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 CAPRINOCULTURA E OVINOCULTURA Prof. Robson Helen da Silva Setor de Ensino a Distância Barbacena – MG 2011  

Ovinos e Caprinos Apostila

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CAPRINOCULTURA E OVINOCULTURAProf. Robson Helen da SilvaSetor de Ensino a Distncia Barbacena MG

2011

APOSTILA DE

CAPRINOCULTURA E OVINOCULTURA

PROF. PEDRO SILVA DE OLIVEIRA.

BARBACENA - MG Maro/2009O princpio da sabedoria o temor a Deus.

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FICHA CATALOGRFICA: elaborada pela Bibliotecria da Biblioteca do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia. Sudeste de Minas Gerais Campus Barbacena.

636.3 O48a

OLIVEIRA, Pedro Silva de. Apostila de caprinocultura e ovinocultura. Barbacena: Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia, 2009. 95 p.

1. Caprinocultura. 2. Ovinocultura. I.Ttulo. CDD 636.3

O princpio da sabedoria o temor a Deus.

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NDICE1. INTRODUO.............................................................................................................................................7 1.1 PANORAMA MUNDIAL........................................................................................................................7 1.2 PANORAMA BRASILEIRO....................................................................................................................8 TABELA 5: DIFERENAS NUTRICIONAIS ENTRE AS CARNES DE DIVERSAS ESPCIES DE ANIMAIS........................................12 2. RAAS DE OVINOS..................................................................................................................................13 2.1. RAAS ESPECIALIZADAS NA PRODUO DE L FINA............................................................14 2. 2 RAAS MISTAS...................................................................................................................................15 2.3 RAAS ESPECIALIZADAS NA PRODUO DE CARNE...............................................................15 2.3.1 RAAS LANADAS.............................................................................................................................15 2.3.2 RAAS DESLANADAS.....................................................................................................................17 3. RAAS DE CAPRINOS .............................................................................................................................18 3.1 RAAS COM APTIDO LEITEIRA....................................................................................................18 3.2 RAAS COM APTIDO PARA CARNE.............................................................................................20 3.3 RAAS COM DUPLA APTIDO ........................................................................................................22 4. INSTALAES PARA OVINOS DE CORTE.........................................................................................24 4.1 PASTAGENS..........................................................................................................................................24 4.2 CERCAS..................................................................................................................................................25 4. 3 CENTRO DE MANEJO.........................................................................................................................26 4.4 CABANHA.............................................................................................................................................28 4. 5 COCHOS................................................................................................................................................28 4.6 BEBEDOUROS.......................................................................................................................................29 4.7 EQUIPAMENTOS..................................................................................................................................29 5. INSTALAES PARA CAPRINOS EM REGIME DE CRIAO INTENSIVA..............................30 5.1 CABRIL OU CAPRIL OU APRISCO ...................................................................................................31 5.10 EQUIPAMENTOS: ..............................................................................................................................34 BEBEDOUROS: ...................................................................................................................................................34 COCHOS: ..........................................................................................................................................................34 MANJEDOURA:...................................................................................................................................................34 PLATAFORMA DE ORDENHA:.................................................................................................................................34 CAIXA DE ALEITAMENTO......................................................................................................................................34 5.11 CERCAS: ..............................................................................................................................................34 6. NUTRIO E ALIMENTAO DE OVINOS E CAPRINOS..............................................................35 6.1 CONSIDERAES GERAIS................................................................................................................35 6.2 PASTAGENS..........................................................................................................................................36 6.3 FORRAGEIRAS MAIS RECOMENDADAS PARA A FORMAO DE PASTAGENS..................38 6.4 ALIMENTOS VOLUMOSOS................................................................................................................40 6.5 RAZES E TUBRCULOS.....................................................................................................................42 6.6 GROS, SUBPRODUTOS E OUTROS CONCENTRADOS...............................................................42 6.7 SUPLEMENTOS PROTICOS..............................................................................................................44 6.8 OUTROS ALIMENTOS.........................................................................................................................46 7. MANEJO ALIMENTAR DOS REBANHOS............................................................................................47 7.1 OVINOS DE CORTE..............................................................................................................................47 7.2 CAPRINOS LEITEIROS........................................................................................................................50 8. MANEJO REPRODUTIVO DOS REBANHOS ......................................................................................55 8.1 OVINOS .................................................................................................................................................55

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8.1.1 IDADE PARA REPRODUO..........................................................................................................55 8.1.2 CICLO ESTRAL..................................................................................................................................56 8.1.3 SINCRONIZAO DO CIO..............................................................................................................57 8.1.4 GESTAO.........................................................................................................................................58 8.1.5 PARIO.............................................................................................................................................58 8.1.6 PERODO DE ALEITAMENTO.........................................................................................................58 8.2 CAPRINOS............................................................................................................................................59 8.2.1 FMEAS..............................................................................................................................................59 8.2.2 INDUO DE CIO.............................................................................................................................61 8.2.3 DURAO DA GESTAO............................................................................................................63 8.2.4 DIAGNSTICO DA GESTAO.....................................................................................................64 8.2.5 CUIDADOS COM A CABRA EM GESTAO...............................................................................64 8.2.6 PARIO.............................................................................................................................................65 8.2.7 CUIDADOS COM AS CRIAS.............................................................................................................65 9. MANEJO SANITRIO DOS REBANHOS.............................................................................................67 9.1 ASPECTOS GERAIS.............................................................................................................................67 9.2 VIAS DE APLICAO DE MEDICAMENTOS....................................................................67 9.3 OVINOS..................................................................................................................................................72 9.3.1 CONSIDERAES GERAIS............................................................................................................72 9.3.2 PRINCIPAIS ENFERMIDADES NA OVINOCULTURA.................................................................72 9.3.3 ECTOPARASITAS..............................................................................................................................72 9.3.4 ENDOPARASITAS ............................................................................................................................76 9.3.5 ENFERMIDADES INFECCIOSAS.....................................................................................................85 9.4 CAPRINOS ............................................................................................................................................91 9.4.1 ECTOPARASITAS..............................................................................................................................92 9.4.2 ENDOPARASITAS............................................................................................................................92 9.4.3 PROGRAMA DE VACINAES......................................................................................................93 10. LITERATURA CONSULTADA (BIBLIOGRAFIAS)..........................................................................94

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PREFCIO

Este material foi elaborado com base em reviso de literatura tcnica, especializada e em observaes de campo vivenciadas pelo autor como criador e Tcnico. E tem como objetivo auxiliar no desenvolvimento da disciplina de Ovino e caprinocultura, contribuindo para o entendimento dos diferentes tpicos que compem a produo de caprinos e ovinos. Devendo, portanto, ser lido com ateno, medida que os temas sejam apresentados em sala de aula e conforme necessrio e possvel, sejam desenvolvidos em atividades prticas nos respectivos setores. Cabendo ao estudante o empenho e interesse pela leitura atenciosa desta apostila e tambm a pesquisa complementar das fontes citadas ao longo dos textos e no referencial bibliogrfico. Realizando as devidas anotaes, de maneira ordenada em seu caderno, a fim de alcanar o entendimento, aprendizado e o domnio de competncia sobre as tcnicas de manejo na Cadeia produtiva dos diversos produtos oferecidos ao homem por esses pequenos e brilhantes ruminantes. Desejo contribuir na formao tcnica do estudante e na multiplicao de novos criadores de caprinos e ovinos no Brasil. Bons estudos! O Autor.

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1. INTRODUO

1.1 PANORAMA MUNDIAL A criao de ovinos e caprinos uma atividade praticada h sculos em quase todo o globo terrestre, havendo, porm grande concentrao de rebanhos na China, ndia, Austrlia, Nova Zelndia e Turquia, que so, em ordem decrescente, os cinco maiores produtores e abrigam mais de 75% dos efetivos mundiais (Tabela 1). A China detm sozinha, quase 36% do total de caprinos e ovinos criados no mundo, e responde por mais de 39% da produo de carnes dessas espcies no mbito mundial. O Brasil figura em 10 lugar. Tabela 1. Participao do rebanho caprino e ovino no mundo e contribuio para produo de carne

Ao fazer-se uma relao dos efetivos de ovinos e caprinos e a populao dos respectivos pases, tm-se uma substancial modificao no quadro. Com efeito, a Nova Zelndia, que a 4 colocada no quantitativo, assume o 1 lugar, com 13 cabeas por habitante; a Austrlia sobe de 3 para 2, com 7 cabeas/habitante, enquanto a China desce para a 7 posio, com 0,22 cabeas/habitante. O Brasil permanece em 10 lugar, com 0,13 cabeas/habitante. O que pode parecer mera curiosidade tem elevado significado do ponto de vista econmico, porquanto so exatamente os dois primeiros colocados na relao animal/habitante, Nova Zelndia e Austrlia, que tm obtido os melhores resultados nessa atividade, destacando-se por suas exportaes de produtos das espcies em referncia. Para se ter uma idia dessa pujana, ressalta-se que a Austrlia chegou a exportar, no perodo de 1998/99, mais de cinco milhes de carneiros, nmeros superiores ao efetivo aO princpio da sabedoria o temor a Deus.

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Irlanda, que est entre os 20 (vinte) maiores criatrios do mundo. Vale destacar tambm, que Nova Zelndia e Austrlia tm o maior consumo per capita, algo em torno de 20 a 28 kg/habitante/ano respectivamente. Tambm merecem destaque no cenrio mundial a Frana, pela expressividade na produo de queijos e outros derivados do leite de cabra e ovelha e a frica do Sul, pelo que vem oferecendo ao mundo em termos de pesquisas quanto a raas para produo de carne. Apesar de todo o avano que vem conseguindo, a ovino caprinocultura no se desenvolve linearmente no mundo. Assim, ainda h pases que detm grandes efetivos, mas com a utilizao de sistemas tradicionais de explorao e baixas taxas de desfrute, vivendo num estgio de auto-suficincia no qual os produtores mantm uma relao irregular com o mercado. Outros pases experimentam a fase de especializao, onde existe uma maior viso e integrao ao mercado, enquanto os mais desenvolvidos praticam o Agronegcio, bastante integrados ao mercado. Um dado muito importante que o mercado mundial de produtos da ovino caprinocultura (carne, leite e pele) comprador, indicando, com isso, demanda insatisfeita. No caso das carnes de ovinos e caprinos, verifica-se um aumento de consumo superior a 22% no perodo de 1989/1998. Apenas o mercado de l est em declnio.

