PDS Rocinha

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PAC 1 Rocinha

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  • RocinhaPlano de Desenvolvimento Sustentvel

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    APRESENTAO

    Carta de apresentao do Governador do Estado do Rio de Janeiro...............................Carta do Secretrio de Estado da Casa Civil...............................................................................

    A ROCINHA PELA ROCINHA Desde os Tamoios................................................................................................................................O Nome Rocinha..................................................................................................................................Do loteamento Favelizao das Roas......................................................................................A Estrada da Gvea..............................................................................................................................A Igreja da Nossa Senhora da Boa Viagem.................................................................................Fundao Leo XIII..............................................................................................................................Um pouco da Organizao comunitria.....................................................................................O Boom....................................................................................................................................................Enfim, o PAC!..........................................................................................................................................

    O PAC ROCINHA - A INTERVENO FSICA

    Antecedentes do PAC A guerra de 2004 e o Concurso de Idias....................................O Plano Diretor da Rocinha: compromisso, novas informaes, visibilidade e participao................................................................................................................A definio da Prioridade da Interveno: a estruturao do PAC Rocinha............................As obras do PAC Rocinha..................................................................................................................

    O PAC ROCINHA - O TRABALHO SOCIAL

    A Alma do PAC......................................................................................................................................A Regularizao Fundiria................................................................................................................A relao entre as obras e as pessoas - Realocao.................................................................A relao entre as obras e as pessoas - Comunicao............................................................O Comit do PAC O espao de debate......................................................................................A ampliao do Canteiro Social......................................................................................................Um espao da Rocinha A apropriao pelos valores...........................................................Processo de construo do Plano Pesquisas e debates.....................................................As reunies por sub-bairro.................................................................................................................As reunies por eixo temtico..........................................................................................................Os Fruns.................................................................................................................................................As pesquisas censitria e de opinio..............................................................................................A pesquisa s Organizaes da Sociedade Civil........................................................................

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    Sumrio

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    RESULTADOS CARACTERIZAO POR EIXOS TEMTICOS

    Caracterizao geral.............................................................................................................................Moradia e Questes Urbanas............................................................................................................Saneamento Ambiental.........................................................................................................................Sade..........................................................................................................................................................Assistncia e Promoo Social..........................................................................................................Educao...................................................................................................................................................Cultura, Esporte e Lazer.......................................................................................................................Trabalho e Renda....................................................................................................................................Empreendedorismo...............................................................................................................................Organizaes da Sociedade Civil......................................................................................................

    AES PROPOSTAS

    Mapa de aes propostas...................................................................................................................

    CATLOGO DAS ORGANIZAES DA SOCIEDADE CIVIL

    Os Jovens Pesquisadores e a Pesquisa com Organizaes......................................................Mapa das Organizaes.......................................................................................................................

    PARTICIPANTES

    Participantes das reunies de construo deste documento................................................Instituies participantes das reunies de construo deste documento........................Associao de Moradores da Rocinha.............................................................................................Equipe de Coordenao do Trabalho Social do PAC..................................................................

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    Apresentao

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    com grande satisfao que estamos lanando este Plano de Desenvolvimento Sustentvel da Rocinha neste momento de concluso da primeira fase do PAC Programa de Acelerao do Crescimento na comunidade.

    Este projeto diferente de todos, pois alm das intervenes fsicas, investimos em paralelo nas pessoas. Os moradores da comunidade que so e sero os grandes indutores da transformao para um futuro melhor.

    Compreender seus anseios, suas virtudes e necessidades foi de suma importncia para definir uma estratgia vencedora.

    Este Plano consolida a histria da comunidade construda atravs de vrios olhares dos moradores, do

    prprio poder pblico e dos dados estatsticos.Questes relacionadas a moradia, infraestrutura,

    sade, educao, cultura , assistncia social, esporte e lazer, trabalho e renda e empreendedorismo foram mapeadas e priorizadas com a participao de mais de 800 moradores e representantes de diversas associaes locais.

    a partir deste Plano que estaremos dando um passo para o futuro, baseado em critrios e prioridades elencadas com a participao direta da sociedade.

    Nasce um novo modelo de investimento, intervenes fsicas e aes sociais lado a lado, somando foras para uma sociedade melhor.

    Parabns a todos!

    Srgio CabralGovernador do Estado do Rio de Janeiro

    Plano de Desenvolvimento Sustentvel da Rocinha

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    Nos ltimos anos a histria das polticas pblicas relacionadas questo urbanstica e habitacional implementadas em comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro tem nos mostrado uma descontinuidade nas aes do poder pblico para esses espaos e uma ausncia da participao da comunidade, levando a deteriorizao de projetos, a insatisfao da populao e ao abandono das reas.

    Ao chegarmos ao sculo XXI, estudiosos, urbanistas e especialistas da rea social tanto do poder pblico quanto da sociedade civil organizada continuavam a debater os impactos e os benefcios que as polticas habitacionais implementadas trouxeram para esta populao e de que forma a mesma vem se apropriando dos espaos pblicos construdos e reformados.

    Em 2007 o PAC no Estado do Rio de Janeiro apontava para investimentos financeiros de milhes em recursos para as trs grandes e mais complexas comunidades: Complexo do Alemo, Manguinhos e Rocinha.

    O grande desafio de alinhar obras como

    implantao de infraestrutura, construo de novas unidades habitacionais, de um telefrico, de plano inclinado, melhoria da circulao viria, construo de equipamentos pblicos a um trabalho de participao efetiva dos moradores locais, construindo um modelo sustentvel e participativo, desde o acompanhamento das obras, passando pela etapa de remanejamento e realocao de milhares de famlias que vivem em reas de risco ou onde ocorrero as obras.

    A proposta inovadora em termos de metodologia para o trabalho social subdividida em trs eixos:

    Censo domiciliar e empresarialTrabalho SocialRegularizao Fundiria

    A partir dela, conseguimos construir uma relao de confiana, de participao da comunidade em todas as etapas do projeto e de captura de desejos e anseios esquecidos ao longo do tempo.

    Uma nova perspectiva

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    E por que afirmar que uma proposta inovadora e no somente mais uma tentativa de realizar um trabalho em comunidades?

    Em primeiro, por considerar o trabalho social a partir de um novo olhar:

    Transformar Intervenes fsicas de Urbanizao (Obra Transformao do Territrio) em processos de Desenvolvimento Sustentvel (crescimento econmico com distribuio de benefcios e sustentao de recursos sob gesto democrtica transformao do territrio + transformao das pessoas).

    Alm disso, a iniciativa de realizar um amplo censo nas comunidades que teve resultados surpreendentes:

    So 38.140 imveis cadastrados na Rocinha e deste total 34.576 domiciliares e 3.564 no-domiciliares.

    So 101.000 moradores que vivem na Rocinha desde antes da dcada de 1960 e a sua imensa maioria vive em domiclios de dois a quatro cmodos e em alvenaria.

    Deste total, cerca de 61% da populao informou que o imvel prprio mas sem registros oficiais e com isso

    o Governo do Estado tambm est atuando num amplo projeto de regularizao fundiria de cerca de 5000 imveis situados na rea exemplar do projeto.

    Em termos de infraestrutura, o censo levantou que cerca de 93% dos domiclios abastecido atravs de rede de gua oficial e aproximadamente 80% tem o esgotamento sanitrio ligado a rede pblica.

    Em relao a energia eltrica so 84,5% de domiclios que informaram estar ligados a rede oficial.

    Muitas outras questes foram abordadas durante o censo e um trabalho complementar de diagnstico est sendo construdo com a participao da sociedade local.

    Dentro das aes do Trabalho Social, temos o prazer de apresentar um dos produtos desse trabalho que o PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DA ROCINHA, material esse que foi elaborado em parceria com os moradores da Rocinha, onde foram discutidas e priorizadas, em Fruns ao longo de 10 meses, as aes mais importantes e prioritrias a serem implantadas na regio.

    Regis FichtnerSecretrio de Estado da Casa CivilGoverno do Estado do Rio de Janeiro

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    O Texto a seguir, de autoria do coletivo denominado Frum de Culturacomposto por moradores da Rocinha, que vem realizando aes no sentido da valorizao e constituio de acervo da Memria e Histria local.

    A Rocinha pela Rocinha

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    Desde os Tamoios

    Os descendentes dos moradores mais antigos que ocuparam as terras onde hoje a Comunidade da Rocinha j diziam: no podemos negar a memria e historia de sua ocupao.

    Primeiro pelos ndios Tamoios, os primeiros donos destas terras e adjacncias. Depois, pelos portugueses que para ocup-las travaram lutas diversas chegando a exterminar quase totalmente os povos nativos, e, mais tarde, pelos africanos trazidos como escravos para trabalhar nos engenhos de cana-de-acar e nas fazendas de caf.

    Segundo moradores, na regio entre So Conrado e Gvea, onde hoje a Rocinha, localizava-se a fazenda Quebra Cangalha, que no sculo XVIII produzia cana-de-acar e depois caf, e em meados do sculo XIX tornou-se uma fazenda de pequenas culturas. Esta fazenda tinha divisa com as terras do portugus Jos Magalhes Seixas e com a Fazendinha de So Jos da Alagoinha da Gvea. Ambas relacionadas com o movimento de abolio da escravido. No sop do Morro Dois Irmos, Seixas abrigava em suas terras o Quilombo do Leblon, que se destacou pelo cultivo de camlias, cujo uso passou a simbolizar simpatia ao Movimento Abolicionista. E na

    Fazendinha de So Jos da Alagoinha da Gvea, onde hoje a Villa Riso, foi redigida a lei que em 13 de maio de 1888 declarou extinta a escravido no Brasil.

    Moradores da Rocinha diziam ter ouvido muitas histrias de seus antepassados sobre a existncia de um Quilombo nas proximidades da Favela da Rocinha e que ainda existem objetos como grilhes em meio mata, nas localidades da Dionia e Labouriaux. Apesar de no haver meno ao fato em nossa literatura, a proximidade com Quilombo do Leblon, a circulao da Princesa Isabel pela regio e a falncia das fazendas indicam a possibilidade de ocupao muito discreta e dispersa dentro da mata fechada.

