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outubro a dezembro de 2012 | ...A imagem captada pelas lentes de Josoé de Carvalho traduz o sentimento da primavera londrinense, após a superação das turbulências no poder público

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A imagem captada pelas lentes de Josoé de Carvalho traduz o sentimento da primavera londrinense, após a superação das turbulências no poder público. Com o entusiasmo da nova estação, a ACIL apresenta a você o segundo número da revista Mercado em Foco. De diversas maneiras, o setor empresarial traz boas notícias e perspectivas para o desenvolvimento de nossa cidade. A 1ª Semana do Empreendedor Digital, numa parceria entre ACIL e ABRADi-PR, reúne especialistas de renome nacional, entre eles Conrado Adolpho, o mago da “economia dos bits”, cujas ideias você pode conhecer em entrevista especial.Londrina produz boas novas no desenvolvimento de softwares desde o tempo em que as palavras “informática” e “internet” não eram conhecidas. Aqui as crianças e jovens começam a ter noções de empreendedorismo dentro da escola. E os escritórios de

Primavera

EDITORIAL

co-working oferecem uma nova e estimulante maneira de produzir. Tudo isso você poderá conferir nas páginas seguintes.Enquanto a classe C reinventa hábitos de consumo, o comércio se posiciona para as festas de final de ano e os prestadores de serviço mostram a qualidade que caracteriza o setor mais forte da economia local. As flores que o repórter-fotográfico focalizou simbolizam os novos tempos que desejamos ver em Londrina. Esta é

Mercado em Foco, a revista da ACIL: uma visão do futuro conectada às realizações do presente.Boa leitura!

Paulo BriguetCoordenação e ediçãoFernanda BressanRedatoraJosoé de CarvalhoFotografiaThiago MazzeiProjeto gráfico

Maria Fernanda BeneliGerente de MercadoLiziane T. de AlmeidaAnalista de MarketingColaboradoresAlexandre SanchesEdson VitorettiFelipe BrandãoGisele RechGuto Rocha

Mercado em Foco é uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências, inclusive reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo e-mail [email protected]

DIRETORIA DA ACIL – GESTÃO 2012/2014

Fundada em 5 de junho de 1937

Rua Minas Gerais 297 – 1º andarEd. Palácio do ComércioLondrina (PR) – CEP 86010-905Telefone (43) 3374-3000Fax (43) 3374-3060E-mail [email protected]

Flávio Montenegro BalanPresidenteLuiz Carlos I. AdatiVice-PresidenteAry SudanDiretor SecretárioFabricio Massi Salla2º Diretor SecretárioRogério Pena ChinezeDiretor FinanceiroRodolfo Tramontini Zanluchi2º Diretor Financeiro

Marcelo Paganucci OntiveroDiretor ComercialHerson R. Figueiredo JúniorDiretor IndustrialMarcelo Bisatto CardosoDiretor de ServiçosBrasilio Armando FonsecaDiretor de Comércio InternacionalLuigi Carrer FilhoDiretor de ProdutosFernando Lopes KireeffDiretor Institucional

Rosangela KhaterPresidente do Conselho da Mulher Empresária

CONSELHO DELIBERATIVOCarlos Alberto De Souza FariaDavid Dequêch NetoEduardo Yoshimura AjitaEnio Luiz Sehn JúniorFábio Aurélio Mansano MalaréJosé Guidugli JúniorMarcelo Massayuki Cassa

Nivaldo BenvenhoOswaldo PitolRubens Benedito AugustoSilvana Martins CavicchioliValter Luiz OrsiWellington Moreira

CONSELHO FISCAL

TitularesJaime Celeste PonceMichel Menegazzo GouvêaRonaldo Pena Chineze

SuplentesMarcus Vinícius Bossa GrassanoMarcus Vinicius GimenesRafael Andrade Lopes

Kalinka AmorimKarina ConstancioPauline AlmeidaRudolf Valentin

ImpressãoMidiograf

Tiragem8 mil exemplares

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Associação Comercial e Industrial de Londrina 5

SERVIÇOSPrestadores de serviços que investemna qualidade ........................................................................ 8

COWORKINGUm novo ambiente e uma nova formade trabalhar ......................................................................... 12

FÉRIASPlanejamento é a palavra de ordemantes de viajar .................................................................... 30

EDUCAÇÃOEmpreendorismo também se aprendena escola ............................................................................. 32

ARTIGOCláudio Tedeschi defende nova culturano poder público ................................................................. 38

FINANCIAMENTOACIL recebe Seminário Regional de Crédito ........................ 40

PERFIL EMPRESARIALA receita de sucesso de um casal empreendedor ................. 41

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ECONOMIAAscensão da nova classe média impulsiona vendas

15

LOGÍSTICAA importância de planejar, vender e entregar com eficiência

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NATALPequenos presentes serão as grandes estrelas no final do ano

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SOFTWAREA tradição de Londrina no desenvolvimento de softwares

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MARKETING DIGITALConrado Adolpho, palestrante da Semana do Empreendedor Digital, mostra os caminhos do sucesso na era da informação

ÍNDICE

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ECONOMIA

Por Guto Rocha

Economia estável, emprego e aumento da renda. A conjunção de fatores positivos foi a receita para o crescimento da Classe C no Brasil nos últimos anos. A manutenção desse cenário tem dado fôlego para que os integrantes da chamada nova classe média brasileira continuem a consumir e fazer a roda do mercado girar. Segundo dados do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPS/FGV), com base em pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2003 e 2011, a classe média teve um acréscimo de mais de 40 milhões de pessoas no País. Em dados atualizados pelo CPS/FGV, com base em preços de julho do ano passado, a classe C é representada pela faixa de renda familiar mensal que se situa entre R$ 1.734,00 e R$ 7.475,00.Marco Antonio Nascimento da Cunha, professor de Finanças do ISAE/FGV, afirma que o consumo impulsionado pela nova classe média é o que tem permitido que a economia brasileira cresça com mais vigor em relação a outros países. “A Índia, por exemplo, tem apresentado um crescimento anual de 7% a 8%, contra o crescimento de 3% a 4% do Brasil. Mas aqui temos um crescimento mais sólido e com melhor distribuição da renda”, compara.Cunha observa que o comércio e o setor de serviços são os que mais têm se beneficiado com o consumo gerado pelo novo contingente de compradores da classe média. A indústria não sentiu tanto a chegada destes novos consumidores por causa das importações de produtos, favorecidas

NOVA CLASSE MÉDIA VAI ÀS COMPRASMais de 40 milhões de pessoas passaram a fazer parte da classe C nos últimos oito anos, impulsionando as vendas em diversos setores

pelo câmbio. Mas, no setor industrial, a construção civil foi o segmento que mais se beneficiou com a ascensão nos novos consumidores. “Com a elevação da renda, as pessoas passaram a realizar alguns sonhos, a atender uma demanda que estava reprimida, como a compra da casa própria, do carro, eletrodomésticos”, comenta.Mesmo com a desaceleração da economia interna, neste ano, os novos consumidores que chegaram ao mercado ainda terão fôlego para seguir comprando. “A classe C deve continuar crescendo, mas em ritmo menor. Mais de 70% dos que estavam nas classes D e E já migraram para a C. E estas pessoas continuarão a ser o motor da economia”, observa. Para Cunha, estes novos consumidores entram em uma segunda fase, passando a adquirir produtos como plano de saúde, educação melhor para os filhos, viagens, tratamentos estéticos e mesmo investindo em um segundo imóvel.Muitas empresas perceberam o potencial consumidor da nova classe média. Algumas formataram produtos que se adequassem ao tamanho da renda deste novo comprador, outras, se beneficiaram automaticamente com a mudança de hábitos e a busca pela satisfação de desejos de consumo. No setor de construção civil, a construtora Vanguard Home, do grupo Plaenge, foi a primeira em Londrina a perceber a oportunidade que se abria no mercado. “Em 2005 e 2006, os diretores da Plaenge viajaram para o México e para o Chile e perceberam que o Brasil caminhava para viver uma situação parecida com a daqueles países. Então criaram a Vanguard Home para atender os consumidores que iriam

adquirir o primeiro imóvel, principalmente jovens casais e profissionais liberais solteiros”, comenta o gerente regional da Vanguard Home, Olavo Batista Junior. Junior observa que a construtora oferece apartamentos com valores entre R$ 170 mil e R$ 250 mil. “São unidades que atendem pessoas com renda que variam de R$ 3 mil a R$ 10 mil. Os apartamentos são mais enxutos (áreas menores) mas com o mesmo padrão de qualidade da Plaenge”, garante. E o mercado está aquecido, segundo ele. “Todos os produtos são rapidamente vendidos. Dois de nossos empreendimentos, que devem ser entregues até novembro deste ano, já estão com todas as unidades comercializadas”, afirma.A construtora Yticon, que integra o grupo A.Yoshii, é outra empresa do setor que oferece produtos voltados para estes novos consumidores. “Na verdade temos uma diversidade grande, que atende comprador com renda a partir de três salários mínimos”, diz o gerente da Yticon, Sandro Sadao Nagata. Para isso, a construtora tem

A classe C possui renda familiar entre

R$ 1.734,00e

R$ 7.475,00

Associação Comercial e Industrial de Londrina 7

empreendimentos em diversas regiões de Londrina, com preços e tamanhos diferentes. Na região Sul, próximo ao Catuaí Shopping, por exemplo, são prédios mais altos, com apartamentos com tamanhos entre 75 e 110 m2, com valores que variam de R$ 160 mil a R$ 250 mil. Já na região Norte, os edifícios são mais compactos, com unidades com área de 50 m2, e valores que ficam entre R$ 85 mil e R$ 100 mil. “Percebemos que na região Norte a demanda é muito maior”, comenta. Nagata observa que o crescimento da renda do trabalhador e a oferta de crédito

No próximo mês de novembro, o operador de empilhadeiras Marcos Aurélio, 44 anos, vai mudar da sua atual casa para o novo apartamento. “Estamos mobiliando. Não vemos a hora de mudar”, conta Aurélio, que é casado e pai de dois filhos. Ele conta que comprou o apartamento em 2009, ainda na planta, na região

são fatores determinantes para o sucesso nas vendas do setor. “O acesso ao crédito, apesar de os agentes financeiros estarem mais seletivos, está bastante facilitado. E no caso do Programa Minha Casa, Minha Vida, o comprador ainda pode contar com subsídio do governo federal”, comenta.O setor de perfumaria e cosméticos é outro que tem se beneficiado com a chegada dos novos consumidores à classe média. A rede de Farmácias Vale Verde registrou entre 2010 e 2012 um crescimento de 30% nos valores médios gastos por seus clientes. “Os clientes estão gastando mais”, comenta

Família compra segundo imóvel e troca de carroNorte de Londrina. Segundo Aurélio, a ideia dele e de sua esposa era comprar o imóvel para investir. “Já temos nossa casa. Mas quando o apartamento ficou pronto vimos que tinha ficado muito bonito, além de oferecer mais segurança e área de lazer para as crianças. Então resolvemos morar nele. Vamos alugar a nossa casa e ter mais uma renda”, comenta.

Ele afirma que já pagou R$ 36 mil pelo novo imóvel e que financiou o saldo restante, que é de R$ 97 mil. “A renda de nossa família melhorou nos últimos anos, acompanhando o salário mínimo que também subiu”, comenta. Além do apartamento, Aurélio afirma que também já conseguiu trocar de carro.

a gerente de Marketing e Negócios da rede, Aline Fernandes.Ela observa que com o aumento da renda houve uma mudança no comportamento dos consumidores que frequentam as farmácias da rede. “Antes o cliente não gastava tanto consigo mesmo, o dinheiro era para as necessidades básicas. Hoje, não compram apenas produtos de higiene pessoal, mas os chamados dermocosméticos para os cuidados com a pele e cabelo”, afirma, observando que a indústria do setor aproveita para colocar no mercado produtos de qualidade, mas que são genéricos.

