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painel ASSOCIAÇÃO DE ENGENHARIA ARQUITETURA E AGRONOMIA DE RIBEIRÃO PRETO Ano XI nº 154 Janeiro/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto RENASCIMENTO Engenharia salva peroba rosa no Bosque Fábio Barreto 60 anos - Roberto Maestrello é sabatinado por diretores e conselheiros da AEAARP e inaugura comemorações pelo aniversário da entidade Cana - Novas variedades do IAC estarão disponíveis em fevereiro e vão proporcionar ganho para o produtor e a indústria

Painel - edição 154 - jan.2008

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Revista oficial da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto.

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painel AssociAção de engenhAriA ArquiteturA e AgronomiA de ribeirão Preto

Ano XI nº 154 Janeiro/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

RenascimentoEngenharia salva peroba rosa no Bosque Fábio Barreto

60 anos - Roberto Maestrello é sabatinado por diretores e conselheiros da AEAARP e inaugura comemorações pelo aniversário da entidade

Cana - Novas variedades do IAC estarão disponíveis em fevereiro e vão proporcionar ganho para o produtor e a indústria

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O ano que se inicia traz, além das esperanças e desejos que fomentamos no seio de nossas famílias, uma grande car-ga de responsabilidade para a direção da AEAARP. Assumi-mos há quase um ano e temos a responsabilidade de marcar os 60 anos de fundação da entidade. Os primeiros passos já foram dados, com a constituição de uma comissão represen-tativa da diretoria, dos conselhos Consultivo e Deliberativo e da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Entretanto, mais do que festejar, é necessário que façamos uma reflexão profunda sobre o nosso papel perante a sociedade.

Nestes 60 anos, a AEAARP foi palco de discussões importantes que influenciaram diretamente o desenho de nossa cidade. Esta função, política em si e apartidária por princípio, foi exercida com esmero por todos que compõem a entidade. O Fórum Ribeirão Preto do Futuro agrega, há algum tempo, estes debates, polemizando ao mesmo tempo em que aponta soluções para as grandes questões que são colocadas em pauta.

A defesa da atividade profissional é outra esfera de atu-ação da AEAARP e, neste campo, também a ação conjunta de todos os associados é primordial para alcançarmos êxito. Em recente reunião com representantes do CREA-SP rei-vindicamos o aumento da representatividade da AEAARP no Conselho que, por seu lado, informou que apenas 1.600 dos mais de 3.000 filiados à nossa entidade optaram por ela na última contagem dos associados que optaram por ser representados pela AEAARP, o que fez reduzir o número de cadeiras. A AEAARP tem representatividade política e insti-tucional suficientes para se fazer representar de forma mais efetiva no CREA-SP. Nesta matemática fica evidente que a participação dos filiados é essencial.

A primeira edição de 2008 da revista Painel expõe estas questões, tanto na sabatina na qual respondi a questões importantes formuladas por conselheiros e diretores da AEAARP, quanto nas matérias e artigos que refletem a relevância do exercício responsável de nossas profissões.

Editorial

Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700Fax: (16) 2102.1700 - www.aeaarp.org.br / [email protected]

Roberto Maestrello José Roberto Hortêncio Romero Presidente Vice-presidente

DIRETORIA OPERACIONALDiretor-administrativo: Pedro Ailton GhideliDiretor-financeiro: João Lemos Teixeira da SilvaDiretor-financeiro Adjunto: Antônio Rounei JacomettiDiretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: José Aníbal Laguna

DIRETORIA FUNCIONALDiretor de Esportes e Lazer: Francisco Carlos FagionatoDiretora Comunicação e Cultura: Maria Inês CavalcantiDiretora Social: Luci Aparecida Silva

DIRETORIA TÉCNICAEngenharia, Agrimensura e Afins: Argemiro GonçalvesAgronomia, Alimentos e Afins: José Roberto ScarpelliniArquitetura, Urbanismo e Afins: Marcia de Paula Santos SantiagoEngenharia Civil, Saneamento e Afins: Luiz Umberto MenegucciEngenharia Elétrica, Eletrônica e Afins: Edson Luís DarcieGeologia e Minas: Caetano Dallora NetoEngenharia Mecânica, Mecatrônica, Ind. de Produção e Afins: Júlio Tadashi TanakaEngenharia Química e Afins: Denisse Reynals BerdalaEngenharia de Segurança e Afins: Edson BimComputação, Sistemas de Tecnologia da Informação e Afins: Giulio Roberto Azevedo PradoEngenharia de Meio Ambiente, Gestão Ambiental e Afins: Evandra Bussolo Barbin

DIRETORIA ESPECIALUniversitária: Onésimo Carvalho LimaDa Mulher: Camila Garcia AguileraDe Ouvidoria: Geraldo Geraldi Junior

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente: Wilson Luiz Laguna João Paulo de S. C. FigueiredoCarlos Alberto Palladini Filho Luiz Eduardo Lacerda dos SantosCecílio Fraguas Junior Luiz Fernando CozacDílson Rodrigues Cáceres Luiz Gustavo Leonel de CastroEdes Junqueira Manoel Garcia FilhoEdgard Cury Marcos A. Spínola de CastroEricson Dias Mello Marcos Villela LemosHideo Kumasaka Maria Cristina SalomãoHugo Sérgio Barros Riccioppo Ronaldo Martins TrigoInamar Ferraciolli de Carvalho Sylvio Xavier Teixeira Júnior

CONSELHEIRO TITULAR DO CREA-SP REPRESENTANTE DA AEAARPCâmara Especializada em Engenharia Civil: Ericson Dias Mello

REVISTA PAINELConselho Editorial: Maria Inês Cavalcanti, José Aníbal Laguna, Ericson Dias Mello e Hugo Sérgio Barros Riccioppo

Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Paschoal Bardaro, 269, cj 03, Ribeirão Preto-SP, Fone (16) 3916.2840, [email protected]

Editores: Blanche Amâncio – MTb 20907 e Daniela Antunes MTb 25679

Publicidade: Promix Representações - (16) 3931.1555 - [email protected] Pajolla Júnior / Jóice Alves / Lucimara Zaparolli

Tiragem: 5.000 exemplares

Locação e Eventos: Solange Fecuri - (16) 2102.1718

Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader - [email protected]

Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.

Fotos: Carlos Natal (Capa), Carlos Bolfarini e Texto & Cia.

Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

Engº CivilRoberto Maestrello

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AEAARP4

ENTREVISTA

2008 será um ano marcante para a AEAARP. É esta a avaliação e a expectativa do presidente Roberto Maestrello, que foi sabatinado por diretores e conselheiros da entidade sobre questões classistas e políticas que envolvem as profissões representadas pela AEAARP. Foi cobrado e também cobrou empenho de diretores e conselheiros em suas ações, declarou disposição de ampliar debates que envolvem os representantes da Associação em conselhos como o Condema, o Conpacc e o Comur e valorizou críticas e sugestões que são administradas pela ouvidoria.

Neste ano, a AEAARP completa 60 anos de fundação. Reverenciar a história da Associação e aprofundar as ações da entidade para o futuro, atuando “com mais freqüência e volume nos conselhos, nas discussões que envolvem o futuro” é uma das expectativas do presidente para o próximo período.

Maestrello pretende ver a AEAARP e os associados cada vez mais envolvidos com os grandes temas em debate na cidade, influenciando nos rumos do desenvolvimento, e ressaltou a importância política da Associação, enfatizando seu caráter apartidário. “É nosso grande trunfo, podemos influenciar sem tomar

60 ANoSNa trilha do desenvolvimento

partido, para o bem da cidade, da região e do associado”, disse.

Hugo Riccioppo, Maria Inês Cavalcanti, Giulio Prado, Gustavo Leonel, Luci Aparecida Silva, Pedro Ghideli, José Roberto Scarpellini, Alexandre Barbim, Geraldo Geraldi Júnior e José Aníbal Laguna participaram da sabatina. Veja os principais temas discutidos:

Contribuição do Conselho deliberativo

“Todos os temas e todos os problemas que temos levado, o Conselho tem discutido, algumas vezes aprova e outras não, mas de uma maneira geral tem trabalhando como equipe, é essa minha visão. Acredito que uma freqüência maior dos membros do Conselho, não só nas reuniões, nas plenárias, poderia contribuir de uma maneira mais efetiva com a Associação, seria importante que viessem mais à sede. Estamos praticamente todos os dias aqui, chega um e outro, trazem os problemas, ajudam, dão contribuição, experiência. As pessoas que vêm às reuniões têm positivamente atuado de uma forma muito boa.”

expeCtativa em relação à diretoria

“Que cada um cuide de sua

2008área, todos somos ocupados (com atividades particulares), mas algumas diretorias deveriam ter mais empenho. Há diretores que vêm aqui todos os dias, e nem é isso que quero pedir, uma vez que cada diretor tem seus afazeres e preocupações. Desde que aceitei participar da Associação de uma forma mais direta como diretor eu venho aqui quase todos os dias; não só venho como penso a Associação todos os dias.”

o papel do Conselho Consultivo

“O Conselho dos Ex-presidentes é para aconselhar, não participar no dia-a-dia, é para trazer a experiência de todos os problemas vividos no passado, e criar um caldo de conhecimento no trato dos problemas da associação. Isso é importantíssimo para nós. O Conselho Consultivo está reunido permanentemente, não precisa ser só nas reuniões formais. Precisa vir aqui... o Laguna, o Genésio, o Siena, e outros também. E, claro, nas reuniões que acontecem todos os meses é importante a participação. É um órgão que aconselha, não cobra. Tenho que prestar contas para o Conselho Fiscal e em última análise ao Conselho Deliberativo e o Conselho Consultivo tem de vir aqui para aconselhar.”