    Com advento dos bondes no Rio de Janeiro, em meados do sculo XIX, o chamado Rodo do Bonde no final da Rua Marqus de So Vicente contribuiu para o contato das pessoas descendentes de ex-escravos e brancos pobres, que tinham suas plantaes de subsistncia, com o restante da cidade.

    A passagem dos bondes tinha um preo muito caro, mas de alguma forma isto contribua para que aqueles que no tinham onde morar subissem a Estrada da Gvea e construssem suas moradias no meio da mata onde hoje a Rocinha, pois, j naquela poca, morar prximo ao trabalho era fundamental.

    A Rocinha pela Rocinha

    O Nome Rocinha

    Uma das verses surge na dcada de 1920, com a restituio das feiras livres no Distrito Federal. Uma das mais disputadas era a do Largo das Trs Vendas, hoje Praa Santos Dumont no bairro da Gvea. Essa feira estimulou a ampliao de culturas diversas como: frutas, verduras e legumes nas terras depois do Alto Gvea, hoje Rocinha. As hortalias muito bonitas chamavam ateno da clientela, que sempre perguntavam de onde vinham. E os feirantes respondiam: da minha rocinha.

    Outra verso sobre o nome Rocinha menciona uma espanhola que residia na localidade e tinha nas suas terras plantaes de legumes e verduras. Sempre que recebia visitas de amigos convidava-os para ir ver a sua rocinha. Uma terceira verso trata de uma moa de cabelos claros, apelidada de russinha.

    A falta de comprovao comum a todas as possibilidades, perpetuando esta polmica.

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    Do loteamento Favelizao das Roas

    O loteamento das terras da Fazenda Quebra Cangalha foi realizado pela Companhia Imobiliria Castro de Guidon entre os anos de 1925 a 1926. Neste projeto havia a demarcao de ruas que resultou na existncia, at hoje, das Ruas 1, 2, 3 e 4. Em 1935 a Prefeitura mandou instalar luz eltrica na Estrada da Gvea. At 1937, j haviam sido

    vendidos 80 lotes, mas como o loteamento no contava com nenhuma infraestrutura urbana, no tendo ainda o arruamento previsto, foi considerado ilegal pela Prefeitura. No dispondo de condies para legalizar, a Companhia Imobiliria Castro de Guidon abriu falncia, seu dono suicidou-se e os herdeiros perderam o interesse pela rea.

    A Estrada da Gvea

    A Estrada da Gvea sempre foi uma via de circulao importante. No perodo colonial, j existia como um caminho de barro batido que em 1878 foi denominado Caminho que ia para Praia da Gvea e melhorado em 1916, pelo ento Comendador Conrado Jacob de Niemeyer.

    Depois de pavimentada em 1930, a estrada passa a acolher corridas de automveis, as chamadas Corridas de Baratinha. Na temporada oficial de turismo de 1933, o

    Automvel Clube do Brasil (ACB) promoveu o circuito Niemeyer - Gvea, com o ttulo 1 Prmio Cidade do Rio de Janeiro, no domingo 1 de outubro, que contou com a participao do piloto Chico Lande. Em todo mundo, o bairro da Gvea passa a ser conhecido. Anos mais tarde, surge o Grande Prmio Cidade do Rio de Janeiro. O local escolhido foi o Circuito da Gvea, um traado de rua com mais de 11 quilmetros que contornava o Morro Dois Irmos.

    A Igreja da Nossa Senhora da Boa Viagem

    Em primeiro de maio de 1938 foram inauguradas a Capela e a Escola Nossa Senhora da Boa Viagem. Com capacidade para 300 pessoas a capela na poca pertencia Parquia Nossa Senhora da Paz em Ipanema. Em 1985 passou a ser a Igreja Matriz da Parquia da Nossa Senhora da Boa Viagem, com o primeiro proco Padre Manoel de Oliveira Manango pela Arquidiocese da cidade do Rio de Janeiro.

    Ao contrrio da corrida de Baratinha que se localizava ali por questes fsicas e geogrficas, a capela atendia a populao local, inserida no primeiro centro comercial e de servios da favela, na Estrada da Gvea n 555.

    A Igreja da Nossa Senhora da Boa Viagem um marco importante na consolidao da comunidade e uma instituio atuante junto aos movimentos sociais, o que se intensifica mais ainda com a vinda da Fundao Leo XIII.

    Fundao Leo XIII

    Fundada pela Igreja Catlica em 1947, a Fundao Leo XIII tinha uma poltica de instalao de ncleos de atuao em grandes localidades faveladas do Rio de Janeiro. Em 1949, criou o Centro de Ao Social So Jos na favela da Rocinha que passou a funcionar em salas da igreja local, N. S. da Boa Viagem, atravs de um convnio entre a Fundao e a Parquia Santa Mnica, qual a capela da regio estava subordinada.

    Alm de manter a Fundao prxima a uma capela da Igreja Catlica, entidade hegemnica do perodo, sua funo poltico-assistencial favorecia a vigilncia, o controle e a correo de sua clientela.

    Em 1962, a Fundao Leo XIII estatizada e posteriormente fecha o posto da Rocinha. Ainda assim, o local que foi ocupado pela instituio muito conhecido at hoje entre os moradores como Fundao.

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    Um pouco da Organizao Comunitria

    Podemos dizer que a Unio dos Trabalhadores de Favela (UTF), que surgiu ainda nos anos 40, foi a primeira tentativa de organizao do movimento comunitrio de favelas. Criada no Morro do Borel para evitar a remoo da favela, a UTF serviria de inspirao e modelo para todas as outras associaes que nasceriam nos anos seguintes.

    As favelas acabavam servindo como um campo de disputas pelo exerccio de poder local entre polticos e a Fundao Leo XIII. Isto , principalmente a partir do final da ditadura do Estado Novo, a influncia de cabos-eleitorais j era marcante e a Fundao Leo XIII buscava evitar que eles ganhassem espao junto aos moradores, respondendo s necessidades bsicas dos mesmos antes que os grupos polticos considerados de esquerda o fizessem.

    Somava-se a isso, a interveno de polticos cuja estratgia de atuao se baseava na troca de favores por votos, o que acabava facilitando a consolidao da localidade atravs da permisso para edificao de barracos, melhorias nos existentes, construo de sistemas precrios de fornecimento de gua, entre outros, contrariando a possibilidade de conteno do crescimento da favela e posterior remoo da mesma.

    Nos anos 60, foram fundadas a Unio Pr Melhoramentos dos Moradores da Rocinha (UPMMR) e a Ao Social Padre Anchieta (ASPA) como instituies de representao dos moradores. Com a expanso e

    os novos sub-bairros, foram criadas a Associao de Moradores e Amigos do Bairro Barcellos (AMABB), na parte prxima a So Conrado, e a Associao de Moradores e Amigos da Vila Labouriaux, que posteriormente incorporou o sub-bairro Vila Cruzado formando a AMA-VL-VC. Esta ltima representava os interesses especficos das comunidades situadas na vertente da Gvea e na cumeeira do morro em direo Floresta da Tijuca j na dcada de 80.

    A favela era pouco visada nessa poca. O que as pessoas do asfalto no sabiam que no morro haviam lideranas conscientes e politizadas que discutiam tambm questes ideolgicas, afirma Abdias Nascimento, membro do conselho deliberativo da FAFEG- Federao da Associao de Favelas do Estado da Guanabara e presidente da Associao de Moradores do So Carlos entre 1965 e 1968.

    Outra forma que os moradores da Rocinha encontraram para resistir s remoes foi se mobilizar e se organizar em mutires para limpezas de valas tendo como orgo estimulador a Capela N. S. Aparecida, localizada no Largo do Boiadeiro, que na poca era liderada pelo padre belga Cristiano Carmem.

    A realizao dos mutires tinha uma metodologia que era acompanhada por msicas que participantes, como Manoel Quintino e D. Maria, compunham. Abaixo, o trecho de uma delas.

    Os problemas das valas algo a se pensar

    No joge entulhos grandesOs que moram em cima

    Para os de baixo no prejudicarPensemos nos vizinhos de baixo

    Eles no tem culpaDe l estar

    E assim todos que virem vo dizerAprenderam a ser cristosAprenderam a favorecer

    Refro: Eu sou daqui vou cooperar entulhos grandes no vou jogar...

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    Do movimento de limpeza das valas surge a discusso da questo sanitria. Os moradores envolvidos passam a divulgar informaes sobre higiene criando seus prprios meios de comunicao. Esta iniciativa contribuiu para a reivindicao de um posto de sade para comunidade que foi construdo na dcada de 1980, o Posto Albert Sabin.

    Tambm podemos considerar, no processo de organizao comunitria e reivindicao que se seguiu, a criao da Regio Administrativa da Rocinha, a XXVIIR.A.

    Enfim, todo esse processo fez parte da luta dos moradores pelo acesso aos servios pblicos e pelo direito a moradia que sempre foi o X da questo.

    O Boom

    At a dcada de 50, a Rocinha acompanhou o desenvolvimento dos bairros de Ipanema, Leblon, Gvea, Jardim Botnico e Lagoa, como opo de moradia pela proximidade do trabalho.

    Durante os anos 60, a poltica de remoo de favelas que se encontravam nos morros e encostas da Zona Sul foi massiva, desocupando as chamadas reas nobres da orla para novos empreendimentos imobilirios. Infelizmente, ao mesmo tempo que muitas favelas eram removidas, muitos moradores saiam de uma rea para outra e migravam na cidade.

    Com os grandes empreendimentos imobilirios e o aumento do emprego na construo civil a comunidade se desenvolveu bastante, tendo esse crescimento sido acentuado pela migrao de um enorme contingente

    populacional do Nordeste e do interior do Estado do Rio de Janeiro para a capital. Assim, a Rocinha se tornou a maior favela do Rio de Janeiro.

