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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES PALCO E PICADEIRO: POLÊMICA NA TEMPORADA DE PIOLIN NO TEATRO BOA VISTA EM 1931. Relatório de Iniciação Científica FAPESP – Proc.2012/06509-0 Aluna: Audrea Santos de Santana (3º ano História, FFCLH – USP, São Paulo) Orientador: Walter de Sousa Junior Escola de Comunicação e Artes - USP 2013

PALCO E PICADEIRO: POLÊMICA NA TEMPORADA DE PIOLIN NO ...obcom.nap.usp.br/circo-teatro/docs/Tese-Palco-Picadeiro.pdf · teatro Cômico no teatro Boa Vista em 1931, cujos principais

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

PALCO E PICADEIRO: POLÊMICA NA TEMPORADA DE PIOLIN NO

TEATRO BOA VISTA EM 1931.

Relatório de Iniciação Científica

FAPESP – Proc.2012/06509-0

Aluna: Audrea Santos de Santana

(3º ano História, FFCLH – USP, São Paulo)

Orientador: Walter de Sousa Junior

Escola de Comunicação e Artes - USP

2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

PALCO E PICADEIRO: POLÊMICA NA TEMPORADA DE PIOLIN NO

TEATRO BOA VISTA EM 1931.

Relatório de Iniciação Científica

FAPESP – Proc.2012/06509-0

_____________________________________________________________

Audrea Santos de Santana

_____________________________________________________________

Walter de Sousa Junior

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SUMÁRIO

1. Atividades realizadas

1.1 Resumo do projeto

1.2 Dificuldades encontradas

2. Relatório científico

2.1 Introdução

2.2 Os processos de hibridismo entre o palco e o picadeiro

2.3 Repertório da Companhia de Teatro Cômico

2.4 Análise das peças

2.5 Conclusão

2.6 Bibliografia

2.7 Anexos

2.7.1 Coluna Palcos e circos: “Piolin” do dia 25 de julho de

1931. Jornal o Estado de S. Paulo.

2.7.2 Imagens dos anúncios da Companhia de teatro cômico.

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1. Atividades realizadas

1.1 Resumo do projeto

O objetivo do trabalho era analisar a temporada da Companhia de

teatro Cômico no teatro Boa Vista em 1931, cujos principais artistas

eram Tom Bill e Abelardo Pinto Piolin. Considerando o repertório das

peças e o tipo de humor empregado pela dupla apontando os entre

cruzamentos entre o circo teatro de Piolin e o teatro cômico popular de

Tom Bill.

Analisando em contrapartida a polêmica que se incitava nos periódicos

paulistanos no período da temporada, identificando o que os

interlocutores previam quanto à saída de Piolin do circo, sua zona de

conforto e sucesso garantido, para atuar agora sobre os holofotes do

teatro.

No relatório parcial entregue no segundo semestre de 2012, foquei a

pesquisa na revisão bibliográfica sobre a história e desenvolvimento do

circo e circo teatro, as quais delimitaram as bases teóricas para abordar

e identificar dentro do recorte da pesquisa a trajetória de Piolin no

teatro, dos elementos que o palhaço aderiu às novas funções em

conjunto com Tom Bill e os demais artistas, assim com articular a

historicidade de seu personagem dentro da cultura paulistana.

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O segundo passo foi à localização e análise documental dos excertos

dos jornais que falavam sobre a temporada de Piolin no Boa Vista que

acabaram por se dividir em duas categorias:

1. A expetativa dos jornalistas, leitores e intelectuais do meio

mediante a estreia da temporada: Que se pautava

principalmente da rememoração dos tempos áureos do palhaço

no circo; na memória coletiva do imaginário da magia circense;

na não aceitação do público da saída de Piolin dos picadeiros e

também na apreensão dos jornalistas e leitores que temiam pelo

fracasso do palhaço assumindo esse novo projeto no teatro.

2. Pós estreia e anúncios dos espetáculos: Consistindo basicamente

na resolução positiva desse burburinho nos jornais, com o sucesso

de Piolin anunciado em artigos e notas e no alívio e surpresa dos

espectadores ao perceberem que Piolin mesmo assumindo

personagens do teatro não perdera suas características

primordiais que mantiveram subsequentemente o teatro Boa vista

com ingressos esgotados em quase todas as sessões da

temporada, como mostraram os anúncios encontrados nos jornais

“Folha da manhã” e “O Estado de São Paulo”.

A partir daí produzi as conclusões parciais do projeto propondo que o

sucesso na temporada estava na permanência dos atributos circenses

de Piolin que lotava o teatro por seu prestígio anterior no picadeiro. Sua

arte circense interligada aos novos recursos do teatro tanto

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cenográficos, quanto espaciais contribuíam para o processo de

hibridação que acontecia nas encenações evidenciando as

negociações culturais que aconteciam de forma fluída e contínua no

palco da companhia de teatro cômico.

No decorrer do trabalho participei do 20º Simpósio Internacional de

Iniciação Científica da Universidade de São Paulo (SIICUSP) que ocorreu

nos dias 23 e 24 de outubro de 2012 na faculdade de economia e

administração (FEA- USP) contando com mais de mil participantes e

trinta mesas. Apresentei junto à mesa cujo tema era “Teatro, ator e

performance” mediada pelo professor e doutor Celso Garcia, a qual

pudemos dialogar com os demais participantes sobre a introdução do

circo no Brasil, a trajetória da carreira de Abelardo Pinto Piolin e sua

improvisação e criatividade nos palcos, Este evento foi importante pra a

pesquisa, visto que, por meio dessa conversa pude agregar mais

elementos à pesquisa e devido a alguns questionamentos elaborados

pelos participantes pude avaliar o que ainda precisava ser

aprofundado no trabalho.

Neste relatório de conclusão da iniciação científica focar-me-ei na

conceitualização de hibridismo trabalhando com as ideias de Nestor

Canclini e identificando os processos de hibridação entre o circo e o

teatro a partir da e temporada de Piolin no Boa vistas tendo como base

os trabalhos de Mario Bolognesi e Walter de Sousa Jr. Analisando

também o repertório das peças encenadas nessa temporada, das

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quais fiz a leitura e compus um singelo relatório dos documentos que

encontrei no arquivo Miroel Silveira, arquivo este que abriga as peças

que passaram pela censura prévia do Departamento de Diversões

Públicas (DDP) de 1930 á 1970, localizado atualmente na Escola de

Comunicações e Artes da USP.

1.2 Dificuldades encontradas

Conforme já colocado no relatório parcial às primeiras dificuldades se

deram antes da composição do trabalho em si, pois uma das fontes de

pesquisa que seriam utilizadas ficou por um grande período de tempo

fora de alcance já que o Arquivo do Estado estava fechado para

pesquisa por causa de sua reforma e não haveria outro meio de

localizar as informações do jornal “O Estado de S. Paulo” senão por esse

arquivo.

Já na questão da Bibliografia foi difícil encontrar referência sobre o

companheiro de Piolin no Boa Vista, Tom Bill localizei somente alguns

dados como, por exemplo, que ele tinha nacionalidade italiana, e

trabalhava com teatro de comédia com atores como Genésio Arruda.

Com poucas referências não há como mensurar como foi o seu

desenvolvimento dentro do cenário da época até seu encontro com

Piolin.

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Quanto ás peças, não encontrei todo o repertório encenado na

temporada no arquivo Miroel Silveira, das vinte e duas peças apenas

dez estavam disponíveis no arquivo e no cruzamento com as notas dos

jornais não pude encontrar todas as informações pretendidas, No

relatório das peças constarão em alguns casos apenas o nome dos

personagens e em outros somente os dos artistas que participaram.

