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outubro 2013 Flash 197 STUFA Uma horta na sua casa Capa Próximas Realizações Capa Viagem à China, Butão, Kathmandu e Calcutá 2 Encontro de Veteranos 47 Campeonato Interno de Pesca Desportiva 48 Final Nacional - Futsal 49 Sorteio Led Zeppelin 51 Visita ao Lisbon Story Center e à Kidzania 52 Destaques Próximas Realizações 02 abr - Beauty Day 04 abr - Dinastia - Circo Russo 05 abr - Campeonato Interno de Karting Masculino (1ª elim) 11 abr - Stomp 11 a 17 abr - Viagem à Madeira e a Porto Santo 12 abr - Almoço de Aniversário do Clube Galp Energia 19 abr - Campeonato Interno de Karting Masculino (2ª elim) 26 abr - Concerto para bebés no Oceanário de Lisboa (5ª data) 28 abr - Teatro: As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos (3ª data) 10 mai - Passeio Pedestre Lisboa Gastronómica (8ª data) 24 mai - Passeio ao Aqueduto das Águas Livres Numa bela manhã de Sábado em setembro, lá fomos nós para o Workshop “Uma horta em sua casa”, no Lx Factory em Alcântara. Numa mesa ao ar livre e num ambiente muito descontraído, lá estávamos nós a aprender importantes dicas sobre as plantas mais indicadas para ter em casa (interior, varandas ou quintal) e de como as tratar… no final tivemos a oportunidade de materializar o que aprendemos, semeando em dois vasos plantas aromáticas à nossa escolha (manjericão, coentros, salsa ou mostarda)… Depois de uma manhã bem passada “com as mãos na terra”, ainda pudemos aproveitar para dar um passeio pelo espaço do LX Factory e ver as novidades das lojas… Ana Maio, Marina Vicente e Olga Basílio STUFA Uma horta em sua casa

outubro 2013 - Clube Galp Energia · numerosas peças de artesanato antigo e preciosos objectos de bronze, porcelana, jade e seda, bem como caligrafias e pinturas antigas. Tudo isso

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outubro 2013 Flas

h 197

STUFA

Uma horta na sua casa

Capa

Próximas Realizações Capa

Viagem à China, Butão,

Kathmandu e Calcutá

2

Encontro de Veteranos 47

Campeonato Interno de

Pesca Desportiva

48

Final Nacional - Futsal 49

Sorteio Led Zeppelin 51

Visita ao Lisbon Story

Center e à Kidzania 52

Destaques

Próximas Realizações

02 abr - Beauty Day

04 abr - Dinastia - Circo Russo

05 abr - Campeonato Interno de

Karting Masculino (1ª elim)

11 abr - Stomp

11 a 17 abr - Viagem à Madeira e

a Porto Santo

12 abr - Almoço de Aniversário do

Clube Galp Energia

19 abr - Campeonato Interno de

Karting Masculino (2ª elim)

26 abr - Concerto para bebés no

Oceanário de Lisboa (5ª data)

28 abr - Teatro: As obras

completas de William Shakespeare

em 97 minutos (3ª data)

10 mai - Passeio Pedestre Lisboa

Gastronómica (8ª data)

24 mai - Passeio ao Aqueduto das

Águas Livres

Numa bela manhã de Sábado em setembro, lá fomos nós para o

Workshop “Uma horta em sua casa”, no Lx Factory em Alcântara.

Numa mesa ao ar livre e num ambiente muito descontraído, lá estávamos

nós a aprender importantes dicas sobre as plantas mais indicadas para

ter em casa (interior, varandas ou quintal) e de como as tratar… no final

tivemos a oportunidade de materializar o que aprendemos, semeando em

dois vasos plantas aromáticas à nossa escolha (manjericão, coentros,

salsa ou mostarda)…

Depois de uma manhã bem passada “com as mãos na terra”, ainda

pudemos aproveitar para dar um passeio pelo espaço do LX Factory e ver

as novidades das lojas…

Ana Maio, Marina Vicente e Olga Basílio

STUFA

Uma horta em sua casa

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Viagem à China, Tibete, Butão, Kathmandu (Nepal) e

Calcutá (Índia)

de 22 de setembro a 9 de outubro de 2013 Explorar lugares novos, encontrar pessoas interessantes e conhecer uma cultura completamente

diferente é o que motiva a maioria das pessoas a fazer as malas e desbravar outros cantos do planeta.

Afinal, viajar não só é uma atividade altamente relaxante, mas também uma maneira de enxergar a

pluralidade do mundo em que vivemos. Alguns destinos podem inspirar mudanças mais profundas, seja

pelo caráter atribuído à viagem, pelo misticismo do destino, pelas suas paisagens naturais ou pelas

riquezas culturais do percurso. Também se pode conhecer uma série de lugares que, pela força das

experiências que proporcionam, podem mudar a maneira de ver a vida de qualquer pessoa.

Além disso, a vida faz-se de pequenos prazeres e avança graças aos sonhos, renovando ideais, valores

e a criatividade. E foi com este pensamento que me inscrevi para esta viagem, no mês de Novembro do

ano passado. Para mim, poder visitar o Tibete e o Butão era o conjugar de todas estas situações!

Mas os dias passavam devagar e o início da viagem nunca mais chegava. Mas chegou, finalmente, no dia

22 de Setembro. Ouvira comentários de pessoas que tinham ido no primeiro grupo, o que aguçara a

minha curiosidade acerca da China, que eu visitara há muitos anos, e ainda mais acerca do Tibete e do

Butão e também de Calcutá, que me eram totalmente desconhecidos e dos quais quase nada sabia.

Assim, na madrugada desse dia 22 de Setembro, com uma temperatura de 30 e muitos graus em

Lisboa, reunimo-nos no Aeroporto: éramos 44 pessoas (incluindo o Presidente do Clube Galp – Paulo

Rua, o Vice-Presidente Daniel Bertelo e a guia da Agência de Viagens – Benilde). O primeiro voo levou-

nos até Frankfurt, onde, depois de uma espera de cerca de 3 horas e meia, apanhámos o voo para

Pequim, A viagem decorreu serenamente, apenas com o incómodo de dormir no avião, mas pelas 8

horas da manhã do dia seguinte, aterrámos em Pequim. A primeira coisa que me impressionou nesta

cidade foi o aeroporto, projectado por dois arquitectos britânicos: é gigantesco (o maior do mundo),

ultra-moderno, eficiente, confortável e com total acesso de luz natural. Como era diferente do antigo

aeroporto que eu tinha conhecido há alguns anos…

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Do tecto pendiam numerosas placas escritas em variadíssimas línguas, entre as quais o Português:

“Bem-vindo!” Num local tão distante da nossa terra, era simpático poder ler esta saudação!

Depois de entrar no autocarro, a caminho da primeira visita, não quis perder nada do que ia vendo.

Onde estavam os milhões de bicicletas que percorriam o asfalto há duas décadas? Agora tinham sido

substituídas por milhares de carros de alta cilindrada, a maior parte deles negros, de vidros fumados,

como Mercedes, Hondas, Buicks, Maserattis, Lamborginis, Bentleys e por aí adiante, mas a maior

parte destes modelos não está à venda em Portugal! Os táxis eram todos da marca Hyundai, mas muito

grandes, de um modelo que também não se encontra em Portugal. Onde paravam as pessoas que faziam

a barba e cortavam o cabelo na rua aos clientes, em cadeiras ferrugentas, que reparavam objectos

nos passeios com toda a espécie de ferramentas, que cozinhavam na rua, os velhinhos que puxavam

carroças carregadas com tudo o que se possa imaginar? Onde estavam os modestos negociantes de

fruta, que vendiam na rua a melancia às talhadas? Tudo isso desaparecera. Agora viam-se torres ultra

-modernas de muitos andares, a competir com o Dubai ou Nova Iorque, estradas e viadutos a vários

níveis, havia cadeias de restaurantes como KFC, MacDonald’s, lojas de roupa dos maiores costureiros

franceses e italianos, marcas americanas e muitas outras. Observei mulheres muito bem vestidas, tal

como em qualquer cidade Europeia. Já tinha ouvido falar no desenvolvimento da China ocorrido nos

últimos anos, mas não pensei que fosse desta dimensão…

Pequim é a capital da República Popular da China. Em 1403, o terceiro imperador Ming, chamado Zhu

Di, mudou a capital, que estava no sul, estabelecendo-a no norte e chamando-a Beijing, ou seja, capital

do norte. A Cidade Proibida foi construída entre 1406 e 1420. Em seguida, foram construídos o

Templo do Céu (1420) e vários outros monumentos. A Praça da Paz Celestial (Tiananmen) foi

incendiada por duas vezes durante a dinastia Ming, mas foi finalmente reconstruída em 1651.

Em 31 de Janeiro de 1949, durante a Guerra Civil Chinesa, as forças comunistas entraram em Pequim

sem confrontos violentos. No dia 1 de Outubro, o Partido Comunista Chinês chefiado por Mao Tse

Tung, anunciou na Praça da Paz Celestial a criação da República Popular da China. Por isso o dia 1 de

Outubro é o dia Nacional da China e tivemos oportunidade de assistir à preparação de todos os

festejos e celebrações que iriam ter lugar nesse dia. Todas as ruas, casas, lojas estavam enfeitadas,

com predominância das cores vermelha e amarela, com dragões, bandeiras, muitas flores…

Depois das reformas económicas de Deng Xiao Ping, a área urbana de Pequim cresceu duma maneira

gigantesca.

Como capital da nação, Pequim sofreu uma certa agitação política nos últimos vinte anos. Na Praça da

Paz Celestial tiveram lugar grandes protestos em Maio e Junho de 1989, que terminaram com a morte

de milhares de estudantes. Nos anos recentes, Pequim debateu-se sempre com problemas sérios,

como os engarrafamentos, a poluição do ar, a destruição do património histórico e a grande migração

de outras partes do país. Foi durante séculos, a mais populosa cidade do mundo, contando, hoje, com

cerca de 10,3 milhões de habitantes dentro dos seus limites. A sua região metropolitana é a 12ª mais

populosa da Terra, contando com cerca de 17 milhões de habitantes.

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Pequim é um dos maiores e mais importantes centros financeiros da China. Como uma cidade

historicamente industrial, hoje, uma grande parte do Produto Interno Bruto da cidade vem da

actividade industrial terciária. Isso contribuiu para que Pequim, em 2009, fosse sede de 41 das 500

maiores empresas mundiais (e de mais de 100 das maiores empresas da China). O centro financeiro da

cidade, concentrado principalmente na área central de Guomao, é um dos principais centros de

comércio da China, concentrando diversas empresas, escritórios comerciais e centros comerciais. Já a

Zona Financeira de Pequim, é um dos mais tradicionais centros financeiros da China. A área de

Zhongguancun, conhecida como “Sillicon Valley chinês", abriga diversas indústrias relacionadas com a

alta-tecnologia e a informática, além de, mais recentemente, empresas de produtos farmacêuticos. Do

mesmo modo, a parte sudoeste da periferia da cidade é sede de inúmeras indústrias ligadas à

tecnologia de informação, bem como aos produtos farmacêuticos e petroquímicos. A cidade também

possui outros diversificados parques industriais.

Na sua qualidade de capital política e cultural da China, Pequim abriga um grande número de

faculdades e universidades, incluindo várias reconhecidas a nível internacional, como a Universidade

de Tsinghua (considerada uma das melhores universidades da China) e a Universidade de Pequim, num

total de 59. Muitos estudantes estrangeiros, vindos dos países vizinhos e de outros continentes, vêm

para Pequim todos os anos.

Com o crescimento da cidade após as reformas económicas, Pequim tem evoluído como o centro de

transportes mais importante da República Popular da China e do leste asiático. Circundando a cidade

existem cinco anéis rodoviários (estando um sexto anel prestes a ser concluído), nove vias expressas,

onze auto-estradas nacionais, várias linhas ferroviárias e um aeroporto internacional.

A temperatura era agradável, mas quando saímos do autocarro para iniciar as nossas visitas, caía uma

chuva miudinha e persistente. Como não estávamos preparados para a chuva, o Paulo Rua comprou

capas de plástico, que ofereceu a todos. E foi assim, cada um vestido de uma cor diferente, que

iniciámos a visita do Antigo Palácio de Verão.

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O Palácio de Verão de Pequim, um enorme conjunto de lagos, palácios, jardins e pontes, foi construído

no século 18 para que a corte imperial tivesse um refúgio de verão para o insuportável calor da Cidade

Proibida.

Amplamente reformado e melhorado pelos imperadores da dinastia Qing, nomeadamente Qianlong, foi

destruído pelas forças anglo-francesas durante a Segunda Guerra do Ópio (1856-60). Localizado a 12

quilómetros do centro de Pequim, as principais atrações do grande parque encontram-se junto ao

amplo lago Kunming. Lá estão a ponte de dezessete arcos e suas dezenas de leões de mármore sobre

as balaustradas; o Longo Corredor, em cujos 728 metros estão pintadas milhares de cenas sobre a

mitologia e história chinesas e a Colina da Longevidade e suas dezenas de pavilhões e edifícios

históricos. Um pouco mais a oeste está o famoso Navio de Mármore.

Além da paisagem pitoresca e das construções maravilhosas, o Palácio de Verão ainda guarda

numerosas peças de artesanato antigo e preciosos objectos de bronze, porcelana, jade e seda, bem

como caligrafias e pinturas antigas. Tudo isso reflecte a civilização milenar da nação chinesa. Em

Dezembro de 1998, o Palácio de Verão foi incluído na lista de patrimónios mundiais da Unesco.

Talvez a grande atração do parque seja o Corredor Long, que liga o Templo da Benevolência (logo na

entrada do parque) até ao Navio de Mármore, circundando toda a orla do Lago Kunming, e foi

construído no reinado do Imperador Quianlong. O nome dado ao corredor (Long) não está relacionado

com o seu tamanho, mas sim por causa do nome do Imperador (Quianlong), que significa “Benevolência

Divina”.

O corredor, tal como quase todos os outros templos do parque, é inteiramente feito de madeira e

ricamente decorado, possuindo cerca de 14.000 pinturas individuais feitas à mão. À medida que

percorríamos este corredor, víamos grupos de homens e mulheres sentados e de pé, que jogavam às

cartas, discutindo acaloradamente e alguns outros que jogavam uma espécie de damas, em tabuleiros,

fazendo um ruído ensurdecedor.

Na ponta extrema do Corredor Long está o Navio de Mármore, uma estrutura inteiramente feita de

mármore, no formato de um barco, construído a pedido da Imperatriz Cixi.

O barco nunca teve a intenção de navegar, pois foi construído em terra firme na beira do Lago, e

supostamente representava a solidez da Dinastia Qing, que jamais se afundaria.

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Do outro lado do lago está a Ponte dos 17 Arcos, que se liga à ilha Nanhu, que é a maior ilha do Lago

Kunming, onde está o Templo do Rei Dragão.

A ponte é a réplica de uma outra ponte de Pequim e representa o pescoço de uma tartaruga (já que a

Ilha Nanhu vista de cima, tem o formato de uma tartaruga), que é o principal símbolo da longevidade

na cultura Chinesa e por isso é um animal sempre muito reverenciado pelos Imperadores Chineses. Do

nosso programa constava a hipótese de se fazer um passeio de barco pelo lago, se o tempo o

permitisse, mas São Pedro não o permitiu…

Almoçámos no restaurante Tai Mansion no Hotel Four Points by Sheraton e prosseguimos com as

nossas visitas, agora para o Templo do Céu.

O Templo do Céu é um conjunto de templos taoistas existente em Pequim e o maior de toda a China (o

taoísmo é um sistema filosófico-religioso com base nos ensinamentos de Lao Tsé, que teria vivido no

século 6 A.C., e o seu principal livro, o Tao Te Ching, é chamado o livro do Caminho e da Virtude.

O taoísmo prega a aceitação e a concessão em relação à vida, compensando e complementando a

austeridade e o rigor moral em que vivem os chineses. Acredita-se que tudo é composto pelos

elementos opostos yin e yang.

Está situado no Parque Tian Tan Gongyuan, a sul de Pequim e foi construído em 1420; tanto a Dinastia

Ming como a Dinastia Qing o utilizaram para pedir a intercessão celestial para as colheitas na Pri-

mavera e dar graças ao Céu pelos frutos obtidos no Outono. Desde 1988 que é considerado Património

da Humanidade pela UNESCO.

Inclui a norte a Sala de Oração pelas Boas Colheitas, a sul o Altar Circular e a Abóbada Imperial

Celestial.

O conjunto está rodeado de uma muralha interior e de outra exterior formadas por uma base

rectangular que simboliza a Terra e rematadas com formas arredondadas para simbolizar o Céu. As

muralhas dividem o recinto em duas zonas: a interior e a exterior.

Este templo é talvez o edifício mais conhecido de todo o conjunto e um dos mais representativos da

cidade de Pequim. Trata-se de uma construção circular, com um diâmetro de 30 metros e uma altura

de 38 metros. Construído sobre três terraços circulares de mármore branco, o edifício ergue-se

sobre 28 pilares de madeira e muros de ladrilho. Não tem nenhuma viga.

A sala tem um triplo telhado construído com telhas de cor azul e está rematado por uma bola dourada

na sua cúpula. Este edifício foi destruído por um incêndio em 1899 e reconstruído no ano seguinte.

O Altar Circular ou Altar do Céu é uma construção aberta que se liga à Sala da Oração pelas Boas

Colheitas mediante um caminho de pedra e ladrilhos, de mais de 350 metros de comprimento.

Construído em 1530, o altar consta de três terraços concêntricos rodeados de varandins de mármore

branco.

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Cada lanço das escadas que conduzem ao cimo do altar é formado por 9 degraus, já que os chineses

consideram o número 9 como número de boa sorte.

Aqui era onde os imperadores prestavam homenagem aos seus antepassados. Trata-se de uma

construção muito parecida à Sala da Oração pelas Boas Colheitas, embora de um tamanho menor.

Prosseguimos para o Teatro de Chaoyang, onde a acrobacia se desenvolveu como arte cénica

integrada, com banda de música, dança e iluminação. Em breve a acrobacia se converteu na China num

grande espectáculo, que é bem acolhido por toda a gente. Não posso dizer que pude apreciar todo o

espectáculo, porque a música suave e a obscuridade da sala convidavam a fechar os olhos e eu já não

dormia há muitas horas, mas gostei muitíssimo daquilo que vi e achei que os artistas eram de grande

nível.

Em seguida, fomos jantar a um restaurante muito bonito e, após o mesmo, fomos para o Plaza Hotel

Beijing, dado que a fadiga de todos já era evidente.

Durante esta viagem, o despertar foi sempre por volta das 6,30 horas, para estarmos dentro do

autocarro às 8,00 horas, para começarmos cedo as visitas, o que foi muito bom, porque a essa hora

havia menos pessoas nos locais a visitar. Com o aumento do poder de compra e do nível de vida, os

chineses começaram a fazer turismo interno e encontramo-los aos milhares em todos os locais onde

vamos.