    O aumento da populao foi acompanhado de uma srie de servios, comrcio e instituies que sinalizavam uma transformao. Gradualmente, os barracos de madeira e zinco foram substitudos por casas de alvenaria, erguidas a partir das sobras de material de construo dos grandes condomnios de So Conrado e Barra da Tijuca.

    Os marcos desse crescimento podem ser pontuados pelo loteamento da Companhia Cristo Redentor, em 1964, dando origem ao Bairro Barcellos; pela abertura do Tnel Zuzu Angel, em 1971; e pela instituio do Bairro da Rocinha pela Prefeitura do Rio, em 1993.

    Enfim, o PAC!

    A presena dos poucos aparelhos pblicos existentes na comunidade foi conquistada no tempo do movimento comunitrio nas dcadas de 1970, 1980 e incio de 1990.

    Da para frente, a organizao comunitria tomou outros contornos. A crescente cooptao de lideranas polticas locais por partidos polticos; o aumento do poder paralelo que passava a influenciar certos espaos de representao como as Associaes de Moradores; e a multiplicao das ONGs que buscavam ser interlocutoras dos pobres e favelados marcaram um perodo muito complicado na Rocinha.

    Em 2004, conflitos internos na Rocinha pararam a cidade do Rio de Janeiro e uma outra configurao local se iniciou. Lideranas da Rocinha e as Associaes de Moradores da Gvea e So Conrado passaram a se reunir, com a participao do ento Vice-Gorvernador, Luiz Paulo Conde. O processo resultou no Plano Setorial da Rocinha,

    que apresentava reivindicaes como a ampliao do posto de sade, reas de lazer, saneamento, espao cultural, urbanizao, segurana, mais escolas e etc.

    Ainda em 2005, foi realizado um concurso para urbanizao da Rocinha sendo vencedor o projeto o arquiteto Luiz Carlos de Menezes Toledo com sua equipe, da qual faziam parte muitos moradores locais. No perodo eleitoral de 2006, o presidente da Associao de Moradores da Rocinha, William de Oliveira, fez uma provocao ao Sr. Srgio Cabral Filho, ento candidato ao governo do estado, para dar continuidade ao projeto de urbanizao. Cabral se comprometeu e foi eleito.

    Essa foi a historia que originou o PAC, que apesar de no ser tudo que a comunidade necessita, um grande passo em direo s reivindicaes antigas dos moradores que sempre lutaram por melhores condies na Rocinha.

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    O PAC Rocinha

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    O fato relatado na reportagem do jornal O GLOBO e marcado na memria dos cariocas teve um impacto ainda maior para os moradores dos bairros da Rocinha, So Conrado e sua vizinhana. Dele decorreu uma srie de movimentaes da sociedade civil a procura de alternativas para enfrentar os problemas da Rocinha, que se projetaram a partir da violncia. Dois deles tomaram forma atravs de fruns de discusso.

    Na liderana da SEMADUR1 , o Frum Tcnico de Urbanizao da Rocinha promoveu encontros entre tcnicos do Governo do Estado e representantes locais na empresa Microlins, na Rocinha. Foram mais de quinze reunies realizadas com o objetivo de definir as diretrizes para o desenvolvimento da Rocinha atravs de interveno governamental.

    Paralelamente, outro frum ocorria no Hotel Intercontinental e na Vila Riso, inclusive com pessoas que tambm participavam das reunies com a SEMADUR.

    Denominado Frum Dois Irmos, convocado inicialmente pela AMASCO2 , o encontro reuniu as trs associaes de moradores do Bairro da Rocinha, AMABB3 , AMA-VL-VC4 e UPMMR5 , alm de instituies como OAB-RJ, Firjan, IAB-RJ, PUC-RJ, ADEMI e SINDUSCON, entre outras.

    Enquanto o governo convergia para a estruturao de um concurso de idias para a urbanizao da Rocinha, o Frum Tcnico de Urbanizao avanava no sentido de dar forma s idias de seus membros e no perder a mobilizao atingida a partir do incidente da guerra.

    Em outubro de 2005, o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o IAB-RJ lanaram o edital do Concurso Nacional de Idias para a Urbanizao da Rocinha. O material desenvolvido pelo Frum Dois Irmos foi oferecido como uma das bases para os candidatos. Alm disso, um morador da Rocinha e membro do Frum fez parte do grupo de jurados.

    A interveno fsica

    Antecedentes do PAC A guerra de 2004 e o Concurso de Ideias

    O GLOBO abril de 2004Na madrugada da Sexta-Feira Santa daquele ano, cerca de 60 bandidos saram do Vidigal para tomar os pontos de venda de drogas da Rocinha. No caminho, mataram a mineira Telma Veloso Pinto, de 38 anos, na Avenida Niemeyer, que ficou fechada por sete horas. Na Rocinha, os invasores assassinaram outras duas pessoas. Com a guerra do trfico, 1.200 PMs ocuparam a Rocinha e o Vidigal. Nas duas semanas seguintes invaso, 12 pessoas foram executadas.

    1SEMADUR a sigla da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, existente naquele momento.2Associao de Moradores de So Conrado. 3Associao de Moradores e Amigos do Bairro Barcellos. Uma parte baixa da Rocinha, junto a Autoestrada Lagoa-Barra, que apresenta a maior intensidade de comrcio e atividades econmicas.4Associao de Moradores da Vila Laboriaux e Vila Cruzado. So dois sub bairros localizados na parte alta da Rocinha e na vertente Gvea. 5Unio Pr Melhoramentos dos Moradores da Rocinha. a associao que compreende a maior rea territorial da Rocinha.

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    A equipe6 vencedora do Concurso de Idias para a Urbanizao da Rocinha tinha como principal caracterstica a estreita relao com o local, concentrando profissionais que j haviam trabalhado anteriormente no bairro, moradores e integrantes das reunies aps o acontecimento de 2004.

    As principais idias propostas se baseavam na forma participativa de atuao, na urbanizao das valas com criao de acessos, na ateno especial integrao da Rocinha aos bairros vizinhos e na delimitao de uma rea Exemplar de atuao no miolo do bairro.

    O Plano Diretor da Rocinha: compromisso, novas informaes, visibilidade e participao

    Com a concluso do concurso, ficou novamente a cargo da sociedade civil manter a mobilizao em torno da melhoria das condies de vida na Rocinha. Aqueles que acreditavam nas idias do projeto vencedor mantiveram sua militncia realizando reunies no bairro e fora dele e encontraram correspondncia no ento candidato ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, Sr. Srgio Cabral Filho.

    A contratao do projeto de urbanizao foi assumida publicamente como um compromisso de campanha.

    A contratao da equipe e a instalao do escritrio de projeto na Estrada da Gvea, somados realizao de reunies comunitrias e ao incio do trabalho de campo da Equipe de Levantamento marcaram um processo de planejamento consistente junto sociedade.

    O mapeamento dos becos e construes com a demarcao de usos e gabaritos, o posicionamento das valas e dos inmeros tneis deram origem a dados de interesse coletivo. Essas informaes se somaram s bases desenvolvidas por outras organizaes com atuao na Rocinha como a Fundao Bento Rubio e a Fiocruz,

    integrando o projeto s dimenses fundiria e sanitria. Um escritrio aberto aos moradores, um programa

    semanal na Rdio local e o calendrio de reunies participativas despertaram a curiosidade de diversos segmentos. Ao todo, foram realizadas trs assemblias, quatro reunies em diferentes sub-bairros e dois fruns de cultura, alm de um curso de histria do urbanismo freqentado pelos moradores. Fora da Rocinha, o processo foi apresentado em congressos e universidades. A publicidade que o projeto obteve est relacionada com as particularidades da Rocinha7.

    6A Equipe era composta de 48 membros na liderana do Arquiteto Luiz Carlos Toledo e sua empresa, a M&T Arquitetura, associada a diversas outras firmas de projeto. Destacamos aqui a atuao da Arquitrao, na pessoa da Daniela Engel Javoski que coordenou a equipe do concurso e do Paulo Cesar Valrio e Edigler Vianna, moradores da Rocinha, militantes do movimento popular e membros da equipe.7A Rocinha a favela com maior nmero de publicaes do Brasil, vizinha dos bairros de maior renda per capita da cidade do Rio de Janeiro e apresenta ndices de densidade populacional de 2000 habitantes por hectare em algumas regies.

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    As notcias de recursos para obras na Rocinha tiveram incio no sexto ms de elaborao do projeto, que tinha a concluso prevista para 12 meses. Foi preciso antecipar as decises sobre a priorizao das aes e apropriar-se do processo de planejamento participativo no estgio intermedirio em que se encontrava.

    Uma pesquisa elaborada pela Fundao Oswaldo Cruz, em parceira com o Posto de Sade Albert Sabin, sobre

    A definio da Prioridade da Interveno: a estruturao do PAC Rocinha

    Logo depois de eleito, mandei, via e-mail, o projeto para o Presidente Lula e ele gostou tanto que me ligou de volta para dizer que iria fazer as obras previstas no projeto. Depois que assumi, formalizamos a parceria e no s colocamos o projeto da Rocinha no PAC como incorporamos novas aes e os investimentos iniciais de R$ 60 milhes chegaram aos atuais R$ 180 milhes relembra Cabral, acrescentando que o modelo serviu de base para a formatao dos projetos das outras localidades financiadas pelo PAC, como os complexos do Alemo, Manguinhos, Pavo-Pavozinho e Preventrio. 8

    a incidncia dos casos de tuberculose na Rocinha apontou a maior gravidade para a regio da Rua Quatro, no sub-bairro da Cidade Nova, exatamente a regio denominada rea Exemplar de atuao na proposta vencedora do concurso.

    Ocupar as nicas reas livres de edificao, at ento utilizadas como garagens de nibus, com novos prdios pblicos e habitao foi o gesto determinante na constituio dos valores que seriam apropriados pelo PAC.

    8 Pargrafo da matria Obras do PAC na Rocinha comeam segunda-feira, publicada na Revista Fator Brasil do dia 8 de maro de 2008. Disponvel no site www.revistafatorbrasil.com.br Acesso em 5 de janeiro de 2009.

