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Órgão de divulgação do Senado Federal Ano X – Nº 1.916 – Brasília, segunda-feira, 19 de abril de 2004 Quatro medidas provisórias continuam trancando a pauta do Plenário. O exame dessas MPs depende de negociações entre lideranças partidárias. Não há votações desde quarta-feira. Página 5 A Comissão de Educação pode votar amanhã projeto de lei que autoriza a renegociação de dívidas com o Programa de Crédito Educativo. Aloizio Mercadante é o autor da proposta. MEDIDAS PROVISÓRIAS CRÉDITO EDUCATIVO Página 4 Jefferson Péres lembra que mais de 23% dos municípios da Região Norte não possuem redes de distribuição de água. Já Papaléo Paes teme que o desperdício provoque colapso no fornecimento. Senadores cobram ações que garantam água para todos Página 4 Compensação por exploração mineral pode aumentar A Comissão de Assuntos Sociais examina amanhã parecer favorável de Sibá Machado a dois projetos que elevam a compensação financeira a municípios pela exploração de recursos minerais. Página 3 Livro mostra que só 28 mulheres se tornaram senadoras O livro Dados Biográficos das Senadoras Brasileiras, lançado na Bienal do Livro de São Paulo, mostra que, em 180 anos de existência do Senado, apenas 28 mulheres ocuparam cadeiras na Casa. A senadora Serys Slhessarenko, presente ao lançamento, quer luta permanente contra a discriminação. Página 2 HISTÓRIA Livro relata que Eunice Michilles tornou-se, em 1979, a primeira senadora Comissão pode votar a nova Lei de Falências O projeto substitutivo do senador Ramez Tebet à nova Lei de Falências poderá ser votado amanhã pela Comissão de Assuntos Econômicos. O principal objetivo da proposta é viabilizar a recuperação das empresas, garantindo os empregos, segundo Tebet. Ele espera um entendimento com o Ministério da Fazenda em torno da possibilidade de parcelamento por até seis anos das dívidas fiscais das empresas que estejam em processo de recuperação judicial. Com as novas normas, os trabalhadores terão prioridade no recebimento das dívidas da empresa falimentar. Páginas 3 OPORTUNIDADE Ramez Tebet diz que projeto deve chamar-se Lei de Recuperação de Empresas Roosevelt Pinheiro

Página 5 Comissão pode votar a nova Lei ... - senado.gov.br · traficantes nas favelas da Rocinha e do Vidigal. Devem participar o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e

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Page 1: Página 5 Comissão pode votar a nova Lei ... - senado.gov.br · traficantes nas favelas da Rocinha e do Vidigal. Devem participar o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e

Órgão de divulgação do Senado Federal Ano X – Nº 1.916 – Brasília, segunda-feira, 19 de abril de 2004

Quatro medidas provisórias continuam trancando a pauta doPlenário. O exame dessas MPs depende de negociações entrelideranças partidárias. Não há votações desde quarta-feira.

Página 5

A Comissão de Educação pode votar amanhã projeto de lei queautoriza a renegociação de dívidas com o Programa de CréditoEducativo. Aloizio Mercadante é o autor da proposta.

MEDIDAS PROVISÓRIAS CRÉDITO EDUCATIVO

Página 4

Jefferson Péres lembra que mais de 23% dosmunicípios da Região Norte não possuem redes

de distribuição de água. Já Papaléo Paes teme queo desperdício provoque colapso no fornecimento.

Senadores cobram ações quegarantam água para todos

Página 4

Compensação por exploraçãomineral pode aumentar

A Comissão de Assuntos Sociais examina amanhãparecer favorável de Sibá Machado a dois projetos que

elevam a compensação financeira a municípios pelaexploração de recursos minerais.

Página 3

Livro mostra quesó 28 mulheres setornaram senadoras

O livro Dados Biográficos dasSenadoras Brasileiras, lançado naBienal do Livro de São Paulo,mostra que, em 180 anos deexistência do Senado, apenas 28mulheres ocuparam cadeiras naCasa. A senadora SerysSlhessarenko, presente aolançamento, quer luta permanentecontra a discriminação.

Página 2

HISTÓRIA Livro relata que Eunice Michillestornou-se, em 1979, a primeira senadora

Comissão podevotar a nova

Lei de FalênciasO projeto substitutivo do senador Ramez Tebet à nova

Lei de Falências poderá ser votado amanhã pelaComissão de Assuntos Econômicos. O principal

objetivo da proposta é viabilizar a recuperação dasempresas, garantindo os empregos, segundo Tebet. Eleespera um entendimento com o Ministério da Fazenda

em torno da possibilidade de parcelamento por atéseis anos das dívidas fiscais das empresas que estejam

em processo de recuperação judicial. Com as novasnormas, os trabalhadores terão prioridade no

recebimento das dívidas da empresa falimentar.

Páginas 3

OPORTUNIDADE Ramez Tebetdiz que projeto deve chamar-seLei de Recuperação de Empresas

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2 Brasília, segunda-feira, 19 de abril de 2004

www.senado.gov.brE-mail: [email protected].: 0800-612211 - Fax: (61) 311-3137

MESA DO SENADO FEDERAL

Presidente: José Sarney1º Vice-Presidente: Paulo Paim2º Vice-Presidente: Eduardo Siqueira Campos1º Secretário: Romeu Tuma2º Secretário: Alberto Silva3º Secretário: Heráclito Fortes4º Secretário: Sérgio ZambiasiSuplentes de Secretário: João Alberto Souza,Serys Slhessarenko, Geraldo Mesquita Júnior,Marcelo Crivella

Endereço: Praça dos Três Poderes, Ed. Anexo Ido Senado Federal, 20º andar - Brasília - DFCEP 70165-920

Diretor-Geral do Senado: Agaciel da Silva MaiaSecretário-Geral da Mesa: Raimundo Carreiro SilvaDiretor da Secretaria de Comunicação Social: Armando S. RollembergDiretor-adjunto da Secretaria de Comunicação Social: Helival RiosDiretora do Jornal do Senado: Maria da Conceição Lima Alves (61) 311-3333Editores: Djalba Lima, Edson de Almeida, Eduardo Leão, Iara Altafin e José do Carmo AndradeDiagramação: Iracema F. da Silva, Osmar Miranda, Sergio Luiz Gomes da Silva e Wesley BezerraRevisão: Eny Junia Carvalho, Lindolfo do Amaral Almeida, Miquéas D. de Morais e Rita AvellinoTratamento de Imagem: Edmilson FigueiredoArte: Cirilo QuartimArquivo Fotográfico: Elida Costa (61) 311-3332Circulação e Atendimento ao leitor: John Kennedy Gurgel (61) 311-3333Agência SenadoDiretor: Antonio Caraballo (61) 311-3327Chefia de reportagem: Valéria Ribeiro e Valter Gonçalves Júnior (61) 311-1670Edição: Helena Daltro Pontual (61) 311-1151 e Marco Antonio Reis (61) 311-1667

O noticiário do Jornal do Senado é elaborado pela equipe de jornalistas da Subsecretaria AgênciaSenado e poderá ser reproduzido mediante citação da fonte.

Impresso pela Secretaria Especial de Editoração e Publicações

O Plenário realiza hoje, a partirdas 14h30, sessão nãodeliberativa. Ela é destinada aosdiscursos dos parlamentares ecomunicados da Mesa, sem avotação de matérias. Amanhã, ossenadores retomam a discussão

Criação de cargos no Executivo volta à pauta

O doleiro Antônio Oliveira Claramunt, conhecidocomo Toninho Barcelona, presta depoimento naComissão Parlamentar de Inquérito (CPI) doBanestado, amanhã, às 11h. Ele é acusado de

CPI do Banestado ouve doleiro

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a Subcomissão de SegurançaPública realizam reunião conjunta hoje, às 18h, para discutir a crise enfrentadapelo município do Rio de Janeiro, por conta dos confrontos entre policiais etraficantes nas favelas da Rocinha e do Vidigal. Devem participar o ministro daJustiça, Márcio Thomaz Bastos, e a governadora do Rio de Janeiro, RosinhaMatheus, entre outros.

