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Alane de Medeiros Silva PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE FIBRAS SEROTONÉRGICAS NOS NÚCLEOS DA LINHA MÉDIA/ INTRALAMINARES DO TÁLAMO DO MOCÓ (Kerodon rupestris) Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como pré- requisito para obtenção do título de Mestre em Psicobiologia. NATAL-RN 2013

PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA …€¦ · Palavras-chave: Serotonina, Tálamo, Complexo de núcleos da linha média/ intralaminares, Densidade óptica

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Alane de Medeiros Silva

PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

MORFOLÓGICA DE FIBRAS SEROTONÉRGICAS NOS NÚCLEOS DA

LINHA MÉDIA/ INTRALAMINARES DO TÁLAMO DO MOCÓ

(Kerodon rupestris)

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como pré-

requisito para obtenção do título de Mestre em

Psicobiologia.

NATAL-RN

2013

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Alane de Medeiros Silva

PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

MORFOLÓGICA DE FIBRAS SEROTONÉRGICAS NOS NÚCLEOS DA

LINHA MÉDIA/ INTRALAMINARES DO TÁLAMO DO MOCÓ

(Kerodon rupestris)

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como pré-

requisito para obtenção do título de Mestre em

Psicobiologia.

Orientador: Prof. Dr. Expedito Silva do

Nascimento Júnior

NATAL-RN

2013

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TÍTULO: PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE

FIBRAS SEROTONÉRGICAS NOS NÚCLEOS DA LINHA MÉDIA/INTRALAMINARES

DO TÁLAMO DE MOCÓ (Kerodon rupestris)

AUTOR: ALANE DE MEDEIROS SILVA

DATA DA DEFESA: 27/03/2013

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Expedito Silva do Nascimento Júnior – Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prof. Dr. Fausto Pierdoná Guzen

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Prof. Dr. Judney Cley Cavalcante

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

3

AGRADECIMENTOS

- Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, que durante essa fase de minha vida me

permitiu entender mais e sentir mais sua presença, me possibilitando fortalecimento e

motivação, tornando-se meu eterno amigo e companheiro.

- Aos meus pais, Francimar e Maria do Rosário, que sempre deram forças em todas as

minhas decisões e se fazem presentes passo a passo de minha vida e dos meus irmãos, com

muito amor e carinho.

- Aos meus irmãos, Aline e Alisson pelo incentivo, amor, carinho e compreensão diante das

ausências.

- Aos meus amigos que se fizeram sempre presentes escutando minhas angústias e anseios

diante desse projeto de vida e me acompanharam me dando força e incentivo constante;

destaco especialmente todas as minhas amigas enfermeiras, o maior presente que o curso de

enfermagem poderia me dar; amigos da vida, amigos que adquiri no mestrado, especialmente

Clarissa, não só pelo apoio emocional, mas também pelas grandes contribuições

metodológicas do trabalho.

- Ao professor/orientador Expedito por todos os ensinamentos, contribuições e

especialmente paciência diante de meus anseios. Agradeço também pelo voto de confiança

quando me aceitou como orientanda.

- Aos professores Ruthnaldo e Judney, pois, através deles, meu interesse pela anatomia,

especialmente neuroanatomia, aflorou e incentivou minha busca pela docência. Judney

principalmente pela grande contribuição na minha inserção no LabNeuro.

- A toda equipe do Labneuro: Joacil e Kayo pela amizade, risadas constantes, como também

pela disposição em ajudar e colaborar; André e Janaína pelo companheirismo e também

diversas colaborações no decorrer desta etapa; Rovena pelo GRANDE apoio não só no

Labneuro como também através de telefonemas sempre disposta a ajudar e tirar dúvidas

frequentes; Rodolfo, Melquisedec, Paulo, karen e Nayra por todas as ajudas nos

experimentos e pela manutenção de um ambiente descontraído no laboratório e a Twyla que

além de companheira de turma tornou-se grande amiga e “compartilhadora” de angústias e

anseios.

- A Ronaldo por todo apoio, disponibilidade e contribuição metodológica.

4

- À Regina, pelo preparo das soluções, pela garantia da ordem do laboratório no tocante à

execução dos experimentos, como também pelos momentos de descontração.

- Aos professores Jeferson e Miriam Stela pela disponibilidade, esclarecimentos de dúvidas

e apoio.

- Ao Departamento de Morfologia – DMOR/UFRN pela garantia da infraestrutura

necessária a plena execução deste trabalho.

- Ao Ibama, pela autorização e licença para realização deste trabalho.

- Ao CNPq, FAPERN e a CAPES pelo apoio financeiro.

5

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1: Divisão dos núcleos da linha média e intralaminares do tálamo do mocó em níveis

rostral, médio e caudal através das 16 imagens obtidas das secções coronais (S).

Tabela 2: DOR através dos níveis rostral, médio e caudal dos núcleos da linha

média/intralaminares do tálamo.

Figura 1: Grupamentos serotonérgicos B1 a B9.

Figura 2: Representação esquemática dos principais grupos nucleares do tálamo de humanos.

Figura 3: O mocó (Kerodon rupestris) em ambiente natural.

Figura 4: Mocó posicionado em aparelho estereotáxico e com alinhamento dorsoventral do

bregma e lambda.

Figura 5: Mocó posicionado em aparelho estereotáxico, após remoção da calota craniana e

consequente exposição do encéfalo.

Figura 6: Encéfalo do mocó em vistas dorsal (a) e ventral (b).

Figura 7: Reconstrução esquemática das secções coronais do encéfalo do mocó, ilustrando a

morfologia dos núcleos da linha média e intralaminares do tálamo, seguidos de

fotomicrografias submetidas ao método de coloração de Nissl no nível correspondente.

Figura 8: DOR de fibras 5-HT – IR nos núcleos da linha média do tálamo de mocós (n=4).

Figura 9: DOR de fibras 5-HT – IR nos núcleos intralaminares do tálamo de mocós (n=4).

Figura 10: DOR de fibras 5-HT – IR entre os núcleos da linha média e intralaminares do tálamo de

mocós (n=4)

Figura 11: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó

submetidas à imunoistoquímica para 5-HT ao nível de aproximadamente 1,44 mm p.b.

Figura 12: Fotomicrografias em campo claro de secções do encéfalo do mocó submetidas à

imunoistoquímica para 5-HT ao nível de aproximadamente 2,34 mm p.b.

Figura 13: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó

submetidas à imunoistoquímica para 5-HT ao nível de aproximadamente 3,24 mm p.b.

Figura 14: Fotomicrografias em campo claro de secção coronal do encéfalo do mocó

submetida à imunoistoquímica para 5-HT ao nível de aproximadamente 4,86 mm p.b.

6

ABREVIATURAS

3V - Terceiro ventrículo

5-HIAA - Ácido 5-hidroxiindolacético

5-HT - Serotonina

ABC - Complexo avidina-biotina peroxidase

AD - Núcleo anterodorsal do tálamo

AM - Núcleo anteromedial do tálamo

B9 - Núcleo supralemniscal

CL - Núcleo central lateral do tálamo

Cli - Núcleo linear caudal da rafe

CM - Núcleo central medial do tálamo

CMn - Núcleo central mediano do tálamo

DAB - Diaminobenzidina

DCAA - Descarboxilase dos aminoácidos aromáticos

DOR - Densidade óptica relativa

DR - Núcleo dorsal da rafe

f - Fórnix

fr - Fascículo retroflexo

GABA - Ácido gamaminobutírico

Hb - Núcleo habenular

IAD - Núcleo interanterodorsal do tálamo

7

IAM - Núcleo interanteromedial do tálamo

IMD - Núcleo intermediodorsal do tálamo

IR - Imunorreativo

LSD - Ácido-dietilamida-D-lisérgico

MAO - Monoamina oxidase

MD - Núcleo mediodorsal do tálamo

MnR - Núcleo mediano da rafe

mt - Trato mamilotalâmico

PaXi - Núcleo paraxifóide do tálamo

PC - Núcleo paracentral do tálamo

PF - Núcleo parafascicular do tálamo

PMnR - Núcleo paramediano da rafe

PnR - Núcleo pontino da rafe

PT - Núcleo paratenial do tálamo

PV - Núcleo paraventricular do tálamo

PVA - Núcleo paraventricular anterior do tálamo

PVM - Núcleo paraventricular médio do tálamo

PVP - Núcleo paraventricular posterior do tálamo

Re - Núcleo reuniens do tálamo

Rh - Núcleo rombóide do tálamo

RIP - Núcleo interpósito da rafe

RLi - Núcleo linear rostral da rafe

8

RMg - Núcleo magno da rafe

Rob - Núcleo obscuro da rafe

RPa - Núcleo pálido da rafe

sm - Estria medular do tálamo

Sub - Núcleo submédio do tálamo

VRe - Núcleo reuniens ventral

Xi - Núcleo xifóide do tálamo

ZI - Zona incerta

9

SUMÁRIO

RESUMO 10

ABSTRACT 11

1. INTRODUÇÃO 12

1.1 Sistema serotonérgico 12

1.2 Tálamo

1.2.1 Características gerais dos núcleos da linha média/ intralaminares

1.2.2 Núcleos da linha média do tálamo

1.2.3 Núcleos intralaminares do tálamo

16

18

19

21

1.3 Projeções serotonérgicas aos núcleos da linha média e intralaminares do

tálamo

23

1.4. Modelo experimental 24

2. JUSTIFICATIVA 26

3. OBJETIVOS 27

4. METODOLOGIA

4.1 Sujeitos

4.2 Procedimentos

4.2.1 Anestesia

4.2.2 Perfusão

4.2.3 Remoção do encéfalo

4.2.4 Microtomia

4.2.5 Imunoistoquímica

4.2.6 Obtenção e análise de imagens

4.2.7 Densidade óptica relativa

4.2.8 Análise estatística

28

28

29

29

29

29

31

31

32

33

34

5. RESULTADOS

5.1 Análise citoarquitetônica: Nissl

5.1.1 Núcleos da linha média

5.1.2 Núcleos intralaminares

5.2 Densidade óptica relativa

5.3 Caracterização morfológica das fibras

5.3.1 Núcleos da linha média

5.3.2 Núcleos intralaminares

35

35

35

36

42

45

46

46

6. DISCUSSÃO 51

7. CONCLUSÕES 58

8. PERSPECTIVAS 59

REFERÊNCIAS 61

10

RESUMO

O complexo nuclear da linha média/intralaminar forma um notável grupo de núcleos

da parte medial e dorsal do tálamo. Os núcleos da linha média, em ratos, são compreendidos

pelos núcleos paratenial (PT), paraventricular (PV), intermediodorsal (IMD), reuniens (Re) e

rombóide (Rh). Já os intralaminares compreendem os núcleos central medial (CM),

paracentral (PC), central lateral (CL) e parafascicular (PF). Tais núcleos apresentam densa

inervação serotonérgica oriunda do tronco encefálico, a partir, principalmente, do denominado

sistema de ativação ascendente. Esses núcleos, por sua vez, emitem projeções para diversas

áreas corticais e subcorticais, mais especificamente para áreas límbicas, o que propõe o

importante papel desse neurotransmissor na circuitaria límbica. O objetivo desse trabalho foi

caracterizar o padrão de distribuição e morfologia das fibras de serotonérgicas nos núcleos da

linha média e intralaminares do tálamo do mocó (Kerodon rupestris), um roedor típico da

região Nordeste. Para isso, foram utilizados 4 mocós adultos jovens. Após etapas de perfusão

e microtomia, foi realizada imunoistoquímica para serotonina (5-HT), técnica de Nissl e

posterior coleta e análise de imagens a fim de caracterizar a citoarquitetura desses núcleos,

bem como as fibras de 5-HT neles visualizadas. Foi realizada ainda uma análise de Densidade

Óptica Relativa (DOR) para semiquantificar a concentração de fibras de 5-HT nas áreas de

interesse. Sendo assim, observamos uma distribuição citoarquitetônica desses núcleos

semelhante ao observado em ratos. Em se tratando da distribuição de fibras, aquelas

imunorreativas a 5-HT apresentaram-se em maior concentração, conforme a DOR, nos

núcleos da linha média em relação aos intralaminares, sendo o Re o núcleo que apresenta

maior valor de pixels, seguido do PV, Rh, IMD e PT. Nos intralaminares o CL apresentou

maior valor de pixels, seguido dos núcleos CM, PC e PF. As fibras serotonérgicas foram

classificadas conforme número de varicosidades, bem como diâmetro axonal. Assim,

encontramos três tipos de fibras distribuídas através desse complexo nuclear: fibras rugosas,

granulares e semi-granulares. No PV predominaram fibras rugosas; PT predominaram fibras

granulares; IMD, CL e PF foram representados por fibras semi-granulares e Re, Rh, PC e CM

apresentaram fibras granulares e semi-granulares. A caracterização morfológica das fibras

serotonérgicas encontradas e as diferenças de densidades entre os núcleos permite sugerir

diferentes padrões de organização sináptica deste neurotransmissor além de confirmar seu

grande repertório funcional. Palavras-chave: Serotonina, Tálamo, Complexo de núcleos da

linha média/ intralaminares, Densidade óptica relativa, Mocó.

