31
BIC Boletim da Indústria e do Comércio Exterior BIC, v. 1, n. 1, out./dez. 2009 DOCUMENTO DE REFERÊNCIA: COMMODITIES INDUSTRIAIS

Padrões de Concorrência nos Setores de Commodities Industriais · Campus da Praia Vermelha, Urca Rio de ... padrões de concorrência e dos fatores determinantes da competitividade

Embed Size (px)

Citation preview

BIC

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

BIC, v. 1, n. 1, out./dez. 2009

DOCUMENTO DE REFERÊNCIA: COMMODITIES INDUSTRIAIS

FICHA TÉCNICA APEX

DAVID KUPFER Coordenador

CARLOS FREDERICO ROCHA Redator

CAROLINA DIAS Gerente Administrativa

SEDE Grupo Indústria e Competitividade do IE-UFRJ

Avenida Pasteur, 250 / sls 105 e 114 Campus da Praia Vermelha, Urca

Rio de Janeiro, RJ - CEP 22.290-240 Tel: 55 21 3873-5268 / Fax: 55 21 2548-8148

www.ie.ufrj.br/gic - [email protected]

BIC

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

1

Documento de Referência:

Commodities Industriais

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

1

APRESENTAÇÃO

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

2

Esse relatório é parte do Boletim de Indústria e Competitividade e tem por objetivo examinar os principais fatores estruturais para a competitividade dos setores de commodities industriais na economia brasileira.

O grupo de setores Commodities Industriais reúne as indústrias de processo contínuo que elaboram produtos homogêneos em grande tonelagem, geralmente intensivos em recursos naturais e energéticos. Engloba as indústrias de intermediários cujo padrão de concorrência é baseado em vantagens de custo. Fazem parte desse grupos as seguintes divisões da Classificação Nacional de Atividades Industriais (CNAE - versão 1.2), listadas na Tabela 1.1.

Esse documento está dividido em três seções. A primeira seção procura fornecer um quadro síntese dos padrões de concorrência e dos fatores determinantes da competitividade para o grupo de Commodities Industriais. A segunda seção faz uma análise da estrutura e características dos setores de commodities industriais no plano mundial. A terceira seção faz um exame desses mesmos elementos para as commodities industriais no Brasil.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

3

Tabela 1 Grupo de Setores de Commodities Industriais

10EXTRAÇÃO DE

CARVÃO MINERAL100 Extração de carvão mineral

111 Extração de petróleo e gás natural

112Serviços relacionados com a extração de petróleo e

gás - exceto a prospecção realizada por terceiros

131 Extração de minério de ferro

132 Extração de minerais metálicos não-ferrosos

141 Extração de pedra, areia e argila

142 Extração de outros minerais não-metálicos

231 Coqueiras

232 Fabricação de produtos derivados do petróleo

233 Elaboração de combustíveis nucleares

234 Produção de álcool

241 Fabricação de produtos químicos inorgânicos

242 Fabricação de produtos químicos orgânicos

243 Fabricação de resinas e elastômeros

244Fabricação de fibras, fios, cabos e filamentos

contínuos artificiais e sintéticos

248Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes, lacas e

produtos afins

261 Fabricação de vidro e de produtos do vidro

262 Fabricação de cimento

263Fabricação de artefatos de concreto, cimento,

fibrocimento, gesso e estuque

264 Fabricação de produtos cerâmicos

269Aparelhamento de pedras e fabricação de cal e de

outros produtos de minerais não-metálicos

271 Produção de ferro-gusa e de ferroligas

272 Siderurgia

273 Fabricação de tubos - exceto em siderúrgicas

274 Metalurgia de metais não-ferrosos

275 Fundição

EXTRAÇÃO DE

MINERAIS

METÁLICOS

Commodities

IndustriaisCI

11

EXTRAÇÃO DE

PETRÓLEO E

SERVIÇOS

CORRELATOS

13

24

FABRICAÇÃO DE

PRODUTOS

QUÍMICOS

14

EXTRAÇÃO DE

MINERAIS NÃO-

METÁLICOS

23

FABRICAÇÃO DE

COQUE, REFINO DE

PETRÓLEO,

ELABORAÇÃO DE

COMBUSTÍVEIS

NUCLEARES E

PRODUÇÃO DE

ÁLCOOL

26

FABRICAÇÃO DE

PRODUTOS DE

MINERAIS NÃO-

METÁLICOS

27METALURGIA

BÁSICA

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

1

SUMÁRIO

1. Padrões de Concorrência e Competitividade nos Setores de Commodites Industriais ........................... 2

2. Estrutura e características dos setores de commodities industriais no plano mundial ........................... 3

2.1 Demanda ................................................................................................................................................ 3

2.2 Acesso à Matéria Prima .......................................................................................................................... 6

2.3 Escala Mínima de Operação ................................................................................................................... 8

2.4 Concentração do Mercado Global .......................................................................................................... 8

2.5 Dinâmica Tecnológica ........................................................................................................................... 11

2.6 Regulação ............................................................................................................................................. 12

3. Caracterização do Setor no Brasil ........................................................................................................... 12

3.1 Demanda .............................................................................................................................................. 13

3.2 Estrutura de Mercado........................................................................................................................... 17

3.3 Matéria Prima ....................................................................................................................................... 19

3.4 Dinâmica Tecnológica ........................................................................................................................... 20

3.5 Regulação ............................................................................................................................................. 20

4. Considerações Finais .............................................................................................................................. 21

Referências ................................................................................................................................................. 23

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

2

1. Padrões de Concorrência e Competitividade nos Setores de Commodites Industriais

Esta seção busca apresentar as evidências coletadas no que se refere aos padrões de concorrência mundiais e às respostas fornecidas no âmbito nacional aos requisitos de competitividade definidos internacionalmente. Trata-se de um quadro resumo que não pretende ser exaustivo, mas apresentar um quadro consolidado para o segmento de commodities industriais no Brasil.

A base analítica para este exame é retirada de Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1995), Kupfer (1998) e Ferraz, Kupfer e Iootty (2004). De acordo com Kupfer (1998), embora englobando uma certa diversidade de bases técnicas e pautas de produtos, os setores produtores de commodities industriais são unidos por regras similares no que diz respeito a como as empresas competem em seus mercados. A principal dessas características comuns é a elevada participação no mercado detida por um número reduzido de firmas, típica das estruturas de mercado do oligopólio homogêneo, com a prevalência de pequena diferenciação de produtos e elevadas escalas técnicas da produção, relativamente aos demais ramos da indústria.

Para estarem bem colocadas na competição, as empresas dos setores de commoditties industriais devem ser capazes de explorar ao máximo todas as fontes de redução de custos, o que implica operar processos tecnologicamente atualizados, apresentar excelência na gestão da produção, montar sistemas eficientes de abastecimento de matérias primas e dispor de logística adequada de movimentação de produtos.

No entanto, a excelência empresarial não é condição suficiente para assegurar competitividade. Os baixos custos unitários surgem como reflexo dos ganhos de escala proporcionado pela alta capacidade de produção que, nesses setores, é favorecida pela natureza da base técnica – processos contínuos de produção. Estes ganhos de escala são potencializados por empresas que exploram mercados mundiais.

