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REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015 17 POSTERS P 01 RETALHO V-Y BILATERAL PARA RECONSTRUÇÃO DO PERÍNEO APÓS EXCISÃO DE CPC DA MARGEM DO ÂNUS Carla Carneiro, Ricardo Rocha, Rui Marinho, Filipa Rocha, Carlos Leichsenring, Ana del Rio, Vasco Geraldes, Teresa Fiúza, Vitor Nunes Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, EPE Resumo: O carcinoma pavimento-celular do ânus é uma neopla- sia rara e que representa duas entidades distintas, o carcinoma do canal anal e o da margem do ânus. A cirurgia radical não é actualmente uma terapêutica de primeira linha neste tipo de tumor, dados os excelentes resultados obtidos com a quimio-radioterapia (QRT). Existem múltiplas técnicas cirúrgicas para a reconstrução do períneo após excisões alargadas nesta área anatómica. O nosso objectivo é descrever e demonstrar a técnica cirúrgica do retalho cutâneo V-Y bilateral, a propósito de um caso clínico. Apresentamos o caso clínico de um doente do sexo masculino, 77 anos, com o diagnóstico de carcinoma pavimento-celular da margem do ânus com 4,5 cm e invasão do complexo esfincteria- no em quem não foi possível concluir a terapêutica com QRT por múltiplas complicações sépticas graves e descrevemos a técnica de retalho V Y para reconstrução do períneo, demonstrando os passos críticos da cirurgia. É submetido a amputação abdominoperineal por via laparoscópi- ca. O tempo perineal consiste numa ressecção alargada com reta- lho cutâneo de avanço V-Y bilateral para encerramento do defeito. O doente encontra-se clínicamente bem, tendo já retomado a sua actividade prévia, sem evidência de recidiva aos 12 meses. O retalho V-Y é uma solução muito versátil para a reconstrução do períneo em doentes submetidos a ressecção local avançada, fácil de executar pelo cirurgião geral, reprodutível e com bons resultados. P 02 CIRURGIA TRANSANAL MINIMAMENTE INVASIVA POR GELPOINT PATCH – A NOSSA EXPERIÊNCIA Fabiana Sousa, Alexandre Duarte, Mariana Pais, Marina Morais, Cristina Fernandes, José Costa Maia, Pedro Correia da Silva Serviço de Cirurgia Geral, Centro Hospitalar de São João Introdução: A cirurgia transanal minimamente invasiva com recurso a pneumorrecto, descrita inicialmente em 2009, assu- miu rapidamente um papel importante na exérese de lesões não susceptíveis de ressecção endoscópica e/ou com diagnóstico de malignidade, associando-se a menor morbimortalidade relati- vamente à cirurgia clássica. Material e métodos: Os autores apresentam a sua experiên- cia com a utilização do GelPOINT Path (GPP) na ressecção de lesões do recto. Entre Julho de 2013 e Outubro de 2015, foram intervencionados 9 doentes, 4 mulheres e 5 homens, com idades compreendidas entre 48 e 90 anos (média de 75 anos) e classificação de ASA II-III. Em 2 doentes o estadiamento clínico pré-operatório foi de carcinoma invasor. O diâmetro crâneo-caudal variou entre 2.2 e 8 cm (média 3.99 cm), com a extensão circunferencial variando entre 33-100%. A distância do limite inferior da lesão à margem anal oscilou entre 5 e 10 cm (média 6.89 cm). Resultados: Em nenhum deles houve necessidade de converter abordagem cirúrgica. Em 2 dos doentes não foi possível avaliar histologicamente as margens de ressecção por fragmentação da amostra. Em 2 doentes o exame histológico da peça operatória revelou sinais de malignidade. O tempo de internamento variou entre 2 e 5 dias (média 3.6 dias). Foi registada apenas uma complicação - deiscência parcial da parede posterior, tratado conservadoramente. O estadiamento anatomopatológico de- finitivo não indicou a realização de terapêutica adjuvante em nenhum dos casos. Conclusões: No nosso conjunto de doentes apresentou mor- talidade nula e apenas foi descrito um caso de morbilidadeSão elegíveis para esta técnica doentes com lesões benignas não susceptíveis a ressecção endoscópica, tumores malignos do tipo T1N0 e sempre que a cirurgia major esteja contra-indicada. P 03 COLONOGRAFIA POR TAC PARA DETEÇÃO DE NEOPLA- SIAS COLORRECTAIS EM CONTEXTO HOSPITALAR Luís Maia 1 , F. Castro-Poças 1 , Marta Rocha 1 , Carlos Sampaio Macedo 2 , Manuel Teixeira Gomes 2 , Manuel Ribeiro 2 , Isabel Pedroto 1 1 Serviço de Gastrenterologia, Centro Hospitalar do Porto 2 Serviço de Radiologia, Centro Hospitalar do Porto Introdução: A colonografia TAC (ColoTC) embora recomendada para rastreio ou diagnóstico de cancro colorrectal (CCR) no caso de colonoscopia incompleta, impossível ou contraindicada, como exame primário não é claro. Objetivos: Avaliar indicações, limitações, achados, complicações e desempenho da ColoTC hospitalar. Métodos: Estudo retrospetivo das ColoTC realizadas em 2012 e 2013 para rastreio ou diagnóstico de CCR. Recolheram-se dados demográficos e clínicos. Analisaram-se achados cólicos, limitações e complicações do exame, comparando-os com as colonoscopias ou cirurgias nos 6 meses posteriores. Seguimento durante 18 meses após o exame. Resultados: 200 doentes com ColoTC para rastreio (n=72) ou diagnóstico de CCR (n=128). Idade média 67,8 anos; 35,5% homens. 66% realizaram colonoscopia prévia, 97% incompletas. Exame limitado em 48,5%: má preparação (24,5%), distensão incompleta (9%) ou ambas (14%). Encontradas neoformações suspeitas em 7 doentes (3,5%), pólipos 10mm em 5 (2,5%) e <10mm em 15 (7,5%), lesões planas em 1 (0,5%) e espessamentos suspeitos da parede cólica em 5 (2,5%). Taxa de complicações de 0,5% (sem internamentos, procedimentos invasivos ou mortes). Para CCR a ColoTC teve sensibilidade 100%, especificidade 97,9%, VPP 42,9%, VPN 100%. Pelo reduzido número de colo- noscopias subsequentes não foi possível avaliar o desempenho para pólipos. Dos espessamentos suspeitos e lesões planas apenas se confirmou 1 (VPP 16,7%). Não foram encontradas variáveis preditoras de CCR. Discussão/Conclusões: A ColoTC é um complemento seguro da colonoscopia na exclusão de CCR, com boa sensibilidade e VPN. A utilização de critérios clínicos para exclusão de CCR após 18 meses de seguimento podem limitar as conclusões do estudo.

P 03 - spcoloprocto.org · Vitor Nunes Hospital Prof. Dr ... miu rapidamente um papel importante na exérese de lesões não ... Joana Silva, Iolanda Ribeiro, Ana Ponte, Jaime Rodrigues,

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Page 1: P 03 - spcoloprocto.org · Vitor Nunes Hospital Prof. Dr ... miu rapidamente um papel importante na exérese de lesões não ... Joana Silva, Iolanda Ribeiro, Ana Ponte, Jaime Rodrigues,

REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015 17

POSTERS

P 01RETALHO V-Y BILATERAL PARA RECONSTRUÇÃO DO PERÍNEO APÓS EXCISÃO DE CPC DA MARGEM DO ÂNUSCarla Carneiro, Ricardo Rocha, Rui Marinho, Filipa Rocha, Carlos Leichsenring, Ana del Rio, Vasco Geraldes, Teresa Fiúza, Vitor NunesHospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, EPE

Resumo: O carcinoma pavimento-celular do ânus é uma neopla-sia rara e que representa duas entidades distintas, o carcinoma do canal anal e o da margem do ânus.A cirurgia radical não é actualmente uma terapêutica de primeira linha neste tipo de tumor, dados os excelentes resultados obtidos com a quimio-radioterapia (QRT).Existem múltiplas técnicas cirúrgicas para a reconstrução do períneo após excisões alargadas nesta área anatómica.O nosso objectivo é descrever e demonstrar a técnica cirúrgica do retalho cutâneo V-Y bilateral, a propósito de um caso clínico.Apresentamos o caso clínico de um doente do sexo masculino, 77 anos, com o diagnóstico de carcinoma pavimento-celular da margem do ânus com 4,5 cm e invasão do complexo esfincteria-no em quem não foi possível concluir a terapêutica com QRT por múltiplas complicações sépticas graves e descrevemos a técnica de retalho V Y para reconstrução do períneo, demonstrando os passos críticos da cirurgia.É submetido a amputação abdominoperineal por via laparoscópi-ca. O tempo perineal consiste numa ressecção alargada com reta-lho cutâneo de avanço V-Y bilateral para encerramento do defeito.O doente encontra-se clínicamente bem, tendo já retomado a sua actividade prévia, sem evidência de recidiva aos 12 meses.O retalho V-Y é uma solução muito versátil para a reconstrução do períneo em doentes submetidos a ressecção local avançada, fácil de executar pelo cirurgião geral, reprodutível e com bons resultados.

P 02CIRURGIA TRANSANAL MINIMAMENTE INVASIVA POR GELPOINT PATCH – A NOSSA EXPERIÊNCIAFabiana Sousa, Alexandre Duarte, Mariana Pais, Marina Morais, Cristina Fernandes, José Costa Maia, Pedro Correia da SilvaServiço de Cirurgia Geral, Centro Hospitalar de São João

Introdução: A cirurgia transanal minimamente invasiva com recurso a pneumorrecto, descrita inicialmente em 2009, assu-miu rapidamente um papel importante na exérese de lesões não susceptíveis de ressecção endoscópica e/ou com diagnóstico de malignidade, associando-se a menor morbimortalidade relati-vamente à cirurgia clássica.Material e métodos: Os autores apresentam a sua experiên-cia com a utilização do GelPOINT Path (GPP) na ressecção de lesões do recto. Entre Julho de 2013 e Outubro de 2015, foram intervencionados 9 doentes, 4 mulheres e 5 homens, com idades compreendidas entre 48 e 90 anos (média de 75 anos) e classificação de ASA II-III. Em 2 doentes o estadiamento clínico pré-operatório foi de carcinoma invasor. O diâmetro crâneo-caudal variou entre 2.2 e 8 cm (média 3.99 cm), com a

extensão circunferencial variando entre 33-100%. A distância do limite inferior da lesão à margem anal oscilou entre 5 e 10 cm (média 6.89 cm).Resultados: Em nenhum deles houve necessidade de converter abordagem cirúrgica. Em 2 dos doentes não foi possível avaliar histologicamente as margens de ressecção por fragmentação da amostra. Em 2 doentes o exame histológico da peça operatória revelou sinais de malignidade. O tempo de internamento variou entre 2 e 5 dias (média 3.6 dias). Foi registada apenas uma complicação - deiscência parcial da parede posterior, tratado conservadoramente. O estadiamento anatomopatológico de-finitivo não indicou a realização de terapêutica adjuvante em nenhum dos casos.Conclusões: No nosso conjunto de doentes apresentou mor-talidade nula e apenas foi descrito um caso de morbilidadeSão elegíveis para esta técnica doentes com lesões benignas não susceptíveis a ressecção endoscópica, tumores malignos do tipo T1N0 e sempre que a cirurgia major esteja contra-indicada.

P 03COLONOGRAFIA POR TAC PARA DETEÇÃO DE NEOPLA-SIAS COLORRECTAIS EM CONTEXTO HOSPITALARLuís Maia1, F. Castro-Poças1, Marta Rocha1, Carlos Sampaio Macedo2, Manuel Teixeira Gomes2, Manuel Ribeiro2, Isabel Pedroto1

1Serviço de Gastrenterologia, Centro Hospitalar do Porto 2Serviço de Radiologia,

Centro Hospitalar do Porto

Introdução: A colonografia TAC (ColoTC) embora recomendada para rastreio ou diagnóstico de cancro colorrectal (CCR) no caso de colonoscopia incompleta, impossível ou contraindicada, como exame primário não é claro.Objetivos: Avaliar indicações, limitações, achados, complicações e desempenho da ColoTC hospitalar.Métodos: Estudo retrospetivo das ColoTC realizadas em 2012 e 2013 para rastreio ou diagnóstico de CCR. Recolheram-se dados demográficos e clínicos. Analisaram-se achados cólicos, limitações e complicações do exame, comparando-os com as colonoscopias ou cirurgias nos 6 meses posteriores. Seguimento durante 18 meses após o exame.Resultados: 200 doentes com ColoTC para rastreio (n=72) ou diagnóstico de CCR (n=128). Idade média 67,8 anos; 35,5% homens. 66% realizaram colonoscopia prévia, 97% incompletas.Exame limitado em 48,5%: má preparação (24,5%), distensão incompleta (9%) ou ambas (14%). Encontradas neoformações suspeitas em 7 doentes (3,5%), pólipos ≥10mm em 5 (2,5%) e <10mm em 15 (7,5%), lesões planas em 1 (0,5%) e espessamentos suspeitos da parede cólica em 5 (2,5%). Taxa de complicações de 0,5% (sem internamentos, procedimentos invasivos ou mortes).Para CCR a ColoTC teve sensibilidade 100%, especificidade 97,9%, VPP 42,9%, VPN 100%. Pelo reduzido número de colo-noscopias subsequentes não foi possível avaliar o desempenho para pólipos. Dos espessamentos suspeitos e lesões planas apenas se confirmou 1 (VPP 16,7%). Não foram encontradas variáveis preditoras de CCR.Discussão/Conclusões: A ColoTC é um complemento seguro da colonoscopia na exclusão de CCR, com boa sensibilidade e VPN. A utilização de critérios clínicos para exclusão de CCR após 18 meses de seguimento podem limitar as conclusões do estudo.

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18 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015

P 04ÚLCERA RECTAL DE ETIOLOGIA INVULGARCardoso M.F., Anapaz V., Branco J.C., Lourenço L.C., Oliveira A.M., Rodrigues C.G., Horta. D., Reis J.Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, EPE

Resumo: Apresentamos o caso de uma doente de 50 anos, caucasiana, com antecedentes de asma brônquica, referenciada a consulta de Gastrenterologia por proctalgia acompanhada de falsas vontades, fezes em fita, hematoquézias de sangue vivo e perda ponderal de 10 kg, com 3 meses de evolução. Ao toque rectal, identificou-se lesão irregular de consistência dura a cerca de 5 cm da margem anal.Realizou rectossigmoidoscopia, onde se observou segmento de mucosa ulcerada e friável, entre os 6 e os 9 cm da margem anal, não procidente, com bordos irregulares e consistência dura ao toque da pinça de biopsia, ocupando cerca de 50% da circunferência luminal. O exame histológico mostrou mucosa parcialmente substituída por tecido necro-inflamatório e de granulação, compatível com úlcera, sem agentes infecciosos ou células neoplásicas.Complementou investigação com RM pélvica, que mostrou espessamento regular da metade anterior da circunferência rectal (terço médio), numa extensão de aproximadamente 2 cm, aparentemente confinada à parede e sem formações gan-glionares perirrectais. A TC-TAP identificou esboços nodulares pulmonares bilaterais inespecíficos, suspeitos de secundarismo, dado o contexto clínico.Repetiu avaliação endoscópica e biópsias, com resultados se-melhantes aos descritos.Foi medicada com supositórios de messalazina, com melhoria significativa das queixas proctológicas, apesar da persistência da úlcera.Analiticamente, a destacar CEA, CA 19.9, ASCA, ANCA, VDRL e TPHA negativos, serologias de VIH, Herpes Simplex I e II e CMV negativas, tendo-se constatado serologia positiva para Chlamydea Trachomatis (IgM).Cumpriu duas tomas de doxiciclina 200 mg, tendo posterior-mente realizado reavaliação endoscópica que mostrou cicatri-zação completa da úlcera rectal.

P 05CONSULTA DE PROCTOLOGIA – SÉRIE DE CASOS DE CARCINOMA ESPINOCELULAR DO CANAL ANALBarbeiro, S., Atalaia-Martins, C., Marcos, P., Gonçalves C., Cotrim I., Silva F., Canhoto M., Eliseu L., Santos A. E Vasconcelos H.Centro Hospitalar de Leiria

Introdução: O carcinoma do canal anal corresponde a 1,5% das neoplasias do sistema gastrointestinal, sendo o subtipo espinocelular o mais prevalente (75%). Descrevem-se três casos de carcinoma espinocelular que se apresentaram clinicamente como úlceras/fissuras do canal anal.Casos:Caso 1: mulher, 38 anos, com prolapso anal, proctalgia e retor-ragia com 1 ano de evolução. Observada fissura na comissura anal posterior, adjacente à qual apresentava uma área polipoide, dura e erosionada. A biópsia excisional confirmou o diagnóstico de carcinoma espinocelular. A fazer radioterapia.Caso 2: homem, 52 anos, com diagnóstico de fissura anal há 1 ano refractária ao tratamento tópico e analgesia oral. Observada

úlcera de bordos elevados no canal anal. As biópsias confirma-ram carcinoma espinocelular. Fez quimiorradioterapia com resposta completa.Caso 3: homem, 47 anos, homossexual com SIDA. Ante-cedentes de condilomas perianais. Com proctalgia intensa e incontinência fecal há mais de 1 ano. Observada uma extensa lesão nodular ulcerada com destruição do ânus e região perianal. A histologia demonstrou carcinoma espinocelular. O doente acabou por falecer por infecção oportunista.Conclusão: O carcinoma espinocelular do canal anal pode mi-metizar clinicamente patologia proctológica benigna frequente como a fissura anal/patologia hemorroidária. O espectro demo-gráfico é muito variável e ocorre em doentes sem factores de risco. A resposta à quimiorradioterapia é favorável se iniciada precocemente. Destacam-se estes casos para realçar a importân-cia da observação do canal anal e da suspeição clínica quando existem factores de risco e/ou sintomas refractários. P 06APRESENTAÇÃO INCOMUM DE DOENÇA DE CROHNJoana Silva, Iolanda Ribeiro, Ana Ponte, Jaime Rodrigues,João CarvalhoCentro Hospitalar de Vila Nova de Gaia- Espinho

Resumo: Mulher, 60 anos, referenciada para consulta por epi-sódios auto-limitados de dor abdominal na FID, com 3 meses de evolução, sem náuseas, vómitos ou febre. Referia perda de peso e dejeções moldadas. Trazia TC abdominal que mostrava invaginação ileocólica, com espessamento inflamatório do íleon terminal/cego. Analiticamente sem anemia ou leucocitose; PCR 1,80 mg/dl. Exame objetivo: abdómen mole, depressível e doloroso a palpação, com empastamento na FID. Realizou enteroRM que demonstrou espessamento significativo de várias ansas, incluindo ileon e cego, intercaladas por áreas estenóticas e múltiplos trajetos fistulosos inter-ansas, coexistindo invagina-ção da última ansa ileal no lúmen do cego (8cm de extensão). Realizou enteroscopia por monobalão com progressão até 30-40cm do ileon distal, observando-se válvula ileocecal congestiva, não ulcerada, sem imagens de invaginação; ileon distal: áreas ulceradas com subestenoses, intercaladas por mucosa normal. A imunofenotipagem foi negativa para linfoma. A histologia revelou processo inflamatório crónico inespecífico.A integração dos achados clínicos, endoscópicos, radiológicos e histológicos permitiram diagnóstico de doença de Crohn (DC) ileocólica.A doente melhorou clinicamente com prednisolona 40 /dia. Ini-ciou em junho de 2015 terapeutica combinada com azatioprina 2.5 mg/kg e infliximab 5 mg/kg de 8/8 semanas. Atualmente assintomática. Aguarda reavaliação imagiológica e endoscópica.Os autores apresentam caso de DC que se manifesta com in-vaginação ileocólica intermitente, sem quadro oclusivo. Mais de 90% dos casos no adulto são secundários a lesões neofor-mativas. A invaginação é uma manifestação muito rara de DC, ocorre em doentes com doença aguda ou com antecedentes cirúrgicos. Tratamento é controverso, podendo ser considerada a terapêutica médica.Apresenta-se iconografia e vídeo.

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REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015 19

P 07ABCESSO HEPÁTICO E TROMBOSE VENOSA COMO FOR-MA DE APRESENTAÇÃO DE CORPO ESTRANHO NO CÓLONRodrigues J. P., Fernandes C., Freitas T., Ribeiro I., Silva J., Ponte A., Carvalho J.Serviço de Gastroenterologia - Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho

Resumo: Os abcessos hepáticos podem surgir como resposta a qualquer lesão que quebre a integridade da parede intestinal e permita a disseminação bacteriana através da circulação portal, podendo, raramente, estar associados a trombose venosa.Relata-se o caso de doente do sexo feminino, 51 anos, que re-correu ao Serviço de Urgência por febre, epigastralgia e vómitos. Sem alterações de relevo ao exame objetivo. Analiticamente apre-sentava neutrofilia, sem leucocitose absoluta, elevação discreta das transamínases hepáticas e aumento da Proteína C Reativa (40,9 mg/dl). Realizou TC abdomino-pélvico que evidenciou abcesso hepático, no segmento VII, com 53x59mm, trombose de ramo segmentar portal e de ramo da veia supra-hepática direita. Observada ainda imagem linear densa no lúmen do cólon sigmóide, inespecífica.Foi internada sob antibioterapia de largo espectro e submetida a drenagem percutânea guiada da coleção abcedada. Apesar das medidas instituídas, sem melhoria do quadro clínico nos primei-ros dias de internamento. Para esclarecimento de imagem cólica, realizou colonoscopia que demonstrou, na transição retossig-moideia, um corpo estranho (palito) a penetrar a parede cólica. Procedeu-se à sua remoção com pinça de corpos estranhos, sem intercorrências. Na reavaliação endoscópica sem evidente perfuração cólica. A doente permaneceu sob antibioterapia empírica com franca melhoria clínica e resolução imagiológica da coleção abcedada nos dias subsequentes.A ingestão acidental de corpos estranhos é um evento comum, podendo estar associada a complicações em menos de 20% dos casos. Para nosso conhecimento, este é o primeiro caso descrito da apresentação da ingestão de um corpo estranho sob a forma de abcesso hepático e trombose venosa em simultâneo.

