Upload
others
View
17
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
¹Tharllis Wendreo Silva Trindade – Discente da Uninorte Laureate – [email protected]
² Mario Yuri Barros da Silva – Discente da Uninorte Laureate – [email protected]
³ Iremar Bezerra da Luz, MSc – Docente da Uninorte Laureate – [email protected]
OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS PRODUTIVOS, UTILIZANDO AS FERRAMENTAS
DA QUALIDADE, UM ESTUDO DE CASO EM UMA CHURRASCARIA DE GRANDE
PORTE SITUADA EM MANAUS
Tharllis Wendreo Silva Trindade ¹ Mario Yuri Barros da Silva²
Iremar Bezerra da Luz ³
RESUMO
A competitividade empresarial por uma fatia do mercado, estimula as
empresas a buscarem melhoria em seus processos para reduzir custos de produção
e ter poder de negociar valores se tornando competitiva. Várias companhias utilizam
as Ferramentas da Qualidade para melhorar seus processos de produção,
padronizando as operações para reduzir os erros e desperdícios. Esse trabalho foi
realizado com o objetivo de implementar as ferramentas da qualidade para redução
do consumo e desperdícios no processo produtivo de uma Churrascaria de Grande
porte em Manaus, utilizando as ferramentas PDCA, Gráficos de Controle,
Fluxograma, 5W2H, Procedimento Operacional Padrão, Relatório A3 e Ferramentas
de Lean Manufacturing. A partir da execução desse projeto a empresa reduziu seu
consumo em mais de 60% bem como os custos do setor de açougue, que obteve
uma redução de aproximadamente 35%, além da padronização das atividades
permitindo assim o maior controle do principal insumo da empresa, recomendo para
estudos futuros o impacto do coeficiente de beneficiamento de cada produto e qual
seu impacto no resultado final de consumo.
Palavras Chave: Ferramentas da Qualidade, Padronização, Melhoria de Processo
ABSTRACT
Business competitiveness for a market share encourages companies to seek
improvement in their processes to reduce production costs and have the power to
negotiate values by becoming competitive. Several companies use Quality Tools to
improve their production processes, standardizing operations to reduce errors and
waste. This work was carried out with the objective of implementing quality tools to
reduce consumption and waste in the production process of a large Steakhouse in
2
Manaus, using the PDCA tools, Control Charts, Flow Chart, 5W2H, Standard
Operating Procedure, Report A3 and Lean Manufacturing Tools. From the execution
of this project the company reduced its consumption by more than 60% as well as
the costs of the butcher sector, which obtained a reduction of approximately 35%, in
addition to the standardization of activities, thus allowing greater control of the main
input of the company, I recommend for future studies the impact of the processing
coefficient of each product and its impact on the final consumption result.
Keywords: Quality Tools, Standardization, Process Improvement
1. INTRODUÇÃO
O atual mercado competitivo transmite as empresas a necessidade de
atualizar-se, buscando tornar seus processos produtivos mais ágeis e com o menor
índice de perdas possível, minimizando seus custos e maximizando seus lucros. Uma
das maiores questões tratadas pelos gestores é quanto a utilização de recursos,
sejam materiais ou humanos.
Diversas organizações adotaram Ferramentas da Qualidade para controle de
processos, para avaliar os seus processos produtivos pois são ferramentas das
quais se obtêm resultados facilitando as tomadas de decisões, foi o que incentivou a
realização da pesquisa sobre o assunto e a aplicação das ferramentas no processo da
empresa.
Uma das principais ferramentas utilizadas foi o gráfico de controle, é utilizado
para controlar um desempenho do processo em um determinado espaço de tempo,
isto é, se os valores do processo apresentados estão dentro dos parâmetros pré-
definidos.
De acordo com Costa, Epprecht e Carpinetti (2014) quando se entende os
conceitos estatísticos envolvidos na sua formulação, os Gráficos de Controle são
realmente ferramentas estatísticas da qualidade para o monitoramento do processo,
possibilitando, além do conhecimento detalhado do processo, realizar grandes
intervenções neste.
