PAINÉIS MAÇÔNICOS -ir-joaoguilhermec-ribeiro-.pdf

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    In all affairs it's a healthy thing now andthen to hang a question mark on the thingsyou have long taken for granted.

    Bertrand Russell

    (Em todas as atividades, de vez em quando, saudvel colocar um ponto de interrogaonas coisas que voc tem como certash muito tempo.)

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    Beleza fundamentalVinicius de Morais tinha razo. E no s na msica...

    Muitas so as crticas contundentes feitas s fachadas de mrmore dasigrejas evanglicas erigidas em comunidades carentes por gente pobre.Algumas dessas crticas vm temperadas com um certo deboche, umaarrogncia disfarada, como se pobreza fosse negado o direito deapreciar o belo. Pobreza no sinnimo de estupidez. O senso da beleza inato ao ser humano.

    Por que no parar uns segundos, refletir e usar o bom senso para fazeras perguntas certas?

    O pobre que frequenta a igreja que ajudou a erigir e mantm com seus

    parcos recursos recebe alguma coisa em troca, algo que no pode sermedido apenas pelos valores materiais. No h mistrio nisto. Todosqueremos transcender nossa condio.

    Por acaso foi diferente com a Igreja Catlica? Quando o abade Sugerreformou a igreja de S. Denis e iniciou o estilo que denominamos gtico,sua parquia era infinitamente mais miservel e ignorante que o povo dascomunidades carentes de hoje.

    Prova de que h coisas que esto alm da pura necessidade material est em quenem o mais ferrenho, mais materialista, mais preconceituoso e dogmtico dos marxistas

    russos ousou destruir a catedral de S. Baslio, em Moscou. Diria o velho Shakespeareque entre o cu e a terra, h mais coisas do que suspeita nossa v filosofia...

    O ser humano necessita transcender, pertencer a algo alm doshorizontes estreitos de sua vida. Ns nos completamos com o xito dosfilhos, dos amigos, dos candidatos de nossa corrente poltica, do nosso timede futebol. Cada vitria eleva nossa autoestima, mesmo que no sejamnossas, especificamente pessoais. O que quer dizer que as vitrias dasinstituies a que pertencemos so nossas tambm. Assim, como Maonsdescendentes daqueles construtores da Idade Mdia, por extenso amagnificncia das catedrais que edificaram um pouco nossa, tambm.

    Magnificncia era algo que os Maons Operativos, construtores dascatedrais, entendiam muito bem. No exerccio da profisso, seu dia a diainculcava-lhes naturalmente o senso da Beleza.Na pedra bem esquadrejada, nos ornamentos bem esculpidos, em cadadetalhe, ela transparecia e dignificava o mestre e sua obra.

    Ns, Maons Especulativos, herdamos esta tradio de culto Beleza ede sua vital, seminal necessidade.

    Assim est nos rituais de todos os Ritos Manicos de todos os tempos,

    desde que Samuel Prichard publicou sua inconfidncia, MaonariaDissecada, em 1730:

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    P O que sustenta a Loja?R Trs grandes Pilares.P Como so chamados?R Sabedoria, Fora e Beleza.P Por que isso?R Sabedoria para inventar, Fora para sustentar e Beleza para adornar.

    Assim, ainda hoje, continua nos rituais, tanto em ingls:QWhat supports a Lodge?

    A Three great Pillars.QWhat are they called?

    A Wisdom, Strength and Beauty.QWhy so?

    A Wisdom to contrive, Strength to support, and Beauty to adorn.S para provar, em francs a mesma coisa, embora de forma

    ligeiramente mais rebuscada, bem no estilo glico:D Pourquoi disons-nous que la Loge est soutenue par trois grands

    Piliers ?

    R Parce que la Sagesse, la Force et la Beaut sont les perfections de

    tout, et, que rien ne peut durer sans cela.D Pourquoi ?R Parce que la Sagesse invente, la Force soutient et la Beaut orne.Como Maons, temos orgulho de nossas Lojas, mesmo que sejam

    humildes, sem luxo. Nenhum de ns nega que, se pudesse contribuir paraque fossem mais belas, ns bem o faramos. No necessariamente apenasfachadas de mrmore, mas em tudo que pudesse espelhar sua grandeza:seus diplomas, suas comendas, suas joias, seus rituais... e, por que no, os

    painis, eles que so a base da instruo dos Maons.De minha parte, h mais de vinte anos, desde que meu Irmo Felisbertoda Silva Rodrigues, pesquisador incansvel, me pediu para redesenhar osmbolo de minha Loja-me, aARLS Luiz de Cames (hoje N 3354, noGrande Oriente do Brasil), j perdi a conta de quantas ilustraesmanicas j criei. Uma boa parte delas esto acessveis, porque j asdisponibilizei em CDs.

    Agora, chegou a vez dos painis dos Graus.

    Novos, no apenas mais explcitosEu disse, no incio, que Beleza fundamental.Porm, nesta aventura de redesenhar os painis, h mais do que

    somente Beleza, porque os painis no so mera decorao. Tudo, em

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    uma Loja manica ensina, tudo significa alguma coisa, tudo est l poruma razo. Tambm os painis, tbuas de delinear ou de traar, pranchetado mestre ou que nome tenham. Principalmente eles.