P 08SÍNDROME PÓS-POLIPECTOMIA – A REALIDADE NUM CENTRO TERCIÁRIODavid Perdigoto, Manuela Ferreira, Francisco Portela, Carlos Sofia.Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)

Resumo: A síndrome pós-polipectomia é uma entidade bem definida. Dado que clinicamente pode mimetizar perfuração intestinal a sua identificação é crucial para evitar intervenções cirúrgicas desnecessárias.O objetivo foi determinar a ocorrência desta síndrome num hospital terciário. Concomitantemente pretendeu-se caracterizar esta entidade, identificar fatores que favoreçam a sua ocorrência e de pior prognóstico.Método: Pesquisa retrospectiva dos internamentos num serviço de Gastroenterologia.Resultados: De Agosto/2006 a Setembro/2015 foram identifi-cados 16 doentes internados por síndrome pós-polipectomia. A idade média foi de 64 ± 10 anos (47 a 76) sendo 56,2% do sexo masculino. Em 31.3% o pólipo foi removido do cego. A dimensão média dos pólipos foi de 20 ± 10 mm (6-40 mm). As lesões sésseis correspondiam a 68.8 % da totalidade.

Mais de metade dos doentes (56.3%) apresentaram dor precoce-mente (1-6 horas após o procedimento). À admissão 56.3% dos doentes tinham febre, 87.5% leucocitose (14 ± 4; 7-22 x109/L) e 100% PCR elevada (10 ± 7; 1-26 mg/dl). Todos os doentes apre-sentaram radiografia abdominal com ausência de ar peritoneal. Apenas 31.3% dos doentes foram submetidos a TAC abdominal.Antibioterapia empírica foi utilizada em 75% dos doentes. O período de internamento foi 6 ± 5 dias (2 a 23).Não houve mortes nem necessidade de intervenção cirúrgica.Conclusão: é importante identificar a síndrome pós-polipec-tomia pelo seu curso favorável e complicações raras. Clínica e radiografia abdominal são cruciais para o diagnóstico. Não se pode concluir quanto à existência de fatores de risco ou de pior prognóstico. P 09CARACTERÍSTICAS CLÍNICOPATOLÓGICAS DE DOENTES COM CONDILOMAS DO CANAL ANAL: A EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO DE REFERÊNCIAArmando Peixoto, Marco Silva, Cristovão Figueiredo, Rosário Serrão, José A. Sarmento, Guilherme MacedoServiço de Gastrenterologia e Infeciologia – Centro Hospitalar São João,

Porto, Portugal

Introdução: Os condilomas do canal anal com displasia associa-da são uma condição precursora do carcinoma anal epidermóide. Os grupos de risco envolvem doentes com displasia cervical, in-fecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) e, em geral, doentes com infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV).Objetivo: Avaliação das características clinicopatológicas da população de doentes com condilomas do canal anal.Métodos: Análise retrospetiva de todas as biópsias e consequen-te excisão de condilomas do canal anal realizadas na consulta de Proctologia entre 2012-2015, num centro único.Resultados: Realizaram-se 106 biópsias de condilomas do canal anal num total de 55 doentes seguidos durante 10±14 meses (perdido follow-up em 12 casos). Os doentes eram na maioria homens (86%), com idade média de 38±10 anos, 82% apresentavam infeção VIH. Em 60% dos casos havia história prévia de condilomas, 34% displasia prévia e 35% tratamento prévio de condilomas. Em 70% das biópsias foi detetada displasia (displasia de alto grau (DAG) em 49%; carcinoma in situ em 2%). Os doentes sem infeção VIH apresentaram uma maior in-cidência de DAG. Durante o follow-up 49% foram submetidos a tratamento (87% com ablação por árgon-plasma), verificando-se recorrência das lesões em 36% dos casos ? superior nos doentes com DAG (p=0.046).Conclusões: Nesta amostra, salienta-se a elevada incidência de condilomas do canal anal com DAG, em particular nos doentes sem infeção VIH. O elevado número destas lesões e, nomeadamente, a deteção de 2 casos de carcinoma in situ refletem a necessidade de uma vigilância regular dos doentes com infeção HPV.

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20 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015

P 10DOENÇA ANORECTAL EM DOENTES INTERNADOS NUM SERVIÇO DE HEMATOLOGIA – EXPERIÊNCIA DE UM CENTRORafaela V. Loureiro, Verónica Pavão Borges, Mário Jorge Silva, Carlos Bernardes, Mariana Costa, Diana Carvalho, Pedro Russo, Tiago Capela, Maria João Bettencourt, António David MarquesServiço de Gastrenterologia - Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE

Introdução: A patologia proctológica, nomeadamente sépsis anal, era responsável por elevada taxa de mortalidade (69%) nos doentes hematológicos.Objetivos: Caracterização da patologia proctológica em doentes hematológicos; análise de factores de risco, abordagem terapêu-tica e evolução clínica.Material e métodos: Revisão retrospetiva dos processos de todos os doentes internados no Serviço de Hematologia (Janeiro 2010 a Setembro de 2015), observados por sintomas proctológi-cos em consulta de Proctologia. Analisados dados demográficos e evolução clínica, num período de follow-up de 30 dias.Resultados: Seleccionados 84 doentes, idade mediana 56 anos, 63,1% (n=53) do sexo masculino. Cinquenta e quatro doentes (64,3%) encontravam-se internados por Leucemia Mieloblástica Aguda e 82,1% (n=69) tinham doença hematológica activa. Oitenta (95,2%), tinham realizado quimioterapia nos 15 dias precedentes. As principais queixas proctológicas foram a proc-talgia (83,3%, n=70) e a rectorragia (46,4%, n=39). Mais de metade dos doentes (64,3%, n=54) tinha febre e, 67,9% (n=57), neutropenia grave (<500 cél/µL). A maioria dos doentes (67,9%, n=57) apresentava complicações “não sépticas”: fissura, doença hemorroidária (incluindo trombose) e úlcera ano-rectal, tendo sido adoptadas preferencialmente medidas conservadoras, com resolução completa. Vinte e sete doentes (32,1%) apresentavam complicações “sépticas”: abcesso, fleimão perianal e fístula; 15 foram submetidos a canulação e colocação de seton, ou drena-gem/desbridamento cirúrgico. Ocorreram 2 mortes (2,4%), uma relacionada com sépsis de origem perianal.Conclusão: Nesta série de doentes, a maioria das complicações proctológicas foram devidas a condições “não sépticas” e resol-vidas com medidas conservadoras. O desbridamento cirúrgico/procedimento proctológico deve ser reservado às condições “sépticas”, que apresentam melhor prognóstico que no passado.

P 11COLITE ISQUÉMICA INDUZIDA POR FÁRMACOS – UM COCKTAIL PERIGOSOCapela T, Russo P, Bernardes C, Carvalho D, Bettencourt MJHospital de Santo António dos Capuchos

Resumo: Os autores apresentam o caso de homem de 74 anos, com história de HTA e obstipação, internado por dor abdominal tipo cólica sucedida de hematoquézia, cerca de 12 horas após iniciar preparação protocolada para colonografia virtual com picossulfato de sódio, sulfato de bário e ácido ioxitalâmico. No serviço de urgência com abdómen doloroso à palpação sem sinais de irritação peritoneal. Laboratorialmente com Hb 11,4g/dL, proteína C reactiva 80 mg/dL e angio-TC com espessamento parietal do recto e cólon esquerdo com dilatação dos segmentos cólicos a montante. Rectossigmoidoscopia demonstra mucosa rectal e sigmoideia difusamente ulcerada, de aspecto necrótico.

Iniciada antibioterapia de largo espectro e sinalizada situação clínica à equipa cirúrgica. No internamento com estabilidade clínica e hemodinâmica, optando-se por manter terapêutica conservadora. Reavaliação endoscópica e imagiológica, ao dia 15 após admissão, com evolução favorável. Histologia de biopsias cólicas com aspectos sugestivos de colite isquémica.Motivações: A colite isquémica é responsável por 9-24% das hospitalizações por hemorragia digestiva baixa, resultando, no que ao cólon esquerdo diz respeito, fundamentalmente de alterações transitórias da vascularização cólica secundárias a hipovolémia. Os agentes de contraste e limpeza, estão com maior ou menor grau de evidência, estabelecidos como factores etio-lógicos de isquémia cólica, seja pela sua elevada osmolalidade, que condiciona desidratação e hipovolémia (picossulfato de sódio e ácido ioxitalamico), seja por distensão cólica (sulfato de bário). Apresenta-se este caso pela gravidade do quadro clínico, bem como pela importância de ajustar fármacos protocolados às condições clínicas dos doentes, aspectos que muitas vezes não podem ser controlados pelo médico assistente.

P 12TERAPÊUTICA ANTI-TNFα NO TRATAMENTO DA DOENÇA DE CROHN ESTENOSANTE – RESULTADOS APÓS 1º ANO DE FOLLOW-UPCarlos Bernardes, Diana Carvalho, Pedro Russo, Joana Saiote, Jaime RamosHospital de Santo António dos Capuchos, Centro Hospitalar de Lisboa Central

Introdução e objetivos: Embora a abordagem clássica da Doença de Crohn estenosante (DC-E) envolva a cirurgia, as potencialidades da terapêutica biológica vieram abrir o leque de opções na gestão destes doentes. Os dados relativos ao papel da terapêutica anti-TNFα na DC-E são escassos. O objectivo deste estudo visa analisar a eficácia desta terapêutica em indivíduos com DC-E.Métodos: Análise de registos prospectivos, realizados às sema-nas 0, 4, 14, 30 e 54, de doentes que iniciaram anti-TNFα entre 2005 e 2015 por DC-E, definida pela presença de sintomas de sob-oclusão/oclusão e identificação de pelo menos uma este-nose com dilatação a montante em exame(s) imagiológico(s). End-point primário: necessidade de cirurgia. End-points secundários: remissão clínica e necessidade de terapêutica médica adicional.Resultados: 35 doentes (21 mulheres; 31±10anos): 2 com estenose do cólon e 33 com estenose(s) na região ileo-cecal ou no intestino delgado. Vinte iniciaram Infliximab e 15 Adalimu-mab;86% medicados com corticóide e/ou imunomodulador à semana 0, com índice Harvey-Bradshaw médio de 7,3 (mínimo 5, máximo 15). Seis doentes necessitaram de ressecção cirúrgica durante o período de follow-up: 3 à semana 30, 2 à semana 54 e 1 durante a o período de indução. Após a indução, 80% dos doentes (n=28) atingiram remissão clínica. À semana 54, 83% dos doentes encontravam-se em remissão clínica livre cirurgia e corticóides.Conclusão: Após 1 ano de tratamento, os anti-TNFα foram eficazes na obtenção e manutenção de remissão clínica livre de corticóides. Durante o período de follow-up, apenas 6 doentes (17%) com DC-E necessitaram de terapêutica cirúrgica.

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REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015 21

P 13QUAL O PAPEL DA COLONOSCOPIA DE VIGILÂNCIA EM DOENTES COM CARCINOMA COLO-RECTAL?Rita Vale Rodrigues, João Pereira da Silva, Isadora Rosa, Isabel Santos, Nuno Pereira, Carla Soares, António Dias PereiraGrupo Multidisciplinar Cólon e Recto, Instituto Português de Oncologia de Lisboa,

Francisco Gentil

Introdução: Os doentes com carcinoma colo-retal (CCR) tratados com intenção curativa apresentam risco aumentado de recidiva local, de tumores síncronos (TS) ou metacrónicos (TM) e de adenomas colo-rectais sendo candidatos a vigilância endoscópica periódica.Objetivos: avaliar as taxas de recidiva local, de TS ou TM e de detecção de adenomas (DA) em colonoscopias de vigilância (1º e 4ºano após ressecção colo-rectal) e identificar características clínicas associadas à DA numa coorte de doentes com CCR tratados com intenção curativa.Material e métodos: Estudo de coorte, unicêntrico. Foram incluídos todos os doentes com CCR estádios II e III AJCC, tratados com intenção curativa, integrados em programa de vigilância intensiva entre 03/2008-07/2015, com pelo menos uma colonoscopia de vigilância. Análise estatística em SPSS-20.Resultados: Avaliámos 391 doentes; idade média=65±10 anos; 59,8%-sexo masculino; tumor primário: recto-51,2%, cólon esquerdo-29,9%, cólon direito-18,9%; Ao diagnóstico: colonoscopia incompleta-34,5%, DA-31,5%, TS-4,3%. Durante o follow-up: 182 doentes realizaram dois exames de vigilância; 36,6% apresentaram adenomas e 2,6%: recidiva local (n=5), TS (n=3) ou TM (n=2). Taxa de DA: 1ºano-31,7%, 4ºano-29,7%. A DA no 1ºexame de vigilância associou-se positivamente com a DA após 3 anos (p=0,001). Após análise multivariada os fac-tores associados à DA foram: sexo masculino (p=0,01) e tumor primário no cólon esquerdo (p=0,011).Conclusões: Durante o período de vigilância intensiva pós--resseção colo-rectal >1/3 dos doentes apresentaram adenomas e 2,6% recidiva local ou tumores síncronos/metacrónicos, o que justifica a manutenção de vigilância endoscópica, com destaque para o sexo masculino, tumores do cólon esquerdo e indivíduos com adenomas no 1ºexame de vigilância.

P 14COLONOSCOPIA NA HEMORRAGIA DIGESTIVA – EXPERIÊNCIA DE UM SERVIÇO DE URGÊNCIABorges V., Carvalho D., Loureiro R., Costa M., Russo P., Capela T., Bernardes C., Silva MJ., Pinto A., Esteves J.Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE

Introdução: A colonoscopia é o exame de primeira linha na avaliação da hemorragia digestiva baixa, apresentando como vantagens: visão directa da mucosa e possibilidade de inter-venção terapêutica.Objetivos: Avaliar o papel da colonoscopia de urgência (CU) na hemorragia digestiva (HD).Material e métodos: Análise retrospectiva das colonoscopias realizadas por HD no serviço de urgência de um hospital central num período de 6 meses. Considerou-se diagnóstico definitivo quando foi identificada uma lesão com hemorragia activa (HA), vaso visível ou coágulo aderente. Um diagnóstico presuntivo foi estabelecido quando se observou sangue associado a uma lesão

potencialmente hemorrágica.Resultados: Foram realizadas 97 colonoscopias (38 totais) em 79 doentes (40 homens), com idade média 70 anos e he-moglobina média inicial 9.7g/L. Em 30% das colonoscopias uma preparação intestinal inadequada limitou o exame. Um diagnóstico definitivo foi estabelecido em 15% dos doentes, com 75% das lesões a localizarem-se no cólon esquerdo. As causas mais frequentes foram úlcera rectal (33%) e proctite rádica (25%). Em 48% dos doentes estabeleceu-se um diagnós-tico presuntivo, sendo a hemorragia diverticular (32%), colite isquémica (18%) e neoplasia (11%) as causas mais frequentes. A hemorragia cessou espontaneamente em 62% dos doentes. Foi realizada terapêutica endoscópica em 17 colonoscopias. Em 9 doentes com HA houve controlo endoscópico da hemorragia em 8 (89%), sendo 1 doente submetido a cirurgia. Não houve registo de complicações.Conclusões: A CU mostrou ser uma técnica segura. Em 63% dos doentes estabeleceu-se um diagnostico. A possibilidade de controlar uma HA com terapêutica endoscópica constituiu uma vantagem atraente.

P 15COLITE PSEUDOMEMBRANOSA - CASUÍSTICA DE INTERNAMENTOS DE UM HOSPITAL CENTRALMartins D., Godinho V., Sousa P., Pinho J., Araújo R., Cancela E., Castanheira A., Ministro P., Silva A.Centro Hospitalar Tondela - Viseu

Introdução: A colite pseudomembranosa (CPM) é a causa mais comum de diarreia associada aos cuidados de saúde, geralmente associando-se a antibioterapia prévia. O seu espectro clínico é variável, desde diarreia ligeira a colite fulminante. Objetivos: Caracterização da população de doentes adultos internados com diagnóstico de CPM num hospital central. Material e métodos: Análise retrospetiva do processo clínico dos doentes internados com o diagnóstico principal ou secun-dário de CPM entre Janeiro 2012 e Junho 2015, registando-se fatores demográficos, fatores de risco como toma de antibiótico, método diagnóstico, severidade da doença, tratamento efetuado e complicações. Resultados: 105 internamentos (58% CPM como diagnóstico principal), média etária — 76 ±15, sexo masculino — 45%; fatores de risco associados institucionalizados — 26,7%, hospita-lização nos 3 meses prévios — 47%, antibioterapia nos 3 meses prévios — 85%, 48% dos quais com betalactâmicos. Diagnós-tico por pesquisa de toxina A e B em > 95% dos doentes, 15% colonoscopia sugerindo CPM. 60% dos doentes apresentavam colite ligeira, 22% CPM grave e complicada, 15% recorrências (n=16). O tempo médio até resolução de sintomas foi de 5 dias. Cerca 40% dos tratamentos adotados apresentaram algum desajuste em relação às recomendações atuais. Mortalidade por CPM 10% (n=11). Conclusões: A CPM atinge maioritariamente idosos, frequente-mente com antibioterapia/hospitalização prévias. A classificação da gravidade da colite e adequação do tratamento a efetuar são fatores chave para minimizar as complicações associadas.

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P 16ENCERRAMENTO ENDOSCÓPICO DE FÍSTULA POS-OPERATÓRIA EM DOENTE COM COLITE ULCEROSA SUBMETIDO A PROTOCOLECTOMIA TOTALPaula Sousa, Diana Martins, Juliana Pinho, Ricardo Araújo, Eugénia Cancela, António Castanheira, Paula Ministro, Américo SilvaCentro Hospitalar Tondela-Viseu

Resumo: A protocolecomia com anastomose ileo-anal na co-lite ulcerosa (CU) está indicada nos casos de doença refratária ou de displasia associada à doença. Apesar de ser considerada historicamente como um tratamento “curativo” para a CU, podem ocorrer complicações cirúrgicas tanto a curto como a longo-prazo, nomeadamente o desenvolvimento de fístulas associadas à bolsa. Apesar de uma complicação pouco comum, os trajectos fistulosos são causa de uma morbilidade elevada e o seu tratamento é ainda um desafio, com necessidade de múltiplos procedimentos.Relata-se o caso de um doente de 59 anos, com o diagnóstico de colite ulcerosa extensa com 4 anos de evolução, a quem foi detetado adenocarcinoma in situ no reto. Por este motivo, foi submetido a protocolectomia total com anastomose ileo-anal, bolsa ileal e ileostomia de protecção. Dois meses após a cirurgia foi realizado exame endoscópico de controlo, tendo-se detetado trajecto fistuloso na bolsa com orifício de aproximadamente 10 mm, que não se conseguiu encerrar com clips. Foi utilizada uma técnica endoscópica englobando abrasão dos bordos do trajeto fistuloso, colocação de rede reabsorvível de Vicryl e injecção de cola de fibrina, com encerramento do trajeto, e sem complicações a registar.Apresenta-se este caso por representar uma opção no tratamento das fístulas pós-operatórias na colite ulcerosa.

P 17PAPEL DA RECTOSSIGMOIDOSCOPIA FLEXÍVEL URGENTE NA ABORDAGEM DE DOENTES COM SUSPEITA DE HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXACardoso M.F., Branco J.C., Anapaz V., Lourenço L.C., Oliveira A.M., Rodrigues C.G., Carvalho R., Reis J.Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, EPE

Introdução: A retossigmoidoscopia flexível (RSF) é frequen-temente utilizada em contexto de urgência na abordagem de doentes com suspeita de hemorragia digestiva baixa (HDB), por se tratar de um exame acessível e que não requer preparação intestinal.Objetivos: Avaliar a utilidade da RSF urgente na suspeita de HDB.Métodos: Foram avaliados retrospetivamente 50 doentes que recorreram consecutivamente ao Serviço de Urgência do nosso Hospital entre Fevereiro e Setembro de 2015 por hematoquézias com menos de 7 dias de evolução e que foram submetidos a RSF. Excluíram-se doentes com colite ulcerosa. Foram comparados os doentes em que a RSF foi suficiente para identificar a etiologia da HDB com os submetidos posteriormente a colonoscopia em internamento.Resultados: A idade média dos doentes foi 72±16 anos e 46% eram do sexo masculino. Os diagnósticos de saída mais fre-

quentes foram colite isquémica (32%) e hemorragia diverticular (20%). 64% dos doentes realizaram apenas RSF durante o inter-namento, com os seguintes diagnósticos: colite isquémica/outra (n=19), úlcera do recto (n=4), neoplasia do recto/canal anal (n=2), hemorroidas (n=4) e outros (n=3). Estes apresentavam idade mais jovem (69.5 vs 78.4 anos; p=0,037), maior frequência de dor abdominal (p=0,002), hemoglobina mais elevada (12.4 vs 9.7 g/dL; p<0,0001) e maior valor de PCR (3,35 vs 0,86 mg/dL; p=0,029). Houve também uma tendência para a associação destas variáveis (exceto a idade) com o diagnóstico de colite.Conclusões: A RSF urgente poderá ser suficiente na abordagem de uma percentagem elevada de doentes com suspeita de HDB, obviando a necessidade de colonoscopia em internamento.

