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MINHA HISTÓRIA DE PERDÃO E CURA

STORMIE OMARTIAN

Traduzido por MARIA EMÍLIA DE OLIVEIRA

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Sumário

Agradecimentos 7Querida leitora 9

1. Paralisada pelo mal 132. A grande fuga 253. Mergulhando mais fundo 414. Vivendo nas trevas 495. Desespero mortal 636. Dificuldade com compromissos 777. Escolhas para a morte 898. Verdade sem liberdade 1039. Encontrando a única luz verdadeira 109

10. Nenhuma culpa por associação 11711. O encontro com o Libertador 12512. As chaves para as portas do reino 14113. Saindo das trevas 14714. Um comportamento abusivo inesperado 15315. Milagres jamais imaginados 16716. Rancor oculto 17917. A paz que excede todo o entendimento 18718. Confrontando o passado 203

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6 Minha história de perdão e cura

19. A perseguição 20920. Mudança para a terra prometida 21521. Terminando no deserto 22322. O abalo gigantesco 23123. A grande reviravolta 23724. A experiência de ver a morte de perto 25125. Na saúde e na doença 26126. Um lugar seguro 26927. Permanecendo na luz 27528. Assim o digam os redimidos 281

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Querida leitora

Durante meus primeiros trinta anos de vida, acreditava que ninguém tinha mais cicatrizes emocionais que eu. Hoje sei que mais pessoas se sentem assim. Depois que comecei a escrever livros e tornei pública minha história de vida, mui-tas pessoas destrancaram as portas do esconderijo de sua alma para me contar histórias semelhantes à minha. Todas eram muito dolorosas, e algumas, terríveis. Na verdade, mui-tas histórias eram tão chocantes que era difícil até pensar nelas. Eu nem tinha ideia da existência dessas pessoas sofre-doras, muito menos que havia um número tão grande delas. Erroneamente, eu pensava ser a única.

Talvez você não entenda por que eu não sabia da existên-cia de tantas pessoas que foram destruídas emocionalmente em razão do que lhes aconteceu ou dos erros que elas come-teram. É porque, na época, ninguém falava dessas experiên-cias negativas. Essas pessoas guardaram segredo por causa da infeliz e tradicional ideia de que os outros não iriam acre-ditar nelas, ou de que as culpariam e não às circunstâncias, ou de que as julgariam por, supostamente, terem participado da situação. Vivíamos na era das trevas quando pensáva-mos dessa maneira sobre o sofrimento emocional. E, embora não estejamos inteiramente na era da luz hoje, estamos bem melhor que antes.

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10 Minha história de perdão e cura

Nem todo estrago emocional acontece na infância. As pes-soas podem ter vivido uma fase de crescimento maravilhosa e, ainda assim, ter cicatrizes adquiridas mais tarde na vida, por causa de indivíduos abusivos que lhes infligiram uma marca de crueldade, ou pelas decisões erradas que elas mesmas toma-ram, ou ainda por tragédias de qualquer tipo. Seja qual for a razão, elas precisam ser tiradas das trevas e trazidas para a luz.

Esta é a história de minha luta para vencer o estrago emo-cional causado pelo abuso que sofri na infância e pelo desgosto de saber que havia também dentro de mim a possibilidade de cometer esse tipo de abuso. Mas você não precisa passar por nada disso para identificar-se com a restauração milagrosa que experimentei. Seja qual for o sofrimento, a decepção ou a situação que a colocou num lugar escuro em sua vida, há uma maneira de sair dele para ver a luz da cura e restauração.

Nunca tive a intenção de culpar ninguém pelo que me aconteceu no passado. É fácil demais apontar os erros de alguém, porque todos nós erramos. E, pelo fato de nenhum pai ou nenhuma mãe serem perfeitos, é cruel e injusto responsabi-lizá-los a vida inteira pelos erros que cometeram. Precisamos esquecer essas coisas e assumir a responsabilidade pela vida que temos agora. Precisamos prosseguir. Meu objetivo é apontar--lhe, leitor ou leitora, a fonte de toda restauração e plenitude.