Sandro Sadao Nagata, gerente da Yticon: “O acesso ao crédito, apesar de os agentes

financeiros estarem mais seletivos, está bastante facilitado. Comprador ainda pode

contar com subsídio do governo federal”

O operador de empilhadeiras Marco Aurélio e a família: “Já temos nossa casa. Mas quando o

apartamento ficou pronto vimos que tinha ficado muito bonito, além de oferecer mais segurança e

área de lazer para as crianças”

Olavo Batista Junior, gerente da Vanguard Home: “Atendemos os consumidores que

pretendem adquirir o primeiro imóvel, principalmente jovens casais e profissionais

liberais solteiros”

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Por Edson Vitoretti

Os 2.200 clientes que frequentam mensalmente os dois salões de beleza com a marca Lincoln Tramontini sabem bem o que buscam lá: qualidade. “Meu cliente não pensa em chegar aqui e não encontrar qualidade. Ele vem e simplesmente exige. Hoje, se você não tem qualidade, você não sobrevive”, diz Tramontini.A qualidade dos salões pode ser verificada em seus equipamentos. “Minhas manicures esterilizam o material com autoclave, uma estufa médica. Fui o primeiro a usar isso em Londrina. Temos cinco lavatórios de deitar 360 graus em cada salão. Nesses lavatórios, os clientes não sentem dor no pescoço”, afirma o empresário.Os salões de Tramontini possuem três diretorias – a técnica, a artística e a

ECONOMIALONDRINENSE

O cabeleireiro Lincoln Tramontini: “Se tem

alguém chorando, vamos chorar juntos. Se é pra

comemorar, vamos comemorar. A gente

acolhe quem trabalha com a gente”

de maquiagem – que supervisionam e subsidiam com conhecimento 46 funcionários. Aliás, é aí, no ser humano, que reside o diferencial da marca Lincoln Tramontini. “O diferencial é que eu não estou sozinho. A gente sempre prezou muito pelos nossos colaboradores. Mantemos um

clima de família. Se tem alguém chorando, vamos chorar juntos. Se é pra comemorar, vamos comemorar. A gente acolhe quem trabalha com a gente. As pessoas gostam de trabalhar aqui”, diz o cabeleireiro.O ambiente pode ser familiar, mas a cobrança é de multinacional. Tramontini

A SERVIÇO DA QUALIDADE

O setor de serviços em Londrina é muito concorrido, o que leva naturalmente à preocupação

com a qualidade. Fomos conferir essa qualidade em quatro ramos: beleza, promoção de eventos,

gastronomia e hotelaria

Associação Comercial e Industrial de Londrina 9

“O PÚBLICO LONDRINENSE É EXIGENTE POR NATUREZA.”

A BRASIL SUL mais uma vez sai na frente.Pioneira em oferecer internet Wi Fi nas viagens,

o Sleep Leito Cama, a Sala Vip e o Programa Fidelidade, agora é também a primeira com

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fidelidade

diz que seu funcionário tem de ser de alta performance: “Eu sempre comparo com o automobilismo. Você pode ser um corredor de fusca ou um corredor de Fórmula 1. Pra ser de Fórmula 1, você vai ter a exigência de um corredor de Fórmula 1. E aí a resposta vem, tanto tecnicamente, quanto artisticamente, quanto motivacionalmente”.O Centro de Formação Lincoln Tramontini dá aos funcionários o conhecimento necessário para desempenhar suas funções. Mas a capacitação, o investimento no profissional, não se restringe apenas aos funcionários. Tramontini, que atende ele mesmo cerca de 12 clientes por dia, busca sempre um algo mais na área do conhecimento. No momento, ele está fazendo um curso de visagismo, que é um estudo sobre os signos arquétipos da face humana. “A gente aprende a observar os traços fisionômicos, o jeito que a pessoa senta, anda, fala. Você acaba sabendo mais sobre o comportamento daquela pessoa, dos gostos dela”, explica.Toda essa preocupação com qualidade vem da exigência que o público

consumidor do setor de serviços tem em Londrina. “O londrinense é exigente por natureza. A beleza hoje está na novela, no Jornal Nacional, nas revistas. Beleza virou algo necessário pra se viver. As pessoas precisam aparentar estar bem”, avalia. O cabeleireiro enfatiza a questão da beleza quando fala sobre o algo mais que oferece a seu cliente: “Oferecemos a chance de viver essa experiência de ficar bem”, afirma.

Notícias de qualidade no casamento

Planejar, organizar, responder rápido a imprevistos e ainda manter uma aparência tranquila na adversidade são características de jornalistas. Lívia Aguiar e Juliana Takaoka, jornalistas, levaram o que aprenderam nas agitadas redações de

As jornalistas casamenteiras Lívea

Aguiar e Juliana Takaoka: “A gente lida com o casamento como se

fosse um link ao vivo. Se der errado, acabou. Não

tem outra chance”

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TV para o mundo não menos agitado da promoção de eventos, quando se juntaram para criar As Casamenteiras.Checar e rechecar informações, passar horas ao telefone produzindo pautas: essa é a rotina de jornalistas. Lívea e Juliana fizeram desse hábito o diferencial na produção de casamentos: “A gente faz a confirmação de presença passiva e ativa, ligando para quem não ligar, ou seja, normalmente para 90% da lista”, diz Juliana. Essa etapa da confirmação de presença é importante porque é a hora de executar situações constrangedoras como negar convite extra para aquele parente de última hora, de dizer onde está a lista de presentes etc. “Um convidado a mais significa uma mesa a mais, um arranjo a mais, um espaço ou não para a pista de dança, para o lounge. Isso desestrutura” diz Juliana. Onde há organização e planejamento, há qualidade. Com o detalhismo de editores de telejornais, Lívea e Juliana roteirizam todo o evento. “É um roteiro feito com a participação dos noivos. A gente pega uma cópia desse roteiro e distribui pra todos os fornecedores envolvidos: fotógrafo, cinegrafista, músico, DJ”, diz Juliana. Mas mesmo com tudo roteirizado, os imprevistos sempre acontecem, como por exemplo, assaltos. “Assaltaram o recepcionista do hotel onde estava acontecendo o evento, e ele correu pra dentro do salão onde estavam 200 pessoas. Não tivemos dúvida: discretamente, com sorriso no rosto, trancamos todas as portas do salão, sem que as pessoas percebessem nada”, conta Lívea.No dia do evento, assim como nas informações das fontes no jornalismo, tudo tem de ser checado e rechecado. Lívea e Juliana correm o local em busca de manchas de dedo em mesas, vasos com água suja, velas tortas etc. “Jornalista tem um gosto pelo burocrático, pelo passar, repassar, revisar tudo”, comenta Lívea. Com tanta agitação, só mesmo jornalistas para darem qualidade a um evento em que nervosismo e imprevistos fazem parte da notícia: “A gente lida com o casamento como se fosse um link ao vivo. Se der errado, acabou. Não tem outra chance”, diz Juliana.

O paladar para a qualidade

Há 20 anos, os irmãos José Eduardo e Fernando Consalter buscam a qualidade na gastronomia de Londrina. À frente do restaurante La Gôndola, eles gerem a qualidade que faz parte do cardápio do londrinense: “Londrina tem um público consumidor exigente. A cidade se espelha muito no modelo paulistano de consumo. O londrinense gosta de coisa boa” diz José Consalter. A exigência de qualidade começa pelos equipamentos do restaurante. “No La Gôndola, trabalhamos com ultracongelamento a vácuo. Esse tipo de congelamento não cria cristais de gelo, e, assim, não expande o tamanho nem quebra as fibras de carnes e de massas. Nós fomos os primeiros a usar a máquina. Utilizamos também a embalagem a vácuo, e temos um açougue muito bem climatizado”, comenta Consalter.Em tempos de crise, suspende-se a qualidade? No La Gôndola, não. José Consalter diz que: “Se você não for um preservador de qualidade, nas crises você muda marca de óleo, pega um fornecedor mais barato, e no final você tem um restaurante diferente daquele que imaginou. Não abrimos mão de produtos de qualidade”, afirma. E, para manter o nível de qualidade, usa-se um único ingrediente: o trabalho. “O segredo é trabalhar, não perder o foco naquilo que você quer e no que o teu cliente tem como

referência da tua casa. Tudo tem que estar no lugar, as luzes têm que estar acesas do mesmo jeito, a torneira deve estar funcionando, os enfeites sempre no mesmo lugar. Se estiver frio, o aquecedor tem que estar funcionando. Você não tem que manter a qualidade, você tem que ter cada vez mais qualidade”, diz o dono do La Gôndola.

Hospedando qualidadeSe há um lugar onde a qualidade deve hospedar-se diariamente é num hotel. No Comfort Suites – uma bandeira de nível superior ligada à rede Atlântica Hotels International –, o sinônimo de qualidade é atendimento ao cliente. “Esse é o nosso foco. A antecipação das necessidades do hóspede. Desde a reserva, a gente tenta tirar alguma informação que leva à antecipação dessa necessidade. Por exemplo, eu sei que o fulano de tal na última vez que teve aqui tomou bastante água. Então, na próxima estada colocamos mais água no frigobar dele. Ou quando o cliente gosta de ficar no quinto andar, nós já o colocamos lá”, diz Karla Souza, gerente geral do Comfort Suites.O hotel tem o “Sempre Novo”, serviço de qualidade que faz com que o quarto esteja sempre impecável para o próximo cliente. Se uma cortina estiver amarrotada ou uma parede riscada, o quarto não é liberado enquanto os reparos não forem feitos. E se algo der errado, o cliente tem

José Consalter, do La Gôndola: “Você

não tem que manter a qualidade. Você

tem que ter cada vez mais qualidade”

Associação Comercial e Industrial de Londrina 11

“UM SORRISO VALE MUITO MAIS QUE UM CHECK-IN RÁPIDO.”

seu dinheiro de volta: “Nós temos o programa 100% de satisfação. Se eu não conseguir resolver um problema dentro de 24 horas, o cliente não paga a estadia”, afirma Karla.Segundo a gerente, a qualidade do atendimento do hotel é mantida com funcionários engajados. “Temos um plano de carreira e oportunidade de crescimento. Os funcionários cumprem

uma grade curricular. Realizamos vários treinamentos por função na nossa Universidade Atlântica”, diz.Os quatro entrevistados deram suas receitas para se ter qualidade no serviço que prestam. “Foco na sua atividade e no cliente, técnica, arte e administração. Tudo isso azeitado com espírito de equipe e união entre os colaboradores. Aí você tem um caldo

de muito boa qualidade”, diz Lincoln Tramontini. “O segredo é organização e se envolver com aquilo que está fazendo. Lembramos o noivo para ele não esquecer a aliança, ou para não esquecer de almoçar. Já teve noivo que não almoçou e desmaiou no casamento”, conta Lívea Aguiar.Para o gestor do La Gôndola, a receita de qualidade está dentro das pessoas. “A receita de todo bom trabalho, seja de um médico, de um comerciante, é uma coisa meio interna. Quem gosta de qualidade não abre mão dessa qualidade. Então tem que manter essa disposição, alimentá-la sempre”, diz José Consalter.Focar no funcionário é a receita de qualidade do Comfort Suites. “Capacitar e valorizar os funcionários. A gente incentiva as pessoas a gostarem de trabalhar aqui. Porque um sorriso no rosto vale muito mais do que um check-in rápido”, prescreve Karla Souza.

Karla Souza, gerente do Comfort Suites:

“Esse é o nosso foco. A antecipação

das necessidades do hóspede. Desde a

reserva, a gente tenta tirar alguma informação

que leva à antecipação dessa necessidade”

ESCRITÓRIOSCOMUNITÁRIOS

A CASA DO TRABALHO FELIZO conceito de coworking traz as vantagens da redução de despesas e incremento do networking, criando um ambiente de interação e desenvolvimento

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Por Gisele Rech

De um lado, Rafael Guimarães trabalha no novo design da sua revista. Do outro, um colega faz seus projetos de computação gráfica. No mesmo espaço físico, há ainda uma fotógrafa, dando um trato em sua matéria-prima. O que esses profissionais têm em comum? Além de usarem a criatividade como ferramenta, eles aderiram à tendência do coworking, conceito de escritório compartilhado que surgiu em meados dos anos 2000, nos Estados Unidos, e vem se popularizando no Brasil.

Em Londrina, o sistema chegou esse ano, com a Nex Coworking, seguida pela Aldeia e pela Nova Londres. Além do conceito colaborativo, que incrementa o networking entre os profissionais, há a redução de custos de manutenção de um escritório individual, o que é ideal para pequenos empresários. Cada empresa de coworking disponibiliza um determinado número de posições de trabalho, oferecendo desde um endereço comercial à internet e cafezinho.O diretor da revista Click Mag, Rafael Guimarães, ocupa uma das 28 posições de trabalho da Nex Coworking. Com o seu

Alexandra Santos: “O mais bacana no coworking é a resposta colaborativa, com foco no ser humano. É uma

resposta positiva ao individualismo”

Associação Comercial e Industrial de Londrina 13

“CORTAMOS CUSTOS E CONQUISTAMOS MAIS RELACIONAMENTOS.”

laptop, costuma ir à empresa três vezes na semana para trabalhar. “Eu era adepto do home office, mas em casa é difícil ficar 100% concentrado. Aqui tenho toda a estrutura de um escritório, mas com custos mais reduzidos”, explica. Outra vantagem, segundo ele, é o fato de poder encontrar outros profissionais. “Além de sociabilizar, podemos fazer contatos

colaborativo. Muitas vezes, escritórios individuais ficam ociosos em boa parte do tempo. Aqui a estrutura é mais bem aproveitada”, explica. A empresa oferece internet, impressão, digitalização, luz, água, limpeza, organização, armários privativos e até cafezinho com bolachas. Há ainda sala de reunião e aluguel de sala executiva e auditório para até 90 pessoas. “A pessoa só paga o que realmente utiliza”. Outro destaque apontado por Jéssica é a sociabilização. “Vivemos em um tempo de isolamento. O coworking traz de volta o conceito de aproximação e convívio social”.A Nex Coworking tem 28 posições de trabalho – os coworkers devem trazer o próprio notebook. Os preços que variam de R$ 50,00 (para utilização do endereço comercial e cartões de visita) a R$ 528,00, com utilização ilimitada. Há ainda a possibilidade de usar o endereço como domicílio fiscal, pagando uma taxa à parte. Os contratos são anuais, mas não é cobrada multa em caso de rescisão.