P 18PREDICTORS OF MALIGNANCY IN COLORECTAL VILLOUS ADENOMASAaditya Bhatwal, Unnikrishnan G, Roopa Paulose*, Puneet DharDepartment of Surgical Gastroenterology & *Pathology

Amrita Institute of Medical Sciences, Kochi, Kerala, India

Introduction: Colorectal cancer is among the commonest malignancy worldwide and 95% arise from the adenomatous polyps. Villous adenomas are the least common (<5%) but has the highest malignant potential of 40% and it increases with size (≥2 cm, ≥50%).Aims and Objectives: To investigate the clinico-pathological features of villous adenoma and identify the risk factors leading to its progression to malignancy.Materials and methods: Retrospective, cross sectional com-parative study. 98 patients diagnosed as colorectal villous adenoma from January 2000 to June 2014. Exclusion Criteria: Extra-colonic adenomas, familial polyposis syndromes, syn-chronous malignancies. All biopsies were reviewed including those done elsewhere (30/98). Chi- square test was applied to test the statistical significance.Results: Incidence of malignancy in colo-rectal villous adenoma is 56.1%. Mean age of villous adenoma with malignancy was 59.5 years while that of villous adenoma and malignancy from non-adenoma was 66 years. Ulceration on colorectal polyps at index endoscopy was significant predictor of malignancy (p = 0.0016). 80% villous adenoma seen in left sided colon. Polyp size and synchronicity had no significant impact. On colonos-copic biopsy alone, 28 cases (43.1%) had missed malignancy.Conclusions: It can be concluded from the present study that colo-rectal villous adenomas have a high malignant potential. Ulceration on colorectal villous adenomas at index colonoscopy was a strong predictor of invasive malignancy.

P 19PROTOCOLECTOMIA TOTAL COMPLICADA POR DEISCÊNCIA ANASTOMÓTICA EM DOENTE COM COLITE ULCEROSA – O QUE FAZER?Martins D., Sousa P., Pinho J., Araújo R., Cancela E., Castanheira A., Ministro P, Casimiro C., Silva A.Centro Hospitalar Tondela - Viseu

Resumo: Homem, 69 anos, diagnóstico de psoríase, colite ulcerosa distal desde 2008. Medicado cronicamente com Mes-salazina.

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Realizou videocolonoscopia total com cromoscopia em 2014 e 2015 com biópsias cujo exame histológico revelou colite ul-cerosa ativa no cólon sigmóide e displasia de baixo grau focal sob epitélio críptico.Em remissão clínica, foi discutido com o doente a orientação clínica a seguir, optando-se pela referenciação a cirurgia.Submetido a protocolectomia total com anastomose ileorretal com bolsa em J e ileostomia de proteção em Junho 2015.Por febre no pós-operatório realizou TC pélvica que mostrou deiscência daanastomose em continuidade com coleção pre-sagrada com 8x3,4x4,5 cm. Submetido a retoileoscopia que revelou zona de deiscência na sua porção posterior, em continuidade com loca revestida por tecido de granulação, sem orifícios aparentes na sua parede. Bolsa ileal sem alteraçõesIniciou antibioterapia com boa resposta clínica e analítica.Manteve seguimento endoscópico regular após a alta verifi-cando-se preenchimento da loca por tecido de granulação com re-epitelização da mesma, sem aparentes trajetos fistulosos.Como intercorrências apresentou síndrome depressivo, episó-dios de lesão renal aguda pre-renal, resolvidos após terapêutica médica.Orientado para encerramento cirúrgico de ileostomia de pro-teção.Apresentava-se o caso por se tratar de doente em que a aborda-gem conservadora e multidisciplinar com vigilância apertada do doente permitiu a resolução do quadro de deiscência de anastomose retoileal sem necessidade de cirurgia adicional.

P 20ABORDAGEM DE KRASKE NAS LESÕES RETRO-RECTAIS CONGÉNITASM. Ferreira, S. Carlos, P. M. Pereira, R. Souto, R. Cardoso, J. C. RealHospital Garcia de Orta

Resumo: As lesões retro-rectais ou pré-sagradas classificam-se quanto à etiologia em congénitas (ex.: quisto dermóide, tera-toma, tail gut cyst), inflamatórias (ex.: abcessos anorectais), neurogénicas (ex.: neurofibromas, ganglioneuroma), ósseas (ex.: osteoma, osteossarcoma) e outras (ex.: tumor desmóide, fibroma, lipoma).As lesões congénitas constituem 55-70% das lesões retro-rectais.Considerando as lesões congénitas, 60% são quistos de desen-volvimento: dermóides, epidermóides, teratomas, e tail gut cysts.O quadro clínico é habitualmente inespecífico, sendo a dor peri-sagrada o sintoma mais comum.A ressonância magnética é crucial na identificação e caracte-rização destas lesões, sendo útil a complementarização com ecografia endorectal.O diagnóstico definitivo é histológico.A excisão está indicada para a caracterização histológica e diag-nóstico da lesão, diferenciação entre lesões benignas e malignas, e resolução da sintomatologia nos doentes sintomáticos.Na excisão das lesões retro-rectais está descrita a abordagem pelas vias perineal, transsacral, transesfincteriana, interes-fincteriana, transanal, transrectal e transvaginal. A escolha de abordagem depende da localização, extensão e envolvimento das estruturas adjacentes.A abordagem de Kraske é uma abordagem minimamente in-vasiva que permite acesso e visualização adequados do espaço

pré-sagrado e excisão de lesões localizadas abaixo de S3.Descrevemos dois casos de lesões retro-rectais: um quisto epi-dermóide e um tail gut cyst submetidos a excisão transsacral no último ano, no nosso centro.Estes casos ilustram a sobreposição de características semioló-gicas e imagiológicas das lesões retro-rectais, a importância do exame histológico no estabelecimento do diagnóstico definitivo e as vantagens da abordagem de Kraske na sua excisão.

P 21ÚLCERA ANAL COMO MANIFESTAÇÃO INICIAL DE TUBERCULOSECarlos Veiga, Pedro Leão, Humberto Cristino, Mesquita RodriguesHospital de Braga

Introdução: A tuberculose extrapulmonar é responsável por menos de 15% dos casos de tuberculose, sendo que a tuberculose intestinal constitui menos de 1% das formas extrapulmonares da doença. As lesões dos órgãos abdominais ocorrem com alguma frequência, enquanto que a região peri-anal é raramente afectada.Obectivos: Descrição de caso clínico e revisão da literatura.Material e métodos: É relatado o caso clínico de úlcera anal como manifestação inicial de tuberculose, incluindo os exames complementares e o tratamento. Por fim é realizada uma revisão da literatura e discutidas as opções terapêuticas.Resultados: Relatamos o caso de um homem de 77 anos com uma úlcera perianal. O doente não apresentava qualquer sin-tomatologia pulmonar. Foi submetido a uma biópsia da lesão que demonstrou tratar-se de tuberculose anal. O doente realizou posteriormente estudo radiológico torácico que confirmou a existência de doença pulmonar simultânea. Após seis meses de tratamento anti-bacilar, a úlcera teve remissão completa.Discussão/Conclusões: Apesar da sua raridade, a tuberculose deve ser tida em conta como uma das causas de úlcera anal. O tratamento é geralmente médico, mas pode ser também cirúrgico nos casos mais graves. O atraso no diagnóstico pode levar à exposição dos seus conviventes e profissionais de saúde e risco de infecção pelo bacilo de Koch.

P 22CARCINOMA PAVIMENTO CELULAR EM SINUS PILONIDALISRicardo Rocha, Rui Marinho, David Aparicio, Marta Fragoso, Marta Sousa, Carla Carneiro, Vasco Geraldes, Vitor NunesHospital Prof.Dr. Fernando Fonseca, EPE, Serviço Cirurgia B

Resumo: O Sinus Pilonidalis Sacrococcigeo é uma patologia frequente na nossa população, predominantemente em homens. Encontra-se descrita o seu potencial de malignização, com taxas descritas entre 0,02 e 0,1%, em Carcinoma Pavimento-celular.Habitualmente cursa em doentes com histórias de infecções recorrentes, tenham sido previamente submetidos a excisão do quisto ou não.O seu prognóstico é habitualmente mau.Apresentamos o caso de um doente 64 anos, com historia de Sinus PIlonidalis há mais de 40 anos.Refere ter sido excisado o referido quisto há 4 décadas, com posterior reaparecimento.À data do diagnóstico apresentava uma lesão em localização sacrococcigea com cerca de 15 cm de maior eixo, friável, ulce-

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rada e vegetante.Foi realizada bióspsia da lesão que confirmou o diagnóstico de CPC.A RMN realizada demonstra uma lesão volumosa com exten-são aos músculos glúteos à direita, com dúvidas acerca da sua extensão á face posterior do sacro.A TAC de estadiamento não revelou doença metastática.Foi submetido a excisão radical da lesão, com margens ma-croscópicas superiores a 1cm, não se confirmando a invasão do sacro posteriormente.Foi realizado um retalho de Limberg para encerramento do defeito.A anatomia patológica confirmou o diagnóstico de CPC mode-radamente diferenciado com margens livres (menor margem de 7mm, na margem profunda), T2. Teve alta ao 6º dia após a cirurgia, sem complicações associadas ao retalho.Apresentamos um caso de uma patologia rara, no entanto com mau prognóstico dada a sua habitual apresentação tardia. Apre-sentamos igualmente o retalho de Limberg como opção cirúrgica em situações de defeitos volumosos na região sacrococcogea.

P 23LINFOMA PLASMABLÁSTICO DA REGIÃO PERIANALRicardo Rocha, Rui Marinho, Marta Fragoso, Marta Sousa, David Aparicio, Fernando Gomes, Carlos Leichsenring, Carla Carneiro, Vasco Geraldes, Vitor NunesHospital Prof.Dr. Fernando Fonseca, EPE, Serviço de Cirurgia B e Serviço de

Oncologia Médica

Resumo: O linfoma plasmablástico é uma neoplasia associada à infecção por HIV, constituindo, de acordo com a classificação da OMS, uma variante do linfoma difuso de células B.Apresentamos o caso de um doente de 40 anos, melanodérmico, natural da Guiné-Bissau. Antecedentes de HIV sob TARV.Foi referenciado à consulta de Proctologia por lesão volumosa da região perianal com extensão à nádega esquerda, com cerca de 6 meses de evolução, com 15 cm de maior eixo, de aspecto cerebróide, friável, com múltiplos episódios de hemorragia.O estadiamento tumoral não revelou doença à distância. Foi realizada biópsia da lesão que revelou tratar-se de Linfoma Plasmablástico cutâneo.Iniciou terapeutica citostatica (CHOP), com total remissão da lesão cutânea.Apresentamos um caso de uma patologia rara, essencialmente associada à infecção pelo HIV, mas que cujo diagnóstico dife-rencial impõe que seja realizado e cujo tratamento não passa pela ressecção cirurgica, mas pela terapêutica citostática, com bons resultados.

P 24PROCEDIMENTO DE DELORMECarla Carneiro, Ricardo Rocha, Rui Marinho, Carlos Leichsenring, Vasco Geraldes, Vítor NunesHospital Prof.Dr. Fernando Fonseca, EPE, Serviço Cirurgia B

Resumo: O prolapso rectal externo é uma invaginação de todas as camadas da parede do recto através do canal anal com im-pacto negativo na qualidade de vida dos doentes. Os objectivos do tratamento são corrigir o prolapso restaurando a anatomia e melhorar a função restaurando a continência e o trânsito.Existem múltiplas técnicas cirúrgicas para o tratamento do

prolapso rectal. O procedimento de Delorme tem sido tradi-cionalmente recomendado para os doentes frágeis e idosos com elevado risco cirúrgico, ou quando se pretende preservar a função sexual e reprodutiva nos indivíduos jovens.O nosso objectivo é descrever e demonstrar a técnica cirúrgica do procedimento de Delorme, a propósito de um caso clínico.Apresentamos o caso clínico de uma doente do sexo feminino, 66 anos, com múltiplas comorbilidades, em terapêutica paliativa por carcinoma de pequenas células do pulmão, com um prolapso rectal externo. Submetida a procedimento de Delorme sob BSA, doente teve alta ao 3º dia, e descrevemos a técnica demonstrando os passos críticos da cirurgia.O procedimento de Delorme continua a ser uma ferramenta importante nas opções do cirurgião colorectal, permitindo corrigir a anatomia, melhorar a função e a qualidade de vida em doentes frágeis com o diagnóstico de prolapso rectal externo.´

P 25O USO DE PLUG DE COLAGÉNIO NUMA FÍSTULA ANASTOMÓTICA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICOLiliana Duarte, Milene Sá, Ricardo Araújo, Fernando Valério, Vitor Marques, Carlos Casimiro, Luís Filipe PinheiroCentro Hospitalar Tondela-Viseu

Introdução: A fístula anastomótica é uma das complicações temidas na cirurgia colo-rectal pelo aumento da morbilidade e mortalidade nestes doentes, associada a um risco aumentado de recorrência e de diminuição da sobrevida.Os plugs de colagénio têm sido usados como estratégias tera-pêuticas noutros tipos de fístulas, pelo que o seu uso, em fístulas anastomóticas, também é apelativo.Métodos: Revisão do processo clínico de um doente com fístula anastomótica colo-rectal baixa, com resolução pela aplicação endoscópica de plug Gore BIO-A.Caso clínico: Doente de 78 anos submetido a ressecção anterior do recto com excisão total do mesorecto por neoplasia, anasto-mose termino-terminal com EEA 31 e ileostomia de proteção, em Abril de 2014. O exame radiológico antes da alta mostrou fístula anastomótica. Após várias tentativas de encerramento da fístula com outros materiais, optou-se pela colocação de plug de colagénio por via endoscópica. A fístula encerrou, com confir-mação endoscópica e radiológica, permitindo o encerramento da ileostomia de protecção .O doente encontra-se em follow--up, sem recidiva da sua doença oncológica nem complicações associadas à fístula encerrada.Discussão/Conclusão: A resolução das fístulas anastomóticas após cirurgia colo-rectal permanece um desafio para o cirurgião, já que determina significativamente o prognóstico destes doen-tes. Na literatura, não existem séries sobre este tipo de aplicação dos plugs de colagénio. No entanto, o aparente bom resultado neste caso, poderá levar ao desenvolvimento de mais uma opção terapêutica na abordagem destas complicações.

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P 26TRATAMENTO CONSERVADOR DA OBSTIPAÇÃO SEVERA EM DOENTE NASCIDA COM ÂNUS IMPERFURADO – CASO CLÍNICOJosé Gonçalves1, Carla Rocha2, Rita Garrido1, João Côrte-Real2, Rui Maio1

1Hospital Beatriz Ângelo 2Hospital Garcia de Orta

Resumo: As malformações congénitas ano-rectais são raras, contudo associam-se frequentemente a patologia funcional crónica (colo-rectal e uro-genital) de difícil resolução.Os autores descrevem o caso clínico de uma doente de 28 anos, nascida com um ânus imperfurado, operada recém-nascida (colostomia derivativa) e ao 1º ano de idade (reconstrução do trânsito intestinal). Até aos 13 anos, foram realizadas 3 dilata-ções anais. Manteve-se obstipada (> 7 dias sem evacuar) com diarreia de sobrecarga, medicada com laxantes sem sucesso, as-sociando-se queixas de polaquiúria, compromisso da vida sexual e tentativas infrutíferas de engravidar. A TC abdomino-pélvica revelou dolicosigma e volumoso fecaloma ocupando todo o quadro cólico esquerdo, condicionando moldagem extrínseca sobre a parede vesical e empurramento do útero. No exame sob anestesia, foi feita extracção da coluna fecal e biópsia rectal de espessura completa. O estudo imuno-histoquímico (proteína S100, NSE e calretinina) e coloração com HE, identificaram feixes nervosos no córion da mucosa, o plexo nervoso da sub--mucosa e uma célula ganglionar. A manometria demonstrou adequado tónus em repouso e pressões de contracção voluntária e involuntária, mas ausência do reflexo inibitório ano-rectal, contracção paradoxal na manobra defecatória e elevada capaci-tância rectal. A ecografia endoanal revelou alterações anatómicas do aparelho esfincteriano.Iniciou reabilitação do pavimento pélvico com biofeedback, e realização de enemas de limpeza com a introdução de 1l de água tépida por um sistema de irrigação cólica. Foi medicada com parafina líquida e macrogol e recebeu aconselhamento dietético.Estas medidas conduziram à regularização do trânsito intestinal e recuperação da qualidade de vida. P 27ABCESSO SUPRA-LEVANTADOR DO ÂNUS A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICODavid Aparício, Cisaltina Sobrinho, Carlos Leichsenring, Wilma Dias, Marta Fragoso, Rui Marinho, Ricardo Rocha, Marta Sousa, Serguei Gouminski, Vasco Geraldes, Vítor NunesHospital Prof. Dr. Fernando da Fonseca, EPE

Introdução: O abcesso supralevantador do ânus (ASLA) é o tipo menos comum (10%) de abcesso peri-rectal. Apresenta um desafio clínico (diagnóstico e terapêutico).Caso clínico: Homem de 48 anos, que recorre ao Serviço de Urgência por dor anal, abdominal na fossa ilíaca esquerda e febre com 4 dias de evolução. Ao exame objectivo apresentava dor na fossa ilíaca esquerda e hipogastro, sem defesa, nem reacção peritoneal. O toque rectal não foi possível por quadro doloroso. TAC abdomino-pélvico: ASLA e corpo estranho afilado e com densidade de cálcio no lúmen do recto. Procedeu-se a drenagem cirúrgica transrectal pelo espaço inter-esfincteriano. Medicado com metronidazol e ciprofloxacina. Ao 6º dia do pós operatório, realizada RMN pélvica que evidenciou recidiva do abcesso,

com o mesmo trajecto descrito intraoperatoriamente e trajecto fistuloso a invadir a uretera. Realizou-se nova drenagem pelo orifício utilizado anteriormente e colocou-se um dreno Pezzer® na loca do abcesso. Ao 12º dia de pós operatório procedeu-se a extração de dreno e marsupilização com ENDO GIA 30® do trajecto tutorizado pelo mesmo. Alta ao 16º dia pós operatório, após remoção de algália, medicado com Metronidazol,. Follow--up de 5 meses, encontrando-se assintomático.Discussão/Conclusão: O tratamento do ASLA requer uma abordagem de específica, implica um índice de suspeição ele-vado, baseado na clínica, que deve ser comprovado por exames imagiológicos. Quando o tratamento cirúrgico é inadequado podem ocorrer lesões irreversíveis. Devem ser realizados, no mínimo dois tempos cirúrgicos, no primeiro, uma drenagem adequada e no segundo, marsupilização do trajecto fistuloso.

P 28FÍSTULA RECTOVAGINAL - ATÉ ONDE VAI A VERGONHA? – CASO CLÍNICOCatarina Aguiar, Rita Ramos Pinheiro, Ana FormigaCentro Hospitalar Lisboa Central - Hospital Santo António dos Capuchos -

Serviço de Cirurgia 6.

Coordenador do Serviço: Prof. Doutor Guedes da Silva

Director de Departamento: Prof. Doutor Eduardo Barroso

Introdução: Faz-se breve introdução teórica sobre: definição, sintomatologia, etiologia e tratamento da fístula rectovaginal, com referências bibliográficas.Objetivos: Apresentando um caso clínico, chamar a atenção para a problemática das fístulas recto-vaginais no seu componente anatomo-funcional, avaliação e tratamento, e repercussão na qualidade de vida e psiquismo das doentes.Material e métodos: Apresentação do caso clínico: mulher, 76 anos. Fístula recto-vaginal pós traumatismo sexual (primeira relação, na lua de mel), escondida durante 56 anos, por vergo-nha. Perda de fezes sólidas (fecalitos) via vaginal, sem evacuação anal (evacuação vaginal). Refere-se a sintomatologia, observação clínica e exames complementares efectuados. Toque rectal: boa tonicidade e contractilidade voluntária dos es-fíncteres; na porção média da vagina passagem fácil do dedo pelo orifício da fistula (2 cm diâmetro), acima do anel esfíncteriano.Ecografia endorectal: mostrou trajecto fistuloso e aparelho es-fíncteriano voluntário íntegro. Tratamento cirúrgico via vaginal, sem ostomia de derivação: exérese dos bordos epitelizados da comunicação rectovaginal; descolamento da parede do recto; sutura transversal extramucosa do recto; plastia de reforço com aproximação dos ramos do puborectalis.Apresenta-se a respectiva iconografia.Resultados: Evolução favorável, sem deiscência evidente ou infecção.Avaliação aos 2,5 meses: doente assintomática e extremamente feliz, com defecação normal.Discussão/Conclusões: A fístula recto-vaginal tem grande impacto na vida psicossocial e sexual das doentes. A avaliação prévia da função e anatomia esfíncteriana é fundamental. A técnica escolhida deve ser adequada a cada caso, dependendo da etiologia e anatomia da fístula e da integridade ou lesão dos esfíncteres. A ostomia de derivação fecal pode ser evitada.

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26 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015

P 29LINFOMA RETAL - UM DIAGNÓSTICO IMPROVÁVELAutores: Hugo Maciel Ribeiro, Henrique Morais; Marta Ferreira; Filipa Santos, João Pinho; Vera Vieira, Nuno Azenha, Isabel Borges, Alice Fonseca, Amândio Matos, Lucília Conceição, Raquel Dias, José Mário Cecílio.Hospital Distrital da Figueira da Foz

Introdução: O linfoma retal é um tumor extremamente raro que se pode apresentar de forma primária ou como manifestação de uma doença sistémica. O linfoma B difuso de grandes células é a variante mais frequente e está associada a um mau prognóstico.Objetivos: Exposição de caso clínico de linfoma retal secundário e revisão da literatura.Material e métodos: Caso clínico de doente de 75 anos com antecedentes de resseção anterior do reto (R0) por adenocar-cinoma do reto bem diferenciado (estádio IIIB - AJCC). Após abandonar o seguimento clínico, o doente recorre ao Serviço de Urgência dois anos depois com quadro de retorragias, tenesmo e massa dura ao toque retal. Por suspeita de recidiva do adeno-carcinoma do reto o doente realizou colonoscopia com biópsia retal, com identificação de linfoma B difuso de grandes células.Resultados: Doente proposto para quimioterapia neoadjuvante. Acabou por falecer no domicílio após 1º ciclo de quimioterapia.Discussão/Conclusão: O linfoma retal deve ser considerado no diagnóstico diferencial de massa retal, mesmo nos doentes com antecedentes de outras neoplasias do reto.A correta identificação deste tumor tem implicações importantes na estratégia terapêutica e no prognóstico destes doentes.A maioria dos pacientes com linfoma retal são submetidos a cirurgia, mas a quimioterapia é a base do tratamento.