Do mesmo modo, é fundamental que as empresas mostrem-se capazes de antecipar o crescimento da demanda ou responderem às oscilações de preço e quantidades, típicas dos mercados de commoditties. Isto implica a necessidade de adoção de estratégias de investimento que levem não somente à criação de capacidade produtiva à frente da demanda, mas também em linhas de produtos complementares, em direção a crescentes níveis de integração produtiva das empresas. Estas fontes de competitividade constituem fortes barreiras à entrada de novos concorrentes. Assim, a possibilidade de novos entrantes nesse grupo está condicionada, mais que em qualquer outro, à ocorrência de um ritmo de expansão da demanda que seja superior à capacidade da indústria estabelecida atendê-la.

Em geral, a produção nesses setores destina-se aos mercados interno e externo. A atração de clientes se dá através do atendimento a especificações técnicas - padronização - e preços baixos. Ainda de modo geral, as empresas são "tomadoras de preços". Os preços, em geral definidos em bolsas internacionais, são extremamente sensíveis às condições de demanda que imperam nos principais países consumidores.

A alta relação capital/produto e a necessidade de investir à frente da demanda para estarem bem posicionadas faz com que a capacidade de mobilizar recursos para investimentos seja decisiva para a manutenção da competitividade das empresas. Nestas condições, porte empresarial e acesso a fontes de financiamento são ativos fundamentais para a competitividade.

Durante a década de 1990, o padrão de concorrência do grupo de commodities industriais vinha sendo influenciado por um quadro de excesso de oferta mundial de commodities industriais, em boa parte decorrente da entrada de países em desenvolvimento como exportadores. Tal fato vinha provocando uma tendência ao acirramento da concorrência internacional, que se materializava na generalização de práticas de dumping, subsídios à produção doméstica e às exportações, medidas protecionistas com crescente ênfase em barreiras técnicas ambientais ou sanitárias, etc. Como resultados, as empresas viam-se obrigadas a adotar estratégias fortemente ofensivas para penetrar em novos mercados ou mesmo manter posições já conquistadas.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

3

Essas condições gerais do mercado mundial pressionavam as estratégias das empresas produtoras de commodities industriais em duas direções distintas. De um lado, no plano produtivo, era crescente a importância da incorporação das práticas de qualidade total e de inovações redutoras de custos. De outro, e mais decisivo, embora restringida pela natureza fortemente homogênea dos produtos, a trajetória de evolução da competitividade apontava para a busca de diferenciação através do aumento do valor agregado dos produtos comercializados, o chamado enobrecimento dos produtos. Esta diferenciação pode se dar pelo aumento do conteúdo tecnológico dos produtos, no atendimento a especificações particulares dos clientes ou ainda pela prestação de serviços ou mesmo pela realização de investimento suplementares.

De modo similar, também no plano comercial, o desenvolvimento dos canais de comercialização para acessar os mercados internacionais ganhou importância ao longo da década de 1990 como um fator cada vez mais crítico para o sucesso das empresas. Embora de modo geral favoreçam as empresas que já acumularam experiência no comércio internacional, algumas transformações nos padrões de comércio que ocorreram nessa época causaram impactos importantes. Dentre essas transformações, destaca-se a tendência de aproximação entre produtor e cliente através da realização de joint-ventures ou outros acordos comerciais duradouros como requisito para viabilizar o acesso aos mercados locais, em particular, dos países asiáticos, que são os que apresentam maior dinamismo na atualidade. Nesses casos, a necessidade de realização de investimentos em infra-estrutura de armazenamento ou transporte ou ainda em redes de distribuição no país receptor beneficia as empresas que reúnem condições financeiras e gerenciais para se internacionalizarem.

2. Estrutura e características dos setores de commodities industriais no plano mundial

2.1 Demanda

Os setores de commodities apresentam produtos destinados à demanda intermediária, pertencendo à base de suas cadeias produtivas. A Tabela 2 mostra que apenas uma pequena parcela de um grupo selecionado de produtos tem como destino o consumo final. Nesse caso, tem forte influência o segmento de embalagens. Por conseguinte, na maior parte dos casos, a capacidade de diferenciação é reduzida, ainda que diferenças na qualidade do produto possam ser percebidas. Mais importante, sua demanda tem grande dependência do nível de atividade da economia de uma maneira global e do comércio exterior, quando indústrias nacionais isoladamente são analisadas isoladamente.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

4

Tabela 2 Consumo dos Produtos de Segmentos Selecionados, 2007, Mundo (%)

Industriais Consumo Final

Co

nst

ruçã

o

Tran

spo

rte

Elét

rico

Maq

uin

aria

Liga

s

Qu

ímic

a

Ou

tro

s

Emb

alag

em

Ou

tro

s

Siderurgia 44 17 15 8 4 12

Alumínio 15 35 8 10 5 20 7

Cobre 39 10 22 14 15

Chumbo 80 2 8 10

Níquel 23 14 8 10 26 19

Zinco 45 25 7 23

Cimento 74 20 6

Vidros 16 10 11 58 5

Fonte: UBS, 2008 , UK Glass Manufacture 2008.

Nesse sentido, a recente expansão chinesa vem servindo como base de expansão dos setores que têm maior exposição ao comércio internacional. Isso pode ser percebido quando se analisa a taxa de crescimento de alguns mercados. O Gráfico 1 apresenta a demanda chinesa por alguns recursos naturais. Percebe-se que a sua participação na demanda por aço mais do que dobra nos últimos 10 anos. O crescimento do mercado mundial siderúrgico entre 2002 e 2007 atingiu 8,3% ao ano, sendo que a taxa de crescimento da produção chinesa foi de 19% a.a., contra 2,1% a.a. dos países desenvolvidos.

Gráfico 1 Participação da Demanda Chinesa nos

Mercados de Aço, Cobre e Petróleo, 1960-2008

Fonte: UBS, 2008.

É esperado que esse crescimento se mantenha pelos próximos anos, acentuando-se a participação chinesa e de outros países em desenvolvimento. O Gráfico 2 apresenta um resumo dessa tendência, denotando que os países em desenvolvimento terão participação de mais de 60% do mercado de metais em 2022.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

5

Gráfico 2

Participação dos Países em Desenvolvimento na Demanda Global,

Atual e Esperada, 2002-2022

Fonte: UBS, 2008.