1.2 PANORAMA BRASILEIRO Dotado de excelentes caractersticas edafoclimticas para a criao de ovinos e caprinos, o Brasil est longe de alcanar um satisfatrio grau de desenvolvimento nessa atividade. Isso porque as exploraes no tiveram um carter empresarial ou profissional em sua quase totalidade, exceto aquelas criaes destinadas produo de l, cujos efetivos ocupam basicamente a regio Sul. Ademais, a criao de bovinos sempre conferiu prestgio e status aos criadores, enquanto havia preconceito quanto s exploraes de ovinos e, principalmente, de caprinos. Essa viso excluiu a ovino caprinocultura de muitas aes desenvolvimentistas, colocando-a no nvel de simples subsistncia na maioria das regies, exceo do Rio Grande do Sul, pela importncia que tinha a l. Algumas iniciativas foram tomadas no incio da Segunda metade do sculo passado, mas de forma incipiente, nada que promovesse mudanas substanciais. Na dcada de 80, tambm houve alguma movimentao, produziram-se alguns pacotes tecnolgicos, porm o quadro no evoluiuO princpio da sabedoria o temor a Deus.

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satisfatoriamente, somente no que tange profissionalizao e organizao dos agentes produtivos e a uma viso de mercado. Foi na dcada de 90 que a atividade passou a merecer mais ateno das autoridades, tcnicos e produtores, ocorrendo profundas mudanas em alguns segmentos dessa explorao: algumas pesquisas foram desenvolvidas, tecnologias de ponta foram assimiladas e, o que mais importante, aumentou a demanda por produtos de caprinos e ovinos no Brasil. Foi nessa dcada que o Pas passou a discutir efetivamente a atividade dentro de uma viso de cadeia produtiva e de agronegcio. Desenha-se assim um novo cenrio, a partir do qual se cria uma maior conscincia sobre a importncia do consumidor, esteja ele onde estiver. Constata-se a necessidade de articulao entre os diversos elos da Cadeia Produtiva. Conquanto existam criaes de ovinos e caprinos em todas as regies do Brasil, no Nordeste que essa atividade assume relevncia em termos de efetivos. Conforme dados do IBGE, 2003 (Tabela 2), nessa regio esto concentrados 92,95% dos caprinos brasileiros e 56,56% dos ovinos. A regio Sul detm o 2 lugar na explorao de ovinos, com 31,75% dos animais da espcie, ficando, portanto, pouco mais de 10% para as demais regies. No caso de caprinos, a supremacia do Nordeste muito grande, pois o Sudeste, que ocupa o 2 lugar, tem apenas 2,36%, contra os 92,95% acima citados. Observa-se que so menos de 5% dos caprinos distribudos pelas demais regies geogrficas do pas. Tabela 2. Efetivo Rebanho Ovino e Caprino - Brasil e Regies.

Essa enorme hegemonia do Nordeste apia-se na riqueza de sua vegetao, com grande ocorrncia de leguminosas, e no clima que, embora cause, com certa freqncia, prejuzos s exploraes, favorece a procriao em qualquer perodo do ano e diminui a infestao dos rebanhos por verminose nos perodos de estiagem. Some-se a isso a grande confiana que o sertanejo deposita nessa atividade, porquanto ela se constitui uma salvaguarda nos perodos mais crticos. Vale ressaltar que em algumas regies do Nordeste,O princpio da sabedoria o temor a Deus.

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os animais so os nicos capazes de transformar a biomassa da vegetao seca em energia e protena. As transformaes em curso, os aspectos tcnicos e mercadolgicos tm despertado interesse de empresrios de outras regies, e o quadro de evoluo dos rebanhos comea a sofrer mudanas significativas. Conforme dados publicados no do Anualpec de 1998; enquanto no Nordeste o nmero de caprinos cresceu apenas 0,7% no perodo 1989/1998, o Norte e o Centro-Oeste aumentaram 32,2% e 28,3%, respectivamente; com relao a ovinos, para o mesmo perodo, o Nordeste sofreu uma queda de 4,7% ao tempo em que o Norte cresceu 38,7% e o Centro-Oeste tambm aumentou seu rebanho em 35,7%. Para essa espcie (ovino), segundo a mesma fonte, o Sul diminuiu seu criatrio em 9,5% e o Brasil, 7,15%. O que existe de mais positivo e estimulante no Brasil a certeza de que h um grande mercado comprador na atualidade, com amplas possibilidades de ampliao a mdios e longos prazos, cujo suprimento depende de aes conjuntas do poder pblico e da iniciativa privada. O baixo consumo de 700 g/pessoa/ano verificado no Brasil, segundo dados oficiais, contra um consumo per capita da ordem de 20 a 28 kg / ano em pases do primeiro mundo, aponta para a existncia de uma grande fatia de mercado interno, pois somente agora, nos ltimos 03/05 anos, que as carnes de ovinos e caprinos comearam a ser vendidas nos supermercados, aougues e restaurantes finos das grandes cidades, ultrapassando assim as barreiras da zona rural e das pequenas cidades. Se no mercado interno as possibilidades de expanso so grandes, para o mercado externo as perspectivas tambm so animadoras. Mas para exportar no basta produzir. preciso proceder muitas mudanas em relao s nossas exploraes, principalmente no item sanidade animal. As barreiras sanitrias existem, mas o Pas ainda enfrenta srios problemas nessa rea. O governo federal havia assumido o compromisso de tornar o nosso territrio livre da febre aftosa at 2005, o que colocaria numa boa situao para exportar carnes. Esse processo, porm no tem se desenvolvido com a mesma intensidade em todas as unidades da federao. Falta-nos tambm uma cultura de exportao. No segmento carnes e animais vivos, enquanto no se renem condies para exportar, parte de nossa demanda atendida atravs da compra no mercado externo. No perodo de 1992/2000, importou-se uma mdia de 4.272 toneladas/ano de carneiro vivo e 5.150 toneladas/ano de carne de ovinos. J no perodo de 1996/2000, importou-se uma

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mdia de 6,4 toneladas de carne de caprinos. Esse o cenrio atual, que tende a se modificar substancialmente, podendo o Pas passar a exportador no longo prazo. Com relao ao leite de cabra e derivados tambm somos importadores. Tem-se uma demanda estimada de 12 milhes de litros de leite por ano, para uma oferta potencial de 6,1 milhes de litros. Para suprir o dficit importa-se leite em p e derivados dos EUA, Alemanha, Blgica, Holanda, Frana e outros pases. No setor de peles tem-se um supervit quanto a peles de ovinos, no perodo de 1992/2000, ao contrrio das peles de caprinos, cujo volume de importao superior s exportaes. O rebanho de cabras leiteiras est concentrado nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. As ovelhas para produo de l esto prioritariamente no Rio Grande do Sul. As deslanadas habitam o Nordeste e o Centro-Oeste do Pas (Tabela 3). Tabela 3. Estados Produtores de L no Brasil.

No que diz respeito ao efetivo rebanho de ovinos e caprinos da Regio Sudeste pode se verificar que os Estados de So Paulo e Minas Gerias apresentam os maiores rebanhos em ambos os casos, com destaque para So Paulo com o maior rebanho de ovinos da regio e Minas Gerais, por sua vez, apresentando o maior rebanho de caprinos do sudeste. Os dois Estados analisados em conjunto respondem por 87,81% e 79,58% respectivamente do rebanho de ovinos e caprinos da regio sudeste (Tabela 4). Tabela 4. Efetivo Rebanho Ovino e Caprino - Regio Sudeste.

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Tabela 5: Diferenas nutricionais entre as carnes de diversas espcies de animais.

Alm da carne, cujas caractersticas nutricionais so iguais ou at melhores, se comparadas com a de outras espcies (Tabela 5), existem os subprodutos que so aproveitados comercialmente, em especial a l nos ovinos e a pele nos ovinos deslanados e caprinos. Por todos esses motivos a criao de ovinos e caprinos tem alcanando uma posio de destaque e crescente o interesse nos ltimos anos na criao destes animais. Apesar do crescimento no nmero de cabeas de ovinos, o rebanho brasileiro no consegue abastecer o mercado interno, abrindo espao para a importao de carne, de carcaas e animais vivos. Entre 1992 e 2000 a importao de ovinos vivos para abate passou de 119 ton para mais de 6.200 ton anuais, segundo dados do Ministrio de Indstria e Comrcio publicados em 2002, demonstrando o aumento na importao de carcaas de ovinos no mesmo perodo, passando de 2.230 ton para quase 8.500 ton anuais. No ano de 2000 o Brasil importou 15 milhes de dlares em peles de ovinos e caprinos para processamento na indstria de couros e calados. Portanto, apesar dos ovinos serem uma tradio no Sul como uma criao extensiva, e no nordeste, como uma atividade de subsistncia, a produo brasileira no tem conseguido atender sua demanda interna, tanto em produtos ovinos como em caprinos. Um manejo reprodutivo e sanitrio adequado associado aos princpios bsicos na criao destes animais possibilitar o uso mais eficiente dos recursos forrageiros disponveis, transformando a ovino caprinocultura em uma alternativa de renda vivel para os produtores rurais.

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2. RAAS DE OVINOS (Extrado do Curso de Atualizao em Ovinocultura UNESP Campus de Araatuba Novembro de 2001). O tronco original dos ovinos domsticos deve ser procurado no gnero Ovis e, dentro deste, nos grupos de ovinos selvagens representados pelo Argali (Ovis ammon), Urial (Ovis vignet) e Mouflon (Ovis musimon). Desses grupos, o Mouflon ainda encontrado em estado selvagem nas montanhas da Crsega e da Sardenha. O Urial ainda existe no Ir, Afeganisto, partes da ndia e do Tibet. conveniente reconhecer duas espcies de ovelhas selvagens: Ovis canadensis, a ovelha de corno grosso americana e Ovis ammon, a ovelha selvagem asitica e europia. A Ovis canadensis nunca foi domesticada e foi eliminada como antepassado das ovelhas domsticas por razes zoogeogrficas. S restou como animal primitivo para a domesticao, a Ovis ammon com suas subespcies. Atualmente, existem no mundo mais de 800 raas de ovelhas domsticas. A grande variedade de fentipos sugeriu investigaes sobre quais seriam as subespcies selvagens da ovelha domstica, sendo provvel que algumas subespcies tenham mudado de lugar devido a alteraes climticas ao final da poca glacial. Tambm podem ter desaparecido algumas subespcies anteriores que intervieram na domesticao. Durante as migraes dos povos e entre as tribos vizinhas, trocavam-se animais de cria. Alguns rebanhos de ovelhas domsticas chegaram a regies nas quais viviam outras subespcies, e com elas podem ter se cruzado. Da ser impossvel definir, atualmente, a espcie de ovelha selvagem que deu origem s raas ovinas atuais. O menor tamanho dos animais uma caracterstica da domesticao, referente s ovelhas que, em algumas estaes do ano, sofriam restries alimentares, determinando perdas de peso e diminuio da produo de leite. No incio, o homem domesticou as ovelhas por sua carne e depois demonstrou interesse pelo leite, ordenhando as ovelhas, constituindo uma nova orientao a cria. Entretanto, a mudana mais importante para o homem, quanto domesticao, aconteceu quando o plo da ovelha selvagem foi substitudo por fibras de l. No se pode demonstrar se o aparecimento da ovelha de l fina foi devido mutao ou seleo, aproveitando-se crias obtidas atravs de

