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Uma publicação do Laboratório Oswaldo Cruz de São José dos Campos Ano VI - n 25 - Jan/Fev 2012 - Distribuição gratuita e dirigida o REVISTA OSWALDO CRUZ CULTURAL LABORATÓRIO OSWALDO CRUZ Especial I: A música instrumental do barroco tardio deve a Vivaldi muitos de seus elementos característicos. Seus concertos foram tomados como modelos formais por vários compositores, inclusive por Bach. Vila Rica não é Florença, pedra-sabão não é mármore e Aleijadinho não foi Michelangelo. Ainda assim, o esplendor e o requinte, as sutilezas e a suntuosidade das dezenas de estátuas, pias batismais, púlpitos, brasões, portais, fontes e crucifixos permitem supor que o Brasil teve um gênio renascentista desgarrado em plena efervescência de Minas colonial, esculpindo e talhando com o espírito, o fulgor e a grandiosidade dos artistas iluminados. O legado do Aleijadinho - eternizado no interior e nas fachadas de meia dúzia de igrejas de Minas Gerais - refulge mais que os minérios que saíram dali para fazer o fausto de nações além-mar. Na prática, foram elas - estátuas, lavabos e esculturas - a herança que restou para recordar o Brasil de seus tempos áureos. A obra monumental do Aleijadinho é um patrimônio superior a qualquer conforto que o ouro possa comprar. Especial III: Brecht, como ele mesmo disse, viveu em tempos negros: viu a 1a Grande Guerra, viu a Revolução ser massacrada na Alemanha e seus líderes serem barbaramente assassinados, assim como milhares de operários e também as lideranças sindicais. Especial II: Veja a matéria completa sobre o Aleixadinho, este escultor que é considerado um dos maiores artistas barrocos do Brasil e suas esculturas e obras de arquitetura encantaram a sociedade brasileira do século XVIII. ESCULTORES BRASILEIROS Antônio Francisco Lisboa o Aleijadinho Veja matéria na pág. 5

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Revista Oswaldo Cruz Cultural São José dos Campos SP

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Uma publicação do Laboratório Oswaldo Cruz de São José dos CamposAno VI - n 25 - Jan/Fev 2012 - Distribuição gratuita e dirigidao

REVISTA

OSWALDO CRUZCULTURAL

LABORATÓRIO

OSWALDO CRUZ

Especial I:

A música instrumentaldo barroco tardio deve aVivaldi muitos de seuselementos característicos.Seus concertos foramtomados como modelosformais por várioscompositores, inclusivepor Bach.

Vila Rica não é Florença,pedra-sabão não é mármore eAleijadinho não foi Michelangelo.Ainda assim, o esplendor e orequinte, as sutilezas e asuntuosidade das dezenas deestátuas, pias batismais, púlpitos,brasões, por tais, fontes ecrucifixos permitem supor que oB r a s i l t e v e u m g ê n i orenascentista desgarrado emplena efervescência de Minascolonial, esculpindo e talhandocom o espírito, o fulgor e agrandiosidade dos artistasi luminados . O legado doAleijadinho - eternizado no interiore nas fachadas de meia dúzia deigrejas de Minas Gerais - refulgemais que os minérios que saíramdali para fazer o fausto de naçõesalém-mar. Na prática, foram elas -estátuas, lavabos e esculturas - aherança que restou para recordaro Brasil de seus tempos áureos. Aobra monumental doAleijadinho éum patr imônio super ior aqualquer conforto que o ouropossa comprar.

Especial III:

Brecht, como ele mesmodisse, viveu em temposnegros: viu a 1a GrandeGuerra, viu a Revolução sermassacrada na Alemanha eseus líderes serembarbaramente assassinados,assim como milhares deoperários e também aslideranças sindicais.

Especial II:

Veja a matéria completasobre o Aleixadinho, esteescultor que é consideradoum dos maiores artistasbarrocos do Brasil e suasesculturas e obras dearquitetura encantaram asociedade brasileira doséculo XVIII.

ESCULTORES BRASILEIROS

Antônio Francisco Lisboa

o AleijadinhoVeja matéria na pág. 5

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Lei RouanetA Lei Federal de Incentivo à

Cultura (Lei nº 8.313 de 23 dedezembro de 1991), conhecidatambém por Lei Rouanet, é a lei queinstitui politicas públicas para acultura nacional, como o PRONAC -Programa Nacional de Apoio àCultura.

As diretrizes para a culturanacional foram estabelecidas nosprimeiros artigos, e sua base é apromoção, proteção e valorizaçãodas expressões culturais nacionais.

O grande destaque da LeiRouanet é a politica de incentivosfiscais que possibilita às empresas(pessoas jurídicas) e cidadãos(pessoa fisíca) aplicarem uma partedo IR (imposto de renda) devido emações culturais: 6% do IRPF parapessoas físicas e 4% de IRPJ parapessoas juridicas. Embora istopareça muito bom, tem seusimpecílios e dificuldades, fazendoque, pela própria lei e a burocraciaimperante, na prática, poucasempresas e pessoas físicasaderem ao programa.

Por exemplo, podem realizardoações as pessoas físicas quedeclarem seu Imposto de Rendapelo , no limite de6% do imposto devido. Aqueles quedeclarem pelo modo simplificadonão podem fazer o abatimento.

Da mesma forma, somente asPessoas Jurídicas tributadas combase no Lucro Real podem deduzirdo imposto de renda devido, asdoações ou patrocínios, observadoo limite de 4%. O Valor doado nãopoderá ser abatido como despesaoperacional. (Lei 8.383, de

método completo

EditorialporDiretor Presidentedo Laboratório Oswaldo Cruz

Dr. Héctor Enrique Giana

23/12/1991, art 18 com redaçãoda Lei 9.874, de 23/11/1999). Háque se ter em conta que somente10% das empresas brasileirasdeclaram seu imposto de rendapelo Lucro Real, diminuindo muitoas possibilidades de doações nestaárea.

Isto acontece com a maioria dosincentivos fiscais em qualquer área,como Esportes, Crianças eAdolescentes, leis de incentivosmunicipais, dentre outros, dando aclara impressão que os governosfederal, estadual e municipal“cumprem tabela”, mas nãofacilitam em nada as doações, pormotivos óbvios.Apercepção de quehaveria uma melhor distribuição deverbas impositivas pelo método dosincentivos, passa a ser um meroconto do vigário, algo que se tornaum conto de fadas e onde todomundo faz de conta que funciona.

Esta lei, como as outras, surgiupara educar as empresas ecidadãos a investirem em cultura, einicialmente daria incentivos fiscais,p o i s c o m o b e n e f í c i o n orecolhimento do imposto a iniciativaprivada se sentiria estimulada apatrocinar eventos culturais, umavez que o patrocínio além defomentar a cultura, valoriza a marcadas empresas junto ao público.

Há muita promessa de mudançade critérios para regulamentarestas leis de incentivo, mas sea las t ram por décadas noscorredores das Câmaras deDeputados e Senadores semnehum resultado. Ou há muitointeresse criado em torno, ou nãohá vontade política de aprovar

Expediente

Editor Geral:Produção:

Reportagem e Fotos:Editoração Eletrônica:Periodicidade: BimestralTiragem: 3.000 exemplaresDistribuição gratuita e dirigida

[email protected] (12) 3946 3711

Dr. Enrique GianaDepartamento de Comunicação &

MarketingClaudia M. S. de Lima

Paulo J. S. de Lima

* Matérias extraídas de Internet.

www.oswaldocruz.com

medidas que posam favoreceralguns setores da sociedade emdetrimento de outros.