Jéssica Rodrigues Dias: “Vivemos em um tempo de isolamento. O coworking traz de volta o conceito de

aproximação e convívio social”

profissionais que podem render frutos no futuro”, explica.A proprietária da empresa, Jéssica Rodrigues Dias, diz que a economia para os coworkers e a possibilidade de incrementar o networking são apenas duas das muitas vantagens da modalidade. “Eu apostei na tendência focando, especialmente, na questão do consumo

outubro a dezembro de 2012 | www.acil.com.br14

Será que o coworking é uma tendência que veio para ficar? Para o consultor do Sebrae Joel Franzim Junior, a resposta é sim. O fator determinante, em especial, é o que ele chama de ambiente territorial no qual o sistema está inserido. “Se o ambiente for de inovação e tecnologia, a possibilidade de manutenção e inserção de novos empreendimentos é muito grande”, aposta. Ele faz coro com os coworkers quando destaca as vantagens do sistema que reúne vários profissionais de diferentes áreas em um único ambiente. “Existe a possibilidade de agregação de valor ao produto, por meio do network com profissionais das variadas atividades”. O resultado pode ser o surgimento de produtos cooperativados,

por meio de parcerias profissionais – o que pode ser bom também para o cliente, que encontra em um único lugar tudo o que precisa. Há ainda a vantagem dos baixos custos operacionais para as empresas, o que pode ser muito importante para empresas que estão iniciando as atividades e buscando um lugar no mercado. “É um ambiente propício para as start-ups”, finaliza.

Serviço

Aldeia Coworking LondrinaEndereço: Rua Goiás, 1774 - Centro.Telefone: (43) 3028-2888www.aldeiaco.com.br

O que o futuro reserva?Horário de funcionamento: Segunda a sexta, das 8h às 21h e sábados, das 9h às 13h.Nex CoworkingRua Ayrton Senna, 550 – Torre Montello – Sala 202 – Gleba PalhanoTelefone: (43) 3037-0700www.nexcoworking.com.brHorário de funcionamento: Segunda a sexta, das 8h às 19hNova LondresRua Dr. Elias César, 55, Salas 1106/1205 – Centro CívicoTelefone: (43) 3037-9677www.novalondres.com.brHorário de funcionamento: Segunda a sexta, das 8h às 19h

Aldeia colaborativa

Pautada no mesmo conceito colaborativo, a Aldeia Coworking começou a funcionar em Londrina no segundo semestre, pelas mãos da ex-coworker da empresa em Curitiba, Alexandra Santos. Depois de trabalhar no sistema durante um ano na capital, ela apostou em trazer o conceito para a cidade. “O mais bacana no coworking é a resposta colaborativa, com foco no ser humano. É uma resposta positiva ao individualismo”, acredita. Por isso, além das 32 posições de trabalho e planos que variam de R$ 55,00 a R$ 595,00, a Aldeia oferece – e incentiva – a realização de cursos de capacitação e palestras pelos próprios colaboradores (apesar de também dar oportunidade para locação de quem não é coworker da empresa). “É um espaço democrático, onde boas iniciativas e ideias são bem recebidas”, explica.Iniciativas, aliás, como a do publicitário Hugo Nascimento, que trouxe a empresa dele – a VTcom – para a Aldeia, com o aluguel de uma sala para a realizações dos cursos que oferece. “Além de ter cortado custos, já que a maioria dos cursos que oferecemos é apenas à noite, conquistamos uma gama maior de relacionamentos, o que é positivo para a empresa e para os nossos alunos, que aqui já podem encontrar boas parcerias”.

Foco no público-alvo

Apostando no mesmo conceito, mas com foco em um público-alvo mais específico, o advogado Lucas Garcia inaugurou a Nova Londres, no Centro Cívico. O endereço, próximo à Prefeitura e aos prédios da Justiça, foi cuidadosamente escolhido para atender aos profissionais que trabalham na região.Segundo Garcia, a opção teve a ver com uma percepção de demanda. “Eu trabalhei na Prefeitura por 30 anos e percebi essa lacuna. Muitos funcionários dão expediente só à tarde e fazem outras atividades pela manhã”, explica. O foco foi nos funcionários públicos, mas a empresa acabou acertando em cheio os advogados, especialmente quem está no início de carreira e ainda não tem condições de montar um escritório. “Como também oferecemos posições de trabalho privativas, acabamos atraindo esse público”, explica.

A despeito dessa aparente vocação, no entanto, Garcia deixa claro que a empresa está aberta para receber profissionais de todas as áreas. O diferencial é que, pelo menos nessa fase inicial, está sendo feito um trabalho de divulgação mais selecionado. “Estamos oferecendo um mês de graça para alguns profissionais que entendemos ter o nosso perfil, para que surjam boas parcerias no futuro”.Os planos na Nova Londres variam de R$ 80,00 a R$ 470,00, dependendo do que o profissional quer incluir. O mais barato inclui cinco horas mensais de utilização do espaço e uso do endereço comercial para correspondência e o no cartão de visitas. Já o plano mais completo – o integral – prevê 100 horas de utilização do escritório, incluindo todos os serviços (internet, telefonista, copa etc.).

Além de oferecer as posições de trabalho, a Aldeia promove realização de cursos de capacitação e palestra dos próprios

colaboradores. Objetivo é criar um ambiente democrático e acessível

NEX oferece internet, impressão, digitalização, luz, água, limpeza,

organização, armários privativos, sala de reunião, auditório e até cafezinho

com bolachas

Associação Comercial e Industrial de Londrina 15

Por Fernanda Bressan

Logística: até que ponto ela é relevante para seu negócio? Vamos pensar em algumas cenas. Sua empresa tem expertise para produzir as melhores peças, elas saem impecáveis da fábrica, mas não chegam ao destino no prazo combinado. Resultado: cliente insatisfeito. Outra situação: você viaja em busca da coleção mais bonita da estação, compra a mercadoria, o cliente chega à loja e a que ele queria acabou! E outras ficaram encalhadas no estoque! Um último exemplo: o produto é para exportação, mas os caminhos que “levam a Roma” são demorados e de custo elevado. Muitas são as situações vividas rotineiramente por pequenos e grandes empresários. Em todas elas, a logística é essencial para não perder dinheiro e potencializar os rendimentos. “Imagine um carrinho de cachorro-quente e de repente acaba o pão, ou sobra salsicha. A logística é para todos e é importante enxergar isso”, alerta o consultor Flávio Moura. Segundo ele, só o transporte, que é parte da logística, impacta em 2 a 16% nos custos das empresas. Fora isso, há todo o giro, estoque e controle de mercadorias que podem fazer com que o empresário perca dinheiro ou até deixe de faturar, o que é mais difícil de identificar.“Se tiver um produto parado, outro

LOGÍSTICA

Entender o giro de mercadorias e cuidar da entrega no prazo são alguns exemplos de como a logística impacta diretamente nos negócios

faltando, e o empresário não conhece o giro dos produtos que vende ou produz, já é uma luz amarela que acende. Se ele não tiver controle, não souber o que tem parado, aí a coisa fica séria. Essa miopia vai levá-lo para o buraco”, alerta Moura. Para ele, é preciso desmistificar a ideia de que logística é só para os grandes; ela é parte fundamental em qualquer negócio.No quesito “transporte” e “entregas”, Moura salienta que há vários caminhos para reduzir custos e acelerar os prazos. Um deles é buscar alternativas. “Hoje o empresário vê a logística como oportunidade de redução de custo, achando alternativas de trasporte, como o ferroviário, ou fazendo parcerias, mesmo com empresas concorrentes. Perde-se muito tempo com devoluções, mercadorias que chegam com avarias e precisam ser substituídas. Isso é custo triplicado de transporte. Outra coisa, se consigo agilizar a entrega, não preciso manter estoque”, cita o consultor.Por tudo isso, ele define que a logística é estratégica, e por isso implica em planejamento, o que nem sempre acontece. “Muitas vezes o pedido entra hoje, o empresário já carrega e transporta, isso sem programação. Se é possível fazer isso com planejamento, corre-se menos risco. A empresa não entende tão bem o fornecedor como um parceiro, quando isso acontecer ela vai passar a ter programação, e fica mais

fácil para todo mundo. Será o produto certo, na hora certa e com o menor custo possível”, projeta.Em tempos de alta competitividade, o caminho é reduzir custos, pois o concorrente não vai subir os preços a cada intempérie. “Para isso, a logística é fundamental, pois ela é o grande impacto. E isso não só com os custos, mas também para melhoria do serviço”, finaliza.

PLANEJARVENDERENTREGAR

= CLIENTESATISFEITO

Se tiver um produto parado, outro faltando, e o empresário não conhece o giro dos produtos que vende ou produz, já é uma luz amarela que acende. Se ele não tiver controle, não souber o que tem parado, aí a coisa fica séria. Essa miopia vai levá-lo para o buraco

Flávio Moura,consultor

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Não é só dentro das empresas que a logística faz diferença nos negócios: as cidades também impactam diretamente no sucesso ou insucesso deles. E justamente por isso grandes empresários e industriais pesam vários fatores antes de instalar um negócio. A busca pelo local inclui seu posicionamento geográfico, infraestrutura, benefícios, estabilidade nas leis, dentre outros fatores. E Londrina tem seus atrativos.“Nossa distância do centro consumidor é de um dia. Atingimos o Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Argentina e Paraguai. Isso significa que em 12 horas estamos no mercado sul e sudeste. É o grande PIB – e 70% dele está em nossa região. Por isso Londrina é uma oportunidade”, avalia o consultor Marcelo Mafra.Para Mafra, muitos empresários já perceberam essa relevância, que cresce quando associada a outros benefícios. “O posicionamento geográfico pode ser potencializado, ter uma infraestrutura atraente para somar”, exemplifica. O transporte também precisa se aperfeiçoar, inclusive para atrair novos investimentos. Marcelo Mafra elenca vários pontos, como a duplicação da BR-376 de Londrina a Ponta Grossa, e também da rodovia que liga

Londrina a São Paulo. Unir empresários entre si e também com os fornecedores é um caminho interessante para baratear os custos, principalmente, quando estes envolvem importação e exportação. “Se dissermos para um grande industrial vir pra cá, o grande questionamento será essa estrutura logística. Uma montadora, por exemplo, recebe containers e eles precisam voltar cheios para otimizar os custos, alguém tem que absorver os custos de retorno, isso torna a região mais competitiva”.E nesse ponto ainda temos muito que avançar. Mafra cita o fato de nossas ferrovias terem bitolas diferentes das utilizadas em São Paulo, o que dificulta a integração, e também o fato delas limitarem a velocidade dos trens. “Elas precisam de investimentos assim como o rodoviário.”Quando entramos na esfera aérea, as atenções se voltam para o projeto Arco Norte. “Melhorar o transporte modal aéreo é nosso desafio. O TECA (Terminal Logístico de Carga do Aeroporto) de Londrina já está com novos preços, falta o mercado saber disso. Muitas empresas importam e exportam, mas utilizam outros terminais aéreos, há um potencial concentrado que reforça o contexto do hub logístico. Temos

A logística e as cidades

““

Nossa distância do centro consumidor é de um dia. Atingimos o Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Argentina e Paraguai. Isso significa que em 12 horas estamos no mercado sul e sudeste. É o grande PIB – e 70% dele está em nossa região. Por isso Londrina é uma oportunidade.

Marcelo Mafra,consultor empresarial

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produtos com alto valor agregado, é uma vocação logística da região que a torna atrativa”, elenca Mafra. Para ele, a fragilidade de nossos meios de acesso é um gargalo no campo da logística.“Nenhum caminho é fácil. O Arco Norte atende às tendências globais, de produtos com valores adicionados que trafegam em meios mais rápidos. Produtos da tecnologia da informação, da química fina, da odontologia, que têm a necessidade da velocidade. Quanto maior o valor agregado, mais se justifica o transporte aéreo”, compara

O Terminal Logístico de Carga do Aeroporto – TECA – conquistou vantagens para empresários que precisam importar produtos via aérea ou marítima. A gerente Valéria Stocco Gil conta que é possível flexibilizar os valores em mais da metade do custo, índice que só o porto seco de Londrina pratica. “Para importação no modal aéreo, podemos flexibilizar até 60% de desconto para a tabela 1. No modal marítimo a gente também consegue

flexibilizar até 60% de desconto nas tabelas 1 e 2. Para esses dois casos a empresa tem que ter um comprometimento de nacionalizar a importação de pelo menos 80% com a Infraero”, explica a gerente do TECA.Com essa medida, o movimento começou na cidade, mas ainda falta divulgar esse diferencial para que os empresários da região saibam das vantagens de usar o TECA de Londrina. “Compensa trazer para Londrina em comparação com as outras

cidades que não têm essa flexibilização. Ela foi feita para a linha de produtos de informática, mas pode ser estendida para outros tipos. Vale a pena consultar a Infraero e ver as condições”, sugere Valéria.Ela destaca que essa possibilidade de flexibilizar os custos da tabela é uma particularidade de Londrina. “Nenhum outro TECA tem a flexibilização nesse nível. Foi uma conquista para movimentar o nosso terminal.”

