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  • E d i t o r i a l

    EccoS Rev. Cient., So Paulo, n. 31, p. 11-14, maio/ago. 2013. 11

    Educao E juvEntudE Education and youthfulnEss

    Quando em meados de 2012 decidimos lanar a chamada de artigos para a organizao do dossi temtico versando sobre Educao e juven-tude, que ora se faz publicar, jamais poderamos imaginar que essa pro-blemtica fosse alcanar tamanha relevncia social e atualidade no Brasil e em outros pases do mundo.

    A partir das chamadas Jornadas de Junho, os jovens brasileiros assumiram o papel de principal protagonista na cena poltica nacional, ocupando as ruas, as praas e outros espaos pblicos com suas reivindica-es e bandeiras de lutas postulando, principalmente, compromissos ticos e probidade no trato da coisa pblica pelas autoridades governamentais, mas com um comportamento muitas vezes violento e hostil aos valores e smbolos da sociedade do capital.

    Claro que a presena da juventude e suas manifestaes no so nenhuma novidade histrica, porm importante reconhecer que mes-mo alguns dos observadores mais atentos do seu comparecimento cultural e poltico na sociedade foram surpreendidos com esses acontecimentos, tendo dificuldades de interpretar a profuso de reivindicaes levantadas pelos movimentos juvenis em praticamente todas as regies do pas.

    Mas trata-se aqui tambm de reconhecer que no Brasil de hoje a presena do jovem destacada nas relaes econmicas e que a ideologia do consumo exerce uma grande influncia no seu comportamento. Alis, quando inquiridos, manifestam sua preocupao com a ampliao dos n-veis de escolaridade e do acesso ao conhecimento e informao relaciona-dos com a posse de utenslios eletrnicos, como o celular e seus androides, o smart e o hiphone, o tablet e o uso da internet e das redes sociais. Esse jovem no se diz preocupado com a poupana e prioriza as relaes de con-sumo associadas ao uso de bons, tnis, roupas e outros bens associados a sua identificao e pertencimento a determinada tribo.

    Os dados oficiais mostram que as mulheres jovens so mais esco-larizadas, assumem o papel de chefes das famlias, contribuem mais com a renda familiar, administram o oramento domstico e decidem sobre a maioria dos seus gastos.

    doi: 10.5585/EccoS.n31.4519

  • EccoS

    Revista

    Cientfica

    Editorial: Educao e juventude

    EccoS Rev. Cient., So Paulo, n. 31, p. 11-14, maio/ago. 2013.12

    O jovem de baixa renda trabalha e estuda mais de 12 horas por dia e a sua principal preocupao o crescimento da renda. Quando indagado sobre os valores que acalenta, o seu foco est na famlia, que no mais a nuclear, mas sim a famlia estendida que incorpora os amigos e os filhos de diferentes relacionamentos amorosos, projeta o trabalho como alavanca das transformaes pessoais e possibilidade de educar os futuros filhos, sem medir sacrifcios para que isso acontea. Seu repertrio sociocultural empobrecido e est muito associado ao lugar em que vive, da incorporar os vizinhos como parte de sua famlia, na tomada das decises, na forma-o de suas opinies e no exerccio da sua prtica religiosa.

    Quando so chamados a comparar sua situao social com a dos seus pais, a maioria desses jovens acredita que a vida melhorou e relaciona essa mudana formalizao das relaes de trabalho, ampliao do crdito, ao acesso ao ensino superior, s viagens, ao acesso aos apetrechos eletrnicos e internet, ou seja, so fortemente influenciados pela ideolo-gia do consumo de bens e servios.

    Como se v, pensar e caracterizar a posio de destaque que a juven-tude vem alcanando na sociedade no algo simples ou meramente mar-cado por modelos pr-determinados de anlise do comportamento social.

    Tradicionalmente, muitos de ns consideram a juventude como uma espcie de perodo preparatrio para o ingresso na vida adulta, tendo como principais caractersticas as primeiras aproximaes do mundo do trabalho e das responsabilidades que so inerentes constituio de sua prpria famlia. Outros argumentam que esta etapa etria tem como prin-cipais marcas a turbulncia e a rebeldia, causadas por constante inquieta-o e o desejo de contestao social.

