difícil tarefa de educar.

Quem medita na frase de Santo Agostinho, sente a gravidade e a obrigação de estar sempre vigilante a favor dos inocentes, e, antes de aprender com uma experiência

fatal e com dano irreparável, fica convencido de que a um menino pode

apresentar-se a ideia do vício olhando um objeto ou ouvindo uma palavra que

lhe desperte a imaginação, e que aquele objeto ou aquela palavra poderiam ser o

ponto de partida para o surgimento de um desequilíbrio nocivo tanto à alma

quanto ao corpo. Portanto, ó pais,

estejam sempre vigilantes sobre vocês mesmos e sobre seus filhos. Não

limitem sua atenção ao âmbito da casa onde moram, sigam seus filhos em todos

os seus passos, também fora de casa, porque acontece amiúde que um

menino, rodeado de mil cuidados dentro da família, por falta de vigilância fora de

casa acabe vítima das seduções de um companheiro mau e perca

miseravelmente a sua inocência.

9. Precisa saber corrigir…

É verdade que, apesar de toda a vigilância, vocês nem sempre conseguirão, ó pais, afastar seus filhos de todos os perigos; e mesmo se conseguissem, resta sempre

aquela íntima inclinação ao mal, efeito do pecado original, comum a todos os filhos de Adão, e só isso já basta para expor seus filhos ao perigo de algum erro, ou a levá-los

a cederem a tendências negativas e a incliná-los a assumir atitudes más. Para vocês, pais, começa então um outro dever a ser cumprido com todo cuidado: a correção

oportuna.

10. … sem falsa ternura …

Afastem de vocês, pais e mães e também os educadores da juventude, afastem

aquela falsa ternura que lhes impede de dirigir oportunamente aos meninos e meninas uma palavra de reprovação ou de fazê-los derramar algumas lágrimas, e

torna vocês tolerantes aos seus defeitos, a ponto de disfarçá-los ou de rir deles.

Porque então os filhos, abusando da leviana complacência de vocês e tomando-a por

Santo Agostinho (354-430), padre e doutor da Igreja, entende aqui

tutelar as crianças a fim de que

evitem a experiência daqueles exemplos e comportamentos que,

através de hábitos negativos

adquiridos – os vícios – tiram a liberdade do ser humano.

São José Marello recomenda a

vigilância para que aos pequenos seja evitada não só a experiência de

grandes males, mas também a de

situações desordenadas de menor importância. A vigilância na tradição

cristã está na base do método preventivo, aplicado com sucesso

por educadores católicos,

especialmente São João Bosco.

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uma tácita aprovação de sua conduta,

não só não se corrigem, mas caem dia a dia em defeitos maiores. E Deus

não permita que, tornando-se incorrigíveis, sejam para vocês causa

de aflição e de pranto, assim como serão causa de remorso pela omissão

de adverti-los seriamente e de corrigi-los no tempo oportuno.

11. … nem rigor excessivo.

Com isso não queremos dizer que aos

meninos e meninas se deva mostrar

sempre um rosto sisudo e nada perdoar à distração própria da idade

deles. Certamente merecem censura aqueles pais que tratam seus filhos

com rigor excessivo, e nunca sabem repreendê-los de seus defeitos senão

com palavras ásperas e cheias de ameaças e de ira e até – Deus os

livre – com maldições acompanhadas de castigos brutais. Esses pais, em

vez de corrigir, põem a perder seus filhos e os condenam ao

embrutecimento.

12. Não à indulgência cega

Mas, se exceder faz mal, não é erro menor declarar eliminada da

educação toda firmeza e severidade de correção e de castigo e

abandonar- se a uma indulgência cega que nunca

encontra nada que mereça nem castigo nem reprovação e que até mesmo admira os defeitos dos filhos tomando-os por sinais de dons especiais e de espirituosidade:

isso é odiar os filhos sob a aparência de amá-los e, por medo de contrariá-los, deixá-los crescer no vício e na corrupção.

Devemos, portanto, concluir que na hora e no lugar certos é importante usar a severidade, porém, sempre dentro dos limites da prudência e da justa medida

ao reprovar e ao castigar, a fim de que o espírito de quem está em culpa não

desanime, nem se deprima e não se obstine no mal.

A tendência de certos pais de dar aos filhos tudo aquilo que eles querem é

profundamente errada e criticada pela

psicologia contemporânea. Provinha dos ideais pedagógicos do século XIX, eivados

do Iluminismo de Jean- Jacques

Rousseau (1712-1778) a crença na bondade natural do homem, que a

sociedade viria a corromper.