Para se ter uma idéia dovolume do dinheiro que estamosfalando, lebremos que o PIBbrasileiro em 2010 foi de 2,2trilhões de dólares. Calculemos opercentual dos lucros pelosíndices do incentivo fiscal quevimos acima e teremos uma noçãode como poderia estar a cultura (eeducação, saúde, esporte,crianças e adolescentes, etc.) emnosso país.

Em 2010, 78% do volume dedinheiro aprovado pelo MinC paracaptação referiam-se a projetos daregião Sudeste.Apenas São Pauloficou com 39% do total. Nosvalores efetivamente captados, ospercentuais são parecidos. OSudeste ficou com R$ 873milhões, do total de R$ 1,12 bilhãoque a Lei Rouanet movimentou noano passado.

No outro lado, há Estados quenão viram um centavo sequerdoado para projetos culturais pelaRouanet há anos. Roraima eTocantins não aparecem nasestatísticas do MinC desde 2008.

Tomar consciência destadefasagem e divulgar aos quatroventos esta realidade tornará oBrasil mais justo, com umadistribuição de renda nas mãos detoda a população, tirando dosgovernos a possibilidade de maldistribuir ou, então, de nadadistribuir.

(a direção)

Projeto Oswaldo Cruz Cultural

Biblioteca Comunitária

LeveLeia&

Editorial

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Antonio Vivaldi

Antonio Lucio Vivaldi (Veneza, 4 demarço de 1678 — Viena, 28 de julho de1741) foi um compositor e músico italianodo estilo barroco tardio. Tinha a alcunhade ("o padre ruivo") por serum sacerdote de cabelos ruivos.Compôs 770 obras, entre as quais 477concertos e 46 óperas. É sobretudoconhecido popularmente como autor dasérie de concertos para violino eorquestra ("As QuatroEstações")

Filho de Camilla Calicchio e GiovanniBattista Vivaldi , era o mais velho de seteirmãos. Seu pai, um barbeiro, mastambém um talentoso violinista (algunschegam a considerá-lo como um

, ajudou-o a iniciar uma carreirano mundo da música, matriculando-oainda pequeno, na Capela Ducal de SãoMarcos para aper fe içoar seusconhec imen tos mus ica is e fo iresponsável pela sua admissão naorquestra da Basílica de São Marcos,onde se tornou o maior violinista do seutempo. Em 1703, Vivaldi tornou-sepadre. Em 1704, foi-lhe dada dispensada celebração da Santa Eucaristiadevido à sua saúde fragil izada(aparentemente sofreria de asma),

il prete rosso

Le quattro stagioni

virtuoso)

Biografia

tendo-se voltado para o ensino deviolino num orfanato de moças chamado

em Veneza. Poucotempo após a sua iniciação nestas novasfunções, as crianças ganharam-lheapreço e estima; Vivaldi compôs paraelas a maioria dos seus concertos,cantatas e músicas sagradas. Em 1705 aprimeira colecção ( ) dos seustrabalhos foi publicada. Muitos outros sel h e s e g u i r a m . N o o r f a n a t o ,desempenhou d ive rsos cargosinterrompidos apenas pelas suas muitasviagens. Em 1712 compôs o "Estroarmonico", uma coleção de 12 concertosque repercutiu em toda a Europa e maistarde teve seis obras transcritas porBach, em 1713, tornou-se responsávelpelas actividades musicais da instituição.Em paralelo com suas atividades sacras,Viva ld i obteve permissão paraapresentar no teatro de Santo Ângelosuas primeiras óperas e algunsconcertos: "Outtone in villa" e "OrlandoFurioso" e entre outros concertos, "LaStravaganza". Em 1723 publicou o Opus8, que contém "As Quatro Estações", suaobra mais conhecida.

Apesar do seu estatuto de sacerdote,é suposto ter tido vários casos amorosos,um dos quais com uma de suas alunas, acantora Anna Giraud, com quem Vivaldiera suspeito de manter uma menos claraactividade comercial nas velhas óperasvenezianas, adaptando-as apenasligeiramente às capacidades vocais dasua amante. Este negócio causou-lhealguns dissabores com outros músicos,como Benedetto Marcello, que teráescrito um panfleto contra ele.

Vivaldi, tal como muitos outroscompositores da época, terminou suavida em pobreza. As suas composiçõesjá não suscitavam a alta estima que umavez tiveram em Veneza; gostos musicaisem mudança rapidamente o colocaramfora de moda, e Vivaldi terá decididovender um avultado número dos seusmanuscritos a preços irrisórios, porforma a financiar uma migração paraViena. As razões da partida de Vivaldipara essa cidade não são claras, mas

Ospedale della Pietà

raccolta

Últimos anos e morte

parece provável que terá queridoconhecer Carlos VI, que adorava assuas composições (Vivaldi dedicou

a Carlos em 1727), e assumiu aposição de compositor real na CorteImperial. Contudo, pouco depois da suachegada a Viena, Carlos VI viria amorrer. Este trágico golpe de azardeixou o compositor desprovido daprotecção real e de fonte derendimentos. Vivaldi teve que vendermais manuscritos para sobreviver.Faleceu pouco tempo depois, no dia 28de julho de 1741. Encontra-se sepultadona ,Viena na Áustria. Foi-lhe dada sepulturaanônima de pobre (a missa de Requiemna qual o jovem Joseph Haydn terácantado, no coro) . Igualmentedesafortunada, sua música viria a cair naobscuridade até aos anos de 1900.

LaCetra

Universidade Tecnológica de Viena

ObraVivaldi foi realmente um compositor

prolífico e a sua fama deve-se sobretudoà composição das seguintes obras:· Concertos: Há divergências sobre onúmero exato de concertos compostospor Vivaldi. Algumas publicações contam550 concertos compostos por ele. Emoutras publ icações, cita-se 477concertos e outros ainda 456. Seusconcertos mais conhecidos e divulgadossão (As quatroestações).· 46 óperas,· 44 motetos,· sinfonias,· 2 serenatas,· 73 sonatas,· 100 árias· 30 cantatas· música de câmara (mesmo se

algumas sonatas para flauta, como, lhe tenham sido

erradamente atribuídas, apesar decompostas por Nicolas Chédeville),

· música sacra - três oratórios (, composto para a

; dois ; ;; ; ;e outros).

Menos conhecido é o facto de a maiorparte do seu repertório ter sido

Le quattro stagioni

IlPastor Fido

OratorioJuditha TriumphansPietá Gloria Stabat Mater NisiDominus Beatus Vir Magnificat DixitDominus

MÚSICOS DO MUNDO

Especial IporDiretor Presidentedo Laboratório Oswaldo Cruz

Dr. Héctor Enrique Giana

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descoberto apenas na primeirametade do século XX em Turim eGénova, mas publicado na segundametade. A música de Vivaldi éparticularmente inovadora, quebrandocom a tradição consolidada emesquemas; deu brilho à estrutura formal erítmica do concerto, repetidamenteprocurando contrastes harmónicos,inventando melodias e trechos originais.

Ademais, Vivaldi era francamentecapaz de compor música não-acadêmica, apreciada supostamentepelo público geral, e não só por umaminoria intelectual. A alegre aparênciados seus trabalhos revela uma alegria decompor. Estas estão entre as razões davasta popularidade da sua música. Estapopularidade rapidamente o tornoufamoso em países como a França, naaltura muito fechada nos seu valoresnacionais.