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2. Relatório científico

2.1 Introdução

O circo paira entre a cena cultural paulista desde o século XIX com as

famílias que aqui desembarcavam passando por diversas

transformações em conformidade com as mudanças da própria

sociedade. O tradicional e o moderno se convergem no circo por meio

das interligações culturais que acontecem nas apresentações, nas

trocas entre os artistas e nas mudanças que sofriam as diversas

linguagens artísticas que conviviam sob a lona e as arquibancadas.

Daniela Pimenta fala dessa circularidade que ocorria no XIX como uma

das premissas da formação do circo brasileiro:

Esse trânsito, mantido tanto no sentido de entrada como de

saída do país, fomentava a renovação das atividades e

elencos circenses. As inovações técnicas de números e

aparelhos, tendências de estilos na criação de figurinos e

adereços, formas musicais e danças regionais, além de roteiros

dramáticos, eram intercambiadas pelos circenses durante a

permanência de tais companhias em nosso país. Dessa

maneira, os elencos se reconfiguravam e os repertórios se

fundiam e se difundiam entres a companhias que se formavam

e de estabeleciam em nosso país. (p.30-31)

Por meio dessa multiplicidade de gêneros e estilos destacou-se dentre

as apresentações circenses um personagem que mais tarde se tornaria

o grande protagonista do circo: o palhaço. Sob a pluralidade do

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espetáculo circense brasileiro essa figura acaba por desenvolver

atributos que se diferem de referência primordial europeia. Além das

entradas e reprises, o palhaço começa a ganhar espaço na prática

teatral dos picadeiros e com o desenvolvimento das comédias atribuiu-

se ao palhaço assim como afirma Bolognesi “uma forma cênica aberta,

formada e baseada na sua capacidade de improvisação e

interpretação” (p.53).

Acompanhando os vestígios de modernidade que despontavam no

Brasil na virada do século, o circo desenvolve mais uma modalidade a

ser consideradas em seu picadeiro, as peças de circo teatro. Que

surgiam em meio ao turbilhão modernizante que passava a capital

federal e São Paulo transformado num ambiente de tensões entre o

rural e o urbano, o moderno e o conservador captando esses conflitos e

transformando-os em comédias, farsas e melodramas fazendo a plateia

rir e chorar numa mistura de humor e teatro, com cenas do imaginário

popular, acontecimentos da vida cotidiana ou o que pudesse agradar

ou comover aquele público que se desenvolvia junto com o circo.

Conforme a pesquisadora Roseli Fígaro indica:

São Paulo transformava-se, influenciada pelas tradições

culturais das diferentes nacionalidades que chegavam; são

muitas as línguas, os jornais de cada comunidade, as festas

típicas, a gastronomia diferenciada. Uma nova vida cultural

efervescente mascará a futura metrópole. (FÍGARO, Roseli

apud. COSTA, 2006, p.87).

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Capturando as contradições da modernidade a teatralidade paulista

desenvolve se por conta dos grupos de imigrantes, de amadores e

também das encenações do circo teatro. Conforme Sousa Junior

salienta esse movimento da história do teatro brasileiro é amenizada

pela periodização tradicional deixando a segundo plano esses

processos culturais que se interligaram com o aperfeiçoamento do

teatro brasileiro nas primeiras décadas do século XX.

“Esse confronto que acaba em miscigenação e hibridismo

marcaria um período em que o teatro popular e as

experiências mais elaboradas das grandes companhias fazem

a cena paulista, embora parte dos pesquisadores só comece a

observar a teatralidade paulista a partir da constituição do

Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), que, de fato, cria um teatro

elaborado e profissional. Entretanto, essa iniciativa não se deu

no sentido de criar um espetáculo popular, para acesso

popular, mas um movimento baseado nas recentes

transformações cênicas que ocorriam na Europa e que tinham

por foco atualizar o atraso vivido pela cena erudita brasileira”

(2011,p.96).

Portanto a inserção do circo teatro na perspectiva da teatralidade

brasileira faz-se necessária já que esta agitava as cidades paulistanas

que ansiavam pela representação teatral e recebiam do circo a

satisfação desse desejo, Como podemos perceber palco e picadeiro

sempre estiveram interligados e a temporada de Piolin no teatro

evidenciam as conjunturas que existiam mostram que mais que

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peculiaridades existiam estruturas compartilhadas entre esses campos

culturais.

2.2 Processos de hibridismo entre o Palco e o Picadeiro

Ao escolher como recorte de pesquisa a temporada de Piolin no teatro

um dos focos da análise era encontra os pontos de hibridação entre o

teatro de comédia evidenciado pelo ator Tom Bill e o circo e circo

teatro explicitado por Piolin. Porém após a leitura do antropólogo Nestor

Canclini ficou claro que mais importantes que a hibridação em si, são

como esses processos ocorrem a partir da confluência simbólica entre

as culturas popular, erudita e massiva. E sob essa perspectiva que

analiso a temporada de Piolin no teatro, não como uma ruptura já que

o artista volta a atuar nos picadeiros logo em seguida, mas, como mais

um movimento da circularidade cultural existente entre o circo e o

teatro, dentro do lugar social em que está inserido.

O fato é que o hibridismo, seja ele efeito de uma mestiçagem

cultural inata á sociedade paulistana - a despeito das pressões

empreendidas pela elite rural e, depois da burguesia

industrial - seja por um rito de sobrevivência do espetáculo

circense, que precisa de público na arquibancada também

ocorre por uma condição, histórico - social. (SOUSA JUNIOR, p

75)

E nessa condição contribuiu como alicerce de outros movimentos

culturas como o advento da indústria televisiva e do rádio sem

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referencia nos moldes das programações e nas demandas de

profissionais como afirma a pesquisadora Cristina Costa ao tratar dessa

confluência entre o circo teatro e as demais expressões culturais.

O teatro, o rádio e a televisão devem ao circo teatro uma

importante função produtiva e pedagógica por sua condição

atuante entre artistas e junto à plateia, foi ele que, com sua

estrutura flexível, seu nomadismo, sua capacidade de

organização em diferentes espaços e com diversos repertórios,

conseguiu manter uma experiências teatral permanente, ainda

que fragmentada e inconstante. Tornou-se assim, o mediador

entre as diversas instâncias que se opunham no cenário cultural

paulista: a elite e o homem comum; o negro e o escravo; o

imigrante e o nativo; o nacional e o internacional; o tradicional

e o novo. (2006, p.31-32).

Da mesma forma que estas expressões absorveram elementos do circo

teatro, este também capturou formas e expressões o rádio, cinema e

teatro, reinterpretando e parodiando os clássicos por exemplo. Canclini

interpreta essas hibridações como processos socioculturais nos quais

estruturas ou praticas discretas que existam de forma separada

combine-se para gerar novas estruturas, sendo essas praticas discretas

constituintes também do que ele chama de “ciclos de hibridação”,

elemento intrínseco tanto na historicidade das praticas circenses e suas

interações quanto do teatro carregado de influencias e transformações.

Mario Bolognesi dedica um capitulo de seu livro Palhaços ao processo

de interação entre o circo e o teatro delimitando as hibridações que

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ocorreram desde o século XV até o chamado circo moderno,

colocando o corpo como ferramenta principal desse processo. “A

literatura tem na língua a sua base, a música , nos sons, a pintura nas

cores. Qual seria a matéria principal do espetáculo do circo? [...] o

corpo ora sublime, ora grotesco” (p.200). Neste aspecto que a atuação

de Piolin na Companhia de teatro Cômico se sobrepõe, pois suas

características propriamente do circo interagem num nova ambiente

não descartando as contradições, mas atribuindo lhes um novo

significado.

2.3 Repertório da Companhia de Teatro Cômico

Dentro da temporada da Companhia de Piolin e Tom Bill foram

encenadas ao todo 20 peças e 02 esquetes, cujo seus nomes e datas

de apresentação foram extraídos das notas e propagandas

principalmente do jornal O Estado de S.Paulo em que apareciam

anúncios das peças diariamente, sendo que alguns estão em anexo

neste trabalho. Primeiramente uma listagem do total das peças

encenadas, tendo em vista que os títulos sublinhados não foram

encontrados no arquivo Miroel Silveira.