Para a execução dos objetivos propostos nesse projeto, optou-se por
trabalhar com a ferramenta PDCA como uma proposta de melhoria continua, o projeto
3
se tornar um processo, planejando as atividades a serem executadas, colocando em
prática, checando os resultados e agindo de forma corretiva sobre as falhas
encontradas e começando novamente o ciclo, dando continuidade ao processo de
melhorias na empresa.
A empresa em desenvolvimento viu a oportunidade de realizar uma
padronização de algumas atividades envolvidas no processo, para isso foi
desenvolvidos POP’s, Procedimento Operacional Padrão, pois muitas atividades
desenvolvidas eram de conhecimento empírico, informações presas a um colaborador
da empresa o que muitas vezes impossibilitava o desenvolvimento de novos
profissionais e estagnava outros, mas uma vez que atividade desenvolvida apresenta
um padrão de execução, torna mais fácil e aplicável o conhecimento a novos
colaboradores. Observando a positividade de se padronizar um processo a empresa
estendeu essa atividade para diversos outros setores, otimizando seus processos e
reduzindo falhas durante as atividades, com as atividades padronizadas a empresa
tem a facilidade de operação, desenvolvendo os colaboradores e enxergando talentos
em seu quadro funcional.
A empresa em questão não possuía nenhum controle sobre os seus produtos
de maior representatividade, os produtos de açougue, que representavam em média
54% dos custos variáveis. Por este motivo foi necessário a implementação de um
controle sobre essa seção, visando uma redução de custos e melhoria sobre esse
processo.
O objetivo geral deste artigo foi a implementação de um controle sobre o
processo produtivo de uma churrascaria, no setor de açougue e churrasqueira, para
mensurar os níveis de consumo de bovinos, aves e suínos de acordo com o fluxo de
clientes.
Os objetivos específicos definidos foram a definição de uma meta para
redução do consumo, mensuração das perdas de processo, realizar a partir dos
consumos um plano de produção, usando a metodologia do ciclo PDCA como
ferramenta de gestão.
4
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 FERRAMENTAS DA QUALIDADE
Segundo Barbosa (2000) “as 7 ferramentas do controle da qualidade são
recursos a serem utilizados na aplicação da metodologia de solução de
problemas”.
“As ferramentas da qualidade têm um papel fundamental em uma
organização, com elas são identificados os problemas que ocorrem no processo e na
qualidade, e em cima destes problemas são aplicadas algumas ferramentas para
ajudar a identificar e resolver os problemas”.
De acordo com diverso escritores do tema, as 7 ferramentas da qualidade,
são instrumentos utilizados para guiar-se na solução de problemas, uma vez que
essas ferramentas transformam dados em informações e dessas informações
podemos fazer análises e tomar decisões mais precisas.
Para Corrêa e Corrêa (2008) “Ferramentas não resolvem problemas nem
melhoram situações, quem faz isso são as pessoas”. “As ferramentas da qualidade
têm como objetivo resolver problemas, mas para que isso ocorra precisa ter pessoas
capacitadas que conheçam a ferramenta que está aplicando”.
2.1.1 Fluxograma
O fluxograma apresenta de forma mais simples e visível o processo utilizado
para a realização de qualquer tarefa, tornando visual o fluxo de atividades a ser
seguido. Quase que invariavelmente são utilizados fluxogramas nos registros de
processos industriais.
De acordo com RAMOS (2006) “Grande parte da variação existente em um
processo pode ser eliminada somente quando se conhece o processo de fabricação.
Isto significa que a sequência de produção, ou etapas, influenciam na variabilidade
final das características do produto”.
2.1.2 Plano de Ação (5W2H)
Utiliza-se o 5W2H para assegurar e informar um conjunto de planos de ação,
diagnosticar um problema e planejar ações. Buscando facilitar o entendimento
através da definição de métodos, prazos, responsabilidades, objetivos e recursos.De
acordo com Zerano (2014), esta ferramenta surgiu nos meados da década de 1920,
5
nos Estados Unidos, na busca pela qualidade dos serviços e processos, como uma
estrutura pratica simples, rápido e de custo baixo e com mais eficiência e definição de
prazos.