Maestrello

“Como presidente, sou o porta-voz do associado...mas é o associado que tem de trazer seus anseios e solicitações para que a AEAARP

cumpra com legitimidade seu papel.”

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Revista Painel 5

e da valorização profissionalteCnologia da informação

“Temos avançado, na medida do possível. Queria que estivéssemos oferecendo mais computadores, mais programas para que o associado pudesse usufruir. E claro que cursos também, de informática, não somente internamente, mas também com empresas que pudessem trazer seus cursos para a Associação.”

buroCraCia na aprovação de projetos

“Essa é uma preocupação dessa diretoria. Coloquei esta questão em pauta, procurei a Secretaria de Planejamento e falei com o [Gilberto] Pinhata. Coloquei a Associação à disposição. Muitas vezes o engenheiro não tem o tratamento devido na secretaria. Coloquei uma sala na Associação à disposição, assim como sugeri a possibilidade de ocuparmos uma sala na secretaria, com infra-estrutura por nossa conta. Eles acharam muito bonito. Já cobrei várias vezes e acredito que hoje, com o Pinhata e o também o Wilson Laguna estando lá, penso que estamos mais próximos de conseguir. É muito importante essa prestação de serviço auxiliando na agilização e aprovação dos projetos.”

Comemoração dos 60 anos“Temos a felicidade e a sorte que

este marco aconteça durante a nossa gestão. Esse evento de comemoração estará à altura da importância de nossa Associação. A diretoria vai investir em uma programação de caráter técnico e cultural, representativa da Associação. A comissão que estamos montando, que terá representantes de todas as profissões que compõem a Associação, da diretoria e do Conselho, vai se responsabilizar pela programação, que deve contar a nossa história e também projetá-la para a sociedade.”

ações pela valorização profissional

“Discutir o problema aqui e trabalhar para auxiliar na rapidez do processamento da tramitação dos processos é uma maneira de valorizar o nosso profissional. Trabalhar junto ao Comur e ao Condema, com nossa experiência e bagagem, é uma maneira de fazer reconhecer a importância desses profissionais, além de oferecer discussões e palestras em todas as áreas, debates sobre parcelamento e uso do solo, Plano Diretor, mobiliário urbano, facilitar o acesso dos profissionais ao conhecimento e possibilitar a compra subsidiada de instrumentos para seu trabalho também é uma ação neste sentido. Nosso trabalho é efetivamente de valorização dos profissionais.”

exerCíCio legal da profissão

“Associação tem um poder relativo, temos feito junto ao CREA-SP gestões, participando de reuniões e denunciando obras irregulares pela falta de profissionais. Isso não é função só da diretoria da entidade, mas de qualquer engenheiro que se depare com uma obra irregular, uma obra sem uma placa... Temos que chamar o CREA, sim. Isso deve acontecer inclusive quando diz respeito às prefeituras, que têm profissionais responsáveis por isso. Temos que acionar a prefeitura quando necessário!”

ampliação da sede“A ampliação da sede é uma das

metas dessa diretoria. Nestes dez meses, nós procuramos os projetos existentes e colocamos em cima da mesa a situação atual da Associação. Procuramos ouvir todas as pessoas que já estiveram envolvidas anteriormente. Convidamos o

arquiteto [Carlos] Gabarra, que foi quem fez todo o projeto inicial da sede da Associação, e ele inclusive já está trabalhando. A Comissão de Obras fez um plano de massa, o engenheiro Pedro Ghideli e eu nos propusemos a calcular a parte de concreto armado e metálica. Enfim, acredito que vamos ter um projeto pronto nos próximos meses para podermos iniciar uma campanha de ampliação da sede. Essa reforma vamos fazer mais simplificada. Nós acreditamos que se fizermos isso vamos dar à Associação aquilo que está sendo demandado hoje; ou seja, mais salas para conferências e palestras, oferecendo mais oportunidades ao profissional, valorizando e, além disso, dando maior possibilidade de utilização.”

CresCimento do setor da Construção

“Se no Brasil o setor está crescendo quase 40%, nossa região vai participar ativamente deste índice. Como todos sabemos, nossa região tem grande potencial de produção de riqueza. A Transerp divulgou, por exemplo, que o trânsito na cidade é de 300 mil veículos e que está dobrando neste período de férias. Isso significa que a região está comprando, consultando médico, vindo a prestadores de serviços em Ribeirão. Quando eu me formei em engenharia, convivi com o milagre brasileiro. O engenheiro foi altamente valorizado naquela época. Depois de vivermos um período de 25 anos de estagnação total, nos deparamos agora com o crescimento. Isso é muito bom, pois há geração de emprego, disseminação de riqueza. No entanto, é importante fazer um alerta: temos visto requisição para o engenheiro trabalhar, mas não temos visto valorização salarial correspondente a este trabalho. Isso eu não vi até agora, e gostaria de ver também.”

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José Aníbal Laguna, conselheiro e ex-presidente

ENTREVISTA

AEAARP6

representatividade no Crea“A ART é uma necessidade e uma obrigação de toda atuação do profissional. Se vai aprovar uma

planta você vai e recolhe a ART, eu acho isso certo. O que eu gostaria que o CREA trouxesse ao profissional é o valor correspondente à atuação. Temos cobrado isso do CREA, tivemos uma reunião com os representantes do Conselho, eles vieram à Associação responder o questionamento que fizemos sobre a nossa representatividade. Tem uma matemática de renovação, que é confusa, mas nós estamos questionando porque a associação tem perdido representatividade de uma maneira geral. Gostaríamos de ter no mínimo um representante de arquitetura, um de engenharia e um de agronomia. A pujança e o tamanho da Associação dão o direito de termos no mínimo três representantes no CREA. Os representantes do CREA disseram que o número de optantes pela Associação tem caído, por isso nossa representatividade está caindo. Nós pedimos a eles que nos dessem a lista das pessoas que optaram pela AEAARP no ano de 2006, que foi usado como norma para mudar a representatividade em 2007. São cerca de 1.600 pessoas que optaram pela Associação. Queremos saber quem são esses 1.600, porque nós temos 3.000 associados. Eu sei que nesses 3.000 associados há estudantes, pessoas que não pagam o CREA. Portanto, esses 1.600 são aqueles que estão legalmente habilitados no CREA. Esse número foi usado para determinar a nossa representatividade. Nós vamos comparar as duas listas, de associados com os que optaram pela AEAARP e quem estiver fora, nós vamos atrás para aumentar o número daqueles que optam por nossa Associação e, por conseguinte, sermos credores de uma maior representatividade no CREA. Temos nos batido com uma questão: os órgãos públicos, as prefeituras, que não recolhem a ART de seus profissionais, não os prestigiam. Nós vamos bater mais nesta questão de que o profissional tem que ser valorizado.”

engenheiros agrônomos“Vamos mostrar que essa Associação é aquela da festa dos agrônomos, que foi brilhante, que

teve a Semana de Agroenergia. A Associação deve demonstrar para aqueles que saíram que está aqui, à disposição deles. Por uma pequena quantia anual ele é credor de tudo isso que nós podemos oferecer.”

projeto aeaarp e Crea-sp“Aumentar nossa representatividade no CREA, ampliar nossa sede dando melhores

instalações para os nossos associados, o CREA e para nossos funcionários e aprofundar as ações que temos desenvolvido para a valorização dos profissionais. Todas as ações deste ano queremos fazer em parceria com o CREA – fiscalizar obras, apontando aquelas que necessitamde atenção do CREA, pressionar os órgãos públicos para que valorizem o profissional que está lá. Nós somos um órgão associativo, e não normativo, mas estamos aqui para apontar ao CREA as falhas que identificamos e usar nosso peso junto ao mesmo para prestigiar os profissionais.”