P 30MANIFESTAÇÕES RARAS DE CARCINOMA DO CÓLONMilene Sá, Liliana Duarte, Fernando Valério, Vitor Marques, Carlos Casimiro, Luís Filipe PinheiroCentro Hospitalar Tondela-Viseu, Serviço de Cirurgia 1

Objetivos: Os autores apresentam dois casos de manifestações raras de carcinoma do cólon sigmóide. Alertam ainda para a necessidade de um diagnóstico precoce na abordagem do car-cinoma colorretal (CCR).Métodos: Revisão do processo clínico de dois doentes abor-dados no Serviço de Urgência (SU) com carcinoma do cólon sigmóide.Resultados: Caso 1: doente de 47 anos, sexo feminino, que recorre ao SU por episódio isolado de retorragias associado a expulsão de fragmento de tecido (3x2x1cm) - adenocarcinoma. Colonoscopia - neoplasia ulcerovegetante do sigmóide. Após estadiamento foi submetida a sigmoidectomia (adenocarcinoma/pT3G2N2b). Neste momento em quimioterapia (QT) adjuvante.Caso 2: doente de 84 anos, sexo masculino, que recorre ao SU pela terceira vez por quadro de diarreia. Toque rectal - volumosa lesão tumoral. Colonoscopia — invaginação intra-retal baixa de neoplasia do sigmóide. Após estadiamento foi submetido a sigmoidectomia (adenocarcinoma/pT3G2N1). Sem condições para QT.Conclusão: O CCR é uma doença frequente e potencialmente letal. Contudo tem-se verificado um decréscimo da mortalidade, muito graças aos métodos de rastreio e a uma suspeita clínica precoce.

Apesar da sintomatologia típica, que caracteriza o CCR, estar presente na grande maioria dos casos, os cirurgiões devem estar familiarizados para algumas das apresentações mais raras desta patologia.

P 31QUALIDADE DE VIDA APÓS CIRURGIA COLORECTAL ONCOLÓGICA - UMA QUESTÃO DE GÉNERO?Carla Carneiro, Ricardo Rocha, Rui Marinho, Carlos Leichsen-ring, Patrícia Martins; Mariana Marques, Daniel Matos, José Oliveira, Marta Duarte Samartinho, Diogo Mendes Pedro, Teresa Brandão, Vasco Geraldes, Isabel Braga, Vítor NunesHospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, EPE, Serviço de Cirurgia B

Resumo: A cirurgia colorectal oncológica pode determinar com-promisso da qualidade de vida, principalmente numa população frágil como a geriátrica. A nossa questão de investigação é a de que as diferenças de género determinam diferentes estados de qualidade de vida.Coorte de doentes idosos com cancro colorectal tratados na nossa UCI de Jan 2008 a Dez 2013. Administramos o questio-nário de qualidade de vida EORTC QLQ-C30(v3) a todos os sobreviventes que acederam a participar.111 questionários, dos quais 57 (51,4%) do sexo masculino (Grupo1) e 54 (48,61 %) feminino (Grupo2). Idade média 74 (SD 6,9), cancro do cólon mais frequente 83 (74,7%) do que do recto 28 (25,2%); cirurgia de urgência 13,51% (15); média de dias de ventilação mecânica 0,78 (SD 3,35); média do SAPS II 33,56 (SD 13,5); média de dias de internamento na UCI 3,9 (SD 7,3). BMI médio 25,6 (SD 7,07); média de anos de escolaridade 4,47 (SD 3,4); 81 (72,97%) doentes apresentava ≤3 comorbilidades. Os 2 grupos são semelhantes excepto em termos de localização do tumor (no Grupo2 o tumor do cólon esteve presente em 87%, enquanto que no Grupo1 foi 63%).Comparando a QOL Global, Funcionamento Físico (PF), De-sempenho de Papéis (RF), Funcionamento Emocional (EF), Funcionamento Social (SF), Funcionamento Cognitivo (CF), Fadiga, Náusea, Dor, Dispnéia, Isónia, Perda de apetite, Obs-tipação, Diarreia, Impacto Financeiro os 2 grupos diferiram estatisticamente apenas em termos de Dor e Insónia que foram reportados mais frequentemente pelos Homens (Grupo1): score 83,9 (SD 26,15) para a Dor nos Homens e 62,3 (SD 34,15) nas Mulheres e score 86,6 (SD 25,1) para Insónia nos Homens e 66,7 (SD 39,4) nas Mulheres.Contrariamente à literatura, verificamos que a qualidade de vida na nossa amostra não é influenciada pelo género, contudo os Homens idosos submetidos a cirurgia colorectal reportam esta-tisticamente mais queixas de Dor e Insónia do que as Mulheres.

P 32ENDO-SPONGE: UMA ALTERNATIVA PARA O TRATAMENTO DA DEISCÊNCIA DO COTO RECTALDiogo Albergaria, Filipa Eiró, Sandra Carlos, Rui Cardoso, Pedro Moniz Pereira, João Corte Real.Hospital Garcia de Orta, EPE

Introdução: O carcinoma colorectal é a terceira neoplasia mais frequente. A cirurgia continua a ser a base do seu tratamento. A deiscência da anastomose, que surge entre 3-19% dos casos, está associada a uma maior taxa de complicações, entre elas a

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REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015 27

deiscência do coto rectal.O tratamento sépsis pélvica associada à deiscência do coto rectal é um desafio para o cirurgião.A terapia de pressão negativa, através do Endo-Sponge, permite um controlo mais eficaz da sépsis local e ao ser possível realiza-lo em regime de ambulatório permite, também, diminuir o tempo de internamento.Objetivo: Salientar o papel da terapia de pressão negativa no tratamento da deiscência do coto rectal.Material e métodos: Apresentação de caso clinico. Doente do sexo masculino, 53 anos de idade, carcinoma do recto médio submetido a ressecção anterior do recto com ileostomia de proteção, pós QRT neoadjuvante. Pós-operatório complicado de deiscência de anastomose e sépsis pélvica. O doente foi re-operado, submetido a ressecção da anastomose colorectal com encerramento do coto rectal e construção de colostomia terminal. A sépsis pélvica persistiu por deiscência do coto rectal, tendo sido tratada conservadoramente através de aplicação de terapia de pressão negativa. Foi possível o encerramento da cavidade ao fim de 8 semanas de tratamento.Conclusão: A terapia de pressão negativa permite acelerar o controlo da sépsis e diminuir o tempo de internamento associado às complicações da cirurgia colorectal.

P 33REVISÃO SISTEMÁTICA DA ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA DO ABCESSO SUPRA-LEVANTADOR DO ÂNUS (ASLA) A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICODavid Aparício, Cisaltina Sobrinho, Carlos Leichsenring, Wilma Dias, Marta Fragoso, Rui Marinho, Ricardo Rocha, Marta Sousa, Serguei Gouminski, Vasco Geraldes, Vítor NunesHospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, EPE

Introdução: O diagnóstico do ASLA é um desafio clínico, pela sua raridade, implica exclusão diagnóstica nas situações de abcesso peri-retal, porque determina um tratamento específico.Objetivos: Qual a atitude diagnóstica e terapêutica recomen-dada no ASLA?.Material e métodos: Revisão bibliográfica sistemática, no dia 24/10/2015 (Junho de 1950 - Outubro de 2015), utilizando como motor de busca a “Pubmed”, com as palavras chaves: supralevator abcess. Encontrados 40 artigos. Seleccionados 16, tendo como base os seguintes critérios: resposta aos objectivos; escritos em inglês; não duplicados; acesso integral ao texto.Resultados: Após revisão sistemática, na presença de diag-nóstico clínico de abcesso peri-anal sem sinais externos ou na incerteza clínica de abcesso inter-esfincteriano baixo ou recorrência de abcesso peri-rectal é mandatório realização de exame imagiológico. Está recomendado RMN pélvica ou eco-grafia endorectal, ou caso não estejam disponíveis, TAC pélvico.No ASLA é necessário distinguir abcesso com trajecto extra--esfincteriano ou inter-esfincteriano. No caso do primeiro, recomenda-se drenagem com dreno Pezzer® pelo espaço extra--esfincteriano. Se inter-esfincteriano, deve-se identificar clara-mente o orifício interno fistulizante, realizando a drenagem com o mesmo tipo de dreno por este, poupando o esfíncter interno. Caso não seja possível identificar, deve-se deferir a drenagem para realização de novo exame de imagem. Na presença de trajec-to inter-esfincteriano, deve-se realizar marsupilização do mesmo.Conclusão: A exclusão de ASLA, é fundamental na medida em que quando não ocorre, o tratamento pode implicar sequelas

irreversíveis. É fundamental a realização de exames imagioló-gicos na sua suspeita. O tratamento deve ser em dois tempos cirúrgicos.

P 34AMPUTAÇÃO ABDOMINOPERINEAL: COMPLICAÇÕES E IMPACTO NO OUTCOME ONCOLÓGICOFilipa Eiró, Diogo Albergaria, Sandra Carlos, Rui Cardoso, Pedro Moniz Pereira, João Corte RealHospital Garcia de Orta, E.P.E.

Introdução: O carcinoma colorectal é o 4ª cancro mais fre-quente.A amputação abdomino-perineal (AAP) é tratamento preferen-cial do carcinoma do recto com invasão do esfíncter, inconti-nência ou sem margem distal de segurança.A maioria dos estudos refere que a AAP apresenta um maior risco de complicações no pós-operatório, maior tempo de in-ternamento e uma pior sobrevida e controlo local da doença. A grande extensão do campo cirúrgico leva a piores resultados a curto prazo, nomeadamente a complicações da ferida perineal, lesão de estruturas adjacentes, como a uretra, e complicações do estoma.Objetivos: Documentar os casos de morbilidade na AAP para o carcinoma do recto e o seu impacto na sobrevida.Material e métodos: Estudo retrospetivo observacional dos doentes com carcinoma do recto operados entre Janeiro de 2012 e Dezembro de 2014. Foram consultados os processos pelo SAM (Sistema de Apoio ao Médico) utilizando a classificação de ICD-9, código 154.0, 154.1, 154.2, 154.3,154.8. Foram analisadas as características demográficas da população, estadiamento, tratamento neo-adjuvante, complicações e o follow-up.Resultados: Foram operados 128 doentes com carcinoma do recto. 22.7% (29 doentes) foram submetidos a AAP. Os 29 doentes submetidos a AAP apresentaram uma Idade média de 72,8anos, sendo 75,8% do sexo masculino. 93,1% dos doentes encontravam-se em estadio III e 6,9% em estadio IV. Todos foram submetidos a terapêutica neo-adjuvante com radio e quimioterapia tendo sido operados, em média, 8 semanas após o seu término. A ressecção foi R1 em 82,8% e R2 em 6,9%. Em 44,8% foi utilizada uma abordagem laparoscópica. O tempo médio de internamento foi de 13 dias.Ocorreram 7 (24%) casos de morbilidade, com uma idade média de 74,6 anos, 71,4% eram do sexo masculino. Todos apresenta-vam um estadio III, tendo sido operados por laparotomia. A res-seção foi RO em todos os casos. A complicação mais frequente foi a infeção da ferida perineal (71,4%), tratada conservadoramente em 80% e drenada cirurgicamente em 20%. Em 14,3% a cirurgia complicou com uma fístula urinária tratada conservadoramente e em 14,3% de necrose da colostomia tratada cirurgicamente. O tempo de internamento médio foi 24,4 dias. Nenhum doente completou o tratamento adjuvante. No follow-up a 1 ano, 42,9% dos doentes apresentavam doença à distância.Conclusão: Dos doentes submetidos a AAP, 24% apresentaram complicações, sendo a mais frequente a infeção da ferida peri-neal, e um tempo de internamento mais longo (13 vs. 24,4dias). Embora não tenham ocorrido casos de mortalidade, em todos os doentes foi ultrapassado o timing do tratamento adjuvante. No follow-up ao 1 ano, 42,9% apresentaram uma progressão da doença com metastização à distância.

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28 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015

P 35ESTOMA DE PROTEÇÃO – HÁ VANTAGEM?Filipa Eiró, Diogo Albergaria, Sandra Carlos, Rui Cardoso, Pedro Moniz Pereira, João Corte RealHospital Garcia de Orta, E.P.E.

Introduçao: Apesar dos desenvolvimentos da técnica e materiais cirúrgicos na resseção anterior do recto (RAR), a incidência de deiscência da anastomose não diminuiu.A construção de um estoma de proteção na RAR baixa está recomendada uma vez que diminui a gravidade clínica da deis-cência e a re-intervenção.Objetivos: Determinar a taxa de deiscência da anastomose e tra-tamento dos doentes após RAR, com e sem estoma de proteção.Material e métodos: Estudo retrospetivo observacional dos doentes com carcinoma do recto operados entre Janeiro 2012 e Dezembro 2014. Classificação ICD-9, código 154.0-3, 8. Foram excluídos os doentes submetidos a uma operação de HartmannResultados: Entre 2012 e 2014, 76 doentes foram submetidos a RAR por carcinoma. Foi construída uma ileostomia de proteção em 22 doentes (28,9%).No grupo sem estoma de proteção, a idade média foi de 69,7 anos, 68,5% do sexo masculino. A lesão encontrava-se, em mé-dia, aos 10,4 cm da margem do ânus. 55,6% foram submetidos a tratamento neo-adjuvante. 14,8% dos doentes apresentaram deiscência da anastomose com necessidade de reintervenção e construção de um estoma terminal em 70% dos casos. O tempo médio de internamento foi 19,3 dias. Ocorreu 1 caso de mortalidade.No grupo com estoma de proteção, a idade média foi 68,2 anos, 68,2% do sexo masculino, lesão aos 7cm, em média, da margem do ânus e 86,4% foram submetidos a tratamento neo-adjuvante. 13,6% tiveram deiscência da anastomose. Destes, 75% foram tratados conservadoramente com boa evolução. O tempo médio de internamento foi de 21,7 dias com 1 caso de mortalidade. 10,5meses após a cirurgia, foi encerrada ileostomia.Conclusão: A realização de um estoma de proteção na RAR é mais frequente no carcinoma do recto baixo. Existe vantagem na construção de um estoma de proteção uma vez, que apesar de não diminuir a incidência de deiscência (13,6%/14,8%) e aumentar o tempo de internamento, reduz a sua gravidade clínica permitindo uma abordagem conservadora (75%/30%).

P 36CARCINOMA PAVIMENTOCELULAR DO CANAL ANAL: 14 ANOS DE EXPERIÊNCIA Sousa M., Barroca R., Cabral F., Oom R., Nogueira R., D’Orey L., Limbert M.; Bettencourt A.Serviço de Cirurgia Geral Instituto Português de Oncologia de Lisboa Fran-

cisco Gentil

Introdução: O carcinoma pavimentocelular do canal anal (CPCCA) é raro mas a sua incidência tem aumentado pela maior prevalência de estados de imunodepressão adquirida (infeção VIH, doentes transplantados) e transmissão do Vírus Papiloma Humano; a quimioradioterapia (QRT) permanece como gold standart da terapêutica e a cirurgia tem lugar em situações de falência terapêutica ou recidiva da doença;Objetivos: Caracterização da população e tratamento de doentes diagnosticados com CPCCA e tratados no IPOLFGMaterial e métodos: análise retrospetiva e descritiva de 35

casos de CPCCA (2000-2014); Dados expostos em frequências e proporções (variáveis categoriais) e medianas e variação in-terquartil (variáveis contínuas);Resultados: foram tratados 35 doentes com CPCCA, 71% do sexo feminino; idade mediana 70 (52-74) anos; 17% infetados com VIH à data do diagnóstico; 14% antecedente de CEC ge-nital prévio; Sintomatologia mais frequente: rectorragia (37%), proctalgia (31%) e massa perianal (29%); 29% eram CPC in situ e 71% CPC invasivos; Inicialmente: 11% T1-T2 e 72% T3-T4; 23% N+ e 3% M+; 72% dos doentes com CPC invasivo foram tratados inicialmente com QRT; 83% obtiveram resposta clínica completa, destes 27% apresentaram recidiva local; A cirurgia foi utilizada como terapêutica de resgate em 44% dos casos de CPC invasivo: amputação abdominoperineal (73%), linfadenectomia inguinal (27%); O follow-up médio foi 43 meses;Discussão: CPCCA permanece um tumor raro. O tratamento inicial é QRT com boa tolerância; o follow-up é fundamental para a deteção precoce de recidiva. A cirurgia tem um papel de resgate aquando da recidiva ou persistência de doença

P 37RETIRADO

P 38RETIRADO

P39PANCOLITE ULCEROSA GRAVE – CONTRIBUTO DA ECOGRAFIA DA PAREDE DIGESTIVA POINT-OF-CAREPinto, J., Azevedo, R., Ribeiro, H., Leitão, C., Pereira, E., Banhudo, A.Unidade Local de Saúde de Castelo Branco

Introdução: A utilização da ecografia na colite ulcerosa tem sido subestimada relativamente ao que acontece noutras patologias. Contudo, esta permite, de forma não-invasiva e em tempo real, avaliar a morfologia da parede do cólon como contributo para o diagnóstico e seguimento desta entidade.Caso clínico: Homem, 62 anos, internado por diarreia sangui-nolenta e dor abdominal moderada com um mês de evolução. À observação apresentava febre, desidratação e abdómen do-loroso à esquerda. Analiticamente, evidenciou-se elevação de parâmetros inflamatórios e, ecograficamente, espessamento do cólon com predomínio à esquerda, sinais sugestivos de ulcera-ções da mucosa, adenopatias de características inflamatórias e presença de líquido peritoneal. Realizou-se colonoscopia que revelou colite grave, não se progredindo além dos 25cm por dor e risco de perfuração. As biópsias foram compatíveis com o diagnóstico de colite ulcerosa. Considerando o potencial de complicações associadas à gravidade da patologia foi realizado exame tomográfico que excluiu presença de megacólon tóxico ou de perfuração intestinal. Não existindo contra-indicações para imunossupressão, iniciou-se terapêutica com metilpredni-solona endovenosa. Apesar de uma melhoria inicial, verificou--se agravamento clínico com presença de irritação peritoneal, compatível com resposta insuficiente ao corticóide, pelo que se optou por iniciar terapêutica biológica. Verificou-se uma completa remissão do quadro sem intercorrências.Conclusão: A abordagem point-of-care por ecografia permite uma avaliação seriada do grau e extensão da actividade da

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REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015 29

doença, mesmo quando a colonoscopia está limitada ou contra--indicada. Neste caso, foi possível ajustar continuamente a tera-pêutica instituída às condições do doente e obviar a necessidade de intervenção cirúrgica.

P 40UMA CAUSA RARA DE LESÃO SUBEPITELIAL Araújo T.1, Castro-Poças F.1,2, Santos M.3, Salgueiro P.1, Pedroto I1

1Serviço de Gastroenterologia, Hospital de Santo António, Centro Hospitalar

do Porto 2Setor de ultrassons, Serviço de Gastroenterologia, Hospital de San-

to António, Centro Hospitalar do Porto 3Unidade de Cirurgia Digestiva, Serviço

de Cirurgia Geral, Hospital de Santo António, Centro Hospitalar do Porto

Resumo: Homem, 39 anos, com antecedentes de acidente de viação na infância. Por quadro de dor abdominal no hipocôndrio esquerdo, tipo cólica, sem manobras de alívio ou agravamento, ou alterações do trânsito intestinal, realiza colonoscopia que mostrou lesão subepitelial do colon sigmóide aos 25 cm da margem anal, com 15 mm de diâmetro. Na ecoendoscopia a lesão era ligeiramente hipoecogénica, homogénea, com bordos regulares, na dependência da muscular própria, com 21 x 17,4 mm, não tendo sido identificadas adenopatias loco-regionais. Procedeu-se à tatuagem do local da lesão com tinta-da-china. Assumiu-se como provável tumor mesenquimatoso e propôs-se ao doente vigilância ecoendoscópica ou resseção cirúrgica. Este optou pela realização de resseção cirúrgica. No decorrer da ava-liação pré-operatória doente referiu ter sido esplenectomizado, A abordagem cirúrgica inicialmente laparoscópica, foi convertida pela presença de múltiplas aderências. Durante a exploração da cavidade abdominal constatou-se a presença de lesão no sigmói-de, marcada com tinta-da-china, múltiplos nódulos dispersos nas ansas e nódulo de maiores dimensões, compatível com baço acessório, na pelve. Procedeu-se à sigmoidectomia e à exérese de 2 destes nódulos.A histologia confirmou que as lesões se tratavam de baços aces-sórios. O doente ficou assintomático e assim permanece ao fim de 2 anos de follow-up.A esplenose é uma condição adquirida que se define como implante de tecido esplénico viável em diferentes órgãos, ge-ralmente após rutura traumática ou iatrogénica do baço. É uma entidade que geralmente não apresenta manifestações clínicas significativas, estando descritos alguns casos em que a dor ab-dominal está presente, como é o caso apresentado.