Assim, seguimos para a Grande Muralha da China, que é uma construção realizada no decorrer de dois

milénios, tendo abrangido muitas dinastias; não é constituída apenas por uma estrutura, mas composta

por várias muralhas. No início da sua construção a utilização era fundamentalmente militar; hoje

representa um dos principais símbolos da China e é considerada um importante ponto turístico.

A construção da Muralha teve início no ano 220 A.C. e sua conclusão ocorreu somente no século XVI,

na dinastia Ming. De acordo com os historiadores, para conceber tal monumento foi necessário o uso

da mão de obra de milhões de pessoas.

Um dos principais exemplos de aplicação de conhecimentos de engenharia é esta Muralha, imensa

construção arquitectónica que possui aproximadamente 8.800 quilómetros de extensão, 7,5 metros de

altura e 3,75 metros de largura; é considerada como uma das mais fantásticas obras construídas pelo

homem e hoje é reconhecida como uma das sete maravilhas do mundo.

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O objectivo militar da Muralha da China era impedir a entrada de tribos nómadas oriundas da

Mongólia e da Manchúria e pretendia defender o norte do país desses invasores.

O dia estava quente e subimos até à secção de Badaling, de onde se podia apreciar uma perspectiva

magnífica.

Após o almoço no Hotel Badaling, continuámos para a visita aos túmulos da dinastia Ming.

Grandiosos em termos de escala, os túmulos Ming são o expoente das mais elevadas técnicas de

construção da dinastia Ming (1368-1644). A localização dos túmulos foi cuidadosamente escolhida e os

túmulos desenhados com perícia. A sua construção seguiu processos muito rigorosos e foram

seleccionados materiais de entre os mais nobres e de melhor qualidade. O desenho de implantação dos

túmulos teve em conta aspectos funcionais relacionados com o cerimonial dos funerais imperiais,

assim como aspectos estéticos, incorporando colinas, rios e lagos em seu redor. Os túmulos localizam-

se ao norte de Pequim, e estendem-se por um perímetro de 40 quilómetros, sendo a última morada de

treze dos dezasseis imperadores Ming.

A construção do Túmulo de Changling, o primeiro dos túmulos a ser edificado, iniciou-se em 1409.

Os treze túmulos Ming incluem os túmulos de Changling, com 600 anos, Xianling, Jingling, Yuling,

Maoling, Tailing, Kangling, Yongling, Zhaoling, Dingling, Qingling, Deling, e, finalmente, o de Siling, com

350 anos.

A Arcada de Pedra, situada no extremo sul do Caminho Sagrado, foi construída em 1540 e tem 14

metros de altura por 19 metros de largura. Esta arcada é decorada com desenhos de nuvens, ondas e

animais divinos. De proporções perfeitas e finamente esculpida, é um dos exemplares mais bem

preservados do seu género, da dinastia Ming e é também a maior arcada de pedra antiga de toda a

China.

A Porta do Grande Palácio constitui a entrada principal da área dos túmulos, onde se encontram três

pórticos em arco. Estendendo-se a partir de ambos os lados do pórtico, existem muros que circundam

toda a zona. Em frente do pórtico existe uma estela onde o protocolo exigia que os oficiais

desmontassem dos seus cavalos e entrassem na zona dos túmulos a pé, demonstrando o seu respeito

pelos anteriores imperadores.

A via que se estende por 7 quilómetros a partir do Arco de Pedra do Túmulo de Changling, é conhecida

por Caminho Sagrado. No entanto, apenas algumas secções do caminho, incluindo o Pavilhão da Estela,

os Animais e Figuras de Pedra e o Pórtico Ling Xing, se encontram abertas ao público.

Animais e Figuras de Pedra: localizado nas traseiras do Pavilhão da Estela, é constituído por duas

colunas hexagonais de pedra e dezoito pares de animais e figuras humanas, também em pedra. Estão

representados três tipos de oficiais (civis, militares e honorários), simbolizando os funcionários que

assistiam o imperador na administração do estado, e ainda seis animais: leão, grifo, camelo, elefante,

unicórnio e cavalo.

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O pôr do sol já estava próximo, o que queria dizer que pouco tempo de luz de dia ainda tínhamos, mas

ainda houve tempo para irmos até á praça onde fica o Estádio Olímpico de Pequim (the Bird’s Nest,

devido às suas estruturas expostas de ferro e aço, que se cruzam e entrelaçam, semelhante a um

ninho) e o Water Cube ou Centro Aquático Nacional, onde vários recordes mundiais de natação foram

batidos durante os Jogos Olímpicos de 2008 e onde Michael Phelps conseguiu 8 medalhas de ouro.

Este Cube esteve fechado e foi convertido num parque aquático, depois de nele terem sido gastos 51

milhões de dólares) e abriu ao público, para trazer renovado interesse e atrair mais turistas, no dia

que coincidiu com o segundo aniversário do dia de abertura dos Jogos. Tem uma piscina com ondas, um

rio, uma zona de SPA e 13 slides aquáticos.

O Estádio Olímpico de Pequim foi o palco das cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos

Olímpicos de Verão e fica localizado próximo do Centro Aquático Nacional de Pequim. Começou a ser

construído em Dezembro de 2003 e tem uma capacidade actual de 80.000 espectadores, tendo

chegado a comportar 91.000 pessoas durante os Jogos Olímpicos.

O custo da construção foi, aproximadamente, de 423 milhões de dólares. O estádio recebeu, além das

cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos, as provas de atletismo e a final do futebol. Do

outro lado da rua, havia um enorme arranha-céus, que terminava com o formato da chama olímpica.

Esta Praça estava cheia de pessoas, que lançavam papagaios enormes e havia vendedores que

ofereciam tudo o que é possível e impossível de imaginar, juntamente com variadas espécies de frutas

e comidas. Havia centenas de crianças que estavam sempre dispostas a serem fotografadas, fazendo

um V com os dedinhos indicador e médio e brindando-nos com os seus melhores sorrisos, ao mesmo

tempo que atiravam beijos, por sugestão das suas “babadas” mães e avós.

Quando chegámos ao Restaurante “Soho”, para comer o famoso “Pato à Pequim” já era noite e aí tive a

agradável surpresa de encontrar uma amiga chinesa que conhecera há alguns anos em Lisboa e que,

depois de combinar encontrar-se comigo no Hotel, antecipou-se e resolveu fazê-lo no Restaurante.

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O pato assado de Beijing, também conhecido como “pato à Pequim” ou “pato laqueado” é um dos pratos

mais famosos da culinária da China. É uma receita muito antiga, servida nas cortes imperiais da China,

feita com patos criados especialmente para esta preparação, temperados com molhos específicos,

assados em fornos especiais e servidos com crepes muito finos, depois da carne ser cuidadosamente

fatiada.

A pele do pato assado fica com uma cor avermelhada brilhante, por causa dos molhos, em especial do

mel ou maltose com que é coberta, mas também devido à forma de assar: tradicionalmente, os patos

são pendurados num forno aquecido com o fogo de madeiras rijas aromáticas, principalmente de

árvores de fruto, como tamareira-da-china, pereira ou pessegueiro, que não produzem fumo. Embora

este sistema ainda seja utilizado, mais modernamente passou a usar-se um forno com grelhas

horizontais, aquecido com o fogo de palha de sorgo e os patos só são postos a assar quando o fogo se

apaga, apanhando apenas o calor das paredes, o que faz com que a pele fique tostada, mas a carne

continue tenra e gostosa no fim do assado. Existe ainda um terceiro método, usado desde o período

Qianlong, que consiste em assar o pato num espeto que se vai virando; este método imita a forma

tradicional de assar o leitão, cuja pele crocante foi a motivação para esta nova forma de preparar o

pato.

O pato à Pequim é servido por um cozinheiro que o prepara à

frente dos clientes, apresentando em primeiro lugar a pele

tostada, que os comensais podem mergulhar num molho de

vinagre com alho e açúcar (ou molho de soja) antes de comer; a

seguir, a carne é finamente trinchada. Um cozinheiro

experiente é capaz de cortar 100-120 fatias dum pato em 4-5

minutos. Os crepes muito finos, por vezes chamados “panquecas

mandarim”, encontram-se em pratinhos sobre a mesa, assim

como tirinhas de cebolinho e molho de soja. Os clientes devem

colocar um crepe no prato, barrá-lo com molho de soja, usando

um cebolinho como “pincel”, deixar o cebolinho sobre o crepe e,

com os pauzinhos, servir-se de 3-4 pedaços de carne, e enrolar

o crepe para comer.

Estávamos no quarto dia de viagem e neste dia o nosso destino era, em primeiro lugar, a Praça da Paz

Celestial ou Praça Tiannamen que é a segunda maior praça do mundo, com 880 metros de norte a sul e

500 metros de leste a oeste, com uma área total de 44 hectares. Tendo sido ampliada em 1949, a

praça tem ao norte a Cidade Proibida e no centro um obelisco de Pedra (o Monumento aos Heróis do

Povo), de 38 metros de altura, com inspiração do presidente Mao Tse Tung, onde está escrito “os he-

róis do povo são imortais”. A leste e oeste foram construídos importantes edifícios de estilo soviéti-

co: um deles é a Assembleia Nacional e o outro é o Museu Nacional de História e da Revolução. Na

praça também está o Mausoléu de Mao Tse Tung, precedido nas suas duas frentes por grupos escultó-

ricos de camponeses, soldados, operários e estudantes.

Para os chineses a praça é conhecida como o coração simbólico do país. A Praça de Tiananmen foi con-

struída e idealizada dentro do plano urbanístico da capital que teve lugar depois de 1949, sendo o sím-

bolo da Nova China.

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O Mausoléu de Mao Tse-Tung guarda o corpo embalsamado do ex-presidente chinês que faleceu no dia

9 de setembro de 1976, com 82 anos.

Uma das imagens associadas a Pequim é a enorme foto de Mao, que decora a entrada da Cidade

Proibida, no muro do chamado Portão do Céu. Foi ali do alto que no dia 1° de Outubro de 1949 Mao Tse

-Tung proclamou a República Popular da China, tornando-se o seu primeiro presidente.

Autoproclamava-se de o “Grande Timoneiro” e muitos chineses consideram-no o salvador da nação, por

uma série de mudanças que trouxe ao país durante os seus quase trinta anos de governo.

A fila para visitar o Mausoléu era grande e levámos cerca de 30 minutos para chegar até ao salão

onde está o corpo. Antes de entrar no Mausoléu é preciso deixar as máquinas fotográficas e de vídeo

num cacifo, tornando impossível qualquer retrato de Mao. Antes de subirmos para o Mausoléu,

passamos por uma máquina de raios-x.

O Mausoléu é dividido em três salões: O primeiro é O Grande Salão Norte, onde fica a entrada do

Mausoléu. Ao fundo uma enorme escultura com 3,45 metros de altura - em mármore branco, de Mao,

sentado, muito parecida com a estátua de Abraham Lincoln, que existe no Memorial do antigo

presidente americano, em Washington D.C. Atrás da estátua de Mao está a pintura de uma paisagem

de fundo azul, com montanhas e nuvens chamada “A Grande Pátria”, que tem 23,74 metros de largura

e 6,6 metros de altura.

Na entrada desse salão, em frente à estátua, há uma espécie de altar onde as pessoas – normalmente

os chineses – depositam, com todo o respeito e fazendo reverências, as flores amarelas que compram

na entrada do Mausoléu.

Mais um pouco e sempre num silêncio profundo, de muito respeito, os visitantes são divididos em duas

filas. Estamos a alguns passos do Memorial Hall, o segundo e mais importante salão, onde se encontra

o corpo de Mao. Ao entrar nesse salão principal, as filas separam-se: uma para a direita e outra para a

esquerda, fazendo com que as pessoas tenham uma visão lateral do caixão, que possui uma tampa de

vidro transparente e está dentro de uma pequena sala com paredes de vidro. Soldados em posição de

sentido montam guarda dentro desta sala, bem perto do corpo.

Como disse, Mao Tse Tung está dentro de um caixão com tampa de vidro. Quando ele morreu, os

chineses tiveram que pedir ajuda ao Vietnam para produzir esse caixão especial. As técnicas de

embalsamento também foram obtidas junto dos vietnamitas, que já tinham experiência no assunto,

pois tinham embalsamado o corpo de Ho Chi Minh, que também tem o corpo exposto num mausoléu em

Hanói.

Ao entrar no salão principal optei por seguir pelo corredor lateral direito. Mas é tudo muito rápido,

ficamos ali menos de 20 segundos. Alguns guardas apressam os visitantes que não podem parar para

ficar a olhar mais demoradamente.

Dá para perceber que Mao era um homem alto. O seu rosto é arredondado, grande. Uma luz rosada

incide-lhe sobre o rosto, que está com um ar sereno. Os seus poucos cabelos são pretos. Mao está

vestido com o tradicional uniforme chinês cinzento, que é chamado Uniforme de Sun Yat Sen – outro

antigo líder chinês. O corpo de Mao está coberto por uma bandeira do Partido Comunista da China, até

quase à altura do peito.

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O terceiro e último salão, chamado O Grande Salão Sul, é na verdade a saída do Mausoléu. Não passa

de uma pequena sala que leva o visitante para a saída sul.

Ao sair do Mausoléu o visitante fica de frente para uma das laterais do Portão da Frente, um dos

ícones da Praça da Paz Celestial.

Antes de entrarmos na Cidade Proibida, ainda apreciamos dois enormes painéis vídeo, que certamente

iriam dar imagens do desfile do dia 1 de Outubro e observamos um enorme cesto de flores artificiais,

muito vistosas, de grande impacto visual, que se podia vislumbrar de todos os pontos da Praça.

A Cidade Proibida ocupa uma área de 72 hectares rodeados por um muro com 10 metros de altura e

um fosso de 52 metros de largura, numa extensão de 3800 metros. Dispõe de quatro torres de vigia

em cada canto e de quatro portas de entrada, igualmente dotadas de torres: a Porta do Meridiano (a

Sul, no eixo central da cidade), a Porta da Vontade Divina (a Norte) e as portas Floridas de Este e de

Oeste. Os antigos imperadores acreditavam viver no centro do Universo e que a linha do meridiano

passava pelo meio da Cidade Proibida.

Ao longo de praticamente cinco séculos (491 anos), viveram na Cidade Proibida um total de 24

imperadores - 14 da Dinastia Ming e 10 da Dinastia Qing -, com as suas cortes de eunucos, esposas e

concubinas.

Puyi, o último imperador, que subiu ao trono com 2 anos de idade (em 1908) foi derrubado pela

revolução republicana de 1911. Abdicou no ano seguinte, mas ficou autorizado a viver nos palácios da

Cidade Proibida até 1924, onde chegou a mandar construir um campo de ténis (ainda hoje existente),

na mais pura tradição britânica, que lhe era ministrada pelo seu perceptor inglês. O recinto só foi

aberto ao público em 1949.

A construção da Cidade Proibida iniciou-se ao quarto ano de reinado do Imperador Yongle, o terceiro

da Dinastia Ming, completando-se 14 anos depois, em 1420. Segundo parece, envolveu cerca de um

milhão de operários, dos quais 100 mil artesãos especializados. A madeira necessária para a

construção da grande maioria dos palácios e pavilhões foi transportada do Sul do país. As pedras

vieram de uma zona situada não muito longe de Pequim.

O amarelo é a cor predominante na Cidade Proibida e era quase exclusivamente usada pelos

imperadores. Para os seus antepassados, os cinco elementos do universo eram o ouro, a madeira, a

água, o fogo e a terra, a principal, à qual atribuíam a cor amarela.

Muitos dos edifícios foram reconstruídos diversas vezes, pelo que, a maioria dos actualmente

existentes data do século XVIII.

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Quase totalmente construída em madeira, a Cidade Proibida vivia no pavor dos incêndios, geralmente

provocados por descuidos com lamparinas, fogos de artifício, raios ou premeditados por eunucos e

oficiais que enriqueciam à conta das obras de reconstrução. A título de prevenção, foram colocados

centenas de largos vasos de ferro (18 dos quais recobertos a ouro) nos diversos pátios, usados para

armazenar água, que era utilizada em caso de incêndio. No Inverno, acendiam-se fogueiras para impedir

a água de congelar.

No eixo central da Cidade Proibida, encontram-se três grandes pavilhões - o Pavilhão da Harmonia

Suprema (igualmente conhecido pelo Pavilhão do Trono), o Pavilhão da Harmonia Central (reservado

para descanso ou ensaios dos discursos do Imperador) e o Pavilhão da Harmonia Preservada (destinado

a banquetes e exames), conhecidos pela Corte Exterior, onde o Imperador recebia as autoridades

provinciais e conduzia os destinos do país. O Imperador, as suas mulheres e concubinas viviam na Corte

Interior, nos palácios da Pureza Celestial, Tranquilidade Terrestre e da União Celeste e Territorial.

Seis palácios a Este e outros seis, a Oeste, completavam a disposição dos edifícios, que alojavam 70 mil

eunucos e cerca de três mil concubinas. As pessoas comuns estavam proibidas de entrar na cidade. No

topo Norte da cidade, figurava o jardim imperial, com 12 metros quadrados e construído na mais pura

tradição chinesa e que era um excelente local para descansar depois de uma longa visita.

Ao todo, existem 800 edifícios com 9999 quartos no conjunto de palácios da Cidade Proibida e este

facto deve-se à exclusividade do número 10000 ser atribuído ao Imperador, a título de desejo de

longevidade. De igual modo, nenhum edifício de Pequim podia exceder em altura a do Pavilhão da

Harmonia Suprema (a maior estrutura chinesa em madeira ainda de pé). O Imperador considerava-se a

si próprio como o filho do Paraíso, nascido para governar o país e, logo, ocupando a posição mais elevada.

Esta é, também, a razão pela qual não existe qualquer árvore na maior praça da Cidade Proibida -

frente ao Pavilhão da Harmonia Suprema, com uma área de 10 mil metros quadrados -, além do receio

de um atentado a partir de uma emboscada nas árvores. Apesar de fortemente guardado e de governar

no poder mais absoluto, o Imperador vivia obcecado com a ideia de ser assassinado e trocava de quarto

praticamente todas as noites. Só os eunucos mais próximos sabiam onde dormia no final de cada dia.

Os pavilhões reservados aos aposentos privados do Imperador Qianlong e da Imperatriz Regente Cixi,

são actualmente utilizados para expor os tesouros e jóias da família real.

Depois da visita, fomos almoçar a um restaurante lindíssimo – Capital Garden e, após a refeição,

seguimos para o Aeroporto para partir para Shangai, onde chegámos cerca das 18 horas locais.