Diversamente, a doutrina do pecado original ensina que a natureza humana é

inclinada ao mal e precisa de auxílios,

também de Deus, para remediar seus efeitos.

Na primeira metade do século XX irão

prevalecer as teorias sociobiologistas e mecanicistas, que reduziam o ser

humano a matéria que se deve

programar com meios de propaganda de massa e de coerção. Contra o

sociobiologismo coercitivo reagiu o

liberalismo radical da revolução cultural de 1968 adotando o permissivismo

acrítico e os lemas radicais do tipo: “É

proibido proibir”. A posição de São José Marello,

extremamente equilibrada, ao mesmo

tempo anti-rigorista e anti-laicista, está fundada sobre a pessoa do menor e sobre

a responsável relação educativa de ajuda, a qual exige a auto-consciência do

menor.

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13. Para realizar ações corretivas justas, úteis e oportunas, precisa conhecer

o temperamento dos próprios filhos. Sejam eles levados a entender que até os castigos são efeito apenas de justiça e de amor

E para que a correção seja justa, oportuna e útil, os pais devem pôr toda

atenção e empenho em conhecer bem a índole dos próprios filhos e descobrir

suas inclinações, de modo a poder convenientemente reprimir e, se

possível, sufocar desde cedo as más inclinações e dar, em vez, amplo

desenvolvimento e consistência às boas.

Os caracteres são diferentes, segundo

os temperamentos naturais de uns e de outros, e logo podemos descobrir suas tendências, por isso não convém usar o

mesmo método e a mesma medida com todos. De fato, encontramos temperamentos naturais ardentes que precisam ser moderados, e temperamentos tímidos que

precisam de encorajamento; não faltam temperamentos indolentes que necessitam de estímulos, e os indóceis que é necessário dobrar com a força, usando validamente

a disciplina. Além disso, deve-se distinguir entre culpa e culpa, entre falta e falta, e não usar para todas o mesmo rigor que, além de ser injusto, perderia ainda toda

eficácia com a excessiva frequência. Assim, se se trata de defeitos, com certeza não se deve aplicar o castigo que mereceria uma

violação deliberada e maliciosa de um dever grave ou uma falta contra a

Religião e os bons costumes. Em suma, deve-se corrigir de tal maneira que o menino

ou a menina, quando estiverem calmos,

possam entender na medida de suas possibilidades, que o castigo foi

aplicado somente para o bem deles e que foi razoável, não excessivo mas proporcional à

culpa, e não foi consequência de uma de- cisão arbitrária ou da raiva, mas sim efeito de justiça e de amor somente.

Filipinas, Ibaan, St. James Academy Itália, Milão

Paróquia Madonna dei Poveri

Aos educadores São José Marello indica a prudência e o discernimento como pré-requisitos na hora de corrigir. A tradição

cristã desde São Bento de Núrsia (480-547) recomenda que o educador

procure fazer-se amar antes de precisar fazer-se temer. São João Bosco (1815- 1888) afirmava: “Não basta aos jovens

serem amados, mas devem tornar-se conscientes de que o são” (Scritti pedagogici

e spirituali, Roma, 1987).

Os pais deverão conformar a própria ação corretiva ao temperamento dos

próprios filhos, tendo sempre em vista o efeito que querem alcançar, isto é: o

verdadeiro bem do educando e não simplesmente a mudança de comportamento. São José Marello diz

que é preciso fazer com que o filho, a filha, compreendam que o castigo foi

efeito de justiça e de amor.

17

14. Deem-lhes também elogios e prêmios de modo a encorajá-los não à autocomplacência, mas à virtude.

Tudo o que aqui se disse das

chamadas de atenção e dos castigos, deve-se dizer também a propósito dos elogios e dos prêmios: de fato, também eles, se não forem dados com prudência e justamente

proporcionados ao mérito, em vez de servirem de encorajamento à virtude, amiúde tornar-se-ão um veneno sutil a insinuar-se no

coração e a corromper os melhores sentimentos.

A recompensa deve ser dada com atenção, de modo a não suscitar no coração de quem a

recebe uma vã complacência e a perigosa exaltação do amor próprio e sim uma doce

satisfação e a santa alegria por ter

conseguido cumprir fielmente o próprio dever e por ter correspondido à vontade dos pais, reconhecida como a vontade mesma de Deus.