Legado

Johann Sebastian Bach foi deverasinfluenciado pelo concerto e Aria deVivaldi (revivido nas sua Paixões e

). Bach transcreveu alguns dosconcertos de Vivaldi para o cravo, bemcomo alguns para orquestra, incluindo ofamoso Concerto para Quatro Violinos eVioloncelo, Cordas e Baixo Contínuo(RV580). Contudo, nem todos osmúsicos demonstraram o mesmoentusiasmo: Igor Stravinsky afirmou emtom provocativo que Vivaldi não teriaescrito centenas de concertos mas umúnico, repetido centenas de vezes.

Apesar de todos os detractores e dascríticas negativas que Vivaldi recebeu,seu talento é inegável. Foi o compositorque inventou ou, pe lo menos,estabeleceu a estrutura definitiva doconcerto e da sinfonia.Foi o primeirocompositor a usar consistentemente aforma ritornelo em seus concertos, comopode ser verificado em "As quatroestações". Sua facilidade na escrita eraimpressionante, escrevia tão rápidoquanto a pena o permitia. Consta quedemorava a escrever um novo concertoem menos tempo que um copista a copiá-lo.

A ressurreição do trabalho de Vivaldino século 20 deve-se sobretudo aosesforços deAlfredo Casella, que em 1939organizou a agora histórica

. Desde então, as composições deVivaldi obtiveram sucesso universal, e oadvento da "actuação historicamenteinformada" conseguiu catapultá-lo para oestrelato novamente. Em 1947 oempresário veneziano Antonio Fannafundou o ,cujo primeiro director artístico foi ocompositor Gian Francesco Malipiero,com o propósito de promover a música deVivaldi e publicar novas edições de seustrabalhos.

A música de Vivaldi, juntamente coma de Mozart, Tchaikovsky, Corelli e Bachfoi incluída nas teorias de Alfred Tomatissobre os efeitos da música nocomportamento humano, e usada emterapia musical.

cantate

SemanaVivaldi

Istituto Italiano Antonio Vivaldi

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5Especial IIporDiretor Presidentedo Laboratório Oswaldo Cruz

Dr. Héctor Enrique Giana

Aleijadinho

Antônio Francisco Lisboa, maisconhecido como Aleijadinho, (OuroPreto, c. 29 de agosto de 1730 ou, maisprovavelmente, 1738 — Ouro Preto, 18de novembro de 1814) foi um importanteescultor, entalhador e arquiteto do Brasilcolonial.

Pouco se sabe com certeza sobresua biografia, que permanece até hojeenvolta em cerrado véu de lenda econtrovérsia, tornando muito árduo otrabalho de pesquisa sobre ele e aomesmo tempo transformando-o em umaespécie de herói nacional. A principalfonte documental sobre o Aleijadinho éuma nota biográfica escrita somentecerca de quarenta anos depois de suamorte. Sua trajetória é reconstituídaprincipalmente através das obras quedeixou, embora mesmo neste âmbitosua contribuição seja controversa, já quea atribuição da autoria da maior partedas mais de quatrocentas criações quehoje existem associadas ao seu nome foifeita sem qualquer comprovaçãodocumental, baseando-se apenas emcritérios de semelhança estilística compeças documentadas.

Toda sua obra, entre talha, projetosarquitetônicos, relevos e estatuária, foirealizada em Minas Gerais,

especialmente nas cidades de OuroPreto, Sabará, São João del-Rei eCongonhas. Os principais monumentosque contém suas obras são a Igreja deSão Francisco deAssis de Ouro Preto e oSantuário do Bom Jesus de Matosinhos.Com um estilo relacionado ao Barroco eao Rococó, é considerado pela críticabrasileira quase em consenso como omaior expoente da arte colonial no Brasile, ultrapassando as fronteiras brasileiras,para alguns estudiosos estrangeiros é omaior nome do Barroco americano,merecendo um lugar destacado nahistória da arte do ocidente.

Muitas dúvidas cercam a vida deAntônio Francisco Lisboa. Praticamentetodos os dados hoje disponíveis sobresua vida são derivados de uma biografiaescrita em 1858 por Rodrigo JoséFerreira Bretas, 44 anos após a morte doAleijadinho, baseando-se alegadamenteem documentos e depoimentos deindivíduos que haviam conhecidopessoalmente o artista. Contudo, acrítica recente tende a considerar essabiografia em boa medida fantasiosa,parte de um processo de magnificação edramatização de sua personalidade eobra, numa manipulação romantizada desua figura cujo intuito era elevá-lo àcondição ícone da brasilidade, um mistode herói e artista, um

, como descreveuRoger Chartier. O relato de Bretas,contudo, não pode ser completamentedescartado, pois sendo a mais antiganota biográfica substancial sobreAleijadinho, sobre ele se construiu amaioria das biografias posteriores, masas informações que traz precisam serencaradas com algum ceticismo, sendodifícil distinguir o que é fato do que foidistorcido pela tradição popular e pelasinterpretações do escritor. Biografias eestudos críticos realizados pelosmodernistas brasileiros na primeirametade do século XX também fizeraminterpretações tendenciosas de sua vidae obra, aumentando a quantidade deestereótipos em seu redor, que ainda

Biografia

"gênio singular,sagrado e consagrado"

hoje se perpetuam na imaginaçãopopular e em parte da crítica, e sãoexplorados tanto por instâncias culturaisoficias como pelas agências de turismodas cidades onde ele deixou suaprodução.

A primeira notícia oficial sobreAleijadinho apareceu em 1790 nummemorando escrito pelo capitãoJoaquim José da Silva, cumprindoordem régia de 20 de julho de 1782 quedeterminava se registrassem em livrooficial os acontecimentos notáveis, deque houvesse notícia certa, ocorridosdesde a fundação da Capitania de MinasGerais. O memorando, escrito ainda emvida de Aleijadinho, continha umadescrição das obras mais notáveis doa r t i s t a e a lgumas ind i caçõesbiográficas, e em parte nele se baseouBretas para escrever os

, onde reproduziu trechos dodocumento original, que mais tarde seperdeu.

Antônio Francisco Lisboa, oAleijadinho, era filho natural de umrespeitado mestre-de-obras e arquitetoportuguês, Manuel Francisco Lisboa, esua escrava africana, Isabel. Nacertidão de batismo invocada por Bretasconsta que Antônio, nascido escravo,fora batizado em 29 de agosto de 1730na então chamada Vila Rica, atual OuroPreto, na freguesia de Nossa Senhorada Conceição de Antônio Dias, tendocomo padrinho Antônio dos Reis esendo alforriado na ocasião por seu paie senhor. Na certidão não consta a datade nascimento da criança, que pode terocorrido alguns dias antes. Entretanto,há argumentos fortes que levamatualmente a se considerar maisprovável que tenha nascido em 1738,pois em sua certidão de óbito constacomo data de seu falecimento 18 denovembro de 1814, acrescentando queo artista tinha então 76 anos de idade. Adata de 1738 é aceita pelo MuseuAleijadinho localizado em Ouro Preto, esegundo Vasconcelos o manuscritooriginal de Bretas, encontrado noarquivo da Arquidiocese de Mariana,remete o nascimento a 1738, advertindocorresponder a data ao registrado nacertidão de óbito do artista; o motivo dadiscrepância entre as datas nomanuscrito e no opúsculo que foiimpresso não é clara. Em 1738 seu paicasou com Maria Antônia de São Pedro,uma açoriana, e com ela deu quatromeios-irmãos a Aleijadinho, e foi nestafamília que o artista cresceu.