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cruzamentos consangneos. A palavra raa aplicada ao grupo de animais que possuem caracteres similares, capaz de serem transmitidos aos seus descendentes quando as condies ambientais so semelhantes. O ovino tem diversas aptides logo, suas raas so divididas no mesmo sentido. Sabe-se que, no mundo h de 800 a 1000 (mil) raas de ovinos. Alguns autores citam cerca de 1.400. E a classificao zoolgica a seguinte: Reino: Animal Sub-reino: Vertebrata Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Ungulata Sub-ordem: Artiodactyla Grupo: Ruminantia Famlia: Bovidae Sub-famlia: Ovinae Gnero: Ovis Espcie: Ovis aries (ovinos domsticos) Neste material sero citadas as principais raas utilizadas no Brasil. 2.1. RAAS ESPECIALIZADAS NA PRODUO DE L FINA Merino Australiano: Raa que apresenta l de excelente qualidade e elevado valor econmico, destinada fabricao de tecidos finos. Adapta-se perfeitamente s condies de alta temperatura e vegetao pobre em vista de seu pequeno porte e velo muito fino e denso, que funciona como verdadeiro isolante trmico. No tolera, todavia, umidade excessiva. Em termos tericos, teria 70% de potencial para produzir l e 30% para carne. A l atinge, via de regra, as classes merina e amerinada. Ideal ou Polwarth: Originria da Austrlia, a raa Ideal possui em sua formao de sangue Merino Australiano e de sangue Lincoln, raa inglesa de grande porte e de l grossa. O trabalho de seleo efetuado pelos Australianos deu como resultado uma raa com excelente capacidade para produzir l, aliada produo de carcaa com desenvolvimento satisfatrio. A l um pouco mais grossa que a da raa Merino Australiano, em decorrnciaO princpio da sabedoria o temor a Deus.

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da infuso de sangue Lincoln, conservando, no entanto, excelente qualidade em termos de classificao, enquadrando-se, basicamente, nas classes prima A e prima B. A raa Ideal apresenta 60% de potencial para l e 40% para carne. 2. 2 RAAS MISTAS Corriedale: Raa mista por excelncia (50% de potencial para l e 50% de potencial para carne). Foi formada na Nova Zelndia, tambm a partir das Raas Merino Australiano e Lincoln, possuindo, porm, sangue de cada. Em vista disto, sua l se apresenta mais grossa que a da raa ideal (classificada como cruzadas 1 ou 2). Um pouco mais exigente que as raas anteriormente referidas, adaptam-se bem, todavia, ao regime extensivo de explorao. um fato natural que, medida que aumentam o tamanho do animal, estaro se elevando, paralelamente, seus requerimentos nutritivos. Romney Marsh: Originria da Inglaterra caracteriza-se pela produo de l bastante grossa (predominantemente cruzas de 3 e 4) e boa aptido para a produo de carne. Um aspecto que cabe salientar, diz respeito a sua adaptabilidade a solos mais midos, tendo em vista que sua regio de origem baixa e tem bastante umidade. Exige, porm, melhor nvel nutricional que as raas j citadas. Apresenta 40% de potencial para produo de l e 60% para produo de carne. 2.3 RAAS ESPECIALIZADAS NA PRODUO DE CARNE 2.3.1 RAAS LANADAS Este grupo sabidamente mais exigente em termos nutricionais e de ambiente em geral, adaptando-se melhor s criaes mais intensificadas, como no caso das pequenas propriedades. Nestas, em virtude da impossibilidade de se trabalhar com grandes rebanhos, o retorno econmico propiciado pela l no seria to significativo. Ile de France: Originria da Frana foi formada atravs de cruzamentos de raas inglesas com Merino Rambonillet. Foi introduzida no Brasil por volta de 1973 e teve uma boa aceitao em virtude de produzir l de melhor qualidade, em relao s demais raas de carne. So animais de grande porte, com bom desenvolvimento de massa muscular nas regies nobres

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(pernil, lombo e paleta). As fmeas apresentam altos ndices de fertilidade e prolificidade, com mdia de 1,40 a 1,70 cordeiros por parto. Os cordeiros so bastante precoces, apresentando timo ganho de peso, o que propicia a obteno de carcaas de boa qualidade. Hampshire Down: Raa originria do Sul da Inglaterra atravs de cruzamentos entre carneiros Wiltshire e Berkshire. Tambm pertence ao grupo dos Cara Negra e expandiu-se bastante em determinadas regies do Brasil, tendo se adaptado bem dentro das condies de meio ambiente j comentadas. Possui grande capacidade para produo de carne de excelente qualidade. Poll Dorset: Raa introduzida recentemente no Brasil por uma cabanha paulista, no ano de 1991. uma raa de carne, originria da Austrlia. Em sua formao, entraram principalmente, as raas Ideal, Dorset Horn e Poll Merino. Embora de origem Australiana, os melhores rebanhos so Neozelandeses, os quais sofreram um grande melhoramento para produo de carne. Suas principais aptides so; a produo de carne de excelente qualidade, velo sem fibras meduladas e pigmentadas e no estacionalidade de cio, sendo essa uma caracterstica ainda no testada em condies brasileiras. Texel: De origem Holandesa, foi introduzida no Brasil por volta de 1972. So animais que, tambm, apresentam l branca e, por isso, so muito utilizados no cruzamento industrial com matrizes laneiras ou mistas. So animais bastante precoces, caracterizando-se pela produo de carcaas de boa qualidade, com baixo teor de gordura. Suffolk: Raa originria da Inglaterra atravs de cruzamentos entre ovelhas Norfolk (animais nativos da regio sudeste da Inglaterra) com carneiros da raa Southdown. Foi aceita como raa a partir de 1859. Pertence ao grupo dos Cara Negra, apresentando cabea e membros totalmente desprovidos de l e cobertos por pelos negros. Adaptou-se bem ao Brasil, sendo criada nas mais diferentes regies. As fmeas tm boa habilidade materna, com grande produo leiteira, permitindo alimentar bem mais de um cordeiro. So animais bastante precoces, produzindo carcaas magras e de boa qualidade.

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2.3.2 RAAS DESLANADAS As raas deslanadas se apresentam como alternativa para regies onde no conveniente a explorao da l, como, por exemplo, regies de vegetao inadequada ou com carncia de mo-de-obra para tosquia. Destacam como produtoras de pele de tima qualidade, sendo representadas principalmente pelas raas Santa Ins e Morada Nova. Morada Nova: Raa nativa do Nordeste, resultante possivelmente, de seleo natural e recombinao de fatores em ovinos Bordeleiros e Churros trazidos pelos colonizadores portugueses. A ao continuada do ambiente quente e seco do Nordeste promoveu a perda da l e a adaptao do animal. Apresenta pelagem vermelha ou branca. So animais bastante rsticos, que se adaptam s regies mais ridas, desempenhando importantes funes sociais. Produzem carne e, principalmente, peles de tima qualidade, so ovelhas muito prolferas. Santa Ins: Existem muitas hipteses em relao origem da raa Santa Ins, como a que diz que esta o resultado do cruzamento entre as raas Bergamcia (raa italiana) e Morada Nova; e a que cita a descendncia de ovelhas africanas, trazidas pelos escravos negros. O Santa Ins um ovino de grande porte, produzindo boas carcaas e peles fortes e resistentes. As fmeas so timas criadeiras, parindo cordeiros vigorosos, com freqentes partos duplos e apresentando excelente capacidade leiteira. A raa caracterizada por quatro pelagens: branca, chitada, vermelha ou marrom e preta. 2.4 RAAS PRODUTORAS DE LEITE: Lacaune; Bergamcia; Comisana; Santa Ins.

2.5 RAAS PRODUTORAS DE PELE: Crioula; Karakul; Morada Nova; Rabo Largo; Somalis Brasileira.

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3. RAAS DE CAPRINOS A cabra foi o primeiro animal domesticado pelo homem capaz de produzir alimentos, h cerca de dez mil anos, por volta de 8.000 A.C. pelos povos nmades da sia e Oriente Mdio. De l para c, sempre acompanhou a histria da humanidade, conforme atestam os diversos relatos histricos, mitolgicos e at mesmo bblicos, que mencionam os caprinos. Apesar disso, poucas vezes teve seu valor devidamente reconhecido. Os caprinos tm a mesma origem que os bovinos, com o tronco ancestral dos antlopes e a diferenciao ocorrendo no Plioceno. As raas domsticas atuais descendem provavelmente da Capra aegagrus,da Prsia e sia Menor, Capra falconeri, do Himalaia, e Capra prisca,da bacia do Mediterrneo. A cabra domstica a Capra hircus.

3.1 RAAS COM APTIDO LEITEIRA Para a produo de leite a dvida dever ficar entre as raas Saanen, Alpina, Alpina britnica, Alpina americana, Toggenburg, Murciana ou mesmo a Anglo-nubiana. Saanen De origem Sua, vale do rio Saanen nos cantes de Berna e Appenzel, considerada uma das melhores raas para produo de leite. uma raa cosmopolita. um animal de grande corpulncia, profundo, espesso, possuindo uma grande estrutura ssea. Plos curtos, orelha ereta e curta. Cabea cnica e alongada, fina e bem elegante, fronte larga, perfil retilneo, orelhas pequenas e horizontais, olhos grandes e claros, com ou sem cornos, com ou sem barba. Pelagem uniformemente branca ou levemente creme. A mdia de produo de leite de 2 a 3 kg, com 3 a 3,5% de gordura. No Brasil, em criatrios com manejo adequado, conseguem-se produes mdias de 2 a 3 litros. O animal padro brasileiro possui grande porte, orelhas pequenas a medianas e eretas, chanfro reto, presena ou no de chifres, pelagem totalmente branca, plos curtos.