    Os painis so a sntese dos ensinamentos. Ento, como ensinar, se os

    elementos que esto nos painis j no podem mais ser identificados?E no foi apenas uma questo de redesenh-los mais bonitos, mas,

    acima de tudo, tentar resgatar corretamente esses elementos. Digoresgat-los corretamente porque muito se perdeu nas consecutivasreprodues de reprodues A cada reproduo, a qualidade caa umpouco.

    A impresso trouxe a possibilidade de multiplicar a informao. Porm,no basta imprimir de qualquer maneira.A mquina reproduz, mas para que a reproduo possa ser chamada de

    arte grfica, so necessrios profissionais habilitados. Ontem, hoje e emqualquer tempo e qualquer processo, da tipografia edio desktop.

    Ningum entrega o carro para o padeiro consertar e, em contrapartida,no se compra po em oficina mecnica...

    Eu, voc e ou qualquer garoto (ele, alis, bem melhor do que ns!), comum micro e uma impressora em casa, todos podemos reproduzir o quedesejarmos, ainda mais com a internet disposio. Acostumados abundncia, no nos damos conta das dificuldades do passado. Hoje, umlivro inteiro produzido em minutos. Entra papel de um lado e sai livro

    pronto do outro.Na Idade Mdia, um convento podia levar trinta anos para produzir um

    nico volume copiado e ilustrado. No toa que tanto dos rituaismanicos tenha sobrevivido na forma de manuscritos, tal como aconteciaquatro sculos antes com as Old Charges, asAntigas Obrigaes dasCorporao dos Pedreiros.

    Quanto aos painis, quando estes passaram a ser pintados, no tempodas primeiras Lojas, eram produto da arte individual dos pintores.Conhecemos alguns, como Josiah Bowring e John Harris, mas a maioria

    permanece annima.

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    O Irm. Neville Cryer, Past Master da famosa Loja de Pesquisas QuatuorCoronati, de Londres, autor e pesquisador incansvel, tem uma coleo decinco livros excelentes, Masonic Halls of England, que contam a histria detemplos de toda a Inglaterra. Um nmero respeitvel delas, as maisantigas, tm seus prprios painis pintados. Muitos deles so cpiaspintadas dos originais de John Harris, de 1845, porm muitos so bemanteriores.

    simples explicar. Como dissemos, a funo dos painis ensinar. Ento, ele precisa ter um tamanho adequado.

    O problema era que as tcnicas de reproduo para grandes tamanhos, poca, eram precrias ou inacessveis.Vamos e venhamos, contratar um pintor era a melhor soluo. Ou, pelo

    menos, a mais barata...

    As peculiaridades brasileirasHouve, porm, que levar em considerao nossos usos & costumes. As

    Potncias brasileiras no utilizam os mesmos painis para o mesmo Rito,como o caso das Grandes Lojas e de alguns Grandes Orientes daCOMAB, que utilizam painis de um Rito em outro. No vai aqui qualquercensura. Afinal, aquilo que passa por aberrao hoje pode ser a tradio deamanh...

    Quer um exemplo?O to falado Congresso de Lausanne, em 1875, decidiu que a cor do Rito

    Escocs era vermelho e ponto final. Quanta tinta e papel j foram gastospara justificar a deciso! At afirmar que vermelho era a cor dos reisStuarts destronados foi pomposamente afirmado, misturando alhos e

    bugalhos. Cascata, como expliquei em me livro sobre o Rito Escocs, OsFios da Meada, por dois motivos:

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    O braso dos Stuarts no tem vermelho: dourado com o chefeaxadrezado de azul e prata;

    vermelho era a cor do New Model Army, o exrcito criado porOliver

    Cromwell, que deps e executou o rei Carlos I. Ainda hoje, a cor doexrcito britnico o vermelho. E tem mais: a marinha a Royal Navye afora area, Royal Air Force, mas o exrcito apenas the Army, justamenteporque foi criado no perodo republicano que se seguiu deposio dosStuarts.

    Ser que um Stuart homenagearia os autores de regicdio e do seu exlio,usando a sua cor? Duvido!

    Esse tal vermelho, provavelmente, vem da cor dos aventais dos GrandesMordomos, em ingls Grand Stewards. Mordomo, em ingls, steward.Owen Stuart, o pai da dinastia escocesa Stuart era mordomo do rei.Provavelmente, como to comum entre os eternos rivais das duasmargens do Canal da Mancha (ou English Channel, j que cada um chamao fosso a seu modo...), o que houve foi uma simples confuso, influenciadapela velha lenda da Ordem da Estrita Observnciae seus superioresdesconhecidos:

    Como sempre, nos filmes de mistrio, o culpado o mordomo...De qualquer forma, voltando ao fio da nossa histria, como eu disse em

    outro trabalho, uma coisa uma coisa e outra coisa, outra coisa .O importante, se decidimos redesenhar os painis, faz-lo sabendo, aomenos, o que estamos fazendo e o porqu.

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    O tal quadrado oblongos vezes, esse saber o porqu das coisas pode dar um trabalho infernal

    de garimpagem, porque uma pista leva a outra, que leva a outra... Pois .Se voc no for objetivo, acaba se perdendo nos labirintos da pesquisa,

    mais ainda na internet, porque nela sempre necessrio separar o joio dotrigo.

    Quantas vezes voc j ouviu falar no tal quadrado oblongo? Alis,tambm conhecido pela alcunha de obilongo pelos mais desinformadosno me leve a mal, mas, c entre ns, obilongo a !!@%*!, desculpe odesabafo!