Segundo Bretas o conhecimentoque Aleijadinho tinha de desenho, dearquitetura e escultura fora obtido de

Traçosbiográficos relativos ao finado AntônioFrancisco Lisboa, distinto escultormineiro, mais conhecido pelo apelido deAleijadinho

Primeiros anos e formaçãoDetalhe de Ouro Preto, com a Igreja doCarmo, projeto em parte de Aleijadinho

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até próximo da morte realizou umagrande quantidade de obras, mas naa u s ê n c i a d e d o c u m e n t a ç ã ocomprobatória, diversas têm umaautoria controversa e são a rigorconsideradas apenas atribuições,baseadas em critérios de semelhançaes t i l í s t i ca com sua produçãoautenticada. Em 1767 morreu-lhe o pai,mas Aleijadinho, como filho bastardo,não foi contemplado no testamento. Noano seguinte alistou-se no Regimentoda Infantaria dos Homens Pardos deOuro Preto, onde permaneceu trêsanos, sem descontinuar sua atividadeartística. Neste período recebeuencomendas importantes: o risco dafachada da Igreja de Nossa Senhora doCarmo, em Sabará, e os púlpitos daIgreja São Francisco de Assis, de OuroPreto.

Em torno de 1770 organizou suaoficina, que estava em franca expansão,segundo o modelo das corporações deofícios ou guildas medievais, a qual em1772 foi regulada e reconhecida pelaCâmara de Ouro Preto. Ainda em 1772,no dia 5 de agosto, foi recebido comoirmão na Irmandade de São José deOuro Preto. Em 4 de março de 1776 ogovernador da Capitania de Minas, DomAntônio de Noronha, cumprindoinstruções do vice-rei, convocoupedreiros, carpinteiros, serralheiros eferreiros para integrarem um batalhãomilitar que trabalharia na reconstruçãode um forte no Rio Grande do Sul.Aleijadinho teria sido obrigado a atenderao chamado, chegando a se deslocaraté o Rio de Janeiro, mas então teriasido dispensado. No Rio providenciou oaverbamento judicial da paternidade deum filho que tivera com a mulata NarcisaRodrigues da Conceição, filho que sechamou, como o avô, Manuel FranciscoLisboa. Mais tarde ela o abandonou elevou o filho para o Rio, onde ele setornou artesão.

Até então, de acordo com Bretas,Aleijadinho gozara de boa saúde eapreciava os prazeres da mesa e asfestas e danças populares, mas a partirde 1777 começaram a surgir os sinaisde uma grave doença que, com o passardos anos, deformou-lhe o corpo e

seu pai e talvez do desenhista epintor João Gomes Batista. Teráfrequentado o internato do Seminário dosFranciscanos Donatos do Hospício daTerra Santa de 1750 até 1759, em OuroPreto, onde aprenderia Gramática,La t im, Matemát ica e Rel ig ião .Entrementes, assistia seu pai nostrabalhos que ele realizava na Matriz deAntônio Dias e na Casa dos Contos,trabalhando também com seu tio AntônioFrancisco Pombal, entalhador, eFrancisco Xavier de Brito. Colaboroucom José Coelho Noronha na obra datalha dos altares da Matriz de Caeté,projeto de seu pai. Data de 1752 o seuprimeiro projeto individual, um desenhopara o chafariz do pátio do Palácio dosGovernadores em Ouro Preto.

Em 1756 pode ter ido ao Rio deJaneiro acompanhando Frei Lucas deSanta Clara, transportador do ouro ed i a m a n t e s q u e d e v e r i a m s e rembarcados para Lisboa, onde pode terrecebido influência dos artistas locais.Dois anos depois teria criado um chafarizde pedra-sabão para o Hospício da TerraSanta, e logo em seguida lançou-secomo profissional autônomo. Contudo,sendo mulato, muitas vezes foi obrigadoa aceitar contratos como artesão diaristae não como mestre. Da década de 1760

Maturidade

prejudicou seu trabalho, causando-lhe grandes sofrimentos. Até hoje, comojá Bretas reconhecera, é desconhecidaa exata natureza de seu mal, e váriaspropostas de diagnóstico foramoferecidas por diversos historiadores emédicos. Mesmo com crescentedificuldade, prosseguiu trabalhandointensivamente. Em 9 de dezembro de1787 assumiu formalmente como juiz daIrmandade de São José. Em 1790 ocapitão Joaquim José da Silva escreveuo seu importante memorando para aCâmara de Mariana, parcialmentetranscrito por Bretas, onde deu diversosdados sobre o artista, e, testemunhandoa fama que então já o acompanhava,saudou-o como:

Em 1796 recebeu outra encomendade grande importância, para arealização de esculturas da eos para o Santuário de BomJesus de Matosinhos, em Congonhas,consideradas a sua obra-prima. Nocenso de 1804 seu filho apareceu comoum de seus dependentes, junto com anora Joana e um neto. Entre 1807 e1809, estando sua doença em estadoavançado, a sua oficina encerrou asatividades, mas ele ainda realizoualguns trabalhos. A partir de 1812 suasaúde piorou e ele passou a dependermuito das pessoas que o assistiam.Mudou-se para uma casa nasproximidades da Igreja do Carmo de

Anos finais e morte

Via SacraProfetas

"o novo Praxíteles… que honraigualmente a arquitetura e escultura…Superior a tudo e singular nas esculturasde pedra em todo o vulto ou meio relevadoe no debuxo e ornatos irregulares domelhor gosto francês é o sobreditoAntônio Francisco. Em qualquer peça suaque serve de realce aos edifícios maiselegantes, admira-se a invenção, oequilíbrio natural, ou composto, a justezadas dimensões, a energia dos usos ecostumes e a escolha e disposição dosacessórios com os grupos verossímeisque inspira a bela natureza. Tantapreciosidade se acha depositada em umcorpo enfermo que precisa ser conduzidoa qualquer parte e atarem-se-lhe os ferrospara poder obrar".

Recibo assinado pelo Aleijadinhoquando recebeu o pagamento pela obra

dos Profetas.Museu da Inconfidência

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Ouro Preto, para supervisionar asobras que estavam a cargo de seudiscípulo Justino de Almeida. A estaaltura estava quase cego e com ascapacidades motoras grandementereduzidas. Por um breve período voltoupara sua antiga moradia, mas logo tevede acomodar-se na casa de sua nora,que de acordo com Bretas se encarregoudos cuidados de que necessitava até queele veio a falecer, em 18 de novembro de1814. Foi sepultado na Matriz de AntônioDias, em uma tumba junto ao altar deNossa Senhora da Boa Morte, de cujafesta pouco antes tinha sido juiz.