Quem ganha Com as grandes Construtoras em ribeirão”Todos os setores. Ganha o engenheiro, o operário, o prestador de serviços, o cidadão porque

tem uma oferta maior de produtos. Proporciona também investimentos em diferentes regiões da cidade. Veja que há lançamentos em todas as regiões, não só na zona sul, mas nas leste, oeste e norte também. Isso é muito importante para a cidade.”

Geraldo Geraldi Júnior, diretor de Ouvidoria

Giulio Azevedo Prado, diretor de Computação, Sistemas de TI e afins

Gustavo Leonel, conselheiro

Alexandre Barbim, chefe da unidade de gestão do

CREA-SP em Ribeirão

Luci Aparecida Silva, diretora social

José Roberto Scarpellini, diretor de Agronomia, Alimentos e afins

Hugo Riccioppo, conselheiro

Pedro Ghideli, diretor administrativo

Maria Inês Cavalcanti, diretora de Comunicação

e Cultura

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Revista Painel 7

DEPoIMENTo

EX-PRESIDENTES DIZEM o QUE ESPERAM PARA 2008

LUIz EDUARDO SIENA MEDEIROSPresidente AEAARP na gestão 2000-2002 e 2002-2004

A AEAARP tem que ser vista sob uma perspectiva histórica porque tem uma presença muito forte na comunidade, inclusive regional e no sistema Confea/Crea. É uma entidade que construiu uma tradição de participar de momentos e de decisões importantes. A principal razão da existência da entidade é o fato de ela poder agregar os profissionais e representar os mais elevados aspectos da tecnologia nas áreas de engenharia, arquitetura e urbanismo e agronomia. Para o futuro: não há como não pensar em levar adiante a valorização das profissões tecnológicas, cabe à AEAARP, nas suas diversas participações na comunidade, nos conselhos e, acima de tudo, do ponto de vista social, se colocar perante as grandes questões que a sociedade demanda nas relações das pessoas com o espaço geográfico, econômico, estético e cultural; debatendo soluções e alternativas como vem fazendo ao longo desses 60 anos, de forma cada vez mais ampla, aberta e plural.

GENÉSIO ABADIO DE PAULA E SILVAPresidente AEAARP nas gestões 1994-1996 e 2002-2005

Vimos a AEAARP nascer pelas mãos de um grupo de abnegados e hoje a vemos como uma entidade de representatividade em todo o Estado de São Paulo. A entidade precisa assumir o papel de liderança que lhe cabe na defesa dos profissionais e ampliar seu raio de influência para a região, trabalhando para que os profissionais de engenharia, arquitetura e agronomia tenham a maior expressão possível na comunidade onde estão inseridos. A AEAARP mantém vivo um quadro de profissionais de qualidade, é imperioso e obrigatório que tenham uma participação forte e decisiva nos rumos de nossa região, influenciando nos debates. A associação não pode fugir desse papel. Nada vem sem cobrança, aquele que recebe deve dar e retribuir.

DÉCIO CARLOS SETTIPresidente AEAARP na gestão 1969-1971

Observo que, nos últimos anos, a Associação teve uma ascensão tremenda! Está cada vez mais participativa e inserida nas discussões que são abertas na sociedade. A Associação cumpre o seu papel de orientar o crescimento da cidade, e penso que é este o caminho que deva seguir. O seu caráter apartidário é fundamental para que a AEAARP siga influenciando dos destinos da cidade sem sofrer influência direta de nenhuma corrente de pensamento, se não aquele que norteia as ações dos profissionais. A comprovação desta característica da Associação é o fato de ela se abrir a todas as correntes no período eleitoral e promover em sua sede eventos que debatem o futuro da cidade, discutindo suas propostas e programas. É exatamente este o rumo certo para a Associação.

JOSÉ ANíBAL LAGUNAPresidente da AEAARP na gestão 1980-1982

Desde o milagre brasileiro, dos anos de 1970, Ribeirão Preto não passa por um crescimento como este que vivemos agora, quando são geradas grandes oportunidades. É um movimento irreversível que vai resultar em pelo menos 10 anos de um movimento extraordinário que influencia diretamente a construção civil. Nunca o mercado foi tão ativo, fruto do planejamento dos últimos 30 anos. Neste contexto, a AEAARP é um exemplo de organização que deve ser seguido por todo o setor no país, porque influenciou nas decisões que alavancaram este bom momento que desfrutamos hoje. A cidade de Ribeirão Preto foi construída com a contribuição ativa da Associação e de seus associados e a participação destas mesmas pessoas nos próximos anos vai traçar o rumo do nosso futuro.

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AEAARP8

LEGISLAÇÃo

Engenheiro Civil Ericson Dias Mello*Arquiteto e Urbanista João Carlos Correia**

Aprovada em 2005 pelo plenário do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia-CONFEA, e vigente desde 1º de julho de 2007, a Resolução nº 1.010/05 vem sendo alvo de interesse crescente por parte dos profissionais, entidades de classe e instituições de ensino do sistema. Fruto de muitos debates e objeto de muitas controvérsias, a Resolução nº 1.010 é o texto substituto da Resolução nº 218, de 1973, na definição da sistemática de concessão de atribuições profissionais aos engenheiros, de todas as modalidades, arquitetos e urbanistas, agrônomos, geólogos, geógrafos, meteorologistas, técnicos e tecnólogos da área.

A Resolução encontra amparo e suporte na Lei nº 5.194, de 1966, que disciplina o exercício das atividades da engenharia, arquitetura e da agronomia, deinindo as bases do sistema profissional CONFEA-CREA’s.

O texto da Resolução nº 1010/05 define os princípios da nova sistemática de concessão de atribuições profissionais, entendido como o ato de consignar direitos e responsabilidades aos profissionais, e a Resolução nº 1.016/06 é formada pelos anexos da Resolução nº 1.010, que definem as atividades profissionais (anexo I), as áreas e campos de atuação profissional (anexo II) e a sistemática de cadastramento institucional, de cursos e programas e o perfil de atuação do egresso (anexo III), documentos para preenchimento por parte das instituições de ensino tecnológico, que serão a base para a análise do Conselho e a definição das atribuições profissionais aos egressos dos cursos da área.

O disposto na resolução atinge todos os ingressantes em cursos da área tecnológica a partir de julho de 2007, mas é opcional para todos aqueles que estão cursando suas graduações ou cursos técnicos. Além disso, os profissionais já

registrados podem solicitar extensão de atribuições profissionais pelo novo texto, para cursos de pós-graduação, desde que cumpram os requisitos estabelecidos na resolução.

Em comparação com a Resolução nº 218/73, são grandes as alterações nos princípios e nos procedimentos. Segundo o engenheiro e professor Ruy Carlos de Camargo Vieira, um dos principais mentores da nova Resolução, a 1010, como vem sendo chamada, possibilita uma visão holística do espectro profissional, em contraponto à visão segmentada do texto legal anterior.

Uma das principais características da nova resolução é a concepção matricial para as atividades e competências dos profissionais, isso porque, segundo o novo texto legal, as atividades profissionais; isto é, as ações características dos profissionais (projetar, planejar, executar, coordenar, etc.) definidas no anexo I da Resolução em número de 62 atividades, devem ser relacionadas com as competências por campo de atuação das diversas áreas e modalidades (definidas no anexo II), possibilitando assim a concessão de atribuições profissionais rigorosamente em função do perfil de formação. Esse modelo substitui o anterior, em que as atividades eram concedidas em bloco, independentemente da análise do perfil de formação do egresso, cabendo apenas uma ou outra restrição em relação às áreas de atuação de determinada modalidade ou categoria, se não contempladas no currículo do curso.

Outra questão importante é a interdisciplinaridade, aqui entendida como a possibilidade de o profissional ampliar suas atribuições profissionais para atividades e campos de atuação próprios de outras modalidades profissionais, desde que na mesma categoria. A restrição para categorias distintas; isto é, a impossibilidade de que engenheiros, arquitetos e agrônomos possam estender suas atribuições para os outros grupos, é definida no artigo 9º da resolução, o que vem sendo objeto de

discussões e controvérsias. De qualquer forma é forçoso reconhecer o avanço do novo texto, ao possibilitar que estudos em cursos regulares de pós-graduação, tanto no lato como no estrito sensu possam conduzir a novas atribuições profissionais, fortalecendo o conceito de educação continuada que se impõe no atual contexto educacional e profissional. Também disciplinas cursadas como optativas em cursos de graduação podem representar novas atribuições, desde que cursadas em cursos regulares perante o MEC.

A Resolução 1.010 do CONFEA define que as atribuições profissionais sejam concedidas inicialmente em função do currículo padrão do curso, isso é, em função das disciplinas e atividades obrigatórias, cursadas por todos os alunos concluintes. As disciplinas e atividades optativas cursadas na graduação, e também os cursos e programas de pós-graduação possibilitam ao profissional já registrado a extensão de suas atribuições profissionais, em requerimento individual, que será analisado nas câmaras especializadas dos CREAs, com apoio da CEAP-Comissão de Educação e Atribuições Profissionais.