1. Piolin o Farmacêutico (Tom Bill)

2. O príncipe do Braz (Tom Bill)

3. O namoro dos Sabiás*

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4. O casamento do Piolin (Tom Bill)

5. Piolin no Tribunal

6. Piolin Bombeiro (Tom Bill)

7. Ora bolas... Que amigo!

8. Piolin Afinador de pianos (Tom Bill)

9. Ensaio da comédia

10. De Marquês a Criado (Tom Bill)

11. Um Match de Box *

12. Sobre tudo fatal (Tom Bill)

13. Os três vagabundos

14. Piolin Duelista

15. O café do Felisberto (adaptação Tom Bill)

16. Como se pagam dividas

17. O morto que ‘dansa’ maxixe

18. Santinha

19. O simpático Jeremias (Gastão Tojeiro)

20. Aventuras de um rapaz feio (Paulo de Magalhães)

21. Meu cunhado, marido de minha mulher (Tom Bill).

22. Eu sou de circo! (Franz Arnold e Ernest Bach; tradução de Matheus

da Fontoura).

Encontrei no arquivo Miroel Silveira apenas 10 peças deste repertório

todas com o certificado de censura, alguns com poucos dias

antecedendo a sua apresentação e outras cujo pedido à censura

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prévia foram de até 10 anos depois de sua encenação no teatro Boa

Vista. Isso de certa forma mostra que mesmo atendendo a alguns

critérios os órgãos censores deixam passar algumas questões que

dependo do censor eram revistas ou não. Apenas a peça Piolin, o

afinador de Pianos teve algumas palavras censuradas as outras peças

passaram pelo DDP sem nenhum corte ou alteração.

Das peças não encontradas no arquivo cito apenas o que consegui

extrair dos jornais, que mesmo singelos são dados importantes para a

pesquisa, pois encontrei o nome dos artistas que interpretaram as

peças, as datas de sua estreia e sua repercussão dentro do meio

teatral, visto que peças como o Café Felisberto uma adaptação de um

clássico e Santinha tiveram um êxito entre a plateia tendo suas

apresentações prolongas conforme mostram os anúncios.

Os esquetes encenados no palco por Piolin e Tom Bill foram dois “Um

match de Box” a qual não encontrei nenhum tipo de menção nos

documentos, mas por comparação a outros esquetes penso que este

possa ser semelhante à pantomina do Boxe em que os palhaços

simulam de forma cômica e articulada uma luta no ringue; e “O

namoro dos sabiás” uma dos esquetes mais famosos feitos por Piolin em

que o palhaço encenando um passarinho corteja sua amada por meio

de assovios.

Faço um breve relatório das peças encontradas no arquivo Miroel

Silveira com suas informações gerais e um resumo, os primeiros mais

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detalhados que outros apenas para mostrar suas estruturas que serão

mais tarde analisadas.

Piolin o Farmacêutico

DDP: 0680

Autor: Tom Bill

Data de pedido a censura prévia: 20/04/1931

Data de estreia: 24/04/1931

Datas de Apresentação: 25, 26, 27, 28,29/04 e 28/07/1931.

Elenco: Céo da Câmara, Carmem de Oliveira, Walkyria dos Santos,

Adele Negri, Piolin, Tom Bill, Mario Barreto, Aldo Zapparoli, Eurico

Mesquita, Mario de Sousa.

Resumo:

A peça em três atos se inicia com o dialogo do criado e sua patroa Elisa

sobre a espera de uma companhia de canto, além da espera de uma

encomenda da farmácia. Ao saber da notícia da não vinda

companhia de canto da qual Elisa era contratada, ela fica desolada e

diz ao seu criado que vai para o quarto e não quer incomodada. Na

cena seguinte Piolin apare sendo seu personagem o empregado da

farmácia encarregado de entregar a Elisa sua encomenda. De modo

atrapalhado conversa com o criado Carmelino e percebendo que Elsa

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não poderá atendê-lo decide voltar depois saindo de cena soltando

gracejos e elogios sobre a senhora.

A cena três inicia-se com Elisa conversando com Carmelino triste com a

sua atual situação. Ana, sua vizinha aparece e dizendo que precisa lhe

contar a novidades. Elisa conta sua história a Ana e esta conta sua

aventura da noite anterior. Ela diz que comprou uma máscara e foi ao

“Réveillon”, lá foi convidada para dançar um Pierrot que logo se

apaixonou por ela. Este homem que afirmava possui dez mil contos, se

chamava Xavier e a acompanhou até sua casa ambos sem tirarem

suas máscaras para manterem a mágica do encontro e Ana pediu-lhe

uma carta e para manter a brincadeira trocou seu nome pelo da

amiga Elisa Bonné.

Elisa ficou impressionada com a história e principalmente pela situação

financeira daquele homem enquanto Ana pedia à amiga que

recebesse e lhe entregasse se por acaso chegasse alguma

correspondência de Xavier. Na cena seguinte Carmelino entrega uma

carta a Elisa cujo remetente era o Xavier marcando um encontro no

Teatro Sant’ana para conhecer sua amada. Ele escreve o lugar e as

palavras que deveriam falar para se reconhecerem, dando a Elisa à

ideia de passar pela amiga e casar-se com o dono dos dez contos

resolvendo todos os seus problemas. Arquitetando seu plano ela ordena

que Carmelino se passe por seu tio para garantir e mostrar que era uma

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boa moça, como consta nesse dialogo “Uma mulher que não tem um

homem que lhe apresenta perde toda a importância [...]” (p.2).

Na cena cinco Piolin contracena com Elisa, aparecendo em sua porta

para entregar lhe seu perfume. Apaixonado pela moça dia que fez

questão de ir entregar pessoalmente, Elisa sente o perfume e pergunta

a Piolin como usá-lo. O palhaço explica e ela pede que ela passe o

perfume em seu braço. De forma cômica Piolin atende ao pedido da

mulher e desajeitado passa lhe o perfume colocando como culpa a

emoção e beleza daquela senhorita. Entre elogios entrega a Elisa à

receita da farmácia com os dizeres “Eu te amo” no verso. Ela pensando

que o autor da frase seja o farmacêutico, que era noivo de Justina (filha

do dentista), com a mal dizer dos homens, mas Piolin se declara a moça

que fica furiosa, chama seu falso tio que fingindo estar ofendido coloca

Piolin pra fora da cena.

O segundo quadro começa com Carmelino contando o ocorrido a

Antônio, o farmacêutico, que promete dar um jeito na situação com o

Piolin, demitindo-o. A peça muda os personagens em cena passando a

diálogos entre Xavier e Carlos no teatro Sant’ana admirando a beleza

de Eliza enquanto Carlos aconselha seu amigo a ser cauteloso, visto que

ele ainda era casado, com uma velha que estava quase morta com a

barriga cheia d’agua, mas ainda casado.

A cena seguinte se passa na farmácia com Antônio que entre palavrões

e maus-tratos demite o pobre Piolin, este desiludido com o amor e com

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a vida sai prometendo beber meio litro de pinga e matar-se com um tiro

na cabeça.

Aparecem em cena à família do dentista (Aleixo, Rosa e Justina) indo

encontrar com Antônio na farmácia que pensando ser novamente

Piolin com mais desaforos abre a porta dando um soco e acertando seu

sogro Aleixo. Inicia-se uma grande confusão e Aleixo não aceita as

desculpas do genro, Justina desiste do casamento para defender sei

pai e Aleixo sai de cena sem perdoar Antônio com o grande guarda

chuva da família a procura de um automóvel. No meio do caminho

Aleixo encontra com o rico Xavier que compra o seu guarda chuva

para proteger Elisa e também seu paletó. O dentista vai andando sob a

chuva e acaba encontrando Piolin com uma garrafa de pinga e um

revólver, ele entrega a Aleixo seu guarda chuva, seu paletó e mais 800

réis alegando não precisar dessas coisas iniciando um diálogo com o

dentista sobre o seu “auto suicídio”.

