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Padrões de diversidade funcional em ecossistemas emergentes: O caso das Ilhas da albufeira de Alqueva António José Correia de Albuquerque Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em: Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais Orientador: Professora Maria Teresa Marques Ferreira Coorientador: Doutora Patricia María Rodríguez González Júri: Presidente: Doutor António Manuel Dorotêa Fabião, Professor Associado com Agregação do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa. Vogais: Doutora Maria Teresa Marques Ferreira da Cunha Cardoso, Professora Catedrática do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa; Licenciada Maria Dalila Paula Silva Lourenço do Espírito Santo, Investigadora Coordenadora do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, na qualidade de especialista. 2014

Padrões de diversidade funcional em ecossistemas emergentes · estudo pretendeu fazer uma caracterização biofísica e florística das ilhas de Alqueva, interpretar as variáveis

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Padrões de diversidade funcional em

ecossistemas emergentes:

O caso das Ilhas da albufeira de Alqueva

António José Correia de Albuquerque

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em:

Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais

Orientador: Professora Maria Teresa Marques Ferreira

Coorientador: Doutora Patricia María Rodríguez González

Júri:

Presidente: Doutor António Manuel Dorotêa Fabião, Professor Associado com Agregação do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.

Vogais: Doutora Maria Teresa Marques Ferreira da Cunha Cardoso, Professora Catedrática do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa;

Licenciada Maria Dalila Paula Silva Lourenço do Espírito Santo, Investigadora Coordenadora do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, na qualidade de especialista.

2014

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António José Correia de Albuquerque

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que, de uma forma ou outra, durante os últimos

20 anos da minha vida, contribuíram para a minha realização profissional. Aqui deixo o meu

reconhecido agradecimento, a todos, em especial:

Professora Maria Teresa Ferreira, pela atenção, orientação e ainda por me ter

proporcionado, nos últimos 20 anos, trabalho no que mais gosto de fazer.

Dr.ª Patricia María Rodríguez González, pela amizade, orientação e ainda pelas reflexões

inesgotáveis.

A, Francisco Godinho, Francisca Aguiar, Rui Rivaes, José Maria Santos, Filipe Dias, Ian

Dodkins, Cecília Sérgio, Ivan Bernez, Pedro Silva-Santos, Tiago Monteiro-Henriques,

Fernanda Simões, Cristina Duarte e Pedro Almeida Vieira, pela transferência de

conhecimentos e pela produção científica conjunta.

Aos colegas do Waterlobby, João Oliveira, Ana Mendes, Pedro Segurado, Paulo Branco,

Rosário Fernandes e Susana Amaral, pelo apoio e colaboração que sempre manifestaram

ao longo do tempo.

À empresa, Matos Fonseca & Associados pelo convite na participação como consultor

especializado em ecologia de ecossistemas aquáticos em diferentes projetos.

A toda a minha família, pela compreensão da minha ausência. Em especial à Constança a

meus pais e irmã que sempre estiveram disponíveis para me ajudar.

O trabalho apresentado só foi possível mediante a autorização da EDIA no uso de

informação resultante dos seus programas de monitorização, nomeadamente do resultante

da inventariação biológica nas ilhas de Alqueva que tem vindo a decorrer desde o ano 2000.

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RESUMO E PALAVRAS-CHAVE

A atividade humana sobre o território tem provocado crescentes alterações ambientais

surgindo habitats com novas características e funcionamento, denominados ecossistemas

emergentes. A barragem de Alqueva no rio Guadiana gerou uma grande albufeira e um

conjunto de áreas permanentemente isoladas pela lâmina de água (ilhas). O presente

estudo pretendeu fazer uma caracterização biofísica e florística das ilhas de Alqueva,

interpretar as variáveis ambientais associadas aos diferentes atributos funcionais e aos

padrões de diversidade, e avaliar o efeito da criação de habitats emergentes nas alterações

da riqueza e da diversidade funcional ao longo do tempo. Foram obtidas as características

físicas (sistemas de informação geográfica e verificação de campo), a composição florística

(inventários de campo) e a composição funcional (bibliografia) de 64 ilhas no período 2001-

2012. As mudanças na composição das comunidades, riqueza e diversidade funcional foram

analisadas usando métodos uni e multivariados. Os resultados do trabalho revelaram o

estado de desenvolvimento da colonização nas ilhas no médio prazo. Com base nos filtros

ecológicos destes habitats emergentes, evidenciaram-se os atributos funcionais que

prevalecem em diferentes condições, mostrando um padrão de evolução comum da

diversidade funcional entre diferentes ilhas. A abordagem funcional utilizada pode acrescer

informação relevante para o acompanhamento e gestão de ecossistemas, nomeadamente

para os que se encontram sob forte pressão humana.

Palavras chave: Albufeiras, comunidades vegetais, diversidade funcional, filtros ecológicos,

ecossistema emergente, vegetação ribeirinha

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ABSTRACT

Human activity has rapidly transformed landscape generating habitats with novel

characteristics and functioning, called emerging ecosystems. Alqueva dam in Guadiana river

created a large impoundment and a group of landforms permanently isolated by the water

surface (islands). The present study aimed at characterizing the biophysical features and

floristic composition of Alqueva islands, interpret the environmental variables associated to

different functional traits and to diversity patterns, and assess the effect of emerging habitats

creation in richness and functional diversity changes over time. Biophysical features were

obtained (geographical information systems and groundtruth), floristic composition (field

inventories) and functional composition (literature) in 64 islands for the period 2001-2012.

Changes in the community composition, richness and functional diversity were analysed

using univariate and multivariate methods. The results showed the level of plant colonization

across studied islands in the medium term. Given the new ecological filters of these

emergent habitats, some functional attributes resulted prevalent in particular conditions,

revealing a common pattern of temporal change of functional diversity across different

islands. The functional approach may add relevant information for the monitoring and

management of ecosystems, particularly for those under strong human pressure.

Keywords: dam, ecological filters, emerging ecosystem, functional diversity, plant

communities, riparian vegetation

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EXTENDED ABSTRACT

Human activity has rapidly transformed landscape generating habitats with novel

characteristics and functioning, called emerging ecosystems. These emerging ecosystems

display both new potential threats and opportunities for the conservation of biodiversity.

Alqueva dam in Guadiana river (South Western Iberian Peninsula) created a large

impoundment (water surface area 250 km2 and more than 1100km of margins) and a group

of landforms permanently isolated by the water surface (islands). The present study aimed at

characterizing the biophysical features and floristic composition of Alqueva islands, interpret

the environmental variables associated to different functional traits and to diversity patterns,

and assess the effect of emerging habitats creation in richness and functional diversity

changes over time.

Alqueva reservoir was filled in 2002 and built mainly to irrigation purposes. During the

operating period, the oscillations in water level range between 130m (minimum operating

level) and 152m (maximum operating level), depending upon the balance between water

availability and supply. The present study focused on a representative sample of 64 islands

which remain permanently emergent and isolated during the operating period of Alqueva

dam, i.e. landforms with elevation higher than maximum operating level. The biophysical

characterization of these landforms was executed at an average operating level of 147.5m, a

slightly inferior elevation to the superior limit of vegetation clearing which preceded the

reservoir filling. The biophysical characterization was performed using geographical

information systems and ground truth for the calculation of environmental variables. Within

this sample of 64 islands, exhaustive floristic surveys were carried out from 2001 to 2012, to

characterize the composition and structure of plant communities. A functional approach was

used for the analysis of plant communities thus a trait by species matrix was built (from

literature and available databases) and then traits abundances were calculated for each

floristic inventory and a functional diversity index was obtained To assess change in

community diversity and structure, we analysed species and functional diversity, species and

trait composition by means of univariate and multivariate data analysis.

The results of the present study showed the development stage of emerging habitat

colonization in the short and medium term after a reservoir creation. Additionally, a shift in

the ecological filters associated to those emergent habitats revealed a set of functional traits

which are related with the new environmental and landscape conditions. Particularly,

community trait composition revealed shifts in dispersal traits associated to the landscape

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variable distance from mainland to island margin. The creation of the reservoir water surface

and consequently a riparian zone in the islands shoreline promoted hydrochory dispersal

traits. Other traits like physiognomic plant type (tree, shrub, herbaceous), seed weight and

type of leaf were associated to islands slope. Increased slope values are potentially related

to increased hydric stress filtering for species that optimize water use efficiency.

The temporal patterns of species richness and functional diversity in the different islands

were also studied, and a common temporal trend of functional diversity change across

islands despite their different biophysical and floristic features (different floristic groups) was

revealed. Functional diversity increased consistently across islands in the short term, and

stabilized or decreased in the medium term. Species richness did not follow the same

temporal trend as functional diversity, showing no common pattern of change across islands.

The results obtained, supported by literature, show that the functional approach may add

important information for the monitoring and management of ecosystems, particularly for

those under strong anthropic pressure.

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ÍNDICE

1  INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1 

2  ENQUADRAMENTO .................................................................................................. 4 

3  METODOLOGIA......................................................................................................... 8 

3.1  CARACTERÍSTICAS BIOFÍSICAS ................................................................. 8 

3.1.1  Geomorfologia ..................................................................................... 8 

3.1.2  Coberto vegetal ................................................................................... 8 

3.1.3  Estrutura da paisagem ........................................................................ 9 

3.2  FLORA E VEGETAÇÃO ................................................................................. 9 

3.2.1  Metodologia do trabalho de campo ..................................................... 9 

3.2.2  Identificação do material colhido e construção de matrizes .............. 10 

3.3  METODOLOGIA DE TRATAMENTO DE DADOS........................................ 10 

3.3.1  Caracterização da comunidade vegetal ............................................ 10 

3.3.2  Evolução das comunidades vegetais ................................................ 11 

4  RESULTADOS ......................................................................................................... 15 

4.1  CARACTERÍSTICAS BIOFÍSICAS ............................................................... 15 

4.1.1  Geomorfologia ................................................................................... 15 

4.1.2  Coberto vegetal ................................................................................. 15 

4.1.3  Estrutura da paisagem ...................................................................... 15 

4.2  FLORA E VEGETAÇÃO ............................................................................... 38 

4.2.1  Enquadramento biogeográfico .......................................................... 38 

4.2.2  Caracterização das comunidades vegetais ...................................... 39 

4.2.3  Diversidade funcional ........................................................................ 45 

4.2.4  Evolução das diferentes comunidades vegetais no tempo ............... 49 

5  DISCUSSÃO ............................................................................................................ 56 

6  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 59 

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Número de ilhas tendo em conta o nível de água da albufeira de Alqueva. ...... 5 

Quadro 3.1 - Dispersão total - Vetores de dispersão e classes atribuídas. ........................... 11 

Quadro 3.2 - Ciclo de vida e classes atribuídas. .................................................................... 11 

Quadro 3.3 - Características morfológicas e funcionais, fontes de informação, unidades e

valores médios, máximos e mínimos registados na totalidade de elencos. ........................... 12 

Quadro 4.1 - Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m). .. 16 

Quadro 4.2 - Variáveis morfológicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m). ...... 28 

Quadro 4.3 - Coberto Vegetal. ............................................................................................... 32 

Quadro 4.4 – Métricas da paisagem. ..................................................................................... 34 

Quadro 4.5 - Tipos de vegetação de acordo com o respetivo valor de R associado. *p

significativo (<0.05). ............................................................................................................... 42 

Quadro 4.6 - Contribuição das espécies (por ordem decrescente) para a caracterização das

comunidades de plantas nos cinco Grupos identificados. ..................................................... 43 

Quadro 4.7 - Resultados dos modelos lineares mistos construídos para a diversidade

funcional (índice FDis). São apresentados os três melhores modelos obtidos. As variáveis

significativas são identificadas com **p<0.05, *p<0.1. ........................................................... 48 

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x

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Localização da albufeira de Alqueva e das 64 ilhas com área superior a 0.5ha .. 7 

Figura 4.1 - Classificação hierárquica com os dados do presente trabalho utilizando como

medida de distância Bray-Curtis. Os grupos florísticos são identificados com caixas

utilizando as mesmas cores que na Figura 4.2. ..................................................................... 40 

Figura 4.2 - NMS com os dados do presente trabalho utilizando como medida de distância

Bray-Curtis. Os grupos florísticos são identificados com as mesmas cores que na Figura 4.1.

............................................................................................................................................... 41 

Figura 4.3 - Eixos 1 e 2 da Analise de Correspondências Canónicas (CCA) para as

características funcionais ponderadas pelas abundâncias das espécies dos diferentes

elencos (2012). Percentagem explicada da variação total pelo eixo 1(x)=12.2%. ................. 46 

Figura 4.4 - Eixos 1 e 2 da Analise de Correspondências Canónicas (CCA) tendo em conta a

riqueza e diversidade funcional das comunidades de plantas existentes nas diferentes ilhas

estudadas. Percentagem explicada da variação total pelo eixo 1(x)=21.6.%. ....................... 47 

Figura 4.5 - Evolução da diversidade funcional nas diferentes ilhas no médio prazo (2001-

2012). ..................................................................................................................................... 50 

Figura 4.6 - Evolução da riqueza especifica nas diferentes ilhas estudadas no médio prazo

(2001-2012). ........................................................................................................................... 50 

Figura 4.7 - Evolução temporal da riqueza de espécies (Riq) da diversidade funcional (FDis)

das ilhas estudadas (2001-2012). No eixo “y” esquerdo é representado o valor de Riq e no

eixo “y” direito é representado o valor de Fdis. ...................................................................... 55 

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1 INTRODUÇÃO

Os impactes humanos sobre os ecossistemas são atualmente tão extensivos e a diversos

níveis (Vitousek et al. 1997) que numerosos cientistas consideram que se entrou numa nova

era geológica, que foi denominada Antropoceno (Crutzen & Stoermer 2000). A par de uma

crescente consciência ambiental, os esforços para preservar a biodiversidade estão a ver-se

constantemente confrontados com profundas alterações dos processos ecológicos que

requerem uma redefinição dos objetivos e estratégias de gestão (Choi 2007; Acreman et al.