Shanghai é a segunda maior cidade da República Popular da China e uma das maiores áreas

metropolitanas do mundo, com mais de 20 milhões de habitantes. Está localizada na costa central da

China oriental, no rio Huangpu, na foz do delta do Rio Yangtze. Originalmente era uma vila cuja

economia se baseava na pesca e no sector têxtil, mas cresceu de importância no século XIX, devido à

localização favorável do seu porto e como uma das cidades abertas ao comércio exterior. A cidade

floresceu como um centro de comércio entre o oriente e o ocidente na década de 1930. As reformas

económicas introduzidas por Deng XiaoPing em 1990 resultaram num intenso desenvolvimento da cidade

e, em 2005, Xangai tornou-se o maior porto de carga do mundo. Na língua chinesa Shangai significa

"sobre o mar" ou também "no mar". Hoje, Xangai é o maior centro comercial e financeiro na China

continental e tem sido descrita como o grande exemplo da pujança da economia chinesa.

A poluição em Shanghai é baixa em comparação com outras cidades chinesas, como Pequim, mas o rápido

desenvolvimento nas últimas décadas, significa que ainda é alta em padrões mundiais. A esperança

média de vida em 2006 era de 80,97 anos, 78,67 para homens e 82,29 para as mulheres.

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Logo depois de chegarmos a Shangai, seguimos para o porto, onde e tomámos lugar no barco Pechoin,

para um cruzeiro que, durante uma hora, nos permitiu apreciar a iluminação da cidade à noite, que é

realmente, espectacular. Cruzámo-nos com vários barcos vistosamente iluminados e, ao longo das duas

margens, vimos dezenas de edifícios com feéricas iluminações. Pudemos observar a magnificência dos

diferentes edifícios, que nos dão o melhor espectáculo nocturno de Shangai., juntamente com as luzes

coloridas que flutuam ao longo do rio e as luzes nas suas margens.

The Bund é a famosa margem ocidental do rio Huangpu, onde podemos ver edifícios de diferentes

estilos arquitectónicos, incluindo o gótico, barroco, românico, clássico e renascentista e onde foram

construídos numerosos edifícios comerciais, o que levou, no início do século 20, a que se tornasse o

maior eixo comercial da Ásia Oriental. Tornou-se o centro político, económico e cultural da cidade e aí

encontram-se embaixadas de numerosos países, numerosos bancos, edifícios de escritórios, sedes de

jornais, hotéis e restaurantes. O espaço de actividade pública tornou-se mais amplo, atraindo mais

visitantes.

Após o cruzeiro que nos deixou encantados, seguimos para o Hotel Holliday Inn, onde jantámos e

ficámos alojados.

No dia seguinte, o despertar foi de novo a uma hora muito matutina, pois íamos ter um dia muito

preenchido. Continuámos a ver o mesmo tráfego que tínhamos observado em Pequim, os mesmos

automóveis, os mesmos viadutos e infindas torres de vidro, que davam à cidade um ar ultra-moderno.

O nosso primeiro destino foi o Templo do Buda de Jade.

É o templo mais famoso e importante de Xangai e no seu interior é comum serem realizadas

numerosas cerimónias religiosas. Este templo foi construído no início do século XX para abrigar 2

estátuas de Buda em jade branco que foram trazidas da Birmânia.

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A principal atracção deste templo é precisamente estas estátuas.

A disposição deste templo é em estilo clássico, com os quatro guardiões celestiais na entrada e ao

fundo o salão mais importante. Este templo foi alvo de várias restaurações nos anos de 1912, 1952 e

1993. Os telhados dos edifícios do templo estão decorados com esculturas e sinos para afugentar os

maus espíritos. No seu interior existem várias estátuas de madeira representando o Buda e quatro

outras estátuas que representam os seus guardiões. No primeiro pátio localiza-se o Salão Precioso do

grande herói dedicado a Buda vencedor dos demónios e um salão com três grandes Budas de madeira

dourada no altar central, ladeado por outras 10 estátuas de madeira dourada de cada lado. O interior

é deslumbrante e imponente, com uma decoração baseada em faixas vermelhas e amarelas de seda

penduradas no tecto com orações inscritas. Podem ver-se os dois instrumentos de ritual: o sino e o

tambor. As duas estátuas que dão nome ao templo localizam-se no primeiro andar do segundo edifício.

Ambas são brancas, a primeira representa um Buda de jade a entrar no Nirvana e a segunda

representa um Buda sentado. Esta última mede mais de 2 metros e está repleta de incrustações de

pedras preciosas.

O templo está aberto ao culto e é muito frequentado, vendo-se numerosas pessoas que se inclinavam

perante piras cheias de brasas, onde queimavam incenso. Foi curioso verificar que até mesmo crianças

muito pequenas se inclinavam 3 vezes perante a pira e espetavam os pauzinhos de incenso na terra da

mesma.

Em seguida, fomos visitar o Museu de Xangai, que é considerado o melhor museu da China.

Abriu as suas portas em 1952 e foi totalmente reconstruído em 1994; apresenta uma área de

exposição superior a 10 000 m2, dividida em 11 galerias e 3 centros de exposições. Conta com uma

colecção de mais de 120 000 peças de arte chinesa antiga (bronze, escultura, cerâmica, jade, pintura,

caligrafia, selos, moedas, móveis das Dinastias Ming e Qing e artes das minorias étnicas chinesas),

bem como várias salas de exposições temporárias.

As suas colecções de bronze, cerâmica e pintura são as mais

importantes. No dia da nossa visita, havia uma exposição

temporária sobre os Impressionistas, mas não foi possível

visitá-la, porque a fila tinha algumas centenas de pessoas, e

o nosso tempo era reduzido. Este museu mostra a riqueza da

arte na China de uma forma inteligente e didáctica.

Em seguida, dirigimo-nos à Pearl of the Orient Tower, que

tem 468 metros de altura, o que faz dela a torre de

comunicações mais alta da Ásia e uma das mais altas do

mundo. A construção da Torre foi iniciada em 1991. Tem

uma configuração única, com 11 esferas de aço, que vão

diminuindo de diâmetro à medida que se aproximam do alto

da torre. O arquitecto da torre vê estas esferas como se

fossem pérolas e, efectivamente, à noite, quando está

iluminada, é extremamente bonita, podendo ser considerada

uma pérola do Oriente. Quando entramos no elevador, este

leva-nos, em poucos segundos, pelo interior da torre, a um

piso todo envidraçado, onde existem algumas lojas e cafés.

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Daí podemos ter uma visão sensacional da cidade, que se estende no horizonte num ângulo de 360

graus, com o rio a rodeá-la e permitindo ver o distante solo debaixo dos nossos pés.

Daqui, fomos almoçar ao Hotel Marriott e seguimos para o jardim Yuyuan, que fica no centro da parte

antiga da cidade de Xangai, numa zona rodeada por uma muralha. Foi construído no século XVI,

durante o reinado do imperador Ming Jiajing, mas depois foi abandonado. Foi restaurado em 1760,

mas mais tarde foi destruído pelos Ingleses. Este jardim foi um bazar na primeira metade do século

20, para ser novamente restaurado em 1957.

É um excelente modelo da arquitectura paisagista clássica chinesa. Com uma área superior a 2

hectares o jardim é famoso por numerosas maravilhas arquitectónicas e aí estão concentrados os

elementos essenciais da jardinagem chinesa, bem como preciosas relíquias culturais, mostrando o

melhor da tradição da arte chinesa. Este é o jardim privado onde melhor se conseguiu combinar a

vegetação com os pavilhões, rochas e lagoas. Na cada de chá do meio do lago localizada em frente à

entrada principal do jardim, bebeu chá a rainha Isabel II da Inglaterra, quando aqui se deslocou em

1986.

Em seguida, fomos a um mercado, onde pudemos ver tudo o que existe à venda nas ruas de Shangai.

Depois caminhámos um pouco ao longo do rio e observámos The Bund, durante o dia, da outra margem

do rio. Aí encontra-se uma escultura de um touro, do artista italiano Arturo di Modica, precisamente

igual a uma que podemos ver em Wall Street, em Nova Iorque e que foi oferta do seu autor a Shangai.

Como ainda faltava algum tempo para apanhar o avião para Tayuan, o guia deu-nos duas horas livres

para compras. Mas ficámos na rua mais cara de Shangai (pedonal), com as melhores lojas e limitámo-

nos a passear de um lado para o outro. Num primeiro andar de um edifício um homem tocava música

clássica num saxofone. Aí permanecemos a ouvi-lo, à espera que fosse altura de irmos jantar, o que

aconteceu no Hotel Salvo.

Há um pormenor curioso em Shangai (pelo menos só o vi nesta cidade) que gostaria de referir: as

crianças pequenas não usam fraldas e têm nas calças ou calções uma abertura arredondada para

poderem fazer livremente as suas necessidades fisiológicas. Mas não posso deixar de perguntar a mim

própria o que é que acontece quando essas crianças estão ao colo dos pais e ainda não sabem falar!...

Não me atrevi a colocar a questão ao guia!...

Em seguida, fomos para o Aeroporto e pelas 23,45 horas aterrámos em Tayuan, onde o Shangxi

Grande Hotel esperava por nós.

Taiyuan é uma cidade com uma população de 4.200.000 habitantes e o seu nome significa “Grandes

Planícies”. Desde 1949, Taiyuan tem desenvolvido uma grande base industrial com uma indústria

pesada (nomeadamente ferro e aço) de grande importância.

Taiyuan é uma das grandes cidades industriais da China e está localizada no centro da província de

Shanxi. Foi considerada uma das quatro principais cidades chinesas com pior qualidade de ar, devido

ao facto de ser fortemente poluída. Shanxi produz um quarto do carvão da China e em Taiyuan está

localizado o China Taiyuan Coal Transaction Center, que começou a sua actividade comercial em 2012.

Pelo Protocolo de Quioto, a China ficou dispensada da redução das suas emissões de dióxido de

carbono!

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O dia 27 de Setembro amanheceu cheio de sol e com uma temperatura amena. Deixámos cedo o Hotel

e não parámos para visitar Taiyuan, dado que tínhamos pela frente uma viagem de duas horas e meia

até Jiexiu, a fim de visitarmos a Montanha Mian Shan.

A zona que atravessámos tem muitas minas de carvão e a 25 quilómetros de Mianshan, vemos uma

central eléctrica a carvão.

Subimos, subimos sempre, por uma estrada serpenteante, com grandes ravinas.

Localizada na província de Shanxi, a montanha Mianshan destaca-se pelo seu cenário natural e

cultural, mas especialmente pelas suas relíquias culturais. Abrangendo uma área de 75 quilómetros

quadrados, a montanha é um local cénico nacional.

Mianshan é uma espécie de santuário construído na montanha. A entrada fica no cimo de uma grande

escadaria branca, ladeada de dragões dourados. Para entrar, há uma barreira.

Na subida da montanha, seguimos o percurso de um rio com belas cascatas, com esculturas de animais,

com o som da água e alguns recantos encantadores e todos com significado religioso de homenagem à

natureza e às suas criaturas. É sombreado o local que é, provavelmente, um monumento à fertilidade.

Existem pequenas pontes suspensas de madeira. O caminho leva a lugares exóticos como uma pequena

gruta com dois budas.

Os chineses que encontrámos estavam encantados com o nosso grupo. Não é vulgar aparecerem

ocidentais por aqui e queriam tirar-nos fotografias e fazer-se fotografar connosco! Duas jovens perguntaram-me, admiradas, e num Inglês correcto, como tínhamos descoberto Mianshan, um destino

de turismo praticamente apenas interno. Depois quiseram tirar fotografias comigo! Basta dizer

“Nihao (Olá)” e sorrir para as crianças e dizer-lhes adeus, que os pais e avós retribuem-nos com o

mais rasgado dos sorrisos, deixando inclusivamente que peguemos nas crianças ao colo! Isto era

também impossível há 20 anos, quando não se podiam fotografar crianças, porque os pais achavam que

as fotografias lhes tiravam a alma!

Vimos alguns templos encravados na montanha, com acessos difíceis por escadas e rampas, como o

templo Yunfen, o Palácio Daluo e o Templo da Cabeça de Dragão.

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O Templo Yunfeng, também conhecido como Templo Baofu, está localizado na maior gruta de rocha

natural da Montanha Mianshan - a rocha Baofu - e o seu nome deriva daí. Foi construído no período

dos Três Reinos (220-280), e o templo na gruta consiste em mais de 200 pátios e salas Budistas. È o

único deste género no mundo. O Rei da Imaterialidade é o Buda do Templo Baofu e da Montanha

Mianshan. Podem ver-se no Templo alguns tesouros raros, como a placa que lhe foi concedida por um

Imperador da Dinastia Qing.

Em 732, durante a Dinastia Tang, foi restaurado o Palácio Daluo num conjunto arquitectónico Taoista,

em grande escala, sendo por vezes chamado "O Palácio Potala de Shanxi”. O espírito supremo do

Taoismo e outros deuses do povo são aqui adorados. O nome do Templo da Cabeça de Dragão deriva de

dois dragões gémeos que, segundo a lenda, apareceram quando o Imperor Taizong da Dinastia Tang

(618-907 D.C.) adorava Buda no templo.

A zona turística abrange mais de 20 locais com relíquias culturais, incluindo os Arcos de Pedra

Longmen.

A religiosidade e filosofia chinesa assentam em três pilares: o Confucionismo, o Taoismo e o Budismo.

Em Mianshan existem templos destas três religiões, unindo os chineses na peregrinação ao local. A

arquitectura exterior dos templos é muito bonita e ganha com o enquadramento natural. Os vários

salões, com as estátuas e os incensos, são praticamente iguais. Encravados na montanha, os templos

parecem suspensos.

Com actos e devoções, os crentes tentam atingir o Nirvana (a união permanente da alma com Deus).

Assim, existem várias capelas, com budas de várias dimensões. Queimam-se pauzinhos de incenso de

vários tamanhos, colocados dentro ou no exterior dos salões. Num deles, um monge batia num tambor

redondo, fazendo as suas orações.

Olhámos um poço com água, símbolo da vida, onde flutuavam algumas notas (a oferta de dinheiro é

uma constante nos templos e nos lago) e percorremos o estreito caminho de tábuas em frente à fila

de casas de madeira que tínhamos visto ao longe e que são locais de meditação dos monges. Depois de

deixarmos a montanha, ficou nítida a memória destes belos templos que parecem suspensos.

Após a visita, almoçámos num restaurante e seguimos directamente para a estação de comboios de

Taiyuan. Ainda faltava algum tempo para apanhar o comboio Bala, que nos levaria a Zhengzhou, depois

de uma viagem de três horas e meia, mas a estação e o seu exterior estavam completamente cheios de

pessoas e a entrada e saída no comboio Bala tinha de ser feita com a maior rapidez, o que não seria

fácil, com 44 pessoas carregadas de malas. Por isso, para evitar problemas derivados de qualquer

atraso, fomos com bastante antecedência para a estação. Enquanto esperávamos na rua, éramos

objecto da curiosidade dos chineses, que não paravam de nos tirar fotografias com os seus

telemóveis, rindo e conversando, certamente fazendo comentários a nosso respeito, que seríamos

para eles uma espécie de “bichos raros”.

A entrada no comboio decorreu apressadamente, mas sem problemas. Cada pessoa recebeu uma

caixinha com duas sanduíches, um sumo e uma maçã, mas o Paulo Rua teve um dos seus habituais

gestos simpáticos e disse que podíamos consumir o que quiséssemos, gratuitamente, no bar do

comboio. E o percurso foi feito tranquilamente, a conversar, a ler ou a dormir.

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Zhengzhou é a capital da província de Henan, tem seis milhões de habitantes e, do ponto de vista

geográfico é a cidade central da China, sendo conhecida como uma das oito capitais históricas deste

país. Há cerca de 3600 anos, Zhengzhou era a capital da Dinastia Shang. Durante as dinastias

seguintes, foi capital por quatro vezes. É considerada o berço da civilização chinesa.

Porém, não vimos nada de Zhengzhou. Quando saímos do comboio já era muito tarde e esperava-nos o

autocarro que nos levaria a Luoyang, que ficava a uma distância de duas horas e meia. Logo que

chegámos a esta nova cidade, seguimos para o Hotel New Friendship, para passar a noite. Tinha sido

um dia muito preenchido, mas cheio de surpresas!

Desta vez, o despertar foi um pouco mais tarde: pelas 8,30 horas, dada a hora tardia a que tínhamos

chegado na véspera.

Sendo uma das mais antigas cidades da história da China, Luoyang (que tem actualmente perto de seis

milhões de habitantes), assistiu à ascensão e queda de cerca de 13 dinastias no decurso dos últimos

4000 anos. Luoyang é agora conhecida pelo seu grande número de locais históricos e tesouros

culturais. Encaminhámo-nos para o Templo do Cavalo Branco, que está localizado a 12 quilómetros da

cidade e começou a ser construído em 68 D.C. durante a dinastia East Han. Com uma longa história de

mais de 1900 anos, diz-se que é o primeiro Templo Budista construído na história da China.

Considerado o berço do Budismo Chinês, este templo ainda desempenha um importante papel no

Budismo Chinês, atraindo muitos budistas e estudiosos de todo o país. Actualmente o Templo do

Cavalo Branco é um rectângulo que ocupa uma área de 40.000 metros quadrados, incluindo o Salão

Tianwang, o Salão do Grande Buda, o Salão Daxiong, o Salão Jieyin, o Salão Qingliang e o Salão Pilu.

Após a visita, fomos almoçar ao Hotel onde tínhamos

pernoitado e, em seguida, fomos visitar um centro de

artesanato, onde nos ensinaram a fazer recortes em papel. O

recorte de papel é uma das artes populares mais prevalecentes

e antigas da China, possuindo uma história que remonta pelo

menos ao século VI. Os recortes de papel são frequentemente

usados em cerimónias religiosas e para decoração,

particularmente durante o Ano Novo Chinês ou outras

festividades. No campo, as pessoas afixam recortes de papel

nas paredes, portas, janelas e outros locais, para atrair a

fortuna e a felicidade. São usadas tesouras especiais: Todas as

pessoas do grupo foram convidadas a fazer um recorte de

papel, mas a nossa habilidade não era grande. Mesmo assim, o

papel melhor recortado por uma das nossas companheiras de

viagem recebeu um prémio simbólico.

Seguidamente, saímos para as Grutas Longmen, que estão

localizadas a 12 quilómetros de Luoyang e foram escavadas

durante a Dinastia Wei quando o rei veio residir em Luoyang e

estabeleceu aqui a sua capital no final do século V. Mais tarde,

continuaram a ser construídas por um período de mais de 400

anos e durante várias dinastias.

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Têm uma extensão superior a de 1 quilómetro. Existem 2.345 grutas, 2.680 quadros e inscrições de

pedra, mais de 70 stupas (um stupa é um tipo de monumento ou parte de um templo, construído em

forma de torre, geralmente cónica, circundada por uma abóbada e, por vezes, com um ou vários

chanttras (toldos de lona). Originalmente, era um monumento funerário de pedra, semiesférico, com

cúpula, mirante e balaustrada. Com o advento do budismo, evoluiu para uma representação

arquitectónica do cosmos) e mais de 100.000 estátuas budistas. A maior tem 17,14 metros de altura e

a mais pequena apenas 2 centímetros. Estas grutas são das mais conhecidas na China.