11

ABSTRACT

The midline/intralaminar nuclei form a remarkable group of nuclei of the medial and dorsal

thalamus. The midline nuclei, in rats, comprises the paratenial nuclei (PT), paraventricular

(PV), intermediodorsal (IMD), reuniens (Re) and rhomboid (Rh). The intralaminar nuclei

comprises the central medial (CM), paracentral (PC), central lateral (CL) and parafascicular

(PF). Such nuclei have dense serotonergic innervation originating from the brainstem,

especially from the so-called ascending activation system. These nuclei, in turn, send

projections to various cortical and subcortical areas, specifically to limbic areas, which

suggests the important role of this neurotransmitter in the limbic circuitry. The aim of this

study was to characterize the distribution pattern and morphology of serotonin fibers in the

nuclei of the midline and intralaminar thalamic of rocky cavy (Kerodon rupestris), a tipical

rodent from brazilizan northeast. To reach this aim we used four rock cavies adults. Following

the transcardially perfusion with paraformaldehyde and brain microtomy steps was performed

immunohistochemistry for serotonin (5-HT), Nissl technique and subsequent achievement and

image analysis to characterize the cytoarchitecture of these nuclei and the serotonergic fibers

visualized. An analysis was made of Relative Optical Density (ROD) to semi-quantify the

concentration of serotonin fibers in the areas of interest. Thus, we observed a

cytoarchitectonic arrangement of these nuclei similar to that found in rats. In case of fibers

distribution, those immunoreactive to 5-HT were presented in a higher concentration

according as ROD in the midline nuclei relative to intralaminar; Re being the core which has

a higher pixel value followed by the PV , Rh, IMD and PT. In intralaminar CL showed higher

pixels, followed by nuclei CM, PC and PF. The serotonergic fibers were classified as number

of varicosities and axon diameter, therefore find three types of fibers distributed through this

nuclear complex: fibers rugous, granular and semi-granular. In PV fibers predominated

rugous; in PT fibers predominated granular; IMD, CL and PF fibers were represented by

semi-granular and Re, Rh, PC and CM fibers showed granular and semi-granular.

Morphological characterization of serotonergic fibers and differences in density between the

nuclei may suggest different patterns of synaptic organization of this neurotransmitter beyond

confirming his large repertoire functional. Keywords: Serotonin, Thalamus, Midline /

intralaminar nuclei, Relative Optical Density, Rocy cavy.

12

1. INTRODUÇÃO

O tálamo é caracterizado como o principal regulador do fluxo de informações

direcionadas ao córtex cerebral através de suas projeções tálamo-corticais. Os núcleos

talâmicos são modulados a partir de um sistema de ativação ascendente originário do tronco

encefálico (Jones, 2007). Tal sistema utiliza neurotransmissores específicos como

noradrenalina, acetilcolina, ácido gamaminobutírico (GABA), histamina e serotonina (5-HT)

(McCormick, 1992). A 5-HT, produzida predominantemente no tronco encefálico, apresenta

forte influência nos núcleos talâmicos (McCormick, 1992; Monckton e McCormick, 2001;

Jones, 2007).

Regiões específicas do sistema serotonérgico de ratos apresentaram maior aporte de

fibras ascendentes para núcleos talâmicos, como núcleos da linha média e intralaminares do

tálamo (Cropper et al., 1984; Vertes, 1991; Vertes et al., 2010).

Nessa perspectiva, o trabalho em questão aborda o padrão de distribuição e

caracterização morfológica de fibras serotonérgicas nos núcleos da linha média e

intralaminares do tálamo do mocó, um roedor típico do semiárido do nordeste brasileiro.

1.1 Sistema serotonérgico

A 5-HT é um neurotransmissor pertencente à classe das aminas biogênicas, mais

especificamente monoaminas, categorizada como indolamina (Halbach e Dermietzel, 2006).

Possui funções tanto de neurotransmissor, como de hormônio nas porções central e periférica

do sistema nervoso (Julius, 1991).

Em 1947, essa substância foi descrita como um fator sanguíneo que promovia

vasoconstrição (Rapport, 1949). Na década de 50, foi isolada e sua estrutura molecular

elucidada, apresentando características químicas semelhantes ao ácido-dietilamida-D-lisérgico

(LSD), sendo posteriormente classificada como um neurotransmissor (Hamlin e Fisher, 1951;

Halbach e Dermietzel, 2006).

Esse neurotransmissor é produzido a partir de um aminoácido essencial, o L-

triptofano, o qual é convertido em 5-hidroxitriptofano, por ação da primeira enzima dessa

cadeia, a triptofano-hidroxilase; posteriormente, 5-hidroxitriptofano é descarboxilado, pela

segunda enzima envolvida, a descarboxilase dos aminoácidos aromáticos (DCAA),

resultando, portanto, em 5-hidroxitriptamina ou 5-HT. Nesse sentido, o triptofano circulante

13

do organismo é um fator limitante para a produção de 5-HT (Jacobs e Azmitia, 1992; Kandel

et al., 2000b; Halbach e Dermietzel, 2006).

Após liberada, a 5-HT atuará em seus receptores e então poderá ser recaptada ou

degradada. Assim, seu principal metabólito é o ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA), o qual

se forma a partir da ação da monoamina oxidase (MAO), que promove uma desaminação na

5-HT, seguida pela ação da aldeído desidrogenase (Halbach e Dermietzel, 2006).

Estudos iniciais como os de Ramón y Cajal (1911) já apresentavam descrições de

células aglomeradas na linha média do tronco encefálico, sendo caracterizadas como

multipolares e de projeções indefinidas. Posteriormente, a partir de estudos citoarquitetônicos,

aglomerados celulares, denominados núcleos da rafe, foram descritos em gatos como um

grupo de 8 núcleos ao longo da linha média, organizados do sentido rostral para o caudal em:

núcleos lineares rostral e caudal da rafe, dorsal da rafe, central superior (ou mediano) da rafe,

pontino da rafe, magno da rafe, pálido da rafe e obscuro da rafe (Taber et al., 1960).

Uma descrição posterior evidenciou a presença de um sistema neuronal

monoaminérgico na região do tronco encefálico de ratos revelados pela técnica de

fluorescência induzida por formaldeído (Falck et al., 1962; Dahlström e Fuxe, 1964; 1965);

esses grupamentos foram denominados de B1 a B9 do sentido caudal para o rostral

(Dahlstrom e Fuxe, 1964; 1965) (Figura 1).

Figura 1: Grupamentos serotonérgicos B1 a B9, segundo Dahlstrom e Fuxe (1964).

14

A partir do advento da técnica de imunoistoquímica, esta classificação foi integrada a

nomenclatura citoarquitetônica do sistema da rafe (Steinbush et al., 1978; Steinbush, 1981;

Törk, 1985). Muito embora os principais grupos celulares do sistema serotonérgico sigam as

divisões citoarquitetônicas dos núcleos da rafe, essa superposição não é exata, considerando

que numerosos neurônios imunorreativos a 5-HT (5-HT-IR) estão presentes em outros setores

da formação reticular, além dos limites dos núcleos da rafe; assim como alguns neurônios não

serotonérgicos estão presentes nos núcleos da rafe (Törk, 1985; Harding et al., 2004).

A anatomia destes grupos foi revisada em muitas espécies, incluindo rato (Parent et

al., 1981; Lidov e Molliver, 1982; Takeuchi et al., 1982; Törk, 1985; Paxinos e Watson,

2007), coelho (Bjarkam et al., 1997), gato (Takeuchi et al., 1982; Jacobs et al., 1984),

humanos (Törk, 1990) e macacos do Novo e Velho Mundo (Felten et al., 1974; Azmitia e

Gannon, 1983; Felten e Sladek, 1983; Hornung e Fritschy, 1988). A classificação mais

recente dos núcleos da rafe (grupamentos serotonérgicos) no cérebro do rato, conforme

Paxinos e Watson (2007) indica a existência de 10 grupamentos nucleares da rafe, em

sequência rostro-caudal: no mesencéfalo, os núcleos linear rostral da rafe (RLi),

frequentemente referido como dopaminérgico e não serotonérgico, linear caudal da rafe (Cli),

dorsal da rafe (DR), mediano da rafe (MnR) e paramediano da rafe (PMnR). Na ponte, os

núcleos pontino da rafe (PnR) e interpósito da rafe (RIP). Por último, no bulbo, os núcleos

magno da rafe (RMg), pálido da rafe (RPa) e obscuro da rafe (Rob) (Paxinos e Watson, 2007).

No mocó (Kerodon rupestris), a imunorreatividade à 5-HT nestes núcleos apresentou-

se similar ao que tem sido previamente descrito em outros mamíferos, sendo relatado, numa

direção rostro-caudal os núcleos: RLi, Cli, DR, MnR, PMnR, supralemnsical ou B9, situado

imerso no lemnisco medial, PnR, RIP, RMg, RPa e Rob; além de grupamentos ventrolateral

rostral e ventrolateral caudal da região bulbar. De forma geral os núcleos da rafe

serotonérgicos do mocó se assemelham aos núcleos do mesmo nome encontrados em outros

roedores já estudados, com exceção do RLi, o qual não foi mencionado como sendo núcleo

serotonérgico em estudos em outras espécies de roedores (Soares et al., 2012).

Estudos farmacológicos e fisiológicos têm mostrado que muitas ações da 5-HT são

mediadas por diversos subtipos de receptores (Richardson e Engel, 1986). Desse modo, sabe-

se que estes podem ser classificados conforme três constituintes: um transportador, um canal

iônico e a proteína G acoplada ao canal iônico. No entanto, a grande maioria dos receptores

serotonérgicos pertence à subfamília de receptores acoplados a proteína G (Halbach e

15

Dermietzel, 2006). Tais receptores foram inicialmente classificados em dois subtipos: M e D

(Gaddum e Picarelli, 1957; Osman e Ammar, 1975), porém, a partir do advento de estudos

bioquímicos e moleculares foi possível caracterizar 7 subtipos de receptores de 5-HT (5-HT1

a 5-HT7), sendo os mais frequentemente citados: 5-HT1A, 5-HT1B, 5-HT1D, 5-HT1E, 5-HT1F,

5-HT2A, 5-HT2B, 5-HT2C, 5-HT3, 5-HT4, 5-HT5, 5-HT6 e 5-HT7 (Halbach e Dermietzel, 2006).

Em ratos, as fibras serotonérgicas possuem características específicas, como o calibre

fino, não-mielinização na maioria das fibras e elevada colateralização; além disso sua

localização concentra-se preferencialmente no plano mediano (Jacobs e Azmitia, 1992;

(Kosofsky e Molliver, 1987). As fibras serotonérgicas de espécies de escala evolutiva de

maior complexidade, como primatas, apresentam-se mielinizadas em sua maioria, com poucas

ramificações e com algumas fibras localizadas mais lateralmente (lateralização) (Hornung e

Fritschy, 1988). Isso parece indicar especializações evolutivas do sistema serotonérgico

(Jacobs e Azmitia, 1992).

Os núcleos da rafe recebem aferentes, bem como emitem eferências para praticamente

todas as regiões do SNC, no entanto a densidade dessas projeções apresenta variações (Törk,

1985; 1990; Jacobs e Azmitia, 1992; Harding et al., 2004).

Tais características hodológicas dos núcleos da rafe, bem como a existência de

diversos tipos de receptores para 5-HT ajudam a justificar a variedade funcional desse

sistema. Por exemplo, estudos relatam que a 5-HT tem sido associada ao controle do humor

(Montgomery, 1995; Lowry et al., 2008), comportamento alimentar (Takase et al., 2000;

Takase e Nogueira, 2008), função locomotora (Noga et al., 2009), regulação do ciclo sono-

vigília (Jacobs e Azmitia, 1992; Carlson, 2002; Monti, 2011; Franco-Pérez et al., 2012),

comportamento sexual, termorregulação, processamento sensorial nociceptivo, alerta e

atenção (Jacobs e Azmitia, 1992; Sakai e Crochet., 2001), memória e aprendizagem (Vertes et

al., 1999), regulação circadiana, entre outras (Jacobs e Azmitia, 1992; Carlson, 2002). Além

disso, estudos elucidaram que alterações funcionais desse sistema podem favorecer processos

neuropatológicos, como distúrbios de sono e ansiedade, depressão e distúrbios

neurodegenerativos como as doenças de Parkinson (Politis e Loane, 2011) e Alzheimer

(Michelsen et al., 2008).