2014; Balaguer et al. 2014; Kueffer & Kaiser-Bunbury 2014). Como resultado da atividade

humana sobre o território, em paralelo com os impactes que implicam destruição efetiva têm

surgido ecossistemas emergentes (do inglês “emerging ecosystems” (Milton 2003) ou “novel

ecosystems” (Hobbs et al. 2006)).

Os ecossistemas emergentes foram definidos como aqueles derivados direta ou

indiretamente das atividades humanas, que reúnem uma combinação nova de espécies,

tendo também um funcionamento potencialmente novo, mas que não dependem da

atividade humana para a sua continuidade (Hobbs et al. 2006). Conforme o grau de

modificação do ecossistema preexistente (Hobbs et al. 2009) diferenciam-se ecossistemas

híbridos e ecossistemas novos. Os ecossistemas híbridos são aqueles que mantêm

características do ecossistema preexistente mas cuja composição ou função se alterou para

fora da amplitude histórica de variabilidade. Os ecossistemas novos serão aqueles cuja

composição e/ou função foi completamente transformada em relação ao ecossistema

preexistente, este sistema será formado praticamente por espécies com proveniência ou

origem de outras localizações geográficas e/ou que poderão apresentar diferentes

características funcionais (espécies não nativas). Em geral, os ecossistemas emergentes

podem acarretar novas ameaças (i.e. diminuições de diversidade (Liu et al. 2013);

surgimento de comunidades resistentes a ações de restauro (Cooper & Andersen 2012));

mas também criar oportunidades para a conservação (i.e. incrementos de diversidade

(Johnson 2002); criação de habitats adequados para as espécies nativas (Walthan &

Connolly 2013)).

A alteração das características físicas do habitat que propicia o surgimento destes

ecossistemas emergentes implica uma mudança nos filtros ecológicos que condicionam a

composição de espécies desde o pool regional até a comunidade local (Poff 1997; Cornwell

& Ackerly 2009). Entre os filtros ecológicos poderiam citar-se condicionantes ambientais

como por exemplo a disponibilidade hídrica, ou condicionantes geográficos para a

dispersão, como por exemplo a distancia ou o isolamento (Myers & Harms 2009). Deste

modo, os atributos funcionais que permitiam às espécies dispersar-se, colonizar e ter

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sucesso nos ecossistemas não alterados podem deixar de ser válidos nos ecossistemas

emergentes, alterando-se a composição e estrutura funcional das comunidades. Esta

alteração nos padrões de diversidade funcional pode, por sua vez influenciar mudanças a

nível do habitat e dos processos dos ecossistemas (Lavorel & Garnier 2002) e, em última

instância, nos serviços fornecidos pelo ecossistema à sociedade (Lavorel et al. 2011).

O uso de atributos funcionais no âmbito da ecologia de comunidades tem tido um enorme

desenvolvimento nos últimos anos quer a nível da ecologia teórica (McGill et al. 2006)

(Pavoine et al. 2011) como aplicada (Lavorel et al. 2011; Mayfield et al. 2011). Para além de

darem informação sobre as características ecológicas das espécies que compõem a

comunidade, o uso de atributos funcionais tem a vantagem de permitir comparações entre

comunidades constituídas por diferentes espécies (McGill et al. 2006), fornecendo uma

informação complementar à obtida na interpretação da diversidade e composição específica.

Este tipo de análise tem-se verificado principalmente em abordagens sobre a variação dos

padrões espaciais, enquanto a investigação sobre a variação temporal das comunidades a

longo prazo continua a ser difícil e dispendiosa, tendo-se recorrido frequentemente a

modelos e simulações (Seifan et al. 2012). De facto, há uma crescente consciência da falta

de conhecimento sobre a dinâmica temporal das comunidades (Vellend 2010) e de que esta

lacuna se torna num inconveniente importante na hora de interpretar a trajetória de mudança

nos ecossistemas, de detetar a assinatura dos impactes humanos (Magurran et al. 2012) e

portanto de tomar as medidas de gestão adequadas aos objetivos de conservação ou

restauro (Suding 2011). Muitos estudos recentes tentam abordar a questão temporal da

variabilidade das comunidades (Seifan et al. 2012; Angeler et al. 2013; Loreau & De

Mazancourt 2013; Schwinning & Kelly 2013). A correta interpretação das mudanças na

diversidade de espécies e dos seus atributos funcionais pode ter uma grande relevância em

termos de preservação da biodiversidade e do funcionamento dos ecossistemas a longo

prazo (Reich et al. 2012).

O surgimento de um arquipélago de ilhas como consequência do enchimento da albufeira de

Alqueva é um exemplo de como uma drástica perturbação do território afeta ecossistemas

fluviais e terrestres, criando habitats emergentes cuja dinâmica de colonização merece ser

estudada. O sistema de ilhas surgidas com a criação da albufeira de Alqueva torna-se num

laboratório natural, possibilitando o teste de hipóteses ecológicas como: identificação de

filtros ecológicos determinantes no processo de colonização de habitats emergentes; são as

ilhas ecossistemas fechados? Análise de dispersão (redes de conectividade,

metacomunidades); Existe um padrão de evolução da diversidade funcional em

ecossistemas emergentes?; Relação entre atributos funcionais e filtros ecológicos;

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Comparação de métodos de análise na interpretação da evolução de comunidades. Permite

ainda o estudo de questões aplicadas, nomeadamente dirigidas a melhorar o sucesso de

futuros projetos de gestão e restauro como: Num habitat emergente que espécies se devem

usar quando se decide requalificar?; que estratégia de requalificação se deve adotar num

sistema conecto e em rede?.

No caso do presente estudo, utilizou-se uma abordagem funcional para estudar os padrões

de colonização de comunidades de plantas nos ecossistemas emergentes das ilhas de

Alqueva ao longo do tempo. Utilizou-se a diversidade funcional como indicador das

mudanças na composição específica. Numa primeira fase (curto prazo), espera-se encontrar

um incremento da diversidade funcional, pelo surgimento de um habitat emergente (área

ripícola das ilhas) com características ambientais diferentes ao resto do território da ilha (que

é maioritariamente terrestre).

Objetivos

Caraterização biofísica das ilhas de Alqueva, potenciais filtros ecológicos.

Caraterização das comunidades vegetais existentes em cada ilha.

Interpretar as variáveis ambientais associadas aos diferentes atributos funcionais

e aos padrões de diversidade (riqueza de espécies e diversidade funcional).

Avaliar o efeito da criação de habitats emergentes pela interpretação das

alterações da riqueza e da diversidade funcional manifestada ao longo do

tempo (padrões temporais de diversidade funcional).

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2 ENQUADRAMENTO

O presento estudo vem no seguimento de trabalhos realizados pela Empresa de

Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), nomeadamente recorreu-se para a

sua realização aos dados referentes à caracterização biofísica das ilhas, assim como aos

elencos florísticos inventariados no seguimento biológica nas ilhas de Alqueva que tem

vindo a decorrer desde o ano 2000. Com a autorização por parte da presidência da EDIA, no

uso de informação resultante dos seus programas de monitorização, o presente estudo

pretende desenvolver uma nova forma de abordagem da evolução das comunidades

vegetais quando expostas a uma radical transformação das condições ambientais onde se

desenvolvem (habitats emergentes). A abordagem funcional utilizada pretende acrescentar

informação complementar aos estudos realizados anteriormente onde se usa sobretudo

indicadores de riqueza.

Com uma área total circunscrita de aproximadamente 25 000 ha, a albufeira de Alqueva

abrange um troço com cerca de 80 km do vale do rio Guadiana, bem como extensas áreas

do rio Degebe e da ribeira do Alcarrache, entre outros tributários afluentes.

O nível de pleno armazenamento (NPA) da Albufeira corresponde à cota 152 m, tendo sido

atingido em Janeiro de 2010 e o nível mínimo de exploração (NmE) corresponde à cota

130 m. Na albufeira de Alqueva, as áreas que se encontram entre estas cotas, formam um

arquipélago, sendo que o número de ilhas varia consoante a cota da Albufeira.

As ilhas são consideradas um dos elementos mais variáveis associados à albufeira de

Alqueva, dividindo-se de forma simplificada em três grupos principais:

Ilhas permanentes – Elevações sempre presentes, desde a cota 130 m até à cota

152 m;

Ilhas temporárias – Elevações com o topo abaixo da cota 152 m, que, dependendo

da cota da Albufeira, podem estar ou não emersas;

Ilhas peninsulares – Elevações com o topo acima da cota 152 m, que, dependendo

da cota da albufeira podem passar a ser penínsulas.

A EDIA, durante o processo de expropriação dos terrenos afetos à albufeira de Alqueva,

expropriou também as áreas que iriam constituir as futuras ilhas com o objetivo de conservar

e preservar os habitats e a biodiversidade das mesmas, objetivo esse que consta do

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Programa de Gestão Ambiental do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA,

versão de 2005).

O número de ilhas, com mais de 0.5 ha, existentes na albufeira de Alqueva depende da cota

a que esta se encontra, apresentando 226 ilhas no NmE e 427 ilhas ao NPA.

Alguns grupos de ilhas resultam da linha de cumeada de formações longitudinais de relevo,

deixando de ser uma ilha longa a cotas intermédias para passar a ser uma sequência de

ilhas de menor dimensão quando a cota sobe (vd. Quadro 2.1).

Quadro 2.1 – Número de ilhas tendo em conta o nível de água da albufeira de Alqueva.

Cota da albufeira (m) Número de ilhas Ilhas com mais de 0.5 ha

130 226 56

140 193 44

145 372 53

150 393 92

152 427 98

Em 2000/2001, antes do fecho das comportas, foi feita uma primeira monitorização

(caracterização da situação de referência), tendo-se efetuado inventariações de campo da

flora e vegetação, em áreas que futuramente seriam ilhas (Fonseca et al. 2001). Estes

levantamentos foram posteriormente repetidos em 2004/2005, nas mesmas áreas e

adotando as mesmas metodologias, durante o decorrer do enchimento da albufeira de

Alqueva que se iniciou em fevereiro de 2002 (Figueiredo et al. 2005).

O trabalho inicial identificou um total potencial de 1 188 ilhas entre a cota mínima e a cota

máxima da albufeira, tendo sido resumido a 93 ilhas permanentemente isoladas entre a cota

média de exploração (147,5 m) e a cota máxima de exploração (152 m), grupo este que foi

ainda reduzido para 64 ilhas, por as restantes apresentarem áreas inferiores a 0,5 ha. De

entre estas foram selecionadas 30 ilhas-alvo, para estudo da riqueza de espécies de flora.

Os Projetos realizados nas Ilhas da albufeira de Alqueva consistiram na aplicação e

desenvolvimento de um conjunto de métodos que permitiram: (1) selecionar uma amostra de

ilhas destinada a ser inventariada no campo, (2) inovar ao nível da inventariação e do

tratamento integrado de dados relativos às plantas, (3) monitorizar a flora e (4) estimar a

biodiversidade ao nível da ilha e do arquipélago.

Estes estudos permitiram formar uma primeira ideia sobre o impacte da albufeira de Alqueva

nas ilhas, nomeadamente no que se refere à sua diversidade biológica.

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Após o impacte inicial resultante do enchimento da albufeira de Alqueva, revela-se

necessário acompanhar as alterações ambientais e biológicas, por forma a perceber a

evolução da comunidade vegetal nos novos cenários ambientais a que estão sujeitas.

O presente trabalho fundamentou-se na informação colhida ao longo do processo de

monitorização, analisando a evolução das diferentes comunidades em ambiente ilha do

ponto de vista funcional. A informação resultante complementará a existente, contribuindo

para um correto ordenamento das ilhas de Alqueva, tornando-se na pedra basilar de uma

gestão adequada.

A área de estudo abrange a totalidade da área da albufeira de Alqueva, correspondendo

concretamente às 64 ilhas permanentemente isoladas entre a cota média de exploração

(147,5 m) e a cota máxima de exploração (152 m) e que apresentam áreas igual ou

superiores a 0,5 ha (vd. Figura 2.1).

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Figura 2.1 - Localização da albufeira de Alqueva e das 64 ilhas com área superior a 0.5ha

(Fonseca et al., 2001).

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3 METODOLOGIA

3.1 CARACTERÍSTICAS BIOFÍSICAS

3.1.1 Geomorfologia

A monitorização e caracterização biofísica foram feitas tendo em conta a cota dos 147,5 m.

A adoção desta cota de referência, permite caracterizar as condições de habitabilidade

numa faixa das ilhas potencialmente disponível para ser colonizada, principalmente por

espécies de ecologia mais estrita, intimamente dependentes da presença de água.