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    As obras do PAC Rocinha

    O conjunto de obras que compe o PAC Rocinha pode ser classificado em trs esferas: a construo de novos prdios para abrigar servios pblicos, as aes de urbanizao, acessibilidade, saneamento e construo de unidades habitacionais.

    Complexo Esportivo da Rocinha: Atividades de esporte e lazer, como natao, futebol de campo, futebol de salo, vlei, basquete, skate, bike, roller, Capoeira, Kickboxing, Boxe, Jud, Jiu-jitsu, Taekwon-do, Surf, Bodyboard e Artesanato, totalizando 4.330 alunos inscritos e outros 1.500 usurios das atividades de lazer por ms.

    Centro Integrado de Ateno Sade: O Centro de sade formado por uma UPA-24h (Pr-Hospitalar Fixo), uma Clnica da Famlia e um CAPS (Sade mental) com diversos servios como: Ateno Bsica, Laboratrio de Anlises Clnicas, Salas de Raios-X e Ateno Especializada.

    Centro de Convivncia, Comunicao e Cultura C4: Espao que vai integrar a Rocinha com Cultura, Educao e Cidadania.

    Creche Referncia: Vai atender muitas famlias com conforto e qualidade, alm de prestar suporte a outras instituies de ensino da Rocinha.

    Unidades Habitacionais: So nove blocos de apartamentos de quatro andares e quatro apartamentos por andar, totalizando 144 novas unidades habitacionais. Todos os apartamentos tm dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Os beneficirios so as famlias realocadas devido s obras do PAC.

    Apartamentos para PNEs: Tm caractersticas adequadas s pessoas portadoras de necessidades especiais.

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    Equipamentos pblicos e Novas Unidades Habitacionais:

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    Nova Passarela da Rocinha: Com projeto doado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a nova passarela possibilita o acesso direto da Rocinha ao Complexo Esportivo e atende s condies de acessibilidade universal.

    Alargamento e Urbanizao da Rua Quatro: A Rua Quatro um acesso importante dos sub-bairros Cidade Nova, Rua Quatro (sub-bairro que tem o mesmo nome do beco) e adjacncias. Os antigos 1,20 metros de largura na mdia esto sendo transformados em 4,5 metros, possibilitando o acesso de veculos, servios pblicos, pessoas, luz e circulao de ar.

    Acesso Principal e Caminho do Boiadeiro: As ruas Servido Leste, Caminho do Boiadeiro e Rua Dois esto sendo totalmente recapeadas, com reparos nas redes de esgotamento e abastecimento de gua. Na rede eltrica, esto em andamento a substituio dos postes e a organizao dos cabos de fora.

    Largo do Boiadeiro e Mercado Pblico: O Largo do Boiadeiro, hoje ocupado permanentemente por comerciantes, est sendo transformado em uma praa aberta, semelhante ao que j foi originalmente, para usufruto da populao. Em terreno prximo, um mercado pblico est sendo criado para abrigar o tradicional comrcio com qualidade espacial e segurana.

    Plano Inclinado da Roupa Suja: Dando acesso parte alta do sub-bairro Roupa Suja a partir da sada do Tnel Zuzu Angel, o Plano Inclinado vence 45 metros de altura e possibilita o acesso das pessoas, mercadorias e a retirada de lixo em compartimento exclusivo.

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    Urbanizao, Acessibilidade e Saneamento:

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    O Canteiro Social do PAC a cara do PAC para a populao local, informando e marcando a presena institucional do poder pblico enquanto PAC. Alm disso, no caso da Rocinha especificamente, o Trabalho Social retoma a participao popular iniciada nas discusses do Plano Diretor, aps perodo de estruturao do poder pblico para executar o PAC.

    Sua localizao central no bairro foi o primeiro passo para uma boa relao com a populao. Esta localizao propiciou o compartilhamento de todas as dificuldades da Rocinha, como intermitncia no fornecimento de gua, queda de luz, dificuldade de receber entregas por correio, ponto de acmulo de lixo em frente, poluio sonora e ausncia de policiamento, e propiciou tambm o usufruto das benesses, como comrcio variado, local de passagem de pessoas, diversidade social e abundncia de manifestaes culturais. Inserido, ento, no rol de rgos pblicos sediados na Rocinha, como o Posto de Sade Albert Sabin e a XXVII R.A., o Canteiro Social do PAC conduz seu plano de trabalho.

    So integrantes do Trabalho Social: a regularizao fundiria para cinco mil famlias, a relao entre as pessoas

    e a interveno fsica, a realizao de pesquisa censitria residencial e empresarial, a pesquisa com organizaes sociais locais, o investimento em aes de mdio e longo prazo por meio de um Plano de Desenvolvimento Sustentvel, alm da interface e facilitao de relaes entre a populao local e as demais secretarias que esto trabalhando no local.

    Ao longo de dois anos, o Canteiro Social do PAC se tornou mais uma referncia no Bairro da Rocinha, tanto para quem a visita, quanto para os moradores e organizaes do bairro, que identificam nos valores representados pelo PAC uma possibilidade frutfera de interao com o Poder Pblico.

    Com a constituio de um conjunto de valores vinculados ao dilogo, organizao comunitria e ao lado humano da interveno em favela, em novembro de 2009 o Trabalho Social foi o primeiro colocado no prmio Melhores Prticas da Caixa Econmica Federal, com o nome A Alma do PAC e concorreu ao Prmio Internacional denominado Best Practices de Dubai promovido pelas Naes Unidas, ficando entre os cem melhores do mundo.

    O Trabalho Social

    A Alma do PAC

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    A Regularizao Fundiria

    O suporte a cinco mil famlias no processo de Regularizao Fundiria uma das aes do Trabalho Social do PAC claramente direcionada ao desenvolvimento sustentvel da populao. Com a Legitimao da Posse, as famlias do um importante passo no acesso cidadania e igualdade de direitos.

    Associada aos movimentos de direito moradia e terra urbana, a Regularizao Fundiria um processo jurdico que vem reconhecer atravs dos rgos cabveis que a parte do solo ocupada pela moradia das famlias sua propriedade.

    A documentao de sua propriedade fundiria iguala o cidado da Rocinha aos demais moradores dos bairros vizinhos. Ele passa a ter acesso aos instrumentos formais de compra e venda, aos trmites legais de transferncia de patrimnio por herana ou divrcio, e a obteno de financiamento a partir da comprovao de bem afianvel.

    Atravs do Trabalho Social do PAC Rocinha, executado pelos governos Estadual e Federal, todo o processo de levantamento dos lotes, topografia, cadastramento das famlias e entrada com a solicitao de documentao na prefeitura, que poderia ser feito autonomamente por cada morador contratando empresas especializadas ou escritrios de advocacia, oferecido gratuitamente. A concluso deste processo se d com a emisso do ttulo de posse efetuada

    pelo brao jurdico do poder executivo.A regio contemplada pela Regularizao Fundiria

    do PAC definida pela Estrada da Gvea, Rua Quatro, Travessa Unio e Caminho do Boiadeiro. a chamada rea Exemplar de atuao do PAC, com localizao central no Bairro da Rocinha e vizinha da maioria das obras do PAC.

    Essa rea adicional a outros processos de Regularizao Fundiria promovidos pelo poder pblico na Rocinha. Alm das cinco mil famlias atendidas na rea supracitada pelo trabalho Social, o Ministrio da Justia, atravs da Fundao Bento Rubio9 , est atendendo o total de oito mil famlias dos sub-bairros Vila Labouriaux, Vila Cruzado, Paula Birto, Dionia, Cachopa, Cachopinha, Pastor Almir, Vila Verde e Bairro Barcellos.

    Dessa forma, os cinco mil processos oferecidos pelo Trabalho Social do PAC se somam aos oito mil j em andamento constituindo o total de 13 mil processos de regularizao disponibilizados pelo Poder Pblico na Rocinha. Frente ao total de 38 mil domiclios levantados pelo censo do PAC, este montante parece considervel e capaz de transformar significativamente a realidade do bairro da Rocinha no sentido de sua legalidade e da incorporao de direitos constitucionais sua populao.

    9Centro de Defesa dos Direitos Humanos Fundao de Direitos Humanos Bento Rubio10Estudo realizado pelo Canteiro Social do PAC a partir dos dados do censo do PAC.

    A relao entre as obras e as pessoas - Realocao

    Alargar becos, eliminar valas, implantar redes de abastecimento e drenagem compatveis com a demanda do bairro so medidas fundamentais para a melhoria da qualidade de vida na Rocinha. Com edificaes de at 11 pavimentos, 70% das residncias acessveis atravs de becos e escadarias, e sub-bairros com densidade superior aos dois mil habitantes por hectare10, as melhorias ambientais impem demolies, o que significa realocar famlias.

    Nessa perspectiva, a equipe do Trabalho Social do

    PAC acompanha as famlias envolvidas desde a primeira abordagem at a mudana definitiva deixando claro que a realocao no PAC um processo que somente avana em cada passo quando h aceitao do morador.

    Essa postura do PAC, que oferece alternativas de realocao, favorece a interao entre as famlias realocadas e a Equipe Tcnica do Trabalho Social. H trs tipos de modalidade de realocao: indenizao, aluguel provisrio e compra assistida, de acordo com o

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    decreto n 41.148/2008 e alterao de n 41.395/2008. A conscincia de que os moradores da favela, apesar de estarem na informalidade, so cidados de direito atinge dimenso real a partir do direito de escolha.

    Nessas bases, lidar com o sentimento de insegurana do morador frente ao processo fundamental e dois gestos marcam esse esforo:

    Por um lado, a localizao do escritrio de negociao dentro da Rocinha, no Canteiro Social, traz os tcnicos do Estado para o ambiente da favela mantendo o morador

    no seu prprio territrio. Por outro, as reunies de esclarecimento das famlias a serem realocadas se somam s reunies do Comit do PAC. A divulgao do processo de realocao e seu debate aberto favorecem o encorajamento dos moradores atravs da coletivizao dos problemas.