Foi observado que a maioria das fibras serotonérgicas ascendentes se origina nos

núcleos DR e MnR (Vertes, 1991; Vertes et al., 1999); por exemplo, em ratos,

aproximadamente 50% dos neurônios serotonérgicos são encontrados no DR (Azmitia e

16

Segal, 1978; Jacobs e Azmitia, 1992). Técnicas utilizando traçadores permitiram a observação

de robustas projeções eferentes do DR e MnR ao tálamo (Vertes, 1991; Vertes et al., 1999;

Vertes e Linley, 2007;2008). O principal alvo dessas fibras são núcleos anteriormente

denominados “não-específicos” do tálamo, como o núcleo anterior do tálamo e partes do

“tálamo visual” (Vertes, 1991; Morin e Meyer-Bernstein 1999; Vertes et al., 1999; Vertes et

al., 2010). Além disso, os núcleos da linha média e núcleos intralaminares do tálamo de ratos

(considerados não-específicos) apresentaram elevada densidade de fibras serotonérgicas

quando analisadas em imunoistoquímica para transportador de 5-HT (Vertes et al., 2010),

bem como para a própria 5-HT (Cropper et al., 1984).

1.2 Tálamo

O tálamo é parte integrante do diencéfalo, assim como o epitálamo, hipotálamo e

subtálamo (Parent, 1996). Praticamente todas as informações sensoriais atravessam os núcleos

do tálamo. Tais informações ascendem através das radiações tálamo-corticais e se projetam

para áreas corticais. A informação que atravessa o tálamo geralmente sofre modificação, com

isso, muitos impulsos são alterados antes de ascenderem ao córtex, sofrendo, portanto,

modulação (Parent, 1996; Jones, 2007).

Além do sistema sensorial, o tálamo também integra informações inerentes aos

sistemas límbico e motor, através de conexões com os núcleos da base, cerebelo e estruturas

límbicas (Bentivoglio et al., 1991; Freedman e Cassel, 1991; Burk e Mair, 2001; Glimcher e

Lau, 2005). O sistema límbico é composto por diversas estruturas corticais e subcorticais que

estão intimamente interconectadas, como córtex pre-frontal, córtex cingulado, córtex

entorrinal, hipocampo, núcleo accumbens, núcleo pálido ventral e hipotálamo anterior

(Swanson e Petrovich, 1998; Heimer, 2003); está especialmente relacionado à geração e

expressão de estados motivacionais e emocionais. Em humanos, disfunções desse sistema

podem gerar diversos transtornos como esquizofrenia, depressão, abuso de drogas, entre

outros (Morgane et al., 2005). Estudos afirmam também a participação do tálamo em circuitos

de processamento de memória (Aggleton e Brown, 1999; Aggleton et al., 2011; Hembrook e

Mair, 2011).

O tálamo é constituído, na maioria dos mamíferos, por duas grandes massas ovoides

de tecido nervoso, situando-se na porção laterodorsal do diencéfalo, acima do sulco

hipotalâmico. Sua superfície dorsal é coberta por uma lâmina de substância branca, o extrato

17

zonal do tálamo, que ao se estender a sua face lateral, denomina-se lâmina medular externa.

Ao penetrar e percorrer longitudinalmente o tálamo, o extrato zonal passa a constituir a

lâmina medular interna, a qual representa um ponto de referência fundamental para a divisão

do tálamo em grupos nucleares (Parent, 1996; Jones, 2007). Tais grupos nucleares apresentam

variações interespecíficas evidentes, como por exemplo, entre roedores, principalmente ratos

e camundongos, em comparação a outros mamíferos. A diferença chave, com exceção do

tamanho, é o grau de distinção entre os vários núcleos (Jones, 2007).

Figura 2: Representação esquemática dos principais grupos nucleares do tálamo de humanos. Fonte:

(Kandel et al., 2000a)

De maneira geral, o tálamo pode ser dividido em quatro porções, a partir da lâmina

medular interna, sendo um grupo nuclear anterior, no polo anterior, um grupo nuclear medial,

localizado medialmente à lâmina medular interna, grupo nuclear ventrolateral e um grupo

nuclear posterior, ambos localizados lateralmente à lâmina medular interna. Há ainda um

grupamento de neurônios localizados intrinsicamente à lâmina medular interna, os quais são

denominados intralaminares (Figura 2) (Kandel et al., 2000a). Tendo como base as regiões de

saída do telencéfalo, o tálamo pode ser subdividido em: núcleos de retransmissão sensorial

específicos, especialmente os da via somatossensorial (tálamo sensorial); núcleos

18

relacionados aos núcleos da base (tálamo motor) e grupamentos nuclear anterior, mediodorsal

(MD) e linha média/intralaminar (tálamo límbico) (Csillag e Montagnese, 2005). O complexo

nuclear linha média/ intralaminares compõe uma porção significante do tálamo, e

supostamente, apresenta influência global no funcionamento cortical (Van der Werf et al.,

2002).

1.2.1 Características gerais dos núcleos da linha média/ intralaminares

O complexo nuclear da linha média/intralaminares forma um notável grupo de núcleos

da parte medial e dorsal do tálamo. Os da linha média constituem uma faixa estreita de

pequenos núcleos que estão distribuídos medialmente no tálamo da porção dorsal à ventral. Já

os núcleos intralaminares estão localizados lateralmente ao MD e embebidos na lâmina

medular interna, o que caracteriza sua denominação (Parent, 1996; Groenewegen e Witter,

2004; Jones, 2007).

Com base nos estudos eletrofisiológicos de Dempsey e Morison (1943) esses núcleos

foram considerados como parte integrante do sistema talâmico não específico. Isso

aconteceu, pois, ao serem estimulados eletricamente, os núcleos retransmissores ou

“específicos” do tálamo emitiam respostas de baixa frequência; enquanto se a estimulação

ocorresse nos núcleos talâmicos “não específicos”, aconteciam alterações de longa latência e

amplamente difusas na atividade cortical. Além disso, essa denominação de “não específicos”

foi suportada pelo fato de o complexo de núcleos da linha média/intralaminares receber

extensas aferências da formação reticular da ponte e mesencéfalo (Hallanger et al., 1987;

Cornwall e Phillipson, 1988; Newman e Ginsberg, 1994), bem como emitirem eferências para

alvos corticais de maneira difusa (Scheibel e Scheibel, 1967; Jones e Leavitt, 1974;), gerando

o efeito chamado recrutamento cortical (Moruzzi e Magoun, 1949; Jasper, 1960).

Posteriormente, estudos elucidaram que esses núcleos também apresentam projeções

específicas, as quais se dirigem, especialmente, para o córtex pré-frontal (Berendse e

Groenewegen, 1991; Groenewegen e Berendse, 1994; Van der Werf et al., 2002; Vertes,

2006); e que a estimulação elétrica de núcleos individuais da linha média produz efeitos

seletivos em seus alvos corticais, em vez de respostas espalhadas por todo o córtex

(Dolleman-Van der Weel et al., 1997; Bertram e Zhang, 1999; Kung e Shyu, 2002; Zhang e

Bertram, 2002; Viana di Prisco e Vertes, 2006).

O complexo de núcleos da linha média/ intralaminares possui papel associado a

diversas modalidades sensoriais, especialmente relacionadas à regulação da atenção/vigília

19

(Edelstyn et al., 2012). Por exemplo, estudos utilizando tomografia por emissão de pósitrons

em humanos afirmaram a importância funcional desses núcleos na vigilância auditiva (Paus et

al., 1997). Além disso, podem estar relacionados à conscientização de informação visual

(Hunsperger e Roman, 1976; Schlag e Schlag-Ray, 1984), nociceptiva e tátil, sendo estas

últimas especialmente ligadas aos aspectos emocionais (Hautvast et al.,1997; Johannsen et al.,

1997; Rainville et al., 1997).

Esse complexo nuclear é especialmente conhecido por receber projeções oriundas da

formação reticular do tronco encefálico e assim integrar o sistema de ativação ascendente, o

qual emite projeções difusas para todo o córtex cerebral. Sendo assim, estão diretamente

associados à regulação da atividade cerebral, especialmente funções sensoriais, cognitivas e

motoras (Bentivoglio et al., 1991; Van der Werf et al., 2002). Estudos anteriores em roedores

e primatas relataram que as células desse complexo nuclear apresentam imunorreatividade a

determinadas substâncias, como GABA (Miller e Ferrendeli, 1990), glutamato (Bokor et al.,

2002), proteínas ligantes de cálcio, principalmente calretinina e parvoalbumina (Jones e

Hendry, 1989; Arai et al., 1994), entre outros, que podem estar participando ativamente de

diversas circuitarias relacionadas ao comportamento, como a circuitaria límbica, por exemplo.

1.2.2 Núcleos da linha média do tálamo

A linha média do tálamo é constituída pelos núcleos: paraventricular (PV), paratenial

(PT), intermediodorsal (IMD), reuniens (Re) e rombóide (Rh). No rato, esses núcleos

constituem cerca de um terço do tálamo (Parent, 1996; Van der Werf et al., 2002;

Groenewegen e Witter, 2004).

O PV está localizado medianamente no tálamo de rato, abrangendo toda sua extensão

rostro-caudal do complexo linha média/intralaminares. Localiza-se medial e dorsalmente aos

núcleos mediodorsais e limita-se ventralmente com o terceiro ventrículo (3V), podendo ser

dividido numa porção anterior (PVA), média (PVM) e outra posterior (PVP). Utilizando

como referencial o atlas do rato (Paxinos e Watson, 2007), o PVa inicia-se imediatamente

após o forame interventricular, ocupando toda extensão dorsoventral do tálamo, dorsalmente

ao hipotálamo anterior, medialmente ao núcleo PT do tálamo, seguido da estria medular do

tálamo. Estende-se posteriormente, mantendo associação com o núcleo paratenial e a estria

medular. A transição da parte anterior para o nível médio do PV ocorre no nível em que o

núcleo das habênulas medial aparece medialmente à estria medular. Sua margem dorsal está

20

em contato com as células ependimárias do 3V em toda sua extensão antero-posterior. A

transição do nível médio para a parte posterior ocorre com o aparecimento do fasciculo

retroflexo. O PVp se estende mantendo contato com o núcleo médio-dorsal e desaparecendo

lateralmente à linha média do tálamo coincidindo com um nível em que o núcleo pré-

comissural se torna evidente.

Estudos com traçadores relatam uma forte aferência aminérgica no PV, sendo

histaminérgica originada no núcleo tuberomamilar (Panula et al., 1989), dopaminérgica da

área tegmentar ventral e região retrorubral (Takada et al., 1990), noradrenérgica do locus

coeruleus e do núcleo do trato solitário e serotonérgica originada especialmente do DR

(Otake e Nakamura, 1995; Otake e Ruggiero, 1995; Krout et al., 2002). O PV também recebe

aferências do núcleo parabraquial, colículo superior e do núcleo supramamilar (Vertes, 1992;

Bester et al., 1999; Krout et al., 2001; Li et al., 2012). Além disso, são relatadas conexões

recíprocas com o núcleo supraquiasmático e com o núcleo dorsomedial do hipotálamo,

regiões fundamentais na regulação dos ritmos circadianos (Cornwall e Phillipson, 1988; Chen

e Su, 1990; Moga et al., 1995; Vertes e Hoover, 2008; Li et al., 2012). Estudos com

traçadores em macaco (Callithrix jacchus) relataram ainda projeções aferentes provenientes

da retina ao PV (Cavalcante et al., 2005). Em se tratando de suas projeções eferentes, o PV

direciona-se ao estriado e ao córtex cerebral, destacando-se os córtices pré-límbico e

infralímbico, à amígdala e ao accumbens, bem como algumas fibras ao córtex cingulado

anterior e córtex orbital medial (Van der Werf et al., 2002).

O PT é um núcleo estreito alongado localizado na metade anterior do tálamo dorsal,

lateralmente ao PVA. Na sua porção posterior funde-se com o núcleo MD do tálamo (Jones,

2007). Recebe aferências do córtex infralímbico, do subículo ventral, da metade rostral do

claustro (Chen e Su, 1990), e fraca aferência do DR e MnR, locus coeruleus, parabraquial e

núcleo do trato solitário (Bobillier et al., 1979; Cornwall e Phillipson, 1988; Chen e Su, 1990;

Newman e Ginsberg, 1994). Suas projeções eferentes dirigem-se, em geral, ao estriado ou a

áreas do córtex pré-frontal (Van der Werf et al., 2002).