P 41PROCTALGIA E RECTORRAGIA – SINTOMAS FREQUENTES MAS DIAGNÓSTICOS INCOMUNS Barbeiro, S., Atalaia-Martins, C., Marcos, P., Gonçalves C., Cotrim I., Silva F., Canhoto M., Eliseu L., Santos A. E Vascon-celos H.Centro Hospitalar de Leiria

Introdução: A patologia ano-rectal é motivo frequente de recur-so a cuidados médicos. Manifestações clínicas comuns como a proctalgia, a rectorragia e o prolapso anal podem associar-se a patologias menos frequentes e graves.Casos: Caso 1: mulher, 67 anos, antecedentes de condilomas peria-nais. Admitida por proctalgia e retorragia refractárias. Na anus-copia foi observada úlcera escavada no canal anal. A histologia revelou carcinoma espinocelular. Fez quimiorradioterapia, sem

recidiva aos 36 meses de follow-up. Caso 2: homem, 29 anos, com proctalgia intensa desde há 3semanas. Observada úlcera anal dolorosa com bordos moles, com positividade para Haemophilus ducreyi e VDRL. Iniciou antibioterapia com cicatrização completa da úlcera. Caso 3: mulher, 24 anos, com proctalgia e escorrência anal com 2 meses de evolução, refractárias à antibioterapia. Região perianal eritematosa, com pequenas úlceras e fissuras. Ileoco-lonoscopia com múltiplas úlceras aftoides nos 20cm distais, com histologia sugestiva de doença inflamatória intestinal e melhoria após Infliximab. Caso 4: mulher, 73 anos, com proctalgia, ardor anal e incon-tinência de fezes de longa data. Aspeto nodular, eritematoso e endurecido da pele das nádegas e região perianal. Histologi-camente confirmou-se dermatite de contacto irritativa grave, relacionada com exposição contínua de fezes. Caso 5: mulher, 90 anos, com diarreia sanguinolenta, incon-tinência fecal e prurido anal. Observada lesão eritematosa exsudativa perianal extensa, cujas biópsias sugeriram doença de Paget. Submetida a colostomia de derivação e radioterapia paliativa. Caso 6: homem, 38 anos, antecedentes de síndrome de Cowden, referenciado por pápulas perianais. Identificaram--se múltiplas lesões verrucosas filiformes na região perianal, histologicamente compatíveis com fibromas escleróticos. Caso 7: homem, 29 anos, com prurido anal e proctalgia Obser-vou-se eritema interglúteo e perianal, com aspecto fissurado ao longo da base do sulco glúteo. Diagnóstico de psoríase inversa, regressão das queixas e alterações cutâneas após corticoterapia. Conclusão: Pretende-se salientar a diversidade de patologias que podem ser encontradas nesta consulta, em alguns casos conduzindo ao diagnóstico de doenças sistémicas. Reforça-se a importância da abordagem multidisciplinar.

P 42FATORES PREDITIVOS DA NECESSIDADE DE TERAPÊUTICA BIOLÓGICA NA DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL: EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO TERCIÁRIOSamuel Fernandes, Luís Araújo Correia, Paula Moura Santos, Ana Rita Gonçalves, Ana Valente, Cilénia Baldaia, José VelosaServiço de Gastrenterologia e Hepatologia, Hospital de Santa Maria, Centro

Hospitalar Lisboa Norte

Introdução: A doença de Crohn (DC) e colite ulcerosa (CU) representam doenças inflamatórias crónicas envolvendo o intestino. A terapêutica biológica representou uma revolução na abordagem dos doentes com doença refratária à terapêutica convencional.Objetivos: Procurámos estudar a influência de vários fatores demográficos e clínicos na necessidade de introdução de tera-pêutica biológica.Material e métodos: Estudo retrospetivo incluindo 1014 doentes com diagnóstico estabelecido de DC (616) ou CU (398) seguidos num único centro. Os dados clínicos dos doentes foram recolhidos com recurso aos processos clínicos hospitalares. Foi utilizado um modelo de regressão logística para avaliar os potenciais preditores de terapêutica biológica.Resultados: 234 doentes com DC (38.0%) e 57 doentes com CU (14.3%) necessitaram de terapêutica biológica (p<0.001). Os preditores de terapêutica biológica na DC incluíram com-portamento estenosante/penetrante (OR 1.351 IC95% [1.032-

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1.770], p=0.029), envolvimento gastrointestinal superior (OR 2.377 IC95% [1.264-4.470], p=0.007), doença perianal (OR 2.582 IC95% [1.650-4.040], p<0.001) e intolerância às tiopu-rinas (OR 3.185 IC95%[1.582-6.415], p=0.001). Em doentes com CU apenas a corticodependência se associou à introdução de terapêutica anti-TNFα (OR 3.587 IC95% [1.103-11.663], p=0.034). Preditores comuns à DC e CU incluíram a idade jo-vem ao diagnóstico (OR 0.957 IC95% [0.944-0.970], p<0.001) e necessidade de terapêutica imunomodeladora (OR 11.801 IC95%[7.121-19.556], p<0.001)Discussão e conclusões: A idade ao diagnóstico, necessidade de terapêutica imunomodeladora e intolerância às tiopurinas foram identificados como fatores preditores da utilização de terapêutica biológica em ambas as doenças. O comportamento da doença, envolvimento gastrointestinal superior e doença perianal foram fatores de risco na DC. Os nossos resultados estão de acordo com a literatura existente.

P 43DIFERENÇAS NA UTILIZAÇÃO DE TERAPÊUTICA BIOLÓGICA EM DOENTES COM DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL DE INÍCIO PRECOCE E TARDIOSamuel Fernandes, Luís Araújo Correia, Paula Moura Santos, Ana Rita Gonçalves, Ana Valente, Cilénia Baldaia, José VelosaServiço de Gastrenterologia e Hepatologia, Hospital de Santa Maria, Centro

Hospitalar Lisboa Norte

Introdução: A doença de crohn (DC) e colite ulcerosa (CU) representam doenças inflamatórias crónicas do intestino, sendo reconhecida a existência de dois picos etários de incidência. Um estudo anterior sugeria que os doentes com DC de início tardio necessitavam de iniciar terapêutica biológica mais precocemente e portanto apresentavam uma doença clinicamente mais agressiva.Objetivos: Procurámos validar estes resultados avaliando as diferenças de utilização de terapêutica biológica na doença inflamatória intestinal de início precoce e tardio.Material e métodos: Estudo unicêntrico, retrospetivo, in-cluindo 291 doentes com doença inflamatória intestinal sob anti-TNFα (Infliximab ou Adalimumab) entre 2000 e 2015. Foram avaliados fatores relativos à doença incluindo o tempo até ao início de terapêutica biológica. A doença de início pre-coce (<40 anos) foi comparada à de inicio tardio (≥40 anos). Também avaliámos fatores preditivos associados à necessidade de terapêutica biológica neste subgrupo de doentes.Resultados: Dos 291 doentes incluídos no estudo, 234 apre-sentavam DC e 57 CU. 27/234 doentes com DC (11.5%) e 13/57 doentes com CU (28.0%) apresentaram doença de início tardio. Apesar da utilização de terapêutica anti-TNFα ser mais frequente nos doentes com início precoce da doença (36.3% versus 12.7%, p<0.001), esta foi instituída mais precocemente no grupo de idade mais avançada (103 ± 96.7 versus 62.9 ± 62.1 anos, p=0.002). Estes resultados foram independentes do subtipo de doença (p=0.005 para DC e CU). Na análise multivariada, os preditores para terapêutica biológica nos doentes com início tardio incluíram uma idade mais jovem (OR 0.927 IC95%[0.857-1.001], p=0.05) e terapêutica imunomodeladora (OR 6.275 IC95%[1.623-24.262], p=0.008). Na CU, a idade mais jovem (OR 0.895 IC95%[0.815-0.982], p=0.019) e doença extensa (OR 2.411 IC95%[1.018-5.709], p=0.045) foram os principais preditores.Discussão e conclusões: Apesar de menos frequente, a tera-pêutica biológica foi instituída mais precocemente nos doentes

com doença de início tardio. Isto sugere que existe um subgrupo de doentes com doença tardia que se comportam de modo mais agressivo e requer terapêutica mais avançada. A idade mais jovem (DC/CU), necessidade de terapêutica imunomodeladora (DC) e a extensão da doença (CU) foram identificados como potenciais fatores de doença agressiva neste grupo de doentes.

P 44ENFRENTANDO A RECORRÊNCIA CIRURGICA NA DOENÇA DE CROHN: ESTAREMOS A SEGUIR O CAMINHO CERTO?Samuel Fernandes, Luís Araújo Correia, Paula Moura Santos, Ana Rita Gonçalves, Ana Valente, Cilénia Baldaia, José VelosaServiço de Gastrenterologia e Hepatologia, Hospital de Santa Maria, Centro

Hospitalar Lisboa Norte

Introdução: A doença de Crohn (DC) representa uma doença inflamatória crónica afetando primariamente o intestino. Na era pré-biológica 40-50% dos doentes necessitariam de cirurgia nos primeiros 10 anos da doença e o risco de recorrência cirúrgica atingia os 50% aos 10 anos. A profilaxia pós-operatória é reco-mendada pelas guidelines atuais de modo a diminuir o risco de recidiva clínica e cirúrgica. Contudo, pouco se conhece sobre os fatores associados à necessidade de uma segunda cirurgia.Objetivos: O nosso objetivo foi estudar os fatores preditivos de uma segunda cirurgia em doentes com DC.Material e métodos: Estudo retrospetivo, unicêntrico, incluin-do 637 doentes com DC. Foram selecionados doentes com 1 ou mais cirurgias. Não foram considerados para análise doentes operados por patologia perianal. Foi utilizado um modelo de regressão logística para estudar potenciais fatores preditivos de uma segunda cirurgia.Resultados: 276 doentes (43.3%) necessitaram de cirurgia durante o seguimento. 180 doentes (28.3%) realizaram apenas uma cirurgia, enquanto 96 (15.1%) realizaram duas ou mais intervenções. Os doentes necessitando de mais cirurgias eram mais jovens ao diagnóstico (27.1 ± 9.9 versus 31. 9 ± 14.4 anos, p<0.001), sendo tratados menos frequentemente com imunomodeladores (23.8% versus 48.0%, p<0.001) e biológicos (17.6% versus 40.8%, p<0.001). Em análise multivariada, a doença penetrante ou estenosante (OR 4.589 IC95% [1.990-10.583], p<0.001] e envolvimento perianal (OR 2.951 IC95% [1.566-5.560], p<0.001) representaram fatores de risco para cirurgias adicionais. Os fatores protetores incluíram uma idade mais avançada ao diagnóstico (OR 0.968 IC95% [0.945-0.990], p<0.005), utilização de terapêutica imunomodeladora (OR 0.968 IC 95% [0.945-0.990], p<0.001) e biológica (OR 0.316 [0.148-0.671], p=0.003).Resultados: Os nossos achados sugerem que a profilaxia pós--operatória com imunomodelador ou anti-TNFα diminuem significativamente o risco de uma segunda cirurgia e deverão ser implementados em todos os doentes. Doentes com comporta-mento não-inflamatório e doença perianal apresentam um risco mais elevado de re-intervenção.

P 45ARGON PLASMA COMO TRATAMENTO ALTERNATIVO DOS CONDILOMAS ANOGENITAISCosta J.M., Arroja B., Soares J.B., Gonçalves R. Hospital de Braga

Introdução: Os condilomas anogenitais são uma doença de

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transmissão sexual associada ao papiloma vírus humano (HPV). A criocirurgia , laser de CO2 e a exérese cirúrgica são os métodos frequentemente usados no seu tratamento. A aplicação de árgon plasma, pela sua facilidade técnica e boa tolerabilidade, tem-se afirmado como método de tratamento alternativo.Caso clínico: Os autores reportam o caso de um homem, de 29 anos, referenciado à consulta de proctologia a partir da consulta de urologia por condilomas anogenitais (prepúcio, escroto e perianais) desde 2010. Sem antecedentes patológicos relevantes nem medicação crónica. Referia que a sua parceira apresentava igualmente condilomas genitais em tratamento na dermatolo-gia. Foi excluída imunodeficiência adquirida. Ao exame físico apresentava condilomas raros do prepúcio, exuberantes do escroto (que foram tratados cirurgicamente pela urologia) e da região perianal (couve-flor perianal). Efetuou-se fulguração dos condilomas perianais com árgon plasma sob sedação anestésica, com regressão total das lesões ao fim de 3 sessões. O tratamento foi bem tolerado e não se registaram complicações.Conclusão: A aplicação de árgon plasma é eficaz e bem tolera-da no tratamento dos condilomas perianais, mesmo em casos exuberantes, como o apresentado.

P 46PÓLIPOS SERREADOS. A DÚVIDA PERMANECE?Capela T, Bernardes C, Borges V, Russo P, Silva MJ, Costa M, Carvalho D, Loureiro R, David Marques AHospital de Santo António dos Capuchos

Introdução e objetivos: Os pólipos cólicos serreados (PS) incluem um grupo heterogéneo de lesões com potencial de malignidade variável. Classificam-se como hiperplásicos (HP), adenomas serreados tradicionais (ATS) e serreados sésseis (ASS). Pretende-se caracterizar os PS e a sua capacidade de predizer existência de pólipos de outras histologias. Material e métodos: Avaliação retrospectiva das colonoscopias com polipectomia de 1 ano num hospital central. Caracterização dos pólipos com histologia de HP, ATS e ASS. Resultados: Observadas 1214 colonoscopias com material histológico de 2485 pólipos, sendo 502 PS (20,2%), em 441 utentes (idade média de 64,56±10,5 anos, 61,4% do sexo masculino). A prevalência histológica foi HP (472/502), ATS (17/502) e ASS (12/502). A dimensão endoscópica mediana dos pólipos HP foi de 3mm. A localização preferencial foi no recto e sigmoideia (67,8%). Em relação aos ATS (n=17), a dimensão endoscópica mediana foi de 10mm e 10 deles (58,8%) apre-sentavam displasia de baixo grau (DBG). Os ASS apresentavam dimensão mediana de 7mm e 2 deles tinham DBG. 51,7% dos ASS e ATS encontravam-se a montante do ângulo esplénico. A presença de pólipos HP no recto e sigmóide (n=320), associou--se à presença de pólipos adenomatosos em outras localizações cólicas em 25,3%. Conclusão: Nesta série, os pólipos HP localizaram-se funda-mentalmente no cólon esquerdo, e 25% dos pacientes com HP no recto e sigmóide, observaram-se pólipos adenomatosos noutras localizações. Quanto aos ATS e aos ASS, estes localizaram-se de forma mais uniforme no cólon sendo que 41,4% deles (12/29) apresentaram DBG. Não se observaram histologias avançadas.

P 47CAUSA INCOMUM DE RECTORRAGIA: A PROPÓSITODE 2 CASOS CLÍNICOSRafaela V. Loureiro, Verónica Pavão Borges, Tiago Capela, Joana Saiote, Maria João Bettencourt, António David MarquesServiço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE

Resumo: A rectorragia, principal motivo de referenciação a Proctologia, deve-se na sua maioria a lesões ano-rectais benignas: hemorroidas/fissuras. Nos últimos 5 anos foram observados em primeira consulta 5171 doentes, destes, cerca de 27,6% (n=1427) por rectorragia.Os autores apresentam o caso e iconografia correspondente, de 2 doentes observados por rectorragia:CASO 1: Homem, 69 anos, referenciado por rectorragia e sensação de prolapso, com 6 meses de evolução. À observação proctológica apresentava lesão polipoide irregular, com 15mm, friável, prolapsada através do canal anal e base de implantação na região ano-rectal.CASO 2: Homem, 84 anos, referenciado por rectorragia e sensação de prolapso, com 3 meses de evolução. À observação proctológica apresentava lesão polipoide prolapsada na região perianal, com 20 mm, erosionada, consistencia mole e base de implantação na região ano-rectal.Em ambos os casos foi efectuada excisão por via transanal. A análise anatomo-patológica das lesões confirmou excisão com-pleta de pólipos inflamatórios cloacogénicos. Sem alterações citopáticas sugestivas de etiologia viral no primeiro caso; não descritas no segundo.Na vigilância a um ano após excisão, ambos os doentes se en-contram assintomáticos, sem recidiva.Estes 2 casos documentam uma causa incomum de rectorragia: pólipos cloacogénicos inflamatórios.Os pólipos cloacogénicos inflamatorios são lesões a ser conside-radas no diagnóstico diferencial de lesões polipoides ano-rectais, tendo origem no epitéio da zona de transição ano-rectal. O me-canismo subjacente é desconhecido, mas parece estar associado à isquémia secundária a prolapso da mucosa. Por se tratar na maioria dos casos de lesão benigna, a polipectomia simples é o tratamento de escolha.

P 48COLOCAÇÃO DE PRÓTESE POR TÉCNICA OVER-THE--WIRE MODIFICADA ASSISTIDA POR OVERTUBE EM LOCALIZAÇÕES GASTRINTESTINAIS DIFÍCEISAna Ponte, Rolando Pinho, Luísa Proença, Carlos Fernandes, Iolanda Ribeiro, Joana Silva, Jaime Rodrigues, João CarvalhoServiço Gastrenterologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho

Resumo: Descreve-se série de casos de colocação de próteses por técnica over-the-wire (OTW) modificada, utilizando-se gastroscópio (GIF Q-165, Olympus) e overtube com balão, seccionado às dimensões do sistema introdutor da prótese. A tortuosidade anatómica e/ou estenoses anguladas condicionaram formação de ansa do sistema introdutor, inviabilizando a técnica OTW convencional. Mulher 81A com neoplasia colorretal longa e fístula colouterina referenciada para prótese metálica auto-expansível (PMAE) totalmente coberta. A indisponibilidade de fluoroscopia e sigmóide tortuoso levaram à introdução do endoscópio com

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overtube com transposição da estenose. Após passagem do fio-guia, removeu-se o endoscópio, medindo-se a distância dos bordos estenóticos à margem anal. Introduziu-se o endoscópio externamente ao overtube, permitindo guiar a progressão da prótese OTW no interior do overtube até aos pontos medidos, libertando-se após remoção do overtube. Mulher 71A com neoplasia colorretal intransponível e fístula colovesical proposta para PMAE totalmente coberta por técnica OTW modificada, dada angulação sigmoideia. Homem 55A com gastrectomia total por adenocarcinoma gás-trico, proposto para PMAE parcialmente coberta por recidiva condicionando angulação da ansa jejunal. Mulher 36A referenciada para prótese biodegradável de este-nose refratária pós-sleeve fibrótica e angulada no antro. Após dilatação estenótica, colocou-se prótese OTW modificada. Nestes três casos, progrediu-se com o endoscópio com overtube até à estenose, delimitando-se os bordos com contraste. Após passagem do fio-guia, removeu-se o endoscópio e avançou--se a prótese OTW, internamente ao overtube. Removeu-se o overtube, guiando-se a libertação da prótese por fluoroscopia.A técnica OTW assistida por overtube afigura-se eficaz e segura na colocação de próteses diversificadas em estenoses gastrintes-tinais com particularidades desafiantes.

P 49MUCOSECTOMIA EM TERRENO DIFÍCILPedro Russo, Verónica Pavão Borges, Tiago Capela, Carlos Bernardes, Jaime Ramos, António PintoCentro Hospitalar de Lisboa Central

Caso clínico: Homem de 69 anos com cirrose hepática alcoó-lica, internado por hematemeses em contexto de síndrome de Mallory-Weiss. Na endoscopia digestiva alta foram observadas ainda varizes esofágicas grandes, com manchas vermelhas que se laquearam. Concomitantemente, por hematoquézias, realizou rectosigmoidoscopia que evidenciou lesão plana com cerca 20 mm de maior eixo, sobre variz rectal grande. Em redor da lesão observavam-se ainda vários cordões varicosos com trajecto ser-piginoso. Para excisão da lesão procedeu-se a prévia laqueação elástica das varizes do recto. Num segundo tempo, após confir-mação de erradicação das varizes em redor do pólipo, colocou-se “endoloop” na base da lesão e realizou-se mucosectomia, não tendo ocorrido complicações após o procedimento. A histolo-gia da lesão mostrou adenoma tubular com displasia de baixo grau, de base não avaliável. A rectosigmoidoscopia de controlo mostrou pólipo residual com 5 mm, que foi excisado com ansa diatérmica. A histologia revelou adenoma tubular com displasia de baixo grau residual. Aguarda reavaliação endoscópica.Apresenta-se iconografia.Discussão: A hemorragia por rotura de varizes do recto ocorre raramente, com frequência que ronda 0,5-3,6%. A escleroterapia por via endoscópica e a laqueação elástica têm sido usados para a terapêutica da hemorragia por varizes do recto. A necessida-de de realização de mucosectomia da lesão rectal antecipou a necessidade de terapêutica das varizes rectais com laqueação elástica de varizes, permitindo mucosectomia sem complicações.

P 50PLASMOCITOMA ANORECTAL – FORMA RARA DE APRESENTAÇÃO DE MIELOMA MÚLTIPLOPedro Russo, Tiago Capela, Mariana Nuno Costa, Isabel Seves, Carlos Pontinha, Mário Oliveira, J. Costa Simões, Maria João Bettencourt Centro Hospitalar de Lisboa Central

Caso clínico: Doente do sexo masculino de 45 anos internado por quadro de diarreia, rectorragias, tenesmo, falsas vontades, dor abdominal e emagrecimento de 10 kg em 4 meses. Efectua-da rectosigmoidoscopia que revelou lesão polipoide/vegetante desde o canal anal médio até ao recto distal que ocupava 2/3 do lúmen. Tinha sido realizada colonoscopia total 3 meses antes sem alterações. Dos exames analíticos destacava-se anemia com Hb 8,7 g/dL, 6500 leucócitos, 158 000 plaquetas, ureia: 47 mg/dL, creatinina: 2,43 mg/dL, LDH: 166 U/L, cálcio: 8,7 mg/dL, PCR: 14,7 mg/L, B2 microglobulina: 10,17 mg/L, hipogamaglo-bulinémia com pico monoclonal (IgM e IgA indoseáveis, IgG de 4,40 g/L), elevação de cadeias lambda livres no soro (com componente monoclonal) e proteinúria de Bence Jones. O mielo-grama mostrou 73% de plasmócitos e a biopsia óssea confirmou o diagnóstico de mieloma múltiplo. O exame histológico da lesão anorectal foi compatível com plasmocitoma. A TC pélvica, para além da lesão anorectal, mostrou lesão da gordura peri-rectal e lesões osteolíticas da coluna lombar e bacia. Durante o interna-mento desenvolveu quadro de obstrução parcial intestinal tendo sido iniciada corticoterapia com melhoria clínica.Tem sido seguido em Hospital de dia de hematologia. Apresenta--se iconografia.Discussão: Os plasmocitomas podem ser primários, sem en-volvimento da medula ou associados a mieloma múltiplo como é o caso que descrevemos.O envolvimento gastrointestinal ocorre em 0,9% dos doentes com mieloma múltiplo, sendo ainda mais raro na apresentação inicial da doença. O prognóstico dos doentes é reservado com sobrevida média de 7 meses.