15. “E se o meu filho torna-se cada dia pior?” Respondemos assim …

Talvez alguns poderiam dizer: “não acontece nunca que os meus filhos mereçam elogios ou

prêmios; eu devo sempre, quase a todo momento, chamar-lhes a atenção; já

empreguei todos os métodos, já tentei de tudo, experimentei com advertências suaves

e com castigos severos, mas foi tudo em vão; eles ficam piores a cada dia...”.

Respondemos: infelizmente é verdade que, às

vezes, encontramos caracteres tão intratáveis, que nem a razão, nem a força,

nem a bondade da indulgência, nem os castigos severos conseguem submetê-los à disciplina. Ó pais a quem toca um filho

assim, compadeço-me de vocês, saibam, porém, que o mal não é sem remédio. Após ter experimentado todos os meios que vocês tinham ao alcance, reavivem a fé em

Deus que tem nas mãos os corações de todos os homens, e continuando a amar esses filhos, mesmo se ingratos e rebeldes, não se cansem de pedir a Deus que na

sua potência e misericórdia faça aquilo que vocês não podem fazer. Ele os escutará e concederá também a vocês aquilo que já concedeu a outros pais que choravam a

conduta transviada de seus filhos: a consolação de vê-los finalmente recuperados.

Dividiam-se naquele tempo as opiniões dos educadores sobre a

oportunidade dos prêmios e elogios na educação. São José Marello não

hesita em recomendá-los, salvas restando algumas condições.

Nos casos mais difíceis, São José Marello recomenda aos pais que

continuem a amar os filhos, mesmo os que são rebeldes, e não perder a fé em Deus, mas rezar porque Ele tem

nas mãos os corações de todos e não cessa de vir ao encontro de cada

pessoa para reconduzi- la ao seu

amor.

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16. Rezem pelos filhos, com os filhos e por vocês mesmos, a fim de serem bons educadores

Esse meio da oração deve ser praticado

não só nos momentos difíceis e quando tudo o mais já foi tentado; mas sempre e

em todos os casos, também quando lhes parecer leve o peso da educação de seus filhos. E o motivo é que as nossas obras e os nossos esforços sozinhos não têm

eficácia, se Deus não os acompanha e corrobora com a sua graça. Portanto, sejam ativos a respeito de seus filhos: rezem por eles com fervor e fé, façam-nos

rezar e acostumar-se à oração. E não considerem, queridos pais, desperdiçado o tempo empregado em acompanhar seus filhos ou em ajudá-los na recitação cotidiana

de suas orações. Rezem também por vocês mesmos, para que Deus os ajude no cumprimento do

dever de bem educar os filhos. Trata-se para vocês de criar verdadeiros adoradores

para Deus; de encaminhar suas almas na via da salvação e de mantê-las; trata-se da honra, ou melhor do bem de vocês, da Igreja e da mesma sociedade civil: sem o

auxílio da oração, quem poderia esperar um êxito feliz a tão grande empresa? E isso que estamos dizendo a vocês, pais cristãos,

dizemo-lo a todos: qualquer um que deseje cumprir zelosa e plenamente,

mas sobretudo com perseverança os próprios deveres, deverá ter confiança

em Deus e orar. A oração humilde e confiante nunca é rejeitada pela

bondade de Deus. Rezem, então, nestes tempos tristes e com tantas

emergências; rezem pelas suas necessidades temporais e eternas.

17. Convite à oração pelo Papa,

pelo Rei e pelo bispo

Rezem pelo Sumo Pontífice, pai amoroso da grande família cristã; peçam ao Senhor que o conserve ainda por muitos anos, para o nosso bem e o nosso afeto filial, e que

realize seus santos desejos tornando eficazes as suas iniciativas para que refloresça e cresça a fé católica, e em toda a terra triunfe a verdade e a justiça. Rezem pelo

nosso augusto Soberano, pela Família Real e pelos poderes do Estado; a caridade que os anima, Venerandos Irmãos e Filhos diletíssimos, leve-os a rezar também por mim

que de todo coração lhes concedo a bênção pastoral.

Ácqüi, 4 de fevereiro de 1892.

+ José Bispo

sacerdote Pedro Peloso, secretário

Cultivem nos filhos e em vocês mesmos o espírito de união com Deus. Almejem

a uma relação confiante e amorosa

com o Pai celeste.