O IMD está localizado entre o núcleo MD esquerdo e direito. Este núcleo não é

reconhecido em todas as espécies, sendo descrito com mais detalhes em ratos (Jones, 2007).

Com base em estudos de traçadores, foi relatado que o IMD recebe aferências do núcleo

supramamilar em ratos (Vertes, 1992); e em gatos foram observadas aferências originadas do

córtex límbico anterior (Kaitz e Robertson, 1981). Com relação às eferências, o núcleo

21

também se projeta especialmente ao estriado e ao córtex pré-frontal medial (Van der Werf et

al., 2002).

O Re está localizado no terço anterior do tálamo de rato. Anteriormente é dividido em

componentes direito e esquerdo pelo 3V. Caudalmente esses componentes se unem e tornam-

se uma massa de células situada imediatamente dorsal 3V (Jones, 2007). Na sua borda inferior

o Re é margeado pelo núcleo reuniens ventral (VRe) em ambos os lados. O Re recebe

projeções do córtex pré-frontal medial, de outros núcleos talâmicos como o núcleo reticular e

núcleo geniculado lateral, bem como regiões do tronco encefálico, como a área tegmentar

ventral, o colículo superior, o núcleo parabraquial e os núcleos DR e MnR (Herkenham, 1978;

Bobillier et al., 1979; Vertes, 1992; Vertes, 2002). Suas projeções eferentes direcionam-se aos

córtices pré-limbicos, infralímbicos, cingulado anterior e hipocampo, além das projeções ao

estriado ventral (Su e Bentivoglio, 1990; Van der Werf et al., 2002; Hoover e Vertes, 2011).

O Rh está localizado abaixo da lâmina medular interna (Berendse e Groenewegen,

1991). Rostralmente é confluente com o núcleo anteromedial e possui duas extensões laterais

em forma de asa (Groeneweger e Witter, 2004). Suas aferências têm sido relatadas oriundas

do tronco encefálico, incluindo os núcleos da rafe, especificamente o MnR; além das

formações reticulares medular, pontina e mesencefálica (Bobillier et al., 1979; Krout et al.,

2002) e do núcleo supramamilar (Vertes, 1992). Semelhantemente ao núcleo Re, suas

projeções eferentes direcionam-se especialmente aos córtices pré-límbico, infralímbico e

cingulado anterior, além das projeções ao estriado ventral (Van der Werf et al., 2002).

1.2.3 Núcleos intralaminares do tálamo

Possuem um grupo rostral, formado pelos núcleos central medial (CM), paracentral

(PC) e central lateral (CL). O grupo caudal é composto do núcleo parafascicular (PF) e central

mediano (CMn). Este último está presente apenas em alguns mamíferos, de modo que em

ratos o grupo posterior é composto apenas pelo PF (Groenewegen e Witter, 2004; Jones,

2007).

O CM é uma estrutura ímpar situada através da linha média, sendo contínuo com o PC

em ambos os lados. Facilmente localizado por apresentar forte coloração quando coradas pelo

Nissl e células achatadas, claramente distintas dos núcleos da linha média (Van der Werf et

al., 2002; Groenewegen e Witter, 2004; Jones, 2007). A maioria das suas aferências são

originadas de estruturas subcorticais como a formação reticular (Peschanski e Besson, 1984),

22

núcleo supramamilar (Vertes, 1992), alguns núcleos cerebelares, como o denteado, o fastigial

e o interpósito posterior (Haroian et al., 1981) e também o colículo superior (Yamasaki et al.,

1986). Suas eferências direcionam-se, de maneira geral, ao estriado, mais especificamente sua

porção ventral e a amígdala (Van der Werf et al., 2002).

O PC corresponde a uma fina lâmina de células contínua com o CM medialmente e

lateralmente com o CL. O PC é difícil de distinguir do CL, no entanto as células daquele

apresentam-se mais achatadas (Van der Werf, 2002). Em quase toda a extensão esse núcleo

repousa entre o MD e o núcleo ventral lateral (Jones, 2007). Suas aferências são em maioria

originadas de estruturas subcorticais, podendo-se citar o colículo superior (Yamasaki et al.,

1986), o núcleo supramamilar e a formação reticular do tronco encefálico (Peschanski e

Besson, 1984; Vertes e Martin, 1988; Vertes, 1991). Suas fibras eferentes direcionam-se

especialmente para os córtices parietal, cingulado anterior, visual e para o estriado (Van der

Werf, 2002).

O CL é bem semelhante ao PC em termos de coloração e formato de células, sendo

localizado posteriormente e dorsalmente ao mesmo. O CL apresenta-se em forma de Y na

região frontal de diversas espécies. No entanto, muitas vezes, o CL e o PC são considerados

uma única estrutura (Van der Werf, 2002; Jones, 2007). O CL apresenta uma densa aferência

do tronco encefálico (Peschanski e Besson, 1984; Yamasaki et al., 1986; Hallenger et al.,

1987). A formação reticular medular, pontina e mesencefálica, especialmente os núcleos DR e

MnR, parte reticulada da substância negra, núcleo supramamilar e colículo superior são áreas

que emitem projeções ao CL. Suas projeções eferentes direcionam-se mais abundantemente

ao córtex cingulado e ao estriado (Van der Werf, 2002).

O PF representa um componente caudal do complexo intralaminar. Destaca-se por sua

coloração escura, especialmente na sua porção lateral. Ventralmente, o PF repousa quase

diretamente sobre o mesencéfalo e dorsalmente é margeado pelo núcleo CL e complexo

habenular. Como aferências pode-se destacar aquelas oriundas da formação reticular medular,

pontina e mesencefálica, principalmente DR e de alguns outros núcleos do tronco encefálico,

como o núcleo vestibular, parabraquial, tegmental, ambíguo e núcleo do trato solitário (Van

der Werf, 2002). O PF emite fibras direcionadas aos córtices frontal e parietal, e em menor

quantidade aos córtices cingulado, parahipocampal e pré-límbicos. Além disso, destacam-se

suas projeções ao estriado (Van der Werf, 2002).

23

1.3 Projeções serotonérgicas aos núcleos da linha média e intralaminares do

tálamo

Estudos utilizando imunoistoquímica para 5-HT em ratos (Sprague-Dawley) (Cropper

et al., 1984) e em macacos (Saimiri sciureus) (Lavoie e Parent, 1991) descreveram os padrões

de distribuição desse neurotransmissor no tálamo dos respectivos animais. Cropper et al.

(1984) observaram uma densa concentração de fibras serotonérgicas nos núcleos da linha

média e intralaminares do tálamo. Em macacos, Lavoie e Parent (1991) demonstraram

similaridade desse padrão de distribuição. Vertes et al. (2010) observaram, em ratos, um

padrão de distribuição de fibras serotonérgicas similar a Cropper et al. (1984) com algumas

particularidades que podem estar relacionadas aos diferentes marcadores utilizados.

Pesquisas utilizando técnica de traçadores relataram que as fibras serotonérgicas

ascendentes aos núcleos da linha média e intralaminares originam-se principalmente dos

núcleos DR e MnR (Vertes, 1991; Vertes et al., 1999).

Krout et al. (2002) analisaram as projeções do tronco encefálico aos núcleos da linha

média e intralaminares do tálamo de rato utilizando a técnica de injeção de traçador

retrógrado; assim, observaram intensas projeções de fibras serotonérgicas do DR para todos

os núcleos intralaminares e moderada projeção do MnR aos núcleos CL, CM e PF; o núcleo

PF ainda apresentou projeções oriundas do RPa; e a injeção no PC resultou em marcações em

diversas áreas do tronco encefálico, como a área tegmental dorsoventral e a porção reticulada

da substância negra, porém poucas projeções oriundas do DR. Tal relato difere do que foi

observado por Vertes et al. (1999), o qual afirmou robusta projeção do DR ao PC. Nos

núcleos da linha média, o padrão de marcação foi semelhante, de modo que houve intenso

registro de fibras localizadas no DR e MnR. Também foram visualizadas marcações no RPa

após injeções de traçadores retrógrados no PV (Krout et al., 2002). Esse padrão de projeções

foi semelhante ao que foi observado por Vertes (1991) utilizando traçador anterógrado no DR.

Nesse sentido, os núcleos da linha média e intralaminares recebem diversas projeções

serotonérgicas (Krout et al., 2002; Van der Werf et al., 2002; McKenna e Vertes, 2004) e

projetam para regiões corticais e subcorticais em geral, mas especialmente para áreas

límbicas, o que supõe o importante papel na circuitaria límbica (Berendse e Groenewegen,

1991; Vertes, 2006).

Tendo em vista a elevada densidade de projeções serotonérgicas recebidas pelos

núcleos da linha média e intralaminares do tálamo de alguns animais, como roedores e

24

primatas, o presente estudo analisará a diferença de densidade e as características

morfológicas dessas fibras num roedor típico do Nordeste brasileiro, cujos hábitos

comportamentais e características morfofuncionais se diferenciam dos demais roedores.

1.4 Modelo experimental

O mocó é um roedor cuja distribuição predomina nos estados do Nordeste e norte de

Minas Gerais, o qual habita preferencialmente a caatinga do semi-árido do Nordeste

Brasileiro (Cabrera, 1961; Lacher Jr., 1981).

Pode ser classificado taxonomicamente como membro da superfamília Cavioidea,

família Caviidae, subfamília Caviinae, gênero Kerodon, juntamente com os gêneros Cavia,

Galea e Microcavia (Moojen, 1952; Cabrera, 1961; Lacher Jr, 1981). A este grupo pertencem

pequenos animais já reconhecidamente domésticos, como porquinho da índia (Cavia

porcellus), os quais vivem em pequenas colônias feitas em buracos na terra ou usam

cavidades nas bordas das rochas. Possuem hábitos gregários e diurnos (Crandall, 1964).

A família Caviinae apresenta animais adaptáveis a diversos tipos de ambiente,

podendo ser arborícolas, rupícolas e terrícolas; costumam ser herbívoros em consequência de

sua dentição ser desprovida de caninos (Moojen, 1952).

Estudos de morfologia (Silva Neto, 2000) e de biologia molecular (Rowe e Honeycutt,

2002) afirmaram relação do gênero Kerodon com a família Hydrochaeridae, à qual também

pertence a capivara (Hydrochaeris).

O mocó é um animal que habita locais rochosos com diversas fendas onde se abrigam

dos predadores e passam boa parte do tempo. São facilmente adaptáveis às condições

ecológicas locais como calor, escassez de água e de alimentos, especialmente nos períodos de

grandes secas do semi-árido nordestino. Extraem sua alimentação de galhos de árvores e

rochas, principalmente por serem excelentes saltadores e escaladores. Tal alimentação é

constituída de cascas de árvores e gramíneas em geral, sendo as árvores mais procuradas o

mufumbo (Cobretum leprosum), faveleira (Cnidoscolus phyllacanthus) e a parreira brava

(Cissampelos pareira) (Carvalho, 1969; Lacher Jr, 1981; Mendes, 1985; 1987). Em cativeiro

aceitam bem frutas (maçã, banana, melão, melancia, manga) e raízes.

Apresenta coloração cinza clara com pelos pretos e amarelos ou esbranquiçados na

região dorsal, castanho-ferruginoso na região caudal, um pouco acastanhada nas patas e

branco na região cervical. Suas patas possuem coxins calosos pouco excedidos pelas unhas

25

rígidas que lhes proporcionam a habilidade de saltar e escalar (Moojen, 1952). Seu olfato e

audição são bastante aguçados, detectando seu predador a longas distâncias (Carvalho, 1969).

Atingem a fase adulta aos 200 dias, podendo alcançar até 50 cm de comprimento e 1 quilo de

peso corporal (Moojen, 1952; Carvalho, 1969; Roberts et al., 1984).

A reprodução ocorre durante todo o ano, com exceção do período que vai de abril a

junho. Dentre os cavinnaes, o Kerodon possui a gestação mais longa (65±1,34 dias), a menor

média de tamanho da ninhada (1,28±0,09), o mais baixo peso de filhotes e o mais longo

tempo de maturidade sexual (Roberts et al., 1984). Apesar das poucas crias por parto, o curto

período gestacional garante uma elevada produção de crias durante o ano (Lacher Jr, 1981).