Senadores debatem violência no Rio

Em discussão na Comissão deAssuntos Econômicos (CAE),que se reúne amanhã às 10h,projeto (PLC 25/03) que acabacom o acúmulo na cobrança

Contribuições sociais de pessoas jurídicas

A Comissão de Educação (CE) reúne-se amanhã, às 11h, para o exame deseis itens. Entre eles, projeto (PLS121/03) que trata da renegociaçãode dívidas no âmbito do Programade Crédito Educativo; proposta (PLC82/02) definindo atividades de

Renegociação do crédito educativo

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) votaamanhã, às 10h, projeto (PLC 69/01) estabelecen-do que, nas localidades em que o Sistema Únicode Saúde (SUS) não tenha unidades, o atendi-mento de emergência de acidentes de trabalhoseja prestado pela rede privada de saúde.

Acidentes de trabalhoO Cidadania de hoje, que será exibido pela TVSenado às 19h30, discute políticas públicas comdois professores da Universidade de Brasília:David Fleischer e Denise Coutinho.Às 20h30, o senador Alberto Silva (PMDB-PI) falasobre a agenda positiva para o Brasil.

Políticas públicas

A agenda completa, incluindo o número de cada proposição, está disponívelna Internet, no endereço www.senado.gov.br/agencia/agenda/agenda.asp

do projeto (PLV 20/04) que tratada reorganização do Executivo,com a criação de alguns ministéri-os e extinção de outros, além deinstituir novos cargos. Ele estáentre as quatro propostas quetrancam a pauta de votações.

envolvimento em transações ilegais de remessas dedólares ao exterior, por meio de contas CC-5, etambém foi apontado nas investigações daOperação Anaconda.

das contribuições sociaisPIS/Pasep e Cofins incidentessobre as operações de venda demercadorias e serviços porpessoas jurídicas. Deve ser

analisada ainda proposta (PLS15/04) que institui o Fundo deAval Garantidor do Financia-mento ao Estudante do EnsinoSuperior.

extensão na avaliação do ensinosuperior; além de medida (PRS 21/03) que estabelece critérios para aapreciação dos atos de outorga erenovação de concessão, permissãoe autorização para emissoras derádio e TV.

Na Bienal do Livro deSão Paulo, publicaçãomostra que apenas 28mulheres ocuparamcadeiras no Senado

A senadora Serys Slhes-sarenko (PT-MT) participou, naúltima quinta-feira, do lança-mento do livro Dados Biográfi-cos das Senadoras Brasileiras,no estande do Senado na Bie-nal do Livro de São Paulo. Pre-sidente da Comissão Temporá-ria do Ano da Mulher 2004, aparlamentar deu entrevistas eautografou exemplares para opúblico, que recebeu a publica-ção gratuitamente.

A representante mato-gros-sense afirmou que a criação,por lei federal, do Ano da Mu-lher induziu ações institucio-nais mais permanentes contraa discriminação e a violênciacontra a mulher. Exemplificouque, além da comissão no Se-nado, várias assembléias legis-lativas e câmaras de vereado-res empreenderam iniciativasnesse sentido. Assinalou queas mulheres representam 52%da população brasileira, mas,em 180 anos de existência doSenado, apenas 28 parlamen-tares femininas figuram no li-vro, incluindo as nove senado-ras atuais.

A obra relata que a primeiramulher a ocupar uma cadeirano Senado foi a paulistaEunice Michiles, suplente queassumiu o mandato com amorte do senador João Bosco,do Amazonas, em 1979. As pri-

meiras senadoras eleitas fo-ram Júnia Marise e MarlucePinto, em 1990.

Para Serys, o livro permiteque as mulheres brasileiraspossam conhecer as ações dassenadoras que se destacarampara a melhoria da sociedade,ao mesmo tempo em que ensi-na a não repetir erros. Acres-centou que sua edição em2004, ano de eleições munici-pais, irá incentivar a participa-ção de muitas mulheres nopleito, “comprometidas com ascausas maiores da sociedade, acausa da criança, da educação,da saúde, sem discriminação”.

A senadora disse que a Co-missão Especial Temporária daMulher está fazendo um levan-tamento dos 1.989 projetos so-bre a questão de gênero que játramitaram no Congresso –cuja grande maioria foi arqui-vada. A idéia é que, após dis-cussão com toda a sociedade,as proposições consideradasmais relevantes voltem à pautade votação para serem aprova-das. Serys Slhessarenko desta-cou a importância dos meiosde comunicação para “dar visi-bilidade à problemática da vi-olência e da discriminaçãocontra a mulher”.

– Precisamos ainda dar umaeducação que mostre às crian-ças e aos jovens que o fim da vi-olência contra a mulher é ne-cessário – acrescentou a sena-dora.

À Agência Senado, SerysSlhessarenko lembrou que apresença da Editora do Senadonas bienais de livro é de sumaimportância, por levar um pou-co do debate político para a so-ciedade e também por apre-sentar as publicações do Con-selho Editorial, que qualificoucomo “de primeira linha”.

LUTA Serys observa que Ano daMulher induz ações contra aviolência que atinge a mulher

Serys lançabiografias de

senadoras

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3Brasília, segunda-feira, 19 de abril de 2004

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CAE pode votar amanhãa nova Lei de Falências

Substitutivo de Tebetaperfeiçoa texto daCâmara para aumentarchance de recuperaçãodas empresas

A Comissão de Assuntos Eco-nômicos (CAE) pode votar ama-nhã substitutivo ao projeto delei da Câmara que institui a novaLei de Falências (PLC 71/03). Osubstitutivo do relator, senadorRamez Tebet (PMDB-MS), tem200 artigos, mantendo na ínte-gra apenas oito dos 222 artigosaprovados pelos deputados.

O relator aperfeiçoou meca-nismos de recuperação de em-presas incluídos no projeto daCâmara, mas criticou a propos-ta que chegou ao Senado noano passado, principalmenteno que diz respeito à técnicalegislativa. O projeto seria apre-ciado na última terça-feira, mas

pedido de vista coletiva adioua votação na CAE.

Segundo Ramez Tebet, o tra-balho da Câmara foi muito im-portante por ter propiciado aelaboração de mecanismos quemodernizam o processo de fa-lência, extingue a concordata eabre espaço para processosmais eficientes de recuperaçãodas empresas.

– O espírito original não foirompido – observou, reconhe-cendo, porém, que o substitu-tivo contém alterações que po-dem ser consideradas profun-das. Ele criticou a estrutura e aambigüidade técnica do proje-to da Câmara, que, na sua opi-nião, poderiam dar margem acontrovérsias.

Tebet destacou como grandenovidade da nova Lei de Falên-cias os instrumentos que per-mitirão às empresas a supera-ção de dificuldades temporá-rias. O relator considerou queo projeto abre possibilidadesde reorganização, aumentandoas chances de recuperação dasempresas. A proposta apontaos credores como os mais indi-cados para decidir sobre a via-bilidade do plano de recupera-ção preparado pelo devedor.Tebet condenou a “ineficienteconcordata”, que, na sua opi-nião, se limita a uma morató-ria das dívidas.

O adiamento da votação per-mitirá ao relator esperar porum entendimento com o Mi-nistério da Fazenda em tornoda possibilidade de parcela-mento por até seis anos das dí-vidas fiscais das empresas queestejam em processo de recu-peração judicial, instituto a sercriado na futura lei.

– Um credor privado de umaempresa em dificuldades podeparcelar a dívida, concederuma anistia ou um perdão, maso fisco tem que cumprir a lei –explicou Tebet.

O relatório do senador prevêque dívidas trabalhistas de sa-lários com valor equivalente acinco mínimos têm a preferên-cia para pagamento. As empre-sas que, pela legislação atual,estão em concordata, mas comseus compromissos em dia, po-derão requerer o benefício danova lei e passar ao regime derecuperação judicial ou extra-judicial.

Depois de examinado pelaCAE, o projeto irá à Comissãode Constituição, Justiça e Cida-dania (CCJ) e depois ao Plená-rio, possivelmente em maio.

Em discurso no Plenário nasexta-feira, o senador RamezTebet destacou que o substitu-tivo à Lei de Falências, queapresentou à CAE, tem comoprincipal objetivo recuperar asempresas e assim garantir a di-minuição do desemprego.