2.2 METODOLOGIA DO CICLO PDCA
Em 1930, com autoria do estatístico Walter A. Shewhart que trabalhava na
Bell Laboratories, localizado nos Estados Unidos, foi desenvolvido a metodologia do
Ciclo PDCA. Este Ciclo, possui o objetivo principal de desenvolver uma filosofia de
melhoria contínua, de forma que o processo sempre esteja numa sequência de
avaliações buscando a otimização de forma incessante do processo ou problema em
questão.
O ciclo PDCA é uma composição de 4 módulos, iniciando com PLAN
(planejar) onde é realizada a identificação de situação problema, projeto de melhoria
ou definições de metas, analise dos fenômenos e do processo, desenvolvimento de
um plano de ação e dos métodos que serão utilizados para cumprimento das metas.
Segundo passo é o DO (executar), nesse módulo realiza-se o treinamento e
desenvolvimento dos colaboradores envolvidos no processo e aplicação do plano de
ação proposto, registrando as informações geradas no processo.
Os dados obtidos com realização do módulo DO são utilizadas para o
CHECK (verificar), onde ocorre a análise das informações executas comparadas com
o que foi planejado, observando se as metas foram atingidas.
O ciclo é concluído no ACTION (agir) onde existem duas possibilidades de
sequencias, uma é em caso de não ter alcançado as metas programadas, neste caso
deverão ser desenvolvidas medidas corretivas que possibilitem o alcance das metas
reiniciando o ciclo do processo, no caso do cumprimento dos objetivos a ação a
seguir é padronizar o procedimento e reiniciar o ciclo, como constante análise do
processo.
2.3 GRÁFICOS DE CONTROLE
São gráficos utilizados para verificação dos controles do processo, onde é se
devem definir três linhas paralelas, relacionando os limite superior que é o valor limite
da operação, a linha média dos dados e o limite inferior, a partir desses parâmetros é
possível avaliar o processo e depois identificar as causas das variações, com os
6
dados retirados a partir do controle das atividades é possível calcular as variáveis
estatísticas, como amplitude, média e variância.
Figura 1 - Gráfico de Controle
Fonte: MARQUES, José. FERRAMENTAS DA QUALIDADE
De acordo com Costa, Epprecht e Carpinetti (2014), a expressão variabilidade
do processo pode ser entendida como as diferenças existentes entre unidades
produzidas durante um processo específico.
2.4 PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO (POP)
O Procedimento Operacional Padrão (POP) é um conjunto de instruções
escritas que documentam uma rotina repetitiva dentro de uma organização, com a
finalidade de padronizar e facilitar a execução de atividades dentro da empresa.
Segundo Nogueira (2003) “Procedimento Operacional Padrão (POP)
descreve cada passo crítico e sequencial que deverá ser dado pelo operador para
garantir o resultado esperado da tarefa”.
3. ESTUDO DE CASO
3.1 Materiais e Métodos
A construção deste artigo tomou como base nos estudos desenvolvidos no
campo de conhecimento das Ferramentas da qualidade, as referências bibliográficas
utilizadas foram de escritores da área, livros, artigos científicos, aulas, seminários,
sites, revistas e conversas com Mestres e Doutores da área.
Adotou-se como estratégia de pesquisa o Estudo de Caso, é um método
qualitativo que consiste, geralmente, em uma forma de aprofundar uma unidade
7
individual de estudo.
Para entender o processo houve a necessidade de acompanhar todo ciclo do
produto dentro do estabelecimento, desde o pedido de compra até o destino final, que
nesta operação existiam 3 possibilidades de fim, o ciclo perfeito seria a consumo da
carne pelo cliente, o segundo destino seria a cozinha onde se realiza o
reaproveitamento da carne em outros pratos como pastel, farofa entre outros, e o
ultimo e menos interessante destino seria o descarte.
A churrascaria não possuía nenhum controle interno de informações sobre o
fluxo dos produtos, as únicas informações que chegavam até a administração da
empresa eram os pedidos de compra, onde o responsável pelo açougue repassava
um relatório com o estoque atual da Câmara de congelados e quais seriam as
necessidades de compras, após isso o setor de compras executava o pedido ao
fornecedor, foi observado que não existe controle sobre o principal produto da
empresa, sendo o setor de Açougue responsável por 54% do orçamento de compras
da empresa, observou-se uma necessidade de aprimorar o funcionamento daquela
operação com a finalidade de reduzir custos.