A Igreja sempre ensinou a rezar

pelas autoridades públicas, a fim de que governem com justiça e promovam o

bem comum e a paz. Isso não se confunde

com a aprovação de toda ação ou decisão delas. Aliás, o cristão é obrigado

em consciência a não obedecer às suas leis quando são contrárias às exigências

da ordem moral, aos direitos fundamentais das pessoas ou aos ensinamentos do evangelho.

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CARTA PASTORAL SOBRE O CATECISMO, Àqüi 1894

PARA TRANSMITIR AOS JOVENS A VERDADE DO EVANGELHO

1. Um livro responde à nossa carência de verdade

Venerandos Irmãos e Filhos em Cristo muito amados, Deus nos colocou nesta terra como em um lugar de passagem e de provação, a fim de que pudéssemos merecer o

ingresso na nossa morada definitiva que é o céu. Mas para adquirirmos o direito à coroa de glória na pátria bem-aventurada, devemos aproximar-nos de Deus com a

mente e com o coração; devemos reconhecê-lo e glorificá-lo como nosso soberano Senhor; devemos amá-lo acima de todas as coisas como nosso sumo e eterno Bem.

Para isso, precisamos de um conjunto de verdades teóricas que dirijam nossa mente,

e de verdades práticas que governem o nosso coração e suas tendências através de regras; precisamos não só das verdades naturais, diante das quais amiúde nos

sentimos muito confusos por causa da obscuridade que o pecado original produziu em nós, mas precisamos também das verdades

sobrenaturais (já que o nosso destino é sobrenatural), as quais não podem ser conhecidas pelo homem senão por meio da

revelação divina. Deus misericordioso dignou-se vir em nosso auxílio e revelar-nos

tudo o que devemos crer e fazer para chegar à salvação; e essa sua revelação nós a

encontramos resumida no Catecismo.

2. O catecismo ensina a respeito de

Deus, dos anjos, do homem e do mundo as verdades que são úteis à salvação eterna

Realmente, o catecismo é o livro no qual todos, grandes e pequenos, podem encontrar aquela doutrina celeste que deve guiar os homens à salvação eterna. Esse

livro, pequeno e de aparência modesta, abarca o conhecimento em torno a Deus, os anjos, o homem e o mundo; o conhecimento do primeiro princípio e do fim último, da

criação, da queda, da redenção, da graça e dos sacramentos, do tempo e da eternidade. Nesse livro encontramos o Símbolo dos Apóstolos, ou seja, a regra

infalivelmente segura da nossa fé; e o Decálogo, ou seja, os Mandamentos divinos que são a norma ditada por Deus para regular as nossas ações. O catecismo nos fala

também de todos os tesouros de dons altíssimos e de graças que devem manter em nós viva a fé e operosa a caridade. Com fórmulas breves, claras e harmoniosamente

ordenadas, o catecismo nos explica as verdades necessárias e oportunas,

centralizadas num Deus Uno na essência e Trino nas pessoas, e nas obras de redenção, santificação e glorificação.

São José Marello trata do catecismo

em si, não de métodos. As primeiras linhas evocam o “Princípio e Fundamento” dos Exercícios Espirituais

de Santo Inácio de Loyola (1491-1556), presente também em vários

catecismos da época: “o homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus nosso Senhor e assim salvar a sua

alma”

20

Uma família brasileira.

Explica-nos todos os deveres que devemos cumprir e que se reduzem substancialmente ao amor a Deus e ao próximo; e indica todos os meios para

conseguirmos as graças de Deus: a oração e os sacramentos, que recorrem sempre ao único mediador entre Deus e os homens, o homem-Deus Jesus Cristo [cf. Tm 2,5].

Na escola do catecismo todos, mesmo as crianças e as pessoas de menor inteligência, adquirem aquele conhecimento verdadeiro, incontestável, universal, que os sábios do

mundo procuraram por tantos séculos e ainda estão procurando, mas sempre inutilmente [cf. Mt 13,17; Lc 10,24], enganados por sistemas que variam com seus

autores e que no fim das contas não produziram senão dúvida e incredulidade.