Esta é uma história verdadeira, mas alguns nomes foram modificados para proteger a privacidade das pessoas. Nesses casos, há um asterisco (*) após a menção do nome.

Escrevi sobre algumas coisas que aconteceram durante os primeiros 35 anos de minha vida num livro intitulado Stormie, publicado em 1986. Comecei a história no momento mais decisivo de minha vida, quando iniciei minha subida para sair das trevas. Decidi começar de novo, do ponto das trevas mais intensas em que vivia, a fim de explicar completamente o que me levou a reconhecer minha condição e buscar ajuda. Os fatos são como são, e não posso omiti-los porque serão cruciais para o resto da história. Os 37 anos que se seguiram daquele ponto até o dia de hoje são todos novos, e muitos deles não mencionei em

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11Querida leitora

público antes. Sinto, porém, que a história toda deve ser con-tada desde o começo para provar que, tão logo reconhecemos a escuridão em sua essência, é possível sair dela e encontrar a luz para o resto de nossa vida.

Este livro gira em torno de minha vida, porém, além de falar de mim, fala também de viver nas trevas e encontrar a luz verdadeira. Todas nós estivemos lá, de uma forma ou de outra. Em razão do número enorme de pessoas que passa-ram por experiências semelhantes ou mágoas muito maiores que a vivida por mim, e em razão de muitas terem desistido da esperança de ser curadas, estou contando minha história para que elas também encontrem uma forma de sair das tre-vas do passado e percorram o caminho de cura e plenitude que as aguarda. Necessitei desesperadamente de restauração e a encontrei. Além disso, encontrei uma transformação que jamais imaginei ser possível. Se eu a encontrei, qualquer um que queira também poderá encontrá-la.

Tenho orado continuamente para que este livro traga cura, livramento, restauração, transformação e senso do propósito sublime que Deus tem para cada pessoa que o ler. Desejo que todos recebam tudo isso, e que Deus os abençoe.

Com muito amor,

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Paralisada pelo mal

Nunca imaginei que viveria tanto assim. Pensava que iria morrer antes de chegar aos quarenta. E com certeza nunca imaginei que escreveria este livro. Sempre adorei escrever, desde o dia em que consegui segurar um lápis. Escrevia peças de teatro, histórias, ensaios, canções e poemas. Havia algo em mim que tornava impossível não escrever.

Para mim, escrever é como respirar. Aliás, sinto-me sufo-cada quando não tenho tempo para escrever alguma coisa todos os dias. A escrita sempre trouxe liberdade ao meu coração e à minha alma, e paz à minha mente torturada — mesmo que temporariamente. Escrevia em diários e periódicos sobre as coi-sas que me aconteciam e sobre as emoções negativas que eu lutava para superar. A escrita me libertava e me mantinha viva.

Tentei com todas as forças superar minha situação e sair dela. Perguntava-me: “Por que não posso ser como as outras pessoas que nunca tiveram de lutar como eu?”. Lembro-me claramente do dia, quando eu tinha vinte e poucos anos, que se tornou o momento decisivo de minha vida. Começou com uma tragédia terrível para outras pessoas, que me afetou gravemente.

Acordei tarde naquele dia. Eram dez horas e os raios for-tes do sol atravessavam as frestas da persiana do quarto. Meu coração bateu mais forte quando abri os olhos. O ar abafado indicava que o dia já estava quente. Durante as ondas quentes

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da Califórnia, típicas de agosto, meu apartamento pequenino, de dois cômodos, nunca refrescava o suficiente. Não havia ar-condicionado e era muito perigoso deixar as janelas aber-tas, mesmo que fosse uma fresta.

Deitei-me de costas em meu sofá, usado também como cama de solteiro, e coloquei a cabeça no travesseiro. Exausta depois de uma noite de sono muito agitado, estava zonza demais para me levantar.