Identificaram-se e calcularam-se as seguintes variáveis ambientais:

A área de cada Ilha;

A sua forma (uma medida da complexidade da altimetria);

Número de curvas de nível (diferença de cota 1 metro)

A distância da ilha à margem da albufeira de Alqueva (uma medida do isolamento da

ilha);

A distância de cada ilha à ilha mais próxima.

Para a obtenção desta informação foi efetuada uma análise interpretativa dos elementos

existentes, (cartografia, modelo digital do terreno e ortofotomapas recentes), recorrendo às

potencialidades do Sistema de Informação Geográfica.

3.1.2 Coberto vegetal

Na realização da cartografia do coberto vegetal ao longo do tempo foi sempre adotada a

mesma metodologia, utilizando-se como cota de referência, a cota de média exploração

(147,5 m).

A presente tarefa inicia-se com uma análise prévia de gabinete, feita por interpretação de

ortofotomapas recentes, com recurso a Sistema de Informação Geográfica. Após esta

primeira análise, procede-se ao delimitado na área de cada ilha dos polígonos que

aparentemente apresentam uma ocupação homogénea. Posteriormente, em trabalho de

campo, faz-se uma aferição da correspondência da ocupação real com a registada em

cartografia, efetuando-se ainda uma caracterização de forma detalhada do coberto vegetal

presente. Identificam-se as diferentes formações arbóreas e arbustivas existentes, e

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procede-se ao recenseamento detalhado dos diferentes estratos presentes (herbáceo,

arbustivo e arbóreo). Posteriormente, em gabinete, efetua-se a cartografia do coberto

vegetal e o cálculo de variáveis referentes à representatividade das diferentes unidades

florísticas identificadas, representatividade dos estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo e

número de estratos.

3.1.3 Estrutura da paisagem

A estrutura e diversidade da paisagem de cada ilha é interpretada pelo cálculo de diversos

índices associados à densidade e dimensão das diferentes comunidades vegetais

existentes, e ainda pelo cálculo da dimensão e forma das suas orlas. Estes índices são

calculados recorrendo à extensão Patch Analyst v5.1.0.0 do ArcGISTM 10 da ESRI® para

Windows.

3.2 FLORA E VEGETAÇÃO

3.2.1 Metodologia do trabalho de campo

No estudo da vegetação adotou-se sempre a mesma metodologia em todas as campanhas

de monitorização, nomeadamente a metodologia de Inventariação Expedita de

Biodiversidade (IEB) (Fonseca et al., 2001).

Metodologia IEB

Com localização precisa, informação na posse da EDIA, estabelece-se inicialmente o

transecto de amostragem em cada ilha.

A inventariação dos estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo realiza-se ao longo do transecto

com 100 metros de comprimento, de orientação sul → norte, iniciando-se no extremo sul ao

nível da cota média de exploração (147.5 m). Para as herbáceas é tida em conta uma faixa

de 1 m de largura, enquanto para os arbustos e árvores se utiliza 10 metros de largura.

A representatividade que a espécie assume na comunidade amostrada é atribuída segundo

a sua cobertura superficial na área amostrada. Quando no processo de identificação se

levantam dúvidas, colhe-se material vegetal (estruturas da planta que permitem a sua

análise), para confirmação da identificação em laboratório. O material colhido deve ser

convenientemente etiquetado. Tiram-se fotografias do transecto de amostragem e de

aspetos particulares, nomeadamente focando a vegetação, ou espécies com interesse.

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3.2.2 Identificação do material colhido e construção de matrizes

Após prensagem e secagem do material florístico vascular colhido, os exemplares são

separados por famílias e organizados em pastas individuais, para identificação por

intermédio de Floras, chaves dicotómicas e de outro material de consulta. Deve recorrer-se

aos trabalhos de Tutin et al. (1964, 1980), Talavera et al. (1999), Franco (1971, 1984),

Franco e Rocha Afonso (1994, 1998, 2003), Castroviejo et al. (1986, 1990, 1993a, 1993b,

1997a, 1997b), Aedo et al. (2000), Nieto Feliner et al. (2003), Paiva et al. (2002), Luceño

(1994) e Pizarro (1995).

Todas as espécies inventariadas foram introduzidas em folha de cálculo Excel sob a forma

de matriz de abundâncias (espécies vs. locais). Nesta folha de cálculo são também

preenchidas colunas relativas à identificação das espécies segundo a família,

especificidades ecológicas, origem, entre outras informações relevantes, tornando-se esta

matriz a base da análise usada para o estudo da vegetação.

No total foram monitorizadas 64 Ilhas (Figura 2.1). A campanha de amostragem realizou-se

sempre durante a primavera (2001, 2005 e 2012), e decorreu no mais curto espaço de

tempo possível, para aumentar a comparabilidade dos resultados.

3.3 METODOLOGIA DE TRATAMENTO DE DADOS

3.3.1 Caracterização da comunidade vegetal

A informação resultante do processo de amostragem foi introduzida em folhas de cálculo

sob a forma de matrizes. Estas matrizes contemplam todas as espécies existentes no

momento da amostragem por ilha, e são a base da análise usada para o estudo das

comunidades no presente trabalho. A caracterização da vegetação foi feita com base nos

elencos florísticos obtidos na campanha de amostragem de 2012.

A análise estatística foi dirigida a avaliar os padrões florísticos, para confirmar a existência

de grupos de ilhas onde a vegetação se apresenta mais similar. As técnicas de análise de

dados consistiram essencialmente em métodos não paramétricos realizados com o

programa PRIMER v5.2.9 (Primer-E Ltd, 2001).

Inicialmente a matriz de dados foi usada para criar uma matriz de similaridade tendo-se

usado o coeficiente de Bray-Curtis. A matriz de similaridade foi sujeita a uma classificação

hierárquica e a uma análise multidimensional não-paramétrica (NMS) com o objetivo de

detetar e visualizar diferenças nas comunidades de plantas, existentes em todos os

inventários realizados.

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Para verificar estatisticamente a significância de diferenças entre grupos visualizados na

NMS, foi efetuada uma análise de similaridade (ANOSIM) entre grupos. Utilizou-se

finalmente a rotina SIMPER do programa PRIMER (Clarke e Warwick, 2001), para identificar

a contribuição de cada espécie para as diferenças observadas entre grupos florísticos. Esta

rotina é usada para averiguar quais as espécies que mais contribuem para as diferenças

observadas entre grupos, usando a abundância das espécies, aplicada através da matriz de

similaridade de Bray-Curtis previamente calculada.

3.3.2 Evolução das comunidades vegetais

Para a interpretação da dinâmica da vegetação em ambiente isolado (ilha), recorreu-se à

análise da evolução das características morfológicas e funcionais das espécies que têm

vindo a constituir as diferentes comunidades. Entre as características morfológicas e

funcionais analisadas, salientamos – especificidades ecológicas, ciclo de vida, peso das

sementes, formas de dispersão e forma da folha. Estas características poderão indicar a

probabilidade de sucesso de cada espécie nas novas condições ambientais impostas pela

constituição da albufeira. As características morfológicas e funcionais foram compiladas

utilizando uma diversidade de fontes incluindo floras, bases de dados disponíveis on-line, e

observações de campo. Para ser possível integra-las na análise estatística, adotaram-se os

seguintes artefactos, descritos no Quadro 3.1 e Quadro 3.2:

Quadro 3.1 - Dispersão total - Vetores de dispersão e classes atribuídas.

Vetores de dispersão Classes

Apenas características morfológicas e fisiológicas da planta (semente) 1

Água 2

Animal 3

Animal + Semente 4

Vento 5

Água + Vento 6

Animal + Vento 7

Água + Vento + Animal 8

Quadro 3.2 - Ciclo de vida e classes atribuídas.

Ciclo de vida Classes

Anual 1

Bienal 2

Vivaz 3

Perene 4

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Utilizou-se ainda o peso de mil sementes em (mg) e para as restantes características a

presença/ausência (1/0).

A listagem completa de características utilizadas pode observar-se no Quadro 3.3.

Quadro 3.3 - Características morfológicas e funcionais, fontes de informação, unidades e valores médios, máximos e mínimos registados na totalidade de elencos.

Nome Fonte Média Variável contínua

numérica (mg)

Variável

categórica

Peso 1000 sementes http://data.kew.org/sid/sidsearch.html 303 X -

Dispersão total (Quadro 3.1) http://data.kew.org/sid/sidsearch.html 3.9 - 1-8

Dispersão água http://data.kew.org/sid/sidsearch.html - - 1/0

Dispersão animal http://data.kew.org/sid/sidsearch.html - - 1/0

Dispersão semente http://data.kew.org/sid/sidsearch.html - - 1/0

Dispersão vento http://data.kew.org/sid/sidsearch.html - - 1/0

Ciclo de vida (Quadro 3.2) http://www.floraiberica.es/ 2.13 - 1-4

Folha de anatomia herbácea http://www.floraiberica.es/ - - 1/0

Folha de consistência coriácea http://www.floraiberica.es/ - - 1/0

Árvore http://www.floraiberica.es/ - - 1/0

Arbusto http://www.floraiberica.es/ - - 1/0

Rizomatosa, bolbosa ou

tuberosa

http://www.floraiberica.es/ - - 1/0

Cespitosa http://www.floraiberica.es/ - - 1/0

Terófito http://www.floraiberica.es/ - - 1/0

Lenhosa http://www.floraiberica.es/ - - 1/0

Ecologia (higrófito) http://www.floraiberica.es/ - - 1/0

Exótica http://www.floraiberica.es/ - - 1/0

Endémica http://www.floraiberica.es/ - - 1/0

Foram determinados índices que interpretam a diversidade funcional, tendo-se adotado no

presente estudo o índice FDis -Functional Dispersion (Laliberté & Legendre, 2010) por

permitir o seu cálculo em amostras que revelam reduzida riqueza (< 3 espécies) e

contemplando qualquer número e tipo de características funcionais (quantitativas e

qualitativas). Trata-se de um índice que traduz a distância média de cada espécie, no

espaço multidimensional das características funcionais, ao centroide gerado pela totalidade

das espécies. O índice FDis foi calculado com recurso à função “dbFD” do package “FD” do

programa R 3.0.0 (http://cran.r-project.org/). Este índice foi calculado com os dados obtidos

pela metodologia de amostragem IEB, metodologia adotada nas três campanhas de

amostragem que decorreram até ao momento (2001, 2005, 2012), com o objetivo de mostrar

a evolução da diversidade funcional.

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A análise estatística fundamentou-se numa primeira fase em métodos de análise

multivariada (Análise Canónica de Correspondências). Com esta análise tornou-se possível

identificar quais as variáveis ambientais que apresentavam significado para explicar o maior

número de espécies numa determinada comunidade, assim como para avaliar a correlação

com a diversidade funcional e com os diferentes tipos de características morfológicas e

funcionais. Numa segunda fase, procuraram-se as variáveis ambientais determinantes para

a ocorrência de uma maior diversidade funcional numa determinada comunidade com

recurso a métodos de análise univariada, nomeadamente foram utilizados modelos lineares

mistos (Pinheiro & Bates, 2000).

Para estudar a relação das comunidades com as variáveis ambientais realizou-se uma

Análise de Correspondências Canónicas (CCA) com recurso ao programa CANOCO 4.5 (ter

Braak & Šmilauer, 2002). Na CCA, os eixos são achados na direção que maximiza a

dispersão das espécies, restringida à condição adicional de os scores dos inventários serem

representáveis como uma combinação linear dos fatores ambientais (Capelo, 2002).

Procedeu-se inicialmente à transformação das variáveis com o objetivo de aproximação à

normalidade dos dados e igualdade de variâncias, bem como de moderar a influência de

valores extremos. Foi utilizado o teste de Monte Carlo para a seleção manual de variáveis

(manual forward selection) a um nível de significância de p<0.05 (Lepš & Šmilauer, 2003).

Com o objetivo de averiguar a existência de fatores ambientais que sejam determinantes na

diversidade funcional de uma comunidade, recorreu-se a métodos de análise univariada.

Foram construídos modelos lineares mistos (Linear Mixed-Effects Models) para as variáveis

ambientais que tinham apresentado significado na análise de correspondências canónicas,

procurando ver qual deles se ajustava melhor à presença de uma maior diversidade

funcional. Nesta análise utilizou-se a função “lme” do package “nlme” do programa R 3.0.0

(http://cran.r-project.org/). Nestes modelos foi criado um código para grupos de ilhas

constituídos pela sua proximidade. Este código foi usado nos modelos mistos como efeito

aleatório para considerar a estrutura espacial da amostragem de ilhas. Para a comparação

entre diferentes modelos e seleção dos melhores, foram utilizados os critérios de informação

de Akaike (AIC) (Burnham & Anderson, 2002). Os melhores modelos foram aqueles que

apresentaram os menores valores de AIC do conjunto de modelos analisados e os maiores

pesos de Akaike (w). Para cada variável resposta avaliada, foram construídos conjuntos de

modelos que incluíram todas as combinações possíveis no conjunto de variáveis

consideradas.

Para avaliar a existência de diferenças significativas na variação da riqueza de espécies e

da diversidade funcional ao longo do tempo nas diferentes ilhas foi utilizada uma ANOVA de

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medidas repetidas (Gurevitch & Chester 1986). Finalmente, um teste post-hoc de Bonferroni

foi utilizado para identificar a existência de diferenças entre os diferentes anos para a

riqueza de espécies e a diversidade funcional.