    At a publicao deste livro, mais de 800 famlias e comrcios foram cadastradas pelo Trabalho Social do PAC entre os sub-bairros Rua Quatro, Cidade Nova, Roupa Suja, Rua do Valo, Largo do Boiadeiro, Curva do S e Matinha. Quase 400 famlias foram realocadas.

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    A presena do PAC mudou a dinmica da Rocinha em diversos sentidos. Junto com as melhorias vem a confuso de informaes e a prpria insegurana do morador. Nesse ambiente necessrio construir uma relao de confiana entre o PAC e a populao para o melhor andamento do programa. Tanto na soluo de questes prticas impostas pelo dia-a-dia da obra quanto na afirmao dos valores constituintes do PAC-Favelas, na Rocinha a comunicao a pea fundamental.

    Instalar uma casa do PAC no miolo da Rocinha foi a primeira ao, montando um showroom com imagens das obras previstas e disponibilizando equipe de atendimento. Qualquer cidado do Rio de Janeiro tem acesso direto s informaes sobre a obra, o qu vai ser feito e quando. Fornecer permanentemente informaes oficiais sem intermedirios dentro da favela uma marca do PAC - Social.

    A partir da, foram se definindo as limitaes dos canais de comunicao formais para falar com a populao local.

    A relao entre as obras e as pessoas - Comunicao

    Ao contrrio da Light, por exemplo, que fornece energia em locais de difcil acesso passando por becos, casebres e prdios de quitinetes, os servios ligados informao no so acessveis para a maior parte da Rocinha.

    A dificuldade de definio de endereo faz com que a maioria dos moradores receba correspondncia no endereo de trabalho ou de vizinhos. Conseqentemente, em toda a Rocinha, no possvel ter assinatura de jornais ou peridicos.

    Poucos domiclios eram contemplados com sinal de internet de qualquer provedor at a recente instalao da Rede Rocinha Digital, do Governo do Estado. Apesar das solicitaes s concessionrias formais, os moradores no obtm o servio. Os poucos que obtm so praticamente compelidos ao compartilhamento de sinal frente falta de alternativa dos vizinhos em pleno sculo XXI. Tambm no fcil obter linha de telefone fixo e, em muitos locais, o sinal do telefone celular precrio. Em suma, h moradores que so acessveis somente atravs de visita sua casa.

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    Em paralelo a srie de obstculos circulao da informao pelos canais tradicionais, h uma estrutura prpria da Rocinha em que informaes circulam.

    O boca-a-boca muito intenso sobre informaes oficiais ou boatos, o que depende sempre da origem da informao. Nesse sentido, h pessoas e instituies na Rocinha com credibilidade junto populao que so imprescindveis. Para atingir o alicerce das informaes que correm nos becos, os ofcios so a ferramenta principal. Ao todo, mais de 200 ofcios foram enviados a partir do Canteiro Social comunicando desde reunies abertas, passando por fechamento de ruas e becos, at datas de inaugurao de servios disponveis nos novos equipamentos.

    Alm dos ofcios, a lista de endereos de e-mail do Trabalho Social do PAC conta com mais de 150 pessoas influentes no bairro, ou seja, por carta virtual ou real o PAC se aliou s pessoas e instituies influentes reconhecendo a estrutura social existente

    para se comunicar. Tambm foram utilizadas empresas de publicidade da Rocinha, contando com carro de som, panfletagem, programas de rdio e TV locais.

    Se por um lado, as mdias tradicionais no so eficientes na Rocinha, por outro, h uma enorme diversidade de mdias locais: na distribuio de TV a cabo atuam a TV Roc, representante da NET-Rio que possui canal comunitrio com produo e veiculao exclusiva, e outras distribuidoras informais, mas muito difundidas por preos acessveis; as rdios so trs: Rdio Katana, Rdio Gvea FM e Brisa FM. H ainda as chamadas caixinhas de poste que atingem diretamente quem passa em ruas e becos.

    Essa postura de respeito s estruturas sociais existentes e a relao de apropriao das pessoas da Rocinha pelo bairro que elas prprias construram marcou a estratgia de comunicao do PAC. Alm disso, no faria sentido todo o empenho dos Governos na execuo do PAC Rocinha sem dialogar com a base da populao.

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    O que

    A existncia dos comits populares de acompanhamento foi determinao da Presidncia da Repblica e do Governo do Estado do Rio de Janeiro para o PAC Favelas.

    A instruo normativa 27 do Ministrio das Cidades de junho de 2007 determina a MOBILIZAO E ORGANIZAO COMUNITRIA como uma das trs diretrizes do Trabalho Social do PAC.

    A necessidade da participao popular o ponto pacfico entre os discursos dos diferentes grupos

    O Comit do PAC O espao de debate

    envolvidos. Entretanto, o significado e os contornos da participao, longe de estarem pr-definidos, foram sendo desenhados a partir de abril de 2008, dando forma s reais oportunidades e obstculos que surgiram com o dilogo. Foram cerca de 70 reunies do Comit, engajando aproximadamente 100 pessoas e muitas idias, propostas, perguntas, respostas, conflitos e confraternizaes que tiveram o Canteiro Social e o Comit do PAC como lcus.

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    O processo

    Nesse sentido, a constituio do comit de acompanhamento do PAC um dos focos do Trabalho Social.

    O grupo inicial teve origem no chamado Frum de Lideranas, realizado na Igreja da Boa Viagem, com 69 participantes convocados a partir da indicao das prprias pessoas do local que compunham a equipe tcnica do Trabalho Social na poca. Neste frum houve a apresentao da proposta do trabalho social do PAC. Muitos se disponibilizaram a participar voluntariamente dos comits de acompanhamento dentro das temticas propostas: Acompanhamento de Obra, Acompanhamento da Realocao de Famlias e Acompanhamento das Oportunidades de Trabalho e Renda.

    Nas primeiras reunies foram definidos os horrios e dias de cada comit, assim como seu regimento interno. A partir da solicitao dos participantes, o documento resultante dos encontros passou a ser enviado por e-mail e disponibilizado em formato impresso. As atas fixadas na

    parede do Salo de Reunies foram a garantia da publicidade do processo e da possibilidade de compartilhamento do que foi debatido com qualquer interessado.

    Solicitaes de esclarecimento sobre o PAC ou posies da populao sobre diversas aes do Poder Pblico na Rocinha foram encaminhados pela equipe do Canteiro Social s instncias competentes sempre que possvel, construindo um processo contnuo de dilogo entre os moradores e a equipe do Trabalho Social, mas principalmente, entre os prprios moradores presentes.

    Todas as etapas do trabalho foram to complexas quanto o bairro no qual ele foi desenvolvido: a Rocinha, com mais de cem mil habitantes, 38 mil eleitores, localizao privilegiada do Rio de Janeiro e economia pujante.

    Pela constncia das reunies, pela diversidade dos participantes e por diversas outras razes difceis de definir, este ambiente de debate documentado foi se consolidando como a conscincia crtica na conduo do PAC.

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  • Plano de Desenvolvimento SustentvelRocinha60

    Atuao dos Comits

    Existir correspondncia entre os pontos de pauta do Comit do PAC e dos tcnicos responsveis pela execuo do PAC foi imprescindvel. Nos casos em que isso ocorreu, o relatrio do Comit do PAC foi mais um instrumento no subsdio s decises tanto da Equipe de Obras quanto da Equipe do Trabalho Social do PAC. Questes compartilhadas: A difcil deciso de iniciar o cadastramento do

    remanejamento de famlias sem o incio da obra de construo das novas unidades habitacionais; Os valores das indenizaes oferecidas s famlias realocadas;

    A mudana do mtodo construtivo da unidade de sade,

    de concreto para estrutura metlica;

    A adequao dos projetos de urbanizao s necessidades

    especficas do local, como posicionamento de pontos de moto-txi, baias para txi, realocao de comerciantes ambulantes, entre outras questes; Organizao popular para as inauguraes dos novos

    equipamentos pblicos: Formato e local da cerimnia e definio das representaes da populao local.Alm das discusses sobre o encaminhamento das obras, o comit do PAC foi, ao longo desses dois anos, o frum de conduo do prprio Trabalho Social, tendo fundamental atuao nos marcos do projeto, tais como: Os trs fruns realizados;

    As dez reunies realizadas nos diversos sub-bairros da Rocinha.

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    Como Funciona

    As reunies dos comits do PAC so promovidas pelo Canteiro Social juntamente com a populao.

    Todas as reunies so abertas, ou seja, qualquer cidado que chegar pode participar. A divulgao feita por e-mail para os inscritos com alguns dias de antecedncia e confirmada por telefone no dia da reunio.

    O formato em crculo favorece a aceitao da diversidade de opinies. A ata construda coletivamente pelos participantes com a mediao do moderador da reunio e da equipe do Canteiro Social do PAC. Alm disso, as reunies so acompanhadas por

    um relator do Canteiro Social que registra por escrito tudo o que dito pelos presentes.

    O resultado documentado da reunio composto por: lista das pessoas presentes e instituies representadas, ata construda coletivamente, relatoria da reunio na ntegra e fotos da reunio.

    Este mesmo registro da reunio incorporado aos relatrios de medio do Trabalho Social do PAC, que seguem para as instncias contratantes CASA CIVIL, SEASDH, SEOBRAS e CEF/MCIDADES, sendo a memria do processo de discusso que acompanha o PAC.

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  • Plano de Desenvolvimento SustentvelRocinha62

    A ampliao do Canteiro Social

    Cumprindo seu Plano de Trabalho em relao ao PAC, o Canteiro Social teve sua dimenso ampliada ao abrigar outras iniciativas.

    Na prtica, isso comeou com a cesso de seu espao para atividades ldicas e esportivas gratuitas. As aulas de capoeira do grupo Acorda Capoeira, as aulas de dana do professor Cherry e as apresentaes do grupo de Teatro G.A. Produes, entre outros eventos, criaram uma rotina no local, com a presena frequente de moradores, principalmente crianas e mes.

    Mais tarde, o lanamento dos cursos de capacitao Portal do Futuro e Jovens Pesquisadores e a consequente diplomao dos alunos atraram o pblico jovem e reforaram o compromisso do Canteiro Social com a oferta de oportunidades.