Novas tabelas, novos atrativos

o consultor.Para ele, esse é um caminho que pode elevar Londrina a uma cidade almejada para grandes negócios. Isso porque os grandes centros já apresentam várias carências. “Fica-se horas nas filas, em congestionamentos, os espaços físicos estão muito valorizados, há o risco de roubos. Por isso essa busca por eixos de consumo. Temos potencial para exercer esse perfil, mas não estamos 100% adaptados a isso. Precisamos de um corredor logístico, ainda não enxergamos Londrina como um hub logístico, os deslocamentos precisam

ser otimizados, pensados em fluxos que permitam ter fácil circulação”, sugere.Para ele, esses fatores podem ser superados, até porque vivemos em uma cidade ainda jovem, com menos de 80 anos, com atrativos diversos para negócios nacionais e internacionais. “Aqui temos estabilidade geográfica, climática e espaços com terra de qualidade, água e energia em abundância. O mundo vai enxergar isso e não deveríamos focar os próximos 4 anos, mas os próximos 40 anos. O Arco Norte é uma visão futura que, se materializada, fará grande diferença.”

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ENTREVISTA

O LABORATÓRIO DOPROFESSOR CONRADOAs ideias, projetos e dicas do empresário e consultor Conrado Adolpho, um “capitalista 3.0”, referência no marketing da internet brasileira e palestrante da 1ª Semana do Empreendedor Digital da ACIL

Por Paulo Briguet

Conrado Adolpho trabalha com Os 8 Ps do Marketing Digital desde criancinha. Ainda bebê, as escolhas dos tons de voz e assuntos a serem tratados com o pai e a mãe já eram formas incipientes de pesquisa (1º P) e planejamento (2º P). Aquele pré-adolescente que dava aulas de reforço aos coleguinhas de quinta série mais tarde apaixonou-se pela análise que Alvin Toffler fazia sobre o desenvolvimento dos modos de produção (3º P) no livro A Terceira Onda, cuja publicação (4º P) se deu nos anos 80. Professor de química em cursinhos pré-vestibular na década de 90, Conrado especializou-se na promoção (5º P) de ideias como a tabela periódica dos elementos, cuja propagação (6º P) ocorreu depois de um sonho do químico russo Dmitri Mendeleiev (1834-1907). Em 2003, publicou Google Marketing, sucesso de vendas em que falava sobre SO (otimização de sites); com base na obra, inúmeras empresas conseguiram desenvolver uma personalização (7º P) na internet. Difícil é mesmo é mensurar com precisão (8º P) a trajetória do livro Os 8 Ps do Marketing Digital (novo nome de Google Marketing), cuja última edição tem mais de 900 páginas, com ideias altamente compartilhadas nas livrarias e redes sociais.Vencedor na economia dos átomos e na economia dos bits, Conrado Adolpho é a principal atração da 1ª Semana do Empreendedor Digital, que será realizada de 22 a 26 de outubro, numa parceria entre ACIL e ABRADi-PR. O ex-professor de cursinho continua perseguindo formas de organizar e explicar o caos da realidade segundo parâmetros racionais e inteligíveis. De certa forma, os 8 Ps são a “tabela periódica” que ele elaborou como bússola para os navegantes virtuais.Aos navegantes, um aviso do timoneiro Conrado: “A internet não é uma revolução tecnológica, mas uma revolução social. A tecnologia sozinha não significa nada”.Conheça essas e outras ideias de Conrado Adolpho na entrevista que ele concedeu à revista Mercado em Foco:

1º P – Pesquisa

2º P – Planejamento

3º P – Produção

4º P – Publicação

5º P – Promoção

6º P – Propagação

7º P – Personalização

8º P – Precisão

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Você se lembra do mundo sem internet?

Conrado Adolpho: Lembro! Estou numa idade muito boa para isso que faço: tenho 39 anos. Consigo traduzir o mundo sem internet (que ainda é o mundo de muita gente) para o mundo com internet (que é o meu mundo, mas nem sempre foi). Quando eu era professor de cursinho, vivia em mundo sem celular. Minha idade me permite ver o mundo com os olhos de um empresário de 50 ou 60 anos, que não está conectado, mas também ver o mundo com os olhos de um menino de 15 ou 20 anos, totalmente conectado. Isso facilita muito. Os empresários que vão aos meus cursos dizem que eu explico de maneira muito fácil – na verdade, eu explico com a linguagem que eles entendem, que é a minha linguagem, porque afinal eu nasci na geração X, que nem tinha celular.

Essas gerações – X, Y, Z – falam idiomas diferentes?

Falam. Mas quando usamos essa classificação, estamos importando um conceito norte-americano. Nos EUA, houve marcos muito importantes, que separam essas gerações: Segunda Guerra, Guerra do Vietnã, televisão, internet. Aqui no Brasil não aconteceu isso. A Segunda Guerra não marcou tanto a sociedade e não fez uma divisão clara na história. Aqui a televisão demorou a chegar para a massa da população. Com a internet, também. Tínhamos embargo de computador até os anos 90... A maioria dos brasileiros até pouco tempo atrás não tinha condição de comprar computador, era uma coisa de rico. Eu fui ter meu primeiro computador em 1998. Muita gente teve primeiro computador no ano passado. Não dá para falar em geração X, geração Y, geração Z quando a gente está no interior do Maranhão, no interior do Ceará, nas regiões rurais. No Brasil, nós vivemos as três ondas do Alvin Toffler: a onda agrícola, a onda industrial e a era da informação. Não há uma onda de informação atingindo o país todo. França, Reino Unido, Estados Unidos são países muito mais informacionais do que agrícolas. E relativamente mais informacionais do que industriais. A gente pode falar em gerações X, Y e Z nas grandes capitais. Aí existe uma divisão mais clara, como reflexo das divisões na sociedade norte-americana.

Como você vê Londrina nesse panorama?

Londrina se parece com Campinas. É um interior mais rico. O interior do País, nas regiões Sul e Sudeste, vive uma onda agrícola diferente. Não é a onda do agricultor tradicional, das histórias de Jeca Tatu. É a onda agrícola do agronegócio, não da lavoura. Essas pessoas têm um grau de acesso maior à tecnologia. Existe a onda industrial, porque as fábricas estão indo para o interior em busca de isenções fiscais. E tem uma onda de informação menor do que nas capitais. Essa terceira onda está mais concentrada nas

Um amigo me ajudou depois que a minha empresa havia quebrado. Eu não tinha dinheiro para tomar ônibus, para comer, e ele me abrigou em casa. Não tinha dinheiro para pagar aluguel, ele respondeu: ‘Não tem problema, você paga quando puder’. Eu pensei: o mundo não é assim... Aquilo me ensinou muito sobre solidariedade, sobre não pedir nada em troca. Aquilo me ensinou muito sobre os 8 Ps.

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grandes capitais. A taxa de computador e internet no Sul do País é muito alta, a população tem mais intimidade com a tecnologia interativa.

Segundo o IBGE, o setor de comércio e serviços responde por 77,8% da formação do PIB em Londrina. Philip Kotler, que você cita em seu livro, diz que toda empresa é uma empresa de serviços. Isso torna as coisas diferentes para Londrina?

Sim. Quem trabalha com serviços está muito mais ligado à informação. No final das contas, o que você vende é informação. Um serviço é informação: uma pessoa tem um conhecimento específico e o vende em forma de serviço. É preciso deixar claro: economia de informação não é só algo ligado à internet. Mas existe um mundo de conhecimento que não passa pela internet – e que tem um valor inestimável. Nem todo conhecimento é bit. Quando Alvin Toffler falou pela primeira vez em era da informação, não existia internet. Ele se referia a serviços, profissionais que vendem conhecimento, consultores. Uma cidade mais ligada à economia de serviços é uma cidade muito mais ligada à informação.

Não há risco de massificação nas redes sociais e na internet?

Existe uma falácia na expressão “velha economia”. Ela é uma parte da economia atual. Não há uma velha economia que foi derrubada pela nova economia. O que existe hoje é uma economia muito mais complexa. A “velha” simplesmente ficou maior, mais complexa, mais rápida, com muito mais variáveis. Hoje você tem uma economia dos átomos – da padronização, da massificação em termos de produtos – junto com a nova economia, ou economia dos bits. E as duas economias se influenciam mutuamente. Por exemplo, quando um consumidor pode comprar um carro ou uma geladeira totalmente customizados para ele, temos uma economia massificada caminhando cada vez mais rápido para a economia personalizada, criativa, individualizada. Existe uma economia só. Falamos em “velha” e “nova” economia por uma questão didática. Antes de falar sobre o risco de massificação nas redes sociais e na internet, é preciso definir massificação: é enviar a mesma mensagem ou o mesmo produto para todas as pessoas, independentemente de quem seja e sem a possibilidade de interação. É reproduzir a mesma coisa milhões de vezes e colocar no mercado; ou produzir a mesma mensagem que é distribuída para milhões de vezes para as pessoas, na TV. O fato de que milhões de pessoas aderem à mesma coisa é inerente ao capitalismo, a um país que tem 193 milhões de habitantes. Mesmo com as massas aderindo à internet e às redes sociais, existem milhares e milhares de matizes diferentes para essa adesão. Na internet, na economia dos bits, um consumidor não tem o mesmo comportamento do outro. Na economia dos átomos, você força o consumidor a ter o mesmo comportamento. Pense na década de 80: quantos carros nós tínhamos no País? Basicamente dez ou doze modelos, os que mais vendiam, e depois uma miríade de modelos que vendiam pouco. Era um conjunto pequeno de carros que serviam à população inteira. Você conseguia decorar todos os nomes de carros disponíveis no mercado. Hoje, não. Tem carro que passa na rua e eu não sei o nome dele. Isso mostra que a economia da individualização invade a economia industrial da massificação. As máquinas ficaram mais modernas e a economia cria produtos diferentes para cada público.

E quando se dá a passagem entre a economia dos bits e a economia dos átomos?

O ser humano tende a segmentar a história a partir de marcos. A Revolução Industrial se desenvolveu ao longo de 200 anos, mas a gente procura sempre uma data específica: a criação da máquina a vapor. Com a Revolução Francesa, é a mesma coisa: o marco foi

Há um mundo de conhecimento que não passa pela internet – e que tem um valor inestimável. Nem todo conhecimento é bit. Quando Alvin Toffler falou pela primeira vez em era da informação, não existia internet. Ele se referia a serviços, profissionais que vendem conhecimento, consultores. Uma cidade mais ligada à economia de serviços é uma cidade muito mais ligada à informação.

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A MIDIOGRAF É PREMIADA DE NOVO E DE NOVO!

OSCAR SCHRAPPE { E S T A D U A L }TOP NIKKEY { L O N D R I N A }

LONDRINA, OBRIGADO PELA CONFIANÇA.

a Queda da Bastilha em 1789. Esses marcos passaram a representar mudanças, outras maneiras de ver o mundo. No caso da Revolução Francesa, as pessoas não acordaram um dia e disseram: “Hoje vou decapitar um rei”. Na verdade, houve um longo processo, com a população insatisfeita, a Queda da Batilha. A Primavera Árabe foi um marco da internet, muito mais do que a bolha da Nasdaq. Mas daqui a 30 anos talvez as pessoas se lembrem da bolha da Nasqad como um marco da transição da era industrial para a era de conhecimento compartilhado. Mas a Primavera Árabe tornou a internet funcionou em termos de cidadania, em termos sociais. A transição, na verdade, vem acontecendo desde os anos 80, quando sai o livro A Terceira Onda, de Alvin Toffler. A terceira onda não começou com a internet; foi potencializada por ela, mas começou nos anos 60, talvez nos anos 50. Sem falar do catálogo impresso da Sears, que vendia informação em vez de produto, no começo do século 20. Temos praticamente cem anos de transição de uma era totalmente industrial para uma era muito mais informacional.

Quando existem descompassos entre o tangível e o intangível, entre o real e o virtual, não podem ocorrer crises – as famosas bolhas econômicas?