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Parda Alpina Origem Sua, encontrada desde as regies baixas at as regies montanhosas. Apresenta cabea com perfil retilneo, fronte larga, orelhas levantadas de tamanho mdio, pelagem parda (claro-acinzentado ao vermelho escuro), apresenta uma faixa negra no dorso sendo os membros escuros na parte inferior, e a cabea assim como a cauda mais escura que o restante do corpo. No Brasil apresenta grande porte; orelhas pequenas a medianas e eretas; chanfro reto; presena ou no de chifres; pelagem de cor variada, sendo no Brasil o padro alpino de cor acamurada, com listra preta na linha nuca-dorso lombar at a garupa; ponta das orelhas escuras; linha preta dos olhos ao focinho; parte distal dos membros preta; ventre escuro. Toggenburg Origem sua no Vale do Toggenburg, proveniente do cruzamento inicial da cabra Fulva de Saint-Gall x Saanen. Muito produtiva e rstica. Apresenta porte mdio, com cabea bem feita e alongada, fronte larga, perfil retilneo, pouco cncavo, orelhas pequenas na horizontal, sem cornos (podendo eventualmente apresentar chifres). Plos podem ser curtos ou apresentar fios mais compridos no dorso e na parte externa das coxas, bodes com plos mais longos e mais grossos. Cor castanho-cinza claro. Apresenta duas faixas brancas que partem do lado da boca e terminam junto s orelhas. A mdia de produo de leite de 600 a 900 kg em 275 - 305 dias de lactao. O animal padro brasileiro de porte grande, mostrando orelhas de tamanho mediano elevadas e dirigidas para frente; chanfro reto; presena ou no de chifres; pelagem de cor acinzentada, variando do claro ao escuro, com listras de cor clara que partindo das orelhas, passam pelos olhos e vo terminar nas comissuras labiais; focinho, parte distal dos membros e insero da cauda de cor branca; pelos de comprimento mediano a longo. Murciana A raa originria da Espanha na provncia de Mrcia. Os espanhis tm dedicado, ao longo das ltimas dcadas, bastante ateno explorao e seleo, para o

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aprimoramento da produo de leite. Essa raa praticamente desapareceu ao longo dos anos no Brasil, sendo reintroduzida por criadores do Estado da Paraba na dcada de 90. So animais de plos curtos e finos, de cor geralmente preta, podendo haver exemplares de cor castanho-escura. A cabea triangular, de perfil reto com frontal amplo e ligeiramente deprimido ao centro. As orelhas so de tamanho mdio, eretas e muito mveis. um animal geralmente mocho, de porte pequeno, com peso variando nas fmeas adultas de 45 kg a 60 kg, e nos machos adultos de 60 kg a 70 kg. A altura mdia da cernelha de 0,80m nos machos adultos e de 0,70m nas fmeas. A mdia de produo de 600 kg de leite por lactao. 3.2 RAAS COM APTIDO PARA CARNE Ber Originria da frica do Sul, a raa Ber o resultado do cruzamento de vrias raas de cabra, especialmente de cabras Indianas com a Angor. Essa seleo vem sendo feita desde o final do sculo passado, quando os criadores procuraram, atravs de selees, criar animais rsticos, bons produtores de leite, que produzissem carne de boa qualidade com melhor aproveitamento de carcaa e que apresentassem melhor converso alimentar, com o melhor peso. Os animais dessa raa chegam a apresentar ganho de peso de 200 at 300 gramas por dia. So animais robustos, pesados e harmnios, cabea proeminente, com chifres fortes, de comprimento moderado, posicionados bem distantes e com uma curva inversa gradual, tendendo a sair para as laterais. Os animais so brancos com o pescoo avermelhado, plo curto e macio. Savana A raa surgiu em meados de 1957 na frica do Sul, a partir de acasalamentos realizados pelo criador D.S.U.Cilliers e seus filhos, de fmeas com pelagem colorida com um reprodutor branco. O hbitat destas cabras brancas seria no campo tipo Savana, perto do rio Vaal, vivendo em condies edafoclimticas extremamente precrias. Como resultados da seleo natural somente teriam sobrevivido os mais aptos. Por isso, se admite que o manejo sanitrio da raa Savana seja simples e de baixo custo. A cabea triangular; as orelhas so de comprimento mdio a longo. A pele flexvel, grossa, totalmenteO princpio da sabedoria o temor a Deus.

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pigmentada de preto e os plos so curtos. O Savana um caprino de grande porte, os machos podem passar de 130 kg. As fmeas pesam normalmente entre 60 kg e 70 kg. Os animais so compridos, de boa conformao de carcaa, lombo comprido e largo, com pernil bastante desenvolvido. Os aprumos so bem definidos com membros fortes, ligamentos robustos, bom desenvolvimento muscular e ossos, quartelas e cascos muito fortes. Azul Tipo naturalizado do Nordeste Brasileiro. A cabra Azul originalmente africana e pertence ao grupo "Wad", que significa "West African Dwarf", ou "cabras pequenas do oeste africano". Nos Estados de Pernambuco, Paraba, Rio Grande do Norte e Cear encontram-se a maioria dos animais da raa ou tipo racial, entretanto, so prprios da caatinga do Estado do Piau. conhecida tambm pelas denominaes de Azulego, Azulona, Azula e Azulanha. A pele escura, as mucosas nasais e perineal so negras ou em tom cinza-escuro. A pelagem azulada ou cinza-azulada, podendo apresentar as extremidades bastante escuras. Algumas apresentam o debrum isto , o contorno da orelha tambm escuro. Animais com peso mdio em torno de 34 kg a 36 kg. Rstica e adaptada ao ambiente semi-rido. Gurguia um tipo nativo do Nordeste brasileiro. Alguns autores sugerem ser descendente da cabra Charnequeira de Portugal. Seu nome se deve a um afluente do rio Parnaba, no Piau. Apresenta pelagem vermelha escura com ventre de cor baia a castanha, linha dorso-lombar, ventre e parte inferior dos membros de cor preta. Perfil retilneo; chifres voltados para cima e para trs, com as extremidades tambm voltadas para trs; orelhas pequenas; pescoo proporcional cabea e ao corpo; linha de dorso reta; garupa curta e inclinada; corpo ligeiramente alongado; cascos escuros. Pesam em mdia 36 kg. Repartida Tipo naturalizado do Nordeste brasileiro, tambm conhecida como "Surro", que significa, pessoa suja ou roupa rasgada e suja. Possivelmente so oriundos do cruzamento

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de animais da raa Alpina Francesa com animais de pelagem parda. Apresenta a pelagem dividida ao meio, com duas cores distintas, sendo em geral, a parte anterior de cor baia e posterior preta. Admite-se, porm, o inverso, isto , que a parte anterior seja escura e a posterior baia. A delimitao da cor da pelagem entre o anterior e o posterior irregular. Apresenta peso corporal mdio de cerca de 36 kg.

3.3 RAAS COM DUPLA APTIDO Anglo - Nubiana Originria da Inglaterra, do cruzamento de cabras comuns Inglesas com bodes Nubianos importados da Nbia, India e Arbia. O resultado foi uma raa muita rstica. A cabea apresenta um tpico e acentuado perfil convexo. Orelhas grandes, largas e pendentes, terminando em ponta voltada para frente, pavilho interno voltado para a face. Normalmente mocha, mas pode apresentar chifres. Plo curto e lustroso, com colorao extremamente varivel, desde preta a branco em todas as tonalidades, ou manchada, sem predominncia de qualquer cor. Para efeito de registro so aceitos animais de qualquer cor, com preferncia para animais de pelagem apatacada (tartaruga). No padro brasileiro os animais possuem grande porte; orelhas grandes, largas e pendentes, com as extremidades voltadas para fora; chanfro convexo; presena ou no de chifres; pelagem de cores variadas exceto a totalmente branca, sendo mais comum as cores preta, vermelha, parda e suas combinaes; pelos curtos. Canind Raa naturalizada do Nordeste Brasileiro, e, provavelmente, originria da raa Grisonne Negra, dos Alpes Suos. Alguns afirmam que o nome oriundo de "Calind" que era a tanga branca de algodo, usada pelos escravos. O escravo vestia sua "calind" da mesma maneira que essa cabra vestia a sua "calind", aluso da parte baixa do corpo de cor branca, mantendo-se o restante de cor preta. Apresenta a cabea negra, com mancha baia, de tamanho variado, na regio da garganta. Na face, uma faixa branca ("lgrima") estreita percorre a arcada orbitria pelo lado interno (cranial), descendo at os lacrimais, ou pouco mais. Os plos da parte externa da orelha so negros, mas claros na parte interna e nosO princpio da sabedoria o temor a Deus.

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bordos so claros. O focinho negro. A linha branca ventral tem incio na base do peito, seguindo pelas axilas, passando pela regio inguinal e pelas ndegas, chegando at base da insero da cauda, onde os plos das bordas inferiores so claros. Os membros dianteiros e traseiros so negros na frente e brancos atrs, com exceo dos joelhos que so brancos, tanto na frente como atrs. Os cascos so sempre negros. E comum encontrar-se animais com pelagem preta e vermelha ao invs de preta e baia. Apresenta peso corporal mdio de 35 kg a 40 kg e altura aproximada de 55 cm. So rsticas e prolferas. Marota Tipo naturalizado do Nordeste brasileiro, que se originou de raas trazidas pelos colonizadores. Provavelmente se originou da prpria alpina branca. Encontrada nos sertes da Bahia, Pernambuco e Piau. Apresenta pelagem branca ou baia. Em geral, apresenta barba e pequenas pintas pretas nas orelhas, que so de tamanho pequeno e com pontas arredondadas. Os plos so um pouco maiores nos machos. A cabea ligeiramente grande, vigorosa; os chifres so bem desenvolvidos, divergentes desde a base e voltados levemente para trs e para fora, com as pontas reviradas quase sempre para frente, so grossos na base e afinando para as pontas. o pescoo delgado, propiciando ao animal um aspecto elegante; a linha de dorso reta; a garupa levemente inclinada; o corpo ligeiramente alongado; os membros so alongados, fortes e bem aprumados, terminando em cascos claros; a pele e as mucosas so claras, com pigmentao na cauda e face interna das orelhas, que nem sempre so pigmentadas; o bere bem conformado, embora pouco desenvolvido, com tetas claras. Apresenta em mdia 36 kg de peso corporal. Grana Tipo naturalizado do Nordeste brasileiro, provavelmente, descendente da raa Murciana, trazida da Zona rida da Regio Sul da Espanha. Tambm, conhecida por Preta Grana ou Preta de Corda. Apresenta pelagem preta, sem quaisquer outras nuanas. rstica, com peso corporal entre 35 kg e 40 kg.

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Moxot Raa naturalizada do Nordeste brasileiro. Foi introduzida no Pas pelos colonizadores, rstica e adaptada a zona semi-rida da regio Nordeste. A origem do nome "Moxot" provm do vale do Rio Moxot, no Estado de Pernambuco, onde se concentrava a raa. Na atualidade criada, principalmente, nos Estados da Bahia, Cear, Paraba, Pernambuco e Piau. Apresenta pelagem branca, com o ventre, uma lista que se estende do bordo superior do pescoo base da cauda, duas faixas longitudinais que se estendem at a ponta do focinho e as extremidades dos membros, de colorao preta. As orelhas so pequenas e as mucosas, as unhas e o bere pigmentados. O peso mdio das fmeas de cerca de 31 kg, com uma estatura mdia de 62 cm.