    O espao sediou os debates sobre o projeto do Parque Ecolgico da Rocinha, obra executada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, mas fora das atribuies do PAC, reafirmando os valores democrticos e de dilogo.

    A consolidao do Canteiro Social do PAC como mais uma referncia para a populao da Rocinha e de fora dela se confirma ainda com as visitas recebidas pela instituio.

    A ento Secretria de Assistncia Social do Estado, Benedita da Silva, a vereadora Andra Gouveia Vieira, o procurador do Ministrio Pblico Marcelo Chaves, a presidente da Fundao Frances Liberts e ex-primeira dama francesa Danielle Mitteran, uma comisso de representantes do Ministrio Venezuelano de Habitao Popular acompanhados de tcnicos da CEF e diversos grupos ligados ao Frum Urbano Mundial esto entre as personalidades que visitaram o Canteiro Social. J o interesse da academia pelo trabalho desenvolvido no espao se refletiu nas visitas de grupos das universidades Federal do Rio de Janeiro (URFJ); Federal Fluminense (UFF); Pontifcia Universidade Catlica (PUC-Rio); Ohio State University, dos Estados Unidos; Hogeschool van Amsterdam, da Holanda e Bartlett - UCL, da Inglaterra.

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    Discusso sobre outras aes do Governo

    Apesar de o projeto de criao do Parque Ecolgico no ser parte do PAC, o Governo do Estado, atravs da SEASDH, Casa Civil e SEOBRAS/EMOP, optou por debater o projeto com a populao da Rocinha no Canteiro Social do PAC. No total, foram realizadas trs reunies participativas envolvendo cerca de 70 moradores.

    No primeiro encontro, em 2 de junho de 2009, foi realizada a oficina do imaginrio, na qual os moradores expressaram seus desejos para o parque por meio de desenhos e textos.

    No segundo, foram esclarecidas as dvidas dos moradores e apresentados os principais pontos da interveno: a urbanizao da Rua Dionia, a construo do Ecolimite e a criao do parque em si.

    Dias depois, na terceira reunio, o projeto detalhado do Parque Ecolgico foi apresentado populao diretamente impactada, j com a incluso dos acessos e dos equipamentos elaborados a partir das contribuies da oficina do imaginrio.

    Mesmo com a convocao dos moradores focada no sub-bairro Dionia, conduzida pela moradora Rita Smith, os encontros tiveram presena irrestrita.

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  • Plano de Desenvolvimento SustentvelRocinha64

    O que representa ser o local de encontro de um movimento popular? Ser esse o papel do Canteiro Social do PAC?

    Se por um lado, esta no era o tipo de atividade prevista no plano de trabalho, por outro, a compatibilidade entre as iniciativas de organizao comunitria e os objetivos do Trabalho Social do PAC total.

    A partir da solicitao de moradores, o Canteiro Social passou a ser a sede operacional de trs movimentos: o Frum de Turismo da Rocinha, a Comisso de Esporte e Lazer da Rocinha CELAR, e a Cooperativa de

    Um espao da Rocinha A apropriao pelos valores

    Empreendedores Digitais.Os trs movimentos so absolutamente diferentes

    quanto a sua histria, no que diz respeito a quantidade de participantes e seu perfil. Em comum tem somente a predominncia de moradores da Rocinha e a relao de apropriao pela estrutura fsica, recursos humanos e, principalmente, dos valores representados pelo Canteiro Social do PAC.

    Ao utilizarem o salo de reunio, a sala de reunies internas, o telefone para contatos e at o suporte tcnico da

    Frum de TurismoEm 29 de abril de 2009 o Frum de Turismo da Rocinha foi instaurado como a primeira instncia de gesto compartilhada de turismo do Brasil. O grupo de moradores da Rocinha constitudos com o apoio do SEBRAE-RJ passou a se reunir no Canteiro Social do PAC logo aps seu nascimento.

    Comisso de Esporte e LazerClaramente motivados a se reunirem em funo do equipamento esportivo construdo pelo PAC, o Complexo Esportivo da Rocinha, os esportistas da Rocinha participaram de uma srie de encontros promovidos pelo Trabalho Social, no intuito contemplar todas as necessidades locais no projeto. A partir disso, um grupo manteve agenda de encontros regular, utilizando as instalaes do Canteiro Social e sua lista de contatos para mobilizar uma Comisso. Com cerca de 10 reunies realizadas e representantes da maior parte das modalidades esportivas, o grupo se intitulou Comisso de Esporte e Lazer da Rocinha e focou sua atuao no melhor aproveitamento do Complexo Esportivo da Rocinha.

    Comisso de Empreendedores DigitaisEste grupo se constituiu por donos de lan house e distribuidoras de sinal de internet na Rocinha. Aps se reunirem algumas vezes a procura de caminhos para formalizao de seus negcios, os mais de 60 empreendedores solicitaram uma reunio com o Trabalho Social do PAC por entenderem sua representao enquanto Governo Estadual e Federal.

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    E como fica a Rocinha aps a concluso das obras do PAC?

    Pensar os rumos a serem seguidos a partir do PAC um desafio a ser enfrentado conjuntamente pelo poder pblico, organizaes e representaes polticas locais. Nesse contexto foi possvel ento, no ambiente de dilogo criado em torno das obras do PAC, debater o tema de pertencimento, conservao e sustentabilidade.

    Do ponto de vista fsico e urbanstico o PAC Rocinha um grande divisor de guas: primeiro, porque representa investimentos brutais em equipamentos pblicos, acessibilidade e saneamento que impactam definitivamente a realidade do bairro; e em segundo lugar, porque as melhorias realizadas esto de acordo com um plano diretor de urbanizao criado e aprovado para todo o bairro da Rocinha. Fica evidente a despretenso do PAC em solucionar todos os problemas da Rocinha e, ao mesmo tempo, sua contribuio com a melhoria ordenada e continuada.

    No entanto, a melhoria das condies fsicas no assegura a prosperidade das famlias e exatamente este o foco do Plano de Desenvolvimento Sustentvel. preciso tratar o processo da transformao social

    Processo de construo do Plano Pesquisas e debates

    com aes permanentes, alinhadas s dimenses scio-cultural, ambiental e econmica.

    Para atingir uma compreenso condizente com a realidade local, ponto de partida para o debate de propostas, o PAC Social apostou na realizao de pesquisas. Foram realizadas pesquisa censitria domiciliar e empresarial, pesquisa de opinio e a pesquisa s Organizaes Sociais com atuao na Rocinha.

    Todas as pesquisas e dados foram confrontadas com as impresses de moradores do bairro em reunies temticas que, alm de complementarem os dados quantitativos definindo uma caracterizao atual da Rocinha, foram responsveis pela definio dos principais desafios e aes a serem realizadas.

    O processo de debate pblico teve incio no mbito do Comit do PAC e foi ampliado atravs das reunies realizadas nos sub-bairros. Aps estas, a caracterizao da Rocinha e a elaborao de propostas foram conduzidas entre reunies temticas e fruns pela Equipe do Trabalho Social do PAC. Foram muitas as cabeas pensantes em prol de um objetivo comum. A Rocinha est mudando e vai mudar ainda mais.

    Equipe do Trabalho Social do PAC para apoiar nas relaes com os demais moradores e organizaes, esses movimentos se apropriaram do Canteiro Social de tal forma que sua imagem se fundiu as aes do Trabalho Social como um todo.

    Nesse encontro, o grupo teve a parceria do Trabalho Social do PAC e manteve o Canteiro Social como base de apoio para reunies subseqentes na busca de alternativas e interlocues organizadas para a conduo de sua formalizao.

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  • Plano de Desenvolvimento SustentvelRocinha66

    Grupo de dana do Cherri

    Grupo cultural Acorda CapoeiraCapoeira, teatro e reforo escolar

    Arte vida: Capoeira, Dana e Teatro

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    Comitiva do Ministrio Popular de Habitao da Venezuela

    Uma referncia

    Espao cativo de ensaios do Grupo GA Produes teatrais

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  • Plano de Desenvolvimento SustentvelRocinha68

    As pesquisas

    Os debates

    COMIT DO PACESTRUTURAO

    REUNIES POR SUBBAIRRO

    REUNIO PREPARATRIA DOS GRUPOS TEMTICOS

    REUNIES TEMTICAS DE DIAGNSTICO

    REUNIES TEMTICAS PREPARATRIASPARA O FRUM

    CENSO DOMICILIAR E EMPRESARIAL

    PESQUISAS DE OPINIO - TRACKING

    O PROCESSO DE CONSTRUO DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DA ROCINHA

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    1 FRUM DEDESENVOLVIMENTO

    SUSTENTVELVISO DE FUTURO

    REUNIES PORSUBBAIRRO

    REUNIO PREPARA-TRIA DOS GRUPOS

    TEMTICOS

    REUNIES TEMTICAS DE DIAGNSTICO

    REUNIES TEMTICAS PREPARATRIAS PARA

    O FRUM

    PESQUISAS COM AS ORGANIZAES DA SOCIEDADE CIVIL

    - JOVENS PESQUISADORES

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  • Plano de Desenvolvimento SustentvelRocinha70

    Ampliar a participao popular junto ao Trabalho Social do PAC foi o maior estmulo para a implantao dessa ao. Engajando um maior nmero de moradores dos diversos sub-bairros da Rocinha teramos certeza de atingir de forma mais concreta nosso objetivo.

    A forma, contedo e conduo desses encontros foram concebidos no mbito do Comit do PAC. Definiu-se, em conjunto, a preferncia por locais a cu aberto e j reconhecidos como pontos de encontro dentro do bairro. A programao se dividiu em dois momentos de encontro, sendo todas as quartas-feiras s 19 horas e sbados s 16 horas. Cadeiras, tendas, coffe-break, equipamento de sonorizao e projeo foram levados a cada um dos locais de reunio, muitas vezes acessveis somente por becos, de forma a preparar o local para cada um dos encontros. Para divulgao, foram acionadas as mdias disponveis: rdios e tvs comunitrias e panfletagem.