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3. Só instrução não basta …

Foi escrito que para civilizar as populações, melhorar os costumes, fazê-las progredir

nas virtudes bastaria difundir a cultura intelectual; e, que cada escola que se abre é uma prisão que se fecha. Mas, já há muitos anos a instrução vem sendo sempre mais

largamente difundida, escolas são abertas por toda parte, multiplicam-se os professores, livros e jornais correm nas mãos de todos e, no entanto, quem poderia

dizer que os fatos correspondem às tão exaltadas esperanças? As estatísticas criminais provam o

contrário: a evidência dos números mostra que a corrupção cresce,

aumentam os delitos de todo tipo e – é doloroso dizer – cresce a cada dia o

número dos delinquentes juvenis.

4. … precisa educar também o

coração. O catecismo revela ao homem a sua fraqueza, a sua força e o ideal da vida

Ao aperfeiçoamento moral do homem não basta a cultura da mente sem educação do

coração: ou melhor dizendo, a instrução separada da religião não pode dar verdadeira luz ao intelecto e mover eficazmente a vontade ao bem. Isso porque, para haver

progresso moral, é necessário que o homem conheça o seu ponto de partida, a meta onde quer chegar, o exemplo que deve servir-lhe de norma, a força que deve prestar-

lhe o auxílio necessário e oportuno. Ora, só o catecismo, revelando-nos o mistério do pecado original, informa que o homem no estado atual nasce fraco e deformado; e

daí que a primeira lei do progresso

moral não é contentar os instintos da natureza deformada, mas refreá-los;

não é satisfazer todos os gostos, mas domar, mortificar, renegar-se a si

mesmo. Quem crê na vida eterna, conhece a meta da sua peregrinação

sobre a terra, sabe que o seu fim é o céu e não a terra, é o Criador e não a

criatura. Sabe também que não sobe mas cai no precipício a alma que aspira

a qualquer coisa diversa da Verdade eterna, da Beleza eterna, do Bem

infinito e eterno. O fiel a Jesus Cristo pode ouvir a voz da fé que grita: “eis o

ideal da tua vida, conforma teus

pensamentos aos Seus, teus afetos aos Seus, tuas ações às Suas; transfigura-

te à Sua imagem de esplendor em esplendor”. Crendo enfim na eficácia da oração, dos sacramentos e do sacrifício de Deus, o cristão diz com São Paulo: “tudo posso

naquele que me dá força” [Fl 4,13]; e gloriando-se mesmo de sua fraqueza [cf. 2Cor

O literato e polemista francês Victor Hugo (1802-1885), no seu romance

Claude Gueux, contra a pena de morte, por ele publicado em 1834, descrevendo

o caso verídico de um jovem pobre de Paris condenado à morte, havia declarado:

“Cada escola que se abre é uma prisão que se fecha”.

A educação do coração, introduzida pelo pedagogo suíço Johann Heinrich

Pestalozzi (1746-1827) que conhecia a natureza humana sujeita a instintos e

paixões biológicas desordenadas, adquire em São José Marello o sentido

mais profundo de formação da consciência.

O coração indica a esfera afetiva que concerne aos sentimentos e à

intencionalidade profunda, ou seja,

àquela área onde são tomadas as decisões fundamentais sobre o próprio

ser no mundo (Giuseppe Demarcus).

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12,9], sem temer dificuldades, sem medo dos inimigos [cf. Lc 1,74], progride na via

empenhativa, mas luminosa, das santas virtudes, aspira a ser perfeito como é perfeito o Pai celeste [cf. Mt 5,48].

5. É virtuoso aquele que está radicado na religião e no Evangelho

O mesmo Jean-Jacques Rousseau, que tanto escreveu para promover uma instrução

separada de qualquer princípio religioso e cujos livros tão dolorosamente influíram no pervertimento moral de um povo nosso vizinho, assustado com as funestas

consequências da sua própria doutrina ímpia, escreveu depois estas palavras: “eu não entendo como possa existir um

homem virtuoso sem religião. É verdade que também eu tive um dia

essa falsa ideia, mas agora libertei-me completamente desse engano”. E

ficaram memoráveis as palavras

pronunciadas há não muito tempo pelo Presidente da República Francesa,

Adolphe Thiers, diante da Assembleia Nacional: “precisamos voltar ao

catecismo”. Palavras que, na boca daquele célebre

homem de Estado, também ele por muitos anos propagador das teorias

revolucionárias, exprimiam a convicção de que a sociedade não poderia

preservar-se de maiores e mais terríveis desordens, senão referindo-se

em tudo e por tudo às doutrinas do evangelho.