Com relação ao seu padrão de atividade locomotora, tem sido relatado que nos dias

mais escuros o mocó sai para se alimentar pela manhã e a tarde, enquanto nos dias mais

claros sua atividade se concentra no período noturno (Carvalho, 1969). Estudos realizados por

Sousa e Menezes (2006) elucidaram que embora o mocó apresente atividade ao longo de 24

horas, os períodos de transição de fases claro-escuro são os de maior concentração de

atividade, sugerindo, portanto, comportamento predominantemente crepuscular.

Nesse sentido, em consequência das singularidades morfofuncionais e hábitos

comportamentais dos mocós em relação a outros animais da ordem Rodentia é que este

animal vem sendo adotado como modelo para estudos neuroanatômicos do Laboratório de

Neuroanatomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

Figura 3: O mocó (Kerodon rupestris) em ambiente natural. Fonte: LabNeuro.

26

2. JUSTIFICATIVA

A revisão apresentada reflete a importância evidente de novas pesquisas acerca dos

componentes do sistema nervoso do animal em questão; além disso, também se faz

justificativa do presente estudo a relevância do papel modulatório da 5-HT como

neurotransmissor nos núcleos da linha média e intralaminares do tálamo influenciando em

diversos aspectos comportamentais.

Nesse sentido, apesar da existência de trabalhos relatando a presença de terminais

serotonérgicos na linha média e núcleos intralaminares do tálamo de primatas e roedores, não

existe descrição quanto ao padrão de densidade relativa ou uma abordagem qualitativa das

fibras descritas. Desta forma, esse estudo visa contribuir na mudança na forma de análise de

tais fibras, acrescentando uma qualificação diferencial no padrão de distribuição entre os

diversos núcleos estudados. Adicionalmente, o estudo permitirá uma análise filogenética no

padrão de distribuição das fibras serotonérgicas no tálamo de roedores e, ao mesmo tempo,

contribuirá para consolidar o mocó como modelo experimental regional.

27

3. OBJETIVOS

Geral

Caracterizar o padrão de distribuição e a morfologia das fibras de 5-HT nos núcleos da

linha média e intralaminares do tálamo do mocó

Específicos

Delimitar a citoarquitetura desses núcleos utilizando o método de coloração de Nissl.

Verificar, a partir da análise de densidade óptica relativa (DOR), as diferenças nos

padrões de densidade de fibras 5-HT-IR distribuídas no complexo de núcleos da linha

média/intralaminares do tálamo de mocó.

Caracterizar morfologicamente as fibras serotonérgicas em cada um dos núcleos.

28

4. METODOLOGIA

4.1 Sujeitos:

Foram utilizados quatros mocós adultos jovens machos obtidos através de captura no

município de Serra Negra do Norte (RN), mediante autorização do IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, SISBIO no. 21440-1). O

processo de captura se realizou a partir do uso de armadilhas e/ou contenção química

(ketamina + xilazina) a fim de reduzir o estresse causado ao animal.

Após a captura, os animais foram alojados no Centro de Biociências, UFRN, em um

recinto de alvenaria e tela de arame, medindo 3,00 x 2,00 x 2,50 m, onde ficaram expostos a

luminosidade, temperatura e umidade naturais, com água e comida ad libitum. Os animais

permaneceram nesses recintos por um período gradativo conforme os mesmos foram sendo

utilizados, já que o contingente de animais não pode ser processado em um único dia. No dia

anterior ao experimento os animais foram transferidos para gaiolas medindo 0,90 x 0,60 x

0,75m.

Os procedimentos foram realizados no laboratório de Neuranatomia, departamento de

Morfologia, UFRN, vinculado ao Programa de pós-graduação em Psicobiologia. Os devidos

cuidados foram tomados com o objetivo de evitar dor e sofrimento aos animais seguindo

estritamente às normas estabelecidas pelo National Research Council of the National

Academy publicadas no livro “Guidelines for the Care and Use of Mammals in Neuroscience

and Behavioral Research”. Uma versão em formato pdf está disponível gratuitamente no site

da Sociedade de Neurociência e Comportamento (SBNeC) – http://www.sbnec.gov.br/links.

É importante ressaltar que parte dos animais utilizados nesse projeto foram os mesmos

de outro projeto em andamento no laboratório, previamente aprovado pelo Comitê de Ética no

Uso de Animais (CEUA), voltado para a caracterização anatômica e neuroquímica da retina

do mocó e sua relação direta com o Sistema de Temporização Circadiana (Protocolo

015/2009). Os experimentos do projeto foram aprovados pelo comitê de ética em uso animal

(CEUA – UFRN nº 033/2012).

29

4.2 Procedimentos:

4.2.1 Anestesia

Os animais receberam como medicação pré-anestésica cloridrato de tramadol e xilazina,

ambos na dose de 5 mg/Kg por via intramuscular. O tramadol é um opióide necessário para

potencializar o efeito da analgesia adequada ao procedimento, já a xilazina é um relaxante

muscular. Após 10 minutos, os animais foram induzidos e mantidos em anestesia inalatória

com isoflurano e oxigênio 100% administrado através de máscara, até atingir o plano

anestésico, ou seja, o terceiro plano do terceiro estágio de Guedel (Massone, 2008).

4.2.2 Perfusão

Ao atingir o plano anestésico, cada animal foi submetido à perfusão transcardíaca, que

compreende os seguintes passos:

1. Posicionamento do animal em decúbito dorsal sobre tela de arame sob ponto de água.

2. Toracotomia, com incisão de pele, músculos e arco costal, sendo estes removidos em

bloco, para exposição do coração.

3. Cardiopunção no ventrículo esquerdo, utilizando uma agulha de 17 mm x 1,5 mm, a qual

é direcionada para o cone arterioso, seguindo-se uma incisão no átrio direito. A agulha é

conectada a uma bomba peristáltica (Cole-Parmer), passando-se 300 ml de solução salina

a 0,9% em tampão fostato 0,1M, pH 7,4 com heparina (Parinex, Hipolabor, 2ml/1000 ml

de solução salina), seguida de 700ml de solução de paraformaldeido 4% em tampão

fosfato 0,1M, pH 7.4, passando-se metade desta solução a um fluxo de 6,0 ml por minuto

e a outra metade a 3,0 ml por minuto, durando todo o procedimento em média de 30

minutos.

4.2.3 Remoção do encéfalo

Após concluída a perfusão, os animais foram posicionados no aparelho estereotáxico

para roedores. Depois de fazer uma incisão longitudinal na pele e rebatê-la lateralmente, foi

feita a limpeza da superfície óssea, facilitando a visualização do bregma e do lambda, os quais

foram nivelados na mesma altura dorsoventral, ajustando-se a barra dos incisivos,

padronizando assim o plano de corte coronal para todos os animais. Após anotação das

coordenadas do bregma e do lambda, o osso da calota craniana foi removido com o uso de

30

broca e trocater, expondo-se o encéfalo. Ainda no aparelho estereotáxico, o encéfalo é

seccionado em 3 blocos, através de 2 secções coronais: uma no nível do bregma e outra no

nível do lambda. Os encéfalos foram retirados delicadamente para evitar danos, preservando

os olhos e nervos ópticos para o outro projeto envolvido, e em seguida fotografados. Logo

após, os três blocos foram armazenados em uma solução de sacarose a 30% em tampão

fosfato 0,1M, pH 7,4, a 4 ºC, até serem submetidos a microtomia.

Figura 4: Mocó posicionado em aparelho estereotáxico e com alinhamento dorsoventral do bregma e

lambda.

Figura 5: Mocó posicionado em aparelho estereotáxico, após remoção da calota craniana e

consequente exposição do encéfalo. Realização dos cortes coronais em nível de bregma e lambda para

formação dos blocos padronizados.

31

4.2.4 Microtomia

Após a etapa de pós-fixação e imersão em tampão sacarose 30%, os encéfalos foram

submetidos à microtomia cuja espessura dos cortes foi padronizada em 30 µm.

Os encéfalos foram congelados por gelo seco e seccionados em micrótomo de

deslizamento, obtendo-se secções coronais. Estas foram coletadas em um meio líquido de

tampão fostato 0,1M, pH 7,4, distribuídas sequencialmente em seis compartimentos, de

maneira cíclica e sequenciada, de modo a manter a distância entre uma secção e a outra

imediatamente seguinte de um mesmo compartimento de aproximadamente 180 µm.

Os cortes de um compartimento foram imediatamente montados em lâminas de vidro

gelatinizadas e submetidas à coloração pelo método de Nissl para permitir uma melhor

demarcação das estruturas. Os cortes dos demais compartimentos foram transferidos para

solução anticongelante e conservados a -20 ºC para utilização posterior em procedimentos de

imunoistoquímica.

4.2.5 Imunoistoquímica

Antes da técnica de imunoistoquímica, foi necessário realizar um pré-tratamento dos

cortes, na perspectiva de atenuar ou abolir a presença de artefatos. O pré-tratamento inclui

uma etapa de lavagem em tampão fosfato 0,1M, numa frequência de seis vezes em cinco

minutos; incubação em peróxido de hidrogênio (H2O2) a 0,3% em tampão fosfato 0,1M, pH

7,4 por vinte minutos, com a finalidade de abolir artefatos causados pela liberação de

peroxidases endógenas e posteriormente novas lavagens em tampão fosfato 0,1M, pH 7,4.

Em seguida foi processada a incubação dos cortes em anticorpo primário, uma solução

formada pelo anticorpo anti-5-HT obtido em coelho (Sigma) em diluição de 1:5.000,

acrescido de soro normal de cabra a 2% em Triton X-100 a 0,4% permanecendo em

incubação por 12 a 24 horas em rotor com rotação lenta. Ao fim deste período os cortes

foram colocados em contato com o anticorpo secundário anti-coelho obtido em cabra (Vector

Labs) diluído a 1:200 no mesmo veículo anterior, por 90 minutos à temperatura ambiente, sob

agitação lenta, em rotor. Posteriormente, os cortes foram imersos em solução do complexo

avidina-biotina-HRP (Protocolo ABC, Kit elite da Vector) (2% da solução total) em Triton X-

100 a 0,4%, contendo NaCl por 90 minutos.

Para visualização da reação, as secções foram postas em meio contendo H2O2 como

substrato e a 3,3’,4,4’tetrahidrocloreto-diaminobenzidina (DAB), utilizada como cromógeno.

A H2O2 foi oferecida indiretamente, colocando-se na solução glicose oxidase e D-glicose,

32

provocando uma reação em que a primeira agindo sobre a segunda libera H2O2 (Itoh et al.,

1979). Esta reação dura em torno de 15 minutos e após esta, os cortes foram submetidos a

mais seis lavagens em tampão fosfato 0,1 M em agitador orbital.

Os cortes foram montados em lâminas gelatinizadas, as quais após secarem a

temperatura ambiente, foram imersas em solução de tetróxido de ósmio a 0,05% para

intensificar a reação. Após as etapas de desidratação, em baterias de álcool de graduação

crescente até o álcool absoluto, e diafanização em xilol, foram montadas as lamínulas. As

demais séries serão utilizadas para repetição de imunoistoquímica para 5-HT, ou utilizadas em

outros projetos.

Como controle, algumas secções serão submetidas ao protocolo específico de

imunoistoquímica, com a omissão do anticorpo primário.

4.2.6 Obtenção e análise de imagens

As secções dos núcleos da linha média e intralaminares do tálamo coradas pelo

método de Nissl e/ou submetidas à imunoistoquímica para 5-HT foram examinadas ao

microscópio óptico (Olympus BX41) em campo claro e então selecionadas. A área dos

núcleos considerada para efeito de quantificação de fibras 5-HT - IR foi delimitada com base

na secção adjacente correspondente corada pelo Nissl. Imagens digitais foram obtidas usando

uma videocâmara digital (Nikon DXM1200) acoplada ao microscópio, ajustado com a

objetiva de aumento 2x para a DOR, 2x para a montagem dos esquemas e 100x para

visualização detalhada de fibras. Nas imagens correspondentes à caracterização morfológica

de fibras, realizamos uma classificação com base no diâmetro axonal, bem como número de

varicosidades de tais fibras.

Os resultados foram documentados em fotomicrografias corrigidas para brilho e

contraste com auxílio do software Adobe photoshop CS2®

e esquemas construídos a partir das

mesmas com auxílio do software Adobe Illustrator CS5®

e tomando como base o atlas de

cérebro de rato (Paxinos e Watson, 2007).

Elas foram comparadas e classificadas conforme número de varicosidades e espessura

do diâmetro axonal. Foram observadas preliminarmente quanto a aspectos relativos de sua

microestrutura, como espessura, comprimento, varicosidades e eixo de orientação no interior

dos núcleos de interesse do estudo.