    Os painis de John Harris haviam sido desenhados nas propores doquadrado oblongo. Ento, para ser honesto, usando ou no essaspropores, no havia como ir adiante sem procurar, ao menos, saber seusignificado!

    Mas aqui vai um lembrete queles que acham que tudo em Maonariatem que ser uniforme: Harris no pintou apenas um jogo de painis. Pintou

    diversos. Dois deles, um de 1820 e outro de 1825, esto na biblioteca daUnited Grand Lodge of England, como contou o Irm. Harry Carr, em seuThe Freemason at Work(Lewis Masonic, 1989) .

    Voltemos ao notrio oblongo. Se voc fala ingls, h um excelentedicionrio em ww.masonicdictionary.com.

    Entre e consulte. Foi exatamente o que fiz.No verbete Quadrado Oblongo, diz o Dicionrio:Este tem sido um quebra-cabeas na nomenclatura manica.

    Pergunta-se: como possvel a um esquadro ser oblongo, quando tem

    todos os lados iguais? A resposta que nesta concepo esquadro usado no sentido de retngulo os ngulos so iguais, no os lados.Oblongo deriva de ob, perto ou antes, e longus, significando algo cujo eixo

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    principal mais comprido que os outros, como em uma folha comprida ouum dardo. Da, um esquadro oblongo um retngulo em que dois ladosopostos so mais compridos que os outros dois. A Loja manica, nestesentido, um quadrado oblongo.

    O Irm. C. C. Hunter diz que um termo, antes comum, porm hoje obsoleto,sobreviveu. H algum tempo, a palavra quadrado significava em ngulo reto ou emesquadria; em consequncia, o termo um quadrado referia uma figura de quatro ladoscom ngulos retos, sem levar em considerao as dimenses dos lados adjacentes.Assim, havia dois tipos de quadrados, o de quatro lados iguais e o de dois ladosparalelos mais compridos que os outros dois. Ao primeiro, chamava-se quadradoperfeito e, ao segundo, quadrado oblongo.

    Bem, a eu me perguntei: o termo oblongo define a relao entre oscomprimentos ou pode ser qualquer uma?

    No, no pode ser qualquer uma. Tentando descobrir, deparei com outra

    pista, desta vez em um site francs excelente, do Irm. Jean-Pierre Garcia,que fala de algo que tinha ouvido falar vagamente, a Geometria Sagrada:

    www.rennes-le-chateau-archive.com/index.htm.Diz ele:Se hoje nos parece complexa e pouco conhecida, a Geometria Sagrada

    era, para nossos ancestrais, como uma forma de linguagem absolutamentecom o divino. Nossa civilizao, hiper miditica e racional, infelizmente temperdido aqueles conceitos indispensveis compreenso de nossas razese de nosso mundo.[]

    Se nos apegamos definio do dicionrio, a geometria a cinciamatemtica que estuda a relao entre pontos, retas, curvas, superfcies evolumes no espao. A geometria torna-se Sagrada se lhe acrescentadauma dimenso de harmonia, valores artsticos e uma dimenso divina. Emoutros termos, a Geometria Sagrada utiliza conceitos da geometriaeuclidiana simples, mas pondo em relevo a harmonia universal de nossomundo.

    Aqui, Garcia faz uma advertncia:

    Porm, ateno! O termo Geometria Sagrada engloba, hoje, tudo e noimporta o qu, porque mesmo se ela possui atributos de Sagrada, aindaassim continua uma cincia matemtica, com regras estritas, seus teoremase axiomas. Muitos autores utilizam essa geometria para emprestar umacerta consistncia a suas teses mais ou menos esotricas e s suasconstrues arbitrrias.

    necessrio, de preferncia, falar de Geometria harmoniosa ou dematemtica artsticas. []

    Assim, a Geometria Sagrada a cincia descritiva que ilumina a

    harmonia de nosso mundo. Ela o reflexo da nossa conscincia de ser.Porm, essa geometria no representa seno uma nfima parte do

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    problema real. Os antigos se dedicavam ao seu estudo com a ajuda dargua e do compasso.[]

    [A Geometria Sagrada] tambm um meio frequentemente utilizado parapassar uma ou mais mensagens simblicas somente compreendidas pelos

    iniciados. Usar a Geometria Sagrada entrar em comunicao com Deus econservarum nvel de confidencialidade muito elevada.Caramba, a coisa era mais complexa do que eu suspeitara. Me obrigou a voltar s instrues do

    simbolismo, s relaes entre os nmeros e aos sbios gregos e artistas renascentistas, porqueessas relaes esto nas cincias do Quadrivium, que reunia quatro das chamadas CinciasLiberais: Aritmtica, Geometria, Msica e Astronomia. Ficou uma sensao incmoda, como setoda a nossa modernidade talvez no fosse assim um passo to grande sobre os antigos, ao menosno que tange ao fundamento. Nos demais captulos do seu site, Jean Pierre Garcia fala dorectangle d'or. Pelo jeito, alm do quadrado perfeito e do quadrado oblongo, eu esbarrara emoutra figura de quatro lados, o retngulo de ouro.

    A Proporo ureaProcure este ttulo no Google ou em um dicionrio de artes. Voc vai esbarrar fatalmente na

    Wikipedia. Mesmo para quem j ouviu falar ou estudou, de ficar abismado.