Foi necessário conhecer a operação in loco para entender os detalhes do
seu funcionamento e a peculiaridade de cada etapa, durante uma semana os
procedimentos foram acompanhados e anotados buscando qual a causa raiz do
problema naquele setor, foi verificado que a falta de padronização das atividades e
a falta de controle dos gestores anteriores, levaram a uma acomodação e falta de
zelo dos colaboradores do setor.
A partir da análise realizada, a equipe de gestão optou pela implementação
de ferramentas da qualidade e uma filosofia de Lean Manufacturing, redesenhando
o processo e redistribuindo as suas responsabilidades.
Como ferramenta para auxiliar o entendimento do processo, foi elaborado
um fluxograma definindo cada fase do processo e o setor executante conforme
demonstra figura 3, neste fluxograma ficaram definidos as atividades que cada um dos
envolvidos iria realizar, o compras se tornaria responsável a partir de então apenas
pela cotação do melhor preço de compra, o setor fiscal pela entrada de forma correta
da nota no sistema, observando a variação da unidade de medida e preço do produto,
alertando ao compras sobre a disponibilidade de recurso dentro do orçamento, o
estoque se encarrega do controle de entradas e saídas do produto obedecendo o
sistema de gestão de estoque PEPS (primeiro que entra é o primeiro que saí) como
8
forma de zelar pela qualidade e validade do produto, foram criadas requisições
internas onde o açougue solicitava o produto de produção ao estoquista, a última
etapa do processo eram as saídas das carnes para a churrasqueira, nessa etapa do
processo foi desenvolvido um controle de consumo, que controlava o fluxo do produto
após a saída do açougue.
Para um melhor desempenho da operação foram criados Procedimentos
Operacionais Padrão (POP), tornando a atividade de cada colaborador padronizadas,
evitando erros durante o processo produtivo, tendo em vista que cada colaborador
tinha sua função definida e padronizada isso tornava muito mais fácil o
desenvolvimento de novos profissionais.
Foram realizados inventários com a finalidade de ajustar o estoque, uma vez
que o mesmo não era devidamente alimentado no MRP da empresa, foi criado
também um procedimento de conferencia semanal, para que em caso de erros, a
empresa tivesse uma observação com mais velocidade, também foi desenvolvida
uma planilha eletrônica com o auxílio do software Microsoft Excel, onde seriam
realizados os apontamentos do envio de carnes a churrasqueira e o retorno das
mesmas, visto que a casa trabalha com sistema de rodízio, o que caracteriza uma
produção empurrada.
Tendo em vista que a empresa trabalha com um modelo de produção
empurrada, era necessário criar indicadores, onde fossem possíveis se obter uma
estimativa de vendas para poder estipular um fluxo de produção.
A partir desse pensamento e com a planilha de controle de consumo em
atividade, foram criados indicadores de consumos e partir deles foi possível definir
um consumo médio para cada dia da semana, entendendo também a necessidade
de se adequar a feriados e datas comemorativas.
Se tornou possível realizar planejamento de compras de acordo com a
previsão de demandas, observando a média do consumo que após alguns meses
de atividades começou a se padronizar, também foi desenvolvido um gráfico de
controle que continha os limites máximos e mínimos do processo, o limite mínimo
se dá a da consolidação da informação, após um estudo sobre os indicadores de
consumo foi possível determinar um valor mínimo de consumo para que o relatório
esteja com informações precisas, pois apenas seria possível um valor abaixo do
limite mínimo se informação sobre reposições de insumo não fossem preenchidas
nas folhas de verificações.
9
Figura 2- Fluxograma de Informações do Consumo de Carne
Fonte: Autor
Para chegar a esses resultados foi necessário sempre observas os erros
durante a implementação desse novo processo, o que havia sido planejado e não
ocorreu como planejado, para que isso fosse possível a ferramenta PDCA foi de
fundamental importância, todos os dados foram trabalhados de acordo com a
ferramenta, o primeiro passo foi a visualização do processo e a identificação do
problema, seguido de planejar ações de melhoria para então aplica-las, verificar os
resultados, corrigir as falhas e agir de maneira corretiva.
Desenvolveu-se um relatório A3 onde foi aplicado um plano de ação para
reduzir o consumo e estandardizar as atividades, com intuito de tornar as informações
confiáveis para tomadas de decisões.