Eu tenho mesmo que morrer... (tira o revólver) Daqui a pouco

estouro os miolos. Quero desfechar os cinco tiros na minha

cabeça. Mas quero escolher um lugar sem osso, onde me doa

menos. Morte indolor... Coragem! (aponta a arma) Mesmo

agora tenho vontade de coçar as orelhas [...].

Aleixo percebe a atitude do palhaço e impede conversando e dizendo

que o levará para sua casa até que melhore. Ambos se dirigem

novamente a farmácia, onde o dentista apresenta Piolin a todos e

conta que o salvou enquanto Antônio o reconhece e inicia uma nova

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briga revelando que a bofetada que acertara no genro era na verdade

para o suicida. Aleixo no perdoa o insulto e diz que só permita

novamente o noivado se Antônio deixar Piolin esbofeteá-lo.

O último quadro da peça se passa inteiro na casa e consultório do

dentista começando com Xavier e Carlos esperando o dentista como

pretexto para encontrar Elisa. Xavier ordena a Carlos que arrancará um

dente apenas para poder permanecer esperando no consultório, ele

de inicio se recusa, mas Xavier lhe uma quantia em dinheiro e Carlos

aceita tirar o dente.

A cena seguinte é um dialogo entre Justina e sua mãe Rosa que esta

nervosa com os desatinos de Piolin que para ela estava se sentindo o

novo patrão casa exigindo leite e vários travesseiros. Aleixo chega à

casa conversa com Rosa e depois com Piolin que reclama por não

conseguir dormir com apenas um travesseiro entre outros caprichos e

ameaça matar-se quando o dentista pede ele saia de sua casa. Vendo

que não conseguiria se livrar do palhaço pede que ele o ajude em seu

consultório soltando elogios ao dentista como se fosse um cliente e

dizendo que ele arrancava os dentes sem nenhuma dor. Repetindo

incessantemente estas frases Piolin sai de cena gritando “que dentista...

que gênio!”.

No consultório Ana encontra com Carlos eles começam a conversar e

percebem que se conhecem daquele “réveillon”. Ana pergunta por

Xavier e fica sabendo de seu caso com Elisa e que o homem além de

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ser casado tem mais de 50 anos. Ela se recusa a conhecer o velho rico

dizendo que seu marido deveria ser “jovem, solteiro, e simpático” e

acaba aceitando o repentino pedido de casamento de Carlos que se

declara a moça. Enquanto Piolin vai gritando os bordões ensinados pelo

dentista entram em cena Xavier, Elisa, seu falso tio Camelino. O velho

rico conta a Elisa que é casado, mas que seu dinheiro pode ser todo da

moça se ela esperar. Ela não aceita a proposta reconhece Piolin e diz

que vai agora se casar com ele. Xavier com seu orgulho ferido diz a

Carmelino que o pagará se ele não aceitar o casamento de Piolin com

Elisa.

O “tio” , então aceita a proposta e conversa com Piolin convencendo-o

que Elisa usaria uma perna de pau, como consta neste dialogo:

PIOLIN: E a noite quando ela vai para cama, tira a perna de

pau?

CARMELINO: Tira e bota no criado mudo.

PIOLIN: Como se fosse um cachimbo turco... Não, não me

convém! Pode acontecer que na primeira briga ela me arruma

com a perna de pau na cabeça... Não vou nisso. Procurarei

um pretexto para romper com o noivado [...] (p.17).

A última cena é com todos os personagens e onde se dá a resolução

final. Elisa recusa Aleixo e diz que se casará com Piolin. Ele se desculpa

dizendo que já está comprometido com outra moça, e nesse momento

Justina se apresenta como sua noiva. Aparecem Ana e Carlos

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anunciando seu noivado e Carlos relata a súbita morte da esposa de

Xavier. Elisa volta a aceitar o pedido do senhor rico e Aleixo que até o

momento não aceitava Piolin como novo genro acaba por aceita

depois que Xavier garante que dará um emprego para o palhaço.

Toda a confusão se resolve com Piolin olhando embaixo da saia de

Justina e dizendo: “São de carne... São de carne!”.

O príncipe do Braz

DDP: 0047

Autor: Tom Bill

Gênero: farsa

Data de estreia: 30/04/1931

Data das apresentações: 01, 02,03, 04, 05, 06/05/1931.

Elenco: Piolin, Tom Bill, Céo da Câmara, Adele Negri, Mario Barreto, Aldo

Zapparoli, Carmem de Oliveira, Walkyria do s Santos e outros.

Personagens: Antônio (vendedor de bilhetes); Paschoal (barceiro);

Vicente (criado); Emma; Theóphilo (pai de Emma); Maria (criada de

Emma e primeira criada de Antônio); Luiza (segunda mulher de

Antônio); Juquinha (Filho de Antônio);

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Resumo: As cenas começam com uma discussão sobre as dificuldades

em pagar o aluguel ao senhor Antônio (dono do cortiço) a pobreza e

ao mesmo tempo a soberba e avareza de alguns moradores desse

cortiço como a personagem Luiza que penhora a maioria de suas

coisas, mas, ainda se coloca como superior diante ao demais

moradores. A trama toda se desenrola porque para cortejar Emma, o

conde Ricardo sem o consentimento de seus familiares propõe a parte

dos moradores do cortiço, que finjam serem parentes nobres em troca

de um grande banquete. A confusão a casa de Emma de desenrola de

tal forma que os falsos nobres não usufruem do banquete mesmo, os

parentes verdadeiros do conde aparecem e no fim aceitam o seu

casamento com a moça.

OBS: nesse período também foi encenada a esquete “o namoro dos

Sabiás”.

O casamento de Piolin

DDP: 0579

Data de pedido a censura prévia: 04/05/1931

Autor: Tom Bill (adaptação)

Gênero: farsa

Data de estreia: 07/05/1931

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Data das apresentações: 08, 09, 10, 11, 12, 13/05 e 02,13/08/1931.

Elenco: Piolin, Tom Bill, Céo da Câmara, Adele Negri, Mario Barreto, Aldo

Zapparoli, Carmem de Oliveira, Walkyria do s Santos e outros.

Personagens: Nicola (pai de nina); Nina (noiva de Bernard); Bernard;

Chico (marido de Helena); Helena; Piolin; Therezinha (irmã de Piolin);

Frederico; Braz; Leone.

Obs: No documento havia descrito o nome de alguns dos personagens

com seus respectivos atores sendo que, Helena seria interpretada por

Céo da Câmara, Nicola por Mario Barreto; Therezinha por Carmem de

Oliveira e Leone por Tom Bill.

Resumo:

As cenas acontecem em meio ao casamento de Nina e Bernard, esta

anteriormente fora noiva de Piolin que por estar doente se ausenta por

um bom tempo fazendo com que Nicola pense que ele a abandonou

fazendo-a casar com outro rapaz. Mas Piolin volta e indignado com a

situação acaba passando uns tempos com essa família, Surge então o

boato de que Bernard tivera outra esposa a qual tinha assassinado por

ciúmes e esse será o motivo de todos os desentendimentos na peça,

pois ambos os personagens pensam que Bernard irá matar Nina e esta

nada entende quando eles tentam defende-la de seu marido. No fim

esses percebem a confusão com os semelhantes nomes e Piolin acaba

virando amigo do casal.

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Piolin no Tribunal

Gênero: farsa

Data de estreia: 14/05/1931

Data das apresentações: 12, 15, 16, 17,20 e 21/05/1931.

