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Ações da Petrobras preocupam trabalhadores Após várias e exaustivas discussões da bancada trabalhista, representada pela Força Sindical no Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), a discussão sobre a mudança no FAP – Fator Aciden- tário de Prevenção – foi adiada para 2015. Desde que foi apresentada ao Conselho, a indicação da mudança no FAP gerou muita preocupação nos representantes das Cen- trais. Dentre as mudanças propostas estão o cálculo do FAP por estabelecimento, as re- duções de 25% do fator exclusão, do blo- queio de bonificação em caso de taxa de rotatividade superior a 75%, dos acidentes de trajeto e do bloqueio de bonificação em caso de morte ou invalidez. As mudanças do FAP integrarão o ca- Um ano bastante difícil. Assim foi 2014. Copa do Mundo no Bra- sil, eleições gerais, inflação, ju- ros altos, economia estagnada, desindustrialização, desempre- go, Petrobras. Um ano em que o movimento sindical teve de desdobrar-se para manter e au- mentar conquistas, e fortalecer a unidade com vistas às deman- das de 2015. A Força Sindical teve, neste ano, como principais priorida- des a intensificação da luta por ganho real nas campanhas sa- lariais dos Sindicatos filiados e a luta pela implementação da Pauta Trabalhista, que reivindica a redução da jornada de traba- lho, a correção da tabela do IR, o fim do Fator Previdenciário, a manutenção da política do sa- lário mínimo, a valorização das aposentadorias, juros menores, a regulamentação da Convenção 151 e a ratificação da 158, ambas da OIT, e a derrubada do PL da terceirização, entre outras. Quase todas as nossas ca- tegorias obtiveram ganho real. Quanto à Pauta, a presidenta Dil- ma, em reunião com as Centrais após anos de total falta de diá- logo, se comprometeu a manter a política do mínimo, promover a correção da tabela do IR e man- ter uma mesa permanente de negociação com as Centrais. Um bom 1º passo após um lon- go período de paralisia política. Trabalho Força Sindical entende que, quem investiu em ações da estatal, tem motivos para preocupações Quem adquiriu ações da Petrobras com recursos do FGTS levou um grande susto quando elas atingiram o menor valor em 10 anos. A queda, pro- vocada por acionistas estrangeiros, ocorreu devido a não divulgação do balanço do 3º trimestre, prometido pela empresa semana passada. “Os trabalhadores que investiram nas ações têm motivos para se preocupar com o valor de suas aplicações”, de- clara Miguel Torres, presidente da Força Sindical. Por causa das denúncias de corrupção, empreiteiras contratadas pela Petrobras deixaram de pagar os trabalhadores das obras da refinaria Abreu e Lima e do estaleiro Enseada de Paraguaçu, em Maragogipe (BA), além de demitir operários. Por isto, a Central deve ingressar com ação coletiva na Justiça contra a petro- lífera, cobrando as perdas dos cerca de 300 mil trabalhadores que investiram recursos do FGTS na compra das ações. “Quando os trabalhadores investiram, sabiam dos riscos e da instabilidade do mercado. No entanto, as perdas, de- correntes da corrupção na companhia, excede o risco próprio do mercado de capitais. Por isto ingressaremos na Jus- tiça”, diz Torres. A permissão para o uso do FGTS na compra de ações da Petrobras ocorreu no ano 2000, durante o governo FHC. Os trabalhadores investiram em ações, viram seus rendimentos sofrer fortes oscilações, com o sobe e desce do mer- cado, mas avaliaram que o rendimento acumulado era melhor se comparado ao do FGTS. Se o trabalhador deixar seu dinheiro na conta do FGTS, o rendimento será juros de 3% ao ano mais correção mo- netária da Taxa Referencial. “Porém, os recentes escândalos geraram incerte- zas e, sem dúvida, prejuízos. Estamos analisando a situação e vamos cobrar da empresa”, destaca Torres. A taxa de rotatividade global no mercado de trabalho alcançou 63,7% em 2013. Ou seja: a cada dez empregados, seis passam por desligamentos e admissões ao longo do ano. “A rotatividade des- contada (excluindo-se aposenta- doria, morte e pedido de demissão, entre outras) chegou a 43,4%, um porcentual bastante alto”, diz Al- tair Garcia, técnico da subseção do Dieese na Força Sindical. Os 43,4% são uma média. Os setores com maiores taxas são construção civil e agricultura. Ne- les, a rotatividade descontada chegou a 87,4% e 65,9%, respecti- vamente. Estes números constam do estudo ‘Os números da rotati- vidade no Brasil: um olhar sobre os dados da Rais 2002-2013’, divul- gado pelo MTE e elaborado pelo Dieese. O levantamento mostra que, en- tre 2002 e 2013, cerca de 45% dos desligamentos ocorreram com me- nos de seis meses, e 65% das con- tratações sequer atingiram um ano completo. “É preciso adotar me- didas para inibir as demissões nos períodos de experiência, e ratificar a Convenção 158 da OIT”, declara Eu- nice Cabral, presidenta do Sindicato das Costureiras de S.Paulo e Osasco. Já Sergio Luiz Leite, Serginho, 1º secretário da Força Sindical, observa que “o que pega na rotatividade é o poder que a empresa tem de demi- tir. O trabalhador admitido recebe salário menor do que aquele que foi demitido, reduzindo a massa salarial e aumentando os gastos com se- guro-desemprego, o que também é grave”. Para o Dieese, essa alternân- cia no emprego não é boa para os trabalhadores, para as empresas e para a economia. “Os trabalha- dores intercalam períodos empre- gados e períodos desempregados. As empresas perdem conheci- mento e prática, gerando conse- quente queda de produtividade e de competitividade. E a economia vê recursos que poderiam ser in- vestidos em outras áreas serem consumidos por políticas passivas de emprego”. Esgotar toda a discussão para que não haja retrocesso nas conquistas obtidas A alternância no emprego não é boa para os trabalhadores, para as empresas e para a economia Foto: Reprodução Foto: Divulgação www.fsindical.org.br facebook.com/CentralSindical twitter.com/centralsindical Miguel Torres Presidente da Força Sindical Rotatividade nos empregos alcança 63,7% em 2013 2014: um ano de muita luta e dificuldades! Força breca retrocesso no Fator Acidentário ARTICULAÇÃO MERCADO DE TRABALHO Publieditorial OPINIÃO EM QUEDA lendário de eventos da Força Sindical já no início de 2015, quando deverá ser discutida uma proposta de agenda sobre a fonte de custeio do SAT – Seguro de Acidente de Trabalho – para o ano que vem. “Temos de esgotar toda a discussão para que não pairem dúvidas, nem que haja re- trocesso nas conquistas obtidas até agora. Os itens em questão não figuram em ne- nhuma proposta dos trabalhadores. Te- mos de discutir estas alterações e ajustes em curto, médio e longo prazos”, enfatizou Antonio Cortez Morais, vice-presidente do Sindicato dos Químicos de Guarulhos e Região (Sindiquímicos), conselheiro repre- sentante da Força Sindical no Conselho e secretário de Assuntos Previdenciários da Central.