Importante destacar ainda a aderência do texto da resolução à nova LDB-Lei de Diretrizes e Bases da Educação e às Diretrizes Curriculares Nacionais. O texto resgata também o disposto nos artigos 10 e 11 da Lei 5.194, que estabelece a competência das instituições de ensino em indicar ao Conselho Federal as características dos profissionais por ela diplomados, informando o perfil de formação dos egressos. Essa prática será estabelecida com a sistemática definida no anexo III da Resolução, que define o cadastramento de instituições, cursos e perfil de formação, documentos que serão preenchidos pelas instituições de ensino para análise do CREA.

Ponto importante da nova resolução é a forma harmônica de tratamento com as profissões inseridas no sistema por força de lei, caso dos técnicos, geologia, geografia e meteorologia, sendo que em caso de

Resolução nº 1.010/05 do CoNFEAA nova sistemática de

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atribuições profissionais do sistema

conflito entre as leis dessas profissões e o disposto na Resolução 1.010, deve prevalecer o disposto nas leis.

A Resolução 1.010 define ainda que os títulos profissionais devem ser estabelecidos em acordo com os campos de atuação, e que não há obrigatoriedade de concordância do título profissional com o título acadêmico, sendo que para a atribuição do título profissional deve se observar a tabela de títulos definida na Resolução nº 473/2002, que é atualizada anualmente pelo CONFEA.

Há que se reconhecer que embora a resolução contenha muitos pontos positivos nos seus princípios de educação continuada e visão holística do espectro profissional, a operacionalização do disposto na resolução não é simples e

tem motivado muitos debates no sistema CONFEA-CREA. Como tentativa de tornar o processo de concessão de atribuições profissionais algo mais simples e factível, as comissões de especialistas do CONFEA se debruçam sobre a formatação da chamada Matriz de Conhecimentos, um conjunto de diretrizes que relacionam conteúdos mínimos com as atribuições por campo de atuação profissional. O trabalho está em andamento e certamente irá contribuir para tornar o procedimento mais simples do ponto de vista operacional.

Mais informações sobre a Resolução nº 1.010 podem ser obtidas no site do CONFEA www.confea.org.br, ou com a CEAP-Comissão de Educação e Atribuições Profissionais do CREA-SP.

* Engenheiro Civil. Professor do Centro Universitário Moura Lacerda. Conselheiro e Coordenador da CLN do CREA SP. Coordenador do Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do Futuro” da AEAARP.

** Arquiteto e Urbanista. Professor do Centro Universitário Barão de Mauá e da UNAR- Araras. Conselheiro e Coordenador da CEAP do CREA-SP.

Este assunto foi tema de palestra realizada dia

3 de dezembro, na sede da AEAARP, com patrocínio do CREA.

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ARQUITETURA

AEAARP10

O Instituto Brasil Acessível (IBA) em parceria com e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura (IBDA) estão lançando o Catálogo Virtual de Produtos Inclusivos. Inédito no Brasil, o Catálogo é um guia para consumidores, arquitetos e engenheiros, reunindo produtos certificados com o Selo de Produto Inclusivo do Instituto Brasil Acessível. Os produtos atendem ao conceito de acessibilidade. O Catálogo pode ser acessado nos sites do IBDA - http://www.forumdaconstrucao.com.br/catalogo - e do IBA -www.brasilacessivel.org.br.

A primeira versão on-line do Catálogo reúne 33 produtos - pisos, portas, ferragens e acessórios de sinalização - que foram avaliados pelo IBA seguindo os requisitos da acessibilidade: segurança no uso, acessibilidade, uso independente e igualitário, conforto, estética, flexibilidade, fácil percepção e entendimento. Entre as primeiras empresas que tiveram seus produtos avaliados para a obtenção do Selo de Produto Inclusivo estão Eliane, Yale La Fonte, Arco Sinalização e Mercur.

Desde quando foi lançado o projeto, o IBA avalia e seleciona produtos em conformidade com os princípios do Universal Design, ou seja, que podem ser adotados por todos, independentemente de limitações temporárias ou permanentes. O Catálogo Virtual será atualizado à medida que mais empresas inscreverem seus produtos como candidatos ao Selo de Produto Inclusivo. A versão impressa sairá em 2008.

“Trata-se de um importante canal de informações para a qualidade de vida das pessoas. O Brasil é um país que está envelhecendo. Isso intensifica a busca por produtos que atendam às necessidades dos idosos. A cada ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira. A acessibilidade é cada vez mais importante para o bem-estar das pessoas, jovens, idosos ou portadores de necessidades especiais”, enfatiza Sandra Perito, presidente do IBA.

Segundo Sandra, outro aspecto em destaque é que o consumidor tornou-se consciente e exigente. “Quanto mais pessoas atentas a esses produtos, melhores serão os ambientes e a indústria poderá explorar ainda mais esse potencial de mercado. É vantagem tanto para quem compra quanto para quem produz”, acrescenta.

Para J. Osíris Thomaz de Almeida, diretor geral do IBDA, a arquitetura inclusiva é uma realidade mundial e o Brasil precisa alinhar-se a essa tendência. “O Catálogo atende a consumidores e também auxilia e conscientiza profissionais da necessidade do uso de produtos que tenham uso universal. Dessa forma, o IBDA incentiva a construção civil à prática de novos conceitos nos projetos de arquitetura, que garantam mais qualidade de vida à população”, ressalta.

PRIMEIRo CATÁLoGo DE PRoDUToS INCLUSIVoS Do PAÍS JÁ ESTÁ No AR

CRITÉRIOS DE AVALIAçãO

Os sete princípios do Universal Design permitem avaliar de maneira sistemática os produtos existentes e a auxiliar tanto designers como consumidores sobre produtos e ambientes mais usáveis.

Princípio 1 - Igualdade de uso •Provêomesmousoparatodos:idênticoquando possível, equivalente quando não possível. •Evitasegregarouestigmatizarqualquerusuário. •Provêomesmousoparatodos:idênticoquando possível, equivalente quando não possível.

Princípio 2 - Flexibilidade de uso •Provêopçõesdemétodosdeuso. •Provêadaptabilidadeparaanecessidadedousuário.

Princípio 3 - Uso simples e intuitivo •Eliminacomplexidadedesnecessária. •Consistentecomaexpectativaeaintuição do usuário.

Princípio 4 - Informação perceptível •Usadiferentesmodos-pictorial,verbal, tácito - para apresentação redundante de informações essenciais. •Maximizaalegibilidadedeinformaçõesessenciais.

Princípio 5 - Pouco esforço físico •Permiteaousuáriomanterumaposiçãoneutra do corpo. •Minimizasustentaroesforçofísico.

Princípio 6 - Dimensões e espaços para aproximação e uso •Provêalcanceconfortávelatodososcomponentes para pessoas sentadas ou em pé. •Acomodavariaçõesdemãoseformasdepega.

Princípio 7 - Tolerância a erros •Chamaaatençãoparaosperigoseoserros. •Provêcaracterísticasdesegurança(antifalhas).

As empresas podem solicitar a análise de seus produtos pelo tel. (11) 5044-1054.

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Revista Painel 11

Foi inaugurado, no dia 10 de dezembro, um novo jardim sensorial na cidade de São Paulo. O espaço de 50 m² fica na sede da Serasa e reúne 30 tipos de plantas de diferentes cheiros e texturas. É o primeiro em uma empresa privada em São Paulo e o segundo de toda a cidade, voltado a todos os profissionais da organização, em especial às pessoas com deficiência visual.

“O jardim sensorial tem plantas que estimulam todos os sentidos, como manjericão, jasmim-estrela, alecrim e arruda. Além disso, conta com corrimãos, piso pólo tátil e placas em Braille com a identificação de cada planta. O principal público são os cegos, mas não só eles, todos podem desfrutar do jardim”, explica o coordenador do Processo Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, João Baptista Ribas.

Atualmente, 14 pessoas com deficiência visual trabalham na Sede da Serasa. Além dos profissionais da empresa, o jardim sensorial receberá também visitas monitoradas de grupos externos, que devem ser agendadas por meio do endereço eletrônico [email protected].

Para Tiago Almeida Lemos, portador de deficiência visual que trabalha na área de Planejamento de Pessoas da Serasa, será um privilégio poder sentir e compreender melhor a natureza. “Com o jardim sensorial, nós cegos teremos a oportunidade de apreciar a beleza das plantas. Será muito gratificante”, afirma.