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4 RESULTADOS

4.1 CARACTERÍSTICAS BIOFÍSICAS

4.1.1 Geomorfologia

Apresenta-se no Quadro 4.1 as principais características biofísicas das várias ilhas alvo de

monitorização, nomeadamente a área, o perímetro, a forma, o número de curvas de nível e

a distância de cada ilha à margem da albufeira de Alqueva. A informação foi obtida através

da interpretação dos elementos existentes (cartografia, modelo digital do terreno e

ortofotomapas (abril de 2011)) à cota média de exploração 147,5 m, e trabalhada com

recurso às potencialidades do Sistema de Informação Geográfica.

No Quadro 4.2 apresentam-se as variáveis morfológicas extraídas para cada uma das ilhas

alvo de monitorização: altitude, declive e ensombramento.

4.1.2 Coberto vegetal

Apresenta-se no Quadro 4.3 as percentagens dos diferentes tipos de coberto vegetal

presentes em cada ilha alvo de monitorização, bem como o número de estratos e sua

tipologia. Apresenta-se igualmente a percentagem relativa aos usos do solo “afloramentos

rochosos” e uso “urbano” (edificado presente).

4.1.3 Estrutura da paisagem

Tendo em conta a cota de referência dos 147,5 m, foram calculadas diversas métricas

relacionadas com a ocupação do solo existente em cada ilha. Calcularam-se, índices e

descritores de densidade, forma, tipo e dimensão, tendo em conta as atuais unidades de

ocupação do solo que num todo constituem a paisagem das ilhas (vd. Quadro 4.4). Estas

métricas assumem particular relevo, enquanto variáveis da análise efetuada, para a

interpretação da evolução dos diferentes grupos biológicos em cada ilha.

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Quadro 4.1 - Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas Coordenadas a)

(centróide) Forma Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Linda 268325 162764 2,0 517 171 24 505 419

Sol 266245 161196 3,1 640 160 13 553 75

Tubolz Daisy 263710 158550 51,3 3959 172 25 578 455

Gorda 272064 167671 48,7 5344 192 45 130 26

Pequena 272709 168146 5,1 949 165 18 729 26

Azevel 269152 165659 2,2 668 154 7 65 149

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Quadro 4.1 - (continuação) Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas Coordenadas a)

(centróide) Forma Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Sargaço 265482 157496 8,2 1676 164 17 285 501

Gaspar 266717 157032 9,1 1776 171 24 577 35

Escorpião 266336 156977 12,8 1561 194 47 730 35

Estevinha 265868 154992 0,5 275 157 10 216 123

Duquesa 261311 154590 1,0 375 158 11 476 40

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Quadro 4.1 - (continuação) Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas Coordenadas a)

(centróide) Forma Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Castro 262402 150158 1,4 573 158 11 744 291

Calitro 262636 149149 0,5 272 154 7 255 253

Noite 267282 156463 0,6 336 157 10 298 97

Mordillo 266942 155146 0,7 364 160 13 244 47

Tubarão 267854 149953 8,2 2088 164 17 209 140

Pedro Pensador

262471 150750 3,7 977 166 19 530 91

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Quadro 4.1 - (continuação) Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas Coordenadas a)

(centróide) Forma Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Arruda 265584 148113 1,2 477 155 8 194 237

Santo António 264287 147897 1,2 490 161 14 686 213

Amor 264636 147593 3,0 966 163 16 172 43

Porco Italiano 262697 147504 3,6 1038 168 21 428 241

Touro 264612 143692 0,7 341 156 9 642 689

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Quadro 4.1 - (continuação) Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas Coordenadas a)

(centróide) Forma Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Várzea 275512 194988 150,9 7486 153 6 55 3012

Pardais 275263 190640 3,5 815 169 22 27 3012

Balanco 253912 145054 0,7 345 154 7 394 692

Outeiro 254436 144445 1,4 440 160 13 206 332

Moncarxa 255327 141604 2,0 607 161 14 304 89

Porto de Musgos

255995 140545 4,8 1015 170 23 75 310

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Quadro 4.1 - (continuação) Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas Coordenadas a)

(centróide) Forma Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Abibe 258076 139491 1,6 581 162 15 323 208

Cerro do Pião 258711 138858 0,6 275 162 15 147 676

Bicas 258219 137841 1,4 677 162 15 68 958

Línguas 257328 139449 25,5 3752 174 27 58 32

Vulcão 247883 146144 5,0 812 193 46 47 1474

Fraga 270094 163867 4,6 1222 170 23 108 63

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Quadro 4.1 - (continuação) Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas

Coordenadas a)

(centróide) Forma

Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de

Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Ofioglóssica 270342 164138 6,8 1513 160 13 364 56

Fraguinha 270581 164123 1,3 437 160 13 267 56

Mostarda 264813 159373 1,5 506 158 11 287 191

Pipinhas 263323 157701 9,2 1669 160 13 212 446

Esteva 266010 155197 2,1 524 169 22 385 73

Azenha 264407 155690 0,6 342 158 11 63 530

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Quadro 4.1 - (continuação) Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas Coordenadas a)

(centróide) Forma Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Meio Xisto 262257 155740 1,7 654 158 11 206 730

Zambujeiro 254763 144059 1,7 531 164 17 234 332

Degebe 255530 141348 3,2 833 167 20 332 89

Rocha Fria 259750 140624 0,6 319 158 11 107 677

Barbosinha 257636 139182 1,3 493 158 11 596 32

Lorosai 259364 141449 4,8 1126 166 19 101 677

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Quadro 4.1 - (continuação) Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas Coordenadas a)

(centróide) Forma Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Três 255340 137812 3,3 848 172 25 636 38

Perdição 264168 148775 0,5 279 156 9 355 63

Vaca Oito 264357 148823 1,8 646 160 13 335 63

Tosse 265549 149363 0,6 286 155 8 142 869

Espinhos 268490 148331 1,2 420 155 8 318 61

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António José Correia de Albuquerque

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Quadro 4.1 - (continuação) Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas Coordenadas a)

(centróide) Forma Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Retama 268503 147293 0,5 265 154 7 147 198

Clorofila 262028 148633 0,5 267 153 6 201 402

Cágados 260932 154739 3,3 1043 160 13 342 74

Tábua Rasa 262682 154169 8,7 1580 160 13 406 67

Luz 263570 152307 3,6 862 167 20 143 465

Solapau 262771 145528 0,8 351 160 13 1256 70

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Quadro 4.1 - (continuação) Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas Coordenadas a)

(centróide) Forma Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Panças 262306 145002 5,1 1112 163 16 1136 406

Serros Verdes 261922 143489 6,6 1302 172 25 507 955

Rasta 262729 145805 4,6 968 165 18 990 70

Luardinha 262174 145594 0,5 255 159 12 746 181

Alcarrache 273998 151593 1,9 548 156 9 247 649

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António José Correia de Albuquerque

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Quadro 4.1 - (continuação) Características biofísicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

Ilhas Coordenadas a)

(centróide) Forma Área (ha)

Perímetro (m)

Cota Máxima (m)

Número de Curvas de Nível b)

Distância da ilha à margem da albufeira

(m)

Distância à ilha mais próxima

(m) M P

Estrela 268992 150739 1,0 519 151 4 358 13

Cometa 268929 150937 1,2 541 153 6 296 13

Erva Alta 269338 149091 0,7 346 157 10 532 118

Monte Novo 264186 145334 2,2 801 157 10 355 101

Pedras 264169 145092 0,9 348 157 10 340 101

a) Sistema de Coordenadas Hayford-Gauss; Datum Lisboa b) Considerando a cota de referência a cota média de exploração de 147,5 m

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Quadro 4.2 - Variáveis morfológicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

ALTITUDE DECLIVE ENSOMBRAMENTO

Ilhas Altitude

Mínima (m) Altitude

Máxima (m) Altitude

Média (m)

Desvio Padrão da Altitude (m)

Declive Mínimo (%)

Declive Máximo (%)

Declive Médio (%)

Desvio Padrão do Declive (%)

Ensombramento Mínimo

Ensombramento Máximo

Ensombramento Médio

Desvio Padrão do Ensombramento

Línguas 123,26 173,78 158,40 5,76 0,00 23,38 10,95 4,69 116,00 225,00 176,07 24,33

Três 148,87 170,00 158,83 6,08 0,00 33,23 16,76 6,75 92,00 249,00 170,61 35,57

Porto de Musgos 122,36 170,00 154,57 9,21 0,00 24,41 14,16 4,91 109,00 230,00 174,32 32,77

Degebe 100,47 165,00 151,04 11,83 0,00 21,62 11,56 4,38 122,00 225,00 176,22 26,48

Moncarxa 130,23 157,50 149,46 7,05 0,00 21,88 8,91 5,36 111,00 217,00 178,47 25,19

Zambujeiro 136,32 162,50 150,99 7,26 0,00 27,47 13,32 5,38 106,00 218,00 175,98 28,68

Outeiro 133,93 160,00 149,79 6,71 0,00 21,17 11,81 4,34 116,00 219,00 174,84 24,67

Balanco 149,59 153,89 151,85 0,97 0,00 18,08 6,69 4,68 142,00 210,00 179,53 15,73

Vulcão 137,50 192,91 160,87 14,79 0,70 38,65 21,96 6,41 100,00 251,00 164,83 39,85

Barbosinha 126,07 157,92 150,54 6,85 0,00 21,41 11,02 4,80 142,00 219,00 176,24 18,11

Cerro do Pião 149,42 161,58 154,59 3,03 0,00 26,95 17,52 4,26 90,00 233,00 167,63 44,50

Abibe 122,71 161,67 147,72 11,31 0,00 22,96 11,67 4,72 137,00 231,00 177,68 26,74

Bicas 141,56 161,66 152,57 3,96 0,00 28,29 14,21 5,70 117,00 230,00 177,25 31,94

Rocha Fria 149,46 155,00 152,87 1,68 0,00 22,65 11,57 6,42 137,00 215,00 176,07 18,36

Lorosai 135,00 162,50 155,15 4,54 0,00 28,12 9,96 4,83 83,00 230,00 176,88 22,04

Serros Verdes 130,88 167,50 155,44 8,86 0,00 23,37 13,17 5,45 109,00 230,00 173,58 33,35

Touro 149,90 155,76 151,93 1,27 0,00 17,20 7,70 3,84 121,00 213,00 177,83 23,98

Pedras 149,84 155,00 152,39 1,54 0,00 15,03 7,53 3,71 139,00 208,00 178,53 19,02

Monte Novo 133,18 155,00 150,07 4,86 0,00 14,38 7,13 3,49 132,00 219,00 178,24 20,92

Solapau 149,87 155,00 152,69 1,74 0,00 15,38 8,32 4,77 128,00 199,00 177,76 17,60

Panças 121,54 157,50 148,74 10,67 0,00 19,77 7,39 5,78 129,00 228,00 177,99 21,31

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António José Correia de Albuquerque

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Quadro 4.2 - (continuação) Variáveis morfológicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

ALTITUDE DECLIVE ENSOMBRAMENTO

Ilhas Altitude

Mínima (m) Altitude

Máxima (m) Altitude

Média (m)

Desvio Padrão da Altitude (m)

Declive Mínimo (%)

Declive Máximo (%)

Declive Médio (%)

Desvio Padrão do Declive (%)

Ensombramento Mínimo

Ensombramento Máximo

Ensombramento Médio

Desvio Padrão do Ensombramento

Luardinha 149,80 157,50 153,36 2,31 0,00 19,11 13,44 3,97 115,00 228,00 174,75 29,66

Amor 122,47 160,00 151,18 7,43 0,00 28,09 10,25 5,54 74,00 219,00 175,18 28,86

Santo António 124,20 161,81 147,70 9,48 0,00 33,20 13,14 6,68 127,00 220,00 177,34 25,30

Arruda 137,50 155,00 149,35 4,71 0,00 13,87 6,88 3,63 145,00 207,00 179,27 15,85

Porco Italiano 131,69 167,60 153,37 6,85 0,00 23,19 11,84 4,45 113,00 227,00 176,36 27,17

Clorofila 149,77 152,96 151,30 0,89 0,79 8,09 5,34 1,72 154,00 198,00 177,82 12,70

Rasta 135,00 160,00 152,96 5,70 0,00 22,08 8,77 5,50 112,00 223,00 177,16 23,20

Calitro 149,77 153,81 151,54 1,02 1,05 10,78 6,14 2,11 146,00 205,00 177,69 16,26

Vaca Oito 128,30 159,77 150,53 6,43 0,00 15,72 8,50 4,22 130,00 216,00 177,29 18,89

Perdição 149,84 152,50 151,61 0,89 0,00 14,43 6,00 4,49 135,00 207,00 178,07 16,10

Tosse 149,78 152,50 151,45 0,88 0,00 11,12 5,36 3,06 160,00 198,00 179,45 10,23

Espinhos 141,73 152,50 150,03 2,02 0,00 8,60 3,82 2,47 156,00 195,00 179,66 10,01

Erva Alta 149,97 155,00 152,30 1,65 0,00 20,86 8,89 4,46 119,00 209,00 177,98 23,45