Faculdade pe. João Bagozzi – Curitiba – Paraná - Brasil

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo iluminista francês. Sua obra pedagógica

é Emilio ou da educação (1762). São José Marello refere-se à França

quando diz: “povo nosso vizinho”; ali, de fato, as obras de Rousseau exerceram

sua influência sobre a Revolução Francesa e o período sucessivo, também sobre o socialismo, o nacionalismo e o

romantismo. São José Marello aprecia em Rousseau o reconhecimento dos próprios

erros e a coragem de corrigi-los. Adolphe Thiers (1797-1877) foi o primeiro presidente da Terceira República

francesa, de 1871 a 1873: o seu testemunho

sobre o catecismo tinha causado rebuliço.

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6. A doutrina do catecismo é voz de Deus e salva a sociedade

É assim mesmo: a sociedade é seduzida pelos ensinamentos de uma moral vaga, truncada,

incoerente, mutável e sem uma sanção eficaz. Difundidos pela imprensa, princípios e

regras que favorecem as más inclinações tornam-se populares e penetram sob todas as formas até nos barracos dos pobres e

nas oficinas dos operários; corrompem a mente e o coração, abalam as bases da família, fazem aumentar os adeptos e a força de seitas subversoras da ordem social,

que ousam chamar-se abertamente de Revolução, Anarquia, Nihilismo. Com essas premissas a sociedade não poderá salvar-se senão aproximando-se daquele tesouro

de sabedoria e de vida contido na doutrina do catecismo que é voz de Jesus Cristo, Aquele que ensina com poder e autoridade soberana, o único que tem palavras de

vida eterna.

7. A doutrina do catecismo fundamenta a convivência humana em Deus e estabelece as bases da justa e verdadeira liberdade e igualdade e do

verdadeiro amor fraterno

Harmoniosamente proporcionada a todas as necessidades, rica em conforto, em esperança, em consolação para todos, só a doutrina do catecismo pode tornar: os

pobres capazes de adequar-se virtuosamente à própria condição, os ricos capazes de fazer o bem através da ordenada e perseverante caridade, os casais capazes de

combinar um com o outro e de esmerar-se pelo bem da prole, os filhos respeitosos e obedientes aos pais, os patrões razoáveis e bondosos com os subalternos

considerando-os como irmãos diante de Deus, e os funcionários, por sua vez, ativos e fiéis no serviço, não por medo mas por consciência; só ela pode tornar: integro e

justo quem exerce a autoridade

levando-o a considerar que deverá prestar contas a Deus que lhe confiou o

cargo; e pacificamente servidor o cidadão, ciente de que todo poder vem

de Deus e quem resiste ao poder resiste à vontade de Deus.

Somente essa doutrina religiosa revelada por Deus pode estabelecer as

bases da verdadeira e justa liberdade, da verdadeira e justa igualdade, dando o reto e invariável sentido a essas palavras

tão deturpadas: uma liberdade que não degenere em libertinagem, não viole o direito do outro, não se oponha ao bem comum; aquela

igualdade possível entre os homens e conciliável com a verdade, com a justiça, com as necessárias harmonias da convivência humana. Dessa verdadeira liberdade e desta

santa igualdade a Revelação é guardiã vigilante ao recordar a todos a paridade de

origem quando fala de Deus Criador; a paridade de natureza e de sangue, quando indica em Adão o pai comum do gênero humano; a paridade no estado de culpa

quando nos revela o mistério do pecado original; a paridade de resgate, quando nos chama a crer na encarnação, paixão e morte do Filho de Deus; a paridade de fim

quando nos diz que fomos criados para possuir a Deus; a paridade de meios que

O quadro da ordem social favorecida

pelo catecismo vem contraposto à desordem revolucionaria - anárquica -

nihilista.

A igualdade, a liberdade e a fraternidade, ideais da Revolução Francesa

(1789-1795), são alcançados através da vivência do evangelho, pois só o evangelho

tem as bases necessárias para estabelecer o amor como regra fundamental. E o catecismo é o meio

para fazer germinar nos corações o verdadeiro amor fraterno e fazer de todos

um só coração e uma só alma.

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conduzem a esse fim, quando nos assegura que o único caminho para ir ao céu é

dado pela virtude, ou seja, pelo bom uso da nossa liberdade, sob o influxo celeste da graça, e pelo freio posto ao nosso tríplice egoísmo que tende degradá-la e a transviá-

la, isto é: ao orgulho, à cobiça e à injusta febre dos sentidos. E ao lembrar-nos a unicidade de origem, de espécie, de meios, de fim, só essa doutrina celeste,

reformando e criando novamente os nossos corações, pode fazer germinar neles o verdadeiro amor fraterno, elevando-os àquela caridade santa e íntima, capaz de

formar filhos de Adão de um só coração e uma só alma [cf. At 4,32].

