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Pacotão - Reforma Previdenciária. 31/12/2014 Olá meus queridos alunos... Não podia encerrar o ano de 2014, sem passar por aqui e comentar com vocês o novo pacote previdenciário lançado pelo Governo Federal no último dia 30. Todos sabem, que não sou professor de Direito Previdenciário, mas como as mudanças que serão aqui elencadas, sofreram impacto também no estudo do Direito do Trabalho, fiz questão de comentá-las. Então vamos... No apagar das luzes do seu primeiro mandato, o Governo Federal anunciou a edição de medidas provisórias que causarão impactos para o primeiro emprego, em uma série de benefícios previdenciários, entre eles o abono salarial, o seguro-desemprego, a pensão por morte e o auxílio-doença. Todos os direitos ficam preservados. Contudo, irão sofrer alterações em algumas regras de acesso, visando eliminar excessos e corrigir distorções. Vou dividir as alterações por tópicos, buscando ser o mais didático possível. Abono Salarial (MP 665, de 30 de dezembro de 2014) - benefício que equivale a um salário mínimo, pago anualmente aos trabalhadores que recebem remuneração mensal de até dois salários mínimos.  - Hoje o valor é pago a quem tenha exercido atividade remunerada por, no mínimo, 30 dias no ano. - A carência para receber o salário mínimo ao invés de um mês de trabalho passa a ser de 6 meses ininterruptos de trabalho no ano base. - Quando o trabalhador laborar mais de 6 meses e menos de 1 ano, o abono será pago de forma proporcional aos meses trabalhados, como ocorre com o 13º salário. - O abono será pago pelo Banco do Brasil S.A. e pela Caixa Econômica Federal mediante:  I - depósito em nome do trabalhador; II - saque em espécie; ou III - folha de salários.

Pacotão - Reforma Previdenciária 2014-2015

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Page 1: Pacotão - Reforma Previdenciária 2014-2015

Pacotão - Reforma Previdenciária.31/12/2014Olá meus queridos alunos...

Não podia encerrar o ano de 2014, sem passar por aqui e comentar com vocês o novo pacote previdenciário lançado pelo Governo Federal no último dia 30.

Todos sabem, que não sou professor de Direito Previdenciário, mas como as mudanças que serão aqui elencadas, sofreram impacto também no estudo do Direito do Trabalho, fiz questão de comentá-las. Então vamos...

No apagar das luzes do seu primeiro mandato, o Governo Federal anunciou a edição de medidas provisórias que causarão impactos para o primeiro emprego, em uma série de benefícios previdenciários, entre eles o abono salarial, o seguro-desemprego, a pensão por morte e o auxílio-doença. Todos os direitos ficam preservados. Contudo, irão sofrer alterações em algumas regras de acesso, visando eliminar excessos e corrigir distorções. Vou dividir as alterações por tópicos, buscando ser o mais didático possível.

Abono Salarial (MP 665, de 30 de dezembro de 2014) - benefício que equivale a um salário mínimo, pago anualmente aos trabalhadores que recebem remuneração mensal de até dois salários mínimos.

 - Hoje o valor é pago a quem tenha exercido atividade remunerada por, no mínimo, 30 dias no ano. 

- A carência para receber o salário mínimo ao invés de um mês de trabalho passa a ser de 6 meses ininterruptos de trabalho no ano base.

- Quando o trabalhador laborar mais de 6 meses e menos de 1 ano, o abono será pago de forma proporcional aos meses trabalhados, como ocorre com o 13º salário.

- O abono será pago pelo Banco do Brasil S.A. e pela Caixa Econômica Federal mediante:

 I - depósito em nome do trabalhador;

II - saque em espécie; ou

III - folha de salários.

Seguro-desemprego (MP 665, de 30 de dezembro de 2014) - o programa tem por finalidade, prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; auxiliar os trabalhadores na busca ou preservação do emprego, promovendo, para tanto, ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional.

- A principal mudança está na triplicação, ou seja, será elevado de 6 para 18 meses, o período de trabalho exigido para que o trabalhador requeira pela primeira vez  o

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seguro-desemprego. O empregado passa a ter que trabalhar pelo menos um ano e meio para ter direito ao seguro.