Retama 149,94 152,50 151,42 0,87 0,00 9,99 5,35 2,94 147,00 202,00 178,34 14,97

Alcarrache 138,21 157,50 151,08 4,67 0,00 12,73 7,33 3,13 149,00 205,00 178,01 15,29

Estrela 142,50 152,50 149,39 2,57 0,00 7,30 3,25 2,29 163,00 198,00 180,15 7,98

Cometa 142,81 155,00 150,17 2,51 0,00 11,85 5,85 2,13 149,00 203,00 178,71 14,96

Castro 124,29 157,84 150,49 6,56 0,00 16,38 9,17 4,29 142,00 209,00 177,45 19,41

Pedro Pensador 112,50 165,90 150,09 10,66 0,00 34,64 10,63 6,40 108,00 229,00 174,87 17,57

Tábua Rasa 132,50 157,50 153,99 2,88 0,00 17,58 5,51 4,58 127,00 217,00 178,42 16,31

Azenha 149,78 152,50 151,07 0,96 0,00 13,40 5,10 4,01 139,00 208,00 177,85 16,45

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António José Correia de Albuquerque

30

Quadro 4.2 - (continuação) Variáveis morfológicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

ALTITUDE DECLIVE ENSOMBRAMENTO

Ilhas Altitude

Mínima (m) Altitude

Máxima (m) Altitude

Média (m)

Desvio Padrão da Altitude (m)

Declive Mínimo (%)

Declive Máximo (%)

Declive Médio (%)

Desvio Padrão do Declive (%)

Ensombramento Mínimo

Ensombramento Máximo

Ensombramento Médio

Desvio Padrão do Ensombramento

Duquesa 149,55 157,71 152,26 1,54 0,00 28,46 7,48 4,69 77,00 205,00 176,81 22,53

Cágados 149,57 159,57 152,18 1,43 0,00 17,06 5,82 4,13 134,00 217,00 177,15 16,47

Meio Xisto 138,00 155,00 147,96 4,74 0,00 10,88 4,62 3,24 154,00 210,00 179,40 14,15

Luz 123,51 165,00 149,17 11,96 0,00 20,59 11,57 5,08 120,00 222,00 176,63 26,37

Esteva 140,00 162,50 151,40 5,68 0,00 18,54 10,39 3,25 123,00 210,00 176,80 25,07

Estevinha 149,70 156,72 151,74 1,54 0,00 18,58 8,47 4,03 115,00 211,00 176,44 24,17

Mordillo 149,77 155,00 151,56 1,43 0,00 19,25 6,79 4,60 125,00 208,00 177,37 17,41

Noite 149,92 156,51 151,70 1,39 0,00 20,15 8,58 3,77 142,00 213,00 177,64 13,77

Mostarda 149,60 157,50 152,86 1,88 0,00 18,75 7,78 3,69 124,00 217,00 178,61 23,76

Pipinhas 132,42 165,00 153,43 6,71 0,00 25,19 8,73 4,64 112,00 227,00 176,97 29,13

Gaspar 135,78 167,50 153,11 6,68 0,00 27,19 9,02 5,43 104,00 240,00 177,00 22,63

Escorpião 126,87 190,00 159,52 13,73 0,00 27,76 15,07 3,95 112,00 243,00 173,19 35,08

Sargaço 134,51 163,83 152,03 7,13 0,00 20,00 8,65 4,40 107,00 223,00 177,90 21,54

Tubolz Daisy 137,28 171,92 158,60 5,27 0,00 13,85 5,67 2,64 133,00 208,00 178,74 15,01

Sol 133,11 165,00 152,22 7,98 0,00 18,74 10,86 3,85 122,00 219,00 177,50 26,62

Linda 128,92 170,87 148,74 12,17 0,79 29,37 17,40 4,29 100,00 243,00 171,36 41,11

Fraga 120,00 162,50 154,16 8,11 0,00 38,20 11,38 7,70 105,00 244,00 173,49 25,96

Ofioglóssica 127,48 162,50 152,33 5,36 0,00 17,52 7,26 3,89 122,00 217,00 177,45 17,66

Fraguinha 133,37 155,00 148,84 4,97 0,00 12,56 5,91 2,62 154,00 200,00 178,31 11,16

Gorda 134,57 191,73 160,77 9,41 0,00 29,43 8,99 4,53 83,00 236,00 177,24 21,14

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António José Correia de Albuquerque

31

Quadro 4.2 - (continuação) Variáveis morfológicas das ilhas estudadas (cota de referência 147,5 m).

ALTITUDE DECLIVE ENSOMBRAMENTO

Ilhas Altitude

Mínima (m) Altitude

Máxima (m) Altitude

Média (m)

Desvio Padrão da Altitude (m)

Declive Mínimo (%)

Declive Máximo (%)

Declive Médio (%)

Desvio Padrão do Declive (%)

Ensombramento Mínimo

Ensombramento Máximo

Ensombramento Médio

Desvio Padrão do Ensombramento

Pequena 132,50 164,80 152,02 6,21 0,00 21,79 7,62 3,36 121,00 220,00 178,22 16,77

Tubarão 132,54 163,53 152,25 4,64 0,00 21,86 7,51 4,05 105,00 222,00 178,01 16,21

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32

Quadro 4.3 - Coberto Vegetal.

Estratos Coberto Vegetal Outros Usos

Ilhas

% d

e e

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% d

e e

stra

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roch

osos

Línguas 90,0 5,0 30,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 24,2 75,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Três 0,0 80,0 50,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Porto de Musgos 90,0 25,0 20,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 66,2 33,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Degebe 50,0 20,0 70,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 18,6 0,0 0,0 81,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Moncarxa 90,0 12,0 40,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 23,1 0,0 0,0 76,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Zambujeiro 60,0 15,0 30,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Outeiro 60,0 5,0 30,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Balanco 60,0 20,0 15,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Vulcão 30,0 80,0 20,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 74,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 25,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Barbosinha 70,0 90,0 20,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0

0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Cerro do Pião 0,0 80,0 10,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0

0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Abibe 15,0 50,0 50,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 41,6 58,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Bicas 60,0 30,0 20,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 48,7 51,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Rocha Fria 50,0 80,0 20,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Lorosai 65,0 90,0 2,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0

0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Serros Verdes 50,0 15,0 30,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 72,1 27,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Touro 80,0 10,0 25,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Pedras 80,0 20,0 0,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0

Monte Novo 80,0 0,0 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 98,4 1,6 0,0 0,0

Solapau 10,0 50,0 30,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0

0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Panças 10,0 65,0 60,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Luardinha 10,0 75,0 30,0 3,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Amor 30,0 60,0 30,0 3,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Santo António 0,0 100,0 10,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Arruda 0,0 70,0 40,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 85,5 14,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Porco Italiano 90,0 20,0 5,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0

0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Clorofila 100,0 0,0 20,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Rasta 60,0 30,0 50,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Calitro 80,0 10,0 0,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 98,0 0,0 2,0 0,0

Vaca Oito 30,0 70,0 15,0 3,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Perdição 30,0 80,0 30,0 3,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Tosse 90,0 5,0 0,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0

Espinhos 80,0 30,0 0,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 80,1 0,0 0,0 19,9

Erva Alta 80,0 30,0 25,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

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António José Correia de Albuquerque

33

Quadro 4.3 - (continuação) Coberto Vegetal

Estratos Coberto Vegetal Outros Usos

Ilhas

% d

e e

stra

to

he

rbá

ceo

% d

e e

stra

to

arb

ust

ivo

% d

e e

stra

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b)

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nheira

s e

oliv

eiras

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rba

no

- C

asa

% U

rba

no

- R

uín

a

% A

flora

ment

os

roch

osos

Retama 100,0 25,0 30,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Alcarrache 3,0 70,0 40,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 64,4 35,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Estrela 100,0 1,0 0,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0

Cometa 100,0 5,0 0,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0

Castro 5,0 80,0 30,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 60,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 39,1 0,0 0,0 0,0 0,5 0,0

Pedro Pensador 0,0 90,0 70,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 46,4 0,0 0,0 0,0 0,0 53,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Tábua Rasa 25,0 90,0 10,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Azenha 50,0 70,0 5,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Duquesa 0,0 80,0 20,0 2,0 50,9 0,0 0,0 0,0 0,0 49,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Cágados 10,0 80,0 40,0 3,0 17,8 0,0 0,0 0,0 0,0 64,4 17,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Meio Xisto 60,0 10,0 20,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Luz 1,0 90,0 25,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 93,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 6,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Esteva 1,0 100,0 1,0 3,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Estevinha 25,0 95,0 0,0 2,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Mordillo 90,0 15,0 0,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 96,2 0,0 3,8 0,0

Noite 60,0 2,0 3,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Mostarda 80,0 1,0 2,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 16,1 83,9 0,0 0,0 0,0 0,0

Pipinhas 70,0 6,0 10,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 65,1 34,9 0,0 0,0 0,0 0,0

Gaspar 80,0 2,0 2,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 61,1 0,0 0,0 0,0 0,0 38,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Escorpião 60,0 10,0 25,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 41,1 0,0 0,0 0,0 58,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 0,0

Sargaço 50,0 50,0 25,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 80,4 19,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Tubolz Daisy 80,0 2,0 15,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 66,0 0,0 33,0 0,0 0,0 0,0

Sol 30,0 50,0 15,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 58,0 42,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Linda 5,0 65,0 30,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Fraga 20,0 75,0 35,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 59,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 31,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 8,5

Ofioglóssica 20,0 100,0 2,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Fraguinha 10,0 95,0 1,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Gorda 40,0 70,0 15,0 3,0 0,0 0,0 5,1 0,0 0,0 0,0 0,0 28,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 66,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Pequena 7,0 70,0 20,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Tubarão 60,0 50,0 40,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

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António José Correia de Albuquerque

34

Quadro 4.4 – Métricas da paisagem.

MÉTRICAS DE PARCELAS MÉTRICAS DE ORLAS MÉTRICAS DE FORMA

Ilhas Área (ha)

Número de

Parcelas

Dimensão Média das

Parcelas (ha)

Mediana da Dimensão

das Parcelas

(ha)

Coeficiente de

Variância da

Dimensão das

Parcelas

Desvio Padrão da Dimensão

das Parcelas

(ha)

Densidade de Orlas (m/m2)

Orla Média por parcela

(m)

Índice de Forma Médio

Índice Médio de

Forma Ponderado pela Área

Média relação Área-

Perímetro (m2/m)

Dimensão Fractal Média

Dimensão Fractal Média

Ponderada pela Área

Línguas 25,5 2,0 12,74 12,74 51,68 6,58 15,05 2271,38 1,83 1,89 201,40 1,32 1,32

Três 3,3 1,0 3,28 3,28 0,00 0,00 2,81 847,85 1,32 1,32 258,60 1,30 1,30

Porto de Musgos 4,8 2,0 2,42 2,42 32,32 0,78 6,61 997,18 1,78 1,89 408,20 1,36 1,37

Degebe 3,2 2,0 1,59 1,59 62,70 1,00 4,23 638,41 1,41 1,59 447,20 1,34 1,35

Moncarxa 2,0 2,0 1,01 1,01 53,89 0,54 3,52 530,77 1,54 1,56 612,35 1,38 1,37

Zambujeiro 1,7 1,0 1,72 1,72 0,00 0,00 1,76 530,46 1,14 1,14 309,20 1,29 1,29

Outeiro 1,4 1,0 1,40 1,40 0,00 0,00 1,46 440,27 1,05 1,05 313,70 1,27 1,27

Balanco 0,7 1,0 0,70 0,70 0,00 0,00 1,14 344,52 1,16 1,16 492,70 1,32 1,32

Vulcão 5,0 2,0 2,50 2,50 49,70 1,24 4,82 727,96 1,29 1,39 306,70 1,30 1,31

Barbosinha 1,3 1,0 1,33 1,33 0,00 0,00 1,63 492,47 1,21 1,21 371,00 1,31 1,31

Cerro do Pião 0,6 1,0 0,55 0,55 0,00 0,00 0,91 274,78 1,04 1,04 496,10 1,30 1,30

Abibe 1,6 2,0 0,79 0,79 16,81 0,13 2,95 444,95 1,43 1,41 579,65 1,36 1,36

Bicas 1,4 2,0 0,71 0,71 2,55 0,02 2,59 391,23 1,30 1,31 545,55 1,34 1,34

Rocha Fria 0,6 1,0 0,59 0,59 0,00 0,00 1,06 318,88 1,17 1,17 537,90 1,33 1,33

Lorosai 4,8 1,0 4,80 4,80 0,00 0,00 3,73 1125,74 1,45 1,45 234,80 1,30 1,30

Serros Verdes 6,6 3,0 2,19 1,49 85,03 1,86 9,35 941,16 1,68 2,26 496,23 1,36 1,39

Touro 0,7 1,0 0,69 0,69 0,00 0,00 1,13 340,65 1,16 1,16 496,70 1,32 1,32

Pedras 0,9 1,0 0,87 0,87 0,00 0,00 1,15 347,93 1,05 1,05 399,60 1,29 1,29

Monte Novo 2,2 2,0 1,08 1,08 96,71 1,04 3,16 477,29 1,43 1,69 1292,10 1,42 1,36

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António José Correia de Albuquerque

35

Quadro 4.4 - (continuação) Métricas da paisagem.