– A preservação da empresaé a principal razão de ser desseprojeto de lei, que as-sim honrará seu pa-pel social. Em meusubstitutivo, os direi-tos trabalhistas se-rão garantidos e osempregados te-rão tratamentosuperior.

O senadorpropõe que,em vez deLei de Falên-cias, a noval e g i s l a ç ã oseja denomi-nada Lei deRecuperaçãodas Empresas. Segundo ele,com as novas normas propos-tas, os trabalhadores terão pri-oridade no recebimento dasdívidas da empresa falimentar,seguidos por credores prefe-renciais. Tebet disse esperarque o fisco ceda prazos maio-res para empresas em dificul-

dades e que ajam de boa-fé.– Não pensemos nos holofo-

tes, pensemos nos interessesdo Brasil, no que for melhorpara promover a justiça soci-al. Tenho certeza que esse pro-jeto pode ajudar a diminuir odesemprego no Brasil.

Tebet lembrou que a nova lei,depois de aprovada no Con-

gresso Nacional, de-verá substituir códi-go em vigor desde1945. O substitutivopretende valorizar,

por exemplo, osbens intangí-veis da empresa– como marcase nomes deprodutos –,algo não pre-visto no textoatual, que dávalor apenas abens físicos.

– Às vezes, a marcavale mais do que os ativos

físicos. A lei precisa estar har-mônica com a época – disse.

Na presidência da sessãoplenária, o senador PauloPaim (PT-RS) informou queparticipará do debate amanhãna CAE e que sua preocupa-ção é com o direito dos traba-lhadores.

Projeto busca a preservaçãodas empresas, diz Tebet

CONTRIBUIÇÃO “O espíritooriginal da lei não foi rompido”,afirma Ramez Tebet

Dívidas fiscaispoderão ser

parceladas poraté seis anos

Será examinado amanhã,pela Comissão de Assuntos So-ciais (CAS), parecer favoráveldo senador Sibá Machado (PT-AC) a dois projetos (PLSs 104 e105/03) que alteram a Lei 7.990e elevam a compensação finan-ceira pela exploração de recur-sos minerais ao mesmo per-centual pago pela exploraçãode petróleo. Conforme o rela-tor, há uma injustificada dife-rença entre a Compensação Fi-nanceira por Exploração Mine-ral (CFEM), que atinge, no má-ximo, 3% do faturamento líqui-do, e os royalties por exploraçãode petróleo, que garantem aosestados e municípios entre 5%e 10% das receitas.

Ao justificar seu parecer, SibáMachado observa que a ativi-dade de mineração é muitomais lesiva ao meio ambientee ao tecido social das regiões deexploração do que a extraçãode petróleo, que é feita, na mai-oria das vezes, na plataformacontinental.

“Já a extração mineral rasgao solo, provoca fluxos migrató-rios e crescimentos aceleradosda população de pequenos mu-nicípios, traz consigo a expan-são de habitações precárias,prostituição, exploração infan-til e outros males associados àslocalidades instaladas de formarápida e precária. Desse modo,o projeto busca dar uma justacompensação financeira aosmunicípios onde há exploraçãomineral”, acrescenta o senador.

A senadora Ana Júlia (PT) e osenador Luiz Otávio (PMDB),autores da proposta, destacam

que a compensação financeiraa estados e municípios pela ex-ploração de recursos naturais éuma fonte de receita de sumaimportância para estados co-mo o Pará, que ambos repre-sentam no Senado.

SUSCom parecer favorável e

substitutivo do senador AnteroPaes de Barros (PSDB-MT), aCAS também vai examinar pro-jeto (PLC 69/03) que dispõe so-bre atendimento de emergên-cia de acidentes do trabalho emlocalidades onde não exista re-de do Sistema Único de Saúde(SUS). A proposta está sendoreexaminada pela comissão,atendendo a requerimento dolíder do governo, Aloizio Mer-cadante (PT-SP).

A pauta da CAS inclui aindasubstitutivo do senador Geral-do Mesquita (PSB-AC) a proje-to (PLC 67/03) que torna obri-gatória a instalação de brin-quedoteca nos hospitais comatendimento pediátrico.

PREJUÍZOS Para Sibá, extraçãomineral é lesiva ao ambiente eao tecido social

Maior compensação paramunicípio minerador

A comissão parlamentarmista de inquérito que inves-tiga a evasão de divisas doBrasil (CPI do Banestado) reú-ne-se amanhã, a partir das11h, para ouvir o depoimen-to do doleiro Antônio Olivei-ra Claramunt, o Toninho Bar-celona. Ele é acusado de in-termediar remessas ilegais dedólares para o exterior pormeio de contas CC-5 do Ba-nestado. A Polícia Federaltambém investiga possíveisconexões do doleiro com po-liciais e com juízes.

Toninho Barcelona é consi-derado um dos maiores do-leiros do país. Ele é suspeitode crimes contra o sistema fi-nanceiro e lavagem de dinhei-

ro. O esquema do qual ele fa-ria parte, de acordo com o queinvestiga a CPI, envolve acompensação de créditos edébitos no exterior com auxí-lio da empresa uruguaia Les-pan, também investigada.

Na sexta-feira, a comissãovai ouvir o bicheiro AlbertoYoussef, acusado pelo Minis-tério Público de sonegar maisde US$ 33 milhões de impos-tos entre 1996 e 1999. Ele tam-bém é suspeito de lavagem dedinheiro. No dia 27 de abril, osintegrantes da CPI deverãoouvir o ex-prefeito de SãoPaulo Celso Pitta sobre contassuas no exterior que teriamrecebido recursos desviadosde obras públicas.

Doleiro depõe naCPI do Banestado

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4 Brasília, segunda-feira, 19 de abril de 2004

Arns elogia TV que ensinaa proteger fauna e flora

Papaléo faz alerta contrao desperdício de água

Sarney é homenageadopela Justiça Federal

SERVIÇOS RELEVANTES O presidente do Senado, José Sarney, écondecorado com o Colar do Mérito Ministro Nelson Hungria

Populaçãosofre por falta

de saneamento,diz JeffersonO senador Jefferson Péres

(PDT-AM) chamou a atençãopara os graves problemas deabastecimento d’água e sanea-mento que ainda vive o país.Citando dados do Atlas de Sa-neamento, recém-lançado peloInstituto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE), o parla-mentar amazonense observouque o Norte está em primeirolugar no ranking da proporçãode municípios sem coleta deesgotos: 92,9%, contra 82,1% doCentro-Oeste; 61,1% do Sul;57,1% do Nordeste; e 7,1% doSudeste.

O atlas mostra ainda que aRegião Norte registrou, entre1989 e 2000, aumento de 21,7%para 23,3% no número de muni-cípios sem rede distribuidora deágua. As razões seriam a expan-são acelerada da fronteira agrí-cola, com o surgimento de cida-des acompanhando as planta-ções de soja e a criação de gado,e as facilidades propiciadas pelaConstituição federal para acriação de municípios.

Jefferson Péres advertiu tam-bém para os perigos à saúdedecorrentes da má qualidade daágua. Em razão das últimascheias, por exemplo, multipli-caram-se os casos de leptospiro-se e diarréia. A metade das in-ternações contabilizadas peloSistema Único de Saúde (SUS)deve-se a doenças transmitidaspor água contaminada.

Estimativa da Associação dasEmpresas Estaduais de Sanea-mento Básico indica que o Brasilprecisaria investir R$ 9 bilhõespor ano, durante 20 anos, paralevar a todos os brasileiros asredes de água e esgoto. O go-verno federal declara dispor deapenas R$ 1,6 bilhão do orça-mento e mais R$ 2,9 bilhões derecursos do Fundo de Amparoao Trabalhador (FAT) e do Fundode Garantia do Tempo de Ser-viço (FGTS).

CONSEQÜÊNCIAS Jeffersonadverte para perigo que traza má qualidade da água

CUIDADOS Arns destacaprogramas exibidos em Curitiba,Ponta Grossa e litoral do Paraná

O presidente do Senado, JoséSarney, foi condecorado na sex-ta-feira, pelo Tribunal RegionalFederal da 1ª Região, com o Co-lar do Mérito Judiciário Minis-tro Nelson Hungria, em razãode relevantes serviços presta-dos àquela Corte, criada quan-do ele era presidente da Repú-blica.