Houve a definição de metas, ferramentas e a metodologia de trabalho,
criando uma padronização do serviço, onde mesmo que um colaborador chave falte
outro consiga executar suas funções, a realização de treinamentos e reuniões
expositivas para que os colaboradores se adequassem a nova forma de trabalho da
empresa, tendo em vista que a empresa possui 37 anos e a 2 anos iniciou um
processo de sair do status de administração familiar para uma administração
corporativa.
Os modelo de requisições foram revisados para que as baixas e transferência
10
pudessem ser realizados de maneira mais ágil no MRP da empresa, durante esse
processo de renovação foi sempre analisado formas de trabalho que facilitassem os
controles e não interferissem de forma negativa nas atividades operacionais, sempre
buscando maneiras de adequar os controles as rotinas operacionais de cada
colaborador.
O relatório A3 era exposto de no mural de aviso semanalmente apresentando
os resultados atingido pelas equipes do açougue e churrasqueira que foram
estimulados com metas de redução de desperdício, também constava o pontos a
serem melhorados e o plano de ação para ser executado durante a semana, também
era demonstrado no relatório qual era o objetivo daquelas atividades e quais as metas
a serem alcançadas para que pudéssemos chegar no objetivo final, isso despertou o
engajamento dos colaboradores daqueles setores, entendo que uma vez atingindo
seus objetivos eles seriam bonificados, instaurou-se uma rotina de verificação para
evitar atitudes fraudulentas que burlassem os controles para que atingissem a meta
no papel, desta forma o supervisor da casa era responsável por acompanhar o
procedimento de pesagem na abertura e fechamento do restaurante.
3.2 DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO
O objeto de estudo foi um grupo de restaurantes tradicionais na cidade de
Manaus com 37 anos de mercado que está em um processo de transição, onde está
deixando de ser uma empresa com Administração familiar.
Atualmente essa empresa possui aproximadamente 360 colaboradores e 3
unidades operacionais que trabalham em 3 formas diferentes de atendimento, rodízio,
buffet a quilo e buffet livre.
Foco do estudo foi na casa que trabalha com o sistema rodízio, trabalhando
nos setores de açougue e churrasqueira, devido ao alto impacto nos custos da
empresa, porém foi necessário a restruturação também de setores administrativos
que participavam e influenciavam nessa atividade, a sensação dos gestores era que
haviam muitos desperdícios dentro do processo produtivo e que a produção acima do
necessário gerava perdas de qualidade no produto ou até mesmo descartes e
extravio dos produtos.
O ponto de partida foi a compreensão do processo produtivo trabalhado e o
fluxo de informações que ele gerava, entender como eram formulados os pedidos de
11
compras do Açougue e quais os controles existente, conhecer quem eram os
responsáveis e como eles executavam suas atividades diárias, identificar os produtos
trabalhados, verificar o espaço de armazenamento.
A partir desse direcionamento foram criadas fichas de verificação, onde os
colaboradores do açougue e churrasqueira realizavam apontamentos todos os dias
sobre as quantidades de carne processadas e enviadas a churrasqueira, bem com o
retorno de carnes para a câmara de resfriamento, também foram desenvolvidas
rotinas para o controle de estoque e planejamento de compras, a partir desses
parâmetros e também o fluxo de clientes, esses dados eram replicados em uma
planilha do Excel onde existe um conjunto de formulas que atuava de maneira a
sanar todas as necessidades de interpretação do processo produtivo e apresentar
indicadores que facilitassem a tomada de decisões.
Com o desenvolvimento desse trabalho foi possível identificar a média de
consumo por cliente da casa, conforme mostra figura 3, porém os números foram
alarmantes nos primeiros dias de controle, foi detectado um consumo médio de
1097g por cliente e se fez necessário realizar um plano de ação para reduzir esse
consumo e identificar quais eram os principais fatores de variância.
Foram realizadas reuniões com as equipes, instruções e treinamento com o
auxílio de profissionais da área de alimento, participando as informações técnicas da
área de açougue e churrasqueira, assim como as informações administrativas
referentes a controle do processo produtivo.