P 51SÍNDROME DE KLIPPEL-TRENAUNAY – UMA CAUSA RARA DE HEMORRAGIA DIGESTIVACarlos Bernardes, Rafaela Loureiro, Tiago Capela, Mariana Nuno Costa, Verónica Borges, Mário Silva, Jaime RamosHospital de Santo António dos Capuchos, Centro Hospitalar de Lisboa Central

Resumo: Os autores apresentam o caso de um homem de 58 anos referenciado à consulta de Proctologia por rectorragias e anemia. Referia, desde os 8 anos de idade, episódios recorrentes de rectorragias e anemia, de frequência crescente. O exame proctológico inicial não detectou alterações. Endoscopicamente verificou-se, em todo no recto e sigmóide, cordões violáceos com disposição longitudinal e múltiplas elevações nodulares, confluentes, friáveis, com hemorragia em toalha, compatíveis com malformações vasculares, caracterizadas histologicamente como proliferação e ectasia de capilares e vénulas. Avaliação complementar identificou malformações vasculares múltiplas a nível pélvico, perineal, glúteo e na raiz das coxas. Foi feito o diagnóstico de síndrome de Klippel-Trenaunay (SKT). Dada a extensão e gravidade das lesões foi submetido a sigmoidectomia com colostomia terminal, com resolução das queixas. Cerca de

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3 anos após a cirurgia refere emissão de sangue pelo coto rectal, diária, com anemia decorrente. Observou-se, a montante do anel ano-rectal, de forma contínua e em toda a extensão observada, malformações vasculares com as características previamente descritas. Foram efectuadas sessões de terapêutica com árgon plasma, obtendo-se remissão clínica e franca melhoria endos-cópica após 8 semanas.O SKT é uma anomalia vascular congénita que envolve pre-dominantemente a pele e os tecidos moles. O envolvimento gastrointestinal é raro, sendo a terapêutica efectuada de uma forma individualizada, de carácter cirúrgico e/ou endoscópico, com suporte apenas em relatos de caso existentes na literatura. O presente caso pretende ilustrar as dificuldades inerentes à abordagem de um indivíduo com hemorragia digestiva crónica, recorrente e com recidiva após cirurgia.

P 52UM CASO RARO DE PROCTORREIARafaela V. Loureiro, Carlos Bernardes, Verónica Pavão Borges Mário Jorge Silva, Diana Carvalho, Mariana Costa, Pedro Russo, Tiago Capela, Joana SaioteServiço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE

Resumo: A proctorreia encontra-se na maioria dos casos rela-cionada com proctite por doença inflamatória intestinal, doenças infecciosas sexualmente transmissíveis ou neoplasia colo-rectal vilosa. Outras causas, como corpos estranhos, são raras.Os autores apresentam o caso e iconografia correspondente, de um homem, de 45 anos, caucasiano e heterossexual, observado por emissão de abundante quantidade de pus e proctalgia per-sistente que agravava com a evacuação, com 1 mês de evolução.À observação sem alterações da região perianal, salientando-se toque rectal doloroso, esfíncter normotónico, sem massas ou tumefações. Realizou rectossigmoidoscopia. No terço médio do recto, observou-se corpo estranho, com 6cm, impactado trans-versalmente, com drenagem de pus nos locais de impactação e reacção inflamatória circundante. Procedeu-se a tentativa de corte com tesoura endoscópica, sem sucesso. Após mobiliza-ção com pinça houve destacamento de uma das extremidades, tendo-se conseguido a remoção completa após manobras de mobilização. Não ocorreram complicações, verificando-se alívio sintomático imediato.Realizou TC abdomino-pélvica excluindo complicações. Cumpriu 7 dias de antibioterapia, com resolução das queixas em 3 dias.Confirmou tratar-se de palito de madeira, referindo o doente a ingestão prévia de lulas recheadas, sem sensação de deglutição de corpo estranho.Este caso documenta uma causa rara de proctorreia: a impac-tação de corpo estranho no recto. O diagnóstico pode passar despercebido pela não detecção da ingestão e por simular proctopatia por outras etiologias mais frequentes, acarretando atraso no diagnóstico e risco de complicações. Apesar da re-moção endoscópica ter sido possível, muitas vezes é necessária intervenção cirúrgica para a remoção do corpo estranho ou resolução de complicações.

P 53ADENOCARCINOMA DO CÓLON E LINFOMA LINFOCÍTICO DE PEQUENAS CÉLULAS – TUMORES SÍNCRONOSBorges V., Loureiro R., Silva N., Bettencourt M.J.Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE, Hospi-

tal CUF Infante Santo, Clínica São João de Deus

Resumo: A apresentação síncrona de linfoma linfocítico de pequenas células (LLPC) e adenocarcinoma do cólon (ADC) é um evento raro. No entanto, tem vindo a ser observada uma associação epidemiológica entre as duas entidades. Esta relação síncrona é atribuída à imunossupressão prolongada associada à progressão lenta do LLPC com um desenvolvimento subse-quente de ADC de forma metácrona.Apresenta-se um caso raro de diagnóstico acidental de LLPC baseado na avaliação histológica dos gânglios linfáticos de uma peça operatória de ADC.Doente do sexo masculino, 71 anos, referenciado à consulta de Gastrenterologia por anemia normocítica (hemoglobina: 10.2g/dL, hematócrito: 32.7%, volume globular médio: 82.2fL). Restante estudo laboratorial: leucócitos 10 900/µL, plaquetas 463 000/µL, ferritina, ácido fólico e vitamina B12 normais. Durante a investigação etiológica da anemia realizou tomo-grafia computorizada tóraco-abdomino-pélvica que mostrou neoformação do cólon direito associada a gânglios mesentéricos infra-centimétricos e ainda adenopatias retro-peritoneais (as maiores com 16mm). Sem lesões hepáticas ou pulmonares. A Colonoscopia total revelou lesão vegetante ulcerada do cólon transverso proximal, estendendo-se ao ângulo hepático e cólon ascendente distal. Foram realizadas biopsias que evidenciaram ADC pouco diferenciado. O doente foi submetido a hemicolecto-mia direita e linfadenectomia loco-regional, sem intercorrências. O exame anatomopatológico da peça operatória mostrou ADC pouco diferenciado em estadio pT3N0. A avaliação microscópica dos 56 gânglios linfáticos excisados revelou infiltração difusa por linfócitos, sendo o estudo imuno-histoquímico compatível com LLPC.O doente foi orientado para consulta de Oncologia, não apresen-tado indicação para quimioterapia adjuvante (ADC T3N0M0). Quanto ao LLPC, decidiu-se por uma vigilância monitorizada da doença.

P 54CARCINOMA VERRUCOSO PERIANAL EM DOENTE SUBMETIDO A QUIMIOTERAPIA – RELATO DE UM CASOBorges V., Capela T., Loureiro R., Oliveira M., Bettencourt MJ. Director: Dr. David MarquesServiço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE. Servi-

ço de Anatomia Patológica do Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE.

Resumo: O tumor de Burschke-Loewenstein, também deno-minado condiloma acuminado gigante ou carcinoma verrucoso da região ano-genital, é uma lesão proliferativa papilomatosa envolvendo a região ano-genital. Possui um crescimento lento e não representa uma lesão maligna por critérios histológicos, embora exista potencial de malignização, e tenha um comporta-mento localmente agressivo. Há evidência que seja causado pelo virus do papiloma humano (genótipos 6 e 11). Outros poten-ciais agentes de risco incluem a terapêutica imunossupressora e a infecção pelo Virus da Imunodeficiência Humana. Não há

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guidelines que orientem a decisão terapêutica, mas a escolha inicial é geralmente a excisão cirúrgica. É uma entidade rara, estando descritos pouco mais de 50 casos com envolvimento anal e/ou perianal.Apresenta-se um caso de carcinoma verrucoso perianal em doente submetido a quimioterapia.Homem de 67 anos, com história de adenocarcinoma do pulmão estadio IIIb diagnosticado em Janeiro de 2014, submetido a quimio-radioterapia até Julho de 2014. Referenciado à consul-ta de Proctologia em Setembro de 2014 pelo aparecimento de lesão perianal, sem sintomas associados. À observação, lesão vegetante, com 3x2 cm, ulcerada, friável, envolvendo a margem do ânus. Na anuscopia, sem evidência de infiltração do lúmen anal. Foi realizada biopsia que evidenciou hiperqueratose e paraqueratose focal, sem displasia. Optou-se pela excisão da lesão com bisturi eléctrico, sob anestesia local. O exame ana-tomopatológico mostrou carcinoma verrucoso com excisão justa lesão. O doente foi avaliado pela Cirurgia e discutido em reunião multidisciplinar, decidindo-se não alargar as margens da excisão. Mantém seguimento trimestral, sem recidiva da lesão ao 10º mês de follow-up.

P 55VARIZES IDIOPÁTICAS DO CÓLON: UM ACHADO INCOMUM NA COLONOSCOPIACátia Leitão, Helena Ribeiro, João Pinto, Ana Caldeira, Rui Sousa, António BanhudoServiço de Gastrenterologia do Hospital Amato-Lusitano, Unidade Local de

Saúde de Castelo Branco

Caso clínico: Doente do sexo masculino, de 66 anos, referen-ciado a consulta de Gastrenterologia por dor abdominal difusa inespecífica nas últimas semanas, sem outras queixas gastro--intestinais associadas. Sem antecedentes pessoais relevantes. Ao exame objectivo não apresentava alterações, nomeadamente estigmas de doença hepática crónica. O estudo da coagulação, as provas hepáticas e as serologias víricas foram normais. A colonoscopia mostrou varizes sem estigmas hemorrágicos que se estendiam ao longo do recto e todo o trajecto cólico, desde o cólon até ao cego. A endoscopia digestiva alta não mostrou alterações ao longo dos lúmens percorridos. A ecografia abdo-minal excluiu alterações hepáticas, do baço ou pâncreas, bem como, alterações do sistema vascular portal ou mesentérico. O estudo da auto-imunidade e o doseamento das imunoglobulinas foram negativos. A angioTC confirmou a presença de varizes do cólon sem causa vascular obstrutiva aparente. Face ao estudo etiológico investigado em complemento com os achados imagio-lógicos, trata-se de um caso de varizes idiopáticas do cólon. Após investigação confirmou-se que apresentava um familiar em 1º grau com varizes idiopáticas do cólon, o que está de acordo com a predisposição familiar. Optou-se por tratamento conservador.Discussão: As varizes idiopáticas do cólon são uma entidade muito rara, de etiologia não esclarecida, que podem ser diagnos-ticadas acidentalmente durante a colonoscopia ou descobertas devido a uma complicação, como a hemorragia digestiva baixa. O seu diagnóstico é feito por exclusão após estudo etiológico exaustivo e a sua abordagem terapêutica constitui um desafio caso a caso.

P 56ECOGRAFIA GASTROINTESTINAL: CONTRIBUTO PARA O DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO DA DIARREIA CRÓNICAPinto, J., Azevedo, R., Ribeiro, H., Leitão, C., Bettencourt, V., Caldeira, A., Pereira, E., Banhudo, A.Unidade Local de Saúde de Castelo Branco

Introdução: A ecografia gastrointestinal deve ser o exame ini-cial na investigação de diarreia crónica por permitir a avaliação aprofundada da parede e conteúdo digestivos, orientando a investigação subsequente.Caso clínico: Homem, 68 anos, com antecedentes de AVC isquémico, hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidé-mia, referenciado a consulta de gastroenterologia por diarreia não sanguinolenta com 4 meses de evolução e emagrecimento involuntário. À observação apresentava-se descorado, desidra-tado e emagrecido, com abdómen discretamente doloroso nos quadrantes esquerdos. Analiticamente, evidenciou-se ligeiro au-mento dos parâmetros inflamatórios. Por ecografia observava-se espessamento parietal difuso do cólon esquerdo, estratificação da parede mantida e aumento da vascularização por doppler; destacava-se um segmento curto, em que as alterações eram mais marcadas, condicionando diminuição concêntrica do lúmen, compatível com estenose benigna no contexto de colite isquémica. Realizou-se colonoscopia que revelou alterações compatíveis com colite afectando continuamente a mucosa do recto até ao ângulo esplénico e área subestenótica entre os 25 e 35cm da margem anal. As biópsias demonstraram aspectos de colite e ainda que repetidas diversas vezes, não esclareceram definitivamente a sua etiologia. Foi instituída terapêutica se-quencial com antibióticos, salicilatos e corticóides sistémicos, não se verificando melhoria. Foi realizado exame tomográfico concordante com os exames anteriores. Deste modo, e atenden-do à manutenção de dor, diarreia e perda de peso, o doente foi submetido a hemicolectomia esquerda, cujo exame histológico confirmou o diagnóstico de colite isquémica.Conclusão: Neste caso demonstra-se o papel que a ecografia da parede digestiva pode ter na abordagem inicial e seguimento dos doentes com diarreia crónica.

P 57CONTRIBUTO DA ECOGRAFIA ENDORRECTAL NO DIAGNÓSTICO DE LESÕES PERI-ANASTOMÓTICASHelena Ribeiro, João Pinto, Cátia Leitão, Ana Caldeira, Eduardo Pereira, José Tristan, Gina Melo, Rui Sousa, António Banhudo Hospital Amato Lusitano - ULS de Castelo Branco

Caso clínico: Homem, 85 anos, submetido a ressecção anterior do recto (RAR) por adenocarcinoma (Estadio IIIA). Aquando a cirurgia, foram realizadas biópsias a uma área de mucosa irregular do recto distal, cujo resultado anatomopatológico demonstrou alterações inflamatórias. Dada a idade avançada do doente, não foi efetuada quimioterapia adjuvante. Posteriormen-te, realizou totalização de colonoscopia, identificando-se duas formações polipóides no recto distal que foram biopsadas. Antes de se conhecer o resultado histológico (que foi compatível com pólipos inflamatórios), e por suspeita de recidiva, pediu-se TC--abdominopélvica, identificando-se espessamento da parede do recto imediatamente distal à anastomose. Para esclarecimento, efectou-se uma ecografia endorrectal. Neste exame visualizou-se

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no segmento rectal distal à anastomose uma irregularidade parie-tal, polipóide a que correspondia espessamento hipoecogénico com diferentes diâmetros e que condicionava apagamento das camadas parietais em algumas zonas, sem alterar a configuração externa da parede rectal. A ecotextura e ecomorfologia descritas não eram típicas de recidiva, tendo sido sugerida a realização de macrobiópsias. Na rectofibrossigmoidoscopia identificaram-se, em localização correspondente, múltiplas lesões polipóides, algumas ulceradas. O exame histológico das macrobiópsias realizadas revelou tratar-se de um Linfoma B difuso de células grandes do cólon.Discussão: A ecografia endorrectal apresentou um papel funda-mental na caracterização da lesão peri-anastomótica, mostrando alterações não habituais de recidiva local de adenocarcinoma, alertando para a possibilidade de uma diferente etiologia. O diagnóstico de linfoma colorretal primário, que é uma entidade rara, foi um diagnóstico inesperado, sendo este caso clinico um exemplo de que nem todas as lesões peri-anastomóticas são recidivas locais.

P 58EFICÁCIA DA INJEÇÃO DE TOXINA BOTULÍNICA NO TRATAMENTO DA FISSURA ANAL CRÓNICAHelena Ribeiro, Cátia Leitão, João Pinto, Ana Caldeira, Eduardo Pereira, Rui Sousa, António BanhudoHospital Amato Lusitano - ULS de Castelo Branco

Introdução: A fissura anal crónica é uma patologia frequente e com morbilidade significativa. A injeção intra-esfincteriana de toxina botulínica A tem sido utilizada no tratamento da fissura anal, pois a toxina provoca um relaxamento da musculatura esfincteriana anal promovendo a cicatrização.Objetivo: Avaliar a eficácia da injeção de Toxina Botulínica no tratamento da fissura anal crónica.Material e métodos: Estudo retrospetivo observacional que incluiu 37 doentes com fissura anal crónica tratados com toxina botulínica A (Botox®), entre 1 de Janeiro 2012 e Setembro de 2015, numa unidade de Gastrenterologia.Resultados: O tratamento foi efetuado em 37 doentes com fissura anal crónica não complicada, sendo 56,8% do sexo masculino e a média de idades de 60,4 anos. Verificou-se que 12 semanas após injeção de Botox®, 29 doentes (78,3%) apre-sentavam cicatrização da fissura anal ou significativa melhoria sintomática. Dos doentes com fissuras refratárias, 5 foram re-ferenciados para consulta de Cirurgia Geral, 1 repetiu injeção de Botox® e 2 doentes iniciaram tratamento com nitroglicerina tópica, mas não mantiver seguimento posterior.Dos 29 doentes que responderam inicialmente ao tratamento, verificou-se que 7 recorreram novamente à consulta por re-corrência de fissura anal (tempo médio entre a cicatrização e a recorrência de 11,6 meses). Destes, 4 foram orientados para a consulta de Cirurgia Geral, 2 aguardam nova injeção de Botox® e 1 iniciou nitroglicerina tópica.Não se registaram complicações associadas à injeção de toxina botulínica.Conclusões: A injeção de toxina botulínica A é uma opção terapêutica eficaz e segura no tratamento da fissura anal crónica.

P 59UM CASO RARO DE DOENÇA COLO-RECTAL SEXUALMENTE TRANSMISSÍVELSara Folgado Alberto1, João Barbosa1, Paula Borralho2, Manuel Liberato1

1Centro de Gastrenterologia, Hospital CUF Infante Santo; 2Serviço de Anatomia

Patológica , Hospital CUF Descobertas

Resumo: A espiroquetose intestinal, provocada pela espécie brachyspira, é uma causa rara de doença colo-rectal sexualmente transmissível no imunossuprimido, sendo na sua maioria assin-tomática. Ainda mais raramente, pode ocorrer em indivíduos imunocompetentes de modo sintomático.Os autores apresentam o caso de homem de 27 anos, com antece-dentes de relações anais desprotegidas com queixas de proctalgia intensa, escorrência de muco e obstipação com 1 semana de evolução. A observação por anuscopia constatava-se rectite distal exuberante, com hiperemia marcada, friabilidade e presença de muco. As biopsias do recto distal mostraram proliferação bac-teriana, com bacilos aderentes à superfície apical consistentes com espiroquetose intestinal. Realizou rectossigmoidoscopia 3 dias depois que, apesar da manutenção das queixas álgicas, não mostrou alterações da mucosa. As biopsias realizadas eram sobreponíveis às primeiras.Foram excluídas outras causas de doenças sexualmente trans-missíveis, nomeadamente HIV e sífilis.Realizou antibioterapia prolongada com doxiciclina e metroni-dazol, com melhoria das queixas após 1 semana.O controlo clínico, endoscópico e histológico, realizado aos 2 e 6 meses mostrou-se sem alterações e sem evidência de recidiva.Salientamos o caso clínico, pela raridade da infecção sintomática em imunocompetente.

P 60APRESENTAÇÃO INVULGAR DE LESÃO DO CÓLONPaula Sousa; Juliana Pinho; Diana Martins; Ricardo Araújo; Eugénia Cancela; António Castanheira; Paula Ministro; Américo SilvaCentro Hospitalar Tondela-Viseu

Resumo: Relata-se o caso de uma doente de 84 anos com antecedentes de patologia cardíaca, que recorreu ao serviço de urgência por quadro de hematoquézias abundantes associada a tonturas. Ao exame objectivo apresentava-se pálida e taqui-cárdica. Analiticamente com 6,7 g/dL de hemoglobina. Após estabilização hemodinâmica e transfusão com concentrado eritrocitário foi efectuada videocolonoscopia total, com iden-tificação de uma lesão plana circunferencial com cerca de 15 mm com uma protuberância vascular central com hemorragia pulsátil, debelada com injecção de solução de adrenalina. Devido às más condições de visualização não foi conseguida a realização de mucosectomia em contexto de urgência, pelo que se optou pela hemóstase endoscópica com colocação de clips e colas de fibrina, sem hemorragia no final e sem recidiva da hemorragia. Foi agendada tentativa de mucosectomia electiva.Apesar de a hemorragia digestiva baixa ser uma forma de ma-nifestação comum de lesões colo-rectais, estas raramente se apresentam como uma hemorragia em jacto, motivo pelo qual se apresenta este caso.