Personagem/Elenco: (Rosália criada) Walkyria Moreira; (Januário

criado) Mario Sorriso; Piolin; (Amália) Céo da Câmara; (Dr. Oswaldo)

Aldo Zapparoli; (Dr. Abelardo) Eurico Mesquita; (coronel) Tom Bill; (João)

A. Marques; (Dorothéa Pinto) Adele Negri; (Elvira) Carmem de Oliveira;

(Luiz) A. Marques; (Dr. Teixeira Costa) Mario Barreto.

Resumo: peça não localizada.

Piolin Bombeiro

DDP: 0589

Data de pedido a censura prévia: 20/05/1931

Autor: Tom Bill

Gênero: Comédia, farsa em 02 atos.

Data de estreia: 22/05/1931

Data das apresentações: 23 26 e 27/05/1931

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Elenco: Piolin, Tom Bill, Mathilde Costa, Alma Zapparoli, Céo da Câmara

e outros.

Resumo:

O primeiro ato da peça começa no quarto de Virginia (filha do Barão)

que está conversando com seu criado Mario (que aparece somente

nessa cena) que conta notícias de seu professor de caligrafia e também

seu “amor secreto” deixando para ela uma carta. Na carta consta que

Chico, seu amado, estava muito doente para comparecer ao seu

aniversário e também não teria roupas adequadas para aquele festejo.

Virgínia comovida com aquela situação manda Mario comprar sapatos

e um chapéu para Chico.

A próxima cena é com Piolin (que interpreta um criado da casa)

pedindo a João (mais um empregado) que lhe pagasse seus honorários

totalmente, mas João se recusava alegando que Piolin quebrara um

jogo de porcelanas e deveria arcar com os custos. O Barão aparece

para saber do acontecido e Piolin conta que havia quebrado a

porcelana para atender a um chamado do Barão.

PIOLIN: [...] Eu não tenho que pagar nada, porque as xícaras

foram sem vergonhas... Enquanto eu estava com a bandeja na

mão o patrão me chamou: Piolin! E eu respondia: Já vou! E ele:

Piolin! Chama-me. E eu: Já vou! E ele ainda: Larga tudo e

venha já! Então larguei a bandeja e fui atender o patrão. Podia

prever que as xícaras se quebrassem?![...]

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Aceitando esse cômico argumento o Barão Asdrúbal perdoa Piolin e o

coloca a sua disposição dizendo que este sim era um criado obediente

e que não deveria pagar nada. João aborrecido com o patrão conta a

Piolin a verdadeira história daquela família, que originalmente não era

nobre. Asdrúbal era um sapateiro que ganhou a confiança de um

nobre inglês que ao morrer deixou – o tudo assim com o seu título de

nobreza. Desde então o “novo barão” despreza sua antiga família (um

cunhado bombeiro e uma cunhada engomadeira) pobre e fazia de

tudo pra manter uma boa aparência dentro da aristocracia.

Nos preparativos para o aniversário aparecem em cena a marquesa e

seu filho Alberto que era noivo de Virgínia, num compromisso arranjado.

Entre os diálogos de pompa, entra em cena o personagem Chico com

umas roupas desproporcionais a seu corpo sendo motivo de gozação

de Piolin que quando descobre seu amor por Virgínia logo conta ao

professor sobre seu casamento com o marquesinho deixando Chico

furioso e com o coração partido com a suposta traição da amada. Ele

entra no meio do jantar e dialoga com os demais personagens, fala de

suas desilusões com a marquesa e acaba sendo convidado a

permanecer no aniversário.

A cena do jantar é permeada pelas conversas entre os participantes e

as intromissões de Piolin nos diálogos. A família pobre do barão aparece

para pedir ajuda e Asdrúbal inicia outra confusão chamando

freneticamente Piolin que desta vez deixa um lampião cair no chão

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incendiando uma parte da casa. Provavelmente o palco se transforma

num grande “circo”, pois todos os personagens começam a jogar água

para apagar o incêndio enquanto o cunhado pobre que é bombeiro

discute com o Barão.

O segundo quadro se passa após o incêndio, numa outra visita dos

personagens a casa do barão. Abgail (esposa do barão) conversa com

sua irmã pobre, Laura, enquanto Asdrúbal briga com Miguel não

aceitando que ambos voltassem a pedir dinheiro em sua casa. Laura

conta que teve um sonho com os números da loteria Piolin diz a ela que

sempre joga na loto com os números de uma passagem do Livro de São

Cipriano, que coincidentemente são os mesmos números do sonho.

Chico aparece em cena para devolver as cartas de Virgínia e acaba

contando sua história a Piolin, de que era um filho bastardo de um

sapateiro que havia virado barão por ajudar um inglês rico. Depois de

muita discussão em cena Asdrúbal descobre que é o pai de Chico

gerando a dúvida de que Virginia seria sua irmã que logo é sanada

com a confissão de que o barão tivera outro casamento. Ambos

noivam, Laura ganha na loteria fica rica e como era a viúva de três

maridos resolve se casar com Piolin para como ele diz “enterrar o

quarto”.

Ora Bolas... Que amigo!

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Gênero: farsa

Data de estreia: 28/051931

Data das apresentações: 31/05/1931

Resumo: Peça não encontrada.

Piolin afinador de pianos

DDP: 0141

Data de pedido a censura prévia:

Autor: Tom Bill

Gênero: farsa

Data de estreia: 29/05/1931

Data das apresentações: 30/05, 02 e 07/06/1931.

Personagem/Elenco: (Marieta) Rina Weiss; (José) E. Mesquita; (Achiles)

Piolin; (Paschoal) Mario Barreto; (Ângela) Mathilde Costa; (Sylvia) Jenny

Silva; (Conceição) Alma Zapparoli; (Gabriel) A. Zapparoli; (Julieta)

Walkyria Moreira; (Dr. Adolpho) Mario Sorriso; (Bartholo) Tom Bill; (Adele)

Carmem de Oliveira; (Scarponi) E. Mesquita; (C. Pomi) A. Marques.

Resumo:

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O primeiro ato começa com a conversa e flerte entre os criados

Marieta e José sobre o banquete que seus patrões irão dar naquela

tarde. José conta a Marieta que os donos da casa eram pobres e que

enriqueceram vendendo alimentos no período da guerra (há uma

rasura na palavra subsequente a “guerra” provavelmente censurada).

Em meio ao namoro dos criados (a um grifo em vermelho embaixo

numa parte da peça em que Marieta deixaria as pernas à mostra)

aparece Achiles (Piolin), o afinador de pianos elogiando os preparativos

da festa e se lamentando por ainda estar em jejum diante de tanta

fartura, se colocando como um “Socialista”. Marieta brinca dizendo que

“ideias não enchem barriga” e sai de cena.

Achiles então contracena com Paschoal e sua esposa, que recebem

um telegrama de que o Barão não poderá comparecer ao banquete e

para se mostram alinhados aos costumes da aristocracia resolvem vestir

o afinador como um nobre e chama-lo de Marquês Achiles Casca, até

porque a esposa que era supersticiosa não sentava a mesa se o numero

de convidados fosse 13. E essa é o ponto principal que desenrola as

confusões, a cada desistência ou anuncio da chegada de mais um

convidado o suposto marquês é descartado ou não da festa fazendo

maldizer da sorte por ainda estar em jejum.

Na outra cena aparece Bartholo que encontra uma carta de um

suposto amante de sua mulher Adele, e ao ver o marquês esbanjando

despojo e simpatia à mesa, pois todos os tratavam com se o

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conhecessem falando de suas viagens juntos e festas, começa a pensar

que ele seria amante de Adele. Cego de ciúme ameaça o afinador

com uma arma propõe que ele se case com Silvia o mais rápido senão

o mataria. Achiles aceita, porém, outra moça também o quer como

esposo e mais uma confusão se entrecruza na cena. O desenrolar da

farsa acontece quando Adele assume que não conhece o marquês,

Bartholo desiste de suas ameaças e Achiles casa-se com Julieta.