33

4.2.7 Densidade óptica relativa

Para análise de DOR, as imagens foram obtidas num mesmo momento, estando

submetidas a uma mesma intensidade de luz e sem modificação de brilho e contraste, já que

os valores de pixels encontrados em cada imagem correspondem a uma intensidade maior ou

menor de marcação da substância analisada no tecido correspondente. Para cada animal foram

obtidas 16 imagens que representaram as áreas de interesse desde o nível rostral ao caudal. A

Tabela 1 retrata a divisão dos núcleos em rostral, médio e caudal através dessas 16 imagens.

Usando o programa Image J (versão 1.46i, NIH) campos com dimensões de 0,8 x 0,6

mm foram feitos nos núcleos de interesse e medido a intensidade da imunomarcação. Como

os núcleos apresentam tamanhos ou formatos diferentes ao longo dos níveis, houve variações

no número de medições por núcleos. Assim, no PV, IMD, Re foram obtidos 2 campos de

medição em todos os níveis, enquanto que no PT e Rh apenas um campo foi selecionado em

cada imagem em todos os níveis. Em se tratando dos núcleos intralaminares, no CM, PC e CL

apenas um campo foi medido; no núcleo PF, em seus níveis mais rostrais, foi obtido apenas

um campo e nos níveis mais caudais, três campos. Para cada imagem foi feito um campo de

igual tamanho em uma área controle, com pouca ou quase nenhuma marcação de 5-HT no

tecido, o qual serviu para a normalização dos valores em todos os núcleos, uma vez que as

imunoistoquímicas foram realizadas em momentos diferentes e assim poderiam apresentar

backgrounds diferenciados. Naqueles núcleos em que foi feita mais de uma captura, uma

média foi realizada e então o valor médio de pixels obtido em todos os núcleos foram

subtraídos do valor de pixels da área controle do mesmo tecido.

A partir deste método foi possível semiquantificar a concentração de fibras de 5-HT

nas áreas de interesse com a correspondência dos valores de DOR observados.

34

Tabela 1: Divisão dos núcleos da linha média e intralaminares do tálamo do mocó em níveis rostral,

médio e caudal através das 16 imagens obtidas das secções coronais (S).

4.2.8 Análise estatística

Para analisar se houve diferença estatística nos valores de DOR entre os núcleos da linha

média e entre os núcleos intralaminares foi utilizada uma ANOVA de uma via, seguida do

teste de Tukey. A diferença estatística entre a região dos núcleos da linha média e a região dos

intralaminares foi analisada através do test t pareado a partir da média dos valores de DOR

dos núcleos que compoem essas regiões para cada animal. O nível de significância foi

definido como p < 0,05. Os valores foram analisados a partir das médias geradas e estão

representados pela média ± o erro padrão médio (EPM).

TABELA METODOLÓGICA

Núcleo Rostral Médio Caudal

Núcleos da

linha média

PV S1 – S6 S7 – S11 S12 – S16

PT S1 – S2 S3 S4

Re S1 – S4 S5 – S9 S10 – S13

Rh S5 – S7 S8 – S9 S10 – S13

IMD S8 – S9 S10 – S11 S12 – S13

Núcleos

intralaminares

CM S2 – S7 S8 – S10 S11 – S13

PC S3 – S7 S8 – S10 S11 – S13

CL S8 – S9 S10 – S11 S12 – S13

PF S14 S15 S16

35

5. RESULTADOS

O comprimento rostro-caudal do encéfalo, da extremidade anterior do bulbo olfatório

ao limite bulbo-espinal, foi em média 3,72 cm (Fig. 6).

Figura 6: Encéfalo do mocó em vistas dorsal (a) e ventral (b). Barra: 0,54 cm.

5.1 Análise Citoarquitetônica: Nissl

5.1.1 Núcleos da linha média

Nas secções coronais analisadas o PV do mocó foi visualizado como um núcleo

distinto, com forte afinidade pelo corante tionina, com formato regularmente triangular

(Figura 7A-N). Estando localizado na porção dorsal da linha média do tálamo, é o primeiro

núcleo a surgir em seu pólo rostral. Situa-se dorsalmente ao hipotálamo anterior e

medialmente ao PT. Pode ser dividido em três porções: anterior (PVA), média (PVM),

marcada pelo surgimento do núcleo MD, e posterior (PVP), evidenciada pela presença do

fascículo retroflexo (Figura 7A-N).

O PT é o segundo núcleo a aparecer rostralmente e está localizado entre o PVA e a

estria medular do tálamo. Apresenta-se na região dorsal da linha média, latero-inferiormente

ao PVA, fundindo-se com o núcleo MD ao longo de seu comprimento rostro-caudal (Figura

7A-H).

O Re está localizado na região anterior, na porção mais ventral talâmica, sendo

imediatamente dorsal ao 3V. Em seus níveis mais rostrais inicia como duas massas ovóides

que se unem ao longo do comprimento rostro-caudal. Na sua borda inferior, assim como em

ratos, o Re é margeado pelo VRe em ambos os hemisférios (Figura 7C-M).

36

O Rh do mocó evidenciou-se ventralmente ao núcleo anteromedial do tálamo e dorsal

ao núcleo Re. É possível observá-lo na porção média do tálamo (Figura 7H-K).

No mocó, o IMD é um núcleo retangular que aparece entre os núcleos MD direito e

esquerdo sendo evidenciado mais claramente nas secções coronais que apresentam o PVM. O

IMD estende-se caudalmente até o nível do fascículo retroflexo ao longo do eixo rostro-

caudal (Figura 7I-M).

5.1.2 Núcleos Intralaminares

No polo anterior o CM encontra-se ventralmente ao PVA e é contínuo ao núcleo PC.

(Figura 7E-M). O PC do mocó repousa anteriormente sob o núcleo PC e medialmente sob o

núcleo MD, sendo contínuo ao CL rostromedialmente. Devido à relativa semelhança em

relação a formato e compactação celular, o CM, PC e CL são dificilmente distinguíveis pelo

método de Nissl através das secções coronais (Figura 7E-M).

O CL está localizado lateralmente e ventralmente ao núcleo MD, estendendo-se

dorsalmente até o nível da estria medular do tálamo (Figura 7J-N).

Por último, o PF é o mais caudal dos núcleos intralaminares. Este núcleo é margeado

pelo CL e apresenta-se medial ao grupo nuclear talâmico posterior na maior parte de sua

extensão rostro-caudal, envolvendo o fascículo retroflexo (Figura 7L-O).

37

Figura 7: Reconstrução esquemática das secções coronais do encéfalo do mocó ilustrando a morfologia dos

núcleos da linha média e intralaminares do tálamo, seguidos de fotomicrografias submetidas ao método de

coloração de Nissl no nível correspondente. Representação do nível mais rostral em (A) e do nível mais caudal em

(O). Barra 100 µm. Ver lista de abreviações.

38

Figura 7: Continuação.

Figura 7: Continuação.

39

Figura 7: Continuação.

40

Figura 7: Continuação.

41

Figura 7: Continuação.

Figura 7: Continuação

42

5.2 Densidade óptica relativa

A análise dos valores de DOR foi feita para fibras 5-HT-IR observando um contínuo

de 16 cortes coronais correspondentes aos núcleos da linha média/ intralaminares. A ANOVA

de uma via revelou diferença significativa na DOR entre os núcleos da linha média do tálamo

[F(4,19) = 6,301, p=0,004]. A figura 8 sugere uma maior DOR no núcleo Re, seguido do PV,

Rh, IMD e PT. Entretanto, a partir do teste de correção de Tukey, apenas foi observada

diferença significativa de DOR do PV [p=0,022] e Re [p=0,003] em relação ao PT.

Em se tratando dos núcleos intralaminares, a ANOVA de uma via também revelou

diferença significativa para DOR [F(3,15) = 8,506, p=0,003], com uma DOR maior no CL,

seguido do CM, PC e PF (Figura 9). O teste de Tukey evidenciou uma DOR

significativamente maior apenas do CL em relação ao CM [p=0,038], ao PC [p=0,005] e ao

PF [p=0,004] (Figura 9).

A partir do teste t pareado mostramos que houve DOR estatisticamente maior dos

núcleos da linha média em relação aos intralaminares [t(3)=7,553, p=0,005] (Figura 10).

A tabela 2 evidencia a DOR dos núcleos da linha média/intralaminares do tálamo de

mocó através dos níveis rostral, médio e caudal, sendo representada a partir da média ± desvio

padrão (DP). Conforme observação da distribuição de DOR dos níveis rostral ao caudal é

possível inferir que há certa homogeneidade na distribuição das fibras serotonérgicas

rostrocaudalmente, no entanto, algumas particularidades podem ser destacadas: entre os

núcleos da linha média, o PV apresentou uma predominância quantitativa de fibras

serotonérgicas nos níveis médios e caudais, o Re nos níveis médios, o Rh nos níveis rostrais e

médios, o PT mostrou-se homogêneo por toda extensão rostro-caudal e o IMD predominou

nos níveis rostrais, porém com elevada variação nos demais níveis entre os animais estudados.

Já entre os intralaminares, no CM observa-se uma maior DOR nos níveis médios e caudais,

CL e PF nos níveis rostrais e o PC mostrou-se homogêneo (Tabela 2).

43

Figura 8: DOR de fibras 5-HT – IR nos núcleos da linha média do tálamo de mocós (n=4). A

ANOVA de uma via revelou diferença significativa entre os núcleos analisado. Valores são expressos

como média e EPM. *p<0,05 e **p<0,005 (Teste post-hoc de Tukey).

Figura 9: DOR de fibras 5-HT – IR nos núcleos intralaminares do tálamo de mocós (n=4). A ANOVA

de uma via revelou diferença significativa entre os núcleos analisados. Valores são expressos como

média e EPM. *p<0,05 e **p<0,005 (Teste post-hoc de Tukey).

44

Figura 10: DOR de fibras 5-HT – IR entre os núcleos da linha média e intralaminares do tálamo de

mocós (n=4). O teste t pareado revelou DOR estatisticamente maior dos núcleos da linha média em

relação aos intralaminares. Valores são expressos como média e EPM. *p<0,05.

45

Tabela 2: DOR através dos níveis rostral, médio e caudal dos núcleos da linha média/intralaminares

do tálamo. Valores são expressos como média e DP.

5.3 Caracterização morfológica das fibras

As fibras serotonérgicas estão distribuídas em todos os núcleos da linha

média/intralaminares, conforme avaliação de DOR e observação direta através de microscopia

óptica de campo claro.

Encontramos três tipos de fibras serotonérgicas nos núcleos estudados, as quais foram

denominadas de fibras rugosas, granulares e semi-granulares. As fibras rugosas caracterizam-

se como relativamente espessas, apresentando um elevado número de varicosidades

arredondadas e de grande volume; as fibras granulares apresentaram-se relativamente finas,

com diversas e pequenas varicosidades distribuídas ao longo de seu eixo, semelhantemente a

grânulos, e as fibras semi-granulares são semelhantes às granulares em espessura, entretanto,

apresentam menor número de varicosidades irregularmente distribuídas ao longo de seu eixo.

Densidade Óptica Relativa (Média ± Desvio Padrão)

Núcleo Rostral Médio Caudal

Núcleos da

linha média

PV 37.459 ± 7.750 53.556 ± 4.896 50.160 ± 6.912

PT 20.321 ± 15.842 21.381 ± 7.590 27.685 ± 9.238

Re 52.005 ± 5.910 70.787 ± 5.242 57.382 ± 3.662

Rh 41.719 ± 2.791 49.827 ± 5.069 34.029 ± 4.466

IMD 44.186 ± 2.483 35.527 ± 10.961 30.425 ± 11.993

Núcleos

intralaminares

CM 16.619 ± 2.522 34.435 ± 4.230 30.438 ± 7.391

PC 16.733 ± 3.401 15.495 ± 7.975 13.243 ± 6.504

CL 54.512 ± 13.739 38.299 ± 8.093 30.425 ± 11.993

PF 37.374 ± 0 0 ± 0 0 ± 0

46

5.3.1 Núcleos da linha Média

O PV está densamente preenchido por fibras e terminais serotonérgicos, conforme

DOR. As fibras encontradas nesse núcleo foram predominantemente do tipo rugosa, com suas

varicosidades se apresentando conspícuas, variando de 1 a 3 botões por fibra. Tais fibras

apresentam orientação predominantemente dorsoventral, sendo relativamente curtas (Figura

11B).

O PT foi o núcleo com menor marcação de fibras serotonérgicas, conforme

demonstrado pela DOR. A maioria das fibras encontradas nesse núcleo foi do tipo granular,

apresentando comprimento relativamente maior em relação àquelas observadas no PV. A

orientação das fibras no interior do PT é semelhante à observada no PV, ou seja, dorsoventral

(Figura 11C).