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P 61FECALOMA GIGANTE - UMA COMPLICAÇÃO INCOMUM DE OBSTIPAÇÃO CRÓNICAMartins D., Pinho J., Sousa P., Araújo R., Cancela E., Castanheira A., Ministro P., Silva A.Centro Hospitalar Tondela - Viseu

Resumo: Apresenta-se o caso de uma mulher, 85 anos, ante-cedente de doença cerebrovascular, obstipação, cronicamente medicada com laxantes.Referenciada a consulta por hérnia de hiato volumosa, obstipa-ção refratária à terapêutica com laxantes. Negada dor abdomi-nal, perda ponderal, perdas hemáticas nas fezes. Massa pétrea palpável no flanco e fossa ilíaca direitas.Ecografia abdominal não revelou alterações. TC abdominopé-lvico mostrou fecaloma do reto e sigmóide, estendendo-se por 27 cm e atingindo diâmetro anteroposterior de 12,2 cm; sem outras alterações relevantes.Tentada remoção digital do fecaloma sem sucesso. Realizada retossigmoidoscopia observando-se cordão fecal volumoso, contínuo desde a margem anal até aos 25 cm, ocupando todo o lúmen, permitindo apenas a passagem do endoscópio junto às paredes do cólon, tentada fragmentação e remoção sem sucesso, colocados enemas, ingerida solução de lim-peza intestinal sem efeito. Queixas de náuseas, vómitos de estase e distensão abdominal após terapêutica. Colocada Sonda nasogástrica. Internada para vigilância, ponderada referenciação cirúrgica.No internamento medicada com enemas diários. Teve trânsito intestinal ao terceiro dia de internamento. Controlo endoscópico com fezes pastosas ao longo do cólon esquerdo, não obstrutivas, sem fecaloma.Teve alta com recomendações dietéticas, reforço da medicação laxante.A obstipação crónica tem uma elevada prevalência e pode apresentam complicações relevantes. A formação de fecalomas obstrutivos tão volumosos constitui uma complicação infre-quente da obstipação crónica. As opções terapêuticas incluem uso de enema e laxantes, a cirurgia é recomendada quando o tratamento conservador falha.Realça-se a iconografia ilustrativa recolhida.

P 62RETORRAGIAS APÓS RADIOTERAPIA PARA ADENOCARCINOMA DA PRÓSTATA – UM DIAGNÓSTICO INESPERADO DE ADENOCARCINOMA DO RETOBranco J.C, Oliveira A.M., Anapaz V., Cardoso M., Carvalho R., Alberto S.F., Reis J.Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, EPE

Introdução: A radioterapia pélvica aplicada em contexto de adenocarcinoma da próstata acarreta comorbilidade gastroin-testinal tardia, em cerca de 30% dos doentes, nomeadamente por retorragias, diarreia e incontinência fecal.Caso: Apresenta-se o caso de um homem de 65 anos, cauca-siano, com história de adenocarcinoma da próstata, submetido a radioterapia externa 18 meses antes da apresentação em consulta, e anticoagulado por fibrilhação auricular. Foi refe-renciado por quadro com algumas semanas de evolução de diarreia sanguinolenta e incontinência fecal. Analiticamente

com hemoglobina de 16 g/dL, PCR 1 mg/dL e VS 30 mm/h, serologias virais e bacterianas (incluindo pesquisa de toxina de Clostridium difficile) assim como coproculturas negativas. Tinha medição de PSA recente de 1,6. Realizou colonoscopia total onde se identificou mucosa edemaciada, eritematosa, ulcerada e friável de forma circunferencial e contínua entre a margem anal e os 8 cm. Perante os antecedentes de radioterapia assumiu-se hipótese diagnóstica de proctopatia rádica pelo que foi medicado com enemas de sucralfato. Pelo aspeto atípico foi reobservado três semanas depois; nessa altura o doente referia manutenção das queixas e endoscopicamente constatou-se agravamento das alterações encontradas, com maior ulceração e edema, pelo que se realizaram biopsias. Estas foram foram compatíveis com adenocarcinoma moderadamente diferenciado.Conclusão: Pretende-se realçar a importância de considerar diagnósticos menos comuns subjacentes a diagnósticos mais comuns quando a apresentação da doença é atípica.Apresenta-se a iconografia endoscópica em imagens.

P 63ANGIODISPLASIA GIGANTE DO CÓLON – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICOJuliana Pinho, Diana Martins, Paula Sousa, Eugénia Cancela, Ricardo Araújo, António Castanheira, Paula Ministro, Américo SilvaCentro Hospitalar Tondela/Viseu

Resumo: Descreve-se o caso de uma doente, 85 anos, com antecedentes de hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2, que recorreu ao serviço de urgência por hematoquezias com cerca de 3 horas de evolução, sem dor abdominal associada. Negava episódios prévios semelhantes ou toma de AINE´s, antiagregantes ou anticoagulantes. Apresentava-se hemodina-micamente estável com hemoglobina 12.2 g/dL com VGM 87.0 fl. Realizada colonoscopia que revelou sangue escuro no lúmen e duas formações elevadas, arredondadas, subepiteliais de co-loração violácea, com cerca de 25 mm de diâmetro, localizadas no polo cecal, uma delas com superfície erosionada no topo, em provável relação com hematomas, sem hemorragia ativa. No 4º dia de internamento teve recidiva hemorrágica associada a choque hipovolémico e descida de hemoglobina para 6.1 g/dL com necessidade transfusional e fluidoterapia. Repetida colo-noscopia que revelou volumoso coágulo fresco a ocupar o polo cecal, com hemorragia ativa pela sua base, sem possibilidade de terapêutica endoscópica. Submetida a hemicolectomia direita sem intercorrências. O exame histológico da peça cirúrgica revelou hemorragia submucosa da parede cecal com múltiplos vasos ectásicos, tortuosos, sugestivos de angiodisplasia cólica. A doente apresentou boa evolução clínica.As angiodisplasias do cólon são alterações vasculares com risco hemorrágico, contribuindo para cerca de 6% dos casos de he-morragia digestiva baixa. A maioria localiza-se no colon direito e apresenta pequenas dimensões, com possibilidade de terapêutica endoscópica. Relata-se este caso pela raridade do diagnóstico, pelo desafio na abordagem diagnóstica dado o aspecto atípico na endoscopia e pela terapêutica instituída.

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P 64HEMATOMA ESPONTÂNEO DO CÓLON – UMA ENTIDADE INVULGARJuliana Pinho, Diana Martins, Paula Sousa, Eugénia Cancela, Ricardo Araújo, António Castanheira, Paula Ministro, Américo SilvaCentro Hospitalar Tondela/Viseu

Resumo: Os autores descrevem o caso de uma doente, 78 anos, com antecedentes de hipertensão arterial, antiagregada com aspirina. Recorreu ao serviço de urgência por quadro de precordialgia e dispneia, tendo sido internada por enfarte agudo do miocárdio sem supra ST, tendo sido proposta pela Cardiolo-gia para terapêutica conservadora. Ao 7º dia de internamento, iniciou quadro de retorragias. Analiticamente, apresentava hemoglobina de 8.6 g/dL com VGM 93 fl. Realizou-se colonos-copia que revelou mucosa entre os 40 e os 50 cm de coloração violácea com envolvimento de dois terços da circunferência luminal, e com área de laceração e destacamento da mucosa com hemorragia ativa, sem possibilidade de terapêutica endoscópica. Submetida a hemicolectomia esquerda de urgência. O exame histológico da peça cirúrgica confirmou tratar-se de hematoma intramural com 10.5 cm de extensão, com mucosa substituída por coágulo sanguíneo. O pós-operatório complicou-se com infeção respiratória nosocomial, tendo a doente vindo a falecer.O hematoma intramural do cólon é uma causa de hemorragia digestiva baixa rara, normalmente associado a trauma abdomi-nal. Neste caso, a causa provável da hemorragia será a terapêu-tica antiagregante instituída no contexto de enfarte agudo do miocárdio. Descreve-se este caso pela raridade do diagnóstico e iconografia recolhida.

P 65GASTROENTERITE EOSINOFÍLICA: CAUSA RARA DE DIARREIA CRÓNICARocha M., Küttner Magalhães R., Castro-Poças F., Salgado M., Pedroto I.Centro Hospitalar do Porto - Serviço de Gastrenterologia

Resumo: A gastroenterite eosinofílica é uma doença inflama-tória rara, caracterizada pela infiltração eosinofílica do tubo digestivo, na ausência de outras causas de eosinofilia.Mais de 70 anos após a sua descrição inicial, o seu diagnóstico permanece um desafio pela heterogeneidade na apresentação clínica.Mulher de 55 anos com hipertensão arterial, rinite alérgica e doença renal poliquística, em diálise peritoneal e polimedicada.Referenciada à consulta de Gastrenterologia por diarreia crónica com 4 anos de evolução, com muco, mas sem sangue, por vezes com episódios nocturnos. Sem dor abdominal, vómitos, emagrecimento ou outra sintomatologia. Assintomática durante curso breve de pred-nisolona 40 mg/dia, prescrito por reação alérgica à levofloxacina, com recorrência das queixas após final do tratamento.Do estudo, eosinofilia 1430/uL; anemia 10.6 g/dl; ferro, albumi-na, vitamina B12, proteína C reactiva e função tiroideia normais; coproculturas e parasitológico de fezes negativos; calprotectina fecal 1517 ug/g; serologias negativas para doença celíaca e vírus da imunodeficiência humana.Colonoscopia sem alterações macroscópicas. Biópsias dispersas reveladoras de intensa infiltração eosinofílica. Endoscopia alta com focos de eritema e congestão bulbares e histologia do estô-mago e duodeno com idêntica infiltração eosinofílica.

Estabelecido o diagnóstico de gastroenterite eosinofílica com envolvimento gástrico e cólico, cumpriu terapêutica com prednisolona 20 mg/dia durante 3 semanas, com posterior desmame. Evidência de melhoria clínica e normalização da contagem eosinofílica.O presente caso demonstra que a gastroenterite eosinofílica, apesar de ser uma doença rara, deverá ser suspeitada numa doente com alergias e eosinofilia periférica, com sintomas gas-trointestinais compatíveis.

P 66CARCINOMA EPIDERMOIDE DO CANAL ANAL – COMPORTAMENTO CLÍNICO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA AO LONGO DE 15 ANOSRocha M., Castro-Poças F., Maia L., Salgado M., Pedroto I.Centro Hospitalar do Porto - Serviço de Gastrenterologia

Introdução: As neoplasias malignas do ânus são incomuns, menos de 2,5% dos tumores malignos gastrointestinais. O carcinoma epidermoide constitui o diagnóstico histológico predominante.Objetivos: Apresentação clínica e resposta ao tratamento dos carcinomas epidermoides do canal anal (CECA).Métodos: Análise retrospetiva dos CECA confirmados histolo-gicamente entre Janeiro/2000 e Setembro/2015, numa população hospitalar.Resultados: Incluídos 20 doentes (111 ; 96 - mediana de ida-des 65,5 anos). Formas de apresentação mais comuns: retorragia (55%), dor anal (35%), prurido anal (15%), tumefação (15%).Antecedentes de patologia anal em 8 doentes: doença hemor-roidária (6), fissura anal (1), neoplasia intraepitelial anal grau III (1). Oito doentes com tabagismo ativo ou passado e 6 não--fumadores. Apenas metade dos doentes testou vírus da imu-nodeficiência humana e só um revelou infeção. Dos 2 doentes com pesquisa do papiloma vírus humano (HPV), 1 foi positivo. Somente 3 mulheres tiveram observação ginecológica.No diagnóstico, 10 tumores tinham >5cm e todos estes eviden-ciaram invasão ganglionar, 6 invasão das estruturas adjacentes e 3 metástases à distância. Daqueles com <5cm, 2 revelaram metástases ganglionares.Sete doentes propostos para tratamento sintomático; 11 para tratamento curativo: 9 quimioterapia (5-fluoruracilo e mitomi-cina) mais radioterapia e 2 exérese local. Constataram-se 82% remissões completas com posterior recidiva em 22%, exigindo segundo tratamento (amputação abdominoperineal). Resposta inicial ausente em 18%, requerendo quimioterapia de 2ºlinha. Faleceram 9/18 doentes.Conclusões: A maioria dos doentes não foi avaliada quanto aos fatores de risco, nomeadamente infeção pelo HPV. Verificou-se pior prognóstico nos tumores com >5cm. A maioria apresentava invasão ganglionar no diagnóstico. Não houve recidivas após 3 anos de follow-up.

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38 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015

P 67INJECÇÃO ENDOSCÓPICA DE POLIDOCANOL PARA TRA-TAMENTO DE ÚLCERA RECTAL COM VASO VISÍVEL APÓS LAQUEAÇÃO ELÁSTICA DE PEDÍCULO HEMORROIDÁRIOArmando Peixoto, João Santos-Antunes, Fernando Azevedo, Margarida Marques, Andreia Albuquerque, Marco Silva, José A. Sarmento, Guilherme MacedoServiço de Gastrenterologia - Centro Hospitalar São João. Porto, Portugal.

Resumo: A presença de úlceras rectais após a laqueação é muito rara.Os autores apresentam o caso de um homem 68 anos de idade, com antecedentes de dissecção endoscópica submucosa de uma lesão rectal displásica em 2010 e de patologia hemorroidária submetida a laqueação elástica 16 dias antes. O doente foi admitido no serviço de urgência por um quadro grave de rec-torragias com cerca de 12h de evolução. À admissão, o doente encontrava-se hipotenso (pressão arterial de 95/45 mmHg), com frequência cardíaca de 90 bpm. O estudo analítico revelou uma diminuição de 4 g/dL do valor de hemoglobina (14.8 para 9.8 g/dL). Após ressuscitação hemodinâmica com solução salina 0.9%, foi realizada rectossigmoidoscopia em que se verificou ausência de sangue no lúmen rectal, com conteúdo fecal de coloração normal a montante. Após retroflexão foram obser-vadas 2 úlceras justas à linha pectínea. Uma delas apresentava vaso visível, provavelmente de natureza arterial, explicando a origem da hemorragia rectal. Dada a presença de ulceração, a colocação de elásticos não era viável, e a localização da lesão, próxima à margem anal, não permitia a colocação hemoclips. Devido ao elevado risco de recorrência de hemorrágica, foi decidido injectar um agente esclerosante (polidocanol 1%) na submucosa sob a úlcera. Após 48h em vigilância o doente teve alta com pressão arterial normal, trânsito intestinal preservado e sem recorrência de perdas hemáticas.Apresentamos em caso particular em que, devido à incapacidade de outros tratamentos mais convencionais, foi tentada a injecção de polidocanol em torno da úlcera, com excelente resultado.

P 68ASPECTO ENDOSCÓPICO PSEUDOTUMORAL DE UM CASO DE PROCTOCOLITE ISQUÉMICAMarco Silva Armando Peixoto José A. Sarmento Guilherme MacedoServiço de Gastrenterologia – Centro hospitalar São João, Porto, Portugal

Introdução: A proctite isquémica é rara dada a elevada vas-cularização do reto, sendo mais frequente em doentes com idade avançada, fatores de risco cardiovasculares e doença aterosclerótica significativa. O diagnóstico precoce é essencial de forma a evitar complicações potencialmente fatais. Neste caso, destaca-se o aspeto endoscópico incomum, lembrando uma neoplasia estenosante do recto.Descrição do Caso: Mulher de 91 anos de idade, enviada ao ser-viço de urgência por dor abdominal e retorragias. Analiticamente apresentava anemia (hemoglobina de 10.1 g/dL), elevação da PCR (73 mg/dL), sem leucocitose. A tomografia computorizada abdominal evidenciou um espessamento concêntrico e irregular, ao nível da transição rectossigmoideia, com densificação da gordura adjacente, algumas formações ganglionares infracen-timétricas satélites. Foi realizada rectossigmoidoscopia que revelou ulceração circunferencial da mucosa do reto proximal

numa extensão de cerca 15cm, com tecido necrótico vegetante condicionando estenose. Não se observaram alterações da mu-cosa do colón sigmóide e recto distal. O exame histológico de várias biópsias da área afetada foram compatíveis com isquemia da mucosa retal. A doente foi internada e iniciou tratamento conservador com antibioterapia de largo espectro. A doente apresentou melhoria progressiva, tendo alta assintomática. Um mês após a alta a rectossigmoidoscopia de reavaliação revelou úlcera superficial de fundo nacarado ao nível do recto proximal.

P 69HÉRNIA SPIGELIANA: CAUSA RARA DE HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXAAna Ponte, Adélia Rodrigues, Ana Paula Silva, Rolando Pinho, Iolanda Ribeiro, Joana Silva, Jaime Rodrigues, João CarvalhoServiço Gastrenterologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho

Resumo: Descreve-se caso clínico de homem de 81 anos que recorreu ao serviço de urgência por quadro de hematoquézias e lipotímia. Ao exame objetivo, destaca-se palidez cutânea, TA 88/55 mmHg, FC 94 bpm e abdómen com hérnia abdominal direita redutível, sem sinais de irritação peritoneal. O estudo analítico revelou anemia (hemoglobina 5,6 g/dL) normocítica/normocrómica, leucocitose 19500/µL com neutrofilia e lesão renal aguda. A endoscopia digestiva alta não apresentou al-terações de relevo e a colonoscopia revelou uma úlcera cecal com 20 mm, com coágulo velho aderente, correspondendo ao local de transiluminação cutânea a nível da hérnia abdominal direita. Para exclusão de estrangulamento herniário, solicitou-se tomografia computorizada que revelou a presença de hérnia spi-geliana direita com colo largo, contendo o cego no seu interior, sem sinais de isquemia. Instituiu-se tratamento médico, com transfusão de eritrócitos, fluidoterapia, pausa alimentar e anti-bioterapia empírica, aguardando tratamento cirúrgico da hérnia.A hérnia spigeliana constitui uma entidade rara, que resulta de um defeito aponevrótico da parede abdominal anterior, adjacente à linha semilunar. Em adultos, ocorre mais frequentemente à direita, entre a quarta e sétima décadas de vida e em mulheres, resultando de traumatismo ou aumento da pressão intra-abdominal. O diag-nóstico clínico constitui um desafio, dada a ausência de sintomas característicos. A dor abdominal é o sintoma mais frequente, localizando-se geralmente na região da hérnia, podendo por vezes, tornar-se difusa. A tomografia computorizada contrastada afigura--se como o exame de eleição no estabelecimento do diagnóstico. Dado o elevado risco de encarceramento das hérnias spigelianas, o tratamento cirúrgico é recomendável.

P 70FECALOMA GIGANTE: CAUSA INESPERADA DE TUMEFAÇÃO ABDOMINALAna Ponte, Teresa Freitas, Joana Silva, Iolanda Ribeiro, Jaime Rodrigues, João CarvalhoServiço Gastrenterologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho

Resumo: Descreve-se caso clínico de mulher de 58 anos referen-ciada por quadro de tumefação do flanco abdominal esquerdo, sensação de evacuação incompleta e perda ponderal espontânea (18% peso corporal), com um ano de evolução. Dos antecedentes pessoais salienta-se obstipação crónica com componente termi-nal com necessidade de digitação retal, diabetes Mellitus sob

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vildagliptina/metformina, histerectomia, cardiopatia valvular e défice cognitivo ligeiro. Ao exame objetivo, destaca-se aspeto emagrecido e abdómen distendido, mole e depressível, com abaulamento dos quadrantes esquerdos, sem massas palpáveis. O estudo analítico não apresentou alterações relevantes e a to-mografia computorizada revelou volumoso fecaloma retal com diâmetro longitudinal de 35cm, estendendo-se ao epigastro, sem níveis hidroaéreos ou lesão obstrutiva distalmente, condi-cionando megarreto, colapso gástrico, compressão discreta da veia cava inferior e desvio direito do lobo hepático esquerdo. Instituiu-se terapêutica médica com polietilenoglicol e enemas de docusato sódio/sorbitol alternados com enemas de água morna e azeite. Realizou-se vigilância analítica e radiológica seriadas, verificando-se resolução progressiva do fecaloma. Posteriormente, realizou colonoscopia esquerda com progressão a montante impossibilitada por má preparação intestinal, não se observando lesões.A obstipação crónica acomete 3-31% da população ocidental, cursando com impactação fecal em formas severas. Os fecalomas ocorrem mais frequentemente no cólon distal e reto. Quando ocorre dilatação intestinal na ausência de patologia orgânica, denomina-se megacólon, megarreto ou ambos, consoante o seg-mento afetado. A abordagem inicial é conservadora, incluindo laxantes, enemas e/ou digitação manual. O tratamento cirúrgico reserva-se para situações de obstipação refratária, intolerância ao tratamento médico e complicações secundárias, designada-mente perfuração cólica, ciatalgia, hidronefrose ou trombose venosa profunda.

P 71CORPO ESTRANHO IMPACTADO CONDICIONANDO OBSTRUÇÃO CÓLICA MALIGNA AGUDAAna Ponte, Rolando Pinho, Iolanda Ribeiro, Joana Silva, Jaime Rodrigues, João Carvalho.Serviço Gastrenterologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho

Resumo: Descreve-se caso clínico de um homem de 51 anos que recorreu ao Serviço Urgência por dor abdominal intensa, vómitos e ausência de trânsito gastrintestinal com um dia de evolução. Da anamnese, salienta-se gastrectomia subtotal e quimioterapia adjuvante por neoplasia gástrica de células em anel de sinete (T3N2M0) diagnosticada aos 47 anos e qui-miorradioterapia paliativa por metastização retal aos 50 anos. Ao exame objetivo, excluíram-se sinais de irritação peritoneal. A radiografia abdominal revelou distensão cólica marcada e a tomografia computorizada (TC) revelou estenose retal maligna com distensão cólica proximal. O doente foi referenciado para colocação de prótese paliativa. Na retossigmoidoscopia verifi-cou-se estenose retal maligna com osso de frango impactado no lúmen, condicionando edema e obstrução completa. Após re-moção com pinça de corpos estranhos, a estenose era facilmente transponível pelo colonoscópio. Devido ao restabelecimento do trânsito intestinal, a colocação da prótese foi protelada. Após revisão do TC, identificou-se um objeto radiopaco no lúmen da estenose retal.A obstrução colorretal maligna é uma complicação de neoplasias em estadio avançado, incluindo neoplasias colorretais, de ór-gãos adjacentes ao cólon ou metastização. A ingestão de corpos estranhos não constitui um evento raro e a maioria cursa sem sintomas ou complicações. Contudo, estes podem ficar retidos em áreas de estreitamento ou angulação do lúmen intestinal,

podendo resultar em complicações como abcesso, fístula, per-furação ou obstrução intestinal. Este caso ilustra a importância da inspeção minuciosa das estenoses malignas previamente à colocação de prótese para exclusão de outras causas de obstrução cólica, como corpo estranho impactado.