Aleijadinho foi descrito por Bretasnos seguintes termos:

O homem, a doença e o mito

Quase nada ficou registrado sobresua vida pessoal, a não ser que gostavade se entreter nas ecomer bem, e que amasiou-se com amulata Narcisa, tendo com ela um filho.Nada foi dito sobre suas ideias artísticas,sociais ou políticas. Trabalhava sempresob o regime da encomenda ganhandomeia oitava de ouro por dia, mas nãoacumulou fortuna, antes, diz-se que eradescuidado com o dinheiro, sendoroubado várias vezes. Por outro lado,teria feito repetidas doações aos pobres.Manteve três escravos: Maurício, seuajudante principal com quem dividia osganhos, e mais Agostinho, auxiliar deentalhes, e Januário, que lhe guiava oburro em que andava. Continuando,Bretas relatou que depois de 1777 oartista começou a exibir sinais de umamisteriosa doença degenerativa, que lhevaleu o apelido de . O seucorpo fo i progressivamente sedeformando, o que lhe causava dorescontínuas; teria perdido vários dedosdas mãos, restando-lhe apenas oindicador e o polegar, e todos dos pés,obrigando-o a andar de joelhos. Paratrabalhar tinha de fazer com que lheamarrassem os cinzéis nos cotos, e nafase mais avançada do mal precisavase r ca r regado pa ra todos osdeslocamentos - sobrevivem recibos depagamentos de escravos que o levavampara cá e para lá, atestando-o. Tambéma face foi atingida, emprestando-lhe umaaparência grotesca. De acordo com orelato, Ale i jad inho t inha plenaconsciência de seu aspecto terrível, epor isso desenvolveu um humorperenemente revoltado, colérico edesconfiado, imaginando que mesmo oselogios que recebia por suas realizações

"danças vulgares"

Aleijadinho

ar t í s t i cas e ram escá rn iosdissimulados. Para ocultar suadeformidade vestia roupas amplas efolgadas, grandes chapéus que lheescondiam o rosto, e passou a preferirtrabalhar à noite, quando não podia servisto facilmente, e dentro de um espaçofechado por toldos. Nos seus últimosdois anos, quando já não podiatrabalhar e passava a maior parte dotempo acamado, Bretas disse que, deacordo com o que soube da nora doartista, um lado de seu corpo ficoucoberto de chagas, e ele imploravaconstantemente que Cristo viesse dar-lhe morte e livrar dessa vida desofrimento, pousando Seus santos péssobre o seu corpo miserável.

Diversos diagnósticos têm sidopropostos para explicar essa doença,todos conjeturais, que incluem entreoutras lepra (alternativa improvável,visto que não foi excluído do convíviosocial, como ocorria com todos osleprosos), reumatismo deformante,sífilis escorbuto, traumas físicosdecorrentes de uma queda, artritereumatóide, poliomielite e porfiria(doença que produz fotossensibilidade- o que explicaria o fato do artistatrabalhar à noite ou protegido por umtoldo).

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"Era pardo-escuro, tinha vozforte, a fala arrebatada, e o gênioagastado: a estatura era baixa, ocorpo cheio e mal configurado, o rostoe a cabeça redondos, e estavolumosa, o cabelo preto e anelado, oda barba cerrado e basto, a testalarga, o nariz regular e algum tantopontiagudo, os beiços grossos, asorelhas grandes, e o pescoço curto".

Profeta Ezequiel

Aleijadinho em Vila Rica, 1898-1904,reconstrução romântica de uma cena

imaginária na vida do artista,por Henrique Bernardelli.

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A construção do mito em torno aoAleijadinho começou já na biografia pioneirade Bretas, que embora alertando para o fatode que quando

, não obstante enaltecia suasrealizações contra um meio hostil e umadoença acabrunhante. No início do séculoXX, interessados em definir um novo sentidode brasilidade, os modernistas o tomaramcomo um paradigma, um mulato, símbolo dorico sincretismo cultural e étnico brasileiro,que conseguira transformar a herança lusaem algo original, e muita bibliografia foiproduzida nesse sentido, criando uma auraem torno dele que foi assumida pelasinstâncias oficiais da cultura nacional.

Um dos elementos mais ativos naconstrução do "mito Aleijadinho" diz respeitoà busca implacável de sinais confirmadoresde sua originalidade, de sua "unicidade" nopanorama da arte brasileira, representandoum acontecimento tão especial quetranscenderia até mesmo o estilo de suaépoca. Contudo, essa busca é umainterpretação peculiar do fenômeno estéticoque nasceu durante o Romantismo, quandose passou identificar fortemente o criadorcom sua criação, considerando esta uma

"um indivíduo qualquer setorna célebre e admirável em qualquergênero, há quem, amante do maravilhoso,exagere indefinidamente o que nele há deextraordinário, e das exagerações que se vãosucedendo e acumulando chega-se a comporfinalmente uma entidade verdadeiramenteideal"

propriedade exclusiva daquele, eatribuindo à obra a capacidade de exibirreflexos genuínos da personalidade e daalma individual que a produziu. Todo essecorpo de ideias não existia, pelo menos nãona importância que adquiriu, durante osperíodos anteriores da história da arte, queprimaram pelo sistema da criação coletiva emuitas vezes anônima. A arte tendia a serconsiderada um produto de utilidade pública,os clientes determinavam a abordagem a serempregada na obra, as histórias e motivosnão pertenciam a ninguém, e a voz pessoaldo artista não devia prevalecer sobre oscânones formais consagrados e os conceitoscoletivos que se procurava transmitir, nem ocriador podia em linhas gerais reivindicarpropriedade intelectual sobre o que escrevia,esculpia ou pintava. A partir, pois, daascensão do conceito romântico deoriginalidade, que ainda hoje é largamentearraigado, se construiu toda a críticaposterior e se passou a ver o artista como umgênio singular, que está intimamente fundidocom sua obra e da qual é o único árbitro edono, assumindo a criação um perfilautobiográfico. Até nos dias de hoje parte dacrítica tende a projetar uma visão modernasobre processos mais antigos ocorridosdentro de um contexto em tudo distinto,distorcendo as interpretações e chegando aconclusões enganosas, um problema queafeta diretamente o estudo da vida e obra doAleijadinho e ainda mais profundamentequando se constata a importância simbólicaque ele adquiriu para os brasileiros, umaimportância que em boa parte foi erigida apartir dessa mesma distorção analítica queestá eivada de contradições estéticas ehistóricas fundamentais. Não é possível,cer tamente, ignorar di ferenças decapacidade artística ou de estilos individuaismesmo entre artistas pré-românticos comoele, nem se ignora o evidente aparecimentode notas originais e transformadoras na linhado tempo, mas é preciso lembrar que antesdo que ser um produto de uma supostageração espontânea, um gênio nascido donada e inteiramente original, Aleijadinhoper tenceu a uma l inhagem, teveantecessores e inspiradores, e foi fruto de ummeio cultural que determinava em largamedida como a arte da sua época deveria sercriada, sem que o artista - um conceito quetampouco existia como ele é entendido hoje -tivesse um papel especialmente ativo nessadeterminação.

Também sua doença entrou comoelemento importante neste quadromagnificado. Como sintetizou Gomes Junior,

Namir de Paiva Pires

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O pesquisador chama a atenção aindapara a evidência documental de recibosassinados em 1796, onde sua caligrafiaainda é firme e desembaraçada, fatoinexplicável se aceitarmos o que disseBretas ou os relatos de viajantes do séculoXIX, como John Luccock, Friedrich vonWoech, Francis de Castelnau e outros,certamente repetindo o que proclamava avoz popular, que diziam ele ter perdido nãosó dedos, mas até as mãos. Chartier,Hansen, Grammont e outros vêm ecoandoos mesmos argumentos de Gomes Junior, eBarretto acrescentou, ao que se disse acima,que a figura de Aleijadinho é atualmente umchamariz para o turismo de Ouro Preto em talmedida que sua doença, representada noslivros, é "comercializada" em alguns pontosturísticos da cidade. Em meio a esta teia deconstruções biográficas duvidosas maslargamente consagradas pela tradição,diversos estudiosos têm tentado separar fatode lenda, num esforço que iniciou quase aomesmo tempo em que se erguia o edifíciomítico em seu redor, sendo especialmentenotáveis os escritos pioneiros de JoséMariano Filho e Roger Bastide sobre estetópico, mais tarde secundados por diversosoutros como os dos autores antes citados.