O Museu de Luoyang, o maior museu da cidade, mostra a rica história de Luoyang. Além disso, Luoyang

produz as mais bonitas peónias da China. Tem aqui lugar uma feira de peónias todos os anos, que é

considerado o maior festival da cidade.

Declaradas património mundial da UNESCO, as grutas Longmen constituem um tesouro da arte

escultórica Budista da antiga China. Longmen significa Porta do Dragão, evidenciando magnificência e

severidade.

Regressámos a Luoyang num barco que deslizava suavemente ao longo do rio e dirigimo-nos novamente

para a estação de comboios, desta vez para apanharmos o comboio Bala com destino a Xian. Agora não

houve a precipitação da véspera, antes tudo aconteceu com calma e atempadamente. O comboio fez a

maior parte do percurso com grande rapidez, ou não fosse ele o Bala e o mostrador da velocidade

indicava, a maior parte das vezes, 300, 301 ou 302 quilómetros à hora. Pelas 21,30 horas chegámos a

Xian e o jantar, bem como o alojamento, tiveram lugar no Days Inn Hotel & Suites Xinxing.

Aguardava com um misto de ansiedade e muita curiosidade este dia 29 de Setembro, que seria todo

passado nas visitas a Xian, cidade onde eu nunca tinha estado. Acordámos pelas 6,30 horas e da janela

do meu quarto consegui ver o nascer do sol, apesar da neblina que parece ser uma constante em Xian.

Xian é uma das cidades mais antigas do país e de grande importância histórica para a China. Desde o

século 11 A.C., foi a capital de 13 dinastias e o ponto de partida para a Rota da Seda, antigo trajecto

comercial que ligava a China ao Mediterrâneo. A sua população é de três milhões de habitantes e no

caminho verificámos que o trânsito era caótico.

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Actualmente, a cidade é visitada principalmente para ver o túmulo imperial de Qin Shihuang, o

primeiro imperador chinês, e o seu exército de 6 mil soldados de terracota. Outras atracções

importantes são a muralha da cidade e o Pagode do Ganso Selvagem. A fabulosa colecção de

guerreiros em terracota do imperador chinês Qin foi descoberta por acaso em 1974 por um agricultor

da província de Shaanxi - Yang Zhifa, hoje com 75 anos de idade. Foi em Março, pouco depois do ano

novo chinês. O clima estava particularmente seco no noroeste do país e o grupo de agricultores do

qual Yang Zhifa fazia parte decidiu abrir um poço artesiano para irrigar as culturas da cooperativa

agrícola.

"No início a escavação decorreu muito bem. No segundo dia, encontrámos uma terra vermelha e muito

dura. No terceiro dia, por volta do meio-dia, a minha enxada desenterrou o pescoço de uma estátua

em terracota, sem cabeça e cujo pescoço tinha uma abertura tão grande como uma tigela", conta Yang

Zhifa, que se lembra do acontecimento como se fosse ontem. "Eu disse ao meu colega que deveríamos

estar no local de uma antiga olaria. Ele respondeu, dizendo para eu continuar a cavar com cuidado, de

forma a poder desenterrar as jarras e levá-las para casa para nosso uso pessoal." Continuando a

cavar, os agricultores descobriram os ombros e o busto de uma estátua. Não se tratava então de uma

olaria, mas sim de um templo, pensaram. Depois perceberam que o corpo estava quase inteiro.

Continuando as escavações, os trabalhadores retiram vários objectos em bronze.

"Nesse momento ocorria a Revolução Cultural e nas aldeias a situação era caótica. As pessoas estavam

a observar-nos. As pessoas idosas, ao verem essas “estátuas de divindades” e objectos de bronze

desenterrados, ficaram muito pouco satisfeitos. Diziam que retirá-los da terra não era bom nem para

a aldeia, nem para mim", acrescenta Yang Zhifa. Mas este camponês, que serviu o exército chinês

durante seis anos, tinha algumas noções em relação às antiguidades. Após ter reflectido bastante,

tomou uma importante decisão. "Sempre dissemos que o túmulo do imperador Qin ocupava uma área

de 9 hectares e que a nossa aldeia se encontrava a dois quilómetros de distância do mausoléu. Pensei

então que os objectos encontrados seriam relíquias históricas. Então prendi três carrinhos de duas

rodas para transportar para o museu do distrito de Lintong a estátua e os objectos em terracota que

eu havia desenterrado. Pensei também que se não fossem objectos históricos, iria deitá-los no rio e a

seguir, iria para casa”. Yang Zhifa e os colegas percorreram vários quilómetros para levar as

descobertas ao museu. Os responsáveis da instituição identificaram os fragmentos e a "estátua da

divindade" como sendo da dinastia Qin e consideraram que teriam um valor considerável. "Pagaram-nos

10 yuans por carrinho, ou seja, 30 yuans no total. Ficámos muitos felizes por termos recebido essa

quantia, por termos enchido três carrinhos de terracota", explica Yang Zhifa. Dez yuans

correspondiam na época a um salário anual nas regiões agrícolas mais pobres. De volta à aldeia,

dividiram os 30 yuans com os outros agricultores, como exigia o sistema colectivo. Individualmente,

foram recompensados pelo seu esforço com uma quantia equivalente a meio turno de trabalho e

utilizaram o dinheiro para comprar alimentos ou outros bens. Foi tudo o que receberam inicialmente

como recompensa.

As autoridades decidiram construir um museu no local do mausoléu. Os habitantes daquela zona são

então transferidos, entre eles Yang Zhifa, que recebe uma compensação de cinco mil yuans pelo seu

terreno de 167 metros quadrados. Instala-se então na aldeia de Qinyong, distante seis quilómetros do

museu. Yang recebe um apartamento de três quartos, comparável aos de outras pessoas também

transferidas para o local. Refere que graças à descoberta do sítio arqueológico e às reformas

realizadas no local pelas autoridades, o nível de vida melhorou bastante e alguns moradores até

conseguiram enriquecer graças ao comércio. Yang não tinha aptidão para o comércio. Foi então

contratado pelo museu para assinar autógrafos para os visitantes.

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"No começo ganhava 300 yuans por mês, depois mil yuans por mês até me ter reformado", diz. Nessa

função, teve o seu momento de glória quando o presidente americano Bill Clinton, em visita ao museu,

lhe pediu um autógrafo.

Actualmente continua a dar autógrafos e também me deu um, num livro que comprei chamado” El

ejército poderoso del império de hace 2200 años” e que guardarei com todo o carinho, dado que Yang

é um homem muito simpático, que sorri para toda a gente e não é fácil conhecermos uma pessoa que

descobriu uma das maravilhas do mundo.

Porém, o nome de Yang não se encontra na placa de apresentação do fosso número 1 do mausoléu, onde

se pode ler que o exército de terracota foi descoberto por agricultores locais. Mas apesar da

descoberta do exército de terracota não o ter enriquecido, Yang mantém o seu orgulho, dizendo: "É a

oitava maravilha do mundo."

Ver fotografias ou ler sobre os guerreiros de terracota é uma coisa, estar dentro do pavilhão que

protege as escavações é outra. As imagens que eu tinha visto geralmente eram de pormenores e, por

isso, nunca pensei que o conjunto tivesse dimensões tão grandes.

No alto, à esquerda, está o fosso nº 1 do sítio arqueológico dos Guerreiros de Terracota de Xian.

Existem 11 colunas de guerreiros, acompanhados de cavalos. À direita, o fosso do sítio arqueológico do

mausoléu de Liu Qi, em Yangling. Um grupo de servidores em tamanho reduzido (três vezes menor do

que o natural). Ao lado, no fosso nº 1 do sítio arqueológico dos Guerreiros de Terracota de Xian estão

dois guerreiros com seus cavalos.

Três enormes fossos escavados revelavam o conteúdo. Observei um imenso rectângulo aberto no solo

com 62 por 230 metros, onde havia mais de mil soldados de pé, todos olhando para a frente, como se

estivessem prontos para um ataque. A altura das figuras humanas variava de 1,72 a 1,96 metros. Cada

soldado tinha uma fisionomia diferente: alguns sorriam, outros eram mais sisudos. Uns tinham barba,

outros, bigodes. O adorno na cabeça identificava o status: quanto mais sofisticado, mais elevada a

posição hierárquica. Enquanto o tronco, os braços e a cabeça eram ocos, as mãos e as pernas foram

moldadas com barro maciço. Cada peça de terracota era decorada de forma distinta.

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Consegui observar alguns traços de pintura vermelha e amarela que resistiram ao tempo. Segundo os

arqueólogos, a tinta foi confeccionada à base de minerais e fixadores, tais como sangue animal ou

clara de ovo.

Originalmente, os soldados tinham armas verdadeiras, como arcos, flechas, espadas e lanças. Os

artefactos de madeira não chegaram aos nossos dias, mas os de bronze e outras ligas foram

desenterrados em perfeito estado. Os cavalos em terracota, também em tamanho original, pareciam

estar vivos.

Depois de nos maravilharmos com todos estes tesouros, prosseguimos para a visita do Museu de

História Provincial de Shaanxi, que é o primeiro museu nacional moderno. Este museu é considerado “a

pérola das dinastias antigas e a casa dos tesouros chineses” e dá uma visão em miniatura dos milhares

de anos da história da China e das magníficas culturas dos tempos antigos. Foi construído em 1983 e

abriu ao público em 1991. Abrange uma área de 65.000 metros quadrados, dos quais 11.000 metros

quadrados pertencem aos salões de exposição e 8.000 metros quadrados são usados como armazéns

de relíquias das dinastias Han, Wei, Sui, Tang, Song, Yuan, Ming e Qing. Aqui podem ser vistos

também grandes tesouros da arte caligráfica do mundo.

Actualmente 370.000 peças exibidas no museu mostram uma história de mais de um milhão de anos

desde os tempos pré-históricos até cerca de 1840.

Os grandes edifícios imitam o estilo arquitectónico da dinastia Tang, com um salão central de dois

andares e quatro salões de culto em seu redor. As cores predominantes dos salões são o preto, o

branco e o cinzento, dando aos salões um ambiente de solenidade e encanto rústico. Os salões de

exposição estão, em geral, divididos em quatro grupos principais: O salão Preface, os salões de

exposição permanente, os salões de exposição temporária e um salão de exposição para as pinturas

murais Tang. Os salões de exposição permanente mostram cronologicamente e em separado a cultura

de Shaanxi.

Em seguida observámos o Pagode do Grande Ganso Selvagem, que foi

construído em 652, na dinastia Tang. Fica situado no complexo do templo de

Da Ci'en, a cerca de 4 quilómetros do centro de Xian. É um dos pagodes

Budistas mais famosos da China. Tem 64 metros de altura e uma estrutura

de tijolos e madeira. Durante a dinastia Ming, um terramoto da escala de

8.0 abalou Huaxian, na província de Shaanxi. Morreram mais de 830.000

pessoas e mais de 90% dos edifícios foram destruídos. O Pagode sofreu

apenas danos ligeiros no cimo e actualmente ainda representa um poderoso

símbolo de Xian.

A cidade antiga está localizada no centro de Xian, que é rodeada por uma

muralha, que é uma das obras primas da arquitectura chinesa.

A muralha da cidade de Xian foi construída durante a dinastia Ming entre 1374 e 1378 e tem 12

metros de altura; a sua largura na base varia entre os 15 e os 18 metros e no topo entre os 12 e os 14

metros. Tem 13,7 quilómetros de perímetro. Não é tão famosa como a Grande Muralha de Pequim, mas

é outra grande muralha que vale a pena visitar. É uma muralha rectangular que rodeia toda a parte

antiga da cidade e na sua parte superior, é percorrida por um passeio de pedra, no qual se pode dar a

volta completa. É a melhor conservada do país.

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Ao longo da muralha, conservam-se ainda as torres de vigilância, várias construções defensivas e 4

portas que correspondem aos pontos cardeais, com a porta principal situada a sul. De cima, as vistas

da cidade são fantásticas. A muralha é muito sólida e estável. Fora da muralha, construiu-se também

um fosso cercando a cidade. No pátio interior da muralha tinha sido montada uma tribuna e havia 6

tambores enormes, cobertos com grossas lonas, que seriam usados, sem dúvida, nas festividades do

dia 1 de Outubro.

Chegara a vez de visitarmos o Bairro Muçulmano de Xian e a Grande Mesquita. Ao contrário do que se

pensa no Ocidente, o que é chinês não é tudo igual. O país conta com numerosos grupos étnicos

diferentes, cada um com as suas crenças, costumes, traços fisionómicos e hábitos diversos. Xian é um

bom exemplo dessa diversidade. No coração da cidade há um bairro muçulmano com chineses que oram

a Alá e chinesas vestindo longos véus. O nome desse bairro em inglês é "Muslim Quarter" e, na

prática, o lugar é uma grande rua cercada por ruelas. É uma Arábia chinesa estranha com todos os

cheiros, tecidos, temperos e lojinhas que se podem encontrar num pedaço do Médio Oriente.

Este bairro muçulmano abriga a Grande Mesquita Islâmica que foi construída durante a dinastia Song

(960-1279) e é uma das maiores da China e das mais antigas. Uma importante colónia islâmica cresceu

em seu redor e actualmente o mercado coberto tem para vender tudo o que se possa imaginar,

inclusive pão árabe, e os seus cheiros, as cores e as ruelas em labirinto fizeram-me lembrar os souks

árabes. É um tanto difícil de encontrar: vamos caminhando por um beco aqui e outro ali, até

depararmos com uma pequena entrada que esconde uma área de 13 mil metros quadrados, cheia de

jardins, salões que permitem a entrada de visitantes e outros onde só entra quem for muçulmano. A

mesquita não tem minaretes e desde a forma do telhado até à configuração dos jardins, parece um

templo chinês. Apenas as inscrições do Corão lembram a cultura islâmica. Mas as casas de banho é que

foram, de certeza, as mais sujas que encontrei até hoje!!!

Não seguimos logo para o Hotel para jantar, mas fomos para o Restaurante "Dinastia Tang", onde além

de um jantar com pratos com nomes muito sugestivos como Pérolas de Cathay, O Casamento Real,

Coração de Dragão, O Alfinete da Princesa, A Melodia do Salgueiro, que não eram mais do que os

pratos chineses habituais, pudemos apreciar uma peça feita sobre a música e dança da corte

consagradas durante a Dinastia Tang, com uma coreografia criada nos moldes da antiguidade clássica,

que é como uma continuação da história daquele período, mas com inovação na área artística. Sem

dúvida que o Show é uma grande experiência do rico passado cultural da China. O Teatro está bem

decorado, tanto no exterior como no interior. A dança e os trajes eram muito bonitos e a música

muito melodiosa e agradável. Um dos músicos tocava um instrumento, cujo som imitava o canto de um

pássaro e a orquestra (que acompanhava as danças) respondia com um som semelhante, como se dois

pássaros cantassem ao desafio. Na verdade, foi muito bom termos podido assistir a um espectáculo

tão belo!

Dia 30 de Setembro: O despertar foi às 6, 00 horas para apanharmos o avião para Lhasa, a capital da

Região Autónoma do Tibete. Estava imensamente curiosa por visitar esta região, depois de ter lido o

Livro “Sete anos no Tibete “ e de ter visto o filme com o mesmo nome, que é bem diferente do livro.

Estava um tanto expectante, depois de ter ouvido opiniões pouco favoráveis acerca do que iria sentir

devido à altitude e à alimentação. Houve um atraso considerável na hora de saída do avião, mas ao fim

de cerca de 3 horas de viagem durante as quais almoçámos a bordo e depois de termos sobrevoado os

cumes nevados do Himalaias, com paisagens de tirar o fôlego, aterrámos em Lhasa. O dia estava

ligeiramente mais fresco do que em Xian, mas não estava frio e o sol brilhava.

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O guia que nos aguardava colocou uma echarpe de seda branca ao pescoço de cada um de nós, como

sinal de boas-vindas e de cortesia. Esta entrega da echarpe de seda aconteceria em todas as terras

onde chegámos, nomeadamente no Butão. Devido à altitude, o guia aconselhou-nos a não tomar banho

naquele dia, a não fazer exercícios bruscos e a evitar o ar condicionado.

O Tibete é um território situado ao norte da cordilheira dos Himalaias. É habitada pelos tibetanos e

outros grupos étnicos, além de grandes minorias de chineses, num total de 3 milhões de pessoas.

Também é considerada a região mais alta do mundo, com uma altitude média de 4.900 metros e, por

essa razão, recebe a designação de "o tecto do mundo". Sendo um destino de sonho para muita gente,

possui uma beleza capaz de encantar qualquer viajante. As paisagens que este lugar oferece são

simplesmente inesquecíveis e magníficas. É um lugar que purifica a alma através de sua tranquilidade e

do seu ambiente de pureza espiritual.

A história do Tibete teve início há cerca de 2100 anos. A língua tibetana é falada em todo o vasto

planalto tibetano, no Butão, em algumas partes do Nepal e no norte da Índia (como em Sikkim). É,

normalmente, classificada como uma língua tibeto-birmanesa, da família das línguas sino-tibetanas. A

língua tibetana inclui numerosos dialetos regionais, que, em geral, são inteligíveis entre si.

O Tibete está localizado no Planalto Tibetano, a região mais alta do mundo. A maior parte da cadeia

de montanhas dos Himalaiass encontra-se no Tibete. O seu pico mais conhecido, o Monte Evereste,

situa-se na fronteira entre o Nepal e oTibete. A altitude média do país é de cerca de 3000 metros no

sul e de 4500 metros no norte.

O Tibete histórico consiste em diversas regiões. A influência cultural tibetana estende-se até países

vizinhos como o Butão, o Nepal, até regiões adjacentes da Índia e províncias adjacentes da China onde

o budismo tibetano é a religião predominante.

A rápida expansão da economia tibetana resulta do investimento, consumo e comércio exterior. O

consumo aumentou mais nos sectores turístico, automobilístico, da habitação e do lazer. Além disso, a

abertura ao tráfego da ferrovia Qinghai-Tibet e do aeroporto também contribuíram para o

crescimento de comércio exterior do Tibet.

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A arte tibetana é em primeiro lugar e fundamentalmente uma forma de arte sacra, reflectindo a

forte influência do Budismo tibetano nessas culturas.

A música do Tibete reflecte o património cultural da região Trans-Himalaiana, centrada no Tibete,

mas também popularizada onde os grupos étnicos do Tibete são encontrados, como na Índia, Butão,

Nepal e outros países. A música tibetana é principalmente religiosa, reflectindo a profunda influência

do budismo tibetano na cultura do país.

Um das tradições musicais no Tibete existe desde o século XII, é a tradição Lama Mani que narra

parábolas budistas. Através de contadores de histórias, que viajavam de aldeia em aldeia, os

ensinamentos budistas eram escutados e visualizados juntamente com pinturas. Num país onde não

havia jornais ou outros meios de comunicação, essa forma de expressão musical possibilitava levar a

informação até às massas populares.