Sim, o risco de bolhas existe – e nós já vimos isso acontecer em 2008. O intangível pode ser duplicado sem se perder: essa é a principal característica do bit em comparação com átomo. Isso faz com que a economia mude completamente e possibilite a formação de bolhas. Quando você vê o aumento do preço dos imóveis no Brasil, o que nós temos é o bit, não o átomo. Não é o imóvel em si, mas a informação sobre o imóvel. Muitas vezes se consegue aumentar o preço a partir de uma informação – que pode ser um boato ou uma expectativa superestimada. Quando se ouve falar em Brasil superpotência, Copa do

Mago da internet e autor de best-seller, Conrado fala a diferentes públicos: “Nasci na

geração X, que nem tinha celular”

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Mundo, Olimpíada, Copa das Confederações, Encontro Mundial da Juventude Católica – esses vários eventos que acontecem no Brasil, as pessoas começam a superestimar as coisas. Mas quem faz a economia é o povo, não os economistas, não os ministros da Fazenda. Se um dia o povo começar a achar que o real vale mais do que a libra esterlina, o real vai valer mais do que a libra esterlina. A economia tem essa característica. Na economia dos bits, uma pessoa ou uma grande empresa pode ganhar dinheiro em cima de bolhas, ou seja, fazer especulação. A economia conectada permite que essas bolhas se espalhem rapidamente. Os boatos no Facebook se espalham de maneira absurda; esse é o perigo da nova economia. Tem gente ganhando dinheiro em cima disso. Mas, na economia industrial, também existiam riscos. Em 1912, você poderia fazer a mesma pergunta: “A economia industrial não pode aumentar o consumismo, prejudicar o meio ambiente, fazer com que as pessoas fiquem endividadas e infelizes?” Eu responderia: é claro que sim! Mas o que vai definir os benefícios e malefícios da economia não é número de fábricas ou de boatos no Facebook, mas a educação da população e a capacidade de aceitar as informações. Não adianta dizer no Facebook que a Madonna morreu, se não é verdade. As pessoas vão checar as informações; e isso você só consegue com raciocínio crítico. O maior perigo, hoje, é a falta de educação dos usuários da internet. A liberdade é, ao mesmo tempo, o veneno e o antídoto. A anarquia é o melhor sistema de governo para as pessoas totalmente esclarecidas. Mas, como nem todos são totalmente esclarecidos, a democracia ainda é o melhor sistema de governo que conhecemos. Nosso modelo, apesar de imperfeito, é a melhor modelo que existe. E a internet é uma grande democracia – se você não estiver numa China. Você pode falar o que quiser e as pessoas podem votar naquilo que você fala compartilhando a sua informação.

Há algum tempo, no seu blog, você comentou o livro “Enciclopédia da Nuvem”, de Luli Radfaher. Como você avalia o impacto dos sistemas em nuvem no mundo da informação?

Sistema em nuvem é aquele em que a pessoa pode utilizar um programa sem tê-lo instalado em sua máquina. Como a internet vem se expandindo e tudo ficou mais rápido, o sistema em nuvem dá certo. Com a internet discada, era impossível. Com a rapidez no acesso, você pode, por exemplo, usar um software de fluxo de caixa utilizando apenas aquelas funções de que a sua empresa realmente precisa. Em vez de comprar o software completo, você pode pagar só por aquilo que utiliza. Assim, bons serviços, antes proibitivos, se tornaram financeiramente e tecnicamente acessíveis a pequenas empresas, empreendedores individuais e profissionais liberais. Há outras inúmeras aplicações da nuvem: você pode utilizar um sistema de e-mail marketing pagando apenas pela quantidade de e-mails cadastrados, sem necessidade de fazer uma assinatura mensal do serviço. O sistema em nuvem tornou a comunicação mais barata e funcional. Eu uso muito a nuvem: tanto é que tenho poucos programas baixados no meu computador.

Você continua falando como aquele professor de química em cursinho nos anos 90?

Eu nunca deixei de ser aquele professor de química. Ou melhor, eu nunca deixei de ser aquele cara da 5ª série que dava aula de reforço para os outros alunos, porque o pessoal tinha dificuldade em matemática... Eu nem considero um professor. Sou um empresário, um capitalista 3.0. Estou estudando a teoria do conhecimento compartilhado. Defendo um capitalismo que coloca o lucro financeiro em segundo plano; antes dele, vem o lucro social. É um tipo avançado de lucro. Ninguém precisa abrir mão do lucro financeiro para ter lucro social. Na verdade, vivemos em um país muito estranho. Aqui a gente fala frases como “Quem não sabe, ensina”. Alguma coisa está errada com o Brasil – e, não por acaso, os nossos índices de educação básica são horríveis. Na verdade, falar como professor

A liberdade é, ao mesmo tempo, o veneno e o antídoto. A anarquia é o melhor sistema de governo para as pessoas totalmente esclarecidas. Mas, como nem todos são totalmente esclarecidos, a democracia ainda é o melhor sistema de governo que conhecemos. Nosso modelo, apesar de imperfeito, é o melhor modelo que existe. E a internet é uma grande democracia – se você não estiver numa China.

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é estruturar o pensamento em torno de um conteúdo. Infelizmente, a maior parte das pessoas não se preocupa com isso.

Fale sobre a sua tabela periódica: os 8 Ps.

Interessante a sua observação... Há um livro chamado “O sonho de Mendeleiev”, de Paul Strathern, que conta a história da tabela periódica. Eu gosto muito de química, de ciências exatas. Tudo que eu aprendi em exatas é a padronização do que se percebe no mundo. Tendo a padronizar as coisas, estruturar o caos. Uma afirmação que eu faço no livro é esta: existe uma ordem no caos. O Linux é um sistema caótico, por exemplo. Quando li “O sonho de Mendeleiev”, percebi que a história da tabela periódica é esta: incrementos de inovação sobre uma ideia inicial. E essa ideia inicial veio de Demócrito de Abdera, na Grécia antiga: a organização do mundo sobre uma base fundamental que é o átomo. Foram 2,5 mil até a tabela periódica. Os 8 Ps são a minha tabela periódica no sentido que organizam as ações digitais das empresas na internet. Os Ps sempre existiram; a internet apenas ofereceu o instrumental para que eles fossem potencializados. Tudo que estou falando tem mais a ver com o ser humano – caótico, incerto – do que a tecnologia – precisa, exata. Tem muito mais a ver com o orgânico do que com o tecnológico. É a ciência exata tentando definir o humano. A internet não é uma revolução tecnológica, mas uma revolução social. A tecnologia sozinha não significa nada. Veja o caso do Orkut: está deixando de ser usado... Se você desenvolve um programa que as pessoas não usam, você não desenvolveu nada. As pessoas precisam interagir.

Existe uma falácia na expressão ‘velha economia’. Ela é uma parte da economia atual. Não há uma velha economia que foi derrubada pela nova economia. O que existe hoje é uma economia muito mais complexa. A ‘velha’ simplesmente ficou maior, mais complexa, mais rápida, com muito mais variáveis. A economia dos átomos e a economia dos bits influenciam mutuamente.

Conrado Adolpho em uma de suas palestras pelo Brasil: “Nunca deixei de ser aquele professor de química em cursinho pré-vestibular”

Por Alexandre Sanches

As vendas de Natal deste ano não terão como estrelas os produtos da linha branca ou outros setores beneficiados com a redução do IPI, anunciada nos últimos meses pelo governo federal. O destaque será para os produtos de menor preço, de produção considerada mais artesanal. A previsão é do mestre em economia e professor convidado da Fundação Getúlio Vargas, Alivinio Almeida, que acredita numa repetição dos últimos natais, quando as vendas do varejo estiveram voltadas, principalmente, para as pequenas lembranças e produtos de menor custo, mas com vendas em grande escala.Almeida, no entanto, prevê que as vendas de Natal neste ano serão boas. A expectativa econômica positiva para o último semestre do ano é reflexo do melhor cenário que o Brasil já vivenciou nos últimos tempos. Diante disso, a previsão de crescimento nas vendas no varejo deve oscilar entre 7% a 20%, tendo uma amplitude razoável. O economista afirma que com certeza não será o melhor dos natais, uma vez que também há os reflexos da economia mundial.“Acredito que haverá recuperação da economia e as vendas serão positivas. Elas não serão magníficas, mas haverá uma boa circulação de dinheiro na

DEZEMBRO

Pequenas estrelas do NatalVendas de final de ano devem ser boas, afirma especialista. Pequenas lembranças e produtos de menor custo mais uma vez vão ganhar destaque no varejo

praça, o que é um bom sintoma. O cenário só não será excelente porque ainda há um endividamento forte em muitas famílias nas classes de menor renda”, explicou o economista.Para este Natal, ele prevê que as pessoas vão se voltar novamente à troca de pequenos presentes, de menor valor. No entanto, esses produtos serão vendidos em grande escala, puxados principalmente pelas compras das classes C, D e E, que são as categorias de menor renda e que normalmente movimentam a economia nacional por conta do grande volume de consumo, voltados principalmente à compra de vestuário e de alimentos.“Muita gente pretende usar o 13º salário para quitar dívidas. Mas eu vejo que, apesar das vendas se voltarem, principalmente, para produtos de menor valor, eles acabarão refletindo na geração de empregos na indústria e de entrada de dinheiro mais fácil no mercado, favorecendo o giro mais rápido entre fornecedor e o varejo”, comentou Almeida. Os eletroeletrônicos também deverão estar na preferência do consumidor no final do ano, em especial os produtos de menor custo.No caso dos produtos de linha branca, por exemplo, ele observa uma tendência inversa. Mesmo com a redução do IPI, os produtos possuem custos mais altos, com a indústria sendo

mais automatizada, gerando pouca mão de obra. Além disso, a venda no varejo depende, muitas vezes, de financiamentos para o consumidor. O parcelamento dos bens adquiridos não produz um fluxo de recursos significativos no mercado.Nas últimas semanas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma pesquisa que aponta a classe C como um importante propulsor da economia brasileira. O crescimento da renda média e o acesso às linhas de crédito voltadas a esse nicho populacional são os principais fatores para o aumento do poder de consumo. No entanto, essa faixa populacional está com o hábito de fazer compras em excesso, gastando muitas vezes mais do que ganha.“A classe C, que é a que mais cresceu nos últimos anos na economia local, tem a tendência de querer comprar tudo o que vê, pois nunca teve acesso a determinados produtos. Ela vai continuar mantendo essa tendência de compra, pois temos uma demanda reprimida, que trabalha para os grandes contingentes populacionais”, enfatizou o economista.Apesar de o governo ter anunciado a redução do IPI para diversos produtos, como veículos e os eletrodomésticos da linha branca, esses produtos não serão a atração das vendas de Natal. “Quem ainda não adquiriu seus produtos com

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REVISTA MERCADO EM FOCO | OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2012 WWW.ACIL.COM.BR

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redução do IPI, no caso da linha branca, a compra no final de ano será favorecida com o ingresso do 13º salário, enfatizou.De acordo com Alivinio Almeida, a venda de carros com o IPI reduzido já começou a apresentar perda de fôlego, pois a maioria aproveitou as vendas durante o primeiro anúncio da redução do imposto. E para a venda de materiais de construção, este não é um período considerado favorável. Mesmo com estas reduções de impostos para algumas categorias do mercado produtivo, Almeida acredita que ela não refletirá num crescimento significativo da economia brasileira. Ainda mais no caso da indústria automobilística, em que muitos dos componentes ainda são importados.Com a crise econômica mundial, o governo norte-americano injeta mais dinheiro no mercado para tentar aquecer a economia. Isso deverá ter reflexos no Brasil, principalmente na importação de produtos industrializados. “Os EUA estão de olho na economia brasileira e sabem que temos potencial de consumo. O mesmo acontece com os chineses, ainda mais eles que sabem que há mercado para o final do ano. Com toda certeza teremos, além dos produtos nacionais de menor custo, a compra de muitos dos importados com preços mais em conta que os similares brasileiros.”

O cenário só não é excelente por causa

das dívidas familiares

Crescimento de vendas será de 7% a 20%

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Os comerciantes estão de olho nos resultados das vendas de um dos maiores períodos de vendas do ano: o Dia das Crianças. Segundo o professor e economista Alivinio Almeida, as vendas do varejo nesta que é a última grande campanha antes do Natal, vai refletir no comportamento do consumidor no final do ano.“Este é o momento de ficar de olho

no comportamento e ver quais são as tendências para o final do ano. O mercado está preparado para a venda de pequenos produtos, mas em grande quantidade. No entanto, o Dia das Crianças será um importante teste que vai indicar os reflexos para as compras”, explicou.Para ele, o comércio já está apresentando uma leve curva de inflexão e a esperança

Dia das Crianças é termômetro do varejoé que o Dia das Crianças apresente para a economia, de certa maneira, o fim do resfriamento nas vendas. “Dependendo do resultado nestas vendas de um dos principais eventos comerciais do ano, o varejo já entrará mais forte para as vendas do final do ano, pois a linha de produção normalmente reflete em mais empregos”, destacou.