MÉTRICAS DE PARCELAS MÉTRICAS DE ORLAS MÉTRICAS DE FORMA

Ilhas Área (ha)

Número de Parcelas

Dimensão Média das

Parcelas (ha)

Mediana da

Dimensão das

Parcelas (ha)

Coeficiente de

Variância da

Dimensão das

Parcelas

Desvio Padrão da Dimensão

das Parcelas

(ha)

Densidade de Orlas (m/m2)

Orla Média por parcela

(m)

Índice de Forma Médio

Índice Médio de

Forma Ponderado pela Área

Média relação Área-

Perímetro (m2/m)

Dimensão Fractal Média

Dimensão Fractal Média

Ponderada pela Área

Solapau 0,8 1,0 0,83 0,83 0,00 0,00 1,16 350,86 1,09 1,09 422,90 1,30 1,30

Panças 5,1 1,0 5,09 5,09 0,00 0,00 3,68 1111,47 1,39 1,39 218,20 1,29 1,29

Luardinha 0,5 1,0 0,50 0,50 0,00 0,00 0,84 254,96 1,02 1,02 508,90 1,30 1,30

Amor 3,0 1,0 3,03 3,03 0,00 0,00 3,20 965,49 1,56 1,56 318,70 1,33 1,33

Santo António 1,2 1,0 1,24 1,24 0,00 0,00 1,62 489,75 1,24 1,24 394,40 1,31 1,31

Arruda 1,2 2,0 0,59 0,59 70,92 0,42 2,39 360,21 1,37 1,49 786,00 1,38 1,37

Porco Italiano 3,6 1,0 3,59 3,59 0,00 0,00 3,44 1037,77 1,55 1,55 289,40 1,32 1,32

Clorofila 0,5 1,0 0,52 0,52 0,00 0,00 0,88 266,56 1,04 1,04 511,50 1,31 1,31

Rasta 4,6 1,0 4,64 4,64 0,00 0,00 3,20 967,32 1,27 1,27 208,50 1,28 1,28

Calitro 0,5 2,0 0,27 0,27 95,92 0,26 1,21 182,44 1,23 1,23 2366,90 1,48 1,35

Vaca Oito 1,8 1,0 1,84 1,84 0,00 0,00 2,14 646,09 1,34 1,34 350,30 1,32 1,32

Perdição 0,5 1,0 0,53 0,53 0,00 0,00 0,92 278,50 1,08 1,08 528,90 1,31 1,31

Tosse 0,6 1,0 0,57 0,57 0,00 0,00 0,95 285,48 1,07 1,07 501,30 1,31 1,31

Espinhos 1,2 2,0 0,60 0,60 60,14 0,36 3,40 513,86 1,96 2,00 1052,60 1,46 1,44

Erva Alta 0,7 1,0 0,67 0,67 0,00 0,00 1,15 346,33 1,19 1,19 513,90 1,33 1,33

Retama 0,5 1,0 0,52 0,52 0,00 0,00 0,88 264,43 1,04 1,04 512,20 1,30 1,30

Alcarrache 1,9 2,0 0,94 0,94 28,80 0,27 3,74 564,66 1,64 1,67 612,25 1,39 1,39

Estrela 1,0 1,0 0,95 0,95 0,00 0,00 1,72 519,21 1,50 1,50 546,60 1,37 1,37

Cometa 1,2 1,0 1,19 1,19 0,00 0,00 1,49 450,84 1,17 1,17 379,10 1,30 1,30

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António José Correia de Albuquerque

36

Quadro 4.4 - (continuação) Métricas da paisagem.

MÉTRICAS DE PARCELAS MÉTRICAS DE ORLAS MÉTRICAS DE FORMA

Ilhas Área (ha)

Número de Parcelas

Dimensão Média das

Parcelas (ha)

Mediana da

Dimensão das

Parcelas (ha)

Coeficiente de

Variância da

Dimensão das

Parcelas

Desvio Padrão da Dimensão

das Parcelas

(ha)

Densidade de Orlas (m/m2)

Orla Média por parcela

(m)

Índice de Forma Médio

Índice Médio de

Forma Ponderado pela Área

Média relação Área-

Perímetro (m2/m)

Dimensão Fractal Média

Dimensão Fractal Média

Ponderada pela Área

Castro 1,4 3,0 0,48 0,56 74,51 0,36 3,12 313,77 1,36 1,53 1981,30 1,46 1,38

Pedro Pensador 3,7 2,0 1,86 1,86 7,20 0,13 5,22 787,71 1,64 1,62 431,65 1,35 1,35

Tábua Rasa 8,7 1,0 8,66 8,66 0,00 0,00 5,23 1579,25 1,51 1,51 182,40 1,30 1,30

Azenha 0,6 1,0 0,61 0,61 0,00 0,00 1,13 341,85 1,24 1,24 562,70 1,34 1,34

Duquesa 1,0 2,0 0,48 0,48 1,83 0,01 1,96 295,90 1,20 1,20 611,15 1,34 1,34

Cágados 3,3 3,0 1,09 0,58 65,99 0,72 5,42 545,81 1,47 1,64 547,30 1,36 1,37

Meio Xisto 1,7 1,0 1,72 1,72 0,00 0,00 2,17 653,96 1,41 1,41 380,10 1,33 1,33

Luz 3,6 3,0 1,21 0,15 128,42 1,55 4,30 432,32 1,23 1,58 863,20 1,36 1,34

Esteva 2,1 1,0 2,08 2,08 0,00 0,00 1,73 523,48 1,02 1,02 252,00 1,26 1,26

Estevinha 0,5 1,0 0,51 0,51 0,00 0,00 0,91 275,36 1,09 1,09 538,10 1,32 1,32

Mordillo 0,7 2,0 0,35 0,35 92,39 0,32 1,65 248,47 1,32 1,47 1568,95 1,44 1,38

Noite 0,6 1,0 0,59 0,59 0,00 0,00 1,11 335,95 1,23 1,23 568,10 1,34 1,34

Mostarda 1,5 3,0 0,50 0,15 107,32 0,54 2,55 256,35 1,18 1,21 948,13 1,37 1,32

Pipinhas 9,2 2,0 4,62 4,62 30,30 1,40 7,97 1203,01 1,58 1,61 267,80 1,32 1,32

Gaspar 9,1 2,0 4,54 4,54 22,26 1,01 8,18 1234,87 1,64 1,65 277,30 1,33 1,33

Escorpião 12,8 3,0 4,26 5,26 73,32 3,12 8,43 848,07 1,29 1,41 865,70 1,35 1,29

Sargaço 8,2 2,0 4,10 4,10 60,88 2,50 10,54 1590,46 2,17 2,47 418,55 1,39 1,40

Tubolz Daisy 51,3 5,0 10,25 3,64 109,85 11,26 34,57 2087,31 1,73 2,55 331,00 1,33 1,35

Sol 3,1 2,0 1,57 1,57 15,94 0,25 3,71 560,54 1,27 1,26 363,05 1,31 1,31

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António José Correia de Albuquerque

37

Quadro 4.4 - (continuação) Métricas da paisagem.

MÉTRICAS DE PARCELAS MÉTRICAS DE ORLAS MÉTRICAS DE FORMA

Ilhas Área (ha)

Número de

Parcelas

Dimensão Média das Parcelas

(ha)

Mediana da Dimensão

das Parcelas

(ha)

Coeficiente de Variância da Dimensão das Parcelas

Desvio Padrão da Dimensão

das Parcelas

(ha)

Densidade de Orlas (m/m2)

Orla Média

por parcela

(m)

Índice de Forma Médio

Índice Médio de

Forma Ponderado pela Área

Média relação Área-

Perímetro (m2/m)

Dimensão Fractal Média

Dimensão Fractal Média

Ponderada pela Área

Linda 2,0 1,0 1,97 1,97 0,00 0,00 1,71 517,15 1,04 1,04 262,10 1,26 1,26

Fraga 4,6 5,0 0,92 0,33 112,13 1,04 7,43 448,53 1,60 1,56 1173,26 1,43 1,35

Ofioglóssica 6,8 1,0 6,81 6,81 0,00 0,00 5,01 1513,08 1,64 1,64 222,30 1,32 1,32

Fraguinha 1,3 1,0 1,26 1,26 0,00 0,00 1,45 437,29 1,10 1,10 346,90 1,29 1,29

Gorda 48,7 4,0 12,18 7,21 100,33 12,22 30,62 2311,37 1,80 2,45 244,43 1,32 1,34

Pequena 5,1 1,0 5,11 5,11 0,00 0,00 3,14 949,10 1,18 1,18 185,80 1,26 1,26

Tubarão 8,2 1,0 8,24 8,24 0,00 0,00 6,91 2087,12 2,05 2,05 253,30 1,35 1,35

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4.2 FLORA E VEGETAÇÃO

4.2.1 Enquadramento biogeográfico

Em termos biogeográficos e segundo Costa et al. (1998), a área de estudo integra as

seguintes unidades, partindo-se da mais geral para a mais específica:

Reino Holártico

Região Mediterrânea

Sub-região Mediterrânea Ocidental

Super-província Mediterrâneo–Ibero–Atlântica

Província Luso-Extremadurense

Sector Mariânico–Monchiquense

Subsector Baixo Alentejo–Monchiquense

Superdistrito Baixo Alentejano

Segundo a tipologia biogeográfica para Portugal Continental (Costa et al. 1998), a área de

estudo integra-se no Superdistrito Baixo Alentejano, território essencialmente

termomediterrânico seco, onde se evidencia uma prolongada e bem acentuada estação

seca. Os solos são na sua maioria xistosos com exceção dos chamados “barros de Beja”

que são solos vérticos com origem em rochas máficas (dioritos, glabros, andesitos e

basaltos).

Em termos de vegetação, o Superdistrito caracteriza-se pelos montados que resultam do

Pyro bourgaeanae–Quercetum rotundifoliae e pelos estevais do Genisto hirsutae–Cistetum

ladaniferi. Contudo, em alguns locais, é possível ainda reconhecer o azinhal termófilo Myrto

communis–Quercetum rotundifoliae, os matagais espinhosos Asparago albi–Rhamnetum

oleoides e zambujal–lentiscal Phlomido purpureae–Pistacietum lentisci, o esteval Phlomido

purpureo–Cistetum albidi e o escoval Genistetum polyanthi. Os montados de sobro (Myrto

communis–Quercetum suberis e Sanguisorbo hybridae–Quercetum suberis) ocorrem

esporadicamente em algumas situações climaticamente mais favoráveis. Nos solos

hidromórficos com horizontes “glei” é frequente observarem-se os juncais Holoschoeno–

Juncetum acuti, Trifolio resupinati–Holoschoenetum vulgaris e Juncetum rugosi–effusi, bem

como os prados Gaudinio fragilis–Agrostietum castellanae, Pulicario paludosae–Agrostietum

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António José Correia de Albuquerque

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pourretii, Trifolio resupinati–Caricetum chaetophyllae, Loto subbiflori–Chaetopogenetum

fasciculati e Hyperico humifusi–Chaetopogonetum fasciculati.

Neste Superdistrito surgem ainda a colonizar as margens das ribeiras e linhas de água o

freixial Ficario ranunculoidis–Fraxinetum angustifoliae ou as formações arbustivas (tamargal

ou tamujal), dominadas por duas ou três espécies, entre as quais o Nerium oleander, a

Flueggea tinctoria, e a Tamarix africana.

4.2.2 Caracterização das comunidades vegetais

Em 2012 foram identificadas no total das 64 ilhas inventariadas, 200 espécies de plantas.

Em termos de ecologia, as espécies identificadas são predominantemente terrestres (80%),

representando os higrófitos os restantes 20%. De salientar o número de espécies exóticas

encontrado (16), correspondendo a uma percentagem (8%) no total dos elencos florísticos,

enquanto as cinco espécies endémicas inventariadas apenas representam 2.5%.

Quer o cluster da classificação hierárquica (Figura 4.1), quer a representação gráfica da

análise multidimensional não-paramétrica (NMS) apresentada na Figura 6.4, permitem

detetar e visualizar diferenças nas comunidades de plantas expressas pela totalidade de

inventários realizados.

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António José Correia de Albuquerque

40

Figura 4.1 - Classificação hierárquica com os dados do presente trabalho utilizando como medida de distância Bray-Curtis. Os grupos florísticos são identificados com caixas utilizando as mesmas cores que na Figura 4.2.

A classificação hierárquica (Figura 4.1), feita com base nos elencos florísticos permitiu-nos

distinguir seis grupos de comunidades similares. A separação entre os seis Grupos ocorre a

um nível de dissemelhança de 75%.