P 72ANÁLISE COMPARATIVA DAS CARACTERÍSTICAS DOS PÓLIPOS ENCONTRADOS CONSOANTE O MOTIVO DA COLONOSCOPIAPedro Russo, Carlos Bernardes, Rafaela Loureiro, Verónica Pavão Borges, Diana Carvalho, Mariana Nuno Costa, Mário Jorge Silva, Tiago Capela, António David MarquesHospital de Santo António dos Capuchos, Centro Hospitalar de Lisboa Central

Introdução: A colonoscopia é um método de eleição no diagnóstico e prevenção do cancro colo-rectal.Objetivos e métodos: Comparar a taxa de detecção de pólipos, distribuição e histologia consoante o motivo da colonoscopia. Avaliados motivos de colonoscopia e características dos pólipos detectados durante 2013.Resultados: 1200 colonoscopias com identificação de pólipos. Motivos para colonoscopia: exame para polipectomia - 203 doentes com identificação de 440 pólipos (em 203 colonos-copias realizadas por este motivo); rastreio - 173 doentes/355 pólipos/418 colonoscopias; antecedentes de pólipos (AP) - 143/344/211; hemorragia digestiva baixa (HDB) - 137/223/510; pesquisa de sangue oculto nas fezes positivo (PSOF)- 137/ 295/253; alteração do padrão defecatório (APD) - 120/238/457; anemia - 118/218/399.Taxa de detecção de pólipos estatisticamente superior nos exa-mes por AP - 67,8% (1,66 pólipos por exame) e PSOF - 54,2% (1,17 pólipos por colonoscopia) em comparação com o rastreio - 41,4% (0,85 pólipos por exame).Predomínio de pólipos no cólon esquerdo para todas as indi-cações.Detecção de pólipos de alto risco (adenomas vilosos/ displasia de alto grau/ >10 mm) superior para AP (28,9%; p<0,01) e PSOF (20,9%; p=0,07) em comparação com o rastreio (15,5%). Taxa de detecção de adenocarcinoma superior nos doentes com anemia (9,8%; p<0,01) e com HDB (6,7%; p=0,26) - diferença estatisticamente significativa em relação ao rastreio (4,8%) apenas no primeiro caso.Conclusões: Destacamos a maior taxa de detecção de pólipos e de pólipos de alto risco nos doentes que efectuam exame por PSOF e por AP. Por sua vez os motivos de exame associados a maior taxa de detecção de adenocarcinoma foram a anemia e a HDB.

P 73PROCTITE ISQUÉMICA POR COMPRESSÃO PARIETALMarco Silva, Hélder Cardoso, Andreia Albuquerque, Sara Gomes, José Sarmento, Armando Peixoto, Guilherme MacedoServiço de Gastrenterologia e Urgência – Centro hospitalar São João;

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal

Introdução: A impactação fecal é um problema comum, sendo mais frequente em doentes idosos e acamados, com obstipação crónica. Os fecalomas são uma forma grave de impactação fecal, apesar da principal complicação ser oclusão intestinal também podem condicionar isquemia devido a diminuição da

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perfusão intestinal. Neste caso destaca-se uma complicação rara, a isquemia rectal.Descrição do caso: Homem de 92 anos de idade, enviado ao serviço de urgência por prostração, dor abdominal, obstipação, náuseas e vómitos. Tinha antecedentes de síndrome demencial e hipertensão arterial. Na tomografia computorizada abdominal evidenciaram-se níveis hidroaéreos, aparente fecaloma volumoso na transição recto-sigmóide, com espessamento da parede e densificação da gordura adjacente, sugestivos de colite isquémi-ca. Como terapêutica fez enemas de limpeza e extração digital de fecaloma. Posteriormente, devido a diarreia sanguinolenta realizou rectossigmoidoscopia, tendo-se observado extensa ulce-ração circunferencial da mucosa do reto proximal com necrose superficial, sem lesões do colón sigmóide. O exame histológico revelou sinais sugestivos de isquemia da mucosa retal. O doente apresentou melhoria progressiva com alta, assintomático, após 6 dias de tratamento conservador.

P 74COLECTOMIA SUBTOTAL LAPAROSCÓPICA NO TRATAMENTO DA OBSTIPAÇÃO CRÓNICAHugo Maciel Ribeiro, Henrique Morais; Marta Ferreira, Filipa Santos, João Pinho; Vera Vieira, Nuno Azenha, Isabel Borges, Alice Fonseca, Amândio Matos, Lucília Conceição, Raquel Dias, José Mário Cecílio.Hospital Distrital da Figueira da Foz

Introdução: A obstipação crónica é uma condição gastrointes-tinal muito comum, que afeta a qualidade de vida dos doentes. Apesar do tratamento ser essencialmente médico, a cirurgia apresenta-se como uma alternativa na doença refratária em doentes criteriosamente selecionados.Objetivos: Revisão das indicações e aspetos técnicos de uma das opções cirúrgicas para o tratamento da obstipação de trânsito lento - a colectomia subtotal com anastomose íleo-retal.Material e métodos: Caso clínico de doente do sexo feminino, de 50 anos de idade, com obstipação crónica de longa data e agravamento clínico progressivo apesar da otimização da tera-pêutica médica. Doente com dolicocólon e evidência radiológica de obstipação de trânsito lento. Foi proposta para colectomia subtotal com anastomose íleo-retal.Exposição do caso sob a forma de vídeo cirúrgico, com revisão passo a passo do procedimento cirúrgico e referências anatómicas.Resultados: Pós-operatório sem intercorrências. Alta clínica ao 5º dia, com seis a oito dejeções diárias. Trânsito intestinal regularizado às seis semanas, com duas a três dejeções diárias. Melhoria subjetiva significativa da qualidade de vida.Discussão Conclusão: Para uma minoria dos doentes com obstipação crónica de trânsito lento o tratamento cirúrgico deve ser considerado. A colectomia subtotal com anastomose íleo-retal pode oferecer bons resultados funcionais nos doentes sem disfunção do pavimento pélvico.Apesar da abordagem laparoscópica condicionar um aumento do tempo operatório, a rápida recuperação pós-operatória e o melhor resultado estético suplantam as desvantagens da técnica.

P 75ENCERRAMENTO DE FÍSTULA RETAL – UMA NOVA ABORDAGEM Martins D., Pinho J., Sousa P., Araújo R., Cancela E., Castanheira A., Ministro P, Casimiro C., Silva A.Centro Hospitalar Tondela - Viseu

Resumo: Homem, 78 anos, antecedente de adenocarcinoma invasor do reto submetido a colostomia derivativa e quimio-radioterapia neoadjuvante, posterior resseção anterior do reto baixa com ileostomia de proteção e quimioterapia adjuvante.Realizou exames seccionais de imagem durante o follow-up que revelaram coleção pre-sagrada secundária a fístula anas-tomótica. Realizada retossigmoidoscopia que mostrou fundo de saco, peri-anastomótico, com mucosa granular, com dois orifícios no topo, com cerca de 2 mm, um deles cego e outro correspondendo a aparente fístula.Por se tratar de doente com múltiplas co-morbilidades car-diovasculares, nomeadamente aneurisma volumoso da aorta abdominal, optou-se por terapêutica endoscópica para encer-ramento da fístula.Tentada colocação de clip OTSC sem sucesso por presença de tecido de granulação fibrótico no fundo de saco.Optou-se por terapêutica endoscópica com lavagem, escarifica-ção do orifício da fístula, colocação de rede de Vicryl e posterior injeção de colas de fibrina e aplicação de plug de colagénio. Manteve seguimento endoscópico regular com novas sessões terapêuticas. Verificou-se boa evolução endoscópica com dimi-nuição progressiva do diâmetro do orifício fistuloso até ao seu encerramento aparente.Controlo radiológico com aparente diminuição do calibre do trajeto fistuloso, não ramificado, não associado a coleções.Apresenta-se o caso por se tratar de uma terapêutica endoscópica inovadora e eficaz para tratamento de fístulas perianastomóti-cas. Realça-se a importância destas alternativas conservadoras em doentes de alto risco. Destaca-se a iconografia ilucidativa recolhida.

P 76CÁLCULOS DE OXALATO DE CÁLCIO SIMULANDO CONTAS DE ROSÁRIO NUMA SUTURA CIRÚRGICA DO CÓLON: ACHADO ENDOSCÓPICO INCOMUMJoana Silva, Rolando Pinho, Iolanda Ribeiro, Ana Ponte, Jaime Rodrigues, João CarvalhoCentro Hospitalar de Vila Nova de Gaia- Espinho

Resumo: Os autores descrevem caso clínico de mulher de 59 anos, submetida a resseção do íleo em 2004 no Brasil, por motivo que não sabe especificar.Nega antecedentes familiares de cancro colo-retal. Não faz medicação habitualmente.Enviada para consulta de Gastrenterologia por quadro de dor abdominal em cólica e dejeções diarreicas sem sangue (> 5/dia) com 4 meses de evolução. Nega náuseas, vómitos ou febre.Para esclarecimento do quadro, realizou colonoscopia com progressão até à anastomose ileocólica, na qual se observa fio de sutura “prolene” envolvido por várias estruturas arredondadas, semelhantes a contas de rosário.Com o intuito de exclusão de envolvimento extra-luminal, a doente realizou tomografia computorizada abdominal que re-

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velou várias formações ovoides hiperdensas pericentimétricas confinadas à anastomose ileocólica e lúmen cólico.Repetiu colonoscopia para extração do corpo estranho. Não se conseguiu remover fio de sutura com pinça de biopsia dado o fio penetrar na parede num trajeto de cerca de 15 mm. Procedeu-se ao corte do fio nos pontos de penetração com tesoura endoscó-pica (FS-3L-1; Olympus, Tokyo, Japão) e removeu-se o corpo estranho com pinça.A análise bioquímica revelou cálculos de oxalato de cálcio.Quando o cálcio é ingerido juntamente com alimentos ricos em oxalato, liga-se a este no intestino delgado formando oxalato de cálcio que não é absorvido, sendo eliminado nas fezes.No caso descrito, os cristais de oxalato de cálcio provavelmente aderiram à sutura cirúrgica, formando uma superfície ideal para aderência de mais cristais e subsequente formação de cálculos.Apresenta-se iconografia endoscópica em imagem e vídeo.

P 77UTILIDADE DA MANOBRA DE RETROVERSÃO NA ENDOSCOPIA TERAPÊUTICA – SÉRIE DE CASOSRodrigues J. P., Pinho R., Freitas T., Ribeiro I., Silva J, Ponte A., Carvalho J.Serviço de Gastroenterologia - Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho

Introdução: A polipectomia e mucosectomia são as técnicas endoscópicas gold standard na abordagem de pólipos e le-sões superficiais do cólon. Vários fatores, como o tamanho, configuração e localização, podem dificultar o acesso endos-cópico às lesões. Os dados sobre a utilidade da retroversão na resseção destas lesões ou nas complicações associadas são escassos.Objetivos: Demonstrar a utilidade da retroversão na endoscopia terapêutica.Material e métodos: Análise retrospetiva dos procedimentos endoscópicos terapêuticos nos quais foi utilizada a manobra de retroversão.Resultados: Incluídos 16 procedimentos relativos a 12 doentes (idade média 71,1 anos; 75% do sexo masculino), de Janeiro de 2012 a Setembro de 2015. Em 15 casos a retroversão foi utilizada como auxiliar da mucosectomia, de forma total ou parcial: 9 lesões no reto, 4 no cólon ascendente e 2 no cego; de acordo com a Classificação de Paris, 10 lesões classificadas em 0-IIa, 1 lesão 0-Is, 2 lesões 0-Is-IIa, 1 lesão 0-IIa-Is e 1 lesão 0-IIb-IIc; histologicamente, identificados 12 adenomas com displasia de alto grau, 2 com displasia de baixo grau e 1 adenocarcinoma. Em 2 casos foi utilizada a retroversão como auxílio ao controlo endoscópio de hemorragia: num dos casos realizada hemostase com clips, noutro caso hemostase com clips completada por técnica tulip bundle.Conclusão: De acordo com a nossa experiência, a retroversão é um método muito útil como complemento aos procedimentos sob visualização direta, podendo mesmo permitir a realização de técnicas não passíveis de execução sob visualização direta. Demonstra-se a utilidade da técnica para os diferentes tipos de procedimento sob a forma de vídeo.

P 78HEMATOMA INTRAMURAL ESPONTÂNEO DO CÓLONDavid Perdigoto¹, Sandra Barbeiro², Ricardo Cardoso¹, Pedro Amaro¹, Carlos Sofia¹. 1Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra 2Centro Hospitalar de Leiria

Resumo: Apresenta-se o caso clínico de um homem de 73 anos que vem ao serviço de urgência por hematoquezia. Descrevia emissão de sangue vivo em pequena quantidade após dejeção de fezes duras. Sem outra sintomatologia ou episódios prévios semelhantes.Antecedentes patológicos: anemia ferripriva, diabetes tipo 2, HTA, dislipidemia. Toma crónica de ácido acetilsalicílico.O exame objetivo não revelava alterações valorizáveis.Analiticamente o doente apresentava hemoglobina 9.8 g/dl, plaquetas 190.000/mm³ e INR 1.19. Leucócitos e PCR na faixa normal.Realizada colonoscopia que permitiu identificar, no cólon des-cendente e sigmóide (até aos 20 cm da margem anal) presença de mucosa abaulada de forma contínua e com tonalidade violácea sendo compatível com hematoma.Angio TC revelava espessamento da parede do cólon, numa ex-tensão de cerca de 10 cm, com uma espessura máxima de 9 mm.O doente foi internado para vigilância; apresentou boa evo-lução clínica e analítica, sem recorrência de perdas hemáticas digestivas.Realizou TC de controlo, duas semanas posteriormente, que mostrou o mesmo espessamento cólico mas agora com uma extensão de 2 cm e espessura de 6 mm.Manteve seguimento posterior sem apresentar novos episódios de hematoquezia.Conclusão: a lesão em causa corresponderá a hematoma in-tramural espontâneo do cólon. A toma de ácido acetilsalicílico pode propiciar o aparecimento destas formações. Este tipo de hematoma do cólon é raro e auto-limitado.Apresenta-se este caso, documentado iconograficamente com vídeo, por evidenciar uma lesão pouco vulgar.

P 79RETIRADO

P 80FACTORES DE RISCO PREDITIVOS DE RECIDIVA A CURTO PRAZO DE ABCESSO PERI-ANALDiana Gonçalves, Marina Morais, Elisabete Barbosa, Renato Bessa de Melo, Pedro Correia da Silva, J. Costa-MaiaServiço de Cirurgia, Centro Hospitalar São João, EPE, Porto

Introdução: Abcesso e fístula anal podem ser considerados fases evolutivas da mesma doença com origem criptoglandular, na maioria dos casos, representando cerca de 70% do total das supurações peri-anais. Surgem mais frequentemente no sexo masculino. O tratamento da fase aguda consiste na drenagem cirúrgica do abcesso.Métodos: Foram analisados retrospectivamente 128 doentes submetidos a drenagem de abcessos peri-anais entre Janeiro de 2013 e Dezembro de2014. Foram excluídos abcessos associados a doença de Crohn ou devido a corpos estranhos.Resultados: Os doentes tinham uma idade média de 48 anos,

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distribuindo-se por 99 do sexo masculino e 29 do sexo feminino. Foram explorados 107 abcessos peri-anais, 10 isquio-rectais e 10 em ferradura. Na drenagem inicial do abcesso, foi realizada fistulotomia em 10 doentes e procedeu-se a referenciação de fístula trans-esfinctéria em 47 doentes. O follow-up mediano foi de 7 meses. Na regressão logística, a PCR aumentou o risco de recidiva (OR 1,007; p=0.013), em oposição a outros factores, como o sexo, idade, tipo de abcesso, resultado da microbiologia ou tratamento de fístula na abordagem inicial. Na curva ROC, um valor de 70 mg/dL obteve a melhor sensibilidade e especificidade na previsão de recidiva.Discussão: Não foi encontrada associação entre o tratamento da fístula aquando da drenagem de abcesso e o número de re-cidivas nos abcesso peri-anais. A PCR pode ser um parâmetro útil na previsão de recidiva do abcesso peri-anal. Contudo, são necessários mais estudos para esclarecer e validar estes achados.

P 81CARCINOMA DO CÓLON ANTES DOS 50: DIFERENTES ESPECTROS, MESMA ABORDAGEM?Marina Morais, Diana Gonçalves, Renato Bessa de Melo, Manuela Baptista, Elisabete Barbosa, Pedro Correia-Silva, J. Costa-MaiaServiço de Cirurgia, Centro Hospitalar São João, EPE, Porto

Introdução: A síndrome de Lynch é uma doença genética de transmissão autossómica dominante, que aumenta o risco de neoplasia do cólon. Doentes que na ausência destas mutações, cumpram os critérios de Amesterdão, estão incluídos no subgru-po síndrome X. Contudo, alguns doentes com idade inferior a 50 anos e diagnóstico de carcinoma do cólon não preenchem nenhum destes critérios. Métodos: Análise retrospectiva de doentes com idade <50 anos, e diagnóstico de neoplasia do cólon, submetidos a cirurgia entre Janeiro.2010 - Dezembro.2014. Foram excluídos doentes com polipose adenomatosa familiar.Os 77 doentes estudados foram subdivididos em 2 grupos : A– Lynch e Síndrome X (n=12+7) vs. B– ausência de síndrome (n=57).Resultados: Doentes com síndrome familiar encontravam-se em estadios TMN mais avançados (36,8% vs. 64,8%; p=0,034), apresentavam maior número de tumores do cólon descendente (36,8% vs 52,6%, p=0,233), maior taxa de doença extra-cólica (0% vs. 10,5%; p=0,327) e tumores primários múltiplos (0% vs. 5,4%; p=0,567), com características patológicas similares: a mesma taxa de infiltração inflamatória (42,2% vs. 57,9%; p=0,248), tumor mucinoso e padrão infiltrativo de crescimento. Não se verificou diferença significativa na sobrevida entre os dois grupos (47,8 vs. 45,7 meses; p=0,517). Discussão: Doentes com menos de 50, neoplasia do cólon e na ausência de síndrome familiar, são diagnosticados frequente-mente em estadios mais avançados. Parece não existir diferença na sobrevida, quando comparados com os síndromes familiares. Nos doentes sem síndrome genético devem ser pesquisadas ano-malias genéticas raras, de modo a caracterizar novos espectros da mesma doença.

P 82ESFINCTEROPLASTIA EM LESÃO IATROGÉNICA DO ESFÍNCTER ANALJúlio S Leite, António Manso, Rodrigo Nemésio, F. Castro Sousa.Clínica Universitária de Cirurgia III da FMUC, Serviço de Cirurgia A

CHUC – Centro Hospitalar Universitário de Coimbra

Resumo: A dissecção da região perianal em ambiente de fibrose residual secundária à infecção e ao trauma cirúrgico é difícil e hemorrágica. O bisturi eléctrico pode reduzir a hemorragia mas a visualização das estruturas anatómicas é menor podendo serem lesadas fibras musculares. No presente vídeo mostra-se que o bisturi “frio” constitui uma boa alternativa.Uma doente de 38 anos referia incontinência após múltiplas ci-rurgias por recidiva de fístula perianal anterior. Fez biofeedback durante 3 anos sem sucesso. Ecoendoanal revelando lesão do esfíncter entre as 11 e as 4 h. A pressão basal era 87mmHg e a contracção voluntária apresentava incremento de 13 mmHG.No vídeo mostra-se a dissecção das diversas estruturas ana-tómicas, a execução dos pontos de tipo Mayo de PDS 2/0 e o encerramento dos planos superficiais sem drenagem. Ocorreu apenas ligeira infecção da sutura. Após 6 meses persiste apenas incontinência para gases.Conclusão: Nesta patologia a dissecção “a frio” com bisturi e tesoura permite melhor identificação das diversas estruturas anatómicas e menor probabilidade de as lesar.

P 83CIRURGIA LAPAROSCÓPICA EM DOENÇA DE CROHN COMPLICADA DE ABCESSO DO PSOAS-ILÍACOJulio S Leite, Manuel Rosete, Maria João Koch, F. Castro SousaClínica Universitária de Cirurgia III da FMUC, Serviço de Cirurgia A

CHUC – Centro Hospitalar Universitário de Coimbra

Resumo: Tem-se verificado que a ressecção ileocecal laparos-cópica na doença de Crohn é segura, associando-se a menor morbilidade e mais curto internamento que na abordagem convencional. Não estão demonstradas estas vantagens nas situações de Crohn complicado de abcesso, fístula ou na reci-diva da doença.Um jovem com 2 meses de evolução de doença de Crohn surgiu com febre, hidronefrose à direita e plastron na FID. Fez drena-gem percutânea do abcesso mas após 20 dias reapareceu esse abcesso associado a quadro séptico.No vídeo mostram-se as dificuldades técnicas para se ultrapassar o intenso processo inflamatório e aderencial inter-ansas a nível do íleon terminal, a mobilização do cólon direito e a identifica-ção do trajecto fistuloso com drenagem do abcesso do psoas--ilíaco. Confirmou-se a ausência de lesões de Crohn no restante delgado. Depois procedeu-se à extracção da peça por incisão mediana de 6 cm e à ressecção ileocecal com anastomose me-cânica latero-lateral funcional. Alta ao 5º dia sem complicações.Conclusão: É possível realizar com segurança cirurgia la-paroscópica nas situações complexas de doença de Crohn, destacando-se a necessidade de experiência em cirurgia na DII e em laparoscopia.