Página Sindical do Diário de São Paulo - 19 de novembro de 2014 - Força Sindical

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Destaques - Ações da Petrobras preocupam trabalhadores; Miguel Torres: '2014: um ano de muita luta e dificuldades!'; Força breca retrocesso no Fator Acidentário; Rotatividade nos empregos alcança 63,7% em 2013, segundo DIEESE;

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Page 1: Página Sindical do Diário de São Paulo - 19 de novembro de 2014 - Força Sindical

Ações da Petrobras preocupam trabalhadores

Após várias e exaustivas discussões da bancada trabalhista, representada pela Força Sindical no Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), a discussão sobre a mudança no FAP – Fator Aciden-tário de Prevenção – foi adiada para 2015. Desde que foi apresentada ao Conselho, a indicação da mudança no FAP gerou muita preocupação nos representantes das Cen-trais.

Dentre as mudanças propostas estão o cálculo do FAP por estabelecimento, as re-duções de 25% do fator exclusão, do blo-queio de bonifi cação em caso de taxa de rotatividade superior a 75%, dos acidentes de trajeto e do bloqueio de bonifi cação em caso de morte ou invalidez.

As mudanças do FAP integrarão o ca-

Um ano bastante difícil. Assim foi 2014. Copa do Mundo no Bra-sil, eleições gerais, inflação, ju-ros altos, economia estagnada, desindustrialização, desempre-go, Petrobras. Um ano em que o movimento sindical teve de desdobrar-se para manter e au-mentar conquistas, e fortalecer a unidade com vistas às deman-das de 2015.

A Força Sindical teve, neste ano, como principais priorida-des a intensificação da luta por ganho real nas campanhas sa-lariais dos Sindicatos filiados e a luta pela implementação da Pauta Trabalhista, que reivindica a redução da jornada de traba-lho, a correção da tabela do IR, o fim do Fator Previdenciário, a manutenção da política do sa-lário mínimo, a valorização das aposentadorias, juros menores, a regulamentação da Convenção 151 e a ratificação da 158, ambas da OIT, e a derrubada do PL da terceirização, entre outras.

Quase todas as nossas ca-tegorias obtiveram ganho real. Quanto à Pauta, a presidenta Dil-ma, em reunião com as Centrais após anos de total falta de diá-logo, se comprometeu a manter a política do mínimo, promover a correção da tabela do IR e man-ter uma mesa permanente de negociação com as Centrais.

Um bom 1º passo após um lon-go período de paralisia política.

Trabalho

Força Sindical entende que, quem investiu em ações da estatal, tem motivos para preocupações

Quem adquiriu ações da Petrobras com recursos do FGTS levou um

grande susto quando elas atingiram o menor valor em 10 anos. A queda, pro-vocada por acionistas estrangeiros, ocorreu devido a não divulgação do balanço do 3º trimestre, prometido pela empresa semana passada.