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António José Correia de Albuquerque

41

6

4

3

5

2

1

Abibes_2012

Alcarrache_2012

Amor_2012

Antonio_2012

Arruda_2012

Azenha_2012

Balanco_2012

Barbosinha_2012

Bicas_2012

Cagados_2012

Calitro_2012

Castro_2012

Clorofila_2012

Cometa_2012

Degebe_2012

Duquesa_2012

Erva_2012

Escorpiao_2012

Espinhos_2012

Esteva_2012Estevinha_2012

Estrela_2012

Fraga_2012

Fraguinha_2012Gaspar_2012Gorda_2012

Linda_2012

Linguas_2012

Lorosai_2012

Luardinha_2012Luz_2012

Moncarxa_2012

MontNovo_2012

Mordilho_2012

Mostarda_2012Musgos_2012

Noite_2012

Ofioglossica_2012

Outeiro_2012

Pancas_2012

Pedras_2012

Pedro_2012

Pequena_2012

Perdicao_2012

Piao_2012

Pipinhas_2012

Porco_2012

Rasta_2012

Retama_2012

Rocha_2012

Sargaco_2012

Serros_2012

Sol_2012

Solapau_2012

Tabua_2012

Tosse_2012

Touro_2012

Tres_2012

Tubarao_2012

Tubolz_2012

Vaca_2012

Vulcao_2012

Xisto_2012

Zambujeiro_2012

Stress: 0.19

Figura 4.2 - NMS com os dados do presente trabalho utilizando como medida de distância Bray-Curtis. Os grupos florísticos são identificados com as mesmas cores que na Figura 4.1.

A análise multidimensional não-paramétrica (NMS) permite visualizar a associação relativa

entre locais de amostragem de acordo com as respetivas comunidades, pelo que não

apresenta eixos numéricos (Figura 4.2). A correspondência entre a matriz de similaridade e

o gráfico é explicada pelo "stress". Assim, valores de “stress” inferiores a 0,05 representam

um ajustamento perfeito entre as distâncias reais e as distâncias nos eixos. Valores de

“stress” superiores a 0,20 são críticos, devendo ser usada alguma cautela na interpretação

dos resultados, enquanto valores superiores a 0,30 não são de todo interpretáveis (Clarke,

1993). O “stress” obtido foi de 0.19, valor que permite dizer, em termos da análise da Figura

4.2, que os 6 Grupos obtidos na classificação hierárquica apresentam comunidades vegetais

distintas.

A fim de verificar estatisticamente a significância de diferenças entre os 6 grupos obtidos na

classificação hierárquica e visualizados na NMS, foi efetuada uma análise de similaridade

(ANOSIM) entre grupos. Semelhante a uma análise de variância (ANOVA), mas de cariz

não-paramétrico, esta análise pretende testar a veracidade da hipótese nula de não haver

diferenças entre grupos.

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António José Correia de Albuquerque

42

Quadro 4.5 - Tipos de vegetação de acordo com o respetivo valor de R associado. *p significativo (<0.05).

Grupos de vegetação Valor do R associado Valor de p

G6-G2 0.627 0.01*

G6-G3 0.831 0.01*

G6-G4 0.707 0.01*

G6-G5 0.538 0.01*

G5-G2 0.979 0.01*

G5-G3 0.934 0.01*

G5-G4 0.816 0.02*

G4-G3 0.933 0.02*

G4-G2 0.963 NS

G3-G2 0.98 0.02*

Inicialmente calculou-se um valor estatístico global (R) de 0.827, associado a um nível de

significância de 0.001. Como o teste global foi significativo (p <0.05), evidência a existência

de seis comunidades vegetais significativamente distintas (Quadro 4.5). O valor de R varia

usualmente entre 0 e 1, indicando o grau de discriminação entre pares: valores próximos de

1 indicam uma forte separação no par, enquanto valores próximos de 0 estão associados a

uma fraca ou nula segregação. Por o Grupo 1 apenas ser constituído por um único elenco,

não foi possível confirmar por esta análise se se trata de uma outra comunidade vegetal.

Ao analisar estes resultados em conjunto com os obtidos na classificação hierárquica e na

NMS constata-se que existem, pelo menos, cinco Grupos de vegetação distintos na

totalidade das ilhas estudadas.

Tendo-se demonstrado, em termos globais, a existência de cinco comunidades distintas,

procurou-se ter uma visão mais pormenorizada da composição e estrutura dessas

comunidades. Para o efeito, utilizou-se a rotina SIMPER do programa PRIMER (Clarke e

Warwick, 2001), que permite identificar a contribuição de cada espécie para as diferenças

observadas entre grupos florísticos (Quadro 4.6). Esta rotina é usada para averiguar quais

as espécies que mais contribuem para as diferenças observadas entre grupos, usando a

abundância das espécies, aplicada através da matriz de similaridade de Bray-Curtis

previamente calculada.

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Quadro 4.6 - Contribuição das espécies (por ordem decrescente) para a caracterização das comunidades de plantas nos cinco Grupos identificados.

Grupo 2

Similaridade média 42%

Grupo 3

Similaridade média 57%

Espécie Cont. (%) Espécie Cont. (%)

Cistus salviifolius L. 55 Cistus ladanifer L. 78

Cistus ladanifer L. 13 Quercus rotundifolia Lam. 7

Olea europaea L. var. europaea 9 Brachypodium distachyon (L.) P. Beauv. 3

Lavandula pedunculata Mill. 8 Vulpia geniculata (L.) Link 2

Quercus rotundifolia Lam. 5

Grupo 4

Similaridade média 35%

Grupo 5

Similaridade média 42%

Espécie Cont. (%) Espécie Cont. (%)

Brachypodium distachyon (L.) P. Beauv. 32 Vulpia geniculata (L.) link 49

Cistus ladanifer L. 25 Avena barbata Link 11

Phagnalum saxatile (L.) Cass. 9 Quercus rotundifolia Lam. 7

Avena barbata Link 6 Bromus diandrus Roth 5

Vulpia geniculata (L.) Link 4 Retama sphaerocarpa (L.) Boiss. 5

Conyza bonariensis (L.) Cronq. 3 Conyza bonariensis (L.) Cronq. 5

Bromus diandrus Roth 2 Calendula arvensis L. 2

Glinus lotoides L. 2 Brachypodium distachyon (L.) P. Beauv. 2

Quercus rotundifolia Lam. 2 Echyum plantagineum L. 1

Rumex crispus L. 1 Andryala integrifolia L. 1

Grupo 6

Similaridade média 38%

Espécie Cont. (%)

Quercus rotundifolia Lam. 45

Bromus diandrus Roth 8

Cistus ladanifer L. 6

Brachypodium distachyon (L.) P. Beauv. 6

Conyza bonariensis (L.) Cronq. 4

Cistus salviifolius L. 3

Vulpia geniculata (L.) Link 3

Avena barbata Link 3

Calendula arvensis L. 3

Olea europaea L. var. sylvestris (Mill.) Hegi 2

Retama sphaerocarpa (L.) Boiss. 1

Tolpis barbata (L.) Gaertn. 1

Polygonum persicaria L. 1

Olea europaea L. var. europaea 1

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Estas espécies são as que mais contribuem para a similaridade dentro de cada Grupo e

portanto podem ser utilizadas para caracterizar as comunidades de plantas identificadas.

Está-se perante cinco Grupos florísticos que a análise ANOSIM tinha já dado como

significativamente diferentes. O Grupo 2 apresenta cinco espécies características, o Grupo

3, quatro espécies, o Grupo 4, dez espécies, o Grupo 5, dez espécies e o Grupo 6, catorze

espécies.

Em relação à ecologia das espécies características destes cinco Grupos, salienta-se o

predomínio no elenco das espécies com carácter terrestre, muito embora nos Grupos 4 e 6,

surjam duas espécies higrófitas com alguma representatividade Glinus lotoides no Grupo 4 e

Polygonum persicaria no Grupo 6.

Em termos gerais, pode-se dizer que as diferentes ilhas amostradas apresentam como

vegetação potencial os azinhais termófilos do Pyro bourgaeanae–Quercetum rotundifoliae.

No entanto, dada a ação antrópica exercida em tempos ancestrais sobre o azinhal, pouco

resta da estrutura original destes bosques de Quercus rotundifolia. Eles foram

paulatinamente arroteados e convertidos em estruturas de carácter agrícola e pastoril,

atingindo na atualidade um estado de alteração que normalmente se traduz em “montado”

de carácter muito distinto de uma floresta ou quando as pressões exercidas se acentuaram

em estevais do Genisto hirsutae–Cistetum ladaniferi ou em casos extremos em áreas

apenas colonizadas por herbáceas. Contudo, em alguns locais, é possível ainda reconhecer

o azinhal, os matagais espinhosos Asparago albi–Rhamnetum oleoidis e o zambujal–

lentiscal Oleo–Pistacietum lentisci.

O Grupo 1, representado apenas por uma ilha (Outeiro), tem como vegetação predominante

o olival. Nesta ilha surge ainda de forma dispersa no estrato arbóreo a espécie Quercus

rotundifolia, no estrato arbustivo a Retama sphaerocarpa e Asparagus albus, e o estrato

herbáceo, em forma de prado, faz-se representar predominantemente pelas espécies

Chrysanthemum coronarium, Dactylis glomerata, Asphodelus lusitanicus, Urginea maritima e

Vulpia geniculata.

O Grupo 2 representa ilhas onde a vegetação ocorre sob a forma de montado disperso de

Quercus rotundifolia, com um sub-bosque arbustivo onde predominam as espécies Cistus

salviifolius, Cistus ladanifer e Lavandula pedunculata (esteval). Salienta-se ainda a

abundância da espécie Olea europaea var. europaea reveladora da pressão a que

estiveram submetidas estas áreas no passado.

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António José Correia de Albuquerque

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O Grupo 3 representa também ilhas onde a vegetação ocorre sob a forma de montado

disperso de Quercus rotundifolia, mas com um sub-bosque arbustivo predominantemente

colonizado pela espécie Cistus ladanifer.

O Grupo 4 ilhas onde a vegetação se faz representar por um mosaico de áreas de matos

(esteval), com áreas colonizadas apenas por herbáceas (prados). Nas áreas de matos a

espécie Cistus ladanifer assume-se como a mais representativa, enquanto nas áreas de

prados predominam as gramíneas Brachypodium distachyon, Avena barbata, Vulpia

geniculata, Bromus diandrus. Salienta-se neste Grupo de ilhas a reduzida representatividade

do estrato arbóreo 2% Quercus rotundifolia, assim como a presença da espécie higrófita

Glinus lotoides que assume representatividade na faixa inter-níveis da albufeira.

O Grupo 5 representa ilhas onde a vegetação se assume pelo montado disperso de

Quercus rotundifolia, com um sub-bosque colonizado predominantemente pelas gramíneas

Vulpia geniculata, Avena barbata, Bromus diandrus e Brachypodium distachyon (prado).

O Grupo 6 representa as ilhas colonizadas por montado denso de Quercus rotundifolia com

um sub-bosque arbustivo onde predominam as espécies Cistus ladanifer e Cistus salviifolius

(esteval). Salienta-se ainda a representatividade no estrato herbáceo das espécies Bromus

diandrus, Brachypodium distachyon, Vulpia geniculata, Avena barbata, assim como a

presença da espécie higrófita Polygonum persicaria que assume representatividade na faixa

inter-níveis da albufeira.

4.2.3 Diversidade funcional

Para compreender a diversidade funcional existente nas diferentes ilhas estudadas,

nomeadamente para ver se existe alguma relação dos atributos funcionais estudados com

as condições ambientais oferecidas pelos novos habitats criados (ilhas), procedeu-se a uma

Análise de Correspondências Canónicas (CCA) com as características funcionais

ponderadas pela abundância das espécies que constituem as diferentes comunidades. As

variáveis ambientais selecionadas pelo teste Monte Carlo são apresentadas no gráfico por

meio de setas (Figura 4.3).

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António José Correia de Albuquerque

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Figura 4.3 - Eixos 1 e 2 da Analise de Correspondências Canónicas (CCA) para as características funcionais ponderadas pelas abundâncias das espécies dos diferentes

elencos (2012). Percentagem explicada da variação total pelo eixo 1(x)=12.2%.

Segundo a análise de Correspondências Canónicas (CCA) efetuada pode-se constatar:

Nas ilhas que apresentam maiores distâncias às margens e maiores declives a comunidade

vegetal revela-se pela predominância de espécies perenes, lenhosas, árvores e arbustos,

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com folhas de consistência coriácea e sementes pesadas, cuja dispersão está dependente

ou das características morfológicas e fisiológicas da planta, ou de um vetor animal.

As ilhas com menores declives revelam um predomínio de espécies herbáceas,

nomeadamente terófitos, espécies rizomatosas e bolbosas, sendo ainda de salientar a maior

abundancia de espécies relacionadas com o meio aquático (higrófitos). Quanto às

sementes, estas apresentam caracter ortodoxo e a sua dispersão revela-se dependente de

vetores como a água, o vento ou de animais. Foi também neste tipo de ilhas que se

registaram maior número quer de espécies endémicas, quer de espécies exóticas.

Relativamente à distância que as ilhas apresentam às margens, sobressai a elevada

correlação entre as maiores distâncias com as espécies que necessitam do vetor de

dispersão animal, enquanto nas ilhas mais próximas das margens a comunidade vegetal

tem como predominante forma de dispersão os vetores água e vento.

Na Figura 4.4 apresentam-se os resultados da Análise de Correspondências Canónicas

(CCA) tendo em conta a riqueza específica e a diversidade funcional (FDis) das

comunidades de plantas existentes nas diferentes ilhas inventariadas em 2012. As variáveis

ambientais selecionadas pelo teste Monte Carlo, são apresentadas no gráfico por meio de

setas.

Figura 4.4 - Eixos 1 e 2 da Analise de Correspondências Canónicas (CCA) tendo em conta a riqueza e diversidade funcional das comunidades de plantas existentes nas diferentes ilhas estudadas. Percentagem explicada da variação total pelo eixo 1(x)=21.6.%.