O ganho de importância da China na demanda de commodities industriais é acompanhado de uma mudança na composição setorial da demanda. Enquanto os países desenvolvidos têm demandas mais associadas à produção de bens de consumo, no caso chinês a demanda está mais relacionada com investimentos em infraestrutura. Isso cria diferenças nos insumos intermediários demandados. Um exemplo é o caso da siderurgia em que, de acordo com De Paula (2009), estruturas de consumo menos desenvolvidas como a chinesa são mais intensivas em aços longos e menos intensivas em aços planos. Contudo, é importante enfatizar que a tendência chinesa de liderar o crescimento do consumo de commodities industriais é acompanhada de maior ênfase na importação de recursos naturais do que de produtos transformados. Um exemplo pode ser dado pela cadeia siderúrgica. No caso de minério de ferro, a China saiu de importação de cerca de 52 milhões de t/ano, em 1998, para 384 milhões de t/ano, em 2007. Em comparação, a China importava, em 1998, oito t/ano de aço e passou a exportar 52 t/ano, em 2007. Sob esse ponto de vista, as perspectivas de demanda externa por materiais metálicos parecem ser mais promissoras na área de mineração do que na área da indústria de transformação. Os setores de Minerais Não Metálicos apresentam menor tendência à comercialização. Esse parece ser o caso do cimento, de alguns dos segmentos de vidros e de cerâmicos para revestimento. No caso de cimento, o alcance da produção de uma determinada unidade fabril é limitado a um raio de 300 km a 500 km, após o qual o valor do frete passa a representar cerca de 20% do custo do produto. Assim, o comércio internacional de cimento representa pouco menos de 7% do total da produção mundial. O cimento é utilizado principalmente na construção civil, em edificações habitacionais e industriais. Ainda que existam substitutos, o produto parece o que apresenta maior flexibilidade de uso, podendo ser utilizado para diversos fins (ver Rocha et al, 2009). Os segmentos de vidro apresentam características parecidas, principalmente atreladas à disponibilidade de matérias primas (que será examinada a seguir) e à baixa relação preço/peso do produto. Ainda assim alguns segmentos de vidros especializados e de cerâmicos de revestimento podem ter sua produção comercializada internacionalmente, sempre que a relação preço/peso seja mais favorável e a importância concedida a características do produto e design seja maior. No caso da Química Básica, três características podem ser destacadas: (i) o elevado grau de interdependência dentro da cadeia, o que a torna, como será visto abaixo, bastante relevante a definição da consolidação patrimonial da cadeia produtiva; (ii) a exportação de excedentes praticada por toda a indústria mundial; e (iii) a trajetória tecnológica existente de criação de produtos para a substituição de outros materiais em diversos setores da economia (ver Rocha et al, 2009).

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

6

A integração produtiva dá contornos bastante interessantes à demanda da Química Básica, em decorrência da elevada dependência entre os estágios produtivos. Assim, por exemplo, o principal uso do eteno, produto mais importante do grupo de petroquímicos básicos, são as resinas (59% do total da produção). As resinas são destinadas à produção de embalagens (polietilenos e PET) para a indústria de alimentos e agricultura, peças automotivas e eletroeletrônicos (polipropileno); materiais de construção (PVC). Nos países em desenvolvimento, este efeito de redução do consumo de plásticos no longo prazo será menos importante do que nos países desenvolvidos. Um exemplo é o caso brasileiro que apresentou um consumo per capita de resinas de apenas 26,1kg/hab., em 2007. Se o PIB/hab. se ampliar para US$ 13.000 em 2022 (crescimento acumulado de 54,8% em relação ao PIB/hab. atual), o consumo poderá ser de 40,3 kg/hab, ampliando substantivamente a demanda de resinas no longo prazo

1.

2.2 Acesso à Matéria Prima

A importância do acesso à matéria prima é uma das características fundamentais da indústria de mineração. No geral, essas atividades apresentam custos crescentes associados à facilidade do acesso ao minério e à pureza do minério obtido na medida em que se amplia a produção. O Gráfico 3 ilustra essa característica para o minério de ferro. Pode-se perceber que, na medida em que se caminha para minas marginais os custos de mineração, pelotização, transporte e processamento do minério aumentam em distintas medidas. Assim, a mina de maior custo tem custos de mineração, processamento, transportes e pelotização mais elevados do que as minas mais rentáveis.

Gráfico 3

Custo Cash de Produção de Minério de Ferro US$ por Tonelada

O petróleo também tem uma situação parecida. Bicalho et al (2009) chamam a atenção para dois elementos fundamentais nos movimentos de elevação do preço do petróleo no passado recente (anterior à crise econômica internacional). O primeiro é o aumento do custo de encontrar reservas ou recuperar poços já utilizados (ver Gráfico 4). Tem papel relevante nesse caso a localização de novos reservatórios em águas ultra-profundas, envolvendo custos crescentes de desenvolvimento. O segundo é o aumento da participação de petróleo ultra-pesado e areia betuminosa no total do petróleo produzido (ver 0).

1 Ver Hasenclever e Antunes (2009) para um detalhamento da demanda dos demais produtos de Química Básica

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

7

Gráfico 4

Evolução do custo de desenvolvimento e finding de novas reservas e de recuperação de reservas de petróleo, 2002-2006

Fonte: DOE.

Gráfico 5

Produção Atual e Esperada de Areia Betuminosa e Óleo Ultra-Pesado

Fonte: BP.

A principal diferença entre o segmento de metalurgia e o de minerais não metálicos é a distribuição mais uniforme de matérias primas como calcário, gesso, areia e argila. Assim, não a comercialização internacional de matéria prima não parece ser tão freqüente, principalmente em decorrência da baixa razão preço-peso, que inviabiliza o transporte de longa distância. Assim, o mais relevante é o controle fontes de matérias primas próximas ao mercado consumidor. No caso da Química Básica, as matérias primas também representam um papel central. Na cadeia petroquímica, as principais matérias primas são controladas, em sua maior parte, por operadoras de petróleo, verticalizadas na direção do refino. Assim, a concorrência pela faixa de carbono do nafta com a gasolina e pelo gás natural com as termelétricas torna o controle da matéria prima central para a obtenção de bom desempenho no mercado. Esse problema pode ser crônico na medida em que a expansão da fronteira do petróleo ocorre em direção a áreas de petróleo mais pesado. Ao mesmo

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

8

tempo, a necessidade de reduzir o risco de mercado de suas operações faz com que algumas operadoras de petróleo venham a trabalhar para verticalizar suas operações a jusante. Deve-se ainda considerar que a proximidade com matérias primas como gás natural traz vantagens a operações em localidades mais ricas nesse hidrocarboneto. Como conseqüência, operações localizadas no Oriente Médio tendem a ter importantes vantagens de custo em relação a operações fora dessa região. Pode-se assim definir o acesso à matéria prima como um componente fundamental do processo de concorrência dos segmentos de commodities industriais em dois sentidos. Em primeiro lugar, a disponibilidade de recursos naturais influencia a estrutura, constituindo-se em relevante barreira à entrada e concedendo vantagens de custos a empresas detentoras dos direitos de minas. Em segundo lugar, o acesso ou escassez de matéria prima define a conduta dessas empresas em três sentidos: (i) na forma de redução de desvantagens de custos, a partir da busca de redução de custos por investimentos em infraestrutura de transportes e na busca de inovações de processos; (ii) no estímulo à aquisição e fusão de empresas detentoras dos direitos sobre as minas existentes; e (iii) na imposição de uma forma de apreçamento associada à qualidade da mina, em que o preço será determinado pelo custo da mina marginal e as rendas pela qualidade dos recursos explorados tanto no que se refere à localização, infraestrutura e qualidade do metal

2.