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Por Rudolf Valentin

A tecnologia da informação tem comprovado a cada dia sua força dentro da economia global, seja como setor de grande faturamento, seja como elemento de uma nova dinâmica tecnológica. Contudo, neste novo mercado com suas características específicas, um subsetor em especial se destaca: o mercado de software, que possui em sua alta rentabilidade um aspecto importante se comparado aos demais setores de tecnologia. O mercado de software se tornou estratégico nas disputas entre concorrentes da área. Porém, mesmo com tanto interesse em entrar neste setor, continua sendo um mercado bastante concentrado.Na década de 60, quando as empresas usavam computadores de grande porte, quase que exclusivos das multinacionais e instituições governamentais, ainda não se tinha noção do software como algo comercialmente separado do hardware.

SOFTWARE

TRADIÇÃO EM RENOVAREmpresas londrinenses surgem como modelos na evolução do mercado tecnológico desde a década de 70

Só depois de alguns espasmos na economia foi que as grandes corporações começaram a implantação de sistemas operacionais desse naipe. E é a partir daí que a história da indústria de software começa a se fundir com o pioneirismo da empresa londrinense Exactus. Desde 1970, quando trouxe o primeiro computador para o município, vem se mantendo na vanguarda tecnológica do desenvolvimento de aplicativos administrativos e financeiros. Com ferramentas, gerenciador de banco de dados dos mais modernos e metodologia de programação de ponta, a empresa se consolidou como desenvolvedora de software de gestão empresarial para indústria, comércio e prestação de serviço. “Trata-se de uma empresa ‘pé-vermelho’, com atendimento presencial a empresas espalhadas por todo o País”, ressalta o diretor comercial da Exactus, Romeu Dematté.Quando a Exactus começou, a palavra informática ainda nem existia.

Quando a Exactus começou, o extrato bancário ainda não era impresso. Se o cliente quisesse ver quanto tinha no banco, teria que se deslocar até a agência bancária para vê-lo datilografado em uma grande folha laranja.”

Romeu Dematté, fundador da Exactus

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“Começamos em uma época em que o extrato bancário ainda não era impresso. Se o cliente quisesse ver quanto tinha no banco, teria que se deslocar até a agência bancária para vê-lo datilografado em uma grande folha laranja”, lembra Dematté.Com a globalização, a modernidade vinha em uma ascendência discrepante, sem barreiras ou limites. Em Londrina, mesmo com as delimitações terrenas, já dava para perceber o grande retorno que o mercado de software começava a dar. “De 1970 até 1991 houve o crescimento do my frame. Os micros que existiam até 16 anos atrás eram muito precários. À medida que surgem os PCs, percebeu-se uma intensificação do uso das máquinas. Com isso, viemos a colocar o primeiro software para my frame em 1970 e para micros em 1991. A partir daí não paramos mais de crescer”, explica Dematté.Na visão do engenheiro Rafael Peretti, gerente de relacionamento Middle Market da IBM, o setor em Londrina se desenvolveu bastante nos últimos anos, mas ainda tem muito a crescer. “Hoje existem, por exemplo, software para mobiles, que são aqueles feitos para celulares, um mercado que ainda precisa ser muito explorado por aqui”, observa. De acordo com Peretti, a tendência é que cada dia mais o software esteja envolvido nos negócios e nas decisões desses negócios. Segundo ele, antes as decisões eram tomadas pela experiência da empresa, no feeling dos proprietários ou no que eles achavam. Hoje o software

passou a ser uma ferramenta de tomada de decisão. Ainda de acordo com gerente da IBM, o software passa a ser uma ferramenta de análise preventiva e cognitiva dos negócios da empresa. Já para o diretor executivo da Primme One, Emílio César Pereira, muitos empreendimentos ainda trabalham com pouco profissionalismo e amadurecimento no Arranjo Produtivo Local, que busca orientar e direcionar os objetivos do segmento. “Quando falamos de software estamos falando de tecnologia, e com ela não podemos deixar de vincular consideráveis investimentos, principalmente em qualificação e capacitação de mão de obra. Na minha opinião, esse acaba sendo o grande diferencial  dos que se destacam para os que estão apenas de passagem”, diz.Para Pereira, Londrina tem uma posição de destaque no setor, mas lembra que para manter esse cenário em evidência os investimentos e incentivos precisam ser contínuos e cada vez mais intensos.

Segundo ele, se faz necessário obter, cada vez mais, uma fatia maior do mercado nacional. Sobre os incentivos, no ano passado foi regulamentado no município o Programa ISS Tecnológico. A iniciativa prevê que anualmente a Prefeitura libere R$ 1 milhão para estimular empresas que ingressaram no Programa. Sobre essa questão, o empresário Ênio Sehn, conselheiro da ACIL que participou da implantação do programa na cidade, explica que para ingressar, o empresário deve ter registros de contribuições com o Imposto Sobre Serviço, com, pelo menos, 12 meses de antecedência. “Cada estabelecimento terá direito a abater um determinado percentual do ISS recolhido nos últimos 12 meses, de acordo com os seguintes critérios: quem movimentou valores médios mensais iguais ou superiores a R$ 20 mil, pode deduzir 10%. Movimentações entre R$ 10 mil e R$ 20 mil possibilitam o abatimento de 20% do montante. Já quem atinge no máximo de R$ 10 mil, tem direito a investir até 40% do tributo recolhido no último ano”, explica Senh. Ainda de acordo com o conselheiro da ACIL, os recursos abatidos devem ser investidos em aquisição de equipamentos/hardware, softwares, capacitação profissional, serviços de consultoria e melhoria de infraestrutura.Hoje em Londrina existem 240 empresas no ramo de softwares, distribuídas entre 70 diferentes segmentos.

“Software para mobiles é um mercado que ainda precisa ser muito explorado por aqui”, afirma Rafael Peretti, da IBM

“Qualificação e capacitação de

equipes fazem a diferença no mercado

de softwares”, diz Emílio César Pereira,

da Primme One

Associação Comercial e Industrial de Londrina 29

ISS TECNOLÓGICO PREVÊ BENEFÍCIO A EMPRESAS DO SETOR

De acordo com o consultor do Sebrae Joel Franzim Junior, Arranjo Produtivo Local (APL) é o termo usado para definir uma aglomeração de empresas do mesmo estilo e que ocupam o mesmo espaço geográfico. “Os APLs mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si, contando também com apoio de instituições locais, como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa”, pontua ele.Sobre as vantagens dos APLs, o consultor do Sebrae ressalta que os Arranjos têm um papel fundamental no desenvolvimento econômico, tecnológico e social de uma região, beneficiando todas as empresas. Tudo isso, segundo ele, para possibilitar a geração de competência, competitividade e inserção em novos mercados, inclusive externos.O APL foi estruturado em novembro de 2006 em Londrina, com o objetivo de implementar ações comuns, que permitam a integração, o desenvolvimento de inovações tecnológicas e o acesso aos novos negócios. Reconhecido oficialmente pela Rede APL Paraná, a estrutura do APL de TI de Londrina e Região vêm surpreendendo positivamente todos os envolvidos na área em escala estadual e federal.

“Colocamos o primeiro software para my frame em 1970 e para micros em 1991. E daí não paramos mais de crescer”,

conta Romeu Dematté, da Exactus

Arranjo Produtivo Local

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TEMPORADA

Por Pauline Almeida

Quem deseja ter uma viagem de férias bem-sucedida e que realmente proporcione lazer deve trabalhar com uma palavra de ordem: planejamento. Para ganhar um período de descanso, organização é fundamental na escolha do destino, tempo, hospedagem, transporte, valor para compras e passeios e documentação. Grande parte da população opta por viajar durante as férias escolares, entre os meses de dezembro e fevereiro, período considerado alta temporada para o setor de turismo, o que aumenta os preços. O economista e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Azenil Staviski, defende que as pessoas devem economizar o dinheiro destinado à viagem ao longo do ano. “Nós temos os meses de janeiro e fevereiro, em que as pessoas estão tentando reequilibrar os gastos de fim de ano. Depois são os impostos, matrículas e todos os gastos que vêm normalmente no início do ano. Se alguém vai viajar nas férias, deve começar a se planejar dez meses antes para fazer um fundo de reserva”, explicou.A questão financeira, segundo o economista, deve ser o primeiro aspecto analisado por quem deseja ter um período de férias em um destino turístico. Ele acredita que o 13° salário pode ser um complemento interessante para arcar com os gastos de uma viagem, mas lembra que quem possui dívidas deve se decidir pelo pagamento integral ou parcial do débito, em especial daquele que possui encargos

altos, como o cartão de crédito. “Uma pessoa não pode fazer uma viagem jogando uma dívida para frente. Ela tem que gastar dentro daquilo que ela ganha e não dentro daquilo que ela gostaria de ganhar”, ressaltou. Staviski lembra que a questão financeira deve ser observada também em relação à segurança do patrimônio deixado, como casas e empresas, para que imprevistos não prejudiquem o lazer.Para quem mora em condomínios, sejam eles verticais ou horizontais, há mais segurança, pois geralmente existem porteiros e câmeras. Já os moradores de casas em bairros abertos devem encontrar soluções, como pedir a um vizinho que olhe o imóvel diariamente ou até mesmo a contratação de um vigia. Os empreendimentos também são uma preocupação, segundo o professor. “Se você for um empresário, a quem está delegando? Tanto do ponto de vista de gestão quanto da segurança do patrimônio”, destacou.

Orçamento garantido

Se a questão financeira não é um empecilho para a viagem, chega a hora de pensar em um destino e iniciar a programação das férias. O primeiro ponto a ser pesado é quem participará do passeio: a família, apenas um casal ou um grupo de amigos? O segundo aspecto seria qual o tipo de local a ser visitado, uma cidade histórica ou um ambiente de belezas naturais? Também é necessário pensar qual o período destinado às férias; se forem poucos dias, o ideal é buscar um local mais próximo para que não se perca tempo em um deslocamento longo. A coordenadora do curso de Turismo e Hotelaria da Universidade Norte do Paraná (Unopar), Alini Nunes de Oliveira, também destaca que planejamento é essencial. “Eu tenho que pensar não só o básico, mas também em outros itens como seguro de viagem, informações sobre o local que vou visitar, se precisa de visto ou não, caso seja uma viagem internacional”, ressaltou.Segundo Alini, as agências de viagem são

PLANEJE O SEU DESCANSOQuer fazer uma viagem para relaxar de verdade, sem preocupações ou dissabores? Então comece a fazer o planejamento de férias. Sem ele, sair de casa não compensa

Renata Santos, que vai para Fortaleza: “As férias têm que ser um período de descanso, com uma organização prévia para evitar

sustos no orçamento”

Associação Comercial e Industrial de Londrina 31

uma boa opção para evitar transtornos e podem inclusive trazer economia, pois conseguem tarifas mais baixas para transporte e passeios. Na escolha de pacotes é importante questionar quais são os serviços incluídos e a documentação necessária. As crianças devem ganhar uma atenção especial, pois devem estar munidas de certidão de nascimento ou RG, ou até mesmo de autorização judicial, caso a viagem ocorra sem a presença dos pais.

Destinos

O verão faz com que boa parte dos brasileiros opte pelas praias. Os principais destinos são o litoral do Nordeste e, no caso de Londrina, o de Santa Catarina. As famílias precisam tomar cuidado com a locação de aluguéis pela internet, por exemplo. Para evitar sustos é importante ter referências sobre a credibilidade da imobiliária. Já as pessoas que desejam fazer viagens internacionais, escolhem a Europa que, nessa época do ano, tem o clima mais ameno. Alini Nunes de Oliveira afirmou que países vizinhos vêm ganhando destaque para os brasileiros. “A gente tem uma valorização por América do Sul nesses anos muito grande. A gente vê, por exemplo, Peru, Chile e Argentina valorizados porque estão mais próximos de nós, o turista não precisa de muito tempo”, disse. Quem deseja ficar na região de Londrina pode curtir as

cidades com atrativos naturais, como Jataizinho, Faxinal, Mauá da Serra e Tamarana, ou ainda a Rota do Café. “É um roteiro pelas propriedades rurais que pode tanto ser atrelado à questão do lazer quanto técnica e científica para conhecer a cultura do local”, contou. Para as famílias, resorts e cruzeiros são uma boa opção, pois disponibilizam recreadores para cuidar das crianças. “Uma dica importante é não poluir muito os dias que você vai passar. Se você coloca uma programação das 6 da manhã até às 6 da tarde e ainda tem uma programação à noite, vai chegar na sua cidade cansado das férias”, destacou.A mestranda Renata Santos seguiu as dicas dadas pelos especialistas e vai viajar com o namorado, durante as férias, para Fortaleza. Para economizar, iniciou a escolha do destino com antecedência e conseguiu uma promoção para as passagens aéreas, através de uma compra pela internet. Ela acredita que fez um negócio seguro e com bons resultados, assim passará duas semanas nas praias em um período tranquilo, quando estará sem atividades na universidade.“Vale muito a pena se programar. Além de gastar menos com passagem e estadia, ainda é possível economizar dinheiro para os custos com a viagem. O próximo e urgente passo é fechar a estadia e esperar até março chegar. Férias têm que ser um período de descanso, com uma organização prévia para evitar sustos no orçamento”, completou.