De Marquês a Criado

DDP: 0603

Data de pedido a censura prévia: 01/06/1931

Autor: Tom Bill

Gênero: Farsa

Data de estreia: 05/06/1931

Data das apresentações: 06, 08, 09,10 e 11/06/1931.

Personagem/Elenco: (José) Aldo Zapparoli; (Magdalena) Alma

Zapparoli; (Chiquinho) Mario Sorriso; (Fabrício) Tom Bill; Piolin;

(Nicodemos) Mario Barreto; (Verônica) Mathilde Costa; (Zizi) Carmem de

Oliveira; (Thereza) Walkyria Moreira; (Capitão Epaminondas) Eurico

Mesquita e (Catharina) Rina Weiss.

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Resumo:

A primeira cena começa com os irmãos Magdalena (criada na casa de

Therezinha) e José (que trabalha na casa de Piolin) falando do

casamento e Piolin que saiu para comprar um presente a sua noiva.

Começam a dialogar sobre como é a moça de onde ela vem e

Magdalena se recorda de sua triste história, de que fora abandonada

pelo noivo Fabrício escorpião. José jura vingança ao “bandido”.

Magdalena sai de cena e aparecem Chiquinho e Fabricio (escorpião)

todos á espera de Piolin. José começa a relatar ao alfaiate Chiquinho à

história de sua irmã enquanto Fabrício se identificava como

protagonista daquele drama e se amedrontava com as promessas de

vingança do criado.

Piolin aparece em cena e cumprimenta o amigo que o interrompe

antes que ele revele seu verdadeiro nome. Fabrício relata o ocorrido ao

amigo e ambos relembram as peripécias amorosas que tiveram e Piolin

fala de certa dona Therezinha que era muito vaidosa e que para

cortejar a moça fingiu ser marquês e que descobrira á pouco que esta

senhora estava noiva de seu vizinho Capitão que era ciumento e

violento.

Chegam à casa de Piolin sua noiva Zizi e seus pais para acertarem os

preparativos do casamento que seria naquela mesma noite. A

personagem da noiva pouco aparece em cena, e quando está

aparece chorando sempre querendo um palhacinho de brinquedo.

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A confusão começa de fato quando Piolin descobre que seu barbeiro

deu o endereço a Thereza que irá visita-lo colocando em risco seu

valioso casamento. Nisso Piolin tem a ideia de mentir dizendo que seu

amigo Fabricio era o marquês Piolin e que ele era apenas um criado

para enganar Thereza, mas ela ao invés de esquecê-lo decide leva-lo

para sua casa como seu amante.

Para sair dessa enrascada Piolin de finge de doente para a família de

sua noiva e menti dizendo que estaria em seu quarto enquanto vai para

casa de Thereza se fingindo de criado. Fabricio se disfarça de marquês

na tentativa de salvar o amigo, mas lá é reconhecido por Magdalena e

inventa que teve que fugir do casamento por ser nobre, mas agora

estava de volta por amor a criada.

As mentiras vão se entre cruzando de tal forma que ora Piolin é

marquês, ora é criado, ora é Fabrício, ora era da policia e depois não

era mais nada. No desfecho Piolin conta a verdade a Thereza eu o

rejeita casando com o capitão, Fabrício fica com Magdalena por

medo da vingança de José e Piolin casa com sua noivinha chorona.

Sobretudo fatal

DDP: 0595

Data de pedido a censura prévia: 09/06/1931

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Autor: Tom Bill

Gênero: farsa

Data de estreia: 12/06/1931

Data das apresentações: 15,16 e 17/06/1931

Personagem/Elenco: (Donato Costa Branco) Tom Bill; (Caetano) Aldo

Zapparoli; (Suzana) Walkyria Moreira; (Thereza) Carmem de Oliveira;

(Alexandre Salmão) Mario Barreto; Piolin; (Mariana) Mathilde Costa;

(Carolina) Alma Zapparoli; (Gervasio) Eurico Mesquita; (Brás) Mario

Sorriso; (Luisa) Rina Weiss.

Resumo:

A trama se interliga por causa do encontro entre o Dr. Donato e sua ex-

namorada Carolina. Ele deveria encontrar se com ela para lhe entregar

todas as suas antigas cartas e fotografias, mas como ela não

comparece ao encontro ele marca guarda tudo em se, sobretudo que

por acaso sua criada encontra e mostra para sua esposa Susana como

prova de um adultério. No meio da discussão aparece Alexandre amigo

de Donato amenizando a situação contando uma história falsa,

levando o amigo para conhece um imóvel de uma antiga modista e

contando a triste história do sumiço de sua esposa Luiza, enquanto

Donato conta sobre Carolina e seu marido Gervasio que era militar e

muito perigoso. A confusão se instala justamente neste imóvel quanto

seguidamente os personagens começam a aparecer em busca da

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modista e de Donato que marca ali um novo encontro com Carolina.

Piolin aparece como criado do doutor e acaba se vestindo de mulher

para salvar a pele de seu patrão quando o marido militar aparece para

procurar a esposa. Este pede que ele lhe faça dois vestidos um para

Carolina e outro para sua amante Luiza (a esposa de Alexandre). A

trama vai se complicando, pois, Susana vai ao imóvel a procura do

marido, Carolina e Luiza vão buscar seus vestidos, Piolin se enrola ao

tentar explicar as confusões se passando também pelo Dr. Donato, mas

de forma rápida tudo se resolve com os respectivos casais se

entendendo e o sobretudo aparecendo de novo no fim da peça.

OBS: Foi apresentada também no dia 12, a peça Os três vagabundos.

Ensaio da Comédia

Gênero: Farsa

Data de estreia: 19/06/1931

Data das apresentações: 20,21e 22/06/1931

Elenco: Papéis: (Conceição) Rinah Weiss; (Lourenço) Aldo Zapparoli;

(Maria) Geny Silva; (Pedro) Piolin; (D. João) Tom Bill; (Rosa) Mathilde

Costa; (Leonora) Walkyria Moreira;(Alfredo) Mario Barreto.

Resumo: Peça não encontrada.

OBS: também foi encenada a peça Piolin Duelista.

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O café Felisberto

Data de estreia: 26/06/1931

Data das apresentações: 27 28,30/06 e 01,02/07/1931

Personagem/Elenco: (Empregada) Dinah Ulisses; (Costa) Eurico

Mesquita; (Ricardo) Alves Moreira; (Alberto Loriflan) Piolin; (Edwige)

Mathilde Costa; (Genaro) Tom Bill; (Felisberto) Mario Barreto; (Tainha) M.

Zapparoli; (Tenente)M. Sorriso; (Dulce) Alma Zapparoli; (Norma) Rina

Weiss; (Dua) Alves Moreira; (Fagundes) A. Marques; (General)E.

Mesquita.

Resumo: Peça não encontrada.

OBS: no dia 28 foi apresentada tem a farsa como se pagam as dividas e

a esquete o Morto que dança maxixe.

Santinha

Data de estreia: 03/07/1931

Data das apresentações: 04, 05, 06,07 e 08/07/1931.

Personagem/Elenco: Papéis: Celestino: Piolin; Madre Superiora: Mathilde

Costa; Major: Mario Barreto; Mario: N.N; Dionísia: Walkiria Moreira;

Fernando: Alves Moreira; Porteira: M. Sorriso; Empresário: A. Zapparoli;

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Marquês: Tom Bill; Maquinista: Spezzato; Loriot: E. Mesquita; 1°Tenente:

M.Sorriso; 2°Tenente: N. Márquez; Soldado: N.N

Resumo: Peça não encontrada.

O Simpático Jeremias

DDP: 0155

Data de pedido a censura prévia: -

Autor: Gastão Tojeiro

Gênero: comédia

Data de estreia: 10/07/1931

Data das apresentações: 11, 12, 14,15 e 16/07/1931.