(continuará no próximo número)

Cristo carregando a cruz,Santuário de Congonhas

"No Brasil o Aleijadinho não teriaescapado a essa representaçãocoletiva que circunda a figura doartista. O relato da parteira JoanaLopes, uma mulher do povo queserviu de base tanto para as históriasque corriam de boca em boca quantopara o trabalho de biógrafos ehistoriadores, fez de AntônioFrancisco Lisboa o protótipo dogênio amaldiçoado pela doença.Obscurece-se sua formação parafixar a ideia do gênio inculto; realça-se sua condição de mulato para darrelevo às suas realizações no seio deuma comunidade escravocrata;apaga-se por completo a naturezacoletiva do trabalho artístico paraque o indivíduo assuma uma feiçãodemiúrgica; amplia-se o efeito dadoença para que fique nítido oesforço sobre-humano de sua obra epara que o belo ganhe realce namoldura da lepra."

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9Especial IIIporDiretor Presidentedo Laboratório Oswaldo Cruz

Dr. Héctor Enrique Giana

Patriota e escritor cubano, apóstoloda independência de Cuba, últimacolônia espanhola na América. O fatode ter sido morto em batalha otransformou em mártir das aspiraçõescubanas à Independência.

Nasceu no seio de uma modestafamília espanhola em Havana, em 8 dejaneiro de 1853, onde recebeu suaeducação primária. Foi discípulo deMendive e de Luz y Caballero. Aos 16anos por suas idéias revolucionárias foicondenado a seis anos de prisão, Coma saúde debilitada, foi indultado econfinado na Ilha de Pinos. Deportado aEspanha em 1871, publicou El presidiopolítico em Cuba, o primeiro de muitosfo lhetos que advogavam pelaindependência cubana de Espanha.C o n c l u i u s u a e d u c a ç ã o n aUniversidade de Zaragoza, onde em1874 se licenciou em Direito e Filosofiae Letras. Anos mais tarde, viveu seudesterro na França, em 1875 mudou-separa o México onde se casou comCarmen Zayas Bazón, e em 1877 foi aGuatemala, onde ensinou por umtempo na Universidade Nacional.

Voltou a Cuba em 1878, mas foinovamente desterrado em 1879 pors u a s c o n t í n u a s a t i v i d a d e srevolucionárias. Viveu em Nova York,nos EEUU entre 1881 e 1895exercendo o jornalismo e tendof u n d a d o e m 1 8 9 2 o P a r t i d oRevolucionário Cubano, do qual foie l e i t o d e l e g a d o p a r a a l u t aindependetista. Neste ano fundou seujornal, Pátria.

Em 1895 na ilha de São Domingosredigiu o Manifesto de Montecristo, noqual pregou a guerra sem ódio, que foiassinado por Máximo General Gómez yBaez, o herói da independênciacubana. desembarcou com este emPlayitas, no leste de Cuba, onde morreuum mês mais tarde, em 19 de maio de1895, durante um combate com tropasespanholas em Dos Rios.

Como escritor Martí foi ump r e c u r s o r d o m o d e r n i s m oiberoamericano. Seus escritos incluemnumerosos poemas:

Ismaelillo (1882)Versos sencillos (1891)Versos libres (1892)a novelaAmistad funesta (1885)e ensaios.Em 1889 fundou e dirigiu a revista

para crianças "A idade do ouro" ondepublicou um texto sibre San Martin

Se destacou por seu estilo fluido,simples e suas vívidas imagenspessoais. Suas Obras Completas,formadas por 73 volumes, forampublicadas desde 1936 até 1953.

era mais a mesma: eram os temposdas duas Alemanhas. Num curto períodode tempo finalmente Brecht teve o seuteatro e o seu coletivo de trabalho: oBerliner Ensemble. Instalado no mesmoteatro que em 1928, antes da sua fuga,fez um enorme sucesso com a Ópera dosTrês Vinténs, é com essa companhia quefinalmente vai poder colocar em prática oseu trabalho. Em 1954 o BerlinerEnsemble faz a sua primeira grandeviagem pela Europa, e a partir daí o nomedo Sr. Bertolt Brecht passará a ser umdos nomes mais importantes para oteatro no século vinte.

Discutido, crit icado, atacado,perseguido. Entretanto uma coisa écerta: Brecht lutou durante toda a suavida pelos oprimidos. Claramenteassumiu posições de esquerda eprocurou colocar a luta de classes nopalco. Nunca de forma dogmática.Sempre buscando a dúvida dialética. Porisso para incontáveis teatreiros domundo inteiro ele não é Bertolt Brecht,mas sim o nosso companheiro detrabalho Brecht, ou b.b. como ele seassinava sempre em letras minúsculas.Um conpanheiro de luta, uma luta longa edifícil, que só terá fim quando não maisexistirem classes socias diferentes.Morre aos 58 anos no dia 14 de agosto de1956.

José Martí (1853-1895)

Bertold Brecht (1898-1956)

Brecht nasceu antes da virada doséculo, no dia 10 de fevereiro de 1898.Como ele mesmo disse viveu emtempos negros: viu a Primeira GrandeGuerra , v iu a Revo lução sermassacrada na Alemanha e seusl í d e r e s s e r e m b a r b a r a m e n t eassassinados, assim como milhares deoperários e também as liderançassindicais.

Viu a fome nos anos 20, viu aascensão de Hitler, viu a perseguiçãode perto. Em 1933 viu o incêndio doParlamento Alemão - o Reichstag - ecompreende que tinha chegado umanova era. Sabia que os própriosnazistas tinham colocado fogo noparlamento e colocado a culpa noscomunistas. As perseguições iamaumentar. Era hora de fugir.

A partir daí fugiu de país em país,sempre com a mala em cima doarmário, sabendo sempre que não erabem vindo. Finalmente nos EstadosUnidos sentiu na carne o que era aCaça às Bruxas. O anti-comunismoestava mais forte do que nunca no paísque se dizia a terra da liberdade.

A pesar de todas as perseguições -ou talvez justamente por elas - Brechtnunca parou de escrever. Escreveu detudo: poesia, teatro, ensaios, roteirosde cinema. Mas apesar da suaprodução ser enorme tinha grandesdificuldades para sobreviver: dinheirocurto, dificuldades com a língua ( porcausa das sucessivas mudanças depaís), e, sobretudo o constante rótulo -comunista.

Depois do fim da guerra volta parasuaAlemanha, mas sabe que ela não

GRANDES ESCRITORES DA HISTÓRIA

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CURSO “O BOM CAMINHO”

(continua)

Ensinança 14: Atitude Anímica

Muitos seres nobres trabalham nomundo pelo bem da humanidade. Sãosoldados de Deus que saem ao campode batalha e que não descansam nemdeixam de lutar até conseguirem avitória.

Aux i l iam os necess i tados,humilham os poderosos, elevam asclasses sociais, contribuem comnovos inventos científicos, preparameras de progresso.

Outros seres nobres participamtambém deste mesmo trabalho, masnão saindo para combater e simparticipando dos sofrimentos e dosdissabores da humanidade, ajudandocom sua participação para ailuminação da mesma.

Os Filhos devem adotar estaatitude anímica. Eles devem descer aocampo da dor e participar dela com oma is pu ro dos esp í r i t os decompanheirismo. Devem matar,sobretudo, a indiferença que é o maiordos pecados. E sentir - sentirintimamente - o peso do sofrimento domundo.

As almas nobres que hojecompreendem esta grande verdadedeixam de escrever livros, predicardoutr inas, fundar sociedades.Preferem ir viver com os mais pobres,trabalhar com os mais humildes,misturar-se com as raças maisdesprezadas para ajudar em suaredenção, participando.