Tiago Lemos espera ainda por outras iniciativas como a da Serasa. “Um jardim sensorial é uma idéia muito rica e importante para a inclusão social e, como São Paulo é uma cidade com muitos jardins, acredito que com um pouco mais de esforço é possível disseminar esse conceito”, finaliza Lemos.

O jardim sensorial da Serasa fica na sede da empresa - Alameda dos Quinimuras 187, Planalto Paulista, São Paulo-SP.

O espaço conta com 30 tipos de plantas de diferentes cheiros e texturas

SÃo PAULo GANhA o SEGUNDo Jardim Sensorial

“Será um privilégio poder sentir e compreender melhor a natureza.”

RESPoNSABILIDADE SoCIAL

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Há cerca de 20 anos, os freqüentado-res das noites animadas do restaurante JR Bosque, instalado dentro do Bosque Muni-cipal Fábio Barreto, não imaginavam que os restos da diversão seriam queimados ao pé de uma árvore centenária. O resultado desta ação quase obrigou a derrubada da árvore, que acabou sendo salva pela ação da engenharia, com um projeto de estaia-mento executado em 2003. A manutenção aconteceu nos últimos dias e revelou a so-lidez do projeto.

Remanescente da Mata Atlântica, o exemplar de peroba rosa de mais de 300 anos ganhou um buraco profundo na base de seu tronco, comprometendo sua estabi-lidade. A árvore foi avaliada por técnicos da ESALQ-Escola Superior de Agricul-tura Luiz de Queiroz de Piracicaba que atestaram sua vitalidade. Antes do estaia-mento, foi feito um tratamento de ‘den-drocirurgia’ no tronco, técnica que impede e contém o processo de apodrecimento da parte interna pela ação de fungos, bacté-rias e cupins.

O engenheiro Pedro Ghideli, que assina o projeto de estaia-mento, explica que o tronco recebeu um anel de metal vulca-nizado revestido em lona com amarração em quatro pontos di-ferentes, o que confere equilíbrio. O revestimento do anel tem por objetivo evitar a necrose desta área do tronco, assim como

PERoBA RoSA RESISTE

fissuras em sua estrutura, o que poderia ocasionar a entrada de bactérias que com-prometeriam sua saúde e longevidade.

Estima-se que o tronco desta árvore pese mais de 200 toneladas. O sistema é sustentado por quatro tubulões de con-creto armado de 75 centímetros de diâ-metro, fincados 6 metros abaixo da terra. Um dispositivo de roldanas, instaladas no anel – que fica há 16 metros de altura – e nos tubulões, garantem a distribuição do peso da árvore mesmo diante de situações extremas, como uma tempestade de ven-tos.

Nestas situações, Gustavo Nonino, di-retor do bosque, percebe o tensionamento dos cabos de aço. O zootecnista Alexandre Carvalho Gouveia, chefe da Divisão de Educação Ambiental da Secretaria Muni-cipal de Planejamento, relata que tanto os cabos quanto o anel fazem barulho. “Os funcionários já se acostumaram”, conta, na confiança de que o cálculo preciso ga-rante a segurança de todos.

Pedro afirma que o projeto no Bosque Fábio Barreto é inédito na América Latina. “Além do trabalho em si há muita satisfação em participar de um projeto desta en-vergadura, que envolve uma espécie rara em todo o mundo e que foi essencial para sua preservação”, diz o engenheiro. Ale-xandre conta que, desde a execução do projeto, a peroba rosa é

ENGENhARIA

AEAARP12

Gustavo Nonino, diretor do bosque Alexandre Carvalho Gouveia na fenda provocada pela fogueira na peroba

Pedro Ghideli em um dos apoios da árvore

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GRAÇAS à ENGENhARIA

A PEROBA

O Bosque Fábio Barreto tem, no total, 12 exemplares de peroba rosa, espécie considerada em extinção. Aquela que foi salva pelo estaiamento é a mais antiga e faz par com outra que está há poucos metros e é alguns anos mais nova. A espécie é nativa e produz grande quantida-de de sementes apenas a cada dois a quatro anos. Em decorrência da exploração descontrolada do uso comer-cial da madeira, é raro encontrar uma árvore destas em sua área de ocorrência natural.

parada obrigatória do roteiro de educação ambiental do bosque. “Ficou mais educa-tivo”, afirma.

Na manutenção realizada nos últimos dias do ano de 2007, Pedro Ghideli ve-rificou que o anel não danificou o tronco da peroba rosa. Foram feitos alguns ajus-tes nos dispositivos de apoio do anel, nos tubulões de concreto e o retensionamento dos quatro cabos de estaiamento, equali-zando suas tensões. Nesta manutenção, os dispositivos de tensionamento dos ca-bos foram pintados com tinta epóxi para garantir maior conservação e proteger dos efeitos corrosivos que o local proporciona, uma vez que é muito úmido.

Revista Painel 13

Não é o ângulo reto que me atrai.Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem.O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país...

100 anos - Oscar NiemeyerPARABÉNS!

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AGRoNoMIA

AEAARP14

NoVAS VARIEDADES DE CANA Do IAC A partir de fevereiro de 2008 pro-

dutores de cana-de-açúcar poderão obter pacotes tecnológicos das quar-to novas variedades da planta de-senvolvidas pelo IAC/APTA-Instituto Agronômico, da Secretaria de Agri-cultura e Abastecimento. Os pacotes incluem, além das mudas, instruções sobre como cultivá-las e multiplicá-las. As variedades chegam ao mer-cado com a responsabilidade de superar em 17% a produtividade dos cultivares mais comuns e gerar cerca de 120 toneladas/hectare.

Segundo o diretor do Programa Cana IAC, Marcos Guimarães de An-drade Landell, as novas variedades, que exigiram mais de 13 anos para serem desenvolvidas, irão assegurar o ganho de produtividade de 1,5% ao ano, índice que o segmento vem con-quistando há mais de três décadas. “Elas vêm atender às demandas do setor, são novas ferramentas que irão possibilitar ganhos muito significa-tivos”, explica Landell. Segundo ele, é possível obter aumentos de 10% a 30%, se os produtores souberem ex-plorar bem o perfil desses materiais, associando-os ao ambiente de produ-ção adequado.

Dentre essas variedades (veja qua-dro), a IAC91-1099 e a IACSP95-5000 são as que mais se destacam pela elevada produtividade e concentração de sacarose. Comparadas a materiais

bastante cultivados comercialmente, a produtividade da IACSP95-5000 foi superior em 17,7% e a da IAC91-1099 em 11%. Esses valores correspondem uma variação na produção de 120 a 90 toneladas/hectare e de 140 a 95 toneladas/hectare, respectivamente. Ainda relacionada a essas caracte-rísticas, a IAC91-1099 garante uma boa produtividade mesmo em cortes avançados, com produção superior em 20% a dos materiais que apresen-tam esse mesmo perfil.

“Os ensaios que validaram essa variedade foram conduzidos até o quarto corte, em diversos ambientes de produção. Nessa condição, para o quarto corte ela apresentou dados médios de 94 toneladas/hectare”, in-forma o pesquisador do Programa Cana IAC, Mauro Alexandre Xavier. Segundo ele, outro aspecto que tam-bém chama a atenção na IAC91-1099 é o seu caráter rústico-estável, o que possibilita seu cultivo em ambientes médios a desfavoráveis.

Em relação ao nível de maturação, os novos frutos do programa de me-lhoramento genético de cana-de-açúcar do IAC atendem a diferentes demandas, ao atingirem o nível de sacarose ideal para o corte em di-ferentes períodos. A IAC91-1099 e IACSP95-5000 apresentam boa ca-pacidade de acumular sacarose ao longo da safra, tornando-se uma boa

opção para corte entre o inverno e a primavera – o que corresponde ao período entre julho e novembro. Já a IACSP95-3028 e a IACSP93-2060 cha-mam a atenção pela precocidade de maturação, o que beneficia a colheita durante o período de menor volume de produção.

“Para a IACSP95-3028, colhida em início de safra – um momento bas-tante crítico para o acúmulo de saca-rose – o teor percentual desse açúcar pode ser 7,5% superior ao das varie-dades ainda cultivadas e utilizadas em início de safra”, pontua Xavier. O pesquisador explica que, enquanto IACSP95-3028 atende à necessidade de antecipação da colheita para final de março e início de abril, a IACSP93-2060 destina-se entre a quarta e a sexta quinzenas da safra. Essa carac-terística permite que os produtores planejem melhor e possam adiar ou antecipar o início do corte.

Dos quatro materiais, a IAC91-1099 e a IACSP95-500 foram desenvolvi-das para a colheita mecânica crua, por possuírem porte muito ereto, e a IACSP93-2060 também apresenta boa adaptação a essa condição de colhei-ta – prática que dispensa a queimada da cana-de-açúcar, bastante utilizada na colheita manual. “Essa caracterís-tica é muito importante. Nos próxi-mos anos, toda a colheita no Estado de São Paulo será mecanizada e, com

esse novo cenário, todas as novas va-riedades de cana devem seguir essa tendência”, expli-ca Landell.