2.3 Escala Mínima de Operação

A escala de operação eficiente das unidades produtivas da maior parte dos segmentos de commodities tende a ser elevada. Haguenauer e Antunes (2009) chamam a atenção para a importância da escala mínima de operação na Química Básica. A tendência é de crescimento da escala de operação a cada nova geração de petroquímica ou outros processos de química inorgânica. Ferraz (2009) chama a atenção de que a elevada intensidade em capital fixo e a longa maturação dos investimentos, somadas às elevadas escalas técnicas de produção que exigem um aporte significativo de capital, estão entre as principais barreiras à entrada do setor de cimento. Buarque de Holanda (1999) ressalta a importância da intensidade de capital como barreira à entrada no setor de vidros planos. Papel semelhante é representado pelo volume de investimentos em siderurgia e pelas dificuldades logísticas na área de mineração. A siderurgia também aparece como tendo na escala um dos principais determinantes de barreiras à entrada.

2.4 Concentração do Mercado Global

A escala de operação desses setores pode conduzir à concentração em mercados nacionais. Contudo, a elevada concentração desses setores no mercado global (ver Gráfico 6) não pode ser tida como conseqüência da escala mínima ótima no tamanho da unidade de produção, muito menos das necessidades de investimento. A estrutura de mercado dos setores de commodities industriais tem sido fortemente afetada por processos de fusões e aquisições que determinaram forte concentração da produção de alguns dos principais metais. As economias de escala no nível da firma principalmente associadas à constituição de uma infraestrutura de comercialização e a tentativa de obtenção de poder de mercado no mercado internacional parecem ser conducentes dessa trajetória.

2 Ver http://www.minecost.com/dynamic.htm para exemplos de outras atividades de mineração em que essa

estrutura de custos está presente.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

9

Gráfico 6

Concentração da Produção de Mercados Mundiais Selecionados

Fonte: UBS, 2008.

No caso de minério de ferro, destacam-se as aquisições da Rio Tinto (North, que era proprietária da Robe River e Iron Ore of Canada) e da Companhia Vale do Rio Doce (Socoimex, Samitri/Samarco, Ferteco e Caemi). Como conseqüência, a participação das três maiores companhias – Vale, Rio Tinto e BHP Billiton – no chamado “comércio transoceânico” de minério de ferro passou de 58% (em 2000) para 74% (em 2007). O grau de concentração deste mercado poderia se elevar ainda mais, caso a BHP Billiton não tivesse desistido recentemente da tentativa de aquisição hostil da Rio Tinto. Contudo, o Gráfico 7 mostra que as transações de compra e venda de ativos das cinco maiores empresas também tiveram como objetivo uma diversificação no negócio de mineração, com empresas antes especializadas em alguns minérios entrando fortemente na produção de outros. Como conseqüência, o mercado de minérios se tornou mais concentrado. Isso pode ser visto no exame do Gráfico 6

3. Além

disso, empresas antes especializadas passaram a ter orientação mais diversificada, atuando em diferenças indústrias.

3 A concentração explicitada no gráfico é da produção. Não trata da concentração do comércio internacional, bem

maior e dominada pelos grandes players tratados no Gráfico 7 e Gráfico 6.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

10

Gráfico 7

Fusões e Aquisições das Principais Mineradoras Diversificadas

Fonte: UBS, 2008.

A siderurgia também enfrentou um forte processo de fusões e aquisições (Gráfico 8). Esse processo parece ter sido induzido por três principais razões (ver De Paula, 2009):

(i) A obtenção de economias de escala mediante a especialização de unidades produtivas;

(ii) A tentativa de compensar os efeitos de tamanho dos encadeamentos a jusante e a

montante. Neste último aspecto, é interessante ressaltar que a siderurgia se encontra imprensada entre dois oligopólios bastante fortes. Pelo lado da oferta de insumos, a siderurgia se encontra dependente da produção de minério de ferro, fortemente concentrada, conforme demonstra o Gráfico 6. Pelo lado da demanda, a siderurgia aparece dependente da indústria automobilística, responsável por 22% da demanda em países desenvolvidos (ver Tabela 2); e

(iii) O ganho de diversificação geográfica como forma de garantir vantagens de custo e,

principalmente, evitar barreiras não tarifárias. Nesse último caso, empresas podem associar a especialização na produção de semi-acabados de unidades de produção próximas às fontes de matéria prima com a especialização em laminados de unidades de produção próximas ao mercado consumidor.

Apesar do forte processo de fusões e aquisições, a siderurgia mundial não avançou muito no processo de concentração. A principal razão para esse fenômeno está associada à abertura de novas empresas

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

11

siderúrgicas na China. Assim, enquanto o número de empresas da indústria mundial, exclusive China, caiu de 76, em 2002, para 66, em 2007, o número de empresas siderúrgicas chinesas aumentou de 34 para 63, no mesmo período.

Gráfico 8

Fusões e Aquisições na Siderurgia

Fonte: UBS, 2008.

No caso dos Minerais Não Metálicos, a expansão de empresas multinacionais a operações em novos países tem historicamente determinado a concentração internacional do setor. Deve-se observar, no entanto, que o nível de concentração de cimento, em decorrência das dificuldades relatadas para sua comercialização, ainda está entre os mais reduzidos entre os segmentos que compõem as commodities industriais (ver Gráfico 6). Sob o ponto de vista da dinâmica tecnológica, os setores de Metalurgia são maduros. Os dispêndios em P&D tendem a ser reduzidos e as trajetórias tecnológicas tendem a estar associadas à melhoria de processos produtivos, sendo a tecnologia incorporada em equipamentos central para o desempenho eficiente das funções. Nesse caso, a idade dos equipamentos parece ser fundamental para o desempenho produtivo das empresas.

2.5 Dinâmica Tecnológica

Os setores de commodities industriais são tecnologicamente maduros. Isso significa que não devem ser esperadas grandes transformações em sua estrutura ou em seu crescimento provenientes de introdução de inovações radicais. Seus gastos em P&D são reduzidos relativamente aos segmentos de ponta e seu grau de inovação também (ver Rocha et al, 2009).

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

12

A principal fonte de inovações da maior parte dos setores de commodities industriais é o setor de bens de capital. Assim, o nível de eficiência de um parque industrial tende a estar associado a sua idade relativa aos parques mais modernos. Existem, contudo, duas trajetórias que aparecem como relevantes para esses segmentos. A primeira é derivada pela necessidade de acesso à matéria prima. Em decorrência da escassez de matéria prima, a tentativa de processamento com novos materiais pode ser uma importante forma de introdução de inovações. Um exemplo dessa característica é dado pelo setor de petroquímica, em que trajetórias alternativas têm sido buscadas por meio da alcoolquímica e da transformação de petróleo pesado. São especialmente importantes, nesse caso, os investimentos da Petrobras no COMPERJ na transformação direta de petróleo pesado em eteno, por intermédio do craqueamento de cadeias de carbono. Outra trajetória tecnológica importante deriva da necessidade de atendimento a exigências ambientais. Quatro situações podem ser consideradas relevantes. Primeiro, a necessidade de controle de operações de mineração que exigem exploração de grandes áreas, com impactos ambientais claros. Segundo, o controle de emissões e efluentes. Terceiro, a necessidade de redução do uso de recursos naturais, principalmente pela operação mais eficiente no uso da energia. Quarto, o atendimento a requisitos ambientais impostos por legislação. Um exemplo dessa exigência é o Registro, Avaliação e Autorização de Substâncias Químicas (REACH), legislação da União Européia, que obriga a realização de inventário do conjunto de substâncias químicas utilizadas na produção, exigindo rastreabildade.