A música tibetana está sempre presente nas cerimónias budistas. Esses rituais de oração utilizam

instrumentos como sinos, pratos, tímbalos, tambores e a entoação de textos sagrados, que são

recitados de forma ressonante e com sons graves. Dos cerca de 300 mil habitantes de Lhasa, a

capital da região autónoma do Tibete, menos de um quarto são tibetanos. A grande maioria da

população é de origem chinesa. A cidade tem crescido em ritmo acelerado.

Há novas construções por toda a parte, e as fachadas e a organização urbana fariam qualquer pessoa

confundi-la com qualquer outra metrópole chinesa, se não fosse pelo bairro do Barkor, onde moram as

minorias tibetanas e alguns muçulmanos.

Os chineses também ocupam praticamente todos os cargos públicos e os empregos mais importantes,

como professores, bancários e policiais. Aos tibetanos, sobram as ocupações no pequeno comércio,

empregos de motoristas de táxis e de guias de turismo.

O turismo no Tibete, começou nos anos 80, mas tem crescido ano a ano, tendo atingido os 10 milhões

de visitantes em 2010, uma taxa de crescimento do volume de turismo superior à de qualquer outra

região da China.

Um grupo político de grande importância, e que deve ser referido quando se fala no Tibete, é os Dalai

Lamas, que estiveram no governo do Tibete durante bastante tempo. Em 1913, esse mesmo grupo,

liderado pelo 13° Dalai Lama, expulsou todos os representantes e todas as tropas Chinesas do

território que é formado atualmente pela Região Autónoma do Tibete.

Em 1950, o Partido Comunista da China assumiu o controle da região e em 1959, juntamente com um

grupo de chefes Tibetanos e dos seus seguidores, o Dalai Lama exilou-se em Dharamsala, na Índia, e

lá mesmo instalou o Governo do Tibete no Exílio. O Dalai-Lama é o líder religioso do Tibete e o actual

é Tenzin Gyatso, que governou o Tibete de 1940 a 1959.

Nasceu em 6 de Julho de 1935 e, com dois anos de idade, foi reconhecido como a 14ª encarnação do

Dalai Lama. Recebeu o prémio Nobel da Paz em 1989 e ainda é reconhecido pelos tibetanos como o seu

chefe natural e de direito.

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Lhasa (que significa “Terra Sagrada”) encontra-se a 3.650 metros de altitude, tem 500.000

habitantes e é a capital administrativa da Região Autónoma do Tibete. É uma cidade com um ar

totalmente budista, apesar da forte presença chinesa e, no dizer do guia local, muito segura. A grande

maioria dos templos é budista. Nesta cidade, as tradições da milenar cultura tibetana resistem e são

para admirar, sentir e respeitar. Fazem parte do dia-a-dia dos seus habitantes, são genuínas e, por

isso mesmo, apaixonantes. Fomos directamente para o Hotel LhasaTsedang (muito bonito) para deixar

as bagagens e aí foi-nos oferecido um sumo de frutas. O resto do dia foi passado no Hotel, para

repousar e nos habituarmos à altitude. Jantámos também no Hotel.

No dia seguinte, 1 de Outubro, acordámos às 7,00 e, após o pequeno almoço, deixámos o Hotel e

caminhámos por um labirinto de frutas, legumes, especiarias, ervas medicinais, queijo de yak, carne

seca, barras de chá prensado e pirâmides de manteiga de yak com um cheiro intenso, até chegarmos

ao templo Jokhang. Os tibetanos continuam a envergar os trajes tradicionais por opção cultural. As

mulheres e homens vão desfiando uma espécie de rosário e rodando na mão direita, continuamente, um

moinho de oração, um instrumento feito de metal ou de madeira, com uma oração escrita em Tibetano

guardada no interior, para pedir protecção e sorte. Algumas pessoas prostram-se no chão em cima de

um pequeno colchão, de repente levantam-se, batem duas vezes com duas placas metálicas que têm

nas mãos, pronunciam algumas palavras e voltam a lançar todo o corpo no chão, para de seguida se

levantarem e repetirem os mesmos gestos, fazendo todo o trajecto assim, em sinal de reverência.

Esta atmosfera e este cenário, parados no tempo, remetem-nos para as primeiras imagens desta

região, obtidas no início do século XX.

O Templo Jokhang situa-se no centro da cidade de Lhasa e é o grande orgulho dos tibetanos.

É um templo de 4 andares de onde se pode contemplar o majestoso palácio da Potala e seus telhados

cobertos de azulejos dourados. Na entrada há a figura de dois veados dourados. No interior há uma

imensa riqueza nas paredes, Budas, panos coloridos com orações, ensinamentos milenários e tudo

descansando sobre um imenso silêncio.

É o mais antigo conjunto arquitectónico de madeira que integra o estilo arquitectónico da etnia Han e

da etnia tibetana. A construção do Templo data do ano 647. Actualmente ocupa uma área de 25 mil

metros quadrados. É Património Cultural da Humanidade desde 2000 e é um sagrado local dos

budistas tibetanos, onde cabem dezenas de milhares de pessoas quando se realizam as cerimónias

religiosas: Crianças, adolescentes, adultos, idosos... pessoas com mais de 80 anos dobravam o corpo ao

orar, uma e outra vez. Tem mais de 20 salões. O templo guarda preciosas estátuas, pinturas e

instrumentos musicais históricos. Os tetos do primeiro e segundo andares estão cobertos de imagens

de budas. O salão principal fica no centro do Templo e aí se encontra a estátua dourada de Sakyamuni

(Buda), fundador do budismo, que a comunidade budista considera um tesouro raro.

Diz-se que a estátua de Sakyamuni tem uma história de mais de 2 500 anos. Quando Sakyamuni era

vivo, não concordava com a ideia da veneração pessoal e não queria que fosse criada qualquer

semelhança com ele. Assim, apenas permitiu que, enquanto viveu, tivessem sido esculpidas 3 estátuas,

desenhadas por ele. A primeira foi esculpida quando tinha 8 anos de idade, a segunda mostra-o aos 12

anos e a terceira quando já era adulto. A estátua guardada no templo Jokhang é a dos 12 anos de

idade. Foi dourada muitas vezes e decorada com jóias típicas do Tibete.

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As três estátuas são de altura igual à estatura de Sakyamuni nos três períodos da sua vida e a do

Templo Jokhang é a melhor preservada.

O templo é um centro de devoção em todos os dias do ano. Muitos peregrinos vêm fazer um

compromisso ou cumprir um voto pintando as estátuas douradas, conforme vimos fazer. Nos altares

dos Budas e de outras divindades acumulam-se as oferendas: muito dinheiro em notas, echarpes de

seda branca e amarela, muitas flores, muitas velas a boiar em manteiga de yak (uma espécie de

antílope, mas com um pelo tão comprido, que quase toca no chão), fruta e tudo o mais que a imaginação

permite supor!

Em seguida, foi-nos dado algum tempo para visitar o Bazar Barkhor,

que é a rua mais nova da parte antiga de Lhasa e que circunda o

templo Jokhang e onde existe um mundo de artigos exóticos, com

ruas estreitas e apertadas.

Continuámos as nossas visitas, desta vez para Norbulingka – O

Palácio de Verão !

O Palácio de Norbulingka, situado a oeste de Lhasa fica a pouca

distância do Palácio Potala. Norbulingka significa “Parque do

Tesouro” e este parque abrange uma área de cerca de 36 hectares

e é considerado o maior jardim do Tibete. No interior do palácio há

mais de 370 salas.

É chamado Palácio de Verão, porque depois do 7º Dalai Lama, os

seus sucessores costumavam vir aqui durante o verão para realizar as suas actividades religiosas e

governamentais.

Fazendo parte do “Conjunto histórico do Palácio Potala”, a UNESCO acrescentou Norbulingka à sua

lista de locais considerados Património da Humanidade.

A construção do palácio teve início em 1740 e ao jardim foi dado o nome de Norbulingka. Em 1751, o

7º Dalai Lama iniciou a construção do seu próprio Palácio chamado Kelsang Potrang dentro do Jardim

de Norbulingka. Num período de 200 anos, muitas construções tiveram aqui lugar. O 8º Dalai Lama

mandou fazer um lago e um grupo de edifícios chamado C. Cada Dalai Lama mandou construir um

edifício para ele próprio e deu-lhe um nome diferente.

Então os vários Dalai Lamas começaram a vir passar o Verão nos palácios construídos no Jardim de

Norbulingka. Cada Palácio aqui existente está dividido em 3 secções. O primeiro palácio foi Kelsang

Potrang, que é um edifício de 3 andares com quartos de dormir, salas de leitura, salões de veneração e

também um santuário.

Aqui demorei-me a observar um lago do jardim, onde havia muitos peixes de várias cores e, quando dei

por isso, as restantes pessoas do grupo tinham desaparecido. Ainda caminhei bastante pelos jardins,

admirando o ambiente de grande beleza e serenidade, mas como não encontrei ninguém, decidi voltar

para trás e fui para o autocarro, à espera que todos chegassem, o que ainda demorou um bom bocado!

Fomos almoçar ao Hotel e, por causa dos efeitos da altitude (os quais eu nunca senti, felizmente) em

lugar de água, tomei uma bebida que a empregada de mesa (que falava bem o Inglês) me aconselhou,

chamada Rhodiola. Era extremamente agradável e não-alcoólica e, enquanto estivemos no Tibete, não

bebi outra coisa às refeições.

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Depois do almoço, prosseguimos para o Mosteiro de Sera, que fica a cerca de 3 quilómetros ao norte

de Lhasa, na encosta do monte Tatipu. O mosteiro está dedicado à seita Gelupta, um ramo do Budismo

Tibetano, fundado por Tsong Khapa. Foi um discípulo de Tsong Khapa que mandou construir o mosteiro

por volta do ano 1419. Com o decorrer do tempo, Sera tornar-se-ia um dos 6 mosteiros mais

importantes do budismo tibetano dedicado à seita Gelupta. Além dos magníficos edifícios (como

escolas especializadas, o palácio Lhadrang e a sala Coqen), que juntos formam um espectacular

complexo monástico numa área de cerca de 120.000 metros quadrados, não pode deixar de ser

referido que este mosteiro guarda escrituras sagradas escritas com pó de ouro, que têm,

naturalmente, um valor incalculável, além de uma série de esculturas e pinturas de grande beleza.

Mas, sem dúvida, a principal atracção do Mosteiro são os famosos debates, com discussões que

tratam de diferentes aspectos da doutrina budista, entre os monges que vivem no mosteiro (perto de

150). Essas discussões têm lugar ao ar livre, sob o olhar espantado de um público constituído por

turistas e leigos, que observam atentamente os gestos e a veemência com que os monges defendem e

argumentam as suas opiniões. Mas por vezes pareceu-me que tudo aquilo não passava de uma

encenação e que os monges estavam a fingir, só para impressionarem as pessoas!... Um espectáculo,

sem dúvida!

Ao fim da tarde, regressámos ao hotel para jantar. A seguir, ficámos algum tempo a ver as lojas do

Hotel, que tinham objetos bastante interessantes!

O dia 2 de Outubro, 11º dia de viagem, amanheceu enevoado e foi debaixo de uma chuva miudinha, mas

persistente, que nos dirigimos para o Palácio Potala.

Antes de lá chegar, as imagens do filme e as descrições do livro que tinha lido acerca do Tibete

tornaram-se mais nítidas, mas efectivamente, a realidade era bem diferente. Nada era tão escuro

nem tão sujo, antes pelo contrário, e à medida que as nuvens iam desaparecendo, tudo parecia até

muito bonito! Visitar o Palácio Potala, que faz parte do Património Mundial da Humanidade da

UNESCO, e é o berço do budismo tibetano, era um dos meus maiores desejos e estava ansiosa por

começar a subida. Porém, quando olhei para cima e vi todas aquelas rampas e degraus, perguntei a mim

mesma se seria capaz de lá chegar, dadas as minhas dificuldades com as subidas, em que sou sempre a

última a chegar!

Mas consegui, sem dificuldades de maior! Tínhamos uma hora para visitar o Palácio e não era permitido

tirar fotografias. O nosso grupo foi dividido em dois: enquanto um foi visitar o Palácio, o outro ficou

num mercado de rua em frente do Palácio, tendo-se depois verificado a situação inversa!

Uma escultura do "Leão das Neves" guarda a entrada do Palácio.

O Palácio Potala é a antiga residência do Dalai Lama. Na língua tibetana, a palavra Potala significa o

"local onde mora a Deusa da Misericórdia budista”. Na realidade, é onde os Dalai Lamas de todas as

gerações realizavam as actividades políticas e religiosas e moravam durante a vida e após a morte.

Originalmente, o Palácio Potala não foi construído como um local sagrado do budismo.

Em 1645, o governo central nomeou oficialmente o 5º Dalai Lama como o líder político e religioso do

governo local do Tibete. Este começou a reconstruir o Palácio Potala. Três anos depois, o Palácio

Branco foi concluído. A construção do Palácio Vermelho, foi iniciada em 1690 para homenagear o 5º

Dalai Lama e guardar a stupa onde repousavam os seus restos mortais. As obras terminaram quatro

anos mais tarde. Depois, o Palácio Potala passou por várias renovações e ampliações.

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O Palácio Potala está no cimo de um monte, ocupando - quase todo. Contemplando de longe todo o

edifício, o muro de cor vermelha alternando com a cor branca e com o telhado dourado, tem uma

aparência grandiosa e esplêndida. Aparentemente, o Palácio é um castelo tibetano com estruturas de

pedra e madeira e tem um telhado típico dos palácios dos Han. As decorações interiores e exteriores

são do estilo semelhante aos palácios e templos do Nepal.

A estrutura do Palácio Potala tem 115 metros de altura e aparentemente tem 13 andares, mas, de

facto, tem exactamente 9 andares. O muro tem 8 metros de espessura na base, enquanto no topo

diminui gradualmente para cerca de um metro. O ferro derretido foi injetado em algumas partes do

muro do palácio, o que o tornou invulnerável. Do cimo, pode-se ver uma cidade apinhada de residências

de monges, de pouca altura, bem como casas de cidadãos e lojas. São notáveis os contrastes entre

diferentes partes das construções: os salões são espaçosos, enquanto as janelas são extremamente

pequenas; os muros são muito grossos enquanto os corredores são muito estreitos. Parece que em

tudo se manifesta o poder misterioso e a solenidade da doutrina budista.

O Palácio Potala é composto por duas partes. O Palácio

Vermelho fica no centro e o Palácio Branco encontra-se na

direção leste-oeste. Todo o palácio tem mais de mil divisões e

é uma mistura de forte, mosteiro e palácio.

O Palácio Branco tem sete andares e é onde os Dalai Lamas

de todas as gerações moravam e exerciam o seu poder

político. A maior sala é a Sala do Leste no quarto andar, onde

os Dalai Lamas se entronizavam e governavam o Tibete.

A Sala Solar no andar superior é dividida em quartos do lado leste e do oeste, que têm sol durante

todo dia. No inverno, o Dalai Lama costumava morar aqui. A Sala Solar tem quarto de visitas, quarto

de descanso e um quarto onde o Dalai Lama estudava as sutras budistas. O Palácio Vermelho, no

centro e no topo do Palácio Potala, é composto por uma série de salas onde estão as stupas dos Dalai

Lamas e onde são venerados diversos budas. Nas oito stupas, a do quinto Dalai Lama fica no centro e é

a maior e a que é mais imponente. Tem 14,85 metros de altura e é decorada com peças de ouro e mais

de 10 mil diamantes, pérolas e peças de jade. Outras stupas são decoradas também com ouro,

diamantes, pérolas e peças de jade; por isso, são extremamente valiosas.

Na sala mais alta do Palácio Vermelho, são venerados um retrato do imperador Qianlong da dinastia

Qing e a sua tabuleta memorial, em que se lê "Longa vida ao nosso imperador". Desde o 7º Dalai Lama,

os Dalai Lamas de todas as gerações vieram aqui no dia primeiro de janeiro do calendário tibetano

para prestar os seus tributos.

O Palácio Potala é um mundo de frescos, pinturas tradicionais tibetanas, estátuas de budas e outras

relíquias culturais. Os frescos coloridos vêem-se em quase todas as salas no Palácio. O seu conteúdo

envolve a origem do grupo étnico tibetano, a história das diversas facções budistas, contos budistas,

perfis e história dos Dalai Lamas, assim como importantes acontecimentos históricos.

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Em 1994, o Palácio Potala foi inscrito na Lista do Património Cultural Mundial. Em Novembro de 2000

e Dezembro de 2001, o Templo Jokhang e Norbulingka também foram inscritos na lista,

respectivamente, como extensões do Palácio de Potala, formando o Conjunto Histórico do Palácio

Potala em Lhasa.

Almoçámos de novo no Hotel Lhasa e a seguir, fomos até ao Mosteiro de Drepung, que está situado no

sopé de uma montanha, a 5 quilómetros de Lhasa e é conhecido como o mosteiro mais importante de

Gelugpa em Budismo tibetano. Abrange uma área de 250.000 metros quadrados e albergava um total

de 7700 monges. Visto de longe, é uma construção grande e branca que lhe dá o aspecto de um monte

de arroz.

O Mosteiro de Drepung foi fundado em 1416 por um discípulo de Tsongkapa, o fundador da seita

Gelugpa e é hoje o maior mosteiro no Tibete. O mosteiro guarda numerosas relíquias históricas, além

de escrituras budistas. Desenvolveu-se como o mais rico mosteiro de Gelugpa e tornou-se o templo

mãe de Dalai Lamas. Em 1546, o 3º Dalai Lama foi recebido no mosteiro como o primeiro Buda vivo. Foi

a residência do 5º Dalai Lama antes da sua nomeação pelo governo da dinastia Qing.

A hierarquia da organização do mosteiro é bastante complexa. O mosteiro tem 4 locais de

aprendizagem dos sutras, bem como do Budismo.

O sistema educativo estabelece que todos os anos haja oito possibilidades de estudar o sutra

(escrituras sagradas onde todos os tipos de ensinamentos e regras eram registados), indo de duas

semanas a um mês. Os monges são sujeitos a testes, recitando sutras e fazendo debates e, com base

no seu desempenho, recebem os graus de diferentes níveis.

Podemos observar dois magníficos pagodes brancos e os edifícios do mosteiro estão centralizados

nestes pagodes. O edifício principal é o Ganden Potrang que foi construído sob a direcção do 2º Dalai

Lama, por volta de 1530. Foi a residência do 2º, 3º. 4º e 5º Dalai Lamas. Depois de o 5º Dalai Lama se

ter mudado para o Palácio Potala, tornou-se o local de reunião para o regime local, no que se refere à

política e religião. O Salão Coqen está localizado no centro do mosteiro. Em frente deste, existe uma

praça com 1850 metros quadrados. Quando se sobem as escadas de pedra, vê-se o Grande Salão de

Entrada. No interior está o Salão Sutra sustentado por 183 pilares, e com uma área de 1850 metros

quadrados. No mosteiro de Drepung existem muitas relíquias culturais, que adornam o mosteiro e lhe

dão maior magnificência. Entre as decorações coloridas, podem ver-se belas estátuas de Buda e

colecções de sutras raros da dinastia Qing e murais enfeitados sobre paredes que também

representam a sabedoria do povo tibetano.