Ao homenagear o presidentedo Senado, o desembargadorLeomar Barros Amorim deSousa disse que a mais altacondecoração daquele tribunaltem o propósito de agraciarcom o bronze, de forma indelé-vel, pessoas que, como Sarney,se destacam por seus méritos,por seu trabalho e pela dedica-ção à causa pública.

O desembargador afirmouque a trajetória de homem pú-blico de Sarney, iniciada em1954, aos 24 anos, se confundecom a história do Brasil. “Polí-tico total, completo, democra-ta convicto, tenho certeza queo mais caro legado deixadopelo presidente Sarney foi ha-ver assegurado, de forma defi-nitiva, com equilíbrio, sereni-dade e tolerância, a transiçãodo regime militar para a demo-cracia”.

Sarney ressaltou que estavaali, mais do que para ser home-nageado, para homenagear aJustiça, que tem no TribunalRegional Federal da 1ª Regiãoum dos seus órgãos mais fun-damentais.

Para evitar o colapso no for-necimento de água doce paraa Humanidade, é preciso aca-bar com o desperdício, a polui-ção, o desmatamento e o asso-reamento de rios e mananciais,alertou o senador Papaléo Paes(PMDB-AP).

– A água é o bem social maisimportante do século 21, poisdela depende a sobrevivênciade pessoas, animais, plantas eo desenvolvimento de todas asatividades humanas, na agri-cultura, na indústria, no co-mércio e nos serviços – frisou.

O senador reconheceu que oBrasil é privilegiado na ofertade água, pois dispõe da maiorquantidade de água doce doplaneta, cerca de 12% do totalmundial, com 12 mil rios ecórregos e a maior concentra-ção de água doce existente nomundo, que é a região Amazô-nica. Mas observou que, comopaís dos contrastes, o Brasil en-frenta fome e sede em muitasregiões, possivelmente em de-

corrência da utilização irracio-nal dos estoques de água.

O parlamentar disse aindaque 60% do lixo produzido nopaís não recebe tratamentoadequado, sendo muitas vezesjogado diretamente nos rios,com resíduos tóxicos, contami-nando a água, dificultando seutratamento, tornando-a impró-pria para o consumo humanoe criando dificuldades finan-ceiras, muitas vezes intrans-poníveis para um grande nú-mero de pequenos municípios.

O senador Flávio Arns (PT-PR) elogiou a Rede Bandeiran-tes de Televisão e o Canal 2 deCuritiba pela produção e trans-missão do programa Educaçãoe Aventura, que divulga infor-mações sobre cuidados com asmatas ciliares e proteção dafauna terrestre e aquática. Astransmissões coincidem com arealização de competições derapel e ciclismo em cenáriosnaturais como Vila Velha e Ser-ra do Mar.

O objetivo do programa éaproveitar a mobilização de es-portistas e cidadãos para elevara conscientização ambiental dapopulação da região metropo-litana de Curitiba, Ponta Gros-sa e litoral paranaense. O Edu-cação e Aventura é um desdo-bramento do projeto Pé no Rio,lançado pela TV Catarinense,em 2001, na região de Joaçaba,e que, em sua quarta edição,influencia o comportamentodas populações de 30 cidadescatarinenses, nas quais os índi-ces de coleta seletiva do lixoestão entre os mais altos doBrasil.

– A idéia, vitoriosa em SantaCatarina, foi adaptada com su-cesso às características da re-gião sudeste do Paraná – infor-ma o senador.

O parlamentar paranaensechamou a atenção em seu dis-curso para o grave problema dadestruição de mananciais deágua provocado pela ocupaçãourbana desordenada. FlávioArns considera urgente mobi-lizar a sociedade para uma cru-zada contra a degradação nasregiões metropolitanas não sópor causa da perda ambientalem si, mas pelo que representade risco à saúde pública.

PRIVILÉGIO Papaléo: Brasil temgrande estoque de água doce,que não chega para todos

FAVORÁVEL Proposta deMercadante tem caráterterminativo na CAE

Projeto está na pautada Comissão deEducação, que analisatambém advertênciaem bebida alcoólica

A Comissão de Educação(CE) reúne-se amanhã, a partirdas 11h, quando deverá exami-nar projeto que permite a re-negociação de dívidas no âm-bito do Programa de CréditoEducativo. De autoria do sena-dor Aloizio Mercadante (PT-SP), a proposta (PLS 121/03)recebeu parecer favorável, comemendas, de Demostenes Tor-res (PFL-GO). A matéria terádecisão em caráter terminativo(só será submetida ao Plenáriose requerimento de pelo menosnove senadores o solicitar) naComissão de Assuntos Econô-micos (CAE).

A CE também analisará pro-jeto de resolução do senadorMarcelo Crivella (PL-RJ) quealtera as formalidades e crité-rios para a apreciação dos atos

de outorga e renovação de con-cessão, permissão e autoriza-ção para emissoras de rádio eTV. O relator Gerson Camata(PMDB-ES) defende a rejeiçãoda proposta (PRS 21/03).

Outro projeto determina aobrigatoriedade de a embala-gem, o rótulo e a propagandade bebida alcoólica conteremadvertência sobre a proibiçãode venda a menores de 18 anose sua prejudicialidade à saúde.O projeto é do deputado AirtonDipp, e o relator, senador Mo-zarildo Cavalcanti (PPS-RR),apresentou substitutivo.

Renegociação de dívida do crédito educativo

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5Brasília, segunda-feira, 19 de abril de 2004

Votação de MPs aguardaacordo entre lideranças

Quatro medidasprovisórias vêmtrancando desdequarta-feira a pautado Senado

A votação de quatro medidasprovisórias (MPs) que estãotrancando a pauta de votaçõesdo Plenário do Senado depen-de de negociações entre os lí-deres partidários, inclusive so-bre reivindicações do PMDB,maior partido da Casa e aliadodo governo.

O Plenário nada votou desdea última quarta-feira, exata-mente por falta de acordo par-tidário. A obstrução atinge de-cisões das comissões perma-nentes sobre matérias que tra-mitam em caráter terminativo.Na noite de quinta-feira, o pre-sidente Luiz Inácio Lula da Sil-va recebeu no Palácio da Alvo-rada líderes do PMDB, quandoo partido insistiu em ter maior

ESPAÇO PMDB busca maiorparticipação no governo,afirma Renan Calheiros

participação no governo, con-forme afirmação do líder no Se-nado, Renan Calheiros (AL),após o encontro.

Das quatro medidas provisó-rias que bloqueiam a pauta doSenado, a primeira da lista au-toriza o governo a contratar2.793 pessoas para cargoscomissionados (de livre nome-ação dos ministros). O relator-revisor da MP 163/04, senadorDelcidio Amaral (PT-MS), já

pediu adiamento da votaçãopor três vezes, sob o argumen-to de que precisa de mais tem-po para discutir uma das emen-das das oposições.

Armas de fogoNa última sexta-feira, 99 ma-

térias já estavam prontas paradeliberação em Plenário, assimque a pauta for desbloqueada.São oito propostas de emendaà Constituição, 18 projetos delei, 23 projetos de decreto legis-lativo, seis mensagens com in-dicação de embaixadores e de-zenas de requerimentos. Umdos requerimentos pede ur-gência para votação do decre-to legislativo sobre a convoca-ção de um plebiscito para queos eleitores digam se concor-dam em proibir a venda de ar-mas de fogo no país.

Entre as medidas provisóriasque esperam decisão do Plená-rio, destaca-se ainda a MP 168/04, que proíbe no Brasil o fun-cionamento de casas de bingoou de exploração de máquinascaça-níqueis.

A Subcomis-são Permanentede SegurançaPública do Se-nado promovehoje, às 18h, de-bate sobre oproblema da se-gurança públicano Rio de Janei-ro, conforme re-querimento dopresidente docolegiado, senador Tasso Je-reissati (PSDB-CE). Os sena-dores deverão discutir o as-sunto com a governadoraRosinha Matheus, o secretário

estadual de Segu-rança Pública, An-thony Garotinho, oprefeito César Maiae o ministro da Jus-tiça, Márcio Tho-maz Bastos.