“Os trabalhadores que investiram nas ações têm motivos para se preocupar com o valor de suas aplicações”, de-clara Miguel Torres, presidente da Força Sindical. Por causa das denúncias de corrupção, empreiteiras contratadas pela Petrobras deixaram de pagar os trabalhadores das obras da refi naria Abreu e Lima e do estaleiro Enseada de Paraguaçu, em Maragogipe (BA), além de demitir operários.

Por isto, a Central deve ingressar com ação coletiva na Justiça contra a petro-

lífera, cobrando as perdas dos cerca de 300 mil trabalhadores que investiram recursos do FGTS na compra das ações. “Quando os trabalhadores investiram, sabiam dos riscos e da instabilidade do mercado. No entanto, as perdas, de-correntes da corrupção na companhia, excede o risco próprio do mercado de capitais. Por isto ingressaremos na Jus-tiça”, diz Torres.

A permissão para o uso do FGTS na compra de ações da Petrobras ocorreu no ano 2000, durante o governo FHC. Os trabalhadores investiram em ações, viram seus rendimentos sofrer fortes oscilações, com o sobe e desce do mer-cado, mas avaliaram que o rendimento acumulado era melhor se comparado ao do FGTS.

Se o trabalhador deixar seu dinheiro na conta do FGTS, o rendimento será juros de 3% ao ano mais correção mo-netária da Taxa Referencial. “Porém, os recentes escândalos geraram incerte-zas e, sem dúvida, prejuízos. Estamos analisando a situação e vamos cobrar da empresa”, destaca Torres.

A taxa de rotatividade global no mercado de trabalho alcançou 63,7% em 2013. Ou seja: a cada dez empregados, seis passam por desligamentos e admissões ao longo do ano. “A rotatividade des-contada (excluindo-se aposenta-doria, morte e pedido de demissão, entre outras) chegou a 43,4%, um porcentual bastante alto”, diz Al-tair Garcia, técnico da subseção do Dieese na Força Sindical.

Os 43,4% são uma média. Os setores com maiores taxas são construção civil e agricultura. Ne-les, a rotatividade descontada chegou a 87,4% e 65,9%, respecti-vamente. Estes números constam do estudo ‘Os números da rotati-vidade no Brasil: um olhar sobre os dados da Rais 2002-2013’, divul-gado pelo MTE e elaborado pelo Dieese.

O levantamento mostra que, en-tre 2002 e 2013, cerca de 45% dos desligamentos ocorreram com me-nos de seis meses, e 65% das con-tratações sequer atingiram um ano completo. “É preciso adotar me-didas para inibir as demissões nos períodos de experiência, e ratifi car a Convenção 158 da OIT”, declara Eu-nice Cabral, presidenta do Sindicato das Costureiras de S.Paulo e Osasco.

Já Sergio Luiz Leite, Serginho, 1º secretário da Força Sindical, observa que “o que pega na rotatividade é o poder que a empresa tem de demi-tir. O trabalhador admitido recebe salário menor do que aquele que foi demitido, reduzindo a massa salarial e aumentando os gastos com se-guro-desemprego, o que também é grave”.

Para o Dieese, essa alternân-cia no emprego não é boa para os trabalhadores, para as empresas e para a economia. “Os trabalha-dores intercalam períodos empre-gados e períodos desempregados. As empresas perdem conheci-mento e prática, gerando conse-quente queda de produtividade e de competitividade. E a economia vê recursos que poderiam ser in-vestidos em outras áreas serem consumidos por políticas passivas de emprego”.

Esgotar toda a discussão para que não haja retrocesso nas conquistas obtidas

A alternância no emprego não é boa para os trabalhadores, para as empresas e para a economia

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Miguel TorresPresidente

da Força Sindical

Rotatividade nos empregos alcança 63,7% em 2013

2014: um ano de muita luta e dificuldades!

Força breca retrocesso no Fator AcidentárioARTICULAÇÃO

MERCADO DE TRABALHO

Publieditorial

OPINIÃO

EM QUEDA

lendário de eventos da Força Sindical já no início de 2015, quando deverá ser discutida uma proposta de agenda sobre a fonte de custeio do SAT – Seguro de Acidente de Trabalho – para o ano que vem.

“Temos de esgotar toda a discussão para que não pairem dúvidas, nem que haja re-trocesso nas conquistas obtidas até agora. Os itens em questão não fi guram em ne-nhuma proposta dos trabalhadores. Te-mos de discutir estas alterações e ajustes em curto, médio e longo prazos”, enfatizou Antonio Cortez Morais, vice-presidente do Sindicato dos Químicos de Guarulhos e Região (Sindiquímicos), conselheiro repre-sentante da Força Sindical no Conselho e secretário de Assuntos Previdenciários da Central.

preocupam trabalhadores