    O roteiro da reunio contou com a apresentao de

    As reunies por sub-bairro

    filmes antes de seu incio. Aps a abertura do evento, uma apresentao de trinta minutos perpassou os assuntos: o qu o PAC, o qu muda aps o PAC Favelas, quais as obras do PAC na Rocinha, o que o Trabalho Social do PAC e a proposta de engajamento dos moradores junto ao Trabalho Social do PAC. Da em diante, a palavra era aberta aos presentes.

    Nas 10 reunies realizadas estima-se ter sensibilizado milhares de moradores, com 1000 envolvidos em um perodo de aproximadamente 45 dias. A maior parte das perguntas foi direcionada necessidade de melhoria de infra-estrutura dentro dos sub-bairros. Em parte, o desconhecimento sobre quais seriam as obras do PAC foram sanados. A lista de contatos somada s relaes pessoais construdas possibilitou futuras convocaes de moradores de forma mais ampliada.

    Aps a rodada de reunies abertas, foram compostos os grupos temticos.

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    Debater os resultados das pesquisas quantitativas junto s pessoas que tm tido atuao neste territrio ao longo de anos garante a obteno de um retrato mais fiel realidade, a partir da qual sero formuladas propostas e aes de desenvolvimento sustentvel. Nesse cenrio proposta a formao dos grupos temticos do PAC Rocinha.

    No espao do Canteiro Social do PAC, repleto por 85 representantes das diversas categorias atuantes na Rocinha como donos de comrcio, lderes de organizaes no governamentais, moradores antigos e gestores dos equipamentos pblicos da Rocinha, os quatro grupos foram compostos democraticamente.

    Quatro cadernos de apoio foram preparados pela Equipe Tcnica do Trabalho Social para servirem de base dos encontros contendo os seguintes temas:Grupo 1: Trabalho e Renda, Educao, Esporte e Lazer.Grupo 2: Sade, Assistncia Social e Saneamento Ambiental.Grupo 3: Moradia, Mobilidade e Transporte, Uso e Ocupao do Solo, Urbanismo.

    As reunies por eixo temtico

    Grupo 4: Memria, Cultura e Participao Social.Dentro da perspectiva das reunies comunitrias

    realizadas pela equipe tcnica do Canteiro Social, as reunies por eixos temticos apresentaram caractersticas bem diferenciadas. Diretores de creches e escolas, professores de atividades esportivas e donos de comrcio, que normalmente no comparecem a eventos abertos, foram extremamente atuantes, trazendo informaes, impresses e posies fundamentais para a qualificao do debate.

    A avaliao positiva do resultado, tanto pela equipe do PAC quanto pelos participantes motivou a incluso de reunies por tema tambm nas etapas de Planificao e Priorizao. Isso possibilitou ainda, que nas reunies por eixo temtico houvesse o reencontro de pessoas ligadas aos segmentos afins, criando condies para o fortalecimento dos grupos locais.

    As reunies temticas constituram um legado de conhecimento para a Rocinha apresentado na quarta parte deste livro.

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  • Plano de Desenvolvimento SustentvelRocinha72

    Os Fruns

    Foram realizados trs fruns ao longo do processo de construo do presente Plano de Desenvolvimento Sustentvel.

    Aps a constituio de um grupo local de conduo do PAC Social atravs das reunies dos Comits de Acompanhamento, a ampliao desse debate com as reunies nos diversos sub-bairros e a qualificao das informaes sobre a Rocinha nas reunies por eixos temticos, concluiu-se a etapa de Viso de Futuro com a realizao do primeiro frum.

    O segundo frum concluiu a etapa de planejamento, na qual foram definidas as propostas que compem o presente plano, sendo a priorizao dessas propostas referendada em sua ltima etapa, que foi o terceiro frum comunitrio de desenvolvimento sustentvel.

    A concepo dos eventos se deu entre o Comit do PAC, a Equipe Tcnica do Trabalho Social e as Secretarias de Estados envolvidas. A convocao dos moradores foi realizada pela equipe do Trabalho Social do PAC. Os membros do Comit decidiram convocar todo o parlamento

    municipal e estadual atravs de carta e e-mail.A possibilidade de tornar pblicas as discusses que

    ocorreram em grupos restritos s temticas e ao salo do Canteiro Social atravs dos fruns foi bem vista por todos. Por conta disso, o segundo e o terceiro frum tambm foram precedidos de reunies por eixo temtico, nas quais os objetivos de formular propostas e prioriz-las foram alcanados, ficando a cargo do frum a validao e refino dessas decises.

    As trs reunies contaram com qurum de mais de 50 pessoas cada, entre representantes do Poder Executivo, parlamentares de diferentes e divergentes partidos polticos e moradores constituintes dos diversos coletivos organizados da Rocinha.

    No salo da Igreja da Boa Viagem, na Estrada da Gvea, em um ambiente de pluralidade de idias e de grupos sociais, na busca da melhoria das condies de vida na Rocinha, foi concebido o presente Plano de Desenvolvimento Sustentvel.

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    As pesquisas censitria e de opinio

    Foram muitos os objetivos a serem atingidos pelo Governo do Estado, com uma pesquisa censitria na Rocinha, e podemos dizer que para a elaborao de um Plano de Desenvolvimento Sustentvel, esse o primeiro passo.

    Pelo censo IBGE, no ano 2000, o bairro contava com 56 mil habitantes. J no censo de 2008/2009 realizado pelo Governo do Estado, dentro do Trabalho Social do PAC, o nmero atualizado de 101 mil. Enfim, definir o tamanho da Rocinha para empresrios, populao local e poder pblico a base para o dilogo que se inicia.

    Para isso, foram elaborados dois questionrios distintos: o empresarial e o domiciliar, ambos com uma extensa lista de questes objetivas em mais de 5 pginas cada um.

    A empresa responsvel pela realizao do censo no mbito do PAC contratou mo-de-obra local que foi treinada e capacitada para realizao das entrevistas. Isso se deu por termos certeza de que so estas as pessoas que mais conhecem a realidade local bem como seus becos, escadarias e vielas e

    que tambm dominam a cultura do local para abordarem sem receio os moradores em suas casas. Mas, alm disso, est na populao local o maior interesse em levantar informaes de qualidade, sabendo que a partir da, aumenta a possibilidade de ter seus problemas enfrentados de forma consistente.

    Esta equipe de recenseadores locais, contou com um escritrio prprio na Estrada da Gvea, principal Rua da Rocinha, e com uma base avanada na Rua Dois. Dessas instalaes o trabalho dirio foi conduzido e monitorado, sendo os questionrios enviados diretamente para a estrutura de sistematizao digital na sede central da empresa.

    Durante 2008 e 2009 mais de 400 moradores da Rocinha fizeram parte da equipe da pesquisa censitria, atingindo 38.140 domiclios, e 6.529 estabelecimentos comerciais comprovando o nmero de 101 mil habitantes. Desse universo foram concretizadas 25.135 entrevistas domiciliares e 6.145 entrevistas nos estabelecimentos comerciais, sendo o restante ausentes e recusas.

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    11www.egprio.rj.gov.br

    O relatrio detalhado com os resultados da pesquisa est disponvel no site da Secretaria de Estado da Casa Civil11.

    Alm da aplicao dos formulrios do censo, a equipe de pesquisa realizou atividade complementar de pesquisa de opinio sob a orientao da equipe do Canteiro Social. Esse resultado pode ser verificado nas publicaes do Trabalho

    Social, que foram distribudas nas reunies.Sem dvida, a falta de dados oficiais reais sobre

    as favelas um dos componentes da sua relao de subordinao aos bairros formais. A realizao da pesquisa censitria pelo PAC Social tambm um gesto em sintonia com reconhecimento da igualdade de direitos.

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    A pesquisa s Organizaes da Sociedade Civil

    Em 2009, o Trabalho Social do PAC realizou uma pesquisa focada nas organizaes sociais da Rocinha levantando quantas so, o qu fazem e como apoiam as famlias no enfrentamento das suas dificuldades. Foram mapeadas 93 organizaes atuantes na Rocinha.

    Fazer parcerias com as organizaes locais para a dinamizao de novas aes uma das estratgias do Trabalho

    Social. Fortalecer essas estruturas com histrico de atuao no bairro mais um esforo no sentido da sustentabilidade.

    Oito jovens estudantes moradores da Rocinha, capacitados pela Equipe Tcnica do Trabalho Social, foram responsveis pela pesquisa. Seus resultados e processo esto apresentados na quinta parte deste Plano, juntamente com um catlogo das organizaes.

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    ResultadosCaracterizao por eixos temticos

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    ResultadosCaracterizao por eixos temticos

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    A Rocinha composta por mais de 20 sub-bairros, que tem seus nomes de acordo com a tradio local de seus moradores. Cada uma destas reas possui caractersticas diferenciadas, como densidades populacionais distintas, acesso a servios pblicos, entre outras. Para que se possa passar a compreenso de todo o bairro, inicialmente, o conjunto que forma a Rocinha dever ter suas partes entendidas.

    O Trabalho Social do PAC, a fim de agilizar e facilitar suas atividades, assumiu a diviso da Rocinha em 8 reas de Interveno (AIs) e 25 sub-bairros, de acordo com a diviso original dos projetos de interveno fsica e a consulta de moradores e lideranas das principais organizaes sociais ali atuantes, resultando na diviso apresentada no mapa a seguir.