    Aproporo urea, nmero de ouro, nmero ureo ou proporo de ouro uma constantereal algbrica irracional denotada pela letra grega I, em homenagem ao escultorFdias, que ateria utilizado para conceber Partenon.

    A Wikipidia d ainda outros nomes pelos quais o nmero conhecido: seo ou razo urea oude ouro, proporo ou seo divina, proporo em extrema razo ou urea excelncia e, aindarazo de Fdias. E explica sua presena nas artes e na natureza.

    Este nmero est envolvido com a natureza do crescimento. Phi(I, oufi), como chamado o nmero de ouro, pode ser encontrado na proporodas conchas (o nautilus, por exemplo), dos seres humanos (o tamanho dasfalanges, ossos dos dedos, por exemplo) e nas colmeias, entre inmerosoutros exemplos que envolvem a ordem do crescimento.Justamente por estar envolvido no crescimento, este nmero se torna tofrequente. E justamente por haver essa frequncia, o nmero de ouroganhou um status de "quase mgico", sendo alvo de pesquisadores, artistase escritores. Apesar desse status, o nmero de ouro apenas o que devido aos contextos em que est inserido, como nos crescimentosbiolgicos, por exemplo. O fato de ser encontrado atravs dedesenvolvimento matemtico que o torna fascinante. []A Maonaria tambm tomou emprestado o simbolismo da ProporoDourada em seus ensinamentos, com a utilizao de seu mtodo paraobteno do Pentagrama e do Quadrado Oblongo, existentes em algumasLojas Manicas.

    Essa sequncia aparece na natureza, no DNA, no comportamento darefrao da luz, dos tomos, nas vibraes sonoras, no crescimento dasplantas, nas espirais das galxias, dos marfins de elefantes, nas ondas no

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    oceano, nos furaces e at, dizem, nas geniais 5 (dita do Destino) e 9(Coral) sinfonias, de Beethoven.

    Se falamos em espirais galticas e em Beethoven, no custa lembrarque, alm da Aritmtica e da Geometria, a Astronomia e a Msica tambm

    faziam parte do Quadrivium., tanto a me-natureza quanto nosso conceito de beleza obedecem a

    relaes que no so assim to aleatrias quanto parecem. Olhe ao seuredor. Voc pode no se dar conta, mas a Proporo urea, o nmero I(que equivale a 1,618033989, em sua forma decimal) est em toda partemesmo...

    Ponto para os antigos!Como curiosidade, aqui vai uma das muitas maneiras grficas de

    construir um retngulo nas propores ureas.

    Desculpe se dei tanta volta. Mas foi apenas para que voc pudesse

    acompanhar meu raciocnio na recriao dos painis.Nisso tudo, ficou apenas uma nica frustrao: no pude utilizar a

    proporo urea ao dimensionar os painis. Como as folhas de papel noso dimensionadas segundo as propores ureas, desperdiaramos umaboa rea. Bem, no se pode ganhar todas, no ?...

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    A Loja nos RituaisVoltemos ao fio da narrativa e ao famoso quadrado oblongo.Assim explicitam os manicos rituais desde a inconfidncia de Samuel

    Prichard, de que j falamos:P Qual a Forma da Loja?R Um Quadrado oblongo.P Quo comprida?R Do Oriente ao Ocidente.P Quo larga?R Do Norte ao Sul.P Quo alta?R Incontveis polegadas, ps e jardas, to alta como os Cus.P Quo profunda?R At o centro da Terra.Assim est no original ingls, para voc conferir:QWhat Form is the Lodge?

    A A long Square.QHow long?

    A From East to West.

    Q

    How broad?A From North to South.QHow high?

    A Inches, Feet and Yards innumerable, as high as the Heavens.QHow deep?

    A To the Centre of the Earth.

    O velho ritual francs diz exatamente o mesmo:

    D Quelle forme a votre loge ?R Un carr-long.D De quelle largeur est-elle ?RDe lest louest.D Quelle longueur ?R Du sud au nord.D Quelle hauteur ?R De la terre aux cieux.

    D Quelle profondeur ?R De la surface de la Terre au centre.

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    E acrescenta algo que est em todos os rituais de todos os Ritos hsculos, pelo menos desde um pouco antes de 1730:

    D Pourquoi ?R Parce que la Maonnerie est universelle.

    Ento, se a Maonaria universal, difere apenas na forma, nunca naessncia, seja qual for o Rito ou no seria Maonaria!

    Ento, s para enfatizar o ponto, aqui vo mais duas variantes, dospainis, tal como exemplificados no livro clssico do Irm. Harry Carr, TheFreemason at Work, a que me referi antes. Ele j est editado emportugus pela Editora Madras, sob o ttulo O Ofcio do Maom. Ambospertencem Association for Taylor's Workinge The Logic RitualAssociation.

    Nascemos do Iluminismo, crendo na emancipao do Homem peladissipao das trevas da ignorncia, do fanatismo e da superstio. Comotal permanecemos, embora, s vezes, precisemos de nos lembrar disto...