Depois de violen-tos confrontos entrepolícia e líderes dotráfico na favela daRocinha durante asemana, o tema me-

receu a atenção dos senadoresna sessão plenária de terça-fei-ra. O presidente do Senado,José Sarney, destacou a impor-tância do debate para o país.

O senador HélioCosta (PMDB-MG)lamentou os assal-tos que vêm ocor-rendo nas rodoviasde Minas Gerais, es-pecialmente os ata-ques a ônibus inte-restaduais que tra-fegam no sentidoBelo Horizonte-Brasília, e cobrouuma atuação maisfirme da Polícia Rodoviária Fe-deral.

– Afinal, quais são as açõespráticas e efetivas que a corpo-ração tem levado a efeito nosentido de reverter esse deplo-rável estado de coisas? Que me-didas concretas têm sido toma-

das para intimidar,para acuar os meli-antes? O que temsido feito para des-baratar suas orga-nizações? Que pro-vidências têm sidoadotadas para quesintam eles o pesoda longa mão daJustiça, para queexperimentem o ri-gor das injunções

penais? – perguntou.Hélio Costa lembrou que os

criminosos se aproveitam daspéssimas condições das estra-das, já que os motoristas sãoobrigados a reduzir a velocida-de, favorecendo assim a atua-ção dos bandidos.

Senado discute violênciaque atinge Rio de Janeiro

Hélio Costa pede medidascontra crime em rodovias

Audiência públicafoi proposta porTasso Jereissati

Hélio Costa apontaomissão de órgãosgovernamentais

Por requerimento do senadorHeráclito Fortes (PFL-PI), aMesa do Senado aprovou inser-ção em ata de voto de pesarpelo falecimento do embaixa-dor João Augusto Médicis, queexercia o cargo de representan-te do Brasil na Comunidade dosPaíses de Língua Portuguesa(CPLP). Pelas tradições da Casa,serão enviadas condolências àsua família e ao Itamaraty.

Ao encaminhar o requeri-mento, Heráclito afirmou queo embaixador, carinhosamen-te apelidado de Zoza, faleceuem Roma, em decorrência deum acidente de automóvel.

João Augusto Médicis entroupara o Itamaraty em 1959, ten-do exercido postos importantescomo a chefia da representa-ção junto à Organização dasNações Unidas para a Alimen-tação e a Agricultura (FAO),além de embaixadas em Pe-quim (China) e Santiago (Chi-le). Como representante brasi-leiro na CPLP, atuou para con-solidar institucional e politica-mente a comunidade.

Ao lembrar em Plenário osoito anos do massacre de 19trabalhadores sem terra emEldorado dos Carajás (PA), a se-nadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) afirmou que o presidenteLuiz Inácio Lula da Silva mu-dou radicalmente a forma comque o governo brasileiro vinhatratando as reivindicações pelareforma agrária.

– Lula sabe que os sem-terranão são caso de polícia, mas depolítica, de política agrária e depolítica agrícola – disse. Ela fezum paralelo entre a ação doentão governador do Pará,Almir Gabriel, que mandou em1996 a polícia desimpedir a ro-dovia ocupada por sem-terra, ea desocupação pacífica da fa-zenda da Veracel, na Bahia, pro-movida recentemente.

Ana Júlia lamentou que o epi-sódio de Eldorado dos Carajástenha manchado a imagem doBrasil em todo o mundo. A açãoviolenta da polícia do Pará aca-bou transformando o dia 17 deabril em Dia Internacional daLuta pela Terra.

– E por que os sem-terra ocu-pavam, naquele 17 de abril de

96, a estrada PA-150? Foi o der-radeiro recurso de que aquelegrupo de agricultores lançoumão para ser ouvido, pois ha-via meses se encontravamacampados à beira da estrada,sem interrompê-la, aguardan-do ações do Incra que nunca vi-eram – sustentou a senadoraparaense.

Segundo informou Ana Júlia,o presidente Lula assegurouuma verba extra de R$ 1,7 bi-lhão para o projeto de reformaagrária, neste ano. Essa verba,observou ela, será suficientepara cumprir a meta de assen-tamento de 115 mil famílias atéo fim deste ano.

O senador Rodol-pho Tourinho (PFL-BA) apresentou pro-jeto de lei quetipifica como crime,no Código Penal, oseqüestro relâmpa-go. O projeto incluiparágrafo no artigo158 (que trata de ex-torsão), estabele-cendo que, se o rou-bo ou extorsão forcometido mediante restriçãode liberdade da vítima, a penade reclusão passa a ser de seisa 12 anos, mais multa.

Ainda conforme a proposta,se, do seqüestro relâmpago, re-

sultar a morte davítima, o crimepassa a ser consi-derado hediondo,com pena de prisãoentre 24 e 30 anos.Se houver lesãocorporal grave, apena seria de oito a15 anos. O projetoestá na Comissãode Constituição,Justiça e Cidadania

(CCJ) esperando indicação de re-lator. A votação será terminativa:a proposta poderá seguir diretopara a Câmara dos Deputados,a menos que haja recurso paraque o Plenário se manifeste.

Tourinho propõe puniçãopara seqüestro relâmpago

Proposta de Tourinhoprevê pena de seis a12 anos de reclusão

Pesar pelofalecimento do

embaixador JoãoAugusto Médicis

AVANÇO Lula mudou a forma detratar as reivindicações pelareforma agrária, diz Ana Júlia

Ana Júlia lembra massacre em Eldorado dos Carajás

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6 Brasília, segunda-feira, 19 de abril de 2004

A senadora Lúcia Vânia(PSDB-GO) comentou, em dis-curso na sexta-feira, declara-ções feitas por dois ministrosdo governo: o da Casa Civil,José Dirceu, e o do Desenvolvi-mento Social e Combate à Fo-me, Patrus Ananias. Dirceu te-ria dito que, sem reduzir as de-sigualdades sociais, não vale apena governar e que assim apolítica econômica não teránenhum fim ético. Patrus, porsua vez, teria afirmado que“não se pode jogar para Deustarefas e responsabilidades quesão nossas”.

Paim acredita que mínimoultrapassará 100 dólares

Fiocruz compralaboratório

para ampliarprodução

– Temos que concordar comas afirmações de José Dirceu,ainda mais quando se supõeque esteja falando do governoLula. Carece de um fim éticouma política econômica queleva o país a ter um crescimen-to negativo em 2003, deverá terum crescimento pífio em 2004e que apresenta taxa de desem-prego de 13% – afirmou.

A senadora disse ainda queapenas programas sociais quetinham uma rotina consolida-da mantiveram desempenhofavorável no novo governo, ain-da referindo-se a outra afirma-

ção de José Dirceu, que teriadito que “sempre houve mágestão dos programas sociaisneste país”.

– Se sempre houve má ges-tão, isso apenas foi apro-fundado durante todo o anode 2003 e no início de 2004 –observou.

PREÇO MELHOR Saturninodestaca que remédios ficarãomais baratos no país

Bornhausen: “Não é hora de se lamentar”

Lúcia Vânia critica políticaeconômica do governo federal

Mozarildo pedemudanças naFunai e criticaCimi e CNBB

Reforma agráriaserá pacífica e

negociada,ressalta Sibá

Senador justifica aesperança dizendo quearrecadação recordepoderá bancar oreajuste do salário

OTIMISMO Paim observa que aSeguridade Social terá superávitde R$ 30 bilhões este ano

COBRANÇA Lúcia Vâniaressalta que má gestão foiaprofundada em 2003/2004

O senador Sibá Machado (PT-AC) leu em Plenário na sexta-feira nota pública em que o seupartido confirma a intenção dogoverno de realizar a reformaagrária “de maneira pacífica,com qualidade e como resulta-do de uma negociação”. Elelembrou que Luiz Inácio Lulada Silva apresentou o PlanoNacional de Reforma Agráriacuja meta é assentar 115 milfamílias até o fim deste ano.

Além dos novos assentamen-tos, disse Sibá, o plano preten-de fixar a regulamentação fun-diária e o Cadastro de Terras,com a regularização de 64 milhectares e de 150 mil proprie-dades. Deverão ser implemen-tados, segundo o documentolido pelo senador, um progra-ma de assistência técnica paraas famílias beneficiadas e a ele-vação de 198% – em relação àsafra anterior – nos créditos decusteio para a reforma agráriado plano da safra 2003/2004.