Os Filhos que não podemparticipar diretamente nesta missãodevem conformar-se, enquanto isso, aparticipar com o coração e opensamento.

O Filho não deve conformar-secom teorias. Sem a prática, são elasum peso esmagador.

Comece pelas pequenas práticasde tolerância e de compaixão dentrodo destino que a vida lhe impõe. Olhetodos os seres com os quais tem queconviver com amor e paciência, tire desi todo o supérfluo e viva o maissingelamente possível, para estar, porsimilitude, em contato com os maispobres e necessitados.

F a ç a v i v a s u a d o u t r i n a ,part icipando animicamente daredenção da humanidade.

MEDITAÇÃO DO MÊSSANTIAGO BOVISIO

Nasceu na cidade de Bérgamo,ao Norte da Itália, no dia 29 desetembro de 1904 e, desde muitopequeno, manifestou extraordináriasfaculdades de clarividência eprofecia que, com o tempo, adisciplina e o conselho de instrutoresfísicos e astrais, alcançaram níveisexcepcionais.

Ainda jovem, ingressou naOrdem dos Cavalheiros do Fogo -ramo europeu (C.H.E.F.), emVeneza.

A 10 de janeiro de 1926, já com ograu de Cavalheiro Ordenado,fundou a União Savonaroliana emBuenos Aires. Mais tarde fundou,em Rosário, a UniversidadeEspiritualista Argentina, à qualaderiram grupos de diferentesorigens.

No dia 3 de março de 1937, juntocom três companheiros, fundouCafh, sigla da Sagrada Ordem dosCavalheiros Americanos do Fogo deHes.

Preparava-se para empreenderuma viagem terrestre às SerrasMadre de Dios, a noroeste de MachuPichu, para descobrir uma terra nãopisada por pés humanos - prometidaa Cafh pela Divina Mãe paraconstruir uma Comunidade Místicasecreta, OM HES, de SacerdotesOrdenados, para dirigir, desde ali, aobra americana da Nova Era deAquário (Hidrochosa) - quando amorte o surpreendeu num acidenterodoviário nos arredores de RioQuarto, na manhã de 3 de julho de1962.

FRASES- Confia na verdade, mesmo

que não sejais capazes decompreendê-la, mesmo queno começo vos pareça amargaa sua doçura.

- O louco que reconhece sualoucura possui algo deprudente; porém, o louco quese presume sábio esse estárealmente louco.

- O ódio nunca desaparece,enquanto pensamentos demágoas forem alimentados namente. Ele desaparece, tãologo esses pensamentos demágoa forem esquecidos.

- Se o telhado for malconstruído ou estiver em mauestado, a chuva irá entrar nac a s a ; a s s i m a c o b i ç afacilmente entra na mente, seela é mal treinada ou fora decontrole.

- Uma mente perturbadaestá sempre ativa, saltitandodaqui para lá, sendo difícil decontrolar; mas a mentedisciplinada é tranqüila;portanto, é bom ter sempre amente sob controle.

SAKYAMUNI

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11Especial IVporDiretor Presidentedo Laboratório Oswaldo Cruz

Dr. Héctor Enrique Giana

nazistas, Cassiano Ricardo fundacom Menotti del Picchia o grupo daBandeira, em 1937. Neste ano ainda foieleito para a cadeira número 31 daAcademia Brasileira de Letras, sendo osegundo modernista aceito na instituição(o primeiro havia sido Guilherme deAlmeida, que foi encarregado de recebê-lo).

Em 1950 foi eleito presidente dode São Paulo, e entre

1953 e 1954 foi chefe do EscritórioComercial do Brasil em Paris, vindo aocupar outros cargos públicos nos anosseguintes.

Sua obra passa por diversosmomentos; inicialmente apresenta-sepresa ao Parnas ian ismo e aoSimbolismo. Com a fase modernista,explora temas nacionalistas e depoisrestringe-se mais, louvando a epopeiabandeirante, detendo-se, em seguida,em temas mais intimistas, cotidianos, oumais próximos da realidade observável.

A partir da década de 1950, já noperíodo daquelas tendências que têmsido chamadas por alguns críticos desegunda vanguarda, aproximando-se dogrupo concret is ta das rev is tasNoigandres e Invenção, mostraclaramente o seu espírito, desde sempre,vanguardista. Em Jeremias sem-chorar,de 1964, Cassiano Ricardo mostra suagrande capacidade de reciclar-se,produzindo poemas tipográficos evisuais, sempre utilizando-se daspossiblidades espaciais da páginaescrita, sem perder suas própriascaracterísticas. Nas palavras do poeta,na introdução do livro, "Situa-se o poetanuma linha geral de vanguarda, naproblemática da poesia de hoje, mas assuas soluções são ni t idamentepessoais".

Cassiano Ricardo declarou que, overde-amarelismo, tendo resultado noIntegralismo, não haveria mais nada adizer-se a respeito. Eis aí uma causa deseu afastamento do verde-amarelismo e

Clube da Poesia

Detalhes sobre sua participação emgrupos e movimentos

Cassiano Ricardo

Cassiano Ricardo Leite

Biografia e produção poética

(São Josédos Campos, 26 de julho de 1895 — Riode Janeiro, 14 de janeiro de 1974) foi umjornalista, poeta e ensaísta brasileiro.

Representante do modernismo detendências nacionalistas, esteveassociado aos grupos Verde-Amarelo eda Anta, foi o fundador do grupo da

, reação de cunho social-democrata a estes grupos, tendo, suaobra se transformado até o final,evoluindo formalmente de acordo comas novas tendências dos anos de 1950 etendo participação no movimento dapoesia concreta.

Pertenceu às academias paulista ebrasileira de letras.

Formou-se em direito no Rio deJaneiro, em 1917. Rumando para SãoPaulo, trabalhou como jornalista emdiversas publicações, e chegou a fundaralguns jornais. Aproximou-se de MenottiDel Picchia e Plínio Salgado, à época daSemana de Arte Moderna de 1922. Em1924 fundou , revistamodernista. Em 1928 publica MartimCererê, importante exper iênciamodernista primitivista-nacionalista nalinha mitológica de Macunaíma (deMário de Andrade) e Cobra Norato (deRaul Bopp).

Afastando-se das ideias de PlínioSalgado, que por essa época jácomeçavam a descaracterizar-se comonacionais e pareciam-se mais comimitações imperfeitas de dogmas

Bandeira

A Novíssima

do grupo daAnta.Quando foi um dos editores da

revista concretista "Invenção", sofriauma certa rejeição do grande grupo, porsua oposição, no passado, à Oswald deAndrade. Além disso, Cassianoconsiderava, compreensivelmente, emfunção das diferenças de fundo entre apoesia concreta e a sua, os poetasconcretistas "radicais demais"[3]. Estesd e s a c o r d o s l e v a r a m a o s e uafastamento do grupo.