O Re é o mais povoado núcleo da linha média em relação a fibras 5-HT-IR, conforme

análise de DOR. Neste núcleo observamos fibras do tipo granular e semi-granular. Tais fibras

apresentam seu maior eixo direcionado dorsoventralmente e uma menor parte com orientação

horizontal; em geral, são relativamente curtas. Uma característica observada nas fibras

serotonérgicas no Re é uma ampla ramificação (Figura 11D).

O Rh é povoado por terminais serotonérgicos com DOR próxima ao observado no PV

e IMD. Suas fibras também se caracterizaram especialmente do tipo granular e semi-granular,

estando orientadas predominantemente no eixo horizontal (Figura 12C).

A análise do IMD permitiu identificar presença de fibras serotonérgicas do tipo semi-

granular. A orientação de tais fibras também se caracterizou dorsoventral, apresentando maior

comprimento relativo (Figura 12B).

5.3.2 Núcleos Intralaminares

A análise qualitativa das fibras serotonérgicas nos núcleos intralaminares do tálamo do

mocó revela fibras com predominância de orientação dorsoventral no PC e PF; no CM e CL a

orientação das fibras é predominantemente horizontal. Nos núcleos PC e CM foram

encontradas fibras granulares e semi-granulares (Figura 13); no CL e no PF sobressaíram

fibras do tipo semi-granulares (Figuras 13D e 14). Aparentemente não existem muitas

ramificações, entretanto, uma característica das fibras em todos os núcleos intralaminares do

mocó é o grande comprimento quando comparadas àquelas observadas nos núcleos da linha

média.

47

.

48

49

50

51

6. DISCUSSÃO

No presente estudo, mostramos as características morfológicas dos núcleos da linha

média e intralaminares do tálamo do mocó, a partir da construção de esquemas baseados em

secções coradas pelo método de Nissl. Além disso, através da utilização da técnica de

imunoistoquímica foi possível caracterizar o padrão de distribuição dos terminais

serotonérgicos em tais núcleos, bem como descrever os aspectos morfológicos associados às

fibras examinadas. Verificamos, também, as diferenças relacionadas à densidade de fibras

serotonérgicas entre os núcleos da linha média e intralaminares através da técnica de DOR. Os

resultados revelaram que a organização deste complexo de núcleos é, em parte, similar ao que

tem sido previamente descrito em outros mamíferos.

Em comparação à organização citoarquitetônica do rato (Paxinos e Watson, 2007),

também identificamos, no mocó, os núcleos da linha média, do sentido rostral ao caudal:

núcleos PV, PT, Re, Rh e IMD; e os intralaminares, no mesmo sentido: núcleos CM, PC, CL

e PF.

A distribuição de fibras serotonérgicas através de núcleos talâmicos foi observada por

Vertes et al. (2010) em ratos (Sprague-Dawley) a partir de imunoistoquímica para

transportador de 5-HT. Visualmente os autores identificaram os núcleos da linha média e

intralaminares do tálamo de rato como densamente marcados. Dentre os núcleos da linha

média, classificaram o PV, Rh, Re e IMD como intensamente marcados, enquanto o PT como

moderadamente marcado. Dentre os núcleos intralaminares, classificaram o CM e CL como

intensamente marcados, enquanto que o PC e PF moderadamente marcados.

Cropper et al. (1984) também descreveram o padrão de distribuição de 5-HT em ratos

albinos a partir da técnica de imunocitoquímica indireta usando um anticorpo contra um

conjugado 5-HT-hemocianina em animais tratados com L-triptofano e MAO. Os autores

identificaram os núcleos da linha média e intralaminares com elevada densidade de marcação,

destacando-se, dentre os da linha média, os núcleos PV, Rh e Re; poucas fibras foram

observadas no PT. Dentre os intralaminares relatou o CM como levemente marcado.

Em primatas, a distribuição de 5-HT foi descrita no tálamo de macacos-de-cheiro

(Saimiri sciureus) a partir de imunoistoquímica contra a própria 5-HT. Dentre os núcleos que

apresentaram maior densidade de inervação destacam-se os da linha média/intralaminares do

tálamo; entre os da linha média ressaltam-se os núcleos PV, Re e o núcleo central, localizado

52

entre o PV e Re, região comparável ao núcleo IMD em ratos ou, conforme o nível observado,

ao Rh. Dentre os intralaminares destaca-se o núcleo CM como intensamente marcado (Lavoie

e Parent, 1991). Em outra espécie de primata, (Macaca Mulata), a distribuição de fibras

serotonérgicas no PV é visivelmente maior em relação aos demais núcleos da linha média e

intralaminares (Hsu e Price, 2009).

Em hamsters sírios (Mesocricetus auratus), a partir de imunoistoquímica para 5-HT,

foi observada densa marcação nos núcleos da linha média e intralaminares do tálamo.

Especificamente, foi identificado que os núcleos PV e Re apresentaram-se intensamente

marcados, seguidos do PT e IMD, este último considerado moderadamente marcado. Dentre

os intralaminares, o CM foi considerado densamente marcado e o CL fracamente marcado;

não houve relato do PC (Morin e Meyer-Bernstein, 1999).

Diferentemente dos autores supracitados, analisamos a distribuição de fibras

serotonérgicas através dos núcleos da linha média/intralaminares a partir de uma técnica de

DOR, o que permite a obtenção de dados numéricos na semi-quantificação dessas fibras. Até

o presente, nenhum estudo havia empregado métodos para semi-quantificação de terminais

serotonérgicos nos núcleos da linha média e intralaminares. Tais estudos têm como base a

simples análise visual feita através de microscopia óptica. Considerando que a análise de

DOR equivale à marcação do neurotransmissor analisado, identificamos, de maneira geral,

uma intensidade de marcação de fibras serotonérgicas estatisticamente maior nos núcleos da

linha média em relação aos intralaminares, esse dado corrobora com estudos realizados em

ratos (Cropper, et al.,1984; Vertes, et al., 2010), primatas (Lavoie e Parent, 1991) e hamsters

Morin e Meyer-Bernstein, 1999). Dentre os da linha média, nesta ordem, os núcleos Re, PV,

Rh e IMD apresentaram maior intensidade de marcação. O PT foi o núcleo que apresentou

menor marcação, semelhante ao observado em ratos e primatas (Lavoie e Parent, 1991; Vertes

et al., 2010), diferentemente do observado em hamster que apresenta uma densa inervação

serotonérgica nesse núcleo (Morin e Meyer-Bernstein, 1999).

Dentre os intralaminares foi identificada, através da DOR e análise estatística, intensa

marcação no CL em relação aos núcleos CM, PC e PF que apresentaram baixa densidade de

fibras 5-HT-IR. Tal padrão de distribuição contrasta com os resultados descritos em hamster

(Morin e Meyer-Bernstein, 1999) e macaco (Lavoie e Parent, 1991) em que uma maior

quantidade de fibras é encontrada no CM. No entanto, Vertes et al. (2010) destacaram o CL

como intensamente marcado em ratos, corroborando com os resultados encontrados no mocó.

53

Na análise referente ao contínuo rostro-caudal, revelamos homogeneidade na

distribuição de fibras serotonérgicas através dos núcleos da linha média/intralaminares do

tálamo do mocó, semelhante ao observado por Vertes et al. (2010). No entanto, algumas

particularidades podem ser destacadas: mostramos que o núcleo PV apresentou uma

predominância quantitativa de fibras serotonérgicas nos níveis médios e caudais, o Re nos

níveis médios, o Rh nos níveis rostrais e médios, o PT mostrou-se homogêneo por toda

extensão rostro-caudal e o IMD predominou nos níveis rostrais. Vertes et al. (2010),

diferentemente dos nossos resultados, mostraram, em ratos, que havia maior presença de

fibras serotonérgicas em níveis mais rostrais do PV, Re e PT em detrimento dos níveis médios

e caudais e que o IMD não apresentava variação na distribuição de fibras entre os níveis

avaliados. Entre os intralaminares, no CM foi revelada uma maior DOR nos níveis médios e

caudais, CL e PF nos níveis rostrais e o PC mostrou-se homogêneo (Tabela 2).

Contrariamente aos dados apresentados por Vertes et al. (2010) que descrevem a inexistência

de diferenças significativas da distribuição de fibras serotonérgicas entre os núcleos

intralaminares do tálamo rato ao longo do eixo rostro-caudal.

Após análise dos resultados referentes à distribuição de fibras 5-HT-IR, em

comparação aos dados apresentados na literatura, podemos constatar que a distribuição das

fibras serotonérgicas através dos núcleos deste complexo nuclear talâmico, no mocó, é similar

à encontrada em outras espécies de roedores, assim como em alguns primatas, com algumas

variações. Por exemplo, nenhum artigo cita uma maior presença de terminais serotonérgicos

no Re em relação ao PV ou aos demais núcleos da linha média. Tais diferenças descritivas

podem estar associadas a não utilização de método dequantificação de fibras em trabalhos

prévios.

Os núcleos da linha média/intralaminares do tálamo podem ser classificados como

integrantes do tálamo límbico em consequência de emitirem projeções para diversas estruturas

relacionadas a funções cognitivas/afetivas. Van der Werf et al. (2002) analisaram diversos

casos de injeção com traçadores anterógrados nos núcleos da linha média e intralaminares do

tálamo de 128 ratos Wistar, e assim propuseram a organização desse complexo nuclear em

quatro grupamentos conforme suas eferências. Um grupo dorsal, composto pelo PV, PT e

IMD, cujas saídas direcionam-se especialmente para o estriado ventral, destacando-se a parte

medial do núcleo accumbens, córtices pré e infralímbico e a amígdala, podendo estar,

portanto, relacionado a funções víscero-límbicas. Um grupo lateral, composto pelo PC, CL e a

54

porção anterior do CM, cujas fibras direcionam-se principalmente ao estriado dorsal e córtex

cingulado, podendo estar associado a funções cognitivas. Um grupo ventral, cujos integrantes

são o Re, Rh e a parte posterior do CM, projetando poucas fibras ao estriado e substanciais

fibras às camadas superficiais e profundas da maioria das áreas corticais, além de emitir

projeções a regiões não límbicas, como córtex gustatório, visceral, insular, auditivo e motor.

O Re e provavelmente o Rh emitem projeções também ao hipocampo; sendo assim, o grupo

lateral pode estar relacionado ao processamento sensorial multimodal; e o grupo posterior

composto do PF, cujas eferências direcionam-se especialmente ao estriado, mas também ao

córtex motor e sensorial, podendo estar, portanto, envolvido em funções motoras límbicas.

Pesquisas utilizando técnica de traçadores relataram forte entrada serotonérgica nos

núcleos da linha média e intralaminares do tálamo, as quais se originam principalmente dos

núcleos DR e MnR (Vertes, 1991; Vertes et al., 1999). Sendo assim, pressupõe-se que esse

neurotransmissor possui influência direta na modulação desses núcleos, estando relacionado

provavelmente ao controle de funções límbicas.

Muitos pesquisadores têm concentrado seus esforços em entender o papel da 5-HT no

tálamo, especificamente em núcleos envolvidos com o processamento da informação visual

(Curtis e Davis 1962; Rogawski e Aghajanian 1980; Yoshida et al., 1984; Marks et al., 1987;

Kayama et al., 1989; Monckton e McCormick, 2001). Todos estes estudos sugerem uma ação

inibitória da 5-HT sobre o núcleo geniculado lateral dorsal do tálamo. Outros estudos

intracelulares in vivo também apontam ação inibitória direta da 5-HT em neurônios tálamo-

corticais devido ao aumento da condutância ao potássio (McCormick e Pape 1990; Lee e

McCormick, 1996). Em contraste a sua ação direta nos neurônios tálamo-corticais, a 5-HT

aplicada no núcleo reticular talâmico resulta em forte excitação nos neurônios GABAérgicos

desse núcleo (McCormick e Wang 1991; Sanchez-Vives et al., 1996), sugerindo um

mecanismo de ação indireta da 5-HT que pode inibir a entrada tálamo-cortical e,

consequentemente, alterar o estado comportamental dos animais. Em um estudo in vivo

utilizando o furão (Mustela putorius furo) (Monckton e McCormick, 2001), foi observado que

a administração local de 5-HT promove uma hiperpolarização dos neurônios registrados

eletrofisiologicamente nos núcleos CL e CM. O mesmo estudo sugere que os efeitos

hiperpolarizantes da 5-HT nestes núcleos sejam mediados pelo receptor 5HT-1A devido ao

fato da administração de antagonista desse receptor ter abolido tal resposta. Outros estudos

propõem uma ação excitatória dos núcleos da linha média do tálamo sobre o prosencéfalo

55

límbico (Van der Werf et al., 2002; Vertes, 2006); com isso, fibras serotonérgicas podem,

possivelmente, representar uma entrada excitatória aos núcleos da linha média ou,

alternativamente, um portão que pode bloquear ou permitir o fluxo de informações desses

núcleos a outras regiões límbicas (Vertes et al., 2006). Estudos mostraram, por exemplo, que

as projeções do DR, relatadas em sua maioria serotonérgicas, ao PV exercem efeitos no

estado de vigília; o PV é reciprocamente conectado com o núcleo supraquiasmático (Moga et

al., 1995; Novak et al., 2000; Peng e Bentivoglio 2004; Li e Kirouac 2008; Vertes e Hoover,

2008) e com o núcleo dorsomedial do hipotálamo (Vertes e Hoover, 2008), área crítica no

controle do ciclo sono e vigília. Além disso, as células do PV expressam elevado nível de c-

fos quando em estado de vigília (Peng et al., 1995; Novak et al., 2000).