    Caracterizao geral

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    Segundo dados do Censo Domiciliar, realizado pelo Trabalho Social do PAC (2008/2009), a populao total da Rocinha de 98.319 habitantes em 34.576 domiclios12. Em 2000, o bairro13 da Rocinha apresentava 56.338 habitantes vivendo em 16.731 domiclios (IBGE), correspondendo a 1,0% da populao carioca, que totalizava quase seis milhes de habitantes. A mdia carioca de moradores por domiclio no ano 2000 era de 3,2 hab/dom e a do bairro da Rocinha era pouco superior com 3,3 hab/dom. J em 2008/2009, considerando-se apenas os domiclios entrevistados, a densidade domiciliar da Rocinha de 2,9 hab/dom. No entanto, observam-se diferenas internas, a maior densidade domiciliar encontrada na AI-4 (sub-bairros Barcelos,

    Macega e Roupa Suja), enquanto que as menores mdias so encontradas na AI-5 (sub-bairros Faz de Pressa, Terreiro, Vila Vermelha, 199, parte da Rua Um) e AI-2 (sub-bairros do Largo do Boiadeiro, Campo da Esperana, parte do Barcelos, Cidade Nova, Rua Quatro).

    Com relao distribuio da populao por sexo, de acordo com os dados do Censo (2008/2009) as mulheres so maioria na Rocinha, representando 51,5% do total de habitantes sendo 37,5% chefes de domiclio. No ano 2000, as mulheres representavam 50,8% da populao total.

    No que diz respeito aos grupos de idade, a pirmide etria da Rocinha mostra que crianas e adolescentes (0 a 18 anos) representam 32% da populao da Rocinha, o que remete necessidade de criao e implantao de

    12 No total foram identificados 38.140 imveis, sendo 34.576 domiciliares e 3.564 no-domiciliares. Houve 5.886 recusas, 2.688 residncias com moradores ausentes, 867 casas vazias (visitadas em trs dias e em horas diferentes, conforme definido em contrato). Os 38.140 imveis identificados equivalem a uma cobertura de 127,1% do total contratado (30.000) para o Complexo da Rocinha. Em relao aos domiclios, as 25.135 residncias constantes como entrevistadas, representam uma cobertura de 83,8% do total de imveis domiciliares. A populao efetivamente recenseada pelo trabalho chega a 73.410 indivduos. Uma estimativa pontual populacional, considerando a populao recenseada, alm das recusas e residncias com moradores ausentes, chega a 98.319 pessoas, sendo a mdia de habitantes por domiclio igual a 2,9.

    13 No h total coincidncia espacial entre a rea denominada pelo presente trabalho de Rocinha e do bairro da Rocinha, mas as reas se aproximam bastante. Bairro a menor diviso poltico-administrativa da cidade do Rio de Janeiro. As informaes obtidas para o bairro da Rocinha podem nos ajudar a compreender melhor a realidade desta comunidade.

    Fontes: * IBGE, 2000. **Trabalho Social do PAC Censo Domiciliar, 2008/2009. Fontes: Trabalho Social do PAC Censo Domiciliar, 2008/2009.

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    Fonte: Trabalho Social do PAC Censo Domiciliar, 2008/2009.

    polticas especficas que atendam educao dos jovens da comunidade e sua incluso no mercado de trabalho. Quando as caractersticas demogrficas da comunidade so comparadas com a do Rio de Janeiro, observa-se que a populao da Rocinha apresenta mais crianas e jovens do que a populao carioca apresentava em 2000 (29%).

    Nas faixas etrias entre 25 e 34 anos os homens so a maioria e as mulheres em todos os grupos de idade a partir

    dos 10 at os 24 anos. Essa no uma caracterstica exclusiva da Rocinha. No Brasil, nascem e morrem mais homens do que mulheres. A porcentagem de homens que morrem entre os 10 e 50 anos maior do que a de mulheres, sendo esta diferena (sobre mortalidade masculina) comumente atribuda s mortes por causas violentas, principalmente entre os mais jovens (IBGE). J os idosos, pessoas com 65 anos de idade ou mais, representam apenas 3,5% da comunidade.

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    Moradia e Questes Urbanas

    Aqueles que estabeleceram moradia numa antiga fazenda no Morro Dois Irmos, em meados dos anos de 1920, no imaginavam o que aconteceria com aquelas terras e to pouco a quantidade de gente que iria ali viver. Nem poderiam imaginar que as antigas rocinhas dariam lugar a um aglomerado denso e efervescente que chegaria a ser considerada a maior favela da Amrica Latina.

    A Rocinha de hoje bem diferente daquela dos barracos de papelo, das bicas e da lata dgua na cabea, das enchentes e do constante medo da remoo dos anos 1960 a 1980. Ainda que muitos problemas persistam nos dias atuais, a Rocinha que uma Regio Administrativa da cidade do Rio de Janeiro desde 1986 e um bairro desde 1993, hoje possui caractersticas bastante diferentes de alguns anos atrs. Apesar de atualmente 89% dos domiclios serem construdos de alvenaria, os 25 sub-bairros que formam todo o Complexo podem ser considerados diferentes pores da Rocinha atual. Estas pores da Rocinha possuem caractersticas diferenciadas entre si e variam de reas muito adensadas com

    grande variedade de comrcio e servios com construes de boa qualidade, a reas carentes de infraestrutura ou locais onde ainda podem ser encontrados barracos de madeira com baixssimas condies de habitabilidade, como a Macega onde 20% dos domiclios tem essa caracterstica, e tambm reas de natureza exuberante, como o Porto Vermelho, recentemente transformado em Parque Ecolgico pelo Governo do Estado.

    Apesar de ser formalmente reconhecida como um bairro da cidade do Rio de Janeiro, o padro urbanstico da Rocinha difere dos bairros da cidade formal devido a sua forma espontnea de ocupao e a situao da propriedade que irregular na maioria dos domiclios. O tipo e a forma de ocupao determinam a configurao do espao pblico e das construes. O adensamento populacional no bairro, sua grande extenso territorial e a falta de reas livres acabaram por gerar outra importante caracterstica urbanstica da Rocinha: a verticalizao dos imveis. Como consequncia deste crescimento vertical, surgem problemas como a carncia de espao (21%) e de iluminao e

    Fonte: Trabalho Social do PAC Censo Domiciliar, 2008/2009.

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    ventilao natural (18% dos domiclios entrevistados pelo Censo Domiciliar), entre outros. Dentre as reas mais verticalizadas est o Bairro Barcelos, onde a maior parte das construes tem de 3 a 4 pavimentos.

    Com relao propriedade dos imveis, o Censo Domiciliar realizado pelo Trabalho Social do PAC (2008/2009) identificou que, dentre os domiclios entrevistados, 62% eram prprios e 35% alugados. Entre os imveis prprios, a forma mais comum de comprovao da propriedade so os documentos emitidos pelas Associaes de Moradores (36%). Um percentual semelhante afirmou no possuir nenhum documento de comprovao da titularidade.

    Com o passar do tempo, ocorreram melhorias na oferta de servios de infraestrutura urbana, assim como os investimentos feitos pelos moradores em seus domiclios. Muitas das melhorias foram alcanadas graas reivindicao dos moradores junto s concessionrias de servios pblicos e aos investimentos

    que os prprios moradores fizeram para manter e ampliar as infraestruturas existentes na comunidade. Porm, muitas vezes os servios so fornecidos de forma diferenciada pelo territrio, sendo mais escassos nas partes altas e em reas de difcil acesso.

    A iluminao pblica, por exemplo, s existe em pouco mais da metade das ruas, vielas e logradouros onde se localizam os domiclios (52%), sendo que cerca de 25% dos domiclios localiza-se em vias com iluminao particular, feita pelos prprios moradores e segundo os resultados do Censo Domiciliar realizado pelo Trabalho Social do PAC (2008/2009), 14% dos domiclios localizam-se em vias que no possuem qualquer iluminao.

    A mobilidade dentro da Rocinha uma das questes urbanas atuais de maior complexidade. Alm do acesso difcil aos domiclios, em boa parte devido ao relevo, muitas residncias e comrcios so acessados por becos (34%), escadarias (33%) e ruas por onde no possvel a circulao de veculos (15%), apenas 7% dos domiclios esto

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    Fonte: Trabalho Social do PAC Censo Domiciliar, 2008/2009.

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    Fonte: Trabalho Social do PAC Censo Domiciliar, 2008/2009.

    localizados em ruas por onde passam carros. As principais vias so: Estrada da Gvea (principal eixo virio), Via pia, Caminho do Boiadeiro, Rua 2, Subida da Dionia e do Laboriaux, mas as condies de mobilidade no so satisfatrias, segundo os prprios moradores.

    A Estrada da Gvea, por exemplo, possui um fluxo intenso e desordenado. So linhas de nibus, veculos comuns, veculos de entregas, nibus escolares e moto-txis que circulam diariamente por trechos estreitos e sem sinalizao.

    A localizao privilegiada da Rocinha favorece a conexo de seus moradores com outros bairros da cidade, ainda que reclamem dos servios de transporte pblico. De acordo com os dados levantados pelo Censo Domiciliar realizado pelo Trabalho Social do PAC (2008/2009), 53% dos moradores entrevistados afirmaram caminhar de 5 a 15 minutos entre

    suas casas e as vias onde passam transportes coletivos. Boa parte das obras realizadas pelo PAC Rocinha,

    focou-se exatamente na melhoria da mobilidade das pessoas. A nova passarela, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que j se tornou um smbolo do bairro, liga a comunidade ao novo Complexo Esportivo. A interveno na Rua Quatro, por sua vez, modifica a situao atual de mobilidade, transformando os atuais 1,20m de largura em 4,5m e melhora bastante a circulao atual. No Caminho do Boiadeiro e na Rua Dois, houve nova pavimentao e reparos nas redes de abastecimento de gua, drenagem e esgotamento sanitrio. O Plano Inclinado da Roupa Suja d acesso parte mais alta do morro, facilitando a locomoo de pessoas, assim como o acesso de mercadorias e a retirada do lixo.

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  • Plano de Desenvolvimento SustentvelRocinha84

    Saneamento Ambiental

    Saneamento ambiental entendemos ser o conjunto de aes integradas que busquem promover e assegurar a salubridade do meio ambiente e gerar condies de vida digna para a populao. Dentro deste conceito esto envolvidos os aspectos referentes a abastecimento de gua, esgotamento sanitrio, drenagem, gesto de resduos slidos (lixo) e controle de vetores. Todos estes temas esto tambm relacionados sade da populao, j que muitas doenas so exatamente transmitidas pelo contato com a gua