Voltámos ao Hotel por um breve período e, em seguida, saímos para jantar num restaurante, onde

assistimos a danças típicas do Tibete e pudemos ouvir a música desta região. Depois do jantar, ainda

demos uma volta de autocarro para podermos ver e fotografar o Palácio Potala iluminado, que é

deslumbrante e que não é fácil de esquecer!

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Regressámos ao Hotel, porque no dia seguinte teríamos de apanhar o voo para Kathmandu, capital do

Nepal. Sempre que se pensa no Nepal, pensa-se nos Himalaias, e sempre que se imagina a capital

nepalesa, vêm à memória imagens místicas, de ruelas labirínticas percorridas por todas a espécie de

veículos, pontes de madeira, dialectos imperceptíveis, belos templos, rios que correm com grande

volume de água, orações e preces que ecoam no ar, bandeirinhas coloridas por todos os lados, como

sinónimo de fé e promessas. Esta cidade situada a 1400 metros de altitude e encaixada no fundo de

um vale entre quatro montanhas tem um pouco de tudo isto, mas também apresenta o ritmo de uma

capital frenética para os padrões locais, com milhares de habitantes, lojas e lojinhas em todas as

esquinas e um trânsito muito complicado. Devido à diferença de fusos horários, chegámos antes de

partir, o que nos permitiu ganhar 2 horas e 15 minutos, pois a diferença entre o TMG e o horário do

Nepal é de 4 horas e 45 minutos. Chegámos a Kathmandu pelas 10,30 horas, com chuva, que foi

desaparecendo gradualmente e, depois das formalidades alfandegárias sempre demoradas, iniciámos a

visita a Pashupatinath, com o seu templo e a zona de cremações.

O templo de Pashupatinath é um dos mais significativos templos Hindus do mundo dedicados ao deus

Shiva (o deus supremo no Hinduismo) e está localizado nas margens do rio Bagmati perto de

Kathmandu. O templo é considerado Património da Humanidade pela Unesco e é uma das 275 moradas

santas de Shiva na Índia; apenas as pessoas hindus de nascença, são autorizadas a entrar no templo.

As outras pessoas e os estrangeiros podem olhar para o templo da outra margem do rio. É

considerado o mais sagrado dos templos dedicados a Shiva. Nos ghats (escadas onde se pode descer

até ao rio), são construídas plataformas que são utilizadas para as cremações ao ar livre, que se

realizam todos os dias. São as cremações que atraem numerosos visitantes, tanto nepaleses como

estrangeiros. As cremações em Pashupatinath não são as mesmas que no mundo ocidental, onde são

uma coisa privada. À medida que nos aproximamos do rio Bagmati, vemos o fumo de uma cremação que

está a ter lugar. É sempre um espectáculo que observamos com respeito, porque o cremar dos corpos

ao ar livre é realmente impressionante. Por ali abundam os homens

santos, vestidos de cor de laranja, com longos cabelos emaranhados

e caras pintadas, que só se deixam fotografar em troca de dinheiro,

as dezenas de crianças pobremente vestidas, que nos fitam com uns

olhos muito doces, a implorar uma esmola e às quais não podemos

ficar indiferentes, as dezenas de mulheres vestidas de saris ou

punjabis de cores vivas que nos rodeiam, vendendo toda a espécie de

objectos, os macacos, as vacas sagradas, realmente um mundo único.

As rodas de oração estão presentes por todo o lado e são tocadas

por toda a gente.

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Seguimos depois para Kathmandu, onde estivemos há dois anos, mas numa visita mais demorada.

Visitámos a Praça Durbar ou Praça do Palácio, que foi considerada Património da Humanidade pela

Unesco em 1979. Era o local onde os reis eram coroados e de onde governavam antigamente. Hoje em

dia já não há rei, porque toda a família real (27 pessoas) foi assassinada no dia 1 de Junho de 2001. A

praça continua a ser o coração da cidade e um dos maiores conjuntos arquitectónicos do Nepal. A

maior parte dos templos e monumentos da Praça Durbar data dos séculos 17 e 18, havendo alguns que

são muito mais antigos; porém, muitos foram danificados por um grande terramoto ocorrido em 1934

e tiveram que ser reconstruídos. O conjunto da Praça Durbar é composto por 3 praças unidas por

pequenas ruas e em todas podem ser encontrados templos dedicados a diferentes deuses e edifícios

que datam de diferentes épocas. Um dos encantos deste local é ver a diversidade de culturas que aqui

encontramos e como todas coexistem.

Há vários templos que merecem a nossa atenção, como a Kumari Bahal – a casa da “Deusa Viva”. No

Nepal, existe a tradição de adorar uma deusa criança - Kumari (ou deusa virgem) que é escolhida

entre várias candidatas, como sendo a mais perfeita. O Kumari Bahal é o palácio onde vive a deusa, até

ter a primeira menstruação, altura em que deixa de ser deusa e outra criança toma o seu lugar. Tanto

há dois anos, como desta vez, tivemos oportunidade de a ver por breves instante, quando veio à janela.

Mas não pode ser, de forma alguma, fotografada. Porém, à porta do prédio onde a Kumari mora, há

vendedoras de postais com a sua fotografia.

A Praça Hanuman Dhoka está localizada no centro da parte antiga da cidade de Kathmandu e é um

complexo de bonitos palácios e templos, tanto hinduístas como budistas. A maior parte desses prédios

tem estruturas de multi-tetos (chamados de pagodes), sustentados por escoras com detalhes

entalhados na madeira, construídos entre os séculos XII e XVIII. A praça, muito movimentada, é o

coração da cidade. Aqui se concentra um grande número de vendedores, lojas que vendem panos,

pinturas e artesanato, frutas, especiarias, artigos de prata, panos, bancas de comida e muita, muita

gente. A arte de regatear os preços também existe em Kathmandu, valendo sempre a pena tentar um

melhor preço do que o primeiro oferecido pelo vendedor. Mas frequentes vezes, depois de muito

regatear, compramos um objeto por uma determinada quantia, pensando que fizemos um grande

negócio, quando mais à frente, um objeto exatamente igual é-nos oferecido pela décima parte do

preço pelo qual comprámos o primeiro! Assim, pudemos conhecer os pontos mais relevantes de

Kathmandu e observar a cultura local, onde a mistura de cores, sons e aromas é embriagante,

juntamente com as rezas e as buzinas dos carros. Não há dúvida que Kathmandu tem um espírito

mágico.

Almoçámos no Restaurante Kantipur e prosseguimos para Nagarkot, que é uma cidade localizada a 32

quilómetros de Kathmandu. Logo que entrámos na Praça principal, vimos o Rui Silva, um guia que já nos

acompanhou em várias viagens do Clube Galp e que desta vez acompanhava um outro grupo. Foi rasgado

o sorriso de parte a parte, porque é sempre agradável encontrar compatriotas numa terra tão

distante.Nagarkot tem uma população de cerca de 4000 pessoas. Com uma altitude de 2.195 metros, é

considerada um dos locais com paisagens mais bonitas no Nepal. É famosa a sua vista para o nascer e o

pôr do sol nos Himalaias, incluindo o Monte Evereste e outros picos cobertos de neve, como o

Annapurna. Nagarkot também oferece uma vista panorâmica do Vale de Kathmandu com florestas de

pinheiros, numa atmosfera rural singular. Situada num local estratégico, Nagarkot era um antigo forte

do vale de Kathmandu, que controlava as actividades externas de outros reinos. Mais tarde, foi um

local de veraneio para a família real antes de se tornar uma estação internacional de montanha.

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Demos um passeio a pé pelas ruas de Nagarkot, para sentir melhor a vibração da cidade, o seu

movimento, as buzinas dos automóveis que não deixavam de tocar, as camionetas apinhadas de pessoas

que viajavam nas piores condições de segurança, as ruas cheias de lixo, as poças de lama no chão. Mas

isto é viver o país em toda a sua plenitude! Chegámos por fim ao Hotel Clube Himalaia, na verdade

muito bonito e foi aqui que jantámos e passámos a noite.

O nascer do sol estava previsto para as 5,50 horas no dia 4 de

Outubro, o 13º dia de viagem. Acordei a essa hora, disposta a

apreciar a paisagem, mas infelizmente, estava a chover e quando o

sol nasceu apenas se via uma risca avermelhada no céu. A sala do

pequeno almoço tinha janelas a toda a volta da sala, mas pelas 8

horas, apenas se via um pedacinho coberto de neve de um dos

montes que ficavam em frente do Hotel.

Deixámos então o Hotel a caminho novamente de Kathmandu, para apanhar o avião que nos levaria ao

Butão. O percurso foi percorrido no meio de um grande engarrafamento de trânsito, como acontece

no Nepal e na índia. O trânsito, em teoria, faz-se pela esquerda, mas na prática faz-se por todos os

lados, estando os automóveis misturados com camionetas e toda a espécie de camiões, com motas e

bicicletas, com vacas, tuc-tucs, enfim, mas as tangentes que passam uns aos outros não dão para

assustar. Dá é para ficarmos admirados com a perícia destes condutores, pois não vi nenhum acidente,

nem nenhum carro amolgado!...

Almoçámos no Airport Hotel Kathmandu, que fica muito próximo do aeroporto. Em seguida,

embarcámos no voo da Druck Air Bhutan (a companhia aérea do Butão) com 1,30 horas de atraso e

aterrámos em Paro, que é um dos 10 aeroportos mais perigosos do mundo (só vim a saber depois), com

um dia cheio de sol.

Finalmente, estava no Butão! Iria corresponder às minhas expectativas?...

Conhecido pelos seus habitantes como a Terra do Dragão do Trovão, e pelos viajantes como o último

Shangri-La (que significa vale místico e harmonioso, sinónimo de paraíso na terra), o Butão

permaneceu isolado do resto do mundo até há 3 décadas. E de certa forma, ainda o está, mais por

desejo dos seus governantes do que pelo seu isolamento natural. O Butão até à década de 60 não

possuía electricidade, estradas nem automóveis e foi o último país do mundo a permitir a televisão e

há apenas 3 anos o rei Jigme Singye Wangchuck abdicou a favor do seu filho mais velho, para

assentar as bases de uma transição lenta no sentido da modernidade. Além disso, converteu-se na

democracia mais jovem do mundo quando teve as suas primeiras eleições em finais de 2008.

Os habitantes deste país estão entre os dez mais felizes do

mundo, segundo uma pesquisa da Universidade de Leicester, no

Reino Unido. Ser feliz é aqui um assunto tão sério, que há uma

política pública chamada Gross National Happinness, criada

pelo quarto rei do Butão. De acordo com este conceito, o

estado responsabiliza-se por criar as condições necessárias

para que a população possa concentrar-se na busca da

felicidade, por meio dos ensinamentos do budismo.

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Os butaneses vivem em completa harmonia com a natureza e fazem questão de preservar a própria

cultura e tradições. O número de turistas autorizados a entrar cada ano no Butão é limitado. A ideia é

garantir a conservação das florestas, vales, montanhas e o modo de vida da população.

O Butão é um país rico em templos centenários, suspensos a alturas vertiginosas, de aldeias rodeadas

de bosques, que cobrem 3 quartas partes do seu território, enormemente acidentado, bem como de

vales e campos de arroz. Não se pode deixar de referir o índice de felicidade interior que

implementou o anterior rei, como motivo de orgulho, único no mundo. Neste ambiente de sonho, as

actividades do turista repartem-se entre caminhadas a pé para observar aves, orquídeas ou plantas

medicinais ou caminhadas de alta montanha para visitar templos. A diferença horária é de mais 5

horas do que em Portugal.

Poucas vezes vista nos programas habituais das agências de viagens, Paro é a porta de entrada para o

Butão, pequeno reino dos Himalaias, localizado entre os gigantes China e Índia, que cultiva a tradição,

o budismo e a felicidade. Neste país a felicidade é mais do que um sonho, é uma filosofia de vida. Paro

não é a capital - a sede administrativa é Thimphu -, mas é a única cidade do país que tem aeroporto. A

2.250 metros acima do nível do mar, o vale é também um dos principais pontos de partida para

algumas das montanhas mais altas do mundo. Uma das nações mais pobres do globo, de acordo com a

Organização das Nações Unidas, o Butão também figura entre as dez mais felizes. O país tem fome

zero, analfabetismo zero, índices de violência insignificantes e se vê nenhum mendigo nas ruas. Não há

registo de corrupção administrativa e o povo adora o rei, Jigme Khesar Namgyal Wangchuck, o quinto

em cem anos de monarquia (1907-2007). A felicidade é levada a sério no país. Ao Estado cabe

proporcionar as condições necessárias para que a população possa concentrar-se na busca da

felicidade, por meio dos ensinamentos do budismo. O conceito de Gross National Happiness tem

quatro pilares - preservação das tradições butanesas, do meio-ambiente, crescimento económico e

bom governo. Instituída pelo quarto rei, Jigme Singye Wangchuk, em 1972, a política foi criada para

se contrapor à ideia de que PIB - que é baseado em valores materiais - mede a qualidade de vida da

população. O salário mínimo no Butão é cerca de 80 Euros mensais.

Este pequeno reino com cerca de 40 mil quilómetros quadrados tem

72,5% de sua área coberta por florestas, 34 rios e uma

biodiversidade de fazer inveja a muitos países ricos. Também

abriga cerca de 2000 templos e mosteiros budistas, um deles -

Kichu Lakhang -construído em 659 D.C, em Paro. Em cada distrito -

são 20 no total -,existe um "Dzong" - antigos fortes hoje usados

como sede administrativa. Assim como os “Chortens" - pequenos

templos construídos para abrigar imagens de Buda e relíquias

religiosas, os Dzongs são símbolos da identidade e cultura

butanesas.

Os habitantes do Butão são simples, hospitaleiros e muito gentis e

sorridentes Não apresentam os sinais de stress, pressa e

impaciência tão comuns nas culturas ocidentais. Neste país

antitabaco, a marijuana cresce livremente. Por tradição, os

camponeses usam a planta para alimentar os porcos.

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Por causa do turismo e da televisão, butaneses que moram em centros urbanos, como Thimphu e Paro,

já conhecem o uso da erva para fins de entretenimento, mas a prática não é comum. Os butaneses

confiam no rei, que baniu o fumo do país em 2005, proibindo a venda de tabaco. Foi a primeira nação

do mundo a adoptar esta medida. De qualquer forma, quem consegue obter cigarros - por intermédio

dos turistas ou da venda clandestina - pode fumar. Não há punição para quem fuma, mas apenas para

quem vende tabaco. Os estabelecimentos que vendem cigarros clandestinamente correm o risco de

ter a licença anulada. Um dos nossos companheiros de viagem teve de deixar no aeroporto os cigarros

que levava na mala do porão e que não eram para seu uso pessoal e ainda pagou uma multa!

A arquitectura é uma das maiores atracções do Butão. Os prédios e casas têm estrutura de madeira e

taipa (barro amassado). As estacas são esculpidas e encaixadas umas nas outras sem a ajuda de

pregos. O acabamento dos telhados é feito e pintado à mão. Em muitas construções, desenhos de

pénis enfeitam as paredes caiadas (pintadas com pó branco, extraídos do arroz), em homenagem ao

guru Drukpa Kuenley, deus da fertilidade. As casas são geralmente construídas sem projecto

arquitectónico, mas os butaneses fazem consultas astrológicas antes de erguer as suas residências,

algumas com cerca de 900 anos. Os dzongs têm formato ligeiramente piramidal - largos na base e

mais estreitos no topo. Algumas pinturas dos prédios são verdadeiras obras de arte, com dragões e

desenhos de flores, bolas, portais e rodas da sorte (um dos símbolos do Butão) - todos coloridos. A

casa butanesa típica é grande. Tem quatro andares que abrigam animais (no piso térreo), diferentes

gerações da família - avós no primeiro andar, pais e filhos no segundo - e mantimentos de inverno. O

Butão é também conhecido como Terra do Dragão do Trovão e, por isso, ostenta um dragão branco na

sua bandeira laranja e amarela. O dragão é um símbolo nacional, tal como a papoila azul e os ciprestes,

tão comuns no país. Em vez de futebol, voleibol, ténis ou basquetbol, o desporto nacional do Butão é o

arco e a flecha. Os Butaneses acreditam que a mente, a fala e o corpo têm de estar em harmonia.

Cultivam o budismo Mahayana (um dos dois principais ramos da crença budista). Os seguidores do

Mahayana têm tradicionalmente considerado a sua doutrina como a revelação completa da natureza e

dos ensinamentos de Buda. Essa é a herança espiritual que o povo deve passar para as próximas

gerações, pregando a paz, a compaixão e a não-violência. A população tem estatura mediana (entre

1,60 m e 1,75 m) e mantém boa forma física. Além de caminhar bastante por falta de transportes

públicos, os butaneses alimentam-se basicamente de arroz das montanhas, batatas e pimenta. A

população é adepta da poligamia, e isso vale para homens e mulheres. Alguns butaneses casam-se com

várias pessoas de uma mesma família. O quarto rei, Jigme Singye Wangchuk, por exemplo, foi casado

com quatro irmãs. A sociedade tradicional butanesa é matriarcal. É hábito local o homem mudar-se

para a casa da mulher, após o casamento. A herança também costuma ser totalmente transferida às

filhas, na maioria das regiões do Butão. Essas tradições têm se dissipado em virtude da influência dos

indianos, nepaleses e outros estrangeiros que se casam e vêm morar no país. No Sul, por exemplo,

onde há mais hindus, as mulheres mudam-se para as casas dos maridos. O culto às tradições butanesas

é uma política de governo e uma questão de sobrevivência. Localizado entre dois países de culturas

muito fortes - China e Índia, o Butão é susceptível a influências. Tem de conservar os seus hábitos e

costumes para não perder a identidade. Além disso, o país não tem segurança social e depende dos

jovens para ajudar os idosos a viver com dignidade. É tradição no país que os mais novos morem na

mesma casa dos pais e sustentem os mais velhos. O artesanato e o vestuário também têm tradição

milenar. Peças de prata e cobre, tecidos criados no tear, bordados feitos à mão, dragões e Budas

esculpidos em madeira, pinturas e desenhos de fundo religioso enfeitam todas as casas e estão em

todas as lojas de recordações do país. Os butaneses misturam cores fortes e sóbrias, com um

resultado sempre vibrante. Ao ver as roupas de um butanês, tem-se a sensação de que viajamos no

tempo.

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Os homens usam "gho" - espécie de vestido longo preso na cintura por uma faixa. Dentro do vestido,

os homens usam camisa com gola e longos punhos brancos. Os sapatos são pretos e feitos de couro.