De acordo com Xavier, as varie-dades de cana-de-açúcar sem caracter ís t icas agronômicas que possibilitem a ado-ção dos processos mecanizados, pro-vavelmente, serão substituídas em um curto espaço de tempo.

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IAC91-1099Alta produção agrícola associada a alto teor de sacarose. Apresenta uniformidade de altura e diâmetro de colmos, característica facilitadora do processo de colheita mecânica. Adaptada às regiões de Piracicaba, Jaú, Ribeirão Preto, Catanduva e oeste paulista, além das regiões

de expansão do Centro-Oeste brasileiro. Adequada para colheita nos meses de junho a outubro.

ESTARÃo DISPoNÍVEIS EM FEVEREIRo

CONHEçA AS NOVAS VARIEDADES DE CANA IAC

IACSP95-5000Variedade com perfil de alta produtividade e elevadíssimos teores de sacarose. Adaptada à colheita mecânica. Apresenta grande estabilidade associada a perfil responsivo, sendo adaptada praticamente a todas as regiões de cultivo da região centro-sul do Brasil. Com possibilidades de colheita de junho a outubro.

IACSP93-2060Variedade precoce e rica em sacarose. Adaptada à colheita mecânica. Boa adaptação às regiões de Ribeirão Preto, Serra da Mantiqueira, Catanduva e Goiás. Adequada para colheita de final de abril a agosto.

IACSP95-3028Variedade riquíssima em sacarose e hiper-precoce com possibilidades de colheita a partir do final de março. Apresenta ótima brotação de gemas no plantio e boa soqueira. Possui boa performance em ambientes restritivos.

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e TV e pelos jornais, impressos ou eletrônicos. Até bem pouco tempo, rí-amos delas. Há até um caso famoso, ocorrido na Grã-Bretanha em 1987, quando um furacão ocorreu simulta-neamente a previsões de ventos mo-derados, divulgadas pelo serviço de meteorologia.

Em meados da década de 1960, pesquisadores de ciências físicas e de matemática iniciaram a popula-rização da idéia de comportamentos caóticos em sistemas físicos. Esses comportamentos apresentam o que se chama, em linguagem técnica, de sensibilidade às condições iniciais. Isto é, pequenas mudanças em cer-tas grandezas, dada a complexidade do sistema e suas não linearidades, causam grandes mudanças em seu comportamento.

Dessa forma, as condições climá-ticas, para serem previsíveis em pra-zos razoáveis, requerem um trabalho de computação muito grande e sofis-ticado. Entretanto, as administrações dos países desenvolvidos investiram muito nisso, e hoje as previsões do tempo são muito mais confiáveis. Isso não evita furacões ou tsunames, mas permite que medidas preventi-vas sejam tomadas, evitando maiores prejuízos às populações afetadas.

Assim são, hoje, os grandes proble-mas de engenharia: tão intrincados e com tantas variáveis correlacionadas, que pequenas variações em algumas variáveis provocam comportamentos imprevisíveis e, às vezes, catastró-ficos. Por isso, a piada que circulou pela internet dizendo que a pista es-tava molhada, o freio não funcionou, o avião caiu, as pessoas morreram e o dono da casa de tolerância foi pre-so talvez faça sentido.

As autoridades podem ter achado que construir um prédio alguns cen-tímetros fora da norma não mudaria o mundo e autorizaram a irregulari-dade. As rotas de descida sofreram pequena variação, o coeficiente de atrito da pista também variou um pouco, e o nível de atenção do piloto, resultado de outro sistema comple-xo, ficou um pouco mais baixo. Todas

oPINIÃo

AEAARP16

*José Roberto Castilho Piqueira

Todos os brasileiros acompanha-ram, consternados, o acidente com o avião da Gol, a queda das obras da estação do metrô de São Paulo e a queda do avião da TAM. Centenas de vidas interrompidas em segundos, e um turbilhão de opiniões, palpites e matérias nos meios de comunica-ção.

Além disso, a violência está presen-te nos níveis sociais, culturais e eco-nômicos os mais díspares, invadindo populações independentemente de seu porte. Cidades grandes, bairros periféricos, pequenos núcleos habi-tacionais, enfim, nenhum deixa de ser afetado por assaltos, estupros, assassinatos, pedofilia e agressões domésticas.

Ingerimos tudo isso como se fos-se nosso alimento e, na família, nas rodas de amigos, nos blogs e nas festinhas levantamos hipóteses, en-contramos culpados, apontamos soluções. Sofremos quando algo acontece perto de nós, ficamos in-dignados, organizamos protestos, e logo a vida continua e novas notícias substituem aquelas que vão ficando velhas na nossa memória, levando-nos ao conformismo ou à verborragia inútil.

Para tentar alguma explicação, pensemos nas previsões do tempo, veiculadas pelas emissoras de rádio

SISTEMAS CoMPLEXoS: essas pequenas mudanças podem, em conjunto, ter produzido a grande tragédia.

Os testes de solo talvez não te-nham sido tão rigorosos, as medi-ções não tão precisas, a atenção dos engenheiros que fiscalizavam a obra, não tão acurada, e pronto: lá se vai a estrutura, formando a cratera que sorveu algumas vidas na obra do metrô. O piloto do Legacy desliga o transponder, as informações de alti-tude não são corretamente passadas ou interpretadas, e lá se vão dezenas de vidas, deixando famílias tristes e criando pânico em quem precisa via-jar por via aérea.

Nossas malhas de transporte atuais são sistemas altamente complexos, não lineares e sensíveis a condições iniciais. Por isso, não há mais como fazer boa engenharia sem matemáti-ca avançada e atualizada.

Os bancos e as grandes institui-ções financeiras sabem disso mui-to bem. Todo ano empregam jovens talentosos, egressos de nossas prin-cipais escolas de engenharia, para desenvolver sofisticados modelos de precificação de ativos, previsões de resultados de investimento, análise de risco e planejamento. As ferra-mentas a serem usadas são similares àquelas da boa engenharia, envolven-do dinâmica não linear e abordagens probabilísticas.

Curioso notar que nos meios de en-

“Nossas malhas de transporte atuais são sistemas altamente

complexos, não lineares e sensíveis a condições iniciais. Por isso, não há mais como fazer boa engenharia sem

matemática avançada e atualizada. “

“...a violência está presente nos níveis sociais, culturais e econômicos os mais díspares,

invadindo populações independentemente de

seu porte.”

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TRAGéDIAS E ESPERANÇASgenharia é que há mais relutância na aceitação dessa realidade. Engenhei-ros com boa formação são considera-dos teóricos, e suas opiniões muitas vezes nem são respeitadas. Talvez o resultado seja este: vultosas obras de engenharia, com análise e mode-lagem pobre e, como conseqüência, controle insatisfatório de variáveis importantes.

Temos de imitar os meteorologis-tas e banqueiros, desenvolvendo mo-delos mais completos e complexos, minimizando riscos sob uma pers-pectiva que, cada vez mais, leve o ser humano em consideração. Como pro-jetista, operador e, sobretudo, como usuário daquilo que, supostamente, a tecnologia mais sofisticada tem condições de oferecer em termos de comodidade e qualidade de vida.

Isso independe de partidos políti-

cos, ideologias ou interesses econô-micos. A natureza, bem entendida, e as máquinas, bem utilizadas, podem, talvez, proporcionar um mundo me-lhor. A responsabilidade é de todos, em particular daqueles encarregados de tomar decisões pouco técnicas e muito político-econômicas, se não le-vam em conta a extrema sensibilida-de dos sistemas atuais às mudanças de condições iniciais.

O motoqueiro que me assaltou e carregou minha mochila, achando que lá havia um “laptop”, também foi vítima de mudanças das condições iniciais. Como senti frio antes de sair de casa, voltei para pegar a blusa e esqueci a pequena máquina. Foi com o rapaz meu livro The Feynmann Lec-tures on Physics. Que ele faça bom proveito e que essa reversão de ex-pectativa o leve a pequenas mudan-ças, para melhor.

Enfim, também fazemos parte de um sistema complexo, e não é des-prezível nossa capacidade de produ-zir pequenas mudanças que impli-quem benefícios à sociedade.

*Professor titular do Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP)

“A natureza, bem entendida, e as máquinas, bem

utilizadas, podem, talvez, proporcionar um

mundo melhor.”

Revista Painel 1116 [email protected]

- Estacas moldadas “in loco”: •tiporaizemsoloerocha. •tipoStrauss. •escavadascomperfuratriz hidráulica. •escavadasdegrandediâmetro (estacões). •hélicecontínuamonitoradas.