    Cientes de que este no o lugar para o aprofundamento desse de-bate sobre as caractersticas fundamentais da juventude, registramos aqui que ela no pode ser pensada de forma estereotipada e que existem muitas diferenas comportamentais que precisam ser consideradas. Existem di-ferenas substanciais entre os jovens da mesma idade que podem ou no criar os filhos, que dispem de recursos financeiros para estudar ou tem que conciliar a jornada de trabalho com o horrio de estudo, que se en-volvem com o trabalho comunitrio ou com o trfico e o consumo de drogas em seus bairros, se esto preocupados em serem identificados pelo uso das grifes, de tatuagens, da incessante produo e consumo do Eu

  • E d i t o r i a l

    BAUER, C.; SEVERINO, A. J.

    EccoS Rev. Cient., So Paulo, n. 31, p. 11-14, maio/ago. 2013. 13

    no Twitter, no Facebook, no blog, ou em questionarem as prticas dos que produzem e reproduzem os valores, as vises de mundo e as posies de poder que exercem na sociedade.

    Mas tambm importante reconhecer que existem pontos de uni-dade que esto associados com a facilidade em utilizar as tecnologias di-gitais, a afetividade presente nas relaes sociais e a preocupao em viver intensamente as coisas do presente como se no houvesse o amanh aproximam os jovens de condies sociais e tribos diferentes, pichadores e grafiteiros.

    Ao falarmos da juventude, sem qualquer sentimento de nostalgia, estamos diante de um mosaico de interpretaes e manifestaes culturais, polticas e sociais que a compem e lhe do sentido, unidade, e constituem sua historicidade, e foi exatamente a preocupao em aglutinar critica-mente alguns aspectos e abordagens dessa coeso que nos motivaram na organizao desse Dossi temtico Educao e juventude, que agora vem a pblico com as seguintes contribuies: A educao informal e o rap como agente educativo, de autoria de Iolanda Macedo e Alexandre Felipe Fiuza, Escola militar do Realengo, educao militar e juventu-de (1913-1922), dos professores Marcus Fernandes Marcusso e Amarlio Ferreira Jr., Adolescentes latino-americanos na escola pblica paulista: um estudo de caso, de Elaine Teresinha Dal Mas Dias, Juventudes plu-rais na escola (des)ordenando tempos e espaos na contemporaneidade, de Elisabete Maria Garbin e Rita Cristine Basso Soares Severo, Educao e Projeto de vida de adolescentes do Ensino Mdio, da profesora Ivany Pinto Nascimento e, no fechamento dessa sesso, o artigo Juventude, re-vitalizao cultural e a temtica das geraes, de autoria dos professores Simone Ribeiro Nolasco e Nicanor Palhares S.

    A construo desse nmero de Eccos Revista Cientfica tambm nos deu a feliz oportunidade de publicar os seguintes artigos que nos che-garam espontaneamente: A formao de professores na perspectiva multi-cultural: do reconhecimento da polissemia defesa da perspectiva crtica, de Andr Luiz Sena Mariano; Sobre a metodologia e a prtica do ensino de Histria nos manuais do professor dos livros didticos e nas polticas de reorientao curricular em So Paulo, de Andr Paulilo; Integrao uni-versitriae insero profissional: um estudo comparativo entre Portugal e Frana, de Abudo Machude, Christian Muleka Mwewa e Ana Ins Renta

  • EccoS

    Revista

    Cientfica

    Editorial: Educao e juventude

    EccoS Rev. Cient., So Paulo, n. 31, p. 11-14, maio/ago. 2013.14

    Davids; Colmatando as dificuldades especficas da linguagem, num grupo de crianas do Jardim de Infncia, de autoria de Isabel Rodrigues Sanches e Rosa Ricardo Vicente; Metodologias alternativas na formao dos professores de biologia: a questo dos projetos, da professora Simone Sendin Moreira Guimares; Polticas educacionais, avaliao de sistema e melhoria da qualidade na educao bsica: experincias de dois munic-pios paulistas, de Ocimar Munhoz Alavarse, Cristiane Machado e Maria Helena Bravo e, no fechamento do volume, A prtica educativa atravs dos tempos: dos antigos aos ps-modernos, de autoria de Fernanda Antnia Barbosa da Mota e Carmen Lcia de Oliveira Cabral.

    Por fim, hipotecamos e registramos nossos agradecimentos aos arti-culistas, aos pareceristas ad hoc e aos demais colaboradores dessa empreita-da. Realmente, muito obrigado.

    Boa leitura a todos.

    Carlos Bauer

    Antonio Joaquim Severino

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