Personagem/Elenco: (Magdela dona da pensão) Mathilde Costa; (Elisa

criada) Dinah Ulles; (Cristovan criado) Mario Sorriso; (Douglas – milionário

americano) Tom Bill; (Arthur – secretário de Douglas) Eurico Mesquita;

(Violeta – filha de Douglas) Walkyria Moreira; (Jeremias – poeta, filósofo,

e celesteiro) Piolin; (Félix – um hóspede) Mario Barreto; (Laura – um

“caso” de Félix) Alma Zapparoli; (Bernardo – fazendeiro) Aldo Zapparoli,

(Octavio – seu filho) Alves Moreira.

As aventuras de um rapaz feio

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DDP: 0231

Data de pedido a censura prévia: -

Autor: Paulo Magalhães. Livraria Teixeira – biblioteca dramática popular

Gênero: Comédia

Data de estreia: 17/07/1931

Data das apresentações: 18, 19, 20,21 e 22/07/1931.

Personagem/Elenco: (Laura) Dinah Uiles; (Meneses) Tom Bill; (Serafim)

Mario Barreto; (Cirano Berg G. Rac.) Piolin; (Pantaleão) Aldo Zapparoli,

(Serafina) Mathilde Costa; (Helena) Walkyria Moreira; (Raul) Mario

Sorriso.

Resumo:

A peça narra às aventuras de Cirano Berg. C. Rac., um rapaz que

mesmo não tendo boa aparência conquistava a todos com suas falas

eloquentes e discursos garbosos de linguagem rebuscada.

Meu cunhado, marido de minha mulher

DDP: 0637

Data de pedido a censura prévia: 21/07/1931

Autor: Tom Bill

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Gênero: Comédia, farsa em 03 atos

Data de estreia: 24/07/1931

Data das apresentações: 25, 26, 27e 29/07/1931

Personagem/Elenco: (Baptista) Álvaro Moreira; (Luiza) Dinah Uiles; (Leão)

Mario Sorriso; (Mariana) Walkyria Moreira; Piolin; (Júlio) Tom Bill; (Nicoleta)

Rina Weiss; (Antônio) Eurico Mesquita; (Anastácio) Mario Barreto; (Pedro)

A. Marques; (Francisca) Adele Negri.

Resumo:

Todo o conflito se desenvolve com a chegada de uma carta da Tia

Francisca, tia de Júlio que esperava que ele estivesse casado com

Mariana (atual esposa de Piolin) e não com Luiza. A ideia central é a

troca dos papéis em que Júlio se passaria por marido de Mariana, Luiza

seria sua criada e Piolin contra sua vontade fingiria ser apenas um

compadre. Dentre as confusões que Piolin causa por ciúmes de sua

esposa conta a verdade a senhora rica, mas todos na intenção de

manter a mentira o taxam de louco causando mais confusões. Ao final

a verdade é posta e como nas outras comédias tudo é perdoado e há

um final feliz que termina com Piolin dizendo:

“– Disso faço vestes solenes, porque se desta vez me sai bem, de outra

quem sabe... Tudo se pode emprestar. Dinheiro, roupa, guarda chuva,

tudo, menos a mulher porque isso é perigoso.”

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Eu Sou de circo

DDP: 0045

Autor: Franz Arnold e Ernest Bach

Gênero: Comédia

Data de estreia: 30/07/1931

Data das apresentações: 02/08/1931

Personagem/Elenco: (Anna) Rina Weiss; (Anastácia) M.Marques; (Elisa)

Dinah Uiles; (Mario) Tom Bill; (Sérgio) Alves Marques; (Tibúrcio) Mario

Barreto; (Mathilde) Mathilde Costa; (Glaucida) Walkyria Moreira; (Chico

Patusco) Piolin.

Resumo:

A trama toda se constrói quando Sérgio descobre que seu filho, o qual

dera seu sobrenome ainda jovem para ajudar uma senhora rica que lhe

deixa herança, está trabalhando num circo e para conhecê-lo sem que

sai esposa descubra inventa que encontra junto com seu advogado e

amigo um escritor. A toda uma confusão sobre o caso, mas logo a

trama se resolve, a verdade é dita e todos se entendem.

2.4 Análise geral das peças

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A fazer uma primeira leitura pode-se perceber que todas as histórias

seguem uma estrutura como eixo principal, apresentam-se os

personagens desenrola-se uma tensão, novos personagens aparecem

novos personagens que interligam seus conflitos com a trama anterior,

mentiras e planos mirabolantes se seguem e quando a confusão chega

a seu ápice há uma resolução rápida e simples no desfecho da história,

sempre tendo Piolin com protagonista mesmo quando este

desempenha papéis aparentemente secundários, como coloca

Magnani o “cômico é um elemento estruturante da representação

narrativa que delimita o espaço de improvisação e criatividade” (p.82).

Este é outro ponto observado nas peças que mesmos seguindo um

enredo com diálogos pré-estabelecidos abrem precedente para

momentos de improvisação como nos diálogos que aparecem na cena

do incêndio de “Piolin, bombeiro” em que o próprio documento sugere

a espontaneidade dos artistas.

Todas as peças também mantêm as mesmas características em suas

histórias contando paródias de cenas do cotidiano da época como os

casamentos por interesse e titulação, filhos extraconjugais, a ascensão

de uma nova classe média que pleiteia relações com a aristocracia, à

condição social da classe trabalhadora e seus trejeitos, e os amores e

desamores costumeiros do imaginário coletivo daquele período

fazendo, guardada as devidas proporções, uma sátira das instituições

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sócias e politicas mesmo se propondo a atender uma demanda do

mercado cultural de entretenimento.

O pesquisador Magnani analisando estruturas de algumas peças do

circo teatro faz uma colocação que se seve com uns dos pontos da

discussão das peças da companhia de teatro cômico:

As representações cômicas estabelecem pelo riso um

distanciamento diante de determinadas instituições e padrões

de comportamentos presentes e valorizados já seja no próprio

palco circense, através dos dramas, já seja no contexto do dia-

a-dia do público que a eles assiste. (p.90)

E citando Oswald de Andrade fala sobre a sátira colocando-a como

“crítica e moralista” sendo ela a revanche do oprimido sobre o opressor.

A partir dessas colocações comecei a identificar o sucesso das

encenações também pelo conteúdo intrínseco que carregavam suas

histórias, pois em torno da comicidade do enredo estavam

entrecruzadas as tensões satirizadas daquela sociedade urbana que se

desenvolvia na década de 30. Mesmo que algumas histórias

retratassem uma época anterior elas faziam parte da memória coletiva

dos espectadores, memória esta que fez como que se esgotassem

praticamente todas as sessões da temporada, para verem e reverem o

palhaço que ganhou os olhares dos mais diversos públicos no picadeiro

e que agora se aventurava nos palcos.

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Quase no final da temporada saiu um artigo na coluna Palcos e circo

cujo título era justamente “Piolin” em que o jornalista fazia um apelo aos

leitores que não perdessem a oportunidades de rever o grande palhaço

nem de levar alegria também às novas gerações, não pela inovação

como ator de teatro mas principalmente pela ligação que ele

estabelecia no palco entre o espectador e o circo. É perceptível essa

pretensão numa das poucas entrevistas que Tom Bill dá para a Folha da

manhã em 15 de abril de 1931, falando sobre companhia de teatro

cômico colocando a farsa como gênero principal das encenações

“farsa pura, para rir, exclusivamente para rir, como no circo, mas melhor

ambientada, com recursos cênicos que o picadeiro não permite”.