“Uma pessoa não pode fazer uma viagem jogando uma dívida para frente. Ela tem que

gastar dentro daquilo que ela ganha e não dentro daquilo que ela gostaria de ganhar.”

Azenil Staviski, economista e professor

“Uma dica importante é não poluir muito os dias que você vai passar. Se você coloca uma

programação das 6 da manhã até às 6 da tarde e ainda tem uma programação à noite, vai chegar na sua cidade cansado das férias.”

Alini Nunes de Oliveira, professora de turismo

Como planejar viagem?

- Confira seu orçamento;- Escolha o destino e o período da viagem;- Decida onde vai se hospedar e qual meio de transporte vai utilizar para chegar ao destino;- Providencie a documentação e prepare as malas.

Opções de destino

Para famílias: resorts, cruzeiros marítimos e praiasPara grupos de amigos: praias de São Paulo, Santa Catarina, Bahia, Mykonos (Grécia) e Ibiza (Espanha)Para casais: Rota do Charme no Rio Grande do Sul e Fernando de Noronha

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Por Kalinka Amorim

Formar uma geração empreendedora que aprenda fazendo e, assim, mudar o rumo educacional e profissional de milhares de jovens. Essa é a proposta desenvolvida com o programa Pedagogia Empreendedora. O projeto surgiu depois de uma reivindicação do Fórum Desenvolve Londrina 2007 e, desde 2011, tem sido articulado junto às escolas da rede municipal de ensino, abrangendo alunos da Educação Infantil até o Ensino Médio, com faixa etária entre quatro e 11 anos.No começo, um projeto piloto foi implantado em oito escolas. Atualmente 80 escolas e 16 Centros Municipais de Educação Infantil (Cemeis) são atendidos pelo programa, explica o coordenador Leodmar Roman de Oliveira.A iniciativa, de acordo com ele, visa um resultado em longo prazo, o desenvolvimento de características empreendedoras nas pessoas para que em 2034 a cidade torne-se referência em empreendedorismo.A ACIL, em parceria com várias instituições, entre elas o Sebrae, teve apoio fundamental na iniciativa que envolve professores, alunos e seus familiares. A ação é feita em conjunto com as disciplinas regulares, como matemática, geografia, história e português. Diferente do método tradicional de ensino, a pedagogia empreendedora incita ao aluno o como fazer, despertando sonhos que estavam adormecidos.

PEDAGOGIAEMPREENDEDORA

LIÇÃO DE SUCESSOAcil, Sebrae, Junior Achievement e Secretaria Municipal de Educação unidas em prol de uma Londrina empreendedora. Projetos realizados pelas instituições prometem revolucionar o futuro dos negócios na cidade

Associação Comercial e Industrial de Londrina 33

APRENDER A APRENDER. APRENDER A CONHECER. APRENDER A SER. APRENDER A CONVIVER.

Autoconhecimento, autoestima, autonomia, protagonismo, persuasão, criatividade, liderança e interdependência são algumas das características que a pedagogia empreendedora desenvolve nas crianças, jovens e adultos. Leodmar explica que a principal meta da iniciativa é vincular tecnologias de desenvolvimento às escolas e à comunidade. Isso não só ajuda na abertura de empresas, como também valoriza o potencial de empreendedores em qualquer atividade. “Queremos desenvolver características empreendedoras com atitudes e posturas que sejam praticadas. Independentemente se esse aluno no futuro irá abrir seu próprio negócio ou se tornará um profissional liberal ou, ainda, será o gerente de uma empresa. A questão do empreendedorismo está muito mais ligada a cuidar de si próprio e daqueles que estão a sua volta”, explica Leodmar Oliveira. A metodologia está pautada em quatro pilares que norteiam a educação: aprender a aprender; aprender a conhecer; aprender a ser; e aprender a conviver. “Em alguns casos precisamos remodelar as atividades para adaptá-las ao perfil da escola e da comunidade e ganhar em eficiência”, diz o coordenador do programa.Para a psicopedagoga Luzimar Mazetto, também do Pedagogia Empreendedora, o novo método não é apenas uma mudança de paradigmas, mas também um desafio. “Nós professores de hoje trazemos a consequência da nossa educação. Não tivemos uma educação empreendedora. Para nós é um aprendizado, um repensar a educação, e isso é um grande desafio”, considera. “A geração atual vem com uma nova característica e o professor não tem dado conta na sala de aula. É um momento de o professor rever suas práticas e pensar na função social que a escola exerce sobre o aluno e, ao mesmo tempo, preparar essa geração para se tornar empreendedora.”Luzimar conta que existe uma

Nós professores de hoje trazemos a consequência da nossa educação. Não tivemos uma educação empreendedora. Para nós é um aprendizado, um repensar a educação, e isso é um grande desafio.

Luzimar Mazetto, do programa Pedagogia Empreendedora

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dificuldade muito grande em sala de aula: os alunos dependem do professor em todos os aspectos. “A ideia é que os alunos entendam que precisam uns dos outros como suporte”, afirma a psicopedagoga. “O aluno tem de ser o protagonista de sua própria vida, deixar de encontrar o culpado por aquilo que não deu certo e aprender a assumir a responsabilidade pelas suas escolhas”, diz.Outro aspecto apontado por Luzimar é a forma de ver os erros. “O erro na Pedagogia Empreendedora não é visto como uma punição, como uma derrota, ele faz parte do processo”, observa. “Gosto de enfatizar que o único fracasso na pedagogia empreendedora é a desistência. Só fracassa aquele que desiste de seu sonho. Errar e recomeçar é um processo de aprendizagem.”A novidade tem agradado tanto a garotada que contribui para a redução no índice de evasão escolar. “Os alunos ficam tão motivados que não faltam às aulas”, conta Luzimar Mazetto. “Eles ficam contando os dias para que chegue a aula de empreendedorismo, pois perceberam que a vida deles, seus sonhos não estão isolados da escola e quando o professor discute esses pontos importantes ele está mostrando um caminho para o aprendizado e a busca para a concretização dos objetivos.” As famílias dos alunos também estão envolvidas  no processo. Na opinião de Luzimar, a criança é o reflexo da família. “Se ela está inserida em uma família que não sonha, também não irá sonhar”, enfatiza. Despertar nos pequenos qual é seu sonho, qual é o sonho que ele tem para a sua família e o que é possível fazer para alcançar isso. “Essa é a forma que trabalhamos com as crianças. Desenvolvemos um planejamento baseado no que a criança gosta de fazer e ao mesmo tempo ensinamos os passos que elas devem trilhar para alcançar seus sonhos”, ensina. A partir do momento em que a família percebe o potencial que tem nas mãos

A GRANDE MOSTRA NACIONAL DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

23 a 26 de abril de 2013 - Londrina / Paraná

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Associação Comercial e Industrial de Londrina 35

“SÓ FRACASSA AQUELE QUE DESISTE DO SEU SONHO.”

a autoestima é elevada. “Mostramos a eles que não é preciso passar o resto da vida nessa condição. Muitas vezes os pais não têm perspectiva de melhora. A crise é tão grande naquele momento que fica difícil visualizar a saída”, analisa Leodmar Roman de Oliveira. “Começando esse trabalho agora, no futuro teremos uma cidade muito mais estruturada. É a questão do desenvolvimento humano que irá refletir no social e em todas as outras instâncias da vida”, afirma.Para o gerente regional do Sebrae, Heverson Feliciano, a ação tem dado certo. Ele é uma das pessoas que ajudaram na implantação do programa Pedagogia Empreendedora. “Os professores incorporaram as dinâmicas, formulam perguntas que levam os jovens a uma reflexão de que ele seja protagonista da sua vida e da sua história e a iniciativa tem dado certo”, diz. “Várias instituições lutaram durante anos para que esse projeto fosse implantado. Torcemos para que ele seja aprimorado e continue, pois os frutos serão colhidos a médio e a longo prazo.”

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Os professores incorporaram as dinâmicas, formulam perguntas que levam os jovens a uma reflexão de que ele seja protagonista da sua vida e da sua história e a iniciativa tem dado certo. Em longo prazo, os frutos serão colhidos.

Heverson Feliciano, gerente regional do Sebrae

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A Junior Achievement é maior e mais antiga organização de educação prática em economia e negócios do mundo. Vem apostando no método da pedagogia empreendedora para reverter o atual cenário da educação londrinense. Em Londrina, a entidade atua desde 2006. Em 2011, mais de 10 mil alunos, divididos em 30 escolas, foram atendidos pela Junior Achievement. A perspectiva é que em 2015 o impacto na formação desses adolescentes seja mensurado com a entrada no mundo dos negócios de jovens autônomos, inovadores, que entendam de ética, trabalhem duro e façam a diferença por onde passarem.Produção, finanças, marketing e recursos humanos são as áreas compreendidas pelos alunos no período do aprendizado no Mini-Empresa, carro-chefe dos 15 programas desenvolvidos pela instituição, que atingem alunos desde o 5º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio, segundo explica a gestora de projetos da Junior Achievement, Carolina Chueire de Oliveira Campos.Brainstorm, pesquisa de mercado, constituição da diretoria, orçamento, métodos de produção, controle de matéria prima, acabamento, controle de qualidade são alguns dos aprendizados oferecidos aos jovens no Mini-Empresa. Os participantes do programa têm a incumbência de constituir, administrar e dar baixa numa empresa fictícia. “Estimulamos os jovens de forma lúdica a vivenciarem o dia a dia de uma empresa”, diz Carolina. “Esse é um ótimo teste vocacional. Com apenas 15 anos, os alunos começam a ter uma noção de qual profissão seguir no futuro. Assim, eles passam a entender do mundo dos negócios com mais facilidade.”Ela conta que quando os alunos chegam para participar dos projetos, realizados em

Jovens põem a mão na massa e encaram desafio empresarial

Associação Comercial e Industrial de Londrina 37

“ALUNOS VÃO ATRÁS DE FORNECEDORES E COLOCAM A MÃO NA MASSA.”

contraturno escolar, eles têm uma visão completamente equivocada do mundo empresarial. “Acham que o mundo dos negócios se resume em administração, contabilidade e ao programa Aprendiz, apresentado na TV pelo Roberto Justus”, observa. Mas, com a Junior Achievement, eles descobrem uma realidade completamente diferente. “Enxergam que é preciso ir além e entender de recursos humanos, marketing, fluxo de caixa, balancete, comunicação”, explica a gestora.Carolina explica que quando a empresa fictícia é constituída ela não conta com nenhum capital. “Dividimos a empresa

fictícia em cotas. Cada aluno pode comprar apenas uma. Se no fechamento da empresa houver lucro todos ganham, se tiver prejuízo eles sabem que algo deu errado e que é preciso corrigir antes de prosseguir”, afirma. Para aumentar a lucratividade da empresa os alunos desenvolvem projetos de produtos unitários e em séries para serem comercializados. Toda produção é destinada e comercializada em bazares, entre parentes e amigos. Uma vez ao ano, durante a feira das miniempresas, esses empreendedores mirins tem a oportunidade de expor e vender para toda a comunidade as invenções. Na 7ª edição

da feira, realizada no mês de setembro, no Armazém da Moda, participaram 17 empresas. Na exposição foi possível encontrar vários produtos, como carteiras produzidas com caixas de leite e capas para notebook confeccionadas em jornal. “Eles vão atrás dos fornecedores e literalmente colocam a mão na massa, obedecendo uma sequência de produção. Um corta, outro cola, outro faz a supervisão e, enfim, se comercializa o produto”, diz Carolina. Serviço – Os programas da Junior Achievement são oferecidos sem ônus para os estudantes e para as escolas. Para participar, basta entrar em contato com a instituição pelo fone (43) 3379-5230.

Brainstorm, pesquisa de mercado, constituição da diretoria, orçamento, métodos de produção, controle de matéria prima, acabamento, controle de qualidade são alguns dos aprendizados oferecidos aos jovens no programa Mini-Empresa.

OPINIÃO

FAÇAMOS NOSSA HISTÓRIA COM GRANDEZA!As palavras antológicas do presidente do Fórum Desenvolve Londrina, Cláudio Tedeschi, dirigidas aos candidatos à Prefeitura. Uma advertência que serve para nortear nossas ações nos próximos quatro anos

Por Cláudio Tedeschi

O Fórum Desenvolve Londrina propõe uma nova cultura na administração pública, uma nova governança, na qual o poder constituído continue se aproveitando da contribuição dos melhores talentos da cidade, independente de sua cor ou preferência partidária.Uma atitude verdadeiramente democrática, e cada vez menos autocrática.Investe no capital social local, apoiando empreendedorismo cívico e a disseminação das iniciativas que fortaleçam as redes sociais.Utiliza uma metodologia de percepção intelectual do cidadão que, em geral, já vivenciou o problema analisado.A sua metodologia é mais metafísica que acadêmica ou científica, porém prima por fundamentos como: verdade, justiça e razão.É um exercício democrático de construção de consenso, dentro do respeito à diversidade e à complexidade da vida humana.Pretende ser um dos guardiões do sonho de um bom futuro para Londrina.É um retrato da diversidade humana de nossa comunidade (esta é uma de suas riquezas), compondo-se de membros representantes da academia, setor público e empresarial.Olha Londrina sempre tendo em vista seu futuro, construindo projetos de Estado, de Nação, e não somente de manutenção de poder, porque os primeiros em geral perpassam várias administrações.