    Igualdades & diferenasMuita gente boa j escreveu sobre os painis, aqui e l fora, bem mais

    gabaritada do que eu, que no estaria escrevendo se no fosse pelotrabalho de pesquisa primria deles, direta da fonte.

    engraado que muitos no se do conta de que sua Loja, hoje, podeser idntica s Lojas primitivas na essncia, mas no na forma. Claro que a

    Maonaria no surgiu ex machina, como a deusa Atenas, que saiu pronta,adulta e armada, da cabea de Zeus. No, nada disso. Evolumos com ostempos, com as condies peculiares de cada lugar e com as

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    possibilidades. E fomos nos reinventando ao longo do caminho at chegarneste universo incrivelmente variado que a Maonaria Universal hoje, toigual e to diferente e to fascinante, justamente por causa disto!

    quase um vcio meu dizer que aprendemos com as diferenas, no com

    as igualdades. Exaltando as diferenas e os que as fazem, GeorgeBernard Shaw (no, ele no era Maom, se voc quer saber!) disse que oconformista se adapta ao mundo; o no conformista persiste em tentaradaptar o mundo a si. Assim, todo progresso depende do noconformista...

    O bom senso nos diz que, desde que comeou a construir, o homemantes projetou. Ainda hoje o barraco do canteiro de obras concentra asatividades dos artfices. Assim era tambm no perodo que nos interessa, aIdade Mdia. Esse barraco o ancestral direto de nossas Lojas.

    Uma das mais antigas referncias a mesas ou pranchetas para projetarusadas nas antigas lojas est em um inventrio, datado de 1399, dacatedral de YorktheYork Minster. Nele est includo o que, na grafiainglesa antiga, era chamado de tracying bordes, usualmente, mesasmontadas sobre cavaletes, para facilidade de deslocamento. Para o mestrede ento, eram o que as pranchetas foram para o arquiteto at a virada dosculo passado. Nela eram feitos os esboos e traados os moldes egabaritos. Depois, agora sobre pergaminho, era minuciosamentedesenhado o projeto final.

    Hoje, para o arquiteto profissional, a prancheta pode ter cedido espao aocomputador com seus programas especficos. Porm, na Loja manica,ela manteve uma importncia muito alm do seu uso ancestral. Tantaimportncia que, no painel do Grau de Aprendiz, de John Harris, h umaprancheta dentro de outra prancheta porque ela a sntese doensinamento manico.

    Os primeiros painis especulativosCom a parafernlia operativa, obviamente herdamos as tbuas de

    delinear,pranchetas do mestre,painis dos Graus ou seja l que nomevenhamos a dar.

    Sabemos que os primeiros Maons reuniam-se nos espaos disponveis,fossem tabernas ou residncias. Como os smbolos so os fundamentos doensino manico, tinham que estar vista para que as sesses pudessemser realizadas.

    Um trabalho muito interessante sobre os painis foi apresentado pelo Irm.Yasha Beresiner, Past Master. Falando sobre o seu desenvolvimento,comenta ele:

    Quando os Maons se reuniam em salas privadas de tavernas eestalagens no sculo XVIII, entre as obrigaes do Cobridor, estava

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    desenhara Loja com giz e carvo no assoalho da sala de reunio. Essesdesenhos consistia de vrios smbolos manicos esquadro e compasso,globos, a letra G, as colunas etc. que hoje encontramos em forma fsicacomo elementos decorativos em nossos templos. A qualidade desses

    desenhos dependia naturalmente da habilidade e do talento individual doCobridor. A responsabilidade de apagar os desenhos, aps a reunio,cabia ao mais novo iniciado, munido de balde e esfrego. Nas gravuras ecomentrios satricos da poca, o balde e o esfrego (mop and pail)aparecem como emblema dos Maons...

    Nem James Anderson, o clrigo compilador do primeiro Livro dasConstituies, escapou da gozao. William Hogarth,famoso artista emembro da Primeira Grande Loja, colocou-o de avental, luvas, balde eesfrego em uma gravura satrica...

    Ficar merc do talento do Cobridor tinha seus inconvenientes, claro.O Irm.Yasha Beresinercita o uso de outros meios entre os franceses, emuma inconfidncia annima de 1725, intitulada Dilogo entre Simon & Philip,

    onde os desenhos no assoalho so substitudos poremblemas feitos emprata ou estanho, bem finos, e colocados em posio na Loja.

    Em um site excelente, www.phoenixmasonry.org, h um comentriosobre esses emblemas:

    "Temos visto o uso de smbolos separados em Lojas inglesas, como emBristol, onde as antigas cerimnias ainda hoje so zelosamentepreservadas."

    Foi s uma questo de tempo para se chegar concluso de que osemblemas poderiam ser pintados em lona, a ser desenrolada no incio dasreunies e enrolada ao trmino. E, quando as Lojas passaram a reunir-seem locais prprios, no precisavam de painis para descrev-las, claro.Mesmo assim, os painis no desapareceram. Pelo contrrio, passaram a

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    exercer outra funo igualmente, seno mais, importante: o de conduzir osMaons em sua escalada na senda do auto aperfeioamento. Foi assimque se desdobraram, um para cada Grau. Atas da Loja Old Kings Arms,datadas de 1733, j fazem referncia a eles como traados em tela.

    Se passamos do traado ao painel pintado, o comentarista no site daPhoenixmasonryobserva que os painis pintados dariam lugar, nas Lojasamericanas, aos slides de projeo.

