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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - CCHS DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA - DEFIL FACULDADE DE FILOSOFIA DISCIPLINA: Introdução aos Problemas Metafísicos DOCENTE: Ecio Pisetta Discente: Marcus Albuquerque Resumo sobre a palestra do Prof. Renato Kirchner Para efeitos de melhor esclarecimento, creio que seja oportuno apontar alguns conceitos iniciais trabalhados na palestra do Prof. Kirchner, qual nós proporcionou um maior aprofundamento no pensamento de Martin Heidegger sobre Ser e Tempo. Faz-se necessária a compreensão do entendimento dos conceitos de SER e ENTE para Heidegger. É a partir desse entendimento que Heidegger propõe um novo olhar sobre a Ontologia qual considerava o ser como paradigma de tudo que é. Em Heidegger, essa busca pelo entendimento do ser (existência) é proposta através, não mais da análise dos entes (coisas que existem) materiais, mais a partir do próprio ente que questiona o ser, o homem. Dasien (Ser-ai), a presença do ente (o Homem), não consiste em uma presença material no mundo, mas na compreensão da relação com ele mesmo e o mundo em seu entorno. Em Heidegger, partimos não da essência, mas da existência do homem e sua constante definição do que ele é. Entretanto, existem algumas condições e limites a serem consideradas ao Ser- ai do homem, sendo este quem se questiona sobre o ser. Estas

Palestra Prof. Kirchner (Ser e o Tempo)

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Minhas anotações acerca da palestra do Profº Renato Kirchner da USP.

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Page 1: Palestra Prof. Kirchner (Ser e o Tempo)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIOCENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - CCHS

DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA - DEFILFACULDADE DE FILOSOFIA

DISCIPLINA: Introdução aos Problemas MetafísicosDOCENTE: Ecio PisettaDiscente: Marcus Albuquerque

Resumo sobre a palestra do Prof. Renato Kirchner

Para efeitos de melhor esclarecimento, creio que seja oportuno apontar alguns conceitos

iniciais trabalhados na palestra do Prof. Kirchner, qual nós proporcionou um maior

aprofundamento no pensamento de Martin Heidegger sobre Ser e Tempo.

Faz-se necessária a compreensão do entendimento dos conceitos de SER e ENTE para

Heidegger. É a partir desse entendimento que Heidegger propõe um novo olhar sobre a

Ontologia qual considerava o ser como paradigma de tudo que é. Em Heidegger, essa busca

pelo entendimento do ser (existência) é proposta através, não mais da análise dos entes (coisas

que existem) materiais, mais a partir do próprio ente que questiona o ser, o homem. Dasien

(Ser-ai), a presença do ente (o Homem), não consiste em uma presença material no mundo,

mas na compreensão da relação com ele mesmo e o mundo em seu entorno. Em Heidegger,

partimos não da essência, mas da existência do homem e sua constante definição do que ele é.

Entretanto, existem algumas condições e limites a serem consideradas ao Ser-ai do homem,

sendo este quem se questiona sobre o ser. Estas definições são projeções feitas e que

constantemente são revistas.

O ser-no-mundo é entendido por sua mundanidade. É está em determinada situação do mundo

onde determinadas projeções são possíveis (condição), e algumas são impossíveis (limites).

Determinados aspectos são possíveis em determinadas situações de existência, dada

circunstancias temporais, históricas, sociais, enquanto outras não. O ser-com-os-outros, pela

razão de se encontrar inserido em um contexto de coisas prévias a ele, imagens e motivos é

um ser social, não em sua essência, mas nessa perspectiva heideggeriana, em sua existência. É

através do mundo-da-vida e suas interações que se pode pensar na aquisição dos sentidos às

coisas do mundo. Através dessas interações que o Ser Homem é preenchido de sentidos,

sendo estes, então, construídos, interpretados, mantidos e transformados. O ser-para-a-morte

pode ser entendida como uma projeção da consciência da finitude da vida. O perpétuo projetar

do ser-homem não é eterno, tendo sua durabilidade entendida na consciência da vida.

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Entretanto, é na consciência da morte que insurge o projetar e os projetos do ser. Essa

consciência pressiona, durante toda a vida, a realização de algo, de projetos. E é nessa

angústia que o homem reencontra sua conexão com seu ser-para-a-morte e faz com que se

relembre da sua incontornável condição de Ser-aí.

Apresentadas as linhas iniciais, torna-se mais fácil o entendimento do tempo, se o

apreendermos como algo inerente a existência do ser, do Ser-aí, pois no tempo está sua

possibilidade de projeção, a busca de seu projeto projetado, a conscientização do próprio

tempo e da certeza da morte e a possibilidade de reencontro com o sentido do seu Ser-ai.

Outra inquietação de Heidegger é sobre o Tempo. A preocupação de Heidegger consiste em

estabelecer uma diferença básica entre o modo de conceber o tempo nas ciências naturais e o

modo de conceber o tempo nas ciências históricas, que todo e qualquer número histórico só

possui sentido e valor no âmbito da ciência histórica, na medida em que se levar em

consideração o significado do conteúdo histórico. Como exemplo, o Prof. Kirchner nos

propôs a leitura e entendimento dos enunciados: Die zeit redmen (Contar o tempo), proposito

das ciências naturais e Redmen muit des zeit (Contar com o tempo), proposito da ciência

histórica.

Segundo elucidou-nos o Prof. Kirchber, o tempo histórico em Heidegger é fundamentalmente

qualitativo e este conceito implicaria em compreender que a própria vida humana se

temporaliza. Significados, datas seriam uma compactação desses agoras, com sentido e valor,

por exemplo, em datas públicas onde são comemorados eventos históricos. Ao pensar na

ciência história e sua relação com o tempo, percebemos que a estas datações são atribuídas

significações, sentidos, valores, não devendo reduzi-la aos parâmetros das ciências da

natureza. Este tempo percorrido pelo Ser-aí está intrinsicamente ligado ao seu devir e toda sua

existência no mundo, na medida em que ele é capaz de dar significação história aos

momentos, por conta de seus sentidos e valores, o que em Heidegger pode ser considerado

como algo essencialmente antológico.