4. INSTALAES PARA OVINOS DE CORTE O manejo dos ovinos pode ser considerado simples, quando se puder dispor de mode-obra habilitada e infra-estrutura adequada. As instalaes necessrias para o perfeito manejo dos animais no so complexas, devendo, no entanto, ser planejadas dentro de padres especficos. Os principais componentes da estrutura necessria implantao de uma ovinocultura visando a explorao de ovinos de corte sero descritos a seguir. 4.1 PASTAGENS O ovino um ruminante. Portanto, a pastagem , sem dvida, o primeiro fator a ser analisado. Antes de tudo, deve-se ter conhecimento, atravs de uma anlise, das necessidades do solo, sabendo-se que so comuns a deficincia de fsforo, elevado teor de alumnio (txico para as plantas) e o baixo pH (acidez). A ovelha no tolera pastagens muito altas. Esta condio altamente estressante espcie, que tem por hbito o convvio comunitrio e a busca das partes mais baixas do capim. Por isso, depois de corrigir o solo, recomendvel formar pastagens com gramneas de crescimento rasteiro. O manejo das pastagens muito importante. Deve-se levar em conta o comportamento do capim, a poca do ano, o microclima da regio e tambm o comportamento animal. A subdiviso em

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piquetes vai depender muito do espao disponvel. Em reas pequenas no se recomendam muitas subdivises, em funo de alta concentrao de animais em espaos reduzidos, provocando elevado ndice de reinfestao parasitria. Para calculo de lotao trabalha-se com unidade animal (U.A), sabendo-se que uma vaca equivale a 1 U.A e um ovino adulto a 0,2 U.A Sendo assim se, por exemplo, uma pastagem suportar 2 U.A por hectare equivaleria a 2 vacas ou 1 vaca e 5 ovelhas. Outros aspectos importantes na pastagem esto relacionados drenagem e sombreamento. Os pastos devem ser isentos de alagadios e reas inundadas. A falta de sombra na pastagem fator limitante para a reproduo. O estresse trmico provoca em ovelhas no inicio de gestao a reabsoro do embrio, e nos reprodutores a m qualidade do smen. Isto coloca em risco toda reproduo de cordeiros em um ano. Da a importncia da arborizao dos pastos ou dos bosques naturais e artificiais para a proteo contra os ventos e, principalmente, radiao solar. A proporo dos bosques de 0,5 hectare para cada 500 ovelhas. 4.2 CERCAS As cercas para ovinos (Figura 1) devem ser construdas com 6 7 fios de arame liso, moures com espaamentos de 10 metros e 4 a 5 tramas nos meios. O 1 fio de arame deve ficar a 10 cm do solo. O 2 e o 3 fios devem distanciar 15 cm entre si e em relao ao 1. Entre o 3 e o 4 fios o espao deve ser de 25 cm e entre o 4, 5 e o 6 fios de 30 cm, dando uma altura total de 1,30 m que servir tambm para manter animais de grande porte. No entanto, se a propriedade j possuir cercas para bovinos, mesmo de arame farpado, basta acrescentar 2 ou 3 fios nos espaos inferiores.

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Figura 1. Modelo de cerca para ovinos (medidas em centmetros). A cerca eletrificada pode ser utilizada na subdiviso de pasto. Neste caso so 2 fios, um a 10 e outro a 20 cm do solo. Cercas de arame farpado: Este material s utilizado para ovinos deslanados, explorados para produo exclusiva de carne. Deve ser construda com seis fios, com o seguinte espaamento a partir do solo: 1 fio 5 cm 2 fio 10 cm 3 fio 15 cm 4 fio 15 cm 5 fio 20 cm 6 fio 25 cm Total 90 cm de altura Em locais onde h consorciao com eqinos e bovinos, a altura da cerca ser dimensionada em funo destes, podendo-se constru-la de arame farpado, colocando-se arame liso galvanizado apenas nos vos inferiores. Cercas de arame liso: o mais utilizado. Geralmente usamos fio ovalado, galvanizado, n 15/17 (1000 m/ 15 Kg). Cerca de 5 fios: 1 fio 10 cm; 2 fio 15 cm;; 3 fio 20 cm; 4 fio 25 cm; 5 fio 25 cm; Total 95 cm de altura.

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Cerca de 6 fios: 1 fio 10 cm; 2 fio 15 cm; 3 fio 20 cm; 4 fio 25 cm; 5 fio 30 cm; 6 fio 30 cm; Total 1,30 m de altura (atendendo no s aos ovinos, como tambm aos bovinos e eqinos). 4. 3 CENTRO DE MANEJO Como o prprio nome diz, esta indispensvel instalao centraliza, funcionalmente, todas as prticas com o rebanho. composto de: Mangueiras: tm a finalidade de facilitar a repartio do rebanho nas vrias categorias desejadas, de modo de a caber um numero razovel de uma s vez. Podem ser feitas de tbuas de madeira ou outro material que a substitua numa altura de 1 metro. Considerar 1m2/ animal. Tronco de contenso: preferencialmente de tbua, deve ter 90 cm de altura, e de 6 a 12 m de comprimento, abertura superior a 50cm inferior a 30 cm (figura 2). Outro modelo o tronco no sistema australiano, em que a largura maior e no qual se enfileiram vrios animais sendo que o tratador caminha entre eles.

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Figura 2. Vista frontal do tronco de conteno para ovinos Pedilvio: Para tal, pode ser aproveitado o piso do tronco ou ainda uma mangueira menor, com profundidade de 10 cm. Requer ateno para no deixar bordas que permitam que o animal deixe os cascos fora da soluo. Banheiro anti-srnico: para controlar as parasitoses externas do ovino (basicamente, sarna e piolho). Esta a parte mais cara do centro de manejo, mas indispensvel para aquelas criaes onde a l tem representatividade importante em termos econmicos. O tanque de imerso, em concreto, deve ter 60 cm de largura, 1,20m de profundidade e no mnimo 8m de comprimento, com rampa de sada iniciando-se 4m aps a entrada. Estas medidas no devem ser superiores se no houver pretenso de expandir o rebanho, uma vez que o excesso do produto utilizado torna a prtica de alto custo. Ao final da rampa de sada dever haver dois currais cimentados denominados escorredouros, com a finalidade de

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retornar banheira parte da soluo absorvida pela l, aps a passagem por uma caixa de decantao. Local de tosquia: pode ser usado um barraco j existente na propriedade, ou mesmo uma mangueira do centro de manejo, desde que tenha piso cimentado, cobertura e energia eltrica. Cobertura (Telhado): dever cobrir essencialmente o tronco de conteno, a banheira antisrnica e escorredouros, alm do local para tosquia. 4.4 CABANHA Trata-se de uma instalao com piso ripado, elevada do solo, que tem por finalidade principal abrigar reprodutores, animais de exposio e de alto nvel. Portanto dispensvel nas criaes comerciais. conveniente que nas cabanhas destinadas a abrigar reprodutores de raas de carne no se use o piso ripado em funo dos problemas de aprumo que podem causar. 4. 5 COCHOS Os cochos so usados basicamente para o fornecimento de sal mineral e raes. No campo, os cochos de sal podem seguir vrios modelos, assim como os de gado, mas em menores propores. Podem ser constitudos de qualquer material que no contamine o produto fornecido, como madeira, fibra e cimento. Os cochos de sal devem ser de fcil manipulao, podendo-se transport-los de um piquete para outro, conforme o uso. A cobertura importante para evitar que o sal seja molhado em dias de chuva. Ao contrrio do sal, os cochos para raes devem ter medidas mnimas para atender a todos animais que, depois de acostumados, procuram a dieta avidamente. Estes so usados mais especificamente nas cabanhas ou nos confinamentos. Os cochos para confinamento devem oferecer de 10 a 15cm/cabea, no caso de cordeiros, e de 25 a 30 cm/cabea, para os animais adultos. As outras medidas podem variar em torno de 30 cm para a largura, 20 a 25 cm para a profundidade e 15 a 30 cm distantes do solo, conforme a categoria. Tambores

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serrados ao meio funcionam bem para oferecer alimentos no pasto, como silagens. As manjedouras para fornecimento de capins e fenos seguem as medidas de 10 cm entre ripas verticais de 5 cm, saindo de um ngulo de 45. As telas, como as de alambrado, tambm funcionam na substituio das ripas de madeira. Na cabanha, as manjedouras construdas sobre o cocho permitem um maior aproveitamento do volumoso.

4.6 BEBEDOUROS A gua pode ser fornecida em caixas de alvenaria providas de bia, ou recipientes de fcil manuteno e limpeza. Nas cabanhas, o sistema em que cada baia apresenta seu bebedouro, onde todos so alimentados por uma nica caixa provida de bia, o mais recomendvel pela eficincia de manuteno e limpeza. 4.7 EQUIPAMENTOS So poucos os equipamentos necessrios para a ovinocultura. De modo geral, eles no so muito diferentes dos utilizados para bovinos e eqinos. So eles: tesoura para corte de l (tipo martelo), tesoura para aparo dos cascos, seringa dosadora tipo pistola com sonda oral para vermifugao e vacinao, tatuador ou alicate para brincos, ripado de madeira para tosquia, seringas, agulhas, dentre outros.

5. INSTALAES PARA CAPRINOS EM REGIME DE CRIAO INTENSIVA Os alojamentos para caprinos leiteiros devem ser dimensionados para no haver desperdcio de capital e a atividade consiga ser bem remunerada. So freqentes instalaes sofisticadas e caras, mas pouco funcionais com animais de baixo potencial e mal alimentandos. As instalaes para serem eficientes devem obedecer aos seguintes princpios: Abrigar adequadamente os animais, fornecendo-lhes conforto e segurana;

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Ser prtica funcional e de fcil limpeza; Ser resistente e duradoura; Facilitar a produo higinica do leite; Conter adequadamente os animais; Ser arejada, mas protegida de ventos e umidade; Proteger contra a variao de clima; Espaosas e racionalmente divididas; Estar em local de fcil acesso, com facilidade de gua e energia eltrica; Ser de baixo custo de construo e manuteno.

Localizao: Devem estar localizadas em reas secas, com ligeira inclinao para que no haja acmulo de umidade, sendo mais indicada a meia encosta, procurando evitar a face do terreno mais exposta ao vento, normalmente a face sul. Acesso: necessrio planejar no s a distribuio das instalaes pelo terreno como, tambm, a proximidade de capineira, do armazm de alimentos, das residncias e das reas de beneficiamento de leite, alm da estrutura de estradas da propriedade. Distribuio de gua e Luz: Deve ser considerada no planejamento para evitar despesas excessivas com redes eltricas e hidrulicas. A gua deve ser de boa qualidade, proveniente de fonte ou poo prximo e bem protegido. Posicionamento: As instalaes precisam ser construdas de forma a permitir a insolao plena das dependncias, devendo, sempre que possvel, apresentar o seu maior comprimento no eixo norte-sul, o que permitir a insolao plena e uniforme dos dois lados da instalao. No caso de a regio apresentar problemas com ventos constantes ou frios, o lado da instalao mais exposto deve prever proteo, seja por cortinas de plstico, seja por vedao ou, ainda, pela formao de quebra-vento natural. Funcionalidade: As instalaes devem prever o manejo a ser dado ao rebanho, visando facilitar a movimentao pelas dependncias, atravs de corredores e portes de dimenso adequada. O posicionamento dos equipamentos deve ser bem estudado, visando a maior facilidade na distribuio de alimentos. Para o sistema intensivo devem ser previstas as seguintes instalaes:

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5.1 CABRIL OU CAPRIL OU APRISCO Baia Individual para Bodes: Local: afastado do local da ordenha e manipulao do leite. Nmero: funo (n de cabras do rebanho): 1 bode/30 - 40 fmeas rea: 2 - 5 m 2/animal grade divisria - 1,4m Piso: ripado - 2 cm entre ripas ou cimentado com 2 - 3 % de declividade Baia Coletiva para Cabras em Lactao: rea: 1,5 - 2,0 m2/animal. N. de animais: 6 12 cabras/baia - grade divisria - 1,2 m Baia Coletiva Para Crias: N de baias: funo (n de fmeas e fertilidade); considerar: fertilidade 80 %; prolificidade 1,5 cabritos/parto; rea: 0,5 m2/animal; N de animais: 30 40 animais/baia. Baia Coletiva para cabras secas: rea: 1,20 - 1,50 m2/Cabras; N. de animais: 10 - 20 cabras/baia. Cabras Secas: 20 % do rebanho; Cabras de Reposio: funo da fertilidade e esquema de reposio. Baia Maternidade: rea: 1,80 m2/cabra; N. 1 baia/30 Fmeas do rebanho 2 - 3 cabras/baia 5.2 FARMCIA: 5 - 8 m2.