2.6 Regulação

Sob o ponto de vista de regulação, duas situações são particularmente relevantes. Em primeiro lugar, a legislação ambiental. Um exemplo desse tipo de legislação é o REACH citado acima. Contudo, outro ponto a ser atentado pelos segmentos de commodities, principalmente aqueles mais envolvidos no comércio internacional é a crescente tendência internacional de monitorar as conseqüências de grandes projetos sobre as emissões de carbono. Nesse sentido, a exploração e uso de grandes áreas de florestas deve ser acompanhada por compensações que procurem zerar o conteúdo de emissão de carbono do projeto.

Em segundo lugar, deve-se chamar a atenção para os efeitos de barreiras não tarifárias na comercialização de alguns produtos. Um exemplo claro disso é o que ocorre com o aço, que tem sua comercialização impedida por barreiras não tarifárias em diversos países, o que obriga a exportação de semi-acabados ou diretamente de minério de ferro. No caso de semi-acabados, a conseqüência principal é a necessidade de conjugação de produção para exportar nos países mais ricos em recursos naturais com acordos de comercialização ou diretamente produção de laminados nos países receptores do aço.

3. Caracterização do Setor no Brasil

Os segmentos de commodities industriais representam 12,6% do pessoal ocupado, 31% do valor bruto da produção e 36% do valor da transformação industrial da indústria brasileira (ver Gráfico 9). Esses dados mostram a baixa intensidade de mão de obra de sua operação. Ao mesmo tempo, deixam transparecer a elevada produtividade do trabalho relativamente aos demais setores da indústria. Como pode ser observado no Gráfico 10, existe, no entanto, grande heterogeneidade no nível de produtividade entre os setores. Os segmentos de Química Básica, Petróleo, Mineração de Metálicos e Mineração de Não Metálicos apresentam produtividade muito superior à média nacional. Contudo, o setor de Minerais Não Metálicos tem uma produtividade média do trabalho bem inferior. Isso se deve à presença de alguns segmentos que se dirigem diretamente à demanda final e que apresentam tecnologias mais intensivas em mão de obra e agregam menos valor, como o setor de fabricação de produtos cerâmicos.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

13

Gráfico 9

Participação das Commodities Industriais no Pessoal Ocupado, Valor Bruto da Produção e Valor Adicionado da Indústria de Mineração e Transformação, Brasil, 2006, Percentagem

Fonte: IBGE, PIA .

Gráfico 10

Produtividade das Commodities Industriais, Valor Adicionado/Pessoal Ocupado, mil reais por trabalhador, Brasil, 2006

Fonte: IBGE, PIA.

3.1 Demanda

A demanda é o principal elemento definidor do comportamento dos setores de commodities industriais. O exame dos setores analisados permite avaliar duas tendências bastante distintas quanto às

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

14

características estruturais da demanda. De um lado, estão os segmentos que têm sua dinâmica determinada pela demanda externa; de outro, estão aqueles voltados para a demanda interna. Nessa primeira categoria estão os setores voltados para a mineração de metálicos, enquanto petróleo, química básica e minerais não metálicos são mais dependentes da demanda interna. No caso dos minerais metálicos deve-se ainda distinguir dois padrões. Em alguns segmentos como minério de ferro, existem fortes encadeamentos a jusante que produzem, para a siderurgia, um ambiente em que a expansão do mercado interno pode propiciar importante força de expansão. Em outros segmentos, como o de minerais metálicos não ferrosos, há encadeamentos a jusante mais frágeis e sua lógica é predominantemente externa. A Extração de Minério de Ferro no Brasil teve como foco o atendimento ao mercado externo e de maneira residual o destino da produção para a siderurgia brasileira (ver Gráfico 11). Nos últimos anos, a expansão da demanda vem sendo liderada pela China, cujo consumo de minério de ferro representava, em 2007, cerca de um terço do consumo mundial e a produção representava cerca de um quinto da produção mundial. Isso resultou em um forte ritmo de expansão da produção de minério de ferro no Brasil.

Gráfico 11

Produção e Exportação de Minério de Ferro, 2000-2007 (milhões de toneladas)

0

50

100

150

200

250

300

350

00 01 02 03 04 05 06 07

Exportação Produção

Fonte: UNCTAD, Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS)

Um comportamento semelhante pode ser observado na cadeia do alumínio, em que a maior parte da produção é exportada, conforme pode ser visto no Gráfico 12. O gráfico também auxilia na compreensão de uma dinâmica básica adotada pelo setor no Brasil. A produção de bauxita é vendida quase integralmente para o mercado interno e processada em alumina. No caso de alumina, mais de 50% de sua produção é exportada, deixando um percentual mais reduzido para a produção de alumínio primário. O alumínio primário, por sua vez, tem cerca de metade de sua produção exportada. Logo, existe uma tendência de localização do primeiro processamento próximo à mina, mas a produção de alumínio já pode ser realizada mais próxima do mercado consumidor. Finalmente, a exportação do alumínio primário irá depender de outras condições, como a disponibilidade de energia elétrica a custos competitivos que serão tratadas mais à frente. Outros metais não ferrosos como o níquel e o cobre tem sua dinâmica de produção no Brasil determinada fortemente pelo mercado externo. Nesse caso, mais uma vez a China tem importância dominante.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

15

Gráfico 12

Produção e Exportação de Bauxita, Alumina e Alumínio, Brasil, 2007

Fonte: ABAL.

A siderurgia, no entanto, não tem sua dinâmica definida pelo mercado externo. O Gráfico 13 deixa perceber que o mercado predominante da siderurgia é o doméstico. O papel do mercado externo estaria associado a atenuar as flutuações cíclicas internas. Ao mesmo tempo, o mercado internacional é especializado em produtos de menor valor agregado, ou seja, a exportação brasileira é caracterizada predominantemente por produtos semi-acabados, enquanto os laminados são praticamente exclusividade do mercado nacional (ver Rocha et al, 2009). É importante nesse caso mencionar também que, em razão das tarifas de importação vigentes, da estrutura industrial especializada (ver seção abaixo sobre a especialização das unidades de produção) e do elevado custo de internação, a siderurgia pratica preços no mercado interno superiores aos praticados no mercado externo, sendo, portanto, o mercado doméstico seu alvo preferencial. A demanda por produtos siderúrgicos no país segue um padrão de distribuição no tecido produtivo próximo ao dos países desenvolvidos. Assim, a participação da construção civil atinge apenas 30% da demanda doméstica por produtos siderúrgicos, seguido pela indústria automobilística com 27% e da indústria de bens de capital com 21%. Isso faz com que os aços planos prevaleçam sobre os aços longos no direcionamento de produtos para o mercado brasileiro (ver Rocha et al, 2009). Esse tipo de caracterização do consumo pode ser estendido aos demais segmentos de minerais metálicos, associando sempre o mercado doméstico a um perfil parecido com aquele presente em países desenvolvidos. Deve-se ter em conta, contudo, que esse padrão se refere à distribuição setorial do consumo, mas não ao nível de consumo per capita, ainda muito inferior àquele presente nos países desenvolvidos.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