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Wal

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Associação Comercial e Industrial de Londrina 39

Traz em seu bojo, a semente de uma nova cultura para administração pública, um novo paradigma.O Fórum não pede nada aos nossos candidatos. Humildemente, oferece sua contribuição e o sonho de compartilharmos e construirmos juntos novos marcos na administração pública, que leve sempre em conta:Um ambiente de constante interação entre as ações das diversas secretarias, e dessas com as entidades e agentes que atuam em seus diversos segmentos, com foco na melhoria de qualidade de vida da comunidade.Uma gestão não em colcha de retalhos para apaziguar as diversas correntes e conveniências de apoios políticos partidários, mas sim baseada na competência, capacidade gestora e vida proba dos secretários escolhidos.Fundamentada num plano de metas, na eficiência de suas ações e custos e absoluta transparência.No uso da crítica qualificada, não como ameaça a seu poder, mas como instrumento de gestão.

ENFIM, SENHORES, TER SEMPRE EM MENTE:Sou um servidor do Estado (um estadista), e não “O estado sou eu”, como Luís XIV ou D. João VI, cultura esta infelizmente corrente na maioria dos nossos homens públicos, até aqui.Levar sempre em conta a grande função do poder que é servir. “Porque o poder que só se serve, não serve.” (Mário Sérgio Cortella), ou então Cristo: “Eu

não vim aqui para ser servido, eu vim aqui para servir”.O Brasil, senhores, é carente de boas referências, e exemplos que sirvam à formação de nossos jovens. Somos um País paupérrimo em valores morais, base do comportamento ético de justiça. Nossos heróis são ou foram, em geral, grandes farsantes, seja na política, na literatura ou nas artes em geral.Façamos, pois, nossa história com grandeza, deixemos um legado aos nossos filhos com sabor de dever cumprido, pois só assim poderemos sonhar com um futuro melhor.Que nossas análises para tomada de decisões, sejam cada vez mais aprofundadas com o alargamento de nosso conhecimento e de nossas virtudes.Um homem que se limita somente a seu tempo é um perfeito idiota.

E para finalizar minha fala, gostaria de citar frases de dois grandes pensadores brasileiros.A primeira, de José Monir Nasser: “A essência do civismo é a consideração do coletivo no domínio do individual, e não a submissão do individual ao coletivo (que é o coletivismo), por essa razão, civismo só existe quando há absoluta liberdade de escolha.”E por fim, do Padre Antônio Vieira: “Somos o que fazemos. Quando fazemos existimos. O resto do tempo, apenas passamos. O que não se faz, não existe”.

“SOMOS O QUE FAZEMOS. O QUE NÃO SE FAZ, NÃO EXISTE.” (PADRE VIEIRA)

CLÁUDIO TEDESCHI é empresário e presidente do Fórum Desenvolve

Londrina. O texto acima foi lido em evento que reuniu os seis candidatos a

prefeito do município.

Karina Constancio

Informar sobre as melhores linhas de financiamento disponíveis no mercado e criar um canal de relacionamento entre o empresário e as instituições financeiras são os principais objetivos dos Seminários Regionais de Crédito. A partir de uma iniciativa do Sebrae/PR e da Fiep serão realizados 41 encontros em todo o Paraná até o mês de novembro. Em Londrina, com o apoio da ACIL, o seminário será feito no dia 7 de novembro, onde diversas instituições financeiras vão apresentar seus produtos e serviços para as micro e pequenas empresas (MPEs). O evento ainda terá uma rodada de negócios sobre crédito, na qual os empreendedores vão ter a possibilidade de agendar um atendimento individualizado com as instituições participantes, bem como gerar oportunidade de negócios. Para o coordenador estadual de acesso a serviços financeiros do Sebrae, Flavio Locatelli, responsável pelo projeto no Paraná, os empresários vão ter a chance de conhecer o que tem de melhor em

FINANCIAMENTO

A HORA DO CRÉDITOLondrina recebe Seminário Regional de Crédito em 7 de novembro. Uma boa oportunidade para pequenas empresas que buscam acesso a linhas de financiamento

financiamento para as MPEs. “Outro ponto interessante é que o empresário poderá comparar os produtos e serviços oferecidos pelos bancos no próprio evento, o que dará a possibilidade de melhores negociações”, afirmou. De acordo com pesquisas realizadas nos seminários anteriores, 57% dos participantes entenderam que ficaram mais bem informados sobre as linhas de crédito e 41% declararam se sentir mais preparados para uma futura negociação com as instituições financeiras. Locatelli explica que antes de tudo é importante verificar se o financiamento é a melhor opção. “Existem situações em que o empresário tem um fluxo de caixa com dificuldade e entende que a falta de recursos é o motivo, mas na verdade ele tem que melhorar a sua gestão financeira”. Ele também ressalta que o crédito deve ser obtido de forma consciente. “Antes de contratar uma operação junto aos bancos, o empresário tem que entender qual a real necessidade da empresa em relação ao tema e aí sim buscar a linha de crédito específica para essa necessidade. Ele deve pesquisar

junto aos bancos as condições, taxas e valores disponíveis. Hoje existem produtos em excelentes condições para as empresas, por isso o empresário deve participar do Seminário de Crédito e conhecê-las melhor.”Além de representantes do BNDES, estarão presentes técnicos do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE); do Banco do Brasil; da Caixa Econômica Federal; do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob); do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi); do Fomento Paraná e do Bradesco, além de representantes das Sociedades Garantidoras de Crédito (SGC), modelo consolidado para a concessão de recursos financeiros para as MPEs.

Fundamentais na democratização de créditos, as Sociedades Garantidoras de Créditos (SGCs) prestam assessorias e garantias exigidas pelas financeiras às micro e pequenas empresas. No dia 1º de outubro, durante a XXII Convenção Anual da Faciap, realizada em Foz do Iguaçu, o assunto foi debatido durante a plenária “As Sociedades Garantidoras de Créditos como instrumento de desenvolvimento”, com a participação de representantes do Sebrae, Garantioeste, Associação Comercial e Industrial de

Lideranças estaduais debatem o papel das sociedades garantidorasLondrina (ACIL), Fomento Paraná, Sicoob e Banco Regional do Extremo Oeste do Paraná (BRDE).Para o coordenador estadual de acesso a serviços financeiros do Sebrae Paraná, Flávio Locatelli, segundo pesquisa da instituição, os recursos mais buscados pelos empresários são de capital de giro e cheque especial. “Isso prova que os empresários continuam buscando crédito de forma equivocada”, destacou. “E o que as SGCs fazem é justamente o contrário, prestando serviço de orientação e assessoria para os

empresários”, completou.O presidente da ACIL, Flavio Balan, destacou que a melhoria de oferta de crédito para as micro e pequenas empresas geram uma retenção de recursos nos caixas. “Isso melhora a competitividade dos nossos associados na ponta, que é o nosso principal objetivo”. Para ele, as Associações Comerciais e Empresariais (ACEs) devem apoiar e participar efetivamente da SGC da sua região. “É uma ferramenta clara para o desenvolvimento local com garantia de responsabilidade social”.

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Associação Comercial e Industrial de Londrina 41

Por Felipe Brandão

Abrir o próprio negócio era um sonho antigo na vida de Karla Keiko Watanabe e Edison Fernandes da Cruz Watanabe. Logo que se casaram, os dois optaram por passar cinco anos vivendo e trabalhando no Japão para juntar capital. A ideia sempre foi investir no ramo da gastronomia, paixão pessoal de Edison, e várias opções foram sendo consideradas. Era o início de um longo caminho até a abertura do Edikasa Express, do qual estão à frente desde outubro de 2009. O restaurante, que vem conquistando espaço cada vez maior no mercado londrinense apostando em refeições variadas, saborosas e de qualidade, já pode ser considerado um exemplo de investimento empreendedor que deu certo.

Karla conta que, quando retornaram ao Brasil, o primeiro a fazer foi se colocar em dia com as tendências do mercado para saber em que investir. Participaram, então, da Semana da Pequena Empresa, no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), onde conheceram o Programa Dekassegui Empreendedor e receberam as diretrizes iniciais. Toda a elaboração do projeto

contou com a consultoria de Maria Fernanda Beneli, à época funcionária do Sebrae e hoje gerente de mercado da ACIL. Ela os ajudou a definir a localização na Rua Doutor Generoso Marques, onde o restaurante está até hoje.

A opção pelo ponto acarretou uma alteração radical naquilo que se planejava a princípio: em vez de um restaurante aberto, um delivery de refeições em domicílio. “Tudo porque a região é ‘zona residencial 2’, o que não permitiria atender presencialmente a clientela”, relata a proprietária. Além disso, foram necessários inúmeros gastos para reformar o imóvel e torná-lo adequado às exigências da Vigilância Sanitária, de modo que a inauguração foi feita com o caixa quase “no vermelho”.

Para divulgar o trabalho, os próprios Edison e Karla foram distribuir panfletos em algumas ruas da cidade, convidando clientes em potencial a conhecer o novo restaurante, que a princípio apostava somente no serviço de disk-marmitex. Edison detectou também a necessidade de um diferencial. E foi aí que, por sugestão de Karla, criaram o marmitex light – cuja aceitação foi um divisor de águas nos

Os sócios Karla e Edison Watanabe falam sobre a trajetória do Restaurante Edikasa Express, que gerenciam há três anos em Londrina

RECEITA DE SUCESSO

PERFIL

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negócios do casal. “Não se trata daquele light padrão, sem graça, mas de uma refeição saborosa e adaptável ao gosto do cliente. A variedade, aliás, é algo que procuramos estabelecer e manter em todo nosso cardápio”, explica o gastrônomo. Hoje, o menu light corresponde a 40% do faturamento do Edikasa nos marmitex.

Os lucros foram aumentando, e junto com eles a demanda de trabalho e de mão de obra. Edison considera que a parceria com órgãos como o Sebrae e a ACIL, da qual são sócios desde o ano passado, foi indispensável para o sucesso na gestão de pessoal. “Por meio dessas parcerias, tivemos a estrutura necessária para oferecer treinamento e capacitação aos novos funcionários. Os cursos oferecidos pela ACIL, por exemplo, abrangem cada área da indústria comercial com a bagagem de instrução necessária”, defende.

Com o sucesso dos marmitex, o Edikasa Express começou a investir também na refeição transportada para pequenas e médias empresas. O restaurante produz determinada quantidade de refeições e as transporta até a sede da contratante para que sejam servidas aos funcionários. “Não temos problemas em trabalhar com clientes de pequeno porte, porque sabemos que, assim como foi conosco, eles tendem a crescer lá na frente. ‘Os pequenos de hoje são os grandes de

amanhã’ é a nossa filosofia no Edikasa”, acrescenta Edison. As respostas têm sido tão satisfatórias que Edison e Karla já trabalham no passo seguinte: o refeitório industrial, que consiste em montar e administrar espaço próprio para refeições dentro das empresas, responsabilizando-se ainda por fornecer equipamentos e por contratar e treinar mão de obra.

Para os próximos meses, os proprietários pretendem focar o crescimento também na estrutura interna da empresa. “Queremos informatizar os setores, de forma a interligá-los e manter o controle exato do que se passa em cada um deles. Temos a intenção de transformar o Edikasa em uma indústria voltada para o fornecimento de alimentos em um futuro próximo. Por isso há ainda muito trabalho pela frente”, prevê Edison, realista e sonhador – combinação que, ele e a esposa ressaltam, fazem toda a diferença quando se trata de empreendedorismo.

“O mais importante é ter foco, determinação e persistência. Os obstáculos só podem te fazer parar se você não se empenha em superá-los. É preciso também humildade e vontade de progredir”. Edison concorda com a sócia, e ainda complementa: “Empreender é conciliar muita dor de cabeça e pouco sono. Superar desafios é o que constrói os vencedores de amanhã”.

Karla Keiko Watanabe e Edison Fernandes da Cruz Watanabe: o próximo passo é montar refeitórios industriais

O casal Watanabe: paixão pela gastronomia, fé no sonho e investimento na realidade

Não temos problemas em trabalhar com clientes de pequeno porte, porque sabemos que, assim como foi conosco, eles tendem a crescer lá na frente. Os pequenos clientes hoje são os grandes de amanhã.

Edison Fernandes da Cruz Watanabe,

empresário

Associação Comercial e Industrial de Londrina

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