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Equipamentos: armrios, prateleiras, pia, energia

eltrica para esterilizao de instrumentos. 5.3 REA DE PREPARO E ARMAZENAMENTO DE RAO: Local: fcil acesso s baias, mas no muito perto, para evitar o problema do barulho prejudicial aos animais. rea: 0,40 - 0,50 m2/animal. Equipamentos: balana, moedor e misturador de rao. 5.4 REA DE EXERCCIO: Prxima ao capril, permitindo a desocupao das instalaes para limpeza e desinfestao. Pode ser coletivo ou individual por baias. Piso: cimentado ou impermevel para facilitar o escoamento da urina e limpeza das fezes. rea: 2 m2/animal, permitindo a ocupao pela metade do rebanho ao mesmo tempo.

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5.5 BRETE: altura: 1m, largura inferior: 0,4 m e superior; 0,6 m, comprimento 5 - 6 m. No seu final dever contar com porteira apartadora para permitir separao dos animais e ainda com pedilvio com 5 cm de profundidade. Se possvel ser coberto. 5.6 REA PARA ORDENHA: Local: de fcil acesso, porm no prximo aos reprodutores; Disposio: espinha de peixe. Equipamentos: refrigerador para leite, pia e tanque para lavagem dos utenslios. Exigncia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA): A dependncia para ordenha dever estar afastada de fonte produtora de mau cheiro e/ou construo que venha causar prejuzos obteno higinica do leite podendo ser construda contgua ao capril, desde que dele separada fisicamente por paredes internas; Poder ser dispensada pelo servio de inspeo, a sala de ordenha desde que o capril tenha condies satisfatrias, sendo, nesse caso, obrigatria a ordenha mecnica. A dependncia para ordenha dever ainda atender as seguintes condies: I - possuir piso suspenso na plataforma de ordenha; II - ter piso impermevel, revestido de cimento spero ou outro material aprovado, com declividade no inferior a 2 % e provido de canaletas sem cantos vivos, de largura, profundidade e inclinao suficientes, de modo a permitirem fcil escoamento de gua e resduos orgnicos; III - possuir rede de esgoto para escoamento de guas servidas e dos resduos orgnicos, canalizados a uma distncia suficiente para que no venha constituir-se em fonte de mau cheiro. As reas adjacentes devem ser drenadas e possuir escoamento para as guas pluviais; IV - possuir abastecimento de gua potvel em volume e presso suficientes para atender aos trabalhos dirios de higienizao dos animais, equipamentos e instalaes; V - ter janelas protegidas por telas e portas que impeam a entrada de insetos, no podendo o local ser utilizado para depsito de utenslios, equipamentos, alimentos ou outros produtos estranhos ordenha.

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5.7 REA DE MANIPULAO DO LEITE E QUEIJARIA: Local: no mnimo a 50 m do cabril a 100 m da esterqueira. Equipamentos: rea de recepo de leite, rea de pasteurizao, sala para fabricao de queijos, cmara de maturao. Exigncia da SAA: O beneficiamento do leite dever ocorrer em sala prpria, separada da ordenha. A dependncia de pasteurizao dever atender tambm as seguintes condies: I - possuir p direito de 3 (trs) metros, podendo, ser inferior, a critrio do servio de inspeo, e desde que disponha de recursos adequados de ventilao e exausto, e no utilize vapores no processo produtivo e/ou limpeza; II - possuir iluminao e ventilao adequadas; III - possuir paredes impermeveis; IV - possuir piso impermevel e antiderrapante; V - possuir gua potvel em quantidade e presso adequadas; VI - possuir telas nas janelas e portas; VII - possuir forro impermevel. 5.8 RESERVATRIO D'AGUA: Deve ser construdo a menor distncia possvel das instalaes e em lugar elevado. Volume: 50 - 70 l./animal. 5.9 ESTERQUEIRA: Previso de produo de dejetos/animal: animal adulto 1,5 a 2,0 kg fezes/dia ou 550 - 700 kg fezes/ano volume 1 m3/animal/ano. Local: distante pelo menos 50 m do aprisco e a 100 m do local de manipulao do leite. Tipo: Encosta, tendo o fundo declividade de 25 % para facilitar a descarga, abertura para escoamento do chorume e chamins teladas para escoamento de gazes. Deve ser dividida em 2 cmaras, para que quando uma estiver cheia possa permanecer alguns meses fechada para a fermentao. 5.10 EQUIPAMENTOS: Bebedouros: Bebedouros Internos (dentro das baias): Posio: altura: 70 cm para animais adultos e 40 cm para crias. Tipos: Concha; Caixa com nvel fixo: na qual o nvel dado por uma bia colocada em cada bebedouro. Vasos comunicantes: controlado pelo nvel de uma caixa me.O princpio da sabedoria o temor a Deus.

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Bebedouros Externos (na rea de exerccio): Proteo para evitar que os animais urinem dentro da gua. Profundidade: 20 - 25 cm, bebedouros muito fundo tornam a gua gelada e isto pode reduzir a ingesto em at 40 %. Cochos: Comprimento: 15 a 20 cm / animal. Altura: Crias: 10 cm do solo. Adultos: 25 - 30 cm do solo. Dimenses: fundo: 25 - 30 cm; altura anterior: 15 cm; altura posterior: 30 cm. Manjedoura: Altura: 30 - 40 cm do piso; comprimento: 20 cm / animal; altura da manjedoura: 80 cm; espaamento das ripas (5 x 2 cm): 15 cm. Plataforma de ordenha: Altura: 1 m; largura: 1m Saleiros Caixa de aleitamento 5.11 CERCAS: Para um maior aproveitamento das reas de pastejo necessrio a construo de cercas, dividindo em piquetes, o que possibilita a troca dos animais entre as reas, conforme a disponibilidade de forragem. A diviso dos piquetes poder ser feita com arame liso, farpado ou tela. Nos piquetes devero existir reas sombreadas prximas s aguadas ou bebedouros. Tela: Altura: 1,4 - 1,5 m. Distancia entre lascas: 3m. Obs.: conveniente ter arame (n 10) tranado na tela em baixo e em cima.. Pau a pique: Altura: 1,4 - 1,5 m. Distancia entre lascas: 2m. Obs.: deve ter arame (n 10) em baixo e em cima amarrado com arame mais fino em cada pau. Cerca de arame liso: Altura: 1,35 - 1,4 m. Distancia entre lascas: 3m. Obs.: distncia entre moures de 100 m. Distncia entre fios: 1 - 5 cm, 2 - 10 cm, 3 - 10 cm, 4 - 10 cm 5 10 cm, 6 - 15 cm, 7 - 20 cm, 8 - 25 cm, 9 - 30 cm.

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6. NUTRIO E ALIMENTAO DE OVINOS E CAPRINOS

6.1 CONSIDERAES GERAIS Os alimentos consumidos pelos ovinos e caprinos so destinados a mantena de suas atividades vitais e produo, a que se destinam (l, carne, leite, pele, etc.). Os caprinos e ovinos so pequenos ruminantes herbvoros, logo deve ser aproveitado o potencial das espcies, na transformao de fibras vegetais em fibras animal, principalmente carne e leite (alimentos proticos de alto valor biolgico e baixo custo de produo). Como ruminantes so capazes de obter a maior parte da energia que necessitam dos cidos de cadeia curta ou cidos graxos volteis (AGVs), produtos da fermentao dos alimentos no rmen, destacando-se o cido actico, propinico e o butrico. No intestino delgado onde ocorre a absoro dos nutrientes resultantes da digesto dos alimentos (glicose, aminocidos, lipdeos, minerais, vitaminas e gua), incluindo os microorganismos do retculo-rmen, importante fonte de protena microbiana. Desta maneira, observa-se na fisiologia desses ruminantes que os ovinos e caprinos so capazes de digerir e aproveitar as forragens. Sendo recomendado pelas pesquisas o fornecimento de 50 a 70% de matria seca na dieta na forma de volumosos. O fornecimento excessivo de concentrados, alm de acarretar menor eficincia no aproveitamento de nutrientes, com evidente reflexos no resultado econmico da atividade, tambm, poder favorecer a ocorrncia de problemas fisiopatolgicos nos animais (timpanismo, cetose, enterotoxemia e diarrias). A produo animal com forragem funo de sua capacidade de consumo e do valor nutritivo da mesma (Composio Qumica e Digestibilidade). A capacidade de consumo do animal influenciada pelos seguintes fatores: palatabilidade (aceitabilidade) da forrageira, velocidade de passagem pelo trato digestivo, efeito do ambiente sobre o animal (temperaturas excessivamente altas ou baixas, deprimem o consumo) e quantidade de forragem disponvel ao animal. Os pequenos ruminantes tm preferncia por gramneas de porte baixo e dividem seu tempo em trs principais atividades: busca do alimento, ruminao e descanso. Uma caracterstica marcante do hbito alimentar desses animais a seletividade, a qual no se prende apenas escolha preferencial de uma planta frente a outra, havendo tambm seleo dentro de uma mesma espcie e dentro de uma planta, que poder ter algumas partes preferidas pelo animal. Desta forma, h casos em que

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determinado sistema de produo no se mostra eficiente, mesmo com uma disponibilidade satisfatria de forragem, sem, contudo ser aceita pelos animais. As forrageiras tropicais sofrem grande variao, em quantidade e qualidade, durante as estaes do ano. Este problema poder ser solucionado, adotando preferencialmente, tcnicas de conservao de forragens (fenao e ensilagens), que permitem armazenar as sobras da poca de maior produo, para suprir as deficincias da fase seca invernal.