- Para solicitar o benefício pela segunda vez, o trabalhador terá que ter trabalhado por 12 meses acumulados.

- Na terceira solicitação, o período trabalhado permanece o mesmo, ou seja, 6 meses.

Seguro-defeso (MP 665, de 30 de dezembro de 2014) - instituído pela Lei nº 10.779/2013. Trata-se de um benefício correspondente a um salário mínimo para os pescadores que exercem atividade exclusiva e de forma artesanal. O valor é concedido nos períodos em que a pesca é proibida para permitir a reprodução da espécie.

- A MP veda o acúmulo de benefícios assistenciais e previdenciárias com o seguro-defeso. O pescador que recebe, por exemplo, auxílio-doença não poderá receber o valor equivalente ao seguro-defeso.

- Será instituída uma carência de 3 anos a partir do registro oficial como pescador, para que o valor seja concedido.

Pensão por morte (MP 664, de 30 de dezembro de 2014) - no tocante a pensão por morte, os critérios ficam mais rigorosos e o valor por benefício será reduzido.

-A carência será de 24 meses de contribuição para acesso a pensão previdenciária por morte.

-Terá que ter contribuído pelo menos dois anos, para ter acesso ao programa, salvo, na hipótese de acidente do trabalho ou doença profissional. Em resumo: Se o trabalhador sofre um acidente do trabalho (não terá o prazo de carência) ou se ele falecer em decorrência do acidente do trabalho ou doença profissional.

-Deverá ser observada a exigência do tempo mínimo de casamento ou união estável de 2 anos. A exceção fica para os casos em que o óbito tenha ocorrido em função de acidente do trabalho depois do casamento (mas antes dos 2 anos) ou para o caso de cônjuge/companheiro incapaz ou inválido.

- A nova regra do cálculo do benefício passa a ser reduzida do patamar atual de 100% do salário-benefício para 50% + 10% por dependente até o limite de 100% e com o fim da reversão da cota individual de 10%.

- Não terá direito à pensão por morte o condenado pela prática de crime doloso de que tenha resultado a morte do segurado.

- Fim da vitaliciedade do benefício. Cônjuges ?jovens? não receberão mais pensão pelo resto da vida. Pelas novas regras, o valor será vitalício para pessoas com até 35 anos de expectativa de vida ? atualmente quem tem 44 anos ou mais. A partir desse limite, a duração do benefício dependerá da expectativa de sobrevida. Desse modo, o beneficiário que tiver entre 39 e 43 anos receberá pensão por 15 anos. Quem tiver idade entre 33 e 38 anos obterá o valor por 12 anos. O cônjuge com 28 a 32 anos terá pensão por nove anos. Quem tiver entre 22 e 27 anos receberá por seis anos. E o cônjuge com 21 anos ou menos receberá pensão por apenas três anos.

Auxílio-doença (MP 664, de 30 de dezembro de 2014) - hoje quando o trabalhador é afastado para receber o auxílio-doença, a empresa paga os primeiros 15 dias, o resto fica por conta da Previdência.

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- A empresa agora passa a pagar 30 dias do salário.

- Fica estabelecido o teto no valor do auxílio-doença equivalente a média das últimas 12 contribuições.

- Permissão para o estabelecimento de convênios com as empresas que possuem serviço médico sob a supervisão do INSS, para acabar com a morosidade nas perícias médicas. 

Transparência ? todos os benefícios concedidos e seus beneficiários serão publicados na internet.

O Governo afirma que todas essas mudanças de acesso são importantes, pois a sustentabilidade da Previdência e dos próprios programas sociais dependem da imediata correção, rigor e controle nos ajustes que precisam ser feitos.

As modificações ocorrem por Medidas Provisórias que irão ao Congresso Nacional para serem debatidas democraticamente. A estimativa preliminar é a de que todas as medidas em conjunto gerem uma redução de despesas de cerca de 18 bilhões de reais por ano.

Os líderes da oposição no Congresso já criticaram a edição das MP´s. afirmando que tais medidas dificultam o acesso ao seguro-desemprego e outros benefícios. O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira lembrou que em campanha, a presidente Dilma Rousseff disse que não mexeria em direitos dos trabalhadores nem que a vaca tossisse. E a vaca tossiu.