16

Gráfico 13

Fabricação de Aço Bruto e Produtos Siderúrgicos, Exportação e Importação de Produtos Siderúrgicos,

Brasil, 2000-2007 (milhões de toneladas)

0

5

10

15

20

25

30

35

00 01 02 03 04 05 06 07

Exportação Importação

Aço Bruto Produtos Siderúrgicos

Fonte: IBS

Os limites de crescimento do mercado interno devem, contudo, levantar uma questão importante quanto ao potencial de exportação. Nesse caso, a expansão do setor está restringida à exportação de produtos semiacabados, sempre associada ao estabelecimento de produção de laminados ou de associações com empresas no exterior. Isso implica que a expansão de mercado pela exportação está limitada a produtos de menor valor agregado e envolve a necessidade de o setor internacionalizar sua produção. Mineração e Fabricação de Não Metálicos é o que apresenta a maior dependência do crescimento do mercado interno. O cimento é reconhecidamente um produto de reduzida capacidade de comercialização. No caso brasileiro, menos de 3% da produção é exportada. Logo, o mercado interno é efetivamente o destino da produção de cimento. Em razão de seu reduzido grau de comercialização e da grande relevância do consumo de minerais não metálicos pela construção civil, a dinâmica de expansão do segmento parece estar atrelada às condições que determinam a expansão da construção civil e do investimento em infraestrutura no Brasil. Nesse caso, o crescimento do PIB parece ser um importante determinante da expansão da demanda, junto com as condições de financiamento e das políticas habitacional e de infraestrutura. Como colocado acima, a Química Básica pode ser caracterizada como predominantemente voltada para o mercado interno. Apesar de exportar, seu balanço comercial é deficitário. No que se refere ao mercado interno é importante enfatizar que a elasticidade-renda da demanda por petroquímicos é maior do que um (ver Hasenclever e Antunes, 2009). Esse potencial faz com que a estratégia de foco no mercado interno seja possível. Duas questões devem ser ponderadas a esse respeito. A primeira é a capacidade de encadeamento a jusante das empresas brasileiras. Para uma adequada expansão setorial, é necessária a existência de demandantes integrados. A segunda dificuldade está relacionada com a incapacidade de o segmento se integrar, mas apresenta uma qualificação adicional no que se refere o consumo a jusante. A demanda por produtos substitutos de outros materiais no Brasil ainda está pouco desenvolvida. Embora isso possa aparentar um potencial, a existência de substitutos próximos a baixo custo e, principalmente, a incapacidade de a indústria de plásticos localizada a jusante gerar essa demanda, levantam dúvidas sobre o real aproveitamento desse potencial.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

17

No caso do mercado externo para a Química Básica, ele parece consistir em mais uma ameaça do que em uma oportunidade. A ameaça surge em razão da entrada em operação de novas unidades no Oriente Médio e na China, normalmente associadas a insumos de melhor qualidade e a preços inferiores e a novas plantas com escala produtiva maior e, em decorrência, mais eficientes.

3.2 Estrutura de Mercado

As estruturas de mercado dos setores de commodities industriais no Brasil, em decorrência da elevada escala mínima ótima vis a vis o tamanho do mercado nacional, são geralmente concentradas. Um exemplo dessa característica é o setor siderúrgico que tem uma estrutura compatível com as características da indústria internacional. O Gráfico 14 mostra a concentração do mercado por empresa no Brasil para o setor siderúrgico. Fica claro que ArcelorMittal, Gerdau, CSN e Usiminas dominam o mercado nacional. Essa estrutura mantém-se concentrada em razão da escala do mercado nacional e de um conjunto de transações durante esta década que modificou o setor. A criação da ArcelorMittal Brasil (derivada da transação já comentada) e a compra de participação da Gerdau na Aços Villares foram as principais transações no setor siderúrgico. Nesse caso, quebrou-se uma característica tradicional da indústria de especialização das empresas por produto. A ArcelorMittal Brasil passou a congregar tanto ativos de aços longos (Belgo-Mineira) quanto de aços planos (Companhia Siderúrgica de Tubarão e Vega do Sul). Como conseqüência, a CSN decidiu ingressar no mercado de aços longos. De outra parte, a Gerdau já manifestou o interesse de passar a produzir aços planos a partir da Gerdau Açominas. Observa-se, assim, uma tendência de as siderúrgicas ampliarem seu leque de atuação para além do seu segmento de mercado original. Deve-se colocar, no entanto, que a entrada de duas novas empresas no segmento de aços longos, Sinobrás e Cisam, serve como uma força nova em direção à descentralização. No primeiro caso, configura-se como integração vertical a montante da distribuidora Aços Cearense. Consiste de uma usina com capacidade anual de 300 mil toneladas, localizada em Marabá (Pará), sendo que a aciaria começou suas atividades em maio e a laminação, em setembro. A Cisam, que pertence à relaminadora Ciafal, inaugurou uma aciaria (com capacidade de 200 mil toneladas anuais), em junho, em Pará de Minas (Minas Gerais). Considerando que a Ciafal já possuía altos-fornos e laminação, o investimento possibilitou que a cadeia produtiva se tornasse totalmente integrada.

Gráfico 14

Participação de Mercado por Empresa, Siderurgia, Brasil, 2008

Fonte: IBS.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

18

O mercado de minério de ferro é dominado pela Vale do Rio Doce. Após a sua privatização a Vale estendeu seu poder por meio da aquisição da Socoimex, da Samitri, da Ferteco e da Caemi, consolidando sua posição de liderança na indústria brasileira de minério de ferro. Deve-se enfatizar, no entanto, que a recente alta dos preços (anterior à crise financeira internacional) provocou a verticalização à montante das siderúrgicas. Exemplos desse movimento podem ser dados pela aquisição da J. Mendes pela Usiminas, da London Mining Brasil pela ArcelorMittal e da Companhia de Fomento Mineral pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A concentração de mercado na cadeia do alumínio também se mantém elevada (ver Gráfico 15). Essa organização é conseqüência de uma série de transações que mantêm associações (joint ventures) das empresas líderes do setor mineração nos segmentos a montante de bauxita e alumina. A MRN, principal produtora de bauxita no país, tem em sua estrutura proprietária Vale (40%), BHP Billiton (14,8%), Alcoa (13,6%), Alcan (12%), CBA (10%), Norsk Hydro (5%) e Abalco (4,6%). A Alunorte é responsável por 60% da produção nacional. Sua composição acionária é formada pela Vale (57,3%), Norsk Hydro (34%), Nippon Amazon Aluminium (4%), CBA (3,6%) e Japan Alunorte Investment (1%). A Alcoa é a segunda maior produtora com 15% da produção nacional. A produção de alumínio primário apesar de mais descentralizada ainda é bastante concentrada com uma razão de concentração a quatro empresas superior a 90% (repare que a Valesul e a Albras são Vale do Rio Doce).

Gráfico 15

Parcelas de Mercado da Cadeia do Alumínio

Fonte: ABAL.

Nos mercados de Minerais Não Metálicos, a relação é dicotômica. Nos segmentos de produtos mais homogêneos como o cimento e os vidros planos, a concentração é bastante elevada. No mercado de vidros, a CEBRACE, joint venture entre Pilkington e Saint Gobain e a Guardian são as únicas produtoras de vidro float. No caso do cimento, o mercado é dominado pela Votorantim que detém mais de 40% da produção (ver Gráfico 16).