Calçam meias de lã preta esticadas até aos joelhos. As mulheres vestem "kira" - uma peça de pano

longa e colorida, sustentada por presilhas à altura dos seios e os ombros são cobertos por blusas de

seda de mangas longas e cores fortes. Para proteger o seu património cultural e ecológico, o governo

faz campanhas nas escolas rurais, treina guias turísticos e controla o turismo. Oficialmente, o país

abriu as portas aos estrangeiros em 1974, depois de séculos de isolamento e de muitas discussões

sobre o impacto sociocultural, promovidas pelo rei e seus conselheiros. A ideia dos butaneses é

desenvolver um turismo de qualidade e evitar que o número de estrangeiros seja maior do que aquele

que o país pode abrigar nos seus cerca de 1.900 quartos de hotel. Aproximadamente 30 mil

estrangeiros visitam o Butão anualmente, e cerca de 70% manifestam desejo de voltar. Apesar de ter

72,5% de sua área coberta por florestas, apenas uma parte muito reduzida dos visitantes vão ao país

para fazer trekking até às montanhas dos Himalaias. A maioria é atraída pela riqueza cultural,

religiosa e tradições do Butão. O país venera o guru Rinpoche, também conhecido como Segundo Buda.

O Butão tem cerca de 700 mil habitantes. Quase 90% vivem da cultura de subsistência e enfrentam

problemas de infra-estruturas, como transportes precários e falta de saneamento básico.

Não há registo histórico no Butão antes do século 7. Acredita-se que o país não foi habitado até ao

ano 2000 A.C. No século 7, o rei do Tibete Songtsen Gambo, construiu os dois primeiros mosteiros do

país - o Kyichu Lhakhang, em Paro, e o Jambay Lhakhang, na cidade de Bhumtang. Os templos

colocaram o Butão no mapa do Budismo.

Até ao século 20, o Butão era regido pela filosofia budista, que ditava normas administrativas, sociais,

morais e legais. Somente em 1907, o país coroou o seu primeiro rei, Gongsar Ugyen Wangchuck, dando

início a uma monarquia hereditária.

O Butão é hoje é uma monarquia democrática. Por decisão do

quarto rei, os butaneses tiveram eleições pela primeira vez,

para escolher o seu primeiro-ministro, em Março de 2008.

Quatro meses depois, o país promulgou a sua primeira

Constituição. Actualmente, o rei do Butão trata somente de

questões de segurança nacional. Cabem ao primeiro-ministro

as demais decisões. Mesmo assim, a imagem do rei está

presente em quase todas as casas, bares, restaurantes e

prédios públicos do país. A família real costuma participar

de todas as festividades e comemorações butanesas,

atraindo grande interesse por parte da população. Saímos do

Butão no dia 8 de Outubro, mas no dia 13 teriam lugar

grandes festas para comemorar os 2 anos de casamento do

novo rei.

Continuámos para Thimpu, que fica a cerca de 70

quilómetros de Paro. E foi aqui que nos apercebemos da

verdadeira situação das estradas do Butão. Demorámos

cerca de 1 hora para percorrer a distância. O grupo foi

dividido por 4 camionetas pequenas, para tornar a viagem

mais fácil.

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Mas por causa dos buracos, que por vexes pareciam crateras, os saltos que as camionetas davam eram

tantos, que no fim foi como se tivéssemos sido sujeitos a uma violenta massagem – a massagem

butanesa. Mas estávamos de férias e estas coisas têm de ser encaradas com boa disposição!

Chegámos a Thimpu quando já era noite, mas antes disso ainda parámos pelo caminho para tirar

fotografias a um templo que tinha uma deusa no exterior.

Quero referir que durante os quatro dias que passámos no Butão, as visitas não foram feitas pela

ordem que está indicada no programa. Gostaria de fazer uma descrição exacta da maneira como essas

visitas tiveram lugar, mas algumas mudanças de percurso e os nomes complicados dos monumentos,

não me permitem fazê-lo. As minhas desculpas a quem vai ler este relato, mas achei melhor seguir a

ordem das fotografias que tirei, que é mais exacta. Não vou é dizer o nome de todos os templos,

porque muitos não tinham o nome em Inglês. Ainda pedi ajuda à guia Benilde, mas ela não teve tempo

para me dar qualquer esclarecimento, pois estava cheia de trabalho!

Vimos o Mosteiro de Tachogang Lhakhang ou Templo do Cavalo Excelente, que está situado ao longo

da estrada que liga Paro a Thimpu, na base de uma montanha, junto a um rio. Foi construído nos

princípios do século 15 pelo mestre arquitecto Thangtong Gyalpo, que também construiu Dungtze

Lhakhang em Paro e muitas pontes de ferro no Butão. Tachogang significa Templo do Monte do Cavalo

Excelente. Diz-se que Gyalpo quando estava a meditar neste local, teve uma visão do cavalo espiritual

Balaha (uma manifestação do Buda da compaixão). Decidiu então construir aqui um templo, além de

uma das suas famosas pontes em estilo tradicional, com cadeias de ferro. Esta ponte foi restaurada

em 2005. O templo é administrado em regime privado pelos descendentes de Gyalpo. Quase todo o

nosso grupo foi até à ponte, mas estava a escurecer rapidamente, de modo que a demora não foi muita

e regressámos aos autocarros.

Chegámos ao Hotel Namgay Heritage, muito agradável, todo construído em madeira trabalhada e

pintada, o que lhe dava um aspecto muito bonito. O nosso quarto ficava no primeiro andar e estava

muito bem mobilado, com bancos, mesas e arcas cobertos de panos de seda e de tecidos típicos da

região.

Depois de deixarmos as malas no Hotel, seguimos para o Restaurante Bhutan Kitchen, onde pudemos

ouvir músicas muito melódicas, mas um bocado repetitivas, do folclore do Butão.

Regressámos ao Hotel e, no dia seguinte, fomos visitar Thimpu. Acordámos às 6,30 horas; o dia estava

quente e agradável. Thimphu tem uma população de cerca de 80. 000 habitantes, está situada a uma

altitude de 2.350 metros e é o centro político e económico do Butão; tem uma base agrícola e

pecuária dominante, o que faz que tenha grande importância na economia do país. O turismo, embora

contribua para a economia, é rigorosamente regulado pelo governo. A cultura do Butão reflecte-se em

Thimphu no que se refere à literatura, religião, costumes, código de vestes tradicionais, práticas

monásticas nos mosteiros, música, dança, literatura e comunicações. Só um aparte, para dizer que no

Butão os telemóveis do operador TMN não têm sinal de rede e Thimbu é a única capital do mundo que

não tem semáforos.

Neste dia, a primeira visita foi ao templo Dochula que é um conjunto de 108 "chortens" construídos a

3.116 metros acima do nível do mar.

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O monumento faz alusão aos 108 mosteiros do país. Os dois primeiros foram erguidos no século 7,

pelo rei tibetano Songtsen Gampo, como cumprimento de obrigação espiritual. Em dias claros, é

possível ver os Himalaias. No local, além de uma bela vista para os vales do Butão, podemos observar

as tradicionais bandeiras de oração que enfeitam o país. São feitas em seda, nas cores verde

(florestas), amarelo (solo), azul (céu), branco (ar) e vermelho (fogo). Elas contêm orações de

protecção e boa sorte.

Prosseguimos pelas estradas sinuosas do Butão e parámos perto de uma ponte de ferro, cheia de

bandeirinhas coloridas. No final da mesma, tinha início um terreno bastante inclinado que levava a um

templo. Foi proposto um trekking pela montanha, com a duração de uma hora e meia. Os companheiros

de viagem que se aventuraram a fazê-lo acharam a subida difícil, pois o terreno era bastante

inclinado, com muitas pedras e lama, através de campos de arroz. Mas no fim da subida, viram uma

paisagem deslumbrante, que fez que o esforço tivesse valido a pena. Enquanto esperávamos pelos

nossos companheiros, visitámos um pequeno templo e vimos uma pedra de enormes dimensões, que um

raio dividiu em 2 partes exatamente iguais e passeámos um pouco pelas margens do rio, tirámos

fotografias na ponte e molhámos os pés no rio, cuja água cristalina convidava a um banho. Quando

todos chegaram, tivemos um almoço em pic-nic, sendo a refeição debaixo de chapéus de sol.

Entretanto, foram montadas umas casinhas triangulares, de lona verde, que serviam de casa de banho

e às quais toda a gente achou imensa graça. Mas houve quem preferisse uma casa de banho mais

ecológica!...

Depois do almoço partimos para Punakha, por estradas cada vez mais esburacadas e cheias de lama,

mas com uma paisagem bordeada de pinheiros e muitas culturas agrícolas, nomeadamente campos de

arroz. O vale de Punakha é o vale mais fértil do Butão. Punakha foi a capital do Butão e a sede do

Governo até 1955, altura em que a capital foi transferida para Thimpu. Fica a cerca de 75 quilómetros

de Thimphu, mas demorámos cerca de 4 horas para percorrer a distância. Está localizada a 1200

metros de altitude. No percurso tivemos oportunidade de visitar o Mosteiro Khamsum Yulley Namgyal,

que demorou 9 anos a ser construído e é um esplêndido exemplo das tradições arquitectónicas e

artísticas do Butão e o único do seu género no mundo, pois tem 4 andares. Foi mandado construir pela

rainha mãe e é dedicado ao bem-estar do Butão e tem como objectivo o benefício de todos os seres.

Continuámos para Punakha Dzong que foi construído em 1637. Este enorme templo foi danificado 6

vezes pelo fogo, uma vez por uma inundação e outra vez por um terramoto. O mosteiro Punakha Dzong

é muitas vezes referido como o mais bonito dzong no Butão.

O templo está situado no local de confluência de dois rios e é o segundo mais antigo e também o

segundo maior do Butão e o seu nome significa “o palácio de grande felicidade ou alegria.” Como o

tempo em Punakha é mais quente do que em Thimpu, os monges que aí vivem regressam à capital no

Verão.

O conjunto inclui o templo principal, um grande salão de oração, um centro administrativo e a zona

residencial dos monges. É o único dzong no Butão que tem três pátios. O templo principal guarda três

grandes estátuas douradas, que são a de Buda, a do Guru Rinpoche (que trouxe o Budismo para o

Butão) e a de Shapdrung (considerado o unificador do Butão no início do século 16). Tal como acontece

com todos os mosteiros e templos no Butão, não é permitido tirar fotografias no interior, o que é uma

pena, dada a grande beleza dos mesmos.

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Fizemos uma visita rápida ao Empório do Artesanato, onde encontrámos uma grande variedade de

tecidos e produtos trabalhados à mão. Depois visitámos o Instituto Nacional Zorig Chusum (de Artes

e Ofícios) que mostrou as diferentes artes e o artesanato praticados no Butão. Tem o apoio do

Governo. Aí os jovens aprendem a bordar figuras de deuses e outras em panos de seda, fazem

esculturas em madeira, máscaras, tecelagem e toda uma infinidade de trabalhos. Os alunos estão

divididos por níveis, de acordo com os seus conhecimentos e o domínio da arte que executam. Os

trabalhos mais difíceis de executar são as mantras, pinturas circulares muito delicadas, feitas com

um pincel finíssimo, cuja execução pode demorar mais de 3 meses.

Estava previsto fazermos uma prova de arco e flecha, mas como começou a chover, a ideia foi posta

de parte e prosseguimos para o Folk Heritage Museum Kawajangse, onde pudemos apreciar muitos

utensílios agrícolas e domésticos, ferramentas e equipamentos, utilizados no Butão ao longo dos

tempos. Daqui seguimos para a Real Academia Têxtil, inaugurada pela Rainha mãe em 5 de Junho

deste ano. É um edifício muito moderno que alberga uma organização não-governamental, sem fins

lucrativos. Vai ser um centro para treinar os jovens na arte tradicional da tecelagem, preservando

assim e conservando a cultura dos têxteis do Butão. Aqui pudemos apreciar o fato e as botas que o

actual rei do Butão vestiu no dia do seu casamento. Num quadro onde dizia “O Butão num relance,

estava escrito que a moeda nacional do Butão é o ngultrum, a língua é o Dzonkha, a árvore é o

cipreste, a flor é a papoila azul, o animal é o takin (muito feio, com cornos, um nariz como um alce, e

um corpo como um bisonte), a ave é o corvo, o desporto é o arco e flecha e a população é de 700.000.

Continuámos para o Palácio Real Dechenchoeling, que é a residência oficial do rei, está situado a norte

da cidade e foi construído em 1952. Aqui o nosso guia butanês, colocou sobre o fato, uma echarpe de

cor beije, muito larga, numa maneira que significava respeito e reverência, porque ia entrar nas

instalações do Palácio. Havia um carro à porta, dois ou três guardas e tivemos de fazer silêncio

absoluto quando nos aproximámos da parte do Palácio onde vive a família real, que estava em casa. As

fotografias nessa zona também foram proibidas. Continuámos pelos jardins cheios de rosas e

demorámos algum tempo a observar as instalações, os pátios, as imagens e os edifícios brancos,

sempre cheios de pinturas. Quando acabámos a visita, a família real já tinha saído e pudemos falar e

fotografar à vontade. O guia referiu que o rei tem 33 anos e é uma pessoa muito acessível, que fala

com frequência com as pessoas que visitam o palácio. Mas há uma norma a respeitar: é o rei que tem

de dirigir a palavra às pessoas e não o contrário.

Terminada a visita ao Palácio, fomos a um mercado na rua, onde vendiam um pouco de tudo, inclusive

queijo seco de yak, que tem um sabor muito desagradável (apesar de eu gostar de todos os queijos,

este não o consegui tragar!) e, em seguida, fomos a uma farmhouse – Sisichhum Heritage Home Wang

Sisina – onde a dona da casa nos ofereceu chá e biscoitos.

Como, entretanto, tinha anoitecido e ainda tínhamos cerca de 4 horas de caminho até chegar de novo

a Thimpu, as visitas por este dia estavam terminadas! O jantar e o alojamento foram no mesmo Hotel

da véspera.

Relativamente ao dia seguinte – 6 de Outubro - , foi proposto que quem quisesse fazer um novo

trekking pelos montes, deveria levantar-se às 5,30 horas! Quem não quisesse, poderia acordar às 7,30

horas.

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Assim, a visita ao Mosteiro de Tango era facultativa, pelo que não fiz a subida. As pessoas que a

fizeram, acharam que tinha sido bem mais difícil do que a da véspera e quando chegaram lá acima,

encontraram um pequeno templo,onde teve lugar uma singela cerimónia e deram uma espécie de

bênção aos nossos companheiros de viagem.

Depois de dar tempo a que o grupo que fez a subida regressasse do seu passeio, juntámo-nos todos e

fomos visitar o Templo Changagkha Lhakhang. Este templo está situado no cimo de um pequeno monte

com vista para o vale de Thimpu e foi construído no século 13. O templo é considerado o lar espiritual

de crianças nascidas no vale Chang. Nas proximidades está o Nacional Memorial Chorten. Chorten

significa literalmente "Sede de Fé 'e os budistas costumam chamar a estes monumentos, a mente de

Buda. Aqui podem ver-se representações de grande beleza de ensinamentos budistas em forma de

pinturas e esculturas. Como o nome indica, este Nacional Memorial Chorten foi consagrado em 28 de

Julho de 1974, em memória do terceiro rei do Butão.

Tashichhodzong, um mosteiro budista construído no século XIII, é a sede do governo do Butão desde

1952. É considerada a "fortaleza da religião gloriosa" e foi reconstruída pelo rei Jigme Wangchuck

Dorji na década de 1960. Em Tashichhodzong ficam alguns ministérios, a secretaria do Rei e aqui

reside o corpo central de monges do país.

Almoçámos num restaurante que ficava no último andar de um super-mercado e depois de visitarmos

um templo um tanto degradado, partimos para Paro. No trajecto visitámos Simtokha Dzong construído

em 1627. O Instituto de Estudos de Idiomas e Cultura está aqui localizado. No pátio ficámos

encantados com uma notável obra de arte: mais de 300 esculturas de ardósia finamente trabalhada,

atrás das rodas de oração.

Partimos então para Paro, cidade por onde entráramos no Butão e a última localidade onde aí

ficaríamos. É considerada uma das 10 cidades mais amigáveis do mundo, tal como Thimpu. O percurso

foi sempre feito por estradas da pior qualidade, mas as paisagens eram sempre maravilhosas e os

monumentos inigualáveis. As crianças sorriam à nossa passagem e levantavam as mãozitas, em gestos

de saudação.

Começámos por visitar o Museu Nacional do Butão que foi fundado em 1968, num edifício renovado,

por ordem do rei Jigme Wangchuck Dorji, o terceiro rei hereditário do Butão.

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As infra-estruturas necessárias foram criadas para guardar alguns dos melhores exemplares de arte

do Butão, incluindo estátuas de bronze e pinturas. Foram construídas vitrines adequadas para guardar

as grandes colecções. As obras de arte estão bem posicionadas, de modo a tirar o melhor proveito de

cada uma. Actualmente, o Museu Nacional tem em seu poder mais de 3.000 obras de arte, que

abrangem mais de 1.500 anos de património cultural do Butão. As várias tradições representam uma

notável mistura do passado com o presente.

Vimos do exterior a Fortaleza de Rinpung Dzong, mas não a visitámos, dada a grande altitude a que a

mesma se encontra, na escarpa de uma montanha. Visitámos, sim, uma casa tradicional do Butão, com

animais no andar térreo, alfaias e pessoas nos outros andares e observámos uma azenha para moer o

trigo. As lojas que vimos em Paro eram de pouca qualidade e as estradas continuavam a ser horríveis.

Jantámos e ficámos alojados no Nak Sel Boutique Hotel & SPA, um hotel excelente, com quartos

enormes, muito bem decorados. Aqui o tempo estava mais fresco. Nesta noite a nossa companheira de

viagem Aida Sousa Dias fez anos e a Direcção do Clube Galp ofereceu-lhe um bolo de aniversário,

tendo todos cantado os “Parabéns a Você”.

No dia seguinte, estava indicada no programa uma visita ao Mosteiro Taktsang Lhakhang ou o Ninho

do Tigre. O maior encanto deste país são as paisagens montanhosas onde, olhando, parece que não

existe caminho para chegar até ao cimo. Porém, nos cimos das montanhas é que estão os mosteiros e

nos penhascos existem lugares de retiro e peregrinação O Ninho do Tigre é um destes lugares, dos

mais sagrados do Butão, um lugar de adoração onde a fé budista está enraizada. A história do Ninho

do Tigre começou há mais de 1.000 anos: Conta a lenda que no século 8, Buda veio até este lugar

voando nas costas de um tigre, que pousou aí numa pedra e depois desapareceu. O Buda

Padmasambawa meditou durante três meses nesse rochedo e derrotou oito monstros. Foi ele o

responsável pela difusão do budismo no Butão. Porém, dada que o mosteiro ficava a uma altitude de

900 metros e o tempo para lá chegar nunca seria inferior a 2,30 horas, e como o tempo não parecia

seguro, não realizámos a subida e, depois de umas quantas fotografias tiradas da planície,

prosseguimos para Drukgyel Dzong.

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As antigas ruínas de Drukgyel Dzong, considerado o local arqueológico mais belo e famoso do Butão,

estão situadas num cume no vale de Paro. Desde a sua construção em 1649, Drukgyel Dzong serviu de

base importante para a defesa na região até 1951, altura em que foi destruído por um incêndio.