- Estacas pré-moldadas de concreto.

- Estacas metálicas (perfis e trilhos).

- Tubulões escavados à céu aberto.

- Sondagens à percussão SPT-T.

- Poços de monitoramento ambiental.

- Ensaios geotécnicos.

Quase 6.000 obras de fundações em

27 anos de atividades.

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ARTIGo

Segundo informações emitidas pela Organização Mundial da Saú-de, cerca de 80% da população mundial já buscou aliviar sintomas dolorosos ou desagradáveis fazen-do uso de alguma erva, e quase 85% da medicina tradicional estão dire-tamente relacionados aos extratos e princípios ativos das plantas me-dicinais.

Mesmo depois do aparecimento dos medicamentos de origem sin-tética, a utilização das plantas para suprir as necessidades básicas do homem é um importante fator para o seu desenvolvimento. A medicina sempre observou as virtudes tera-pêuticas das plantas. Sabe-se, por exemplo, que Hipócrates, o mais ilustre médico da Antiguidade, só aconselhava medicamentos vege-tais, e a Bíblia exibe uma referência sobre este assunto, que pode ser encontrada no livro de Eclesiastes (39:4): “o Senhor produziu da terra os medicamentos; o homem sensa-to não os desprezará”. No entanto, antes mesmo desta rápida lembran-ça sobre a medicação pelas plantas, nas antigas civilizações conhecidas, já existia o hábito de se recorrer às virtudes curativas de certos vege-tais.

Apesar dos avanços e das tecnolo-gias desenvolvidas na área médica, o uso destas plantas na medicina caseira continua sendo uma alter-nativa viável para aqueles cuja ren-da familiar impossibilita a aquisição de muitos medicamentos industria-lizados, e também àqueles que têm dificuldades de acesso ao sistema público de saúde.

A comprovação científica da ação terapêutica de algumas plantas me-dicinais, bem como o reconhecimen-to dos diversos órgãos envolvidos com o meio ambiente, preservação dos recursos genéticos, e indús-trias, que as utilizam no tratamento de algumas necessidades básicas de saúde da população menos fa-

PLANTAS MEDICINAIS: cuidados e

vorecida, incentivaram a criação de programas de incentivo à pesquisa e produção destas plantas.No dia 3 de maio de 2006, o Ministério da Saúde elaborou a portaria nº. 971 que aprova a utilização da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS), e no dia 22 de ju-nho de 2006 foi aprovada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos por meio do decreto nº. 5.813. Estas normas criaram um conjunto de medidas que mostram a importância do manejo das plantas medicinais e incentivam o seu cul-tivo, visto que, de modo geral, não existem populações naturais des-sas plantas suficientes para atender toda sua demanda.

Com o acima exposto fica clara a importância medicinal das plantas, contudo, um tema ainda pouco dis-cutido é a possibilidade de ocorre-rem variações do conteúdo de me-tabólitos secundários, substâncias essas normalmente responsáveis pelas atividades biológicas das plantas.

Em recente revisão publicada no periódico Química Nova (GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P., 2007), foi apresentado um extenso levanta-mento bibliográfico evidenciando que o metabolismo secundário de plantas pode variar consideravel-mente em função de vários fatores como, por exemplo: altitude; tempe-ratura; composição do solo; suple-mento de água; ataque de pragas/herbívoros; composição atmosfé-rica; radiação ultravioleta e ritmo biológico (sazonal e circadiano). Portanto a constância de concen-trações de metabólitos secundários é praticamente uma exceção. Por outro lado, estudo recente do mes-mo grupo de pesquisa mostrou que os metabólitos secundários de uma espécie vegetal selvagem, amostra-da diretamente em seu habitat em três diferentes populações, se man-

tiveram em concentrações constan-tes durante os dois anos do estudo, demonstrando, portanto, que em alguns casos o metabolismo secun-dário pode não se alterar em função de fatores climáticos, temporais ou ambientais (SAKAMOTO, H.T.; GOB-BO-NETO, L.G.; CAVALHEIRO, A.J.; LOPES, N.P.; LOPES, J.L.C., 2005).

As condições de coleta, estabili-zação e estocagem podem também ter influência na qualidade e, con-seqüentemente, no valor terapêu-tico de preparados fitoterápicos. Deve ficar claro, ainda, que existem relatos de variações sazonais no conteúdo de praticamente todas as classes de metabólitos secundários, como óleos essenciais, lactonas sesquiterpênicas, ácidos fenólicos, flavonóides, cumarinas, saponinas, alcalóides, taninos, graxas epicu-ticulares, iridóides, glucosinolatos e glicosídeos cianogênicos. Como exemplo, podemos enfatizar que as folhas de Digitalis obscura apresen-tam as menores concentrações de cardenolídeos, como o lanatosídeo A, na primavera e uma fase de rá-pido acúmulo no verão seguida por uma fase de decréscimo no outono; as concentrações de hipericina e pseudo-hipericina na erva de São João (Hypericum perforatum, utili-zada no tratamento de depressões leves a moderadas) aumentam de cerca de 100 ppm no inverno para mais de 3.000 ppm no verão; nas ra-ízes de Panax ginseng foi detectado um grande aumento na concentra-ção de damarano-saponinas bio-ativas, tais como o ginsenosídeo, no verão; o conteúdo de derivados do ácido valerênico e valepotria-tos, como o valtrato, nas raízes de Valeriana officinalis (utilizada como sedativo moderado) também apre-senta variações marcantes durante o ano; os conteúdos de C-glicosíde-os, O-glicosídeos e antraquinonas livres (metabólitos responsáveis pela atividade laxante da planta)

AEAARP18

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AEAARP19

nos brotos e folhas da cáscara sa-grada (Rhamnus purshiana) flutuam marcadamente durante o ano; nas folhas de Ginkgo biloba as concen-trações de biflavonóides, como a ginkgetina, constituintes ativos dos extratos utilizados para tratamento de desordens vasculares periféricas e cerebrais, também apresentam marcantes variações sazonais; por outro lado, não há consenso quan-to às variações no conteúdo dos ginkgolidos, devido à existência de resultados contraditórios na litera-tura.

Estas informações não devem ser interpretadas de forma alarmista, mas justificam a necessidade de pensarmos em nossas posturas so-bre como e de que maneira os vege-tais podem auxiliar o homem.

precauções com a nossa saúde

autoresProfessor Dr. Norberto Peporine Lopes – Departamento de Física e Química da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo.Engº. Agrº. Dr. Eduardo Suguino – Pesquisador Científico da APTA - Ribeirão Preto – Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São PauloDr. Leonardo Gobbo Neto – Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo.

bibliografia consultada(GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários. Química nova, v. 30, p. 374-381, 2007),(SAKAMOTO, H.T.; GOBBO-NETO, L.G.; CAVALHEIRO, A.J.; LOPES, N.P.; LOPES, J.L.C. Quantitative HPLC analysis of sesquiterpene lactones and determination of chemotypes in Eremanthus seidelii MacLeish & Schumacher (Asteraceae). j. braz. Chem. soc., v. 16, n. 6B, p. 1396-1401, 2005).

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LANÇAMENTo

Marcos Acayaba: 35 ANoS DE ARQUITETURA

AEAARP20

Dentro do conjunto de publicações de monografias na área de arquitetu-ra lançado pela Cosac Naify, o volume sobre a obra deste exemplar arquite-to, expoente de sua geração, refaz o contexto de um período recente da arquitetura paulista. Baseado na tese de doutoramento do autor, defendida na FAU-USP em 2004, o livro, lançado em dezembro, é uma crônica a partir de sua obra e sua experiência forma-tiva, enfatizando aspectos da sínte-se pessoal entre projeto, pesquisa e construção.

Marcos Acayaba formou-se na Fa-culdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em 1969 e fez parte das pri-meiras turmas depois da reestrutu-ração curricular de 1962, fato que se tornou referência no panorama de ensino de arquitetura do país. Esta introduziu um currículo para uma for-mação multidisciplinar e estabeleceu uma didática de ateliês de ensino, onde o desenho passou a significar projeto e não mais composição. Ao mesmo tempo foi o momento de acir-ramento das posturas políticas em re-lação ao golpe militar de 64, e a insti-tuição envolveu-se de tal modo nesse embate que marcou profundamente a geração formada neste período.

Nos relatos de Acayaba transpare-cem sua postura como arquiteto e o modo produtivo de sua arquitetura,

baseada na diversidade, no exercí-cio de liberdade projetual. Sua obra vem de uma geração pós 60, onde a questão estrutural é importante na formalização da obra e fruto do bom relacionamento com os mestres mo-dernos paulistas que nesta época mi-nistravam na faculdade.