O senadorMozarildo Ca-valcanti (PPS-RR) voltou apedir na sexta-feira passadaampla refor-ma na Funda-ção Nacionaldo Índio (Fu-nai), destina-da a nacionali-zar a políticaindigenista e

dar aos mais de 410 mil índiosespalhados por todo o país dig-nidade e oportunidade de aces-so à educação e à saúde.

Para Mozarildo, a Funai “nãocomanda” mais a política in-digenista brasileira. Quem dáas cartas, conforme observou,é o Conselho Indigenista Mis-sionário (Cimi), organismo vin-culado à Conferência Nacionaldos Bispos do Brasil (CNBB),“que vem fazendo uma prega-ção de violência e sublevandoa ordem em várias áreas”, prin-cipalmente com relação à de-marcação de terras indígenasno país.

O senador Paulo Paim (PT-RS) disse na sexta-feira ter es-perança de que o reajuste dosalário mínimo ultrapasse osR$ 256 anunciados pelo gover-no, chegando a mais de US$100 (pela cotação atual, R$290). Foi essa a proposta quePaim levou ao presidente daRepública, Luiz Inácio Lula daSilva, na reunião de quarta-fei-ra para discutir o assunto, daqual também participaram mi-nistros e lideranças do governo.

Paim assegurou que há fon-tes para bancar o reajuste por

ele defendido. O senador gaú-cho lembrou que a Receita Fe-deral teve este mês aumento de15,5% na arrecadação. A Segu-ridade Social deste ano, acres-centou Paim, deverá ter supe-rávit de R$ 30 bilhões.

Afirmando não ser contra aelevação do salário-família,uma das alternativas sugeridaspelo governo, Paim ressaltouque o reajuste do salário é pas-so fundamental para redis-tribuir renda e gerar emprego.

– Apresentei os dados ao pre-sidente da República e aos mi-nistros. O presidente da Repú-blica disse que faria estudoaprofundado para buscar omaior aumento possível. Elemarcou outra reunião e eu es-tou esperançoso – ressaltou.

O senador também reiterouconfiança em acordo paraaprovar a PEC paralela da Pre-vidência (PEC nº 77/03).

Ele informou que haverá reu-nião amanhã entre as lideran-ças no Congresso Nacionalpara discutir a tramitação daPEC paralela da Previdência.

Ao falar pela liderança da Mi-noria, o senador Jorge Born-hausen (PFL-SC) expressou suaperplexidade com o noticiárioda imprensa de quinta-feira,dando conta de que o presiden-te Luiz Inácio Lula da Silva te-ria se lamentado por sua situa-ção, diante da necessidade dedefinição do novo salário míni-mo. A seu ver, não é hora de opresidente se lamentar, mas degovernar e administrar.

– Eu diria que o presidente daRepública tem deveres com anação, com seus eleitores, aquem prometeu dobrar o salá-rio mínimo até o final de seumandato. Se Lula não vai cum-

prir sua palavra, que vá à tele-visão e ao rádio e peça descul-pas à nação – recomendou osenador.

Bornhausen disse que assimé que procede um chefe de go-

verno, que deve tomar açõescapazes de possibilitar o cresci-mento do país, como o muni-ciamento do orçamento paragerar produção e reduzir o de-semprego. Ele advertiu que, aocontrário disso, o que o paístem observado é que a cargatributária foi aumentada, ape-sar de o ministro da Fazenda,Antonio Palocci, haver prome-tido que isso não acontecerianeste governo.

– Aí estão os resultados demarço da Receita Federal, mos-trando uma arrecadação recor-de, sendo que o país não cres-ceu nada neste período – pro-testou o senador catarinense.

INCOERÊNCIA Bornhausencompara arrecadação recordecom crescimento menor

A Fundação Oswaldo Cruz(Fiocruz) conseguiu adquiriruma unidade industrial daGlaxo, localizada em Jacare-paguá (RJ), que se encontravadesativada, depois de ter obti-do a liberação de R$ 20 milhõesdo orçamento federal desteano. Ao anunciar a compra, emPlenário, o senador Roberto Sa-turnino (PT-RJ), autor daemenda ao Orçamento Geralda União de 2004 que garantiuos recursos necessários paraviabilizar a negociação, infor-mou que o laboratório poderáser operado pela Fiocruz a par-tir do segundo semestre.

Saturnino afirmou que, comesse novo laboratório, a Fiocruzterá condições de ampliar a suaprodução de vacinas e de me-dicamentos, fornecendo pro-dutos baratos para programassociais como as Farmácias Po-pulares que estão sendo im-plantadas em várias cidades dopaís. O parlamentar lembrouque a Fiocruz, criada em 25 demaio de 1900, é uma instituiçãomodelar, com prestígio inter-nacional.

Reforma agráriaO senador manifestou seu

apoio às medidas adotadaspelo governo federal para agi-lizar a reforma agrária. Entreelas, Saturnino citou a maiorautonomia às agências regio-nais do Instituto Nacional deColonização e Reforma Agrária(Incra), a redução da burocra-cia para efetivar os assenta-mentos e o aumento para R$ 16mil do crédito inicial aos assen-tados.

Roberto Saturnino destacoua pesquisa divulgada pela Fun-dação Getúlio Vargas (FGV) naquinta-feira, que apontou 33%da população brasileira (56 mi-lhões de pessoas) vivendo comaté R$ 79 por mês.

Mozarildo quernacionalizar apolítica indigenista

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7Brasília, segunda-feira, 19 de abril de 2004

Para Efraim, casoWaldomiro é

mais graveque o caso PC

O líder daMinoria, sena-dor Efraim Mo-rais (PFL-PB),disse que o ca-so WaldomiroDiniz é maisgrave do que oque envolveu otesoureiro decampanha doex-presidenteFernando Col-lor de Mello,Paulo César Farias, “porque PCnão tinha gabinete no Paláciodo Planalto e nem cargo formalno governo”. O parlamentar cri-ticou o Executivo pelo fato de,decorridos dois meses após di-vulgadas as denúncias, nenhu-ma providência concreta tersido tomada.

Efraim lembrou que altosfuncionários da empresa GTechdenunciaram a indicação, porWaldomiro, de Rogério Buratti– ex-chefe de gabinete do en-tão prefeito Antonio Palocci eex-assessor do ministro JoséDirceu –, para intermediar umcontrato de serviços com a Cai-xa Econômica Federal.

– Buratti foi demitido porcorrupção da prefeitura de Ri-beirão Preto e é ainda hoje só-cio do chefe de gabinete doministro da Fazenda e amigo dePalocci, que o teria levado àprestigiosa posição de vice-presidente do grupo empresa-rial Leão Leão, maior finan-ciador da eleição de Palocci àCâmara dos Deputados em1988 – disse o senador.

Efraim considerou inaceitá-vel que o governo tenha pro-movido um inquérito sigilosoque apontou apenas Waldomi-ro Diniz como culpado porcaptação ilegal de recursospara campanha e por cor-rupção.

Efraim criticagoverno por faltade providências

Simon pede a Lula quemude política econômica

COBRANÇA Simon defende aqueda dos juros para possibilitargeração de empregos

Governo do PT nãopode ficar marcado pormedidas como comprade avião e reforma noAlvorada, diz senador

O senador Pedro Simon(PMDB-RS) conclamou, emdiscurso sexta-feira, o presi-dente Luiz Inácio Lula da Silvaa mudar os rumos da políticaeconômica para promover ocrescimento e a geração de em-pregos prometidos durante acampanha eleitoral. Segundoafirmou, ainda há tempo de di-minuir as despesas com juros,para sobrar o dinheiro indis-pensável ao desenvolvimento.

– Lula, acorde, volte a ser oque você era, um líder com sen-sibilidade social, preocupadocom o bem-estar da população.Seu governo não pode ficarmarcado por medidas comocompra de um avião espetacu-

para pagar a dívida externa seminviabilizar ações necessáriasao crescimento do país. O se-nador disse que os juros preci-sam baixar com maior veloci-dade para desafogar o setorprodutivo e gerar empregos.Ele afirmou que os lucros au-feridos pelos bancos são supe-riores aos obtidos durante ogoverno Fernando Henrique.