Ao voltar para casa na noite anterior, por volta de meia--noite, havia encontrado mais uma rosa na maçaneta da porta da frente. Era a décima rosa consecutiva colocada ali depois do anoitecer, e aquilo estava começando a me incomodar. A prin-cípio, imaginei ser um gesto lisonjeiro de um admirador secreto, mas agora estava me assustando. Só alguém com uma mente doentia continuaria a praticar esse ritual estranho dia após dia sem se identificar. Fazia tempo que eu sofria de insônia, e aquilo não estava ajudando.

Trabalhara até tarde da noite anterior gravando mais um episódio de The Glen Campbell Goodtime Hour, um dos pro-gramas de maior audiência na época. Depois de ter sido contratada como uma das quatro cantoras que dançavam regu-larmente no programa de Glen, também me tornara atriz coad-juvante de comédias. Trabalhar com os diferentes atores que a cada semana eram convidados era sempre um desafio, princi-palmente porque sempre parecia não haver tempo suficiente para os ensaios, e eu sofria de uma dúvida crônica sobre minha capacidade. A gravação diária diante de um auditório lotado começava de madrugada e avançava noite adentro. Antes, eu me empolgava com tudo aquilo, mas ultimamente só sentia medo e exaustão. O problema não era com a produção. Glen e seu pessoal eram sensacionais. O problema era comigo.

Sentei na cama novamente, dessa vez devagar, e estiquei o corpo até o outro lado da cama para ligar a televisão. Não gos-tava muito de ver televisão porque temia entorpecer a mente de maneira irreversível. Mas, naquela manhã, resolvi ligar o aparelho para esquecer o problema das rosas.

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15Paralisada pelo mal

A tela foi tomada por um noticiário relatando a morte por esfaqueamento da atriz Sharon Tate e de outras quatro pes-soas em Benedict Canyon naquela noite. O local não ficava longe de meu apartamento! Era comum eu passar de carro nas redondezas e pela rua onde ela morava. O horror tomou conta de mim quando ouvi os detalhes do que tinha acontecido. Não conhecia Sharon e seus amigos pessoalmente, mas sabia quem eram. O assassinato deixaria qualquer um apavorado, mas o que comecei a sentir foi mais que pavor. O medo cres-cente dentro de mim estava me paralisando.

Eram as facas. Sharon Tate havia sido esfaqueada! Sempre tive um medo irracional de facas. Desde que me entendo por gente, sempre tive pesadelos recorrentes nos quais eu era esfa-queada repetidas vezes. Sentia um medo mortal só de pensar em facas, muito mais do que seria considerado normal.

O toque do telefone livrou-me por alguns instantes do medo que me mantinha com os olhos grudados no aparelho.

— Você ouviu o que aconteceu com Sharon Tate e os outros? — uma amiga perguntou do outro lado da linha.

Em seguida, recebi vários telefonemas desse tipo. Ninguém conseguia acreditar no que acontecera nem sabia por quê. Aparentemente, os assassinos não tinham nenhum motivo, o que os tornava ainda mais assustadores.

Naquela noite, fui a um restaurante com alguns amigos, e a conversa toda girou em torno dos assassinatos. A opinião geral era de que a onda de calor estava levando as pessoas à loucura e que as drogas psicodélicas que proliferavam na década de 1960 estavam provocando uma espécie de loucura maligna que se infiltrava por toda parte. Isso aconteceu em 10 de agosto de 1969.

Quando voltei a meu apartamento, por volta de onze da noite, lá estava ela — outra rosa na maçaneta da porta da frente. Estremeci de medo ao perceber, de repente, um deta-lhe repetitivo relacionado àquela loucura. No início as rosas eram apenas pequenos botões; depois, passaram a ser maiores a cada noite e, agora, estavam começando a se abrir. “O que

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vai acontecer”, pensei, “quando estiverem completamente abertas?” Entrei apressada no apartamento, tranquei a porta e, assustada, fui dormir.