6.2 PASTAGENS Considerando-se as condies de clima e solo e ainda as caractersticas da estrutura e diviso fundiria predominantes na regio Sudeste do Brasil, a utilizao de pastagem formada por forrageiras de elevada produtividade e bom valor nutritivo, utilizadas em regime de pastejo intensivo, mostra-se como uma das alternativas de maior interesse para a ovinocaprinoculturacultura intensiva. importante ressaltar que as ovelhas em fase final de gestao e cabras em lactao principalmente aquelas com crias mltiplas no ventre, apresentam altos nveis de exigncia nutricional, o que quer dizer, necessidade do aporte de quantidades considerveis de protena, energia, minerais e vitaminas. Pastagem com elevada disponibilidade de forragens de alto valor nutritivo podem suprir a totalidade de nutrientes necessrios, tanto manuteno corporal das matrizes como s demandas da gestao. J em condies de pastagens mais fracas, seja em termos de disponibilidade de matria seca (MS) ou baixa qualidade da espcie forrageira predominante no pasto, h necessidade de suplementao alimentar de forma a se fornecer, em quantidade e qualidade, os nutrientes que a pastagem no consegue suprir. Nessas condies necessria a utilizao excessiva de concentrados na alimentao das matrizes, o que eleva significativamente o custo de produo e pode comprometer a viabilidade econmica da atividade. A obteno de boas pastagens para a utilizao com ovinos e caprinos depende do atendimento de alguns pontos bsicos: Uso de forrageiras produtivas e de elevado valor nutritivo, ou seja, com alta aceitabilidade pelos animais, elevada concentrao em nutrientes (energia, protena, minerais e vitaminas) e boa digestibilidade.

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A utilizao de gramneas de porte mdio a baixo, com altura inferior a 1,0 m, mais adequada ao comportamento dos ovinos em pastejo. Manuteno de nveis de fertilidade de solo adequados s exigncias da forrageira utilizada, com reposio dos nutrientes removidos pelo pastejo e lixiviao atravs de adubaes em pocas estratgicas. Adoo do sistema de pastejo rotacionado como forma de melhorar e uniformizar a utilizao da forragem e, principalmente, diminuir o nvel de infestao por lavas de helmintos (endoparasitos). Diversificao das forrageiras utilizadas, seja pelo uso da consorciao com leguminosas ou pela formao de reas com gramneas diversas, em pastos exclusivos, garantindo a diversificao dos nutrientes disponveis e aumentando o nvel de ingesto de matria seca pela variao da dieta. Isto resulta ainda em maior segurana em termos de problemas de ordem climtica (secas e geadas) e fitossanitrias (pragas e doenas), em funo da diferenciao das caractersticas e potencialidades das diversas forrageiras. Uso preferencial de espcies de hbito de crescimento cespitoso (porte ereto), que em funo da sua arquitetura, favorecem a inativao de larvas e ovos de helmintos (endoparasitos), em razo de permitirem uma maior insolao (dessecao das larvas pela diminuio da umidade e ao de radiao ultravioleta).

6.3 FORRAGEIRAS MAIS RECOMENDADAS PARA A FORMAO DE PASTAGENS Os ovinos e de modo muito semelhante os caprinos, tm por habito pastejar preferencialmente o topo das plantas, rebaixando a altura da pastagem pouco a pouco, como se estivesse retirando a forragem em camadas. Todavia em funo da anatomia bucal, caracterizada pela extrema mobilidade dos lbios e pela forma de apreenso do alimento com uso de lbios, dentes e lngua, conseguem ser bastante eficientes na separao e escolha do alimento a ser ingerido, conseguindo apreender, com facilidade, partes

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especficas da forragem mesmo as de menor tamanho. Isso possibilita ao animal, quando em pastejo, escolher as partes mais tenras e palatveis da planta, rejeitando as fibrosas e, portanto de menor valor nutritivo. Dessa maneira os ovinos conseguem realizar o pastejo bastante seletivo e rente ao solo. Em funo disso as forrageiras mais indicadas so aquelas que suportem o manejo baixo, apresentem intensa capacidade de rebrota atravs das gemas basais e que possuem sistema radicular bem desenvolvido garantindo boa fixao ao solo O ovino mostra acentuada preferncia por forrageiras de porte mdio a baixo. Em pastagens com plantas de porte mais elevado, com altura acima de 1,0 metro, os animais tendem a explorar mais intensivamente as reas marginais, resultando em subaproveitamento da forragem das reas centrais. Outra caracterstica tpica o comportamento extremamente gregrio apresentado pela espcie, que dificilmente explora a pastagem isoladamente, movimentando-se sempre em grupos. Em face disto, quando em pastagens de porte mais alto, que dificultam a visualizao entre os animais do rebanho, os ovinos tendem apresentar intensa movimentao pela rea, mostrando maior preocupao em se manterem prximos aos demais, o que prejudica o nvel de ingesto de alimento e resulta em aumento de perdas por acamamento devido ao pisoteio excessivo. Tomando-se em conta somente esses aspectos, as forrageiras mais indicadas seriam aquelas de hbito estolonfero (prostrado), tais como Coast Cross, Tiftons e Estrelas (gnero Cynodon), Pangola (gnero Digitaria), Pensacola (gnero Paspalum). Estas gramneas atendem relativamente bem s exigncias da espcie e seus hbitos de pastejo peculiares, no entanto e apesar de serem as mais utilizadas atualmente com ovinos, apresentam dois pontos bastante negativos: a maioria apresenta propagao por mudas, o que dificulta e encarece a formao de reas maiores de pastagens e mais importante, em funo do hbito de crescimento prostrado formam uma massa vegetal fechada que, mesmo quando rebaixada, impede a penetrao mais intensa da radiao solar e mantm um microclima favorvel a sobrevivncia das larvas dos helmintos. Isso dificulta o controle de verminose, principal problema sanitrio para os ovinos, sendo essa tanto maior quanto maior a lotao das pastagens, podendo chegar a inviabilizao da atividade. Em face disso e em determinadas circunstncias, essas forrageiras comeam a ser preteridas por alguns criadores. Outras forrageiras, normalmente utilizadas em pastagens para bovinos, tm sua utilizao

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dificultada para ovinos por apresentar porte excessivamente elevado ou por no tolerarem o pastejo rente ao solo e pisoteio intensivo promovido pelo ovino. Nesse grupo esto includas a maioria das gramneas dos gneros Panicum (colonio), Chloris (Rhodes) e Setaria, que ainda tem o agravante da baixa aceitabilidade. As gramneas do gnero Brachiaria, apesar da vantagem de propagao por semente e da acentuada persistncia e rusticidade, apresentam problemas de baixo valor nutritivo, limitando a sua utilizao quelas categorias de menor exigncia nutricional. Alem disso, em funo do habito de crescimento prostrado, dificultam o controle da verminose. Esses aspectos so ainda agravados pela maior possibilidade de ocorrncia de fotossensibilizao em ovelhas paridas e animais mantidos exclusivamente sobre essa forrageira. Uma das alternativas que tem mostrado melhores resultados o capim Aruana (Panicum maximum cv. Aruana) que apresenta as seguintes caractersticas: Cultivar do colonio, selecionado no Instituto de Zootecnia em Nova Odessa; Elevado valor nutritivo e excelente aceitabilidade pelos animais; Alta produtividade de forragem, variando de 18 a 21 toneladas de matria seca (MS)/ha/ano, com 35 a 40% dessa produo ocorrendo no inverno (perodo seco do ano); Porte mdio, atingindo aproximadamente 80 a100 cm de altura; Grande capacidade e rapidez de perfilhamento, com grande nmero de gemas basais, rebrotando aps cada ciclo de pastejo. Boa capacidade de ocupao da rea de pasto, no deixando reas de solo descobertas, o que evita o praguejamento e auxilia no controle de eroso; Propagao por sementes (formao mais fcil, rpida e de menor custo); Boa produo de sementes, garantindo o restabelecimento rpido da pastagem em caso de necessidade de recuperao (aps eventuais acidentes, como queima e geadas, ou degradao por falha de manejo); Boa tolerncia ao pastejo baixo (rente ao solo) promovido pelo ovino, o que possibilita a adoo dessa tcnica de manejo como parte estratgica no controle de parasitas (helmintos), promovendo a exposio de larvas s intempries climticas (radiao solar e vento); Arquitetura foliar ereta e aberta, tpica das forragens cespitosas (em touceiras), que propicia uma maior incidncia de radiao solar e maior ventilao dentro do perfil da

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pastagem. Isso fora a migrao das larvas para a base do capim logo s primeiras horas da manh, aps a secagem do orvalho, favorecendo o controle da verminose; Mostra-se relativamente tolerante s geadas e ao ataque de cigarrinha. Outra alternativa de interesse o capim Tanznia, tambm cultivar de Panicum maximum, que apresenta algumas caractersticas semelhantes ao Aruana, apresentando, todavia, porte um pouco mais elevado e capacidade de perfilhamento um pouco menor (menor quantidade de gemas basais). Essas forrageiras, em funo do habito de crescimento cespitoso, apresentam um manejo mais complexo que aquelas de habito prostrado. No entanto, o ganho em desempenho e, principalmente, o aspecto favorvel com relao ao controle da verminose, justificam a sua indicao como forrageiras ideais para os ovinos, prestando-se tanto para pastejo como para fenao (ou silagem).

6.4 ALIMENTOS VOLUMOSOS Fenos: Os fenos (ou pasto seco) constituem alimentos de grande valor para a alimentao dos ovinos e, especialmente, quando so de leguminosas. conveniente lembrar que o valor nutritivo dos fenos vai depender especialmente da poca de corte, dos mtodos utilizados na colheita da pastagem, preparao, proporo de folhas e armazenamento. Em geral, pode-se dizer que todos os fenos de boa qualidade e muito especialmente os de leguminosas (alfafa e trevos), podem compor perfeitamente 100% da dieta. Como ndice geral, o feno de leguminosas, cortado oportunamente e preparado adequadamente, apresenta em torno de 52% de NDT na MS. O feno de gramnea cortada no perodo de crescimento bem preparado apresenta ao redor de 47% de NDT.

Palhadas: Principalmente as palhas de cereais so mais alimentos de emergncia, podendo utilizar-se somente como parte da rao j que so de baixo valor nutritivo e pouca palatabilidade. Assim, so pobres em energia, protena, clcio, fsforo e vitaminas. Apresentam 35% de NDT e no se prestam para raes de produo. A palha de aveia figura como a de maior valor, seguida de cevada e depois a de trigo.O princpio da sabedoria o temor a Deus.