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

19

Gráfico 16

Parcelas de Mercado das Empresas de Cimento, Brasil, 2007

Fonte: SNIC.

A escala empresarial também é um dos principais determinantes da competitividade na Indústria de Química Básica. Esse fator tornou-se um grande problema para a Química Básica brasileira que teve sua estrutura proprietária fragmentada pelos processos de privatização da década de 1990. Assim, durante a última década a petroquímica brasileira procurou consolidar a estrutura proprietária da indústria, resultando em dois grandes conglomerados: a Braskem e a Quattor. Essa iniciativa objetivou, por um lado, ampliar seus sítios produtivos, por outro, incrementar o nível de integração vertical upstream em direção à central de matérias primas. Assim, após a consolidação a Braskem passou a ocupar o espaço de terceira maior empresa petroquímica nas Américas, enquanto a Quattor ocupa a sétima posição

4.

Entretanto, conforme ressaltam Hasenclever e Antunes (2009), as duas empresas ainda detêm tamanho muito aquém das líderes mundiais. Aparentemente, três tipos de iniciativa parecem estar presentes para reduzir esse problema. O primeiro são as iniciativas de fusão entre a Quattor e a Braskem, que vêm sendo anunciadas recentemente e que encontram processos junto ao CADE. A segunda se constitui no processo de internacionalização produtiva em curso pela Braskem que já mantém algumas unidades produtivas no exterior e pretende aumentar. A terceira é a entrada da Petrobras no segmento petroquímico, através do projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – COMPERJ. Recentemente, existe iniciativa por parte desses três agentes (Quattor, Braskem e Petrobras) no sentido de consolidar a integração do COMPERJ com a participação de todos.

3.3 Matéria Prima

Conforme ressaltado acima, a qualidade e o preço da matéria prima consistem em elementos diferenciadores dos setores de commodities industriais. Os segmentos de commodities industriais no Brasil apresentam realidades bastante distintas em relação a esse aspecto. No caso do minério de ferro, há enormes vantagens de custo e qualidade do Brasil. Assim, a empresa líder nacional, Vale do Rio Doce, parece manter liderança internacional em custos. Os ajustes necessários a partir da crise financeira internacional foram realizados de duas maneiras. Em primeiro lugar, pela redução do preço; em segundo, pela retração das vendas das empresas concorrentes. Uma realidade diferente é presenciada pela cadeia do alumínio. A disponibilidade de alumínio na China é suficiente para o consumo interno. Assim, a retração do consumo mundial durante a crise internacional parece ter afetado a cadeia de maneira mais forte. Além do mais, as vantagens de

4 Formada a partir da junção da Suzano Petroquímica (15ª posição em 2006), Rio Polímeros (10ª oitava) e da

Polietilenos União (33ª).

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

20

qualidade da bauxita não são tão claras. Contudo, cada etapa da cadeia parece afetada de maneira diferente de acordo com a sua facilidade de comercialização. A proximidade com a mina é fundamental na produção de bauxita. A coordenação dessa produção com a existência de energia elétrica é central para a obtenção de alumina. Já a produção de alumínio tem como principal atrativo o mercado final e o acesso à energia elétrica a custos reduzidos. No cenário atual, o custo de energia elétrica é crescente no mundo, mas também no Brasil. Ademais, existe dificuldade crescente de encontrar fontes abundantes de energia barata, em parte restrita por questões ambientais que serão trabalhadas mais adiante nessa seção. Nesse caso específico, para o Brasil, é de especial importância o controle das fontes de energia elétrica, insumo bastante relevante para a produção de alumina e alumínio. A indústria de Química Básica parece ser a mais afetada pelas dificuldades de acesso à matéria prima. Entre as matérias primas mais importantes para o setor petroquímico, destacam-se a nafta petroquímica e o condensado, o gás natural, os hidrocarbonetos leves de refinaria, as frações pesadas, e a biomassa. Para um horizonte de médio prazo, pode-se afirmar que a disponibilidade de matérias primas no Brasil será limitada e as expansões de produção da IQB deverão se apoiar em fontes diversificadas. A capacidade de oferta da nafta crescerá, mas não o suficiente para atender a demanda de investimentos petroquímicos, apesar dos acréscimos na capacidade de refino. Sua maior restrição será até 2010, quando entrarão em operação novas refinarias. A matéria prima mais utilizada continuará a ser a nafta. A incorporação de novas tecnologias, por sua vez, permitirá a exploração de matérias primas alternativas como as frações pesadas do petróleo e a biomassa, que serão fontes importantes de expansão de capacidades de eteno. A descoberta de novas reservas de óleo e gás no pré-sal abre novas perspectivas, tanto para os setores petroquímicos, quanto para o de fertilizantes, pela disponibilidade de gás natural. Contudo, a sua exploração ainda contém incertezas associadas à definição de um marco regulatório para a exploração do gás, ao desenvolvimento de novas tecnologias que permitam a exploração das reservas de pré-sal e aos investimentos para a exploração e refino da maior disponibilidade de óleo e gás. Ao mesmo tempo, novas tecnologias parecem surgir como opção, como acontece no COMPERJ a partir da utilização direta de petróleo pesado. O ceticismo parece, no entanto, ser a regra, em decorrência das enormes vantagens de custo presentes na produção de petroquímicos a partir de gás natural e nafta no Oriente Médio.

3.4 Dinâmica Tecnológica

Conforme descrito acima, a dinâmica tecnológica dos setores de commodities industriais parece ser comandada pela atualidade tecnológica do maquinário utilizado e pela escala de operação. No geral, os setores de commodities brasileiros se encontram bem situados no que se refere aos dois quesitos. As unidades de produção apresentam escalas suficientes para a operação eficiente. Os investimentos de modernização realizados durante a segunda metade da década de 1990 garantiram substanciais ganhos de produtividade e eficiência, além de atualidade tecnológica.

3.5 Regulação

Existem três aspectos da regulação que parecem afetar fortemente os setores de commodities industriais: (i) legislação ambiental; (ii) defesa da concorrência; (iii) código mineral; (iv) barreiras não tarifárias à comercialização. No que se refere à legislação ambiental, os seguintes aspectos parecem ser interessantes. Primeiro, o uso de grandes áreas para projetos de mineração e para projetos de energia parece ser crescentemente questionado pela sociedade, e a pressão deve aumentar com o tempo. Ao mesmo tempo, a instalação de grandes projetos de indústria de transformação como siderurgia, refinaria de petróleo, produção de

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

21

cimento tende a ter regras cada vez mais restritivas. Segundo, a necessidade de manter equilíbrio de carbono nos projetos deverá sofrer cada vez mais restrições no âmbito de barreiras não tarifárias ao comércio, principalmente em se tratando de mercados de países desenvolvidos. A legislação e o exercício do direito de defesa da concorrência poderão se constituir obstáculos para a consolidação de alguns desses segmentos que mantêm produtos comercializados internacionalmente e, portanto, enfrentam necessidade de adquirir escala empresarial para concorrer. Recentemente, esse tipo de obstáculo apareceu nas intenções manifestas de fusão entre a Quattor e a Braskem. No passado, foi superado nas transações de aquisição encaminhadas pela Vale. No futuro, deverá ser obstáculo à necessidade de consolidação de vários desses segmentos. De qualquer maneira, o enfrentamento dessas questões deve passar também por uma análise da política comercial adotada, utilizando-se o comércio exterior como um possível regulador do poder de mercado interno. O código mineral está em discussão no Congresso Nacional e pode levantar questões polêmicas quanto à regulação do setor de mineração e à imposição de royalties sobre o minério. As barreiras não tarifárias à comercialização aparecem como um elemento impeditivo crescente ao melhor desempenho das exportações brasileiras nos setores de commodities. De um lado, elas tendem a aparecer crescentemente em temas associados ao meio ambiente, como é o caso do REACH da União Européia, para a indústria de química básica e seus usuários. De outro, elas surgem em políticas anti-dumping ou de cotas para produtos nacionais, como é o caso da siderurgia.