Na manhã seguinte, liguei a televisão assim que acor-dei para ver se havia mais notícias sobre o caso Sharon Tate. Desesperada para entender o que acontecera e o motivo do crime, minha mente encheu-se de perguntas sem respostas. O desespero aumentou quando eu soube que haviam ocorrido mais dois esfaqueamentos naquela noite. Um casal, cujo sobre-nome era LaBianca, havia sido trucidado. Os detalhes asseme-lhavam-se ao assassinato de Sharon Tate, e a polícia suspeitava que os crimes haviam sido cometidos pelas mesmas pessoas.

O medo espalhou-se como fumaça por toda a cidade. Os ricos instalaram cercas de segurança e alarmes contra ladrões e com-praram cães de guarda. Os demais começaram a trancar portas e janelas e não as abriam para ninguém. Eu não podia suportar estar sozinha, mas Rick*, meu namorado, estava viajando. Meu apartamento era pequeno demais para convidar alguém para morar comigo, então, como eu precisava desesperadamente de companhia, saí com amigos naquela noite.

Quando voltei ao apartamento, já era aproximadamente duas da manhã, e havia outra rosa na maçaneta. O botão começava a desabrochar. Joguei-o no meio dos arbustos, entrei rapidamente e tranquei a porta.

Enquanto me preparava para dormir, minha mente come-çou a repassar os detalhes macabros da morte de Sharon. Ela era uma mulher rica e bonita, grávida de nove meses, e morava numa casa enorme com alarmes contra roubo e cerca eletrifi-cada. Estava totalmente protegida e, ao mesmo tempo, total-mente vulnerável. Eu sabia que ela e os outros que haviam sido assassinados não eram pessoas que se envolviam com ocultismo, conforme insinuavam alguns noticiários. Também não eram pessoas que alguém esperaria ver mortas por assas-sinos. Se o inviolável lar de Sharon Tate havia sido invadido daquela maneira, com que proteção eu poderia contar? E as facas — eu não podia sequer pensar nas facas.

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Mas algo mais me incomodava, algo relacionado ao espírito do que havia acontecido ali e que me era muito familiar. Era como se eu tivesse me encontrado com uma pessoa conhecida e não me lembrasse de onde a conhecia.

Estive envolvida fortemente com o ocultismo durante anos. Começara com tabuleiros Ouija e horóscopos; depois, mergulhara de cabeça em mapas astrais e sessões espíritas de invocação de mortos. A numerologia me fascinava tanto que pensei em mudar meu nome quando fiquei sabendo que, dependendo do total da soma das letras de um nome, a pessoa poderia ser bem-sucedida e realizada. No entanto, também tinha ouvido falar de uma jovem atriz com futuro promissor que havia pagado a um numerólogo para criar-lhe um nome. Depois de mudar o nome legalmente, a atriz partiu para Nova York a fim de iniciar uma vida de sucesso, mas ninguém voltou a ouvir falar dela. Eu não queria que um numerólogo me con-denasse à obscuridade, por isso decidi seguir outros caminhos.

Comecei a frequentar aulas de hipnose, uma tendência muito popular no mundo do entretenimento. Entrava em estado de transe com frequência e dizia coisas a mim mesma que eu queria ouvir, como “Stormie, você é uma pessoa linda, bem-sucedida e maravilhosa. Sabe falar, cantar e representar, e não é medrosa”.

Mas, como tudo que eu havia tentado antes, o resultado era efêmero e, depois, sentia-me pior que antes.

Em seguida, envolvi-me com uma religião humanista, tam-bém muito conhecida naquela cidade. Segundo ela, não havia nenhum mal no mundo exceto aquele existente na mente da pessoa. Assim, se conseguíssemos controlar a mente, podería-mos também controlar a quantidade de experiências negativas que teríamos. Comprei todos os livros sobre o assunto e li cada um com muita atenção. Reuni-me com outras pessoas que defendiam a ideia, o que não foi difícil, porque muita gente do mundo artístico de Hollywood, em especial as atrizes, eram suas seguidoras. Não funcionou para mim. Por mais que eu tentasse ter pensamentos positivos, continuava a ver o mal

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por toda parte, e o medo, a depressão, a ansiedade e o pânico pioravam cada vez mais.