Itália, Milão, Festa de Primavera (2008)

8. Transmitir aos jovens o conhecimento sobre Deus é um dever

De tudo isso vocês estão bem convictos, caríssimos Fiéis, e já conservam como um precioso tesouro, na mente e no coração, aquele conhecimento sobre Deus que,

assim como é indispensável para a vida futura, também é necessário e útil para a vida presente. Mas vocês não devem guardar só para si tal inestimável tesouro: é seu

dever levar a nova geração, os jovens, a tomar parte nele e fazer todo o possível para que também eles cresçam educados na escola da religião.

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9. … são vocês pais os primeiros mestres: cabe a vocês dar realce à imagem

de Deus presente em seus filhos, fazê-los conhecer Jesus e educá-los na lei de Deus

E eu me dirijo em primeiro lugar a vocês, pais e chefes de família.

São vocês os primeiros mestres, e seus lábios, como escreveu um grande Doutor da Igreja, são os primeiros livros nos quais tem início esta escola para a salvação: os

lábios dos pais são como livros. Seus filhos trazem impressa na alma a imagem de Deus. A vocês cabe dar realce, por assim

dizer, aos traços dessa imagem, formar neles a reta consciência, ensinar-lhes o

nome santo de Deus, daquele Ser infinito que do nada tirou todas as coisas,

que é o nosso primeiro princípio e último fim. Cabe a vocês fazê-los conhecer Jesus

Cristo, o amor imenso que teve e ainda

tem por nós, as suas doutrinas, os seus exemplos, os seus benefícios. Cabe a vocês educar suas crianças desde os primeiros anos a observar a lei de Deus, a reconhecer

em vocês e nos outros superiores a autoridade mesma de Deus, a serem justos e caridosos com todos. Que espetáculo comovente!

Uma mãe cristã que dirige para o alto os olhos e as mãos do seu filhinho, ensinando-lhe a invocar o Pai comum que está nos céus, o Salvador Divino e Nosso Senhor

Jesus, a Mãe do céu Maria: uma mãe que faz crescer naquele coraçãozinho incontaminado as virtudes da fé, da esperança e da caridade infusas nele por Deus no

santo Batismo.

Itália, Santeramo, Bari

São João Crisóstomo (344-407),

padre e doutor da Igreja, no seu Livro contra aqueles que desprezam a vida

monástica, (l.5, c.15) afirma: “os lábios dos pais são como livros que instruem os seus filhos”.

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10. As mães são as primeiras educadoras

Já houve quem dissesse que o destino futuro de um homem está nos joelhos de

sua mãe. E é verdade, porque a boa semente lançada na hora certa por uma mãe

virtuosa no coração de seus filhos, não deixará de dar o seu bom fruto; poderá

talvez ficar infecunda por algum tempo, se estiver como que sufocada pelas más

inclinações, sobretudo na idade em que os instintos despertam tempestuosos e ferventes, mas será ao menos destinado a

desenvolver-se mais tarde, quando as circunstâncias mais favoráveis e os anos mais maduros farão com que possa render em profusão os preciosos frutos esperados.

Acaso a história não registra exemplos deveras consoladores de homens que,

entregues aos erros e fortemente habituados a todo tipo de vício, recordando depois oportunamente os belos anos de sua inocência, reentraram finalmente em si,

deploraram os erros passados e voltaram com generoso propósito ao caminho do bem?

11. Mães e pais, vocês são catequistas na família e promotores da catequese

na paróquia, para que dê frutos em seus filhos

Portanto, vocês pais devem ser para seus filhos os primeiros mestres na doutrina cristã; mas mesmo cumprindo esse grande ofício, vocês não estão dispensados da

outra obrigação que lhes cabe: enviar seus pequenos à paróquia para que ali, prossigam e completem a instrução necessária a torná-los idôneos aos Sacramentos e

a ensinar-lhes os deveres da vida cristã; e vocês não têm somente o dever de

mandá-los, mas também de assegurar-se de que participem com atenção e assiduidade, e de examinar se eles fazem progresso nos ensinamentos recebidos.