Mesmo depois da destruição, as ruínas do Dzong continuaram a ser protegidas como um monumento

importante que ligava o povo do Butão aos grandes acontecimentos que contribuíram para manter a

soberania do país.

Ao contrário de outros Dzongs, Drukgyel Dzong serviu apenas para fins de defesa, especialmente

contra ameaças externas a partir da fronteira, mas sem funções administrativas e religiosas. Como o

nome do Dzong indica (Druk é o nome local de Butão e Gyel significa vitória) é referido que o mesmo

foi construído para comemorar a vitória do Butão sobre os exércitos do Tibete e Mongol, que

tentaram invadir o país por diversas vezes. Assim, o Dzong foi erigido no local estratégico próximo da

fronteira com o Tibete para fortalecer a defesa contra futuras invasões. As ruínas existentes deste

Dzong estão bem conservadas, especialmente as estruturas das paredes de pedra, que ainda estão de

pé!

Muito importante em Paro é o antiquíssimo Kyichu Lhakhang. Foi um dos 108 templos construídos no

século VII pelo imperador tibetano Songsten Gampo. Esse número é místico para os budistas. Diz a

lenda que Guru Rinpoche meditava ali e que o templo ainda guarda tesouros espirituais deste grande

líder. Em 1971, foi construído mais um novo templo ao lado do antigo. Desde então, muitos rituais para

o bem-estar do povo são aí realizados. No pátio há duas laranjeiras e existe a crença de que elas são

sagradas por darem frutos o ano inteiro.

O acesso ao templo é feito por uma estrada de terra que passa no meio de plantações de arroz. Dá

uma sensação incrível de paz. Apetece ficarmos sentados e apenas apreciar a paisagem.

Foi-nos concedido um período de 1 hora e 30 minutos na cidade de Paro para compras ou simplesmente

deambular pelas ruas. Aqui tivemos oportunidade de encontrar um filho de João Cravinho, que estava

de férias com a família no Butão! Depois disso, assistimos a um espectáculo de Folclore do Butão, em

que nos foi dado apreciar as danças, e as canções mais típicas do país, que são uma constante nas

celebrações de vários tipos e nas festas mais importantes. Daqui seguimos para o Hotel, onde

jantámos e pernoitámos.

Mas o sono foi de pouca duração, pois o

despertar foi às 3 horas da madrugada,

dado que o avião para Calcutá levantava voo

às 7 horas! Aqui voltámos a acertar os

relógios, porque a diferença horária em

relação a Portugal é de 4 horas e 30

minutos.

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É flagrante a diferença entre o tranquilo e pacífico Butão e a ruidosa e desordenada Índia: Nesta

cidade de cerca de 20 milhões de habitantes, tudo é caótico, a começar pelo trânsito. Aqui toda a

gente carrega nas buzinas, mesmo que não haja motivo para o fazer e o ruído é único, inimaginável.

Sentimos imediatamente que estamos na Índia, aquela Índia que ou se adora ou se detesta. Há dois

anos tinha tido oportunidade de visitar várias cidades indianas, mas em nenhuma vi tanta miséria,

tantos montes de lixo nas ruas, tanta pobreza, tantos prédios totalmente negros de sujidade.

Deixámos o autocarro e com uma temperatura elevada e uma grande humidade, embrenhámo-nos nas

ruas cheias de gente e percorremos um bairro onde numerosos artífices estavam a concluir as

pinturas de várias deusas de longos cabelos negros, cujos altares seriam usados numa festividade que

teria lugar dentro de poucos dias. As pessoas que se cruzavam connosco estavam pobremente

vestidas, mas não tinham um ar agressivo. Sorriam quando passávamos, mas ninguém nos tocou! Os

autocarros tinham dezenas de pessoas penduradas, tudo era feito nas ruas (cozinhavam, comiam,

vendiam um pouco de tudo, faziam colares de flores, dormiam indiferentes ao que as rodeava,

transportavam grandes fardos, cosiam roupa à máquina, ou simplesmente conversavam). Não pude

deixar de me lembrar da Madre Teresa, que aqui viveu grande parte da sua vida e aqui morreu.

Perguntei ao guia se passávamos pelo local onde ela tinha vivido, mas foi-me dito que não, que a Casa

das Missionárias da Caridade ficava do outro lado da cidade de Calcutá. Mas ao ver todas aquelas

pessoas que viviam em tão más condições, veio-me à mente a conhecida frase de Madre Teresa: “A

pior das pobrezas é não sentir-se amado. O que conta não é o que damos às pessoas, mas sim o amor

que lhes proporcionamos”!

Calcutá é uma das maiores cidades do mundo e a capital do

Estado de Bengala, que tem tido sucessivos papéis ao longo dos

tempos. De uma remota aldeia nas margens do rio Hooghly,

tornou-se posteriormente a capital do Império Britânico na

Índia. É um local sobrepovoado e sujo mas não perdeu o seu

carácter. Cristãos, católicos e protestantes, budistas e até

hindus, são inúmeras as religiões e as nacionalidades dos

voluntários que trabalham em Calcutá para ajudar os que

sofrem. As Missionárias da Caridade têm vários centros de

acolhimento para todos aqueles que são excluídos pela

sociedade. Os centros são dirigidos pelas Irmãs e são mantidos

pelos voluntários. Nas ruas da cidade é vulgar encontrarem-se

moribundos, que não têm outro lugar para terminar a sua agonia

e dar o último suspiro. Há milhares de seres que nascem na rua,

vivem nela, comem dela. Na rua apanham e transmitem doenças e

na rua morrem.

O trabalho dos voluntários nesta cidade abrange muitas tarefas como dar banho, vestir, alimentar,

limpar e tratar feridas. Actividades aparentemente simples mas que exigem uma atenção constante,

num país e numa língua que lhes são estranhos.

Muito se tem escrito sobre esta cidade realmente única, mas por muito verdadeiros que sejam estes

testemunhos, há que acrescentar: “Em Calcutá, deve-se experimentar para crer. Os mais famosos

escritores nunca serão capazes de fazer reviver os perfumes, os sons e os ruídos, bem como os

cheiros de Calcutá.

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Quando se vê esta cidade uma vez, transporta-se para a vida inteira, quer no corpo quer na alma...

Calcutá, este inferno das mil contradições, onde milhares de seres, desde nascidos prematuros a

velhos moribundos, se vêem rejeitados todos os dias pelo homem organizado» (Sic -Mário Bertini).

Visitámos a Igreja St. John, originalmente uma Catedral, que estava entre os primeiros edifícios

públicos mandados construir pela Companhia das Índias Orientais, depois de Calcutá se ter tornado a

capital da índia Britânica. A construção da Igreja de St. John foi iniciada em 1784 e ficou completada

em 1787. A Igreja de St. John é a terceira Igreja mais antiga de Calcutá. Serviu como Catedral

Anglicana de Calcutá até 1847.

A Praça Dalhousie é o distrito comercial central da cidade, e tem sido assim desde os dias da

Companhia das Índias Orientais. Aí podem ver-se os edifícios da Câmara Municipal, o adro da igreja

de St. John e casas de escritores e artistas indianos. Foi a partir daqui que a cidade começou a

evoluir.

Em seguida, visitámos o Palácio de Mármore, que é uma residência privada, localizada no norte de

Calcutá. Foi construído pelo Rajá Rajendranath Mullick em 1835. A Família Mullick ainda reside numa

parte desta enorme mansão e a parte restante foi convertida em Museu. O edifício é de estilo

neoclássico. Mas o plano é o de uma casa rica da região de Bengala – um grande pátio central rodeado

por quatro alas de salas divididas por dois andares. A utilização de mais de 50 tipos diferentes de

mármore no chão, escadas e paredes dá o nome ao palácio. As colecções existentes no interior incluem

objectos de arte de todo o mundo. Dão especialmente nas vistas os espelhos Belgas que vão do chão

até ao tecto e uma estátua de madeira da Rainha Vitória, esculpida no tronco de uma única árvore, que

pesa mais de 10 toneladas. O Palácio também possui uma grande quantidade de pinturas, incluindo duas

de Joshua Reynolds e Ruben! Para dizer a verdade, não gostei nada deste Palácio. É tal a quantidade

de estátuas, estatuetas e tem tantos objectos decorativos, que se torna de muito mau-gosto!

O Victoria Memorial, localizado em Calcutá, foi a nossa próxima visita. É um Memorial dedicado à

Rainha Vitória do Reino Unido, que também usava o título de Imperatriz da Índia. Actualmente é um

Museu e constitui uma atracção turística. O memorial foi projectado por William Emerson que

introduziu elementos da arte mongol na estrutura. Vincent Esch foi o arquitecto e Lord Redesdale e

David Prain projectaram os jardins.

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Construído entre 1906 e 1921, é um majestoso edifício de mármore branco rodeado por extensos

jardins. No cimo da cúpula do Memorial foi colocado um Anjo da Vitória de Bronze Negro, que segura

uma trompa na mão. Funciona como um catavento, quando o vento é demasiado forte.

Fomos almoçar ao restaurante Ivory, muito bonito, que ficava no último andar de um Centro Comercial

e, após o mesmo, foram-nos dadas 2 horas (até às 16,30 horas) para fazermos compras nesse Centro

Comercial, que não tinha nada de especial. Foi apenas 20 minutos antes da hora marcada que me

aventurei a ir um pouco mais longe e um polícia indicou-me uma loja lindíssima, que tinha todas as

coisas que fazem encher os olhos de uma mulher e esvaziar-lhe a bolsa. Mas já não havia tempo para

mais e tivemos de seguir para o Aeroporto, o que foi bastante demorado, devido ao trânsito.

Às 19,55 horas levantou voo o avião que nos levou até Bombaim. Aqui tivemos de sair do aeroporto

doméstico e levámos cerca de 20 minutos a chegar ao aeroporto internacional. Ficámos com uma breve

visão desta Cidade, mais uma vez com o trânsito caótico típico das cidades da Índia e com todos os

outros aspectos positivos e negativos, que fazem deste país um lugar único. Esperámos cerca de 4

horas (até às 2,55 horas) pelo avião que nos levou até Frankfurt. O cansaço já se fazia sentir e quase

toda a gente passou a viagem a dormir. Chegámos a Frankfurt pelas 7,55 horas, aqui mudámos

novamente de avião e aterrámos em Lisboa pelas 11 horas e 15 minutos.

Que posso dizer mais? Que o convívio foi muito agradável, que todas as pessoas eram muito

simpáticas, que foi tudo muito bom e que para mim foi uma enorme satisfação ter feito este relato!

Mas também foi uma viagem feita de momentos que ficaram gravados na minha mente e que não mais

se repetirão. Podem vir outros tão bons ou melhores, mas estes ficam comigo, ficam em mim, ficam

eternos…

Para terminar, resta-me felicitar a Direcção do Clube Galp Energia – Núcleo Centro por mais esta

iniciativa, que me levou a concretizar um sonho de longa data e agradecer o cuidado e preocupação

constantes do Paulo Rua e do Daniel Bertelo, para que tudo corresse bem e ninguém se perdesse no

meio de tantas centenas de pessoas nas cidades tão populosas por onde passámos. Um agradecimento

também ao nosso companheiro de viagem Nelson Pinto, que, sempre amável, ajudou toda a gente a

pegar nas malas, que para o final da viagem, já estavam muito, muito pesadas!...

Maria Isabel Soares da Costa

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Encontro de Veteranos em Futebol 11

Realizou-se, no passado dia 21 de setembro, mais um encontro de veteranos no Bairro da Petrogal na

Bobadela, entre o Clube Galp Energia e o Freiria Sport Clube (aproxima-se o 30º aniversário dos

encontros entre estes dois grandes Clubes).

Foi um encontro entre velhos amigos em que o Freiria S.C. não se soube representar, como era seu

dever, com a sua melhor equipa pois apresentou-se com poucos elementos o que fez com que a tarde

desportiva não fosse tão agradável como o costume, e por esse motivo foi grande o desnível do

resultado: 11-2 a favor do Clube Galp Energia.

À parte deste pormenor, tudo correu bem, e como é tradição seguiu-se a 3ª parte do convívio, num

restaurante local onde nos debatemos com um excelente jantar, como é normal nestes encontros.

Ficou marcado o próximo encontro, onde o Freiria S. C. tentará conseguir um resultado bem

diferente, a realizar na Freiria a 17 de maio de 2014.

Até lá,

Joaquim Jacinto (participante do Freiria Sport Clube)

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Campeonato Interno de Pesca Desportiva Disputou-se, no passado dia 07 de setembro, a terceira etapa do Campeonato Interno de Pesca

Desportiva do Clube Galp Energia - Núcleo Centro, referente ao ano de 2013.

Esta terceira prova foi disputada na Ribeira de Raia em Mora, situada entre o Couço e Montargil,

local onde não nos deslocávamos fazia já muito tempo, pelo que as técnicas a utilizar eram do

desconhecimento de todos.

Este dia de Verão, marcado pelo excelente tempo que se fez sentir, ofereceu boas condições para

a prática desta modalidade, o que muito terá ajudado a contribuir para a obtenção dos bons

resultados alcançados, materializados na captura de belos exemplares que sempre existem nesta

Ribeira.

O primeiro classificado foi Rui Batalha, que capturou,

durante as quatro horas de duração da prova, 6,920 kg de

pescado (carpas, barbos e pimpões), tendo-se classificado

nos lugares imediatos, Daniel Bertelo com 4,340 Kg e

Francisco Novo com 3,740 Kg. Este campeonato interno,

que envolve cerca de duas dezenas de pescadores, teve

nesta prova a presença de onze participantes.

Estes resultados vieram a confirmar o excelente momento

de alguns participantes, deixando para a última prova, a

realizar a 2 de novembro na Barragem da Oleirita, em

Arraiolos, a definição da tabela geral classificativa e a

consequente definição do campeão regional do ano em

curso.

A classificação desta prova, e respetivo peso de pescado

capturado por cada pescador, foi o indicado na tabela

anexa.

Classf. Nome Peso (Kg)

1º Rui Batalha 6,920

2º Daniel Bertelo 4,340

3º Francisco Novo 3,740

4º Fernando Moreira 3,120

5º Rui Reis 2,980

6º José Couvinha 2,660

7º José Cruz 2,540

8º Tobias Rasteiro 2,220

9º Filipe Bertelo 2,200

10º Jorge Cunha 1,760

11º Camilo Marques 1,040

1º RUI B

ATALHA

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Final Nacional do Campeonato Interno de Futsal Realizou-se, nos passados dias 7 e 8 de setembro, a final nacional referente à modalidade de futsal

masculino, numa organização do Clube Galp Energia - Núcleo Centro, e na qual participaram as

equipas representativas dos três núcleos - Norte, Centro e Sul – do Clube Galp Energia.

Os encontros realizaram-se no Pavilhão da Escola Delfim Santos, tendo-se tornado campeã nacional

a equipa representativa do Núcleo Sul.

Tratou-se de uma jornada desportiva em que a vertente competitiva esteve presente, embora o

convívio entre Associados do Clube, Colaboradores do Universo Galp Energia, fosse o principal

aspecto a realçar, proporcionando dois dias de salutar confraternização e boa disposição entre

todos.

Os resultados deste fim de semana foram:

Núcleo Centro 0 Núcleo Sul 3

Núcleo Norte 0 Núcleo Sul 2

Núcleo Norte 2 Núcleo Centro 3

Núcleo Sul 3 Núcleo Centro 0

Núcleo Sul 1 Núcleo Norte 1

Núcleo Centro 1 Núcleo Norte 1

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Final Nacional do Campeonato Interno de Futsal Ficando a classificação final ordenada da forma que a seguir se evidencia:

Individualmente há a destacar:

Melhor Jogador – Rui Casimiro (Núcleo Sul)

Melhor Marcador – Rui Silva, 4 golos (Núcleo Sul)

Melhor Guarda-Redes – José Gonçalves (Núcleo Sul)

J V E D P GM GS

1º Núcleo Sul 4 3 1 0 10 9 1

2º Núcleo Centro 4 1 1 2 4 4 9

3º Núcleo Norte 4 0 2 2 2 4 7

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Sorteio Led Zeppelin - The song remains the same A Direção do Clube Galp Energia – Núcleo Centro vai

proceder, entre os seus Associados, ao sorteio de quatro

exemplares do DVD The song remains the same, concerto

dos Led Zeppelin no Madison Square Garden em Nova

Iorque.

Para o efeito, devem inscrever-se enviando, até ao dia 08

de maio próximo, um mail para o endereço interno “Clube

GalpEnergia – Secretaria” ou telefonando para a Secretaria

do Clube Galp Energia - Núcleo Centro através do número

21 724 05 32 (extensão interna 10 532).

Sorteio

Astérix entre os Pictos

Os Associados do Clube Galp Energia – Núcleo Centro

contemplados, cada qual, com um exemplar de última

aventura do gaulês Asterix - Astérix entre os Pictos –

foram:

Pedro Ornelas

Teresa Calçado Carvalho

Pedro Oliveira Gomes

José Silva e Castro

Sofia Sequeira

Celeste Lourenço

Fábio Oliveira

Carla Rosa

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Visita ao Lisbon Story Center e à Kidzania.

A Direção

Olá! Nós somos a Rita e o Afonso e vamos contar-vos como foi a nossa visita ao Lisbon Story Center e

à Kidzania.

Quando entrámos na carrinha do Clube Galp Energia estávamos muito entusiasmados porque não

sabíamos o que nos esperava. Entretanto chegámos ao nosso primeiro destino: o Lisbon Story Center.

Havia uma senhora que nos ajudou a pôr os auscultadores e que nos explicou como funcionavam.

Explicou que sempre que nos aproximássemos dos filmes projetados nas paredes, ouvíamos o som. Foi

muito divertido pois não havia só filmes, havia também esculturas e salas decoradas. Uma destas salas

era a sala que simulava o terramoto de 1755. Aqui percebemos que são os animais os primeiros a

pressentirem o terramoto. No final da simulação, até o candeeiro da sala onde estávamos abanou! De

seguida fomos ver a reconstrução da cidade de Lisboa e os planos do Marquês de Pombal.

Quando terminou esta visita voltámos à carrinha para irmos para a Kidzania. Depois do check-in fomos

ao Banco (Banco da Kidzania), recebemos 50 kidzos e depois fomos comer. Na Kidzania podemos

brincar às profissões como se fossemos adultos. Fizemos sumos, pizzas, cereais e gelados (de

chocolate), fomos repórteres, tirámos cursos na Universidade, reparámos um aerogerador, reparámos

uma central de comunicações, distribuimos encomendas, fomos advogados no Tribunal, fomos

padeiros, fizemos medicamentos e fomos locutores de rádio. Fizemos ainda escalada, jogámos num

concurso na SIC, passeámos no autocarro da Kidzania, jogámos futebol e conduzimos carros na pista

da Galp Energia, claro!

Adorámos este dia e queremos que o Clube Galp Energia continue a fazer coisas destas para fazermos

novos amigos!

Rita e Afonso Munhá