Passei a envolver-me com qualquer coisa que dissesse que eu tinha algum valor e que não sofreria no futuro. Visitava médiuns com frequência, na esperança de ouvir notícias boas. Quando não ouvia, me desesperava. Eu vivia numa monta-nha-russa, sem nenhum equilíbrio na vida.

Quando me dediquei às religiões orientais, comecei a medi-tar todos os dias. No entanto, o Deus que eu buscava com tanta perseverança era distante e frio, e a paz esquivava-se de mim. Certa vez, quando eu estava no meio da meditação, abri os olhos e vi meu corpo deitado no sofá do outro lado da sala. Tratava-se da experiência extracorpórea sobre a qual li e queria sentir, mas ela não me trouxe a “união com o universo” que me prometeram. Em vez disso, senti mais medo ainda. Quanto mais eu me envolvia, mais via coisas estranhas — seres e formas esquisitas pairando diante de meus olhos. Não entendia o que estava acontecendo nem o motivo de tudo aquilo.

Apesar dos aspectos assustadores do ocultismo, sentia-me irresistivelmente atraída por essa prática. Sabia que havia um mundo espiritual verdadeiro porque o vira. E os livros prome-tiam que, se eu seguisse esses métodos, encontraria Deus e a paz eterna. Por que, em mim, o efeito parecia ser o oposto? Porém, eu continuava minha busca, porque queria muito encontrar algo que preenchesse o vazio dentro de mim, amenizasse a dor emocional intensa e constante que eu sentia e acalmasse o medo irracional que ameaçava controlar minha mente. Continuei a busca. Tinha de haver uma resposta, e eu a encontraria.

Em meio às práticas do ocultismo, lembrei-me do assassi-nato de Sharon Tate. Sentia que fazia parte do que acontecera, mesmo sabendo que não participara de nada. Ao lembrar-me do ditado “Sempre reconhecemos nossos iguais”, descobri que os eventos eram todos muito familiares para mim. Eu estava ligada a eles de alguma forma. Era capaz de sentir. Temia que, se continuasse a trilhar aquele caminho, o que havia acontecido

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com Sharon Tate também aconteceria comigo. Mesmo assim, era incapaz de impedir tal acontecimento.

“Tenho de tirar isso da cabeça”, pensei enquanto vestia uma camisola leve e me dirigia ao banheiro para lavar o rosto. Acendi a luz e levei um grande susto ao ver centenas de bara-tas enormes correndo por toda parte no ladrilho do banheiro. Morava naquele apartamento havia mais de um ano e nunca vira uma única barata. Mas nunca havia entrado no banheiro tão tarde da noite.

Corri para a cozinha, peguei uma lata de inseticida e pul-verizei o banheiro sem nenhum sentimento de culpa até matar todas as baratas. Não podia sequer pensar em dormir enquanto houvesse uma barata andando. Só parei quando não havia mais nenhum sinal de vida. Àquela altura, o odor do veneno estava forte demais. Sabia que não poderia perma-necer naquele lugar minúsculo por muito tempo, respirando um ar impregnado de gases tóxicos, mas às duas horas da madrugada era impossível encontrar outro lugar para dormir. Escancarei a janela do banheiro para arejar o ambiente e o apartamento inteiro.

Dirigi-me ao armário ao lado do banheiro e comecei a pen-durar as roupas que havia jogado dentro. Ao colocar a última peça no cabide, ouvi um ruído de folhas através da janela aberta. O prédio onde eu morava localizava-se em Hollywood Hills e era cercado de árvores e arbustos. Era comum ouvir pequenos animais correndo do lado de fora.

Permaneci imóvel para ouvir melhor. O ruído estava mais próximo e, pelo som, não eram passos de animal, mas de gente. Os passos pararam bem debaixo da janela, e ouvi algo subindo lentamente pela parede. Fiquei apavorada ao ver o que me pareceu uma mão segurando no batente da janela. Sem ter onde me esconder, gritei com todas as forças e consegui cor-rer em direção à porta da frente. Lembranças de Sharon Tate, do casal LaBianca e das facas ensanguentadas invadiram-me a mente, uma atrás da outra.

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