Simon alertou o presidenteLula para o perigo de ouvir ape-nas as pessoas que o cercam. “Éindispensável que o ocupantedo Planalto converse com em-presários e parlamentares quetenham pontos de vista dife-rentes do seu, para ampliar osseus horizontes de decisão.”

Em aparte, Heráclito Fortes(PFL-PI) indagou sobre quan-tas vezes Lula conversou comum parlamentar da oposição.“Pouquíssimas, porque nãovale contar cineminha e chur-rascada”, assinalou o senadorpiauiense.

lar, reforma de seis meses noPalácio da Alvorada e revoluçãonos jardins para adotar umsímbolo partidário, quando oPalácio é do povo brasileiro enão do PT.

Na opinião de Simon, o pre-sidente tem credibilidade paraobter do Fundo Monetário In-ternacional e do Banco Mundi-al condições mais favoráveis

Alvaro aponta risco de situação imprevisívelA estabilidade econômica

brasileira corre sério risco, po-dendo levar o país a uma situa-ção imprevisível, alertou nasexta-feira o senador AlvaroDias (PSDB-PR), ao cobrar dogoverno a adoção de uma polí-tica destinada a colocar o Bra-sil “no rumo do progresso e dodesenvolvimento”. Para ele, osinal de alerta foi aceso depoisque o relatório do banco ame-ricano J. P. Morgan, divulgadona quarta-feira, reduziu a reco-mendação para os títulos dadívida brasileira.

– Com isso, o risco Brasil dis-parou quase 10%, atingindo amarca de 611 pontos, o dólarsubiu 1,04% e a Bolsa caiu2,57%, além de provocar a des-valorização dos títulos brasi-leiros no exterior – afirmou Al-

varo Dias.O senador avaliou que a eco-

nomia brasileira “caminha parao caos” por apenas um motivo:falta de competência do gover-no para geri-la, apesar de a car-ga tributária, conforme disse,ter sofrido aumento no últimoano. Como exemplo, citou a

Contribuição para o Financia-mento da Seguridade Social(Cofins), cuja alíquota foi au-mentada de 3% para 7,6%.

DramaAlvaro Dias também pediu ao

Ministério da Saúde a imedia-ta regularização do repasse derecursos federais destinados aoHospital Psiquiátrico de Marin-gá (PR), considerado como re-ferência em todo o mundo. Eleinformou que a instituição nãorecebeu parte das faturas denovembro de 2003 e a totalida-de de fevereiro e março desteano, que somam R$ 537.409.

Segundo o senador, o hospi-tal tem como única fonte de re-ceita os recursos públicos, quesão destinados a pessoal ecompra de medicamentos e ali-mentos, entre outras despesas.

DECISÃO Alvaro Dias reclamamedidas para o Brasil retomaro desenvolvimento

Antero quer garantia de vida para ex-diretor da CaixaEm discurso no Plenário, o se-

nador Antero Paes de Barros(PSDB-MT) pediu ao governo fe-deral a adoção de providênciaspara dar garantia de vida ao ex-diretor de logística da Caixa Eco-nômica Federal (CEF) Mário Haag,que foi ameaçado de morte e es-pancado depois que cinco bandi-

dos invadiram a sede de sua fazen-da na região de Sobradinho (DF), nanoite da última quarta-feira.

Apesar de considerar a hipótesede que se trata de um crime comum,o senador disse que é preciso seremtomadas precauções, porque Haagfoi um dos principais depoentes nocaso Waldomiro Diniz, ex-assessor

da Presidência da República.Ele também criticou a ornamen-

tação dos jardins do Palácio da Al-vorada e da Granja do Torno comestrelas vermelhas, símbolo do PT.“Imagine se o governo FernandoHenrique Cardoso tivesse implanta-do um tucano, símbolo do seu par-tido”, argumentou.

Antero protestou ainda contra amaneira como o governo federalvem conduzindo o problema da re-forma agrária. Ele afirmou que a li-beração de recursos para a execu-ção da reforma não pode ser obti-da “no grito”, como fez João PedroStédile, do Movimento dos Traba-lhadores Rurais sem Terra (MST).

CAUTELA Antero de Barrosafirma que é necessária aadoção de precauções

A sessão de sexta-feira do Senado Federal foi presidida pelos senadores Paulo Paim,Sibá Machado e Mão Santa e pela senadora Lúcia Vânia

Heráclito Fortesatribui crise

do governo a “fogo amigo”

Para o sena-dor HeráclitoFortes (PFL-PI)são justamentea pessoas pró-ximas ao presi-dente Luiz Iná-cio Lula da Sil-va que estãofomentando acrise, por meiode intrigas, dis-putas por es-paço no poder

e vaidades.– Há vários tipos de puxa-sa-

cos, como por exemplo o quenunca diz a verdade e apenaselogia, mesmo quando estátudo errado, e o puxa-saco res-sentido, que tem seus pleitosrejeitados e começa então aplantar intrigas.

Heráclito Fortesvê disputa porespaços no poder

O senadorAlmeida Lima(PDT-SE) co-brou a apura-ção do assassi-nato, em janei-ro de 2002, doprefeito deSanto André,Celso Daniel. Opar lamentarlamentou a for-ma como o ca-so vem sendo

investigado pela Polícia e peloMinistério Público.

Ele leu matéria de O Estadode S. Paulo em que João Fran-cisco Daniel, irmão do prefei-to, afirma que o PT recebia pro-pina para financiar campanhaseleitorais.

Almeida Limacobra apuraçãodo assassinatode Celso Daniel

Almeida Limacritica forma comoé feita apuração

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Ano II Nº 26 Jornal do Senado – Brasília, segunda-feira, 19 de abril de 2004

Há várias propostas em tra-mitação no Congresso que vi-sam beneficiar os portadoresde doenças graves. No Sena-do, Marcelo Crivella (PL-RJ)apresentou projeto de lei (PLS66/04) que inclui entre os be-neficiários do passe livre osportadores de doenças gravese incapacitantes, inclusive no

Lei garante direitos especiais a doentes e idososPortadores de doença grave e

de deficiência e maiores de 65anos de idade merecem aten-ção especial da legislação bra-sileira. Segurados do INSS, porexemplo, têm direito à aposen-tadoria por invalidez se foremacometidos por determinadasdoenças.

Outros benefícios estão pre-vistos na lei, como a possibi-lidade de saque do FGTS e decotas do PIS/Pasep; isenção deCPMF, IPI, ICMS e IPVA; abati-mentos especiais no Imposto deRenda; e coberturas de cirurgiaplástica reparadora em caso decâncer.

A legislação dos servidorespúblicos também contemplacasos de doenças incapaci-tantes para o trabalho e garan-te o direito à aposentadoria an-tecipada. Esta edição do Es-pecial Cidadania traz informa-ções sobre o tema.

Aposentadoria e assistência estão previstas

Projetos prevêem passe livre e isenção de imposto

Disque Saúde – 0800 61-1997

Previdência SocialPrevFone – 0800 78-0191www.inss.gov.br

Ministério do TrabalhoAlô Trabalho – 0800 285-0101 e 080061-0101 (regiões Sul e Centro-Oestee estados do Acre e Rondônia) –www.trabalho.gov.br

Agência Nacional de Saúde (ANS) –0800 701-9656www.ans.gov.br

Agência Nacional de VigilânciaSanitária (Anvisa)0800 644-0644www.anvisa.gov.br

Receita Federal – 0300 78-0300Ligação tarifada a R$ 0,27 o minutowww.receita.fazenda.gov.br

Instituto Nacional do Câncer (Inca)– (21) 2506-6108/6182www.inca.gov.br

Associação Brasileira de CuidadosPaliativos (ABCP)www.cuidadospaliativos.com.br

Conselho Federal de Medicina(CFM) – (61) 445-5900www.portalmedico.org.br

Associação Brasileira deOsteogenesis Imperfecta (ABOI)www.aboi.org.br

Associação Brasileira de Alzheimer(ABRAz)0800 55-1906www.abraz.com.br

Associação Brasil Parkinson(11) 578-8177www.parkinson.org.br

Medicamentos importadosA Fundação Rubem Berta, emparceria com a Varig, auxilia nacompra e transporte demedicamentos não fabricados noBrasil, cabendo ao solicitante apenaso pagamento do produto.