(1915)(1917)

(1920)

(1924)(1926)

(1927). Martim Cererê (1928)

(1931)(1930)

(1940)(1943)

(1947)(1950)

(1950)(1956)

(1956)(1957)

(1960)(1960)

. Jeremias sem-chorar (1964)(1971)

(1936);(1938);

(1939);(1940);

(1953);(1954);

(1959);(1962);

(1964)

Obras

Ensaio

· Dentro da noite· AFlauta de Pan· Jardim das Hespérides· A mentirosa de olhos verdes

· Vamos caçar papagaios· Borrões de verde e amarelo

· Deixa estar, jacaré· Canções da minha ternura· Marcha para Oeste· O sangue das horas· Um dia depois do outro· Poemas murais· A face perdida· O arranha-céu de vidro· João Torto e a fábula· Poesias completas· Montanha russa· Adifícil manhã

· Os sobreviventes

· O Brasil no original· O negro da bandeira· A Academia e a poesia moderna

· Marcha para Oeste· A poesia na técnica do romance

· O tratado de Petrópolis· P e q u e n o e n s a i o d e

bandeirologia· 22 e a poesia de hoje· Algumas reflexões sobre a

poética de vanguarda

ESCRITORES BRASILEIROS

Page 12: oswaldo cruz cultural-ed25

12

que achou pequeno o quarto, Quintanadisse: "Eu moro em mim mesmo. Não faz malque o quarto seja pequeno. É bom, assimtenho menos lugares para perder as minhascoisas".

Essa mesma amiga, contratada pararegistrar em fotografia os oitenta anos deQuintana, conseguiu um apartamento noPorto Alegre Residence, um apart-hotel nocentro de Porto Alegre, onde o poeta viveuaté sua morte. Ao conhecer o espaço, ele seencantou: "Tem até cozinha!".

Em 1982, o prédio do Hotel Majestic, quefora considerado um marco arquitetônico dePorto Alegre, foi tombado. Em 1983,atendendo a pedidos dos fãs gaúchos dopoeta, o governo estadual do Rio Grande doSul adquiriu o imóvel e transformou-o emcentro cultural, batizado como Casa deCultura Mario Quintana. O quarto do poeta foireconstruído em uma de suas salas, soborientação da sobrinha-neta Elena Quintana,que foi secretária dele de 1979 a 1994,quando ele faleceu.

Segundo Mário, em entrevista dada aEdla Van Steen em 1979, seu nome foiregistrado sem acento. Assim ele o usou portoda a vida.[6]

Faleceu em 1994 em Porto Alegre.Encontra-se sepultado no Cemitério SãoMiguel eAlmas em PortoAlegre.

Obra poéticaA Rua dos Cataventos

Sapato Florido

Caderno H

·Porto Alegre, Editora do Globo, 1940- Porto Alegre, Editora do

Globo, 1946

·Porto Alegre, Editora do Globo, 1948

- Porto Alegre,Editora Fronteira, 1950

- Porto Alegre, Editorado Globo, 1951

- Alegrete,Cadernos do Extremo Sul, 1953

- Porto Alegre, Editora doGlobo, 1962

·Porto Alegre, Editora do Globo, 1973

-Porto Alegre, Editora do Globo /Instituto Estadual do Livro, 1976

- Porto Alegre, Editora doGlobo, 1976

- Porto Alegre,Garatuja, 1977

·Canções

·O Aprendiz de Feiticeiro

·Espelho Mágico

·Inéditos e Esparsos

·Poesias

·Apontamentos de História Sobrenatural

·Quintanares

·A Vaca e o Hipogrifo

Mário QuintanaMário de Miranda Quintana (Alegrete, 30

de julho de 1906 — Porto Alegre, 5 de maio de1994) foi um poeta, tradutor e jornalistabrasileiro.Biografia

Mário Quintana era filho de Celso deOliveira Quintana e de Virgínia de Miranda,fez as primeiras letras em sua cidade natal,mudando-se em 1919 para PortoAlegre, ondeestudou no Colégio Militar, publicando ali suasprimeiras produções literárias. Trabalhou paraa Editora Globo, quando esta ainda era umainstituição eminentemente gaúcha, e depoisna farmácia paterna.

Considerado o "poeta das coisassimples", com um estilo marcado pela ironia,pela profundidade e pela perfeição técnica,ele trabalhou como jornalista quase toda a suavida. Traduziu mais de cento e trinta obras daliteratura universal, entre elas Em Busca doTempo Perdido de Marcel Proust, MrsDalloway de Virginia Woolf, e

, de Giovanni Papini.Em 1953, Quintana trabalhou no jornal

Correio do Povo, como colunista da página decultura, que saía aos sábados, e em 1977 saiudo jornal.

Em 1940, ele lançou o seu primeiro livrode poesias, , iniciando asua carreira de poeta, escritor e autor infantil.Em 1966, foi publicada a sua

, com sessenta poemas, organizadapor Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, elançada para comemorar seus sessenta anosde idade, sendo por esta razão o poetasaudado na Academia Brasileira de Letras porAugusto Meyer e Manuel Bandeira, que recitao poema , de sua autoria, emhomenagem ao colega gaúcho. No mesmoano ganhou o Prêmio Fernando Chinaglia daUnião Brasileira de Escritores de melhor livrodo ano. Em 1976, ao completar setenta anos,recebeu a medalha Negrinho do Pastoreio dogoverno do estado do Rio Grande do Sul. Em1980 recebeu o prêmio Machado de Assis, daABL, pelo conjunto da obra.

Mário Quintana não se casou nem tevefilhos. Solitário, viveu grande parte da vida emhotéis: de 1968 a 1980, residiu no HotelMajestic, no centro histórico de Porto Alegre,de onde foi despejado quando o jornal Correiodo Povo encerrou temporariamente suasatividades, por problemas financeiros[2] eQuintana, sem salário, deixou de pagar oaluguel do quarto. Na ocasião, o comentaristaesportivo e ex-jogador da seleção PauloRoberto Falcão cedeu a ele um dos quartos doHotel Royal, de sua propriedade.Auma amiga

Palavras eSangue

ARua dos Cataventos

AntologiaPoética

Quintanares

Vida pessoal

Esconderijos do Tempo

Antologias

·Porto Alegre, L&PM, 1980

- Porto Alegre -Editora do Globo, 1986

- Rio deJaneiro - Editora Globo, 1987

- Rio de Janeiro, Editora Globo,1987

- São Paulo, EditoraGlobo, 1988

- São Paulo, EditoraGlobo, 1989

- Porto Alegre,Mercado Aberto, 1990

- Porto Alegre, Artes e Ofícios,2011

- Rio deJaneiro, Ed. do Autor, 1966

- Porto Alegre, Editorado Globo, 1978

(Caderno H) -Porto Alegre, Editora do Globo /Riocell, 1978

- Porto Alegre,L&PM, 1979

-Buenos Aires, Calicanto, 1979

- Rio deJaneiro, Codecri, 1981

- Editora Abril,Seleção e Organização ReginaZilberman, 1982

(seleção e introdução deFausto Cunha)- São Paulo, EditoraGlobal, 1983

- PortoAlegre, Editora do Globo, 1985

- São Paulo,Editora Globo, 1986

- Porto Alegre,Coordenação do Livro e Literaturada SMC, 1990

- Porto Alegre, Artes eOfícios, 1994

- Porto Alegre,L&PM, 1997

- Rio de Janeiro, Nova Aguilar,2005

·Baú de Espantos

·Preparativos de Viagem

·Da Preguiça como Método de Trabalho

·Porta Giratória

·A Cor do Invisível

·Velório Sem Defunto

·Água

·Nova Antologia Poética

·Prosa & Verso

·Chew me up Slowly

·Na Volta da Esquina

·Objetos Perdidos y Otros Poemas

·Nova Antologia Poética

·Literatura Comentada

·Os Melhores Poemas de MárioQuintana

· Primavera Cruza o Rio

· 80 anos de Poesia

· Trinta Poemas

· Ora Bolas

· Antologia Poética

· Mario Quintana, Poesia Completa

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