Ao final de um mês do controle do processo produtivo, usando a ferramenta
carta de controle, verificou-se a existência de vários pontos acima do limite superior
conforme demonstrado na figura 3.
A partir dos resultados obtidos com foi possível realizar uma previsão de
demanda, e construção de um plano de produção, assim os setores produziriam
apenas o que estava dentro da demanda do dia, em caso de reservas ou movimentos
fora da curva existia um limite de tolerância, e com um bom planejamento para não
afetar a experiencia do cliente. De acordo com os dados de controle do primeiro mês
foi possível também entender quais são as perdas naturais do processo, quando a
matéria-prima carne é comprada, vem em estado congelado, durante a fase de
processamento a carne sofre um descongelamento, onde identificou-se a perda
média de 15%, ainda no processamento a algumas carnes passam pelo processo de
limpeza, onde ocorre uma perda média de 5% a 7% dependendo do corte de carne e
12
por último a carne sofre um beneficiamento na churrasqueira que gera em média 5%
de perda da matéria-prima. Com esse conhecimento é possível mensurar quais são
as perdas naturais de processo e o quais são as perdas por desperdícios.
Figura 3 - Gráfico de Controle de Consumo
Fonte: Autor
3.3 ANÁLISE DOS DADOS
A avaliação dos dados foi realizada de maneira quantitativa e qualitativa,
buscando entender a complexidade do processo produtivo em todas as suas etapas,
desde o pedido até a venda e adequá-lo e também o melhorar para que essa
otimização seja refletida nos custos do setor. A planilha desenvolvida gera relatórios
que facilitam e dão velocidade as análises, fornecendo ferramentas para a tomada de
decisão dos gestores.
A utilização do Microsoft Excel tornou mais rápida a interpretação e leitura dos
relatórios, esses relatórios eram diariamente reportados a controladoria e diretoria da
empresa. As planilhas foram formuladas para realizar a interpretação do quanto cada
cliente consumia em gramas em um determinado dia, nela eram imputados os dados
de saída da câmara congelada para churrasqueira e o retorno da churrasqueira para
a câmara refrigerada, desse valores eram descontadas as taras dos espetos
automaticamente na planilha, deveriam também ser indicado as aparas de carne, e
quantidade de rodízios no dia, a partir desses dados era possível identificar um
consumo médio entre os clientes.
Foi desenvolvida também uma planilha de produção, onde eram vinculadas
informações de produção e baixas de estoque, nessa os colaboradores do açougue
alimentavam com informações como quantidade retirada do estoque, perdas no
degelo, perdas com limpeza, total de espetos produzidos e estoque de semiacabados,
13
baseado nesses dados foi possível obter um maior controle sobre o estoque do
açougue e observar todo o fluxo do produto dentro da empresa, dessa maneira os
índices de acuracidade do estoque de carne subiu o percentual de 73% para 96% até
a última execução de conferência, o projeto é que chegue a 99% de acuracidade até
março de 2019.
Para a empresa o aumento de acuracidade de estoque e um controle mais
efetivo sobre os procedimentos de produção representaram uma redução num total
acumulado de R$ 88.795,50 em compras de produtos, entre maio e outubro, gerando
uma economia média R$ 14.799,35 por mês durante o período estudado, foi
considerada uma redução satisfatória, porém a empresa busca reduzir ainda mais
seus custos com relação a perdas em seus processos produtivos.
3.4 RESULTADOS OBTIDOS DO ESTUDO DE CASO
Após 6 meses de implantação dessas ferramentas obtivemos uma redução
real de 60,27% no consumo médio por cliente, criando uma estabilização dos
valores de consumo em números que refletem melhor a realidade, o comparativos
dos meses por corte na figura 4, esta ação resultou na redução dos custos de compra
do setor de açougue em 34,78%, e melhorou a acuracidade dos estoques da empresa
devido a padronização das atividades executadas, com as informações levantadas
durante o processo foi possível desenvolver POP’s (Procedimentos Operacionais
Padrão) para os colaboradores ligados a esses setores, tornando assim mais fácil o
desenvolvimento dos colaboradores e padronizando as atividades executadas na
empresa, muitas informações coletadas durante esse processo, eram informações
empíricas, que apenas o executor da atividade tinha conhecimento, com isso era
comum que o colaborador tivesse uma longa estada na mesma função, devido à
dificuldade de substitui-lo e não permitindo assim que o mesmo tenha uma ascensão
a um cargo mais alto.