    Os painis francesesPorm foi na Frana que os painis pintados ganharam notoriedade. H uma coleo

    de gravuras alems, intituladas em francsAssemble de Nouveaux Frans-Maonspublicadas em 1746, onde os painis esto como tapetes no centro da Loja. Para o Irm.Yasha Beresiner, vem da o hbito de esquadrejar a Loja, o que faz sentido.

    Na gravura do Aprendiz sendo conduzido na Iniciao, voc vai entender como otapete, tapis em francs ou ou floor cloth em ingls, permitia transformar qualquerambiente em uma Loja. Era uma espcie de fast Lodge, s que bem mais saudvel doque o fast food...

    Ah, um detalhe: de onde que voc acha que vem a inspirao do tapete das Lojasdo Rito Schroeder?

    Os painis usados no Grande Oriente do Brasilpara o Rito Escocs Antigo e Aceitoguardam relao direta com os painis das gravuras do sculo XVIII. Podem no serexata e milimetricamente iguais, como gostariam os que confundem Maonaria comquartel, mas os elementos esto l. Alis, dadas as dificuldades de comunicao e dereproduo da informao, a mim espanta que no tenham mais diferenas do quetm...

    Obviamente, com as facilidades que temos hoje, no h porque no apresent-loscoloridos e to ricos em informaes quanto possvel. Se as Lojas do sculo XVIIIcontratavam artistas para pintar seus painis a cores, no h justificativa para que asLojas do sculo XXI continuem com ampliaes sofrveis, tiradas dos rituais, onde malse distingue o que est l.

    Nesta srie, inclu uma opo para o painel do Grau de Mestre, embora no ritual doGOB, como bem enfatizou o Irm. Wilson Aguiar Filho, ele seja coberto por pano negro,resolvi tambm apresentar uma verso com o esquife em madeira.

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    Nos painis de Aprendiz e Companheiro no h maiores alteraes. Procurei ser fiel maior parte das ilustraes usadas

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    Vamos comentar alguns detalhes: Na maioria dos painis antigos, as posies do Sol e da Lua esto invertidas. No

    Grau de Aprendiz, o Sol est ao Norte e, do de Companheiro, ao Sul. Aqui bem valeespecular o motivo...

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    O Nvel do 1 Vig?, no REAA francs, tradicionalmente do tipo egpcio, como umA.

    Os painis de HarrisEles foram criados especificamente para o novo Rito resultante da adaptao dos

    rituais trabalhados pelas duas Grandes Lojas rivais inglesas, a dos Modernos (de 1717)e a dos Antigos (de 1751), reunidas na Grande Loja Unida da Inglaterra. Ainda assim,foram adotados porMario Behring para os rituais das Grandes Lojas brasileiras. O quecomeou, provavelmente, por expediente poltico, para atrair o reconhecimento ingls,hoje um fato consumado. Errado ou no.

    Se voc comparar, os painis ao estilo francs apresentam uma compilao dossmbolos utilizados em Loja, como se tivesses simplesmente sado do tapete para umquadro emoldurado.

    A concepo de John Harris diferente, principalmente nos Graus de Aprendiz e

    Companheiro, onde ele incorpora os smbolos paisagem. No Grau de Aprendiz, a Lojaaparece em dimenses infinitas e, do de Companheiro, ele nos remete para dentro doTemplo do Rei Salomo.

    S um miniaturista como ele conseguiria encaixar tantos detalhes no tradicionalformato reduzido dos rituais ingleses, 9 x 14 cm. Nas antigas edies, eles apareciamem preto e branco e um por pgina, como ainda hoje nos rituais Sussexe Logic. Nasedies modernas do Emulation, esto coloridos e em pginas espelhadas.

    Por questes prticas, as Lojas que trabalham suas instrues nos painis de Harrisde modo geral, no GOB e COMAB nos rituais Emulation; nas Grandes Lojas, nos rituaisdo Rito Escocs e Emulation ampliam direto dos pequenos rituais. O resultado, nomnimo, precrio, impedindo a visualizao dos detalhes.

    Como falei antes, no vai aqui qualquer censura. E devemos lembrar que Harris nopintou apenas um conjunto de painis.

    Do mesmo modo como fiz nos painis franceses, aproveitei a oportunidade paraenfatizar os detalhes, aproveitando que temos nossa disposio a possibilidade da core das reprodues ampliadas. A inteno despertar a ateno dos que esto sendoinstrudos para esses detalhes. A curiosidade, fora motriz do aprendizado, precisa serdespertada...

    Comento aqui alguns dos detalhes:

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    Se voc olhar de perto, o Salmo 133 aparece bem legvel no Livro da Lei.

    Na prancheta aos ps do Altar est um pergaminho com uma planta do Templo deSalomo.

    Como nos painis franceses, os detalhes foram tornados explcitos, como o punhalna Coluna Drica, o Cinzel e o Mao sobre a pedra bruta e a argola encaixada na pedrapolida para ser levantada pelo Lewis.

    Inspirada na soluo inteligente e tolerante do smbolo da Grande Loja de Israel, aF est representada por trs pergaminhos com os smbolos das trs religies do Livro:judaismo, cristianismo e islamismo.

    Como as instrues nos rituais ingleses, ao explicar o painel de Aprendiz de Harris,dizem que "a cobertura de uma Loja de Franco-Maons uma abbada de diversascores, como os Cus"(the covering of a Freemason's Lodge is a celestial canopy ofdivers colours even the Heavens), no vi mal algum em colocar no cu noturno as

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    mesmas Constelaes s quais os Maons brasileiros esto acostumados. At porqueeste painel trabalhado tambm em Lojas do REAA. Liberdade artstica, digamos...