O livro publica uma coletânea de obras demonstrando a diversidade de desenhos e programas a que o ar-quiteto se propôs a enfrentar nos últi-mos 35 anos. No programa doméstico merece atenção especial a residência Milan (1975), uma obra experimental de projeto e construção; a residência Hélio Olga (1988), em estrutura de madeira pré-fabricada (experiência bem sucedida que abriu campo para a pesquisa com sistemas pré-fabrica-dos em outros trabalhos), e ainda os conjuntos residenciais horizontais, sendo o mais recente a Vila Butantã (2004). Importantes também são o projeto urbano para o concurso do Vale do Anhangabaú e as obras dos programas mais simbólicos, como o projeto para o Museu da Escultura (1986) e o Pavilhão de Sevilha (1991). Entre os trabalhos mais recentes está o projeto de requalificação e edifícios novos para a ECA-Escola de Comuni-cações e Artes da USP (2006).

A publicação dos trabalhos é apre-sentada por textos, dois deles intro-dutórios, escritos por Hugo Segawa e Julio Katinsky e um ensaio de Guilher-me Wisnik. Em seguida, uma crônica de Acayaba nos relata sua formação e acompanha a descrição dos proje-tos e obras, relatando os fatos mais significativos a eles relacionados, as circunstâncias em que foram produzi-dos, as condicionantes, as principais referências e os fios condutores entre os mesmos.

A importância desta publicação está na iniciativa de tornar acessível a obra de um arquiteto cuja versatili-dade reside na capacidade de reunir

a um só tempo as tradições de nossa arquitetura moderna e o momento de ruptura em relação a ela. Acayaba nos ensina que projetar é um exercício de articulação onde construção, liberda-de e respeito ambiental estruturam suas escolhas formais. Um exemplo rico dos caminhos traçados pelas ge-rações diretamente ligadas aos mes-tres modernos nacionais.

livro

marCos aCaYaba

Textos de Marcos Acayaba, Hugo Segawa, Julio Roberto Katinsky e Guilherme WisnikCapa dura21,5 x 26,5 cm272 páginas469 ilustraçõesR$ 95,00ISBN 978-85-7503-663-1

Marcos Azevedo Acayaba nasceu em 1944 em São Paulo e formou-se em 1969 em arquitetura e urbanismo na FAU-USP, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde é professor desde 1994. Com várias obras premiadas em concursos públicos no Brasil, Acayaba constituiu um conjunto de trabalhos de grande diversidade de pro-gramas, que vem recebendo destaques seguidos em pu-blicações nacionais e inter-nacionais.

sobre o arQuiteto

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APAEST E CREA-SP

CREA

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Para comemorar o Dia do Enge-nheiro de Segurança do Trabalho (27 de novembro), a Apaest-Associação Paulista de Engenheiros de Segurança do Trabalho realizou, no Salão Prestes Maia da Câmara Municipal de São Paulo, o Seminário “Valorização da Engenharia de Segurança do Trabalho”, com apoio do CREA-SP.

Fizeram parte da programação as palestras “A importância da Ação Fisca-lizadora da Engenharia de Segurança do Trabalho” (com o engenheiro civil José Tadeu da Silva, presidente do CREA-SP, principal responsável pela criação da primeira Câmara Especializada de Engenharia de Segurança do Trabalho do país, que começará a funcionar no Conselho paulista no início de 2008), “Segurança em Eventos Públicos” (com o vereador Evandro Magnusson Filho), “Estratégia para Valorização Profissional do Engenheiro de Segurança do Trabalho” (com o engenheiro Celso

Luiz Florian, presidente da Apaest, e o engenheiro Nelson Agostinho Burille, da Associação Ibero-Americana de Engenharia de Segurança do Trabalho) e “Novos Rumos da Engenharia de Se-gurança do Trabalho” (com o engenheiro professor Celso Atienza, presidente da Andest-Associação de Docentes de Engenharia de Segurança do Trabalho e assessor do CREA-SP).

A Apaest também prestou homena-gens aos profissionais que mais contri-buíram para o desenvolvimento do setor

no Brasil – engº Luiz Faro, de 89 anos, patrono da Engenharia de Segurança do Trabalho brasileira; Dr. Jorge Maluly Netto, médico do trabalho e político que mais trabalhou pela causa da categoria, relator do Projeto de Lei 7.410 que regulamenta a profissão; e os engenheiros José Tadeu da Silva e Celso Atienza, para a instalação da Câmara Especializada de Engenharia do Trabalho.

CoMEMoRARAM DIA Do ENGENhEIRo DE SEGURANÇA Do TRABALho

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A APTA-Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está organizando o 2º Seminário dos Programas Estratégicos da APTA sobre “Sustentabilidade Ambiental – qualidade de vida para novas gerações”. O evento acontece nos dias 13 e 14 de março de 2008 em Barra Bonita-SP. As inscrições são gratuitas e os resumos poderão ser enviados no período de 1º de janeiro a 20 de fevereiro de 2008. Informações no site www.apta.sp.gov.br/ambiental.

Seminário APTA

NoTAS - CURSoS

AEAARP22

NOVOS ASSOCIADOS

Andréia Lucci Farias Estudante de Arquitetura e Urbanismo

Luis Guilherme Felix Estudante de Engenharia Agronômica

Marçal Farnochi Arquiteto e urbanista

Marcos Guimarães de Andrade Engenheiro agrônomo

Thiago Luis Terassi Estudante de Arquitetura e Urbanismo

ILUMEXPO/2008Exposição e Conferência da

Gestão de Iluminação Pública

AGENDA

10/03/08 a 11/03/08Local: Centro de Convenções Frei Caneca - SPPúblico: gestores e demais profissionais, de todo o país, envolvidos com a gestão da iluminação pública, principalmente os atuantes nas empresas de distribuição de energia elétrica, prefeituras e órgãos públicos. Conteúdo: os grandes temas do evento incluem Novos Paradigmas para a Gestão, Tecnologias para Implementação e Barateamento de Redes de Distribuição, Relacionamento entre Concessionárias e Órgãos Públicos, Redes Aéreas e Subterrâneas, Arquitetura em Espaços Públicos, Projetos e Planejamento, Eficiência Energética, Centros de Operação, Política Nacional de Iluminação Pública, Iluminação Decorativa e de Destaque, dentre outros. Cada um desses temas será abordado em palestras, cases, painéis e rodadas de negócios, além de demonstrações e distribuição de material e folhetos na exposição. Fonte: www.institutodeengenharia.org.br

AEAARP na ABNT

O IBEAS realiza, dia 31/01, palestra sobnre os cursos de Gestão Ambiental, com o lançamento do livro “Desafios Jurídicos na Proteção do Sistema Aqüífero Guarani”, do Prof. Ricardo Guimarães, na AEAARP.

Lançamento

O engenheiro José Roberto Romero, representante da AEAARP na ABNT, foi escolhido pelo CBC2-Comitê Brasileiro da Construção Civil coordenador de execução de obras de esgoto e drenagens de águas pluviais. A ABNT normatizou a execução das obras durante o Fórum Nacional, realizado na capital paulista.

Bolsa de Valores

A Ambient, empresa concessionária responsável pelo tratamento do esgoto em Ribeirão Preto, está instalando 44 quilômetros de interceptores na cidade para atingir a meta de 100% do esgoto tratado. O projeto inclui áreas de expansão urbana previstas no Plano Diretor. O investimento é de R$ 38,7 milhões, desembolsados pela Ambient que, em contrapartida, teve o contrato de exploração do tratamento de esgoto ampliado em 65 meses.

Esgoto tratado

O sucesso do setor da construção civil no mercado em 2007 se repetiu na Bolsa de Valores. No decorrer do ano, 15 empresas do setor abriram capital e tiveram bom desempenho no mercado de ações. De acordo com o analista de investimentos Régis Chinchila, da TBC Agentes Autônomos, de Ribeirão Preto, os recursos captados na bolsa foram utilizados principalmente para financiar investimentos das empresas, como compra de terrenos e financiamento do capital de giro.

Segundo o analista, a combinação da continuidade da queda nas taxas básicas de juros, o aumento de renda real da população brasileira e o alongamento dos prazos dos financiamentos, aumentará a oferta de crédito imobiliário e tornará a compra de imóveis mais acessível à população. Dessa forma, acredita que a demanda por imóveis continuará aquecida em 2008.

Régis afirma que a Camargo Corrêa, que fez o lançamento de seu primeiro empreendimento no interior em Ribeirão Preto no final do ano, seguirá como um dos destaques na Bolsa de Valores em 2008.A recomendação do analista da TBC tem como base a boa velocidade de vendas da empresa, gestão financeira sólida, baixa exposição de caixa e marca reconhecida.

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PAINEL DE NEGÓCIoS

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