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Silagens: Quando h falta de forragens verdes, a silagem bem preparada em alimento suculento e apetecvel, de grande utilidade. a) Silagem de Milho Essa forragem satisfatria para a alimentao de ovinos, e calcula-se um valor nutritivo comparativo (quilo a quilo) de 33% a 50% a respeito de um quilo de feno de leguminosa. A boa silagem de milho contm em mdia 52% de NDT, e boa fonte de caroteno. Em geral, exige protena e fsforo suplementares. b) Silagem de pastos Sendo de boa qualidade e, especialmente se elaborada, a partir de leguminosas, tem um valor nutritivo e utilizao semelhante silagem de milho, no entanto, normalmente superior a este no seu contedo de protena e clcio. Esse aspecto deve ser levado em conta de forma especial, j que isso pode significar importante economia de suplementos proticos. c) Silagem de Sorgo Essa forragem pode constituir um bom substituto da silagem de milho, especialmente naquelas regies, onde difcil a obteno de bons rendimentos com o milho. Se lhe atribui um valor nutritivo de 25% a 30% junto a um feno de leguminosa de boa qualidade. Forragens de corte: Possuem caracterstica, semelhante s dos pastos, porm, um pouco inferiores, pois, quando pastejam, os animais rejeitam as partes menos apetecveis das plantas, de menor valor nutritivo, que so includas na colheita mecnica. A composio e o valor nutritivo da planta cortada verde dependem do estgio de vegetao, da fertilidade do solo e de outros fatores. Nas capineiras e culturas forrageiras para corte, mais fcil o emprego de fertilizantes e da irrigao, porque em reas pequenas pode ser obtida uma grande massa verde com diversos cortes anuais, embora o custo da forragem seja mais alto que do pasto cortado diretamente pelos animais.

6.5 RAZES E TUBRCULOS Tem um alto contedo em gua e, dessa maneira, sua porcentagem de MS fica entre 10% e 15%, na maioria dos casos. Por essa razo, seu valor nutritivo no estado fresco O princpio da sabedoria o temor a Deus.

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escasso, comparado a outras forragens de um contedo de MS superior, No entanto, as razes e os tubrculos, tais como mandioca, batata doce, beterraba, cenoura e nabos, possuem teores razoveis de fsforo e so pobres em protenas e clcio. Em geral, so, tambm, pobres em vitaminas, exceto a batata doce e a cenoura que so fontes de caroteno. A MS possui um baixo contedo de fibra que muito digestvel e de valor energtico consideravelmente elevado, por seu alto contedo de carboidratos (acares). As razes podem ser fornecidas ao gado ovino, segundo recomendaes europias, em quantidades que oscilem entre 7 e 9 kg dirio por animal, cuidando-se de suplement-las, convenientemente, no que diz respeito ao clcio, ao fsforo e vitamina A. Para engorda, calculam-se que as razes e os tubrculos, tenham em mdia, um valor comparativo de 68% em comparao com a silagem de milho. Assim, 4 kg de razes correspondem praticamente a 2.5 kg de silagem de milho ou a 1 kg de milho em gro. Recomenda-se seu fornecimento convenientemente picado, evitando-se possveis problemas de atragamento e afogo nos animais. 6.6 GROS, SUBPRODUTOS E OUTROS CONCENTRADOS Os cereais e seus subprodutos so muito usados na alimentao dos animais, porque so de fcil produo em muitas regies. So palatveis e ricos em energia, embora pobres em protenas e minerais. a) Aveia Constitui o gro perfeito para a alimentao de ovinos (ovelhas, carneiros, cordeiros de engorda). Possui alta palatabilidade um moderado contedo de fibra que ajuda a evitar transtornos digestivos que so freqentes ao se fornecer gros aos animais. Atribui-se lhe um valor nutritivo de 75% - 100%, sendo que comparado ao milho em gro pode substituir de 10 a 100% do alimento bsico da rao, no entanto atinge seu maior valor quando substitui somente uma porcentagem menor que 100%. Deve ser fornecida esmagada, ou como gro inteiro modo grosso. Supera o milho em protena, energia, clcio e fsforo. b) Milho Tem alto valor nutritivo e seu uso na alimentao ovina est restrito, especialmente por seu preo elevado, comparado outros gros. No caso de se fornec-lo aos animais, deve-se cuidar no faz-lo em excesso, j que seu baixo contedo de fibra e sua concentrao nutritiva podem produzir transtornos digestivos srios. Alm disso, mais pobre em protena que outros gros de cereais e seu contedo de clcio baixo, razesO princpio da sabedoria o temor a Deus.

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pelas quais se recomenda seu fornecimento juntamente com uma forragem de boa qualidade, para se obter mximo benefcio. Deve ser fornecido aos ovinos de preferncia como quirera ou desintegrado, com ou sem palha. c) Cevada, trigo, centeio Esses gros de cereais tm um valor nutritivo semelhante, destacando-se os dois ltimos pelo seu maior contedo em protena que o milho. Constituem alimentos satisfatrios para o gado ovino e quando comparados com o milho, seus valores relativos quanto alimentao so: trigo 90% - 95%, cevada 85% 100% e centeio 83% - 87%. Podem substituir 100% do alimento bsico, porm, isso no conveniente nem econmico, j que seu mximo rendimento e utilidade so alcanados quando figura como complemento de uma rao, cujo grosso est constitudo por forragem de qualidade. Nesse aspecto, deve-se lembrar que os gros de cereais so, em geral, baixos em clcio e sua maior utilidade est no fato de fornecerem quantidades considerveis de energia que deve ser administrado aos ovinos s em certos perodos crticos. d) Sorgo Seu cultivo e utilizao esto especialmente indicados para aquelas regies onde no possvel conseguir bons rendimentos com o milho. Os gros de Sorgo podem substituir parcialmente o milho, embora possuam valor nutritivo um pouco menor, devendo ser triturados grossos. e) Farelo de trigo Esse subproduto de moinho constitui um bom alimento para os ovinos, alcanando um valor nutritivo relativo de 90% comparado ao milho, quando usado em proporo no superior a 33% em substituio ao alimento bsico. Seu contedo protico superior ao dos gros de cereais, sendo, talvez, o alimento comum mais rico em fsforo. No entanto, baixo em clcio e contm quantidades mnimas de vitimas A e D. Dado o seu contedo relativamente alto em fibra, um alimento sadio que no produz transtornos digestivos e, conseqentemente, pode constituir uma valiosa ajuda para tornar mais leve os concentrados mais pesados e para iniciar os animais no consumo de gros ou concentrados. f) Arroz Os gros modos podem substituir parcialmente o milho, mas so pouco empregados, ao contrrio de alguns subprodutos. O farelo comum de arroz pobre em protena e rico em gordura e sua digestibilidade varia com a proporo das cascas. de difcil conservao, pois estraga facilmente. J o farelo desengordurado, mais rico em protena e contm menos energia, porm de conservao mais prolongada.

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g) Subprodutos agroindustriais A utilizao de resduos e produtos agroindustriais que apresentam valores de comercializao mais reduzidos, tem sido preconizada, para a alimentao de animais, especialmente em sistema intensivo de terminao de bovinos. Apesar de aproximadamente 70% dos resultados existentes sobre avaliao nutritiva dos alimentos para ruminantes, terem sido obtidas em pesquisas com ovinos, so muito escassas as informaes no-convencionais, principalmente em sistemas de alta produo. Dessa forma, torna-se importante discusso de alguns aspectos relativos viabilidade da utilizao de subprodutos agroindustriais na alimentao de cordeiros em sistema intensivo de produo, objetivando-se aumentar a rapidez de comercializao e a produo de carcaas de melhor qualidade.

6.7 SUPLEMENTOS PROTICOS Como seu nome indica, esses alimentos caracterizam-se pelo seu elevado contedo de protena em comparao com os alimentos comuns. Considerando-se que a maioria desses suplementos constitui subprodutos da elaborao de diferentes materiais, sua composio bastante instvel dada s variaes existentes na matria prima mesma e nos diversos processos empregados na elaborao do produto principal. Isso deve ser considerado na avaliao das quantidades nutritivas desses suplementos, j que isso determinar sua correta utilizao na alimentao. Estes alimentos so usados em quantidades relativamente pequenas por serem de alto custo, comparados com outros alimentos. No entanto, a incorporao de alguns poucos gramas dirios so geralmente suficientes. Porm, podem ser fornecidas quantidades altas, sem inconveniente algum, mas seu uso e propores estaro determinados, principalmente, pela classe e pela qualidade da forragem que estiver sendo fornecida ao gado, considerando-se suas necessidades alimentares, num determinado momento, e pelo custo relativo dos outros alimentos em comparao com o suplemento protico. Os suplementos proticos, ento, esto destinados especialmente a fornecer a protena necessria para o crescimento normal e o desenvolvimento do gado, e sero usados essencialmente durante os perodos crticos da alimentao e quando forem administradas forrageiras de qualidade deficiente ou no leguminosa.

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a) Farelo de linhaa um excelente suplemento protico para o gado ovino e seu uso est limitado especialmente pelo alto custo e escassa digestibilidade. Atribuindo, normalmente um contedo protico de 35% e de um baixo contedo de fibra, comparado a outros suplementos proticos de origem vegetal, um excelente suplemento para raes de animais destinados a exposies. rico em fsforo. b) Farelo de girassol Sua composio e seu valor nutritivo so variveis, dependendo, principalmente, da quantidade de casca que contenha. Em algumas anlises, tem-se determinado 47% de protena em dependncia do teor de fibra. Seu contedo de fibra superior ao farelo de linhaa. um suplemento que possui, ainda, protena de boa qualidade, junto a condies de alta palatabilidade, o que faz desse alimento um suplemento protico de alto valor para toda classe de gado ovino. Tem, tambm, a qualidade de conservar-se em boas condies durante o armazenamento. rico em fsforo e seu uso depende do preo. c) Farelo de colza Contm aproximadamente 33% de protena e quando usado em pequenas quantidades, seu valor nutritivo semelhantes ao dos suplementos anteriores. No entanto, de palatabilidade inferior, e a literatura cita casos de toxicidade e abortos, quando fornecido em quantidades altas a ovelhas prenhes. Assim, recomenda-se sua administrao em nveis no superiores a 250 g dirios para ovelhas prenhes. Usado nessa proporo em raes balanceados, estima-se que seu valor nutritivo seja similar ao do farelo de linhaa. d) Farelo de soja palatvel e contm, aproximadamente, 47% de protena, alm de ser boa fonte de clcio e fsforo. Seu emprego em raes de ruminantes depende do preo, pois muito procurado para raes de aves e sunos. e) Farelo de amendoim Quando de boa qualidade, no-oriundo de amendoim atacado por fungo um bom suplemento protico, pois apresenta em torno de 50% de protena e apetecvel. f) Farelo de coco O farelo de coco da Bahia contm em torno de 20% de protena e de difcil conservao; o de coco babau semelhante mas seu teor protico de 22%. No devem ser usados com exagero. g) Farinha de peixe Esse suplemento utilizado, principalmente, nas raes de aves e sunos, no entanto, pode tambm incorporar-se nas raes ovinas sempre que o preo for conveniente. Nesse aspecto interessante destacar que a farinha de peixe possui

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geralmente, o dobro do contedo de protena (60%) comparada aos suplementos proticos vegetais (33%). No entanto, tem-se demonstrando que a protena de ambas as classes de suplementos igualmente efetiva na