    No painel colorido que aparece no ritual Emulao, que poucos conhecem por aqui,a Orla Dentada, curiosamente, aparece em vermelha e preta. Como no h justificativapara isto nas explicaes dos rituais ingleses, mantive a preta e branca, no s pela

    consistncia com o Pavimento Mosaico como tambm pelo costume j arraigado entrens.

    O ritual Revised Ritual of Craft Freemasonrytem as instrues bem detalhadas. Naexplicao do painel do Segundo Grau, diz ele que, "tendo comunicado a Pa Sag, osCompanheiros subiam a escada em caracol e chegavam porta da Cm do M, que eraguardada pelo Antigo 1 V (Antient Senior Warden), a quem comunicavam o Sn e a Pade um Comp. Eles ento entravam na Cm do M, onde cada homem recebia seu salrio[...]."

    No painel de Companheiro, omiti os personagens para atrir a ateno para osdetalhes, como a escada com seus lances de escada em 3, 5 e 7 degraus e o guich

    onde o 1 V pagava os Companheiros. No painel de Companheiro o Tetragrama aparece sobre a Cm do M, enquanto a

    letra G inscrita no hexagrama aparece luminosa ao alto. No painel de Mestre, dispensei o pergaminho que aparece em algumas verses.

    Como em outras, o Prtico direto sobre o esquife, com a Arca da Aliana por trs dacortina e a inscrio correta no arco.

    Entre ns, as ferramentas do Mestre foram traduzidas como sendo o Cordel, oLpis e o Compasso.

    Para os ingleses, o Skirret mais do que um cordel. uma ferramenta peculiar, queAlbert Mackey assim descreve em sua Encyclopedia of Freemasonry:

    "O skirret [...] um instrumento (um carretel, melhor dizendo) que que age sobre umpino central, de onde se estica uma linha com giz, que batida contra o solo paradelimitar as fundaes da estrutura a ser erguida. Simbolicamente, ele nos mostra alinha de conduta reta e sem desvios que devemos obedecer em nossos afazeres sob oVolume da Lei Sagrada. O que o torna to especial que ele usado antes que asfundaes do edifcio sejam colocadas e, por isto, utilizado antes das demaisferramentas."

    Como no fica muito ntido nas ampliaes monocromticas, procurei detalhar oSkirret, para que entendamos o que vem a ser: um carretel com linha, colocado sobreum espigo, que fincado nos extremos que se deseja delimitar.

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    Bem, h outros detalhes que, espero, entusiasmem e motivem para o ensino. Talvezseja presuno minha esperar que os painis tenham tal poder de motivao quedespertem a vontade de estudar. Presuno ou no, foram feitos com esta inteno. Ecom amor, porque, como disse l no incio, minha Maonaria tem que ter o melhor queeu puder dar.

    O Tapete do Rito SchroederA tradio de conter a Loja no tapete se perpetuou no Rito Schroeder. No sou

    versado no Rito, que chegou ao Brasil com os imigrantes alemes e seguido riscapelos Maons brasileiros que o praticam. Porm, tive o privilgio de assistir a Iniciaode meu genro, Clio Krawczyk Pereira, na Loja Farol Guia das Misses N 69, deSanta Rosa, jurisdicionada Grande Loja Manica do Estado do Rio Grande do Sul. Asimplicidade comovente do Rito nos remete aos tempos em que a Maonaria seestruturava.

    Ento, em homenagem Loja, GLMERGS, aos Irmos do Rito e ao seu fundador, o

    Venervel Irmo Ludwig Schroeder, eu me atrevo a incluir o tapete neste trabalho.

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    Democracia versus aptidoBem, meus Irmos, natural que surjam polmicas. Afinal, somos Maons, cada qual

    interpretando ao seu modo cada detalhe, cada iniciativa. Como natural achar que oque feito nas Lojas em que fomos iniciados o correto e "milenar", ainda por cima.Posso at ouvir o Por que no colocou isto? Por que incluiu aquilo? Onde est o...?Nunca ouvi falar disto!... Se onde que esse cara tirou isto?

    Isto no preocupa. at necessrio! As crticas so naturais e so bem-vindas.Como disse, muitos de ns acreditam piamente que o que se faz em sua Loja ocorreto e vem absolutamente imutvel desde a origem dos tempos, a tal da "milenar"...

    Alm disto, no tenho a mnima pretenso de ser o dono da verdade nemreconheo a ningum este direito, claro.

    Porm, antes das polmicas, deixem que enfatize um ponto: eleger um Gro-Mestredeve ser um ato democrtico, mas determinar mudanas na liturgia no pode ser.

    A eleio busca a legitimidade atravs do governo que represente a opinio damaioria. Aqui, ento, o fundamento democrtico.

    J as alteraes nos rituais e tudo o mais que diga respeito tradio, aos usos ecostumes s podem ser feitas por aqueles que estudaram e que sabem o assunto.

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    Aqui no h lugar para achismos. Ou se sabe ou no. Quem sabe faz, quem no sabevai ajudar muito se no meter o nefando eu acho que... na parada.