Na ordenação realizada com os diferentes elencos florísticos e com o índice FDis pode-se

apreciar a posição das diferentes ilhas amostradas segundo os gradientes ambientais

gerados pelas variáveis eleitas pelo teste de Monte Carlo como sendo significativas.

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48

Fazendo uma leitura da análise de Correspondências Canónicas (CCA) efetuada pode-se

constatar:

As ilhas com maior riqueza específica são as que apresentam menores distâncias à margem

e menores declives (mais próximas de fontes de propágulos com um habitat mais

homogéneo) e que a diversidade funcional está correlacionada negativamente com a

riqueza, correlacionada positivamente com a heterogeneidade de habitats disponibilizada

pelos declives existentes.

O Quadro 4.7 apresenta os resultados dos modelos lineares mistos construídos para

modelar a diversidade funcional em função de todas as variáveis ambientais consideradas.

Quadro 4.7 - Resultados dos modelos lineares mistos construídos para a diversidade funcional (índice FDis). São apresentados os três melhores modelos obtidos. As variáveis

significativas são identificadas com **p<0.05, *p<0.1.

Ordem dos

modelos AIC Peso Variáveis Sentido p-value

Flora

1 232.58 0.1214 Dist_margem + 0.1365

Decl_med + 0.0403**

2 232.83 0.1070 Alt_max + 0.0453**

3 232.96 0.1005 Decl_med + 0.0503*

Os modelos lineares mistos destacaram:

A diversidade funcional da comunidade vegetal aumenta em ilhas com maiores altitudes e

maiores declives médios, aparentemente também relacionada com maiores distâncias à

margem. Ou seja, a diversidade funcional está positivamente correlacionada com a

heterogeneidade de condições de habitabilidade existentes em cada ilha, e expressa a

diversidade de especificidades ecológicas que a flora manifesta perante as restrições

impostas por cada habitat. Pelo contrário, constata-se que ilhas planas e localizadas

próximo da margem, onde o habitat é mais homogéneo e aparentemente mais favorável ao

estabelecimento de plantas (solo mais profundo, menos drenado e mais próximo de fontes

de propágulos), apesar de apresentarem maior riqueza em espécies, estas revelam menor

diversidade funcional, evidenciando uma grande similaridade das suas características

funcionais.

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António José Correia de Albuquerque

49

4.2.4 Evolução das diferentes comunidades vegetais no tempo

O presente estudo teve por objetivo aprofundar o conhecimento sobre as comunidades de

plantas existentes em cada ilha, nomeadamente ao nível da sua diversidade funcional

(estado atual e evolução temporal). Assim, e tendo em conta que apenas foram

monitorizadas 29 ilhas no estudo efetuado em 2000-2001, os resultados apresentados

cingem-se a esse universo por forma a possibilitar uma análise da evolução ao longo dos

últimos 11 anos (vd. Figura 4.5 e Figura 4.6).

Da análise dos resultados expressos na Figura 4.5 e na Figura 4.7 pode-se constatar que se

verificou um padrão comum entre as diferentes ilhas a nível da variação temporal da

diversidade funcional mas que não se observou nenhuma tendência clara a nível da

variação temporal da riqueza de espécies.

Segundo a ANOVA de medidas repetidas, a variação da diversidade funcional evidenciou

uma mudança significativa entre os diferentes anos (p=0.000007), aumentando

significativamente (do ano 2001 para o ano 2005 (p=0.000026) e do 2001 para o 2012

(p=0.000132), e não apresentando diferença significativa nos valores médios de 2005 para

2012, em que o valor médio do índice de diversidade funcional se mantem ou diminui

ligeiramente (Figura 4.5 e Figura 4.7).

A mesma análise realizada para a riqueza de espécies não revelou diferenças significativas

entre os diferentes anos (Figura 4.6), nem uma tendência clara de variação ao longo do

tempo entre as diferentes ilhas (Figura 4.7).

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Figura 4.5 - Evolução da diversidade funcional nas diferentes ilhas no médio prazo (2001-2012).

Figura 4.6 - Evolução da riqueza específica nas diferentes ilhas estudadas no médio prazo (2001-2012).

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Ilhas em que se manifestou no período de estudo (2001-2012) uma tendência positiva na

riqueza funcional (FDis)

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António José Correia de Albuquerque

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(continuação)

Ilhas em que se manifestou no período de estudo (2001-2012) uma tendência positiva na

riqueza funcional (FDis)

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53

Ilhas em que se manifestou no período inicial de estudo (2001-2005) uma tendência positiva e

que nos últimos 7 anos têm revelado uma estabilização ou mesmo um decréscimo na riqueza

funcional (FDis)

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António José Correia de Albuquerque

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(continuação)

Ilhas em que se manifestou no período inicial de estudo (2001-2005) uma tendência positiva e que nos últimos 7 anos têm revelado uma estabilização ou mesmo um decréscimo na riquezafuncional (FDis)

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55

(continuação)

Ilhas em que se manifestou no período inicial de estudo (2001-2005) uma tendência positiva e que nos últimos 7 anos têm revelado uma estabilização ou mesmo um decréscimo na riquezafuncional (FDis)

Figura 4.7 - Evolução temporal da riqueza de espécies (Riq) da diversidade funcional (FDis) das ilhas estudadas (2001-2012). No eixo “y” esquerdo é representado o valor de Riq e no

eixo “y” direito é representado o valor de Fdis.

Como já se tinha apresentado de forma sintética no gráfico da Figura 4.6 a riqueza de

espécies não apresenta uma tendência temporal comum entre as diferentes ilhas. Pelo

contrário, no caso da diversidade funcional, aparece uma tendência temporal comum

(crescente), nomeadamente nos primeiros quatro anos após o enchimento da albufeira.

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5 DISCUSSÃO

Interpretando conjuntamente os resultados da caracterização biofísica e das comunidades

vegetais com os obtidos na análise da evolução da diversidade funcional podemos constatar

que apesar de existirem ilhas com diferentes características ambientais, e de se terem

identificado cinco grupos florísticos, a diversidade funcional apresentou um padrão de

evolução comum nas diferentes ilhas no período de tempo analisado. Este padrão

corresponde com um aumento da diversidade funcional nos primeiros anos apos o

enchimento da albufeira (2001-2005), verificando-se posteriormente uma estabilização ou

mesmo um decréscimo no período 2005-2012.

O aumento da diversidade funcional na fase inicial parece estar associado com a imigração

e instalação de espécies com atributos funcionais distintos das anteriormente existentes. De

facto, a alteração das características físicas do habitat induzida pelo enchimento da albufeira

mudou os filtros ecológicos, sendo estes permeáveis a novas espécies que começam a

colonizar estes ecossistemas emergentes (Myers & Harms 2009). Concretamente, a

presença de água em torno das ilhas propicia o desenvolvimento de um gradiente de

variabilidade na disponibilidade hídrica (Cornwell & Ackerly 2009) criando condições de

habitabilidade para espécies higrófitas.

Entre os atributos funcionais que adquiriram relevância nas comunidades dos habitats

emergentes, encontram-se aqueles que estão associados aos tipos de vetores de dispersão,

nomeadamente à dispersão pela água, que antes não existia. A hidrocoria é reconhecida

como um dos principais mecanismos de dispersão que permitem a colonização e

estabelecimento das espécies nos sistemas fluviais (Nilsson et al. 2010). Em meios lênticos,

esta pode funcionar isoladamente ou em combinação com o vento, sobretudo a pequenas

distâncias e em períodos temporais curtos (Sarneel et al. 2014). No presente estudo, os

atributos funcionais associados aos mecanismos de dispersão estiveram relacionados com

a variável distância à margem. No entanto, é de salientar que, em períodos de tempo mais

prolongados, surgem outros mecanismos com um papel importante no sucesso da

colonização nomeadamente o êxito na germinação ou a predação (Sarneel et al. 2014).

Outros atributos que também revelaram alguma aderência com as condições ambientais

impostas pelo declive existente nas diferentes ilhas foram o tipo fisionómico (arvores,

arbustos, herbáceas), tipo de folhas e o peso das sementes. Em maiores declives

encontram-se predominantemente espécies lenhosas com frutos pesados e folhas coriáceas

enquanto as espécies herbáceas e higrófitas surgiram no extremo oposto do gradiente. Este

resultado é consistente com o trabalho de (Liu et al. 2013) que encontraram uma menor

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proporção de herbáceas associadas a maiores declives e elevação em albufeiras. As áreas

com maiores declives e elevação são potencialmente sujeitas a maior stress hídrico

impondo que as espécies que as colonizem tenham atributos funcionais associados à

eficiência no uso da água e recursos.

A entrada de novos atributos funcionais nas comunidades implicou aumentos na diversidade

funcional mas nem sempre esteve relacionada com o aumento da riqueza em espécies. De

facto, a diversidade funcional e a riqueza surgiram em extremos opostos dos gradientes

impostos pelas duas variáveis que assumiram maior significado na análise. A riqueza de

espécies apresentou-se associada a menores distâncias à margem e a menores declives

enquanto a diversidade funcional apresentou o padrão oposto. Este resultado é consistente

com outros estudos realizados em albufeiras que concluíram que o declive e configuração

do terreno podem direta ou indiretamente afetar a riqueza específica mas não a diversidade

funcional (Liu et al. 2013). Concretamente, maiores declives encontram-se normalmente

associados a uma menor riqueza de espécies em albufeiras devido à estreita faixa riparia

que se mantem neste tipo de margens limitando o numero de espécies que as podem

colonizar (Luken & Bezold 2000).

Relativamente à evolução temporal, o principal resultado do presente estudo foi a

constatação de um padrão comum na tendência da diversidade funcional ao longo do tempo

em que se levou a cabo a monitorização. Este padrão consistiu num aumento da

diversidade funcional nos primeiros anos apos o enchimento da albufeira, seguido de uma

estabilização ou mesmo decréscimo nos valores da diversidade funcional no período ate

2012. Noutros ecossistemas emergentes (braços isolados) construídos na planície de

inundação do rio Ebro (Espanha) foi observado um incremento na diversidade funcional (de

macroinvertebrados aquáticos) no período apos a construção devido ao aumento de

heterogeneidade de habitats (Gallardo et al. 2012). Este aumento da diversidade chegou

mesmo a superar os valores encontrados no ecossistema natural muito embora o estudo se

tenha referido apenas a observações no decorrer do primeiro ano (Gallardo et al. 2012). No

caso do presente estudo, para além do aumento de heterogeneidade ambiental, a

perturbação associada à criação dos novos habitats poderá ter facilitado a instalação de

espécies (Davis et al. 2000), uma vez que níveis intermédios de perturbação podem

aumentar as oportunidades de recrutamento para as espécies imigrantes numa fase inicial

de colonização (Myers & Harms 2009; Seifan et al. 2012).

No entanto, quando interpretamos os resultados, é preciso contextualizar o estudo no longo

prazo. Num caso de estudo na China, apos 35 anos da construção de uma barragem, a

limitação da conectividade com os ecossistemas a jusante fez com que o banco de

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sementes que contribuiu para a colonização das margens da albufeira fosse composto

principalmente por espécies provenientes dos ecossistemas a montante. Isto sugere que a

dispersão de sementes mediante hidrocoria foi limitada para a colonização das margens da

albufeira por plantas (Liu et al. 2009) e que, a longo prazo, a barragem constituiu uma

barreira para os propágulos que circulam a nível da bacia hidrográfica (Merrit et al. 2010)

podendo implicar numa redução da diversidade funcional. Para além dos fatores que limitam

a dispersão, outros fatores ambientais e bióticos poderão condicionar o sucesso das

comunidades que se estabelecem no longo prazo (Tilman 1985).

A continuação do estudo a longo prazo é fundamental para perceber as trajetórias de

mudança dos ecossistemas e para identificar, após a expectável diminuição/estabilização da

diversidade funcional, quais as espécies que conseguiram instalar-se com sucesso e

persistir para poder utiliza-las em processo de restauro (White & Stromberg 2010). Perceber

a dinâmica da diversidade funcional torna-se essencial para determinar a capacidade de

resposta da comunidade para acomodar a perturbação e melhorar a resiliência do

ecossistema (Elmqvist et al. 2003). O facto de a diversidade funcional ter apresentado um

padrão comum de variação entre as diferentes ilhas indica que pode ser um indicador válido

para a gestão de ecossistemas. As medidas tradicionalmente utilizadas na monitorização de

comunidades (diversidade de espécies), podem não ser suficientes para capturar os

diferentes aspetos da funcionalidade do ecossistema e portanto da sua resiliência e

capacidade de manutenção de serviços essenciais para a sociedade (Mori et al. 2013).

O presente estudo permitiu revelar no médio prazo o estado de desenvolvimento da

colonização nos novos habitats criados pela constituição de uma albufeira. Com base nos

diferentes filtros ecológicos do habitat emergente, evidenciaram-se os atributos funcionais

que prevalecem em diferentes condições, mostrando no espaço de tempo estudado o

padrão de evolução da diversidade funcional existente nas diferentes ilhas. Os resultados

obtidos, fundamentados por outros estudos apresentados, mostram que a abordagem

funcional utilizada pode acrescer informação relevante para o acompanhamento e gestão de

ecossistemas, nomeadamente para os que se encontram sob forte pressão humana.

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António José Correia de Albuquerque

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