Informações pelos telefones:

São Paulo (SP) – (11) 5091-2250

Rio de Janeiro (RJ) –

(21) 2468-4818 ou 4820

Recife (PE) – (81) 3464-443

Informações

transporte aéreo, quando omotivo for, comprovada-mente, tratamento médico. Aproposta aguarda o exame daComissão de Assuntos Sociais(CAS). Do senador RomeuTuma (PFL-SP) é o projeto(PLS 71/00) que inclui entreos rendimentos isentos doImposto de Renda os proven-

tos recebidos pelos portado-res de hepatopatia grave. Amesma isenção está prevista,em proposta (PLS 100/01) dosenador Tião Viana (PT-AC),aos portadores de doençasgraves como contaminaçãopor radiação e fibrose cística,entre outras.

Na Câmara, há um projeto

(PLC 874/03) que torna obri-gatório o exame de fundo deolho nos recém-nascidos, pa-ra diagnóstico de retinoblas-toma e outras doenças gravesou congênitas. Outra propos-ta (PL 1.368/99) isenta do Im-posto de Renda os aposenta-dos portadores de artrite reu-matóide e fibromialgia.

APOSENTADORIAServidores públicos – pode ser so-

licitada pelo servidor que contrair umadas doenças especificadas no artigo186, parágrafo 1º, da Lei 8.112/90, mes-mo que não haja o tempo completo deserviço. Se o servidor aposentado tiverdoença grave, contagiosa ou incurável,tem direito a receber proventos inte-grais, conforme o artigo 190 da mesmalei, a partir da data do laudo médico pe-ricial. O direito à aposentadoria integraltambém está previsto na Constituição,nos artigos 40, parágrafo 1º, inciso I, e196.

Servidores militares – o direito àaposentadoria está previsto na Lei6.880/80, segundo a qual o militarque for julgado incapaz por umajunta médica de saúde terá di-reito, como remuneração, aum soldo correspondendoao grau hierárquico imedi-atamente superior ao quepossuir ou que possuíana ativa (artigo 110).Também pode ser re-quisitado o auxílio-in-validez, previsto no ar-tigo 3º, inciso XV, MP2.215-10/01, pelo mili-tar que necessitar decuidados hospitalaresou auxílio de serviçosde enfermagem.

Segurados do INSS– todos os segurados,após cumprir a carênciaexigida, recebendo ou nãoauxílio-doença, têm direitoà aposentadoria por inva-lidez se contrair alguma dasdoenças ou afecções listadas noartigo 26, inciso III, da Lei 8.213/91. Também não há carência para re-quisição do auxílio-doença, conformeo artigo 151 da lei. O valor da aposen-tadoria será acrescido de 25% se o se-gurado necessitar de assistência per-manente de outra pessoa, mesmo queo valor atinja o limite máximo legal.

ASSISTÊNCIA SOCIALBenefício de Prestação Continua-

da (Loas) – o artigo 203 da Constitui-ção prevê o benefício de um salário mí-nimo à pessoa portadora de deficiên-cia, ou incapacidade, ou maior de 65anos que comprove não possuir mei-os de prover seu sustento. O auxílio,que deve ser requisitado nas agênciasdo INSS, foi regulamentado pela Lei8.742/93, com as modificações da Lei9.720/98.

Auxílio-doença – é o benefíciomensal a que tem direito o seguradoinscrito no Regime Geral de Previdên-cia Social, do INSS, ao ficar incapacita-

do para o trabalho (mesmo que tempo-rariamente), em virtude de doença, pormais de quinze dias consecutivos. A soli-citação do benefício deve ser feita pormeio de requerimento ao órgão que pa-ga a aposentadoria (INSS, prefeitura, es-tado, Distrito Federal). É necessário com-provar a doença mediante laudo perici-al emitido por serviço médico oficial daUnião, estado, Distrito Federal ou muni-cípio (Lei 9.250/95,art. 30; RIR/99,art. 39, pa-r á g r a -

f o s4º e 5º;IN SRF 15/01,artigo 5º, parágra-fos 1º e 2º).

SAQUESFGTS – os portadores de câncer, de ví-

rus da Aids ou de doença terminal, quetenham depósitos na conta do Fundo deGarantia do Tempo de Serviço (FGTS),podem sacar o total depositado, comisenção do Imposto de Renda e sem in-cidência da Contribuição Provisória so-bre Movimentação Financeira (CPMF),conforme as Leis 8.213/91 e 7.670/88.Não é preciso estar aposentado para re-clamar a quantia, que pode ser requeridapelo dependente do titular da conta.

PIS/Pasep – o saque de quotas pode

ser solicitado pelo portador do vírus HIVe de câncer em caso de invalidez perma-nente, entre outros. Na ocorrência decâncer, o beneficiário pode ser o titularda conta ou seu dependente. A CPMFnão incide sobre o saque. Se o trabalha-dor foi cadastrado até 4/10/88, poderáter saldo de cotas.

ISENÇÕESCPMF – a contribuição deve ser

estornada dos benefíci-os de prestação

continua-da e

d a -q u e l e s

de presta-ção única, previstos

nos planos de benefícios da Previ-dência Social, e dos proventos de apo-sentadoria e pensão, não excedentes adez salários mínimos, de que trata a Lei8.112/90.

Imposto de Renda – não sofre des-conto o rendimento de aposentadoriapor doença grave e dos pensionistas,conforme a Lei 9.259/95. A isenção deveser concedida a partir do mês da emis-são do laudo pericial. Não ficam isentosos ganhos com outros rendimentos,como, por exemplo, aplicações financei-ras ou aluguéis. No caso de descontosindevidos, é possível solicitar a restitui-

ção retroativa dos últimos cinco anos.Também ficam isentos do IR ganhoscom seguro-desemprego, auxílio-do-ença, PIS/Pasep, seguro da previdênciaprivada, apólices de seguro e pecúlio,conforme as Leis 7.713/88 e 8.541/92,o Decreto 3.000/99 e a InstruçãoNormativa SRF 15/01.

IPI e ICMS – ficam isentos do IPI au-tomóveis de passageiros adquiridospor pessoas portadoras de deficiênciacongênita ou adquirida por motivo dedoença ou acidente. A isenção valepara a compra de veículo comum, na-cional, se o beneficiário é o deficientecondutor ou seu representante. A isen-ção do ICMS só vale para veículos de

até 127hp e adaptados para o uso doportador de deficiência.

IOF no financiamento para acompra de veículo – a Lei

8.383/91 isenta os portadoresde deficiência da cobrança

do Imposto sobre Opera-ções Financeiras (IOF) nacontratação de financia-mento para adquirir veí-culo de passageiros, na-cional, com até 127hp depotência. O benefício éconcedido apenas umavez.

IPVA – os estados dePernambuco, Goiás, Mi-nas Gerais, Paraíba, Para-

ná, Rio de Janeiro, RioGrande do Norte, Rio

Grande do Sul e São Paulo,além do Distrito Federal,

isentam do pagamento doImposto sobre a Propriedade

de Veículos Automotores (IPVA)o veículo do portador de defici-

ência. Informações podem ser ob-tidas no Detran local.

TRATAMENTOS MÉDICOSCirurgia reparadora – cirurgia plás-

tica reparadora da mama, em caso decâncer, pode ser feita pelo Sistema Úni-co de Saúde ou coberta pelos planosde saúde, conforme as Leis 9.797/99 e10.223/01.

OUTROSQuitação do financiamento – ao

pagar as parcelas do imóvel financia-do pelo Sistema Financeiro de Habi-tação (SFH), o proprietário tambémpaga um seguro que lhe garante aquitação do imóvel em caso de inva-lidez ou morte. Na ocorrência de in-validez, o seguro quita o valor corres-pondente ao que o doente pagou dofinanciamento. A entidade financeiraque efetuou o financiamento do imó-vel deve encaminhar os documentosnecessários à seguradora responsávelpelo seguro.

O Especial Cidadania é produzido por Treici Schwengber