4. Considerações Finais

A dinâmica competitiva dos setores produtores de commodities industriais experimentou mudanças agudas nos anos recentes, comandadas, primeiro, pela reversão de um duradouro quadro de super-oferta que marcou esses setores nos últimos 20 anos do século passado para um quadro de explosão de demanda durante os cinco anos de boom econômico mundial, puxado pelos países emergentes e especialmente pela China, que vão de 2003 até a crise financeira global de há um ano e, depois, por uma violenta contração do comércio mundial desse produtos no pós-crise. No Brasil, o aquecimento da demanda parece ter alterado a dinâmica do mercado de commodities industriais de duas maneiras distintas. Em primeiro lugar, a indústria brasileira de commodities industriais se mantém especializada nos segmentos localizados mais a montante das cadeias produtivas como minério de ferro e bauxita/alumina, que contêm menor valor agregado. Em segundo lugar, alguns dos segmentos estudados apresentam menor grau de comercialização, como é o caso de Mineração de Não Metálicos e Química Básica. No caso de Mineração de Não Metálicos, a reduzida relação preço-peso do produto garante um alto custo de internação do produto consistindo em importante barreira à entrada. No caso da Química Básica, a maior ameaça consiste a entrada em produção de novas adições de capacidade no Oriente Médio. No que se refere à configuração industrial, economias de escala no nível da unidade produtiva e da empresa, acesso à matéria prima e à logística de transporte e serviços técnicos especializados, que eram os principais geradores de competitividade. Esses elementos se mantêm como centrais e assim como no passado, os principais problemas da estrutura industrial brasileira aparecem no tamanho da empresa para enfrentar a concorrência. Esse cenário é, no entanto, heterogêneo. No caso da mineração de metálicos, a Vale do Rio Doce atingiu escala empresarial mundial que permite atingir liderança internacional em determinados mercados e ser importante concorrente em outros. No caso da siderurgia, a Gerdau passou por um processo de internacionalização adquirindo escala intermediária. Deve-se, contudo, estar atento para as empresas de tamanho intermediário que necessitam alcançar escala para internacionalizar-se em determinados mercados. Mais importante, as tendências recentes de diversificação produtiva dessas empresas apontam para maior concorrência interna. Os setores de química básica apresentaram maior consolidação, integrando-se à montante e à jusante. Os dois principais grupos empresariais controlam

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

22

desde as centrais petroquímicas até os mercados de resinas. A integração empresarial garante reduzida comercialização de petroquímicos e a fluidez do produto ao longo da cadeia produtiva, servindo de contrapartida aos ataques do mercado externo. O acesso à matéria prima continua entre as principais vantagens do setor produtor de commodities, mas aí, mais uma vez, existem situações heterogêneas entre os segmentos, já explicitadas acima. No que se refere à regulação, Ferraz, Kupfer e Iootty (2004) chamam a atenção para a importância da política comercial, do custo de capital e da legislação ambiental. As restrições enfrentadas pelos setores de commodities industriais quanto à comercialização continuam parecidas, conforme foi explicitado para o caso da Siderurgia. Existe, no entanto, a novidade de utilização de restrições ambientais como forma de barreira comercial, o que conduz a uma convergência entre necessidade de regulação interna e enfrentamento de questões de política comercial. Esse parece ser um dos grandes desafios desses segmentos. No que se refere ao custo de capital, o maior empecilho parecia ser, em 2004, a falta de consolidação da propriedade após a privatização. Esse problema parece ter sido superado. Contudo, o novo desafio presente na regulação são as restrições de defesa da concorrência para a maior consolidação do setor. A sintonia entre política comercial e política de defesa da concorrência parece ser importante nessa questão.

Boletim da Indústria e do Comércio Exterior

23

Referências

De Paula, G. Perspectivas do Investimento em Mineração e Metalurgia de Ferrosos. Rio de Janeiro: UFRJ,

Instituto de Economia, 2008/2009. 58 p. Relatório integrante da pesquisa “Perspectivas de Investimento no Brasil”, em parceria com o Instituto de Economia da UNICAMP, financiada pelo BNDES. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos.

Ferraz, G. Perspectivas do Investimento em Mineração e Fabricação de Não Metálicos. Rio de Janeiro:

UFRJ, Instituto de Economia, 2008/2009. 58 p. Relatório integrante da pesquisa “Perspectivas de Investimento no Brasil”, em parceria com o Instituto de Economia da UNICAMP, financiada pelo BNDES. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos.

Ferraz, J. C.; Kupfer, D. & Haguenauer, L. Made in Brazil: desafios competitivos para a indústria

brasileira. Rio de Janeiro, Campus, 1995. Ferraz, Kupfer e Iootty (2004) Industrial competitiveness in Brazil ten years after economic liberalization.

Cepal Review, 82, p. 91-117. Hasenclever, L. e Antunes, A. Perspectivas do Investimento em Química Básica. Rio de Janeiro: UFRJ,

Instituto de Economia, 2008/2009. 66 p. Relatório integrante da pesquisa “Perspectivas de Investimento no Brasil”, em parceria com o Instituto de Economia da UNICAMP, financiada pelo BNDES. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos

Kupfer, D. (1998) Trajetórias de Reestruturação da Indústria Brasileira Após a Abertura e a Estabilização:

Tese de doutorado apresentada ao IE/UFRJ. Rio de Janeiro. mimeo Rocha, F.; Antunes, A. Villaschi, A.; Xavier, C.; Ferraz, G.; De Paula, G. e Hasenclever, L. Perspectivas do

Investimento em Insumos Básicos. Rio de Janeiro: UFRJ, Instituto de Economia, 2008/2009. 174 p. Relatório integrante da pesquisa “Perspectivas do Investimento no Brasil”, em parceria com o Instituto de Economia da UNICAMP, financiada pelo BNDES. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos

Xavier, C. Perspectivas do Investimento em Mineração e Metalurgia dos Não Ferrosos. Rio de Janeiro:

UFRJ, Instituto de Economia, 2008/2009. 64 p. Relatório integrante da pesquisa “Perspectivas de Investimento no Brasil”, em parceria com o Instituto de Economia da UNICAMP, financiada pelo BNDES. Disponível em: http://www.projetopib.org/?p=documentos.