A empresa começou a identificar os desperdícios e perdas ligados ao setor e
em alguns casos alterou marcas utilizadas, devido a questões de rendimento, foi
observado que alguns produtos que apresentavam um preço inferior não tinham o
rendimento esperado, alguns produtos tinham perdas de até 11kg por caixa, enquanto
a marca com o valor de compra mais elevado apresentava uma perda média de 4kg,
com isso o produto que inicialmente apresentava um valor mais alto era o que
14
apresentava um menor custo benefício, tais observações ajudaram a melhorar o
processo de compras da empresa.
Quando se trabalha com carnes congeladas, é impossível ter zero de perda,
pois os produtos passas por um descongelamento, e no caso de alguns cortes de
carnes, passam por uma limpeza, essas perdas inevitáveis equivalem em média a
15% do peso bruto do produto, em alguns casos foram identificados perdas de mais
de 30%, o caso do coração de frango de um determinada marca que possui um preço
de compra inferior ao da sua concorrente, porém o rendimento final da concorrente
era superior ao dela em mais de 20%, a empresa optou por comprar a marca mais
cara, mas que apresentava o melhor custo-benefício.
Os novos controles possibilitaram a empresa a realizar um planejamento de
compras de acordo com sua previsão de demanda o que tornava mais eficiente a
execução de um orçamento, tornando muito mais eficiente para o controle do centro
de custos Açougue, pois com o alinhamento da informação qualquer pequeno desvio
de consumo era diariamente revisado, tornando muito mais rápido uma ação de
contingenciamento de recursos, além de dividir responsabilidades que antes se
concentravam em dois setores que trabalhavam de maneira executiva, “faltou,
comprou” com este novo processo a empresa já inicia o mês com a previsão de
gastos daquele setor, não que aquele fosse um valor engessado, pois como se
trabalha em um modelo de previsão de demanda o fluxo poderia ser maior do que o
previsto, com isso o aumento do valor seria justificado com um maior volume de
vendas de acordo com a análise do consumo médio de carnes por clientes em
comparação a fluxo de clientes, essa integração das compras de açougue com
orçamento mensal foi um dos fatores que mais ajudou na visualização do resultado
desse projeto.
Atualmente a empresa estendeu a utilização do ciclo PDCA para diversas
outras atividades, tendo em vista que ele impulsiona a empresa para um sistema de
melhoria continua sempre aprimorando os processos e revisando cada passo em
busca de novas oportunidades de melhorias, dessa maneira a empresa não fica
estagnada, continua atuando de maneira a se desenvolver e desenvolver também
seus colaboradores com treinamentos, palestras, cursos e diversas outras atividades
que venham gerar valor aos colaboradores e consequentemente a sua marca, pois
trabalha com profissionais motivos com seu desenvolvimento profissionais, que
conhecem a importância das suas atividades dentro da empresa.
15
Comparativo de consumo DESCRIÇÃO MAI JUN JUL AGO SET OUT CONTRA FILÉ 79,80 35,59 32,52 38,21 36,35 38,59 ALCATRA 53,86 45,00 37,69 39,41 39,70 39,52 CARNE DE SOL 95,14 31,32 28,74 24,07 23,70 23,15 COSTELA MINGA 125,67 70,45 61,32 49,11 54,22 57,37 CUPIM 78,80 38,28 33,79 29,59 32,16 34,38 FRALDÃO 98,35 33,74 28,74 30,88 27,66 29,78 LINGUA BOVINA 73,84 21,04 17,00 19,33 17,67 16,90 MAMINHA 72,34 65,46 54,59 56,98 56,09 46,90 LINGUIÇA SUINA 16,12 17,55 17,30 17,75 11,82 12,19 CORAÇÃO DE FRANGO 54,03 52,53 52,54 47,28 48,91 53,36 COXA DE FRANGO 15,48 19,26 14,14 12,17 12,95 14,19 LINGUIÇA DE FRANGO 65,14 21,00 18,41 17,93 16,43 15,52 PÃO COM ALHO 13,22 20,61 16,96 17,58 10,03 8,38 CAPA D E FI LÉ 89,24 1,37 6,76 11,63 15,99 22,46 LOMBO SUINO 85,35 49,55 6,76 3,07 13,51 4,41 CHULETA AO ALHO 49,50 27,00 1,99 4,05 12,68 6,34
1065,87 549,77 429,26 419,03 429,87 423,44
Figura 5 – Tabela de consumo por cliente
Fonte: Autor
4. CONCLUSÃO
O tema escolhido é de grande impacto para a empresa, porém a solução
deste problema trouxe benefícios não somente em recursos financeiros, como
também em recursos humano, foi possível desenvolver todos os colaboradores
envolvidos, tornando uma equipe pouco envolvida com os procedimentos da empresa
em colaboradores proativos que buscam soluções para problemas sistemáticos.