Entenderiam muito mal o interesse de suas famílias aqueles pais e mães que considerassem tempo perdido, ou menos utilmente empregado, aquele que os filhos

passam nessa escola de ciência religiosa que, se de sua parte pode suprir muitas outras, não pode, por aquilo que ensina, ser substituída por nenhuma outra. Pensem,

ó pais, que para suas crianças, fora dessa escola não existe outra onde os filhos aprendam melhor a obedecer-lhes com respeito e amor, a ajudá-los em toda

necessidade, a cuidar de vocês nas enfermidades e a consolá-los na velhice. Pensem, sobretudo que não só na vida futura, mas também na vida presente vocês haverão de

expiar todo descuido e falta de atenção com deveres tão graves de seu estado.

O pedagogo alemão Friedrich Wilhelm August Fröbel (1782-1852) havia escrito em 1843 o livro: Mãe e Cantos do

Berçário - um livro de família. Nele, sustentava que é nos joelhos da mãe

que deve começar a educação da criança, embora nem todas as mãe sejam capazes de orientar-se nessa

primeira educação.

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12. Párocos e sacerdotes, vocês são os ministros da

doutrina evangélica. Chamem os pais, os professores e as pessoas religiosamente

empenhadas para que colaborem com vocês

E agora dirijo-me a vocês, meus caríssimos

cooperadores, e com vocês me dirijo a todos os sacerdotes que os ajudam; e exprimindo meu

vivo reconhecimento pela dedicação com que provêm à instrução religiosa dos fiéis a vocês

confiados, exorto-os calorosamente a perseverar com generosa constância no cumprimento desse

fatigoso ministério, infelizmente amiúde considerado de pouca conta por aqueles que deveriam maiormente beneficiá-lo, mas

que ao mesmo tempo é uma fonte abundante de consolações e de méritos na

presença de Deus. Portanto, espalhem entre a população com ímpeto sempre crescente a boa semente da doutrina evangélica e seja de conforto a vocês o

pensamento de vê-la fecunda de abundantes colheitas, em cada mente, em cada coração e especialmente naquele terreno incontaminado que são as crianças. Claro,

pois assim como por causa dessa porção do rebanho, tão amável e inocente, mais doces lhes sorriem as esperanças do porvir, assim também mais vivos e incansáveis

sejam hoje os cuidados de vocês. E queira o Senhor que unindo a vocês na mesma obra o zelo dos pais, dos mestres e das pessoas religiosamente empenhadas, a nova

geração cresça educada na escola do catecismo para o bem futuro da família e da sociedade.

13. Convite a orar pelo Papa

A esses votos pelo triunfo da Doutrina Católica acrescentamos, ó Venerandos Irmãos

e Filhos Diletíssimos, as nossas orações por Aquele que dela é o Mestre supremo e infalível, o Sumo Pontífice Leão XIII. Oremos ao Senhor para que após ter concedido

ao Pai Comum celebrar em meio à exultação de todo o mundo o seu Jubileu Episcopal, queira conservá-lo ainda por muitos anos em vida e saúde, e dar-lhe a

graça e a consolação de colher do seu ministério apostólico frutos sempre mais viçosos.

14. Oração pelo rei e recíproca

Oremos ainda pelo nosso augusto soberano, pela família real e pelos poderes do Estado. Oremos uns pelos outros a fim de que Deus faça descer sobre todos nós a

abundância dos seus favores celestes. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês.

Amém.

Àcqüi, 20 de janeiro de 1894.

+ José, Bispo sacerdote Pedro Peloso, secretário

São José Marello recomenda aos

párocos e aos sacerdotes que unam a si na mesma obra da catequese paroquial “o zelo dos

pais, dos professores e das pessoas religiosamente

empenhadas” de modo que “a nova geração cresça educada na escola do Catecismo para o bem

da família e da sociedade”

(Fiorenzo Cavallaro)

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ÍNDICE

Profilo de São José Marello

Prefácio (Pe. Michele Piscopo, osj) p. Carta pastoral SOBRE A INSTRUÇÃO ESCOLÁSTICA

E A EDUCAÇÃO DOS JOVENS NA FAMÍLIA, Àcqüi 1892 p. Carta pastoral SOBRE O CATECISMO, Àqüi 1894 p.

Tradução: Pe. Alberto Antonio Santiago, osj Revisão: Pe. Hilton Carlos Soares, osj

Capa: Filipinas, Iloilo, Paróquia “Spousal of Joseph and Mary”