2.5 Conclusão

Cruzando todos os materiais de pesquisa tanto os documentos primários

quanto a bibliografia podemos perceber que a polêmica gerada pela

saída de Piolin temporariamente do circo foi devido à ideia de ruptura

entre os campos artísticos , não levando em consideração os pontos de

interação os processos de hibridação constantes neste curto mas

importante movimento da carreira de Abelardo Pinto Piolin. Essa bem

sucedida negociação entre o circo teatro e o teatro de comédia

pautou-se principalmente do protagonismo do artista circense

evidenciado nas peças e na contribuição estrutura de seu parceiro Tom

Bill, porém o circo teatro é o fator marcante dessa estrutura cultural, pois

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mesmo carregada pelos recursos do teatro suas característica mais

aparentes ainda se remetem ao circo. Essa referência perpassa todas

as ferramentas da companhia desde as peças, até a forma de

divulgação sempre inserindo Piolin como o ponto alto do espetáculo.

Este adapta sua performance a nova demanda mas não a modifica

trazendo para os palcos seu corpo circense, “ora sublime, ora

grotesco”, arrancando risos daqueles que o tinha na memória como o

palhaço da cidade e daqueles que o conheciam apenas por meios

das referências intelectualistas.

Confirmando a hipótese inicial, os processos de hibridação ocorridos

entre o circo e o teatro nesta temporada auxilia a complementar o

cenário cultural paulista inserindo mais um elemento de interação na

historicidade do teatro em São Paulo, colocando as questões como a

improvisação e a performance do artista em destaque como foi à

atuação de Piolin que mesmo os anseios de público se aventurou nesta

curta temporada no teatro Boa Vista.

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2.6 BIBLIOGRAFIA

AVANZI, Roger; TAMAOKI, Verônica. Circo Nerino. São Paulo, Códex,

Pindorama Circus, 2004.

COSTA, Cristina. Teatro & Censura – Vargas e Salazar. Edusp, São Paulo,

2010.

_______. (org.). Comunicação e censura – o circo teatro na produção

cultural paulista de 1930 a 1970. São Paulo, Terceira margem, 2006.

BOLOGNESI, Mario Fernando. Palhaços. São Paulo, UNESP, 2003.

_______. Circo e Teatro: Aproximações e conflitos. Sala Preta – Revista do

Departamento de Artes e Comunicações da ECA-USP. São Paulo, v. 6,

2006, p. 9-19.

BURKE, Peter. Cultura popular na Idade Média, São Paulo, Companhia

das Letras, 1995.

CANCLINI, Nestor. Culturas híbridas, São Paulo, Edusp, 1999.

MAGNANI, José Guilherme Cantor. Festa no pedaço – Cultura popular e

lazer na cidade, São Paulo, Hucitec, UNESP, 3a Edição, 2003.

PIMENTA, Daniela. A conformação do circo teatro brasileiro:

permeabilidade e aproximação. Artigo para a revista Repertório,

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RUIZ, Roberto. Hoje tem espetáculo? – As origens do circo no Brasil, Rio

de Janeiro Minc/Inacen, 1987.

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circense no Brasil. Altana, São Paulo, 2007.

SCHMIDT, Afonso. Piolin IN: SCHMIDT, Afonso. São Paulo de meus amores.

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SOUSA JR, Walter de. Mixórdia no picadeiro: circo, circo-teatro e

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de doutorado apresentada à Escola de Comunicações e Artes da

Universidade de São Paulo em março de 2009.

_______. De cor e salteado: oralidade e memória do circo. Artigo para a

revista Comunicação & Educação, V16, nº2, 2011. Extraído de:

http://revistas.usp.br/comueduc/issue/view/3625 em 16/09/2012.

_______. Piolin e Arrelia: entre o popular o erudito e o massivo. Artigo

para a revista Comunicação & Educação, V16, nº2, 2011. Extraído de:

http://revistas.usp.br/comueduc/issue/view/3625 em 16/09/2012.

_______. As farsas de Piolin: Entre o grotesco e a contemporaneidade.

Artigo para a revista Repertório, Ano13, nº15,2010.

http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revteatro/article/view/5214

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2.7 Anexos

2.7.1 Transcrição do jornal o Estado de São Paulo. Coluna Palcos e

circos, 25 de julho de 1931.

“Piolin”

É uma arte muito velha, que não muda. As gerações vão passando

pelas arquibancadas dos circos e perdendo-se no turbilhão. Muitos

espectadores voltam um dia para acompanhar os filhos. Alguns, para

conduzir os netos. Agora que todas as artes se transformaram

completamente, o circo só conseguiu uma coisa – tornou se maior.

Apareceu um Sarrasani em cada país. Há circos que parecem nações,

quando se mudam de uma cidade para outra, parecem o povo de

Israel em caminho da Terra Prometida.

Não há nada mias ligado á vida brasileira do que o circo. É o visitante

sempre esperado e desejado que arma a barraca de lona no largo da

matriz e ergue arquibancadas de tábuas, que desfralda no topo dos

mastros duas grandes flamulas com o nome do empresário. As

estrebarias, as jaulas, a contra regra das pantomimas são durante muito

tempo o assunto da criançada da cidade. Geralmente os artistas, que

aparecem nos programas com nomes encrencados, trabalham na

instalação da barraca, de martela em punho. Por isso, quando se dá a

estreia, à luz do acetileno, é um encanto descobrir fulano ou sicrano em

seus maiôs com grandes estrelas de vidrilho sobre o peito.

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Os que não quiseram a acompanhar o circo, na sua marcha lenta

deixaram – no. Andam pela vida com uma ponta de melancolia. O

“Clown” Abelardo Pinto, por exemplo, trocou a arena pelo tablado.

Trabalho hoje no Boa Vista e monta peças como “Café Felisberto”,

“Santarellina” e outras, nas quais interpreta os mais pitoresco dos papéis,

carregado nas tintas. É o homem providencial para os tristes. As

crianças, aos domingos despejam sacos de risadas com as suas

pilhérias.

Conhecem Abelardo Pinto? Em casacão largo, um colarinho que daria

para três pescoços iguais ao seu, um chapéu de coco puxado sobre o

olho direito, um rosto esfarinhado, um bengalão desta grossura,

enganchado no braço... Conhecem – no. É o Piolin. Pois é, Piolin

trabalha há três meses no Boa Vista, realizando a mais difícil das missões:

fazer rir o povo de São Paulo nestes tempos tão bicudos.

Piolin precisa ser visto pro todas as pessoas que não o conheceram na

arena, pois que, passando para o palco, trouxe todos os seus primitivos

recursos de cômico. É o nosso clown paulista. Piolin deve ser visto

também por todas as pessoas que um dia tiveram a ocasião de

apreciar as suas famosas entradas no picadeiro, ao som da charanga.

Transportando para a cena as suas qualidades de clown ele se tornou,

talvez, o mais curioso e divertido de todos aqueles que se exibem a luz

das gambiarras.

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2.7.2 Imagens dos anúncios da Companhia de teatro Cômico.

A - O Estado de São Paulo, 24 de abril de 1931

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B – O Estado de S. Paulo 29 de abril de 2013

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C - O Estado de S. Paulo 30 de abril de 1931

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D – O Estado de S. Paulo 03 de maio de 1931

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E – O Estado de S. Paulo 08 de maio de 1931

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F – O Estado de S. Paulo 15 de maio de 1931

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H – O Estado de S. Paulo 16 de maio de 1931

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I - O Estado de São Paulo, 22 de maio de 1931.

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J - O Estado de São Paulo, 23 de maio de 1931.

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L- O Estado de São Paulo, 28 de maio de 1931

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M - O Estado de São Paulo, 29 de maio de 1931

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N - O Estado de São Paulo, 06 de junho de 1931

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O - O Estado de São Paulo, 12 de junho de 1931

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Q - O Estado de São Paulo, o3 de julho de 1931

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R - O Estado de São Paulo, 10 de julho de 1931

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S - O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1931

T - O Estado de São Paulo, 19 de julho de 1931

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U - O Estado de São Paulo, 26 de julho de 1931

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V - O Estado de São Paulo, 29 de julho de 1931

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X - O Estado de São Paulo, 13 de agosto de 1931.