A referida dualidade funcional da 5-HT no tálamo está amplamente associada aos

variados tipos de receptores presentes nos diversos campos receptivos destes axônios nesta

região. Além disso, tais diferenças funcionais podem ainda estar relacionadas às variações de

quantidade de fibras entre os núcleos, bem como aos diferentes padrões morfológicos das

mesmas distribuídas nos núcleos da linha média e intralaminares. Este trabalho é o primeiro a

descrever, com maior riqueza de detalhes, o padrão de distribuição de fibras serotonérgicas de

forma quantitativa, levando em consideração as diferenças morfológicas, como espessura,

comprimento e número de varicosidades das referidas fibras especificamente nos núcleos da

linha média e intralaminares do tálamo de um roedor. Em geral, as fibras que trazem

informações sensoriais específicas para os diversos núcleos talâmicos apresentam uma maior

quantidade de terminais, indicando um caráter controlador sobre os neurônios tálamo-

corticais. As fibras serotonérgicas, em particular, atuam promovendo mudanças na

condutância da membrana celular, alterando o limiar de excitação das células ou ativando

sistemas de segundo-mensageiro intracelular, sendo geralmente descritas como fibras

moduladoras devido a grande variabilidade de receptores distribuídos no tálamo (Pompeiano

et al., 1994; Kia et al., 1996; Mengod et al., 1996; Lopez-Gimenez et al., 1998, 2001; Chapin

e Andrade 2001a,b).

Nossos resultados mostram que as fibras observadas no complexo de núcleos da linha

média/intralaminares podem ser classificadas em três tipos: fibras rugosas, granulares e semi-

granulares. Em um estudo utilizando injeção de traçador anterógrado nos núcleos DR e MnR

de rato (Kosofsky e Molliver, 1987) foram visualizadas fibras morfologicamente distintas no

córtex cerebral. O estudo mostrou que as fibras originárias do núcleo MnR eram

56

relativamente espessas e com varicosidades de grande diâmetro, as quais foram chamadas de

fibras do tipo M. A análise comparativa permite sugerir que as fibras rugosas observadas no

mocó, devido às semelhanças morfológicas observadas com as fibras M descritas no rato

também podem ter origem no MnR. Analogamente, as fibras com origem no DR foram

classificadas como fibras do tipo D, sendo estas semelhantes morfologicamente às fibras

granulares descritas no PT, Re, Rh, PC e CM no mocó. Entretanto, não existe analogia entre

as fibras semi-granulares observadas no mocó e às fibras descritas no estudo de traçador

anterógrado realizado no rato (Kosofsky e Molliver, 1987).

Em um trabalho realizado em coelho (Bjarkam et al., 2005), as fibras serotonérgicas

que se projetam para as áreas retrohipocampais também foram caracterizadas

morfologicamente. Os autores demonstraram a presença de fibras serotonérgicas com axônios

de pequeno diâmetro e varicosidades pequenas, as quais foram classificadas como do tipo

"finas". Essas fibras são semelhantes morfologicamente às fibras do tipo granulares

observadas em nosso estudo. Outro tipo de fibra observada no coelho apresenta axônios de

pequeno diâmetro e grandes varicosidades que foram chamadas de fibras "frisadas",

semelhantes às fibras do tipo rugosa de nosso estudo. Um terceiro tipo de fibra foi descrita

como do tipo "tronco", com axônios retos, de grande diâmetro e sem nenhuma varicosidade.

De maneira geral, da mesma forma que o estudo em ratos (Kosofsky e Molliver, 1987), foram

observadas semelhanças com as fibras do tipo rugosas e granulares, no entanto, nenhuma fibra

vista em coelhos assemelha-se as do tipo semi-granulares. Assim, é possível inferir a presença

de diferentes padrões de organização sináptica, consequentemente, diferentes mecanismos

funcionais da 5-HT nos núcleos da linha média e intralaminares do tálamo do mocó em

consequência dessa variabilidade morfológica.

Os dados relativos à distribuição de fibras serotonérgicas no tálamo descritos na

literatura, em sua maioria, são baseados em observações diretas através de microscopia óptica.

Em nenhum deles foram empregados métodos adequados para quantificar as fibras

serotonérgicas em nível talâmico. Assim, a partir de tal quantificação, bem como das variadas

características morfológicas das fibras serotonérgicas encontradas, é possível sugerir

diferentes influências modulatórias desse neurotransmissor, concordando com o seu grande

repertório funcional exercido em nível talâmico para controlar a atividade cortical. As funções

serotonérgicas estão especialmente associadas aos seus receptores; no tálamo de ratos e

primatas, diversos receptores de 5-HT foram encontrados distribuídos heterogeneamente. Na

57

maioria das espécies, o principal tipo de receptor observado a nível talâmico é o subtipo 5-

HT1 (Glennon, 1990). Em primatas não-humanos, altos níveis do subtipo 5-HT1 foram

observados nos núcleos da linha média, bem como núcleo PF (Stuart, et. al., 1986). No tálamo

de humanos, especialmente o receptor 5-HT1A tem sido identificado (Pazos et al., 1987a).

Receptores 5-HT1A podem estar relacionados a uma série de funções como comportamento

sexual (Larsson e Ahlenius, 1999), termoregulação (Goodwin, et al., 1985) e comportamento

alimentar, além disso, pessoas que apresentaram doenças como depressão ou Azheimer

revelaram alteração na distribuição desses receptores (Meltzer, 1990; Nordberg, 1992). Um

pequeno número de receptores do tipo 5HT2 foi visualizado no tálamo, exceto no núcleo PF

onde uma intermediária concentração desse receptor pode ser mostrada em ratos e humanos

(Pazos et al., 1985, 1987b). Os níveis de receptores 5HT3 foram considerados baixos nos

núcleos talâmicos (Kilpatrick et al., 1987; Waeber et al., 1988). Receptores 5HT7 foram

identificados em elevada concentração nos núcleos da linha média e intralaminares do tálamo

(Gustafson et al., 1996; Vizuete et al., 1997); a funcionalidade desse receptor, identificado

recentemente, ainda está sendo mais aprofundada, no entanto sabe-se que gera importante

modulação da atividade neuronal, podendo, portanto, ser importante em estratégias

terapêuticas para doenças psiquiátricas (Goaillard e Vicent, 2002). Estudo em um paciente

com lesão talâmica, especialmente, nos núcleos CL, PV e CM revelou deficiência em funções

de atenção e de execução de atividades (Edelstyn et al., 2012). Nesse sentido, é possível

sugerir que as projeções serotonérgicas variadas em quantificação e caracterização

morfológica podem exercer nos núcleos da linha média e intralaminares diversas funções,

especialmente associadas à cognição.

Nessa perspectiva, comparando nossos resultados com a literatura analisada, é visto

que a ordem Rodentia, apesar das variações de fenótipo, história de vida e tamanho cerebral

não reflete grandes alterações da organização nuclear do complexo da linha

média/intralaminares do tálamo, bem como da distribuição serotonérgica nesses núcleos,

reforçando a sugestão de que o sistema serotoninérgico é um sistema de neurotransmissores

antigo e evolutivamente bem conservado (Parent, 1981). Com isso, o presente trabalho

fornece importantes contribuições para compreender a filogenia do sistema serotonérgico.

58

7. CONCLUSÕES

Os resultados do presente trabalho nos permitem chegar às seguintes conclusões com

relação aos núcleos da linha média e intralaminares do tálamo do mocó e às fibras

serotonérgicas neles encontradas:

1. A técnica de Nissl foi eficiente no que tange a delimitação e caracterização

citoarquitetônica dos núcleos da linha média e intralaminares do tálamo do

mocó, assim como a imunoistoquímica contra 5-HT para marcação de fibras

serotononérgicas presentes nesses núcleos.

2. O complexo nuclear linha média/intralaminares do tálamo do mocó evidenciou-

se semelhante ao observado em outros roedores sendo os da linha média

compostos pelos núcleos PV, PT, Re, Rh e IMD e os intralaminares pelos

núcleos CM, PC, CL e PF.

3. A imunorreatividade contra 5-HT mostrou-se presente em fibras/terminais por

toda a região de núcleos da linha média/intralaminares com variação através dos

núcleos. A partir da DOR visualizamos maior marcação de fibras nos núcleos da

linha média em detrimento dos intralaminares. Dentre os da linha média a

marcação seguiu esta ordem: Re, PV, Rh, IMD e PT; nos intralaminares: CL,

CM, PC e PF.

4. As fibras serotonérgicas estão diferencialmente distribuídas ao longo do eixo

rostro-caudal em alguns núcleos da linha média/intralaminares.

5. As fibras serotonérgicas apresentam diferentes padrões morfológicos entre os

diversos núcleos estudados.

59

8. PERSPECTIVAS

O mocó (Kerodon rupestris) vem sendo utilizado como modelo experimental no

Programa de pós graduação em Psicobiologia da UFRN desde 2003 e, no Laboratório de

Neuranatomia, desde 2004. Assim, estudos já foram desenvolvidos com este animal

envolvendo ritmos circadianos e projeções retininianas, por exemplo. Tais estudos geraram,

portanto, produtos como teses de doutorado, dissertações de mestrado e trabalhos de

conclusão de curso, além de publicações em revistas científicas de indexação internacional.

Atualmente, encontra-se em andamento uma pesquisa de doutorado cujo objetivo consiste em

abordar aspectos anatômicos do olho e neuroquímicos da retina do animal, relacionando-os

com o sistema de temporização circadiana.

Em se tratando de pesquisa que envolva mapeamento de centros cerebrais desta

espécie, esta pesquisa é a terceira que trabalha nesta perspectiva, tendo sido recentemente

concluído um trabalho de mestrado que fez a descrição dos núcleos serotonérgicos da rafe e

outro de núcleos dopaminérgicos do mesencéfalo deste animal. No entanto, o nosso é o

primeiro que trabalha com distribuição e caracterização morfológica de fibras serotonérgicas

em núcleos talâmicos de roedores, e mais especificamente, no mocó.

Sendo assim, este trabalho mostrou a similaridade existente entre os núcleos da linha

média e intralaminares do tálamo de mocó e de outros animais (roedores ou não) estudados.

Entretanto, variações na distribuição e caracterização de fibras serotonérgicas através dos

núcleos em questão foram observadas em relação aos demais animais estudados. Isto permite

sugerir diferentes padrões de organização sináptica, consequentemente, mecanismos

funcionais variados da 5-HT em nível talâmico no controle da atividade cortical.

Nesse sentido, nossa pesquisa lançou a perspectiva de aprofundamento de estudos, a

fim de esclarecer ainda mais algumas divergências existentes, assim como algumas lacunas

que surgem no decorrer dos estudos. Com isso, os mecanismos funcionais e a hodologia

devem ser estudados a fim de compreender a fundo as interrelações entre os

neurotransmissores e estruturas anatômicas das varias espécies estudadas.

Assim, faz-se relevante a continuidade de pesquisas no tocante ao sistema

serotonérgico desse animal, bem como caracterização citoarquitetônica das estruturas que o

compõem. Seguem abaixo algumas possibilidades:

60

Caracterização neuroquímica dos núcleos da linha média e intralaminares do

tálamo;

Estudos de morfometria desses núcleos

Estudos hodológicos do sistema serotonérgico envolvendo núcleos da linha

média/intralaminares

Estudo de caráter funcional que busque evidenciar e correlacionar com

respostas biológicas/comportamentais à distribuição e caracterização

morfológica de fibras serotonérgicas

Estudos filogenéticos e ontogenéticos

Contribuir com o “Projeto Atlas” do mocó

61

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