Este trabalho teve como objetivo a definição de uma meta para redução do
consumo, mensuração das perdas de processo e realizar a partir dos consumos um
Figura 4 - Gráfico de Consumo por cliente
Fonte: Autor
16
plano de produção, usando a metodologia do ciclo PDCA como ferramenta de gestão,
os resultados quanto ao trabalho foram satisfatórios uma vez que todo seu
planejamento foi posto em prática, no desenvolvimento do trabalho é possível
identificar a importância da melhoria do processo em questão, e o impacto gerado na
solução dos pontos principais.
Os resultados obtidos com esse caso, mostram a capacidade de adaptação
de novos processos a empresas em desenvolvimento, também é visível dinamismo
existente na Engenharia de produção e suas ferramentas do conhecimento, e como a
aplicabilidade dessas ferramentas de gestão não se limitam a um ambiente fabril.
A utilização das ferramentas da qualidade trouxe uma visão com indicadores
e uma linguagem de sistema de informações gerenciais, tornando a tomada de
decisões muito mais eficaz para empresa, uma vez que se tem números e a empresa
pode avaliar a melhor escolha com embasamento.
As Ferramentas da Qualidade aplicadas nesse processo produtivo tiveram
grande eficácia na identificação do problema, na formulação da solução, bem como
nas tomadas de decisões, permitiu-se reagir aos impactos em tempo hábil reduzindo
as perdas causadas por falhas do processo.
Portanto este estudo alcançou os objetivos nele proposto, com base que
reuniu conhecimentos teóricos sobres os assuntos desenvolvidos e conseguiu de
maneira eficaz colocar em prática de maneira a solucionar os problemas identificados
como objetivos da pesquisa.
A utilização do Ciclo PDCA permitiu ter uma visão expandida dos
planejamentos realizados, da sua execução, das falhas e das contramedidas, sua
aplicação da forma correta logrou em um resultado positivo ao projeto proposto.
Porém existem fatores que ainda não estão totalmente alinhados e geram pequenos
desvios dentro do gráfico de controle, e deixo como desafio para estudos futuros um
modelo de controle para o produto semiacabado, ou seja, a carne processada
aguardando ir para frente de loja.
17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARQUES, José. FERRAMENTAS DA QUALIDADE. Disponível em:
<http://www.mccpconsultoria.com.br > Acesso em: 17 de novembro de 2018.
CAMPOS, V. F. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia. Belo Horizonte: Editora Fundação Christiano Ottoni, 1996. CORRÊA, H.L; CORRÊA, C.A. Administração de Produção e Operações: uma abordagem estratégica. 2. ed.3 reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. FREITAS, A.G; SANTOS, A.M. APLICAÇÃO DO LEAN MANUFACTURING NA MELHORIA DO PROCESSO DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS EM UMA REDE FAST FOOD EM MANAUS. Disponível em: < https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/aplicacao_do_lean_manufacturing_na_melhoria_do_processo_de_manipulacao_de_alimentos_em_uma_rede_fast_food_em_manaus_0.pdf > Acesso em: 02 de dezembro de 2018. COSTA, A. F; EPPRECHT, E. K; CARPINETTI, L. C. Controle Estatístico De Qualidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2014. NOGUEIRA LCL. Gerenciando Pela Qualidade Total Na Saúde. 4ª ed. Belo Horizonte (MG): Editora de Desenvolvimento Gerencial; 2003.