    Aqui, ento, o fundamento conhecimento.Permita que cite dois episdios pessoais, s para ilustrar.No primeiro, um Gro-Mestre muito amigo foi censurado por ter solicitado a ajuda de

    um Irmo extremamente versado em liturgia manica na reviso de um de seus rituais.Achavam que ele deveria ter usado aprata da casa para tal...

    , bom senso no se vende em farmcia.No segundo, ainda nos bons tempos em que a Grande Loja da Baixa Eslobvia

    Inferiorno era ainda o feudo explcito que hoje, houve uma discusso acirrada sobreum ritual a ser adotado para o que supnhamos, na poca, ser o Rito de York, naverdade o ritual Emulao ingls. Ns, da Loja York, que no conhecamos o Rito,precisvamos de instrues mais detalhadas sobre como proceder em Loja, o que noestava claro no ritual ento em uso por uma das poucas Lojas que adotavam o Rito najurisdio. Ento, retraduzimos o ritual direto do ingls, decifrando penosamente os

    procedimentos.O problema que descobrimos diversas deturpaes, sofridas ao longo de cinquenta

    anos pela influncia de outros Ritose dos achismos, inevitavelmente!Isto gerou uma ciumeira dos diabos, que levou a ser criada uma comisso para que

    se chegasse a uma concluso, dois Irmos por Loja. Tudo o que tnhamos feito estavaembasado nos rituais ingleses e em farta bibliografia. Era, de um lado, bibliografiaextensa versus, do outro, eu acho, sempre foi feito assim, foram os ingleses queensinaram deste jeito, "no se pode mexer na tradio"(o pior que estvamos notempo em que o "imexvel" saiu da boca do ministro e virou moda...).

    O Gro-Mestre de ento, j que numericamente os dois lados estavam empatados em

    nmeros (no em qualificao), deu seu voto de Minerva a favor da opinio provadaerrada, s porque a outra Loja era mais antiga (e tinha mais votos!). Achava que oerrado, mesmo exposto, deveria prevalecer antiguidade posto!

    A Loja Yorkjamais deu bola para essa deciso. Quem cala o sapato que sabeonde lhe di o calo...

    Claro, no sou contra comisses. Ningum de bom senso dono da verdade nemfigurinista lanando moda. O que quero dizer que os membros da comisso tm queter duas qualificaes: assiduidade e, principalmente, conhecimento de causa.

    Quem ainda duvida, que consulte os rituais mais antigos. Desconheo "atualizados"que sejam melhores dos que os antigos, no "atualizados".

    Honestamente, meus Irmos, esperem que vocs apreciem e que a trabalheira notenha sido em vo.

    O resultado desse trabalho pode no ser a melhor coisa do mundo, mas,honestamente, foi o melhor que soube fazer.

    Garanto que foi feito com conscincia e carinho.Obrigado por sua pacincia em ler. Muitos no o faro.Fraternalmente,Joo GuilhermeMaio de 2011

    .................finis......................

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    Algumas Obras do Ir? Joo Guilherme:

    1. Como ilustrador:

    Portugus ao Alcance de Todos, de Nelson Custdio de Oliveira (1965);

    Fcil Saber Portugus, de Hugo Belart (1967);Regras Comentadas de Futebol, de Alberto da Gama Malcher (1967);

    Matemtica Como Voc Gosta, de Jorge da Costa Ferreira (1969);

    Cientistas e Vigaristas, de Robert Silverberg (1982)

    2. Como autor & ilustrador:

    A Histria das Invenes (1970) para crianas;

    Bandeiras que Contam Histrias (2002), sobre as bandeiras histricas de Portugal (at 1822) e Brasilat o presente, incluindo insgnias das Foras Armadas;

    Os Fios da Meada (2008), um histrico sobre o Rito Escocs Antigo e Aceito da Maonaria, incluindo CDcom painis redesenhados em ilustraes originais dos 33 Graus;

    Cada Coisa Tem seu Nome (2010), sobre a histria e as diferenas entre o Rito de York e o ritualEmulao;

    Tradio de Cara Nova (2011), sobre os painis de instruo dos Graus Simblicos do Rito Escocs e doritual Emulao;

    As Joias dos Altos Graus do Rito Escocs Antigo e Aceito (2012);

    O Nosso Lado da Escada (2012), sobre os Graus Capitulares do Rito de York;

    3. Com os filhos Beatriz, Ruyter e Elizabeth, como autor & ilustrador:

    Minha Bandeira Tem Histria (2003), sobre as duas bandeiras do Brasil independente;

    Terra Vista! e Terra Vista! Atividades (2004), sobre o descobrimento do Brasil;

    Homem Voa! (2005), sobre a vida de Santos Dumont;

    Porque o Brasil Grande (2006), sobre a formao do territrio nacional;

    De Quintal a Capital (2007), sobre a vinda da Famlia Real.

    Museu Histrico do Exrcito / Forte de Copacabana (2007), sobre o museu que hoje o terceiroponto turstico do Rio em visitao;

    Osrio, uma Vida Pelo Brasil (2008), sobre a vida do patrono da Arma de Cavalaria do Exrcito;

    Valeu ou No Valeu? (2009), regras comentadas de futebol para crianas (no publicado ainda);

    Este Museu Seu (2012), sobre o Museu Militar Conde de Linhares;

    Brava Gente Brasileira (2012), sobre a independncia do Brasil.

    *Obras, painis e outros produtos do autor,

    esto venda no site www.artedaleitura.com