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DEZEMBRO DE 2018 - ANO VI - Nº 53

EXEMPLAR GRÁTIS

FLORIPA - SÃO JOSÉ - PALHOÇA - BIGUAÇU - SANTO AMARO DA IMPERATRIZ

Páginas 22 e 23

CONVERSA DEESQUINA COMFERNANDO DAMÁSIO

Página 24

JACK OMARUJO POR

NEI DUCLÓS

O bairro Potecas, em São José, onde há 30 anos existe uma lagoa de esgoto da Casan, fonte de mau cheiro eproblemas de saúde, está prestes a receber um cadeião.O que é pior: esgoto ou depósito de presos? Páginas 4 a 6

ACABOU ATETA. A VACAFOI PARA OBREJO

Página 2

ESGOTO E CADEIÃO. NINGUÉM MERECEFernando Klepzig/Zig! Filmes/BD

Oque todo mundo tinhacerteza se confirma: arestauração da Ponte

Hercílio Luz é um caminho poronde são desviados milhões derecursos. Esse poço sem fundosangra os cofres públicos e o nossobolso há 30 anos.

Demorou, mas o MinistérioPúblico de Santa Catarina (MPSC)moveu (17/12) uma ação deimprobidade administrativa contraquatro empresas e oito pessoaspara que devolvam mais de R$ 233milhões desviados nas obras daPonte Hercílio Luz.

A ação é da promotora deJustiça Darci Blatt, que pede aojuiz da 1ª Vara da Fazenda aindisponibilidade dos bens detodos os envolvidos num total deR$ 233.675.518,92. Estãoenvolvidos seis pessoas doDeinfra, dois empresários e quatroempresas.

São elas: Romualdo França ePaulo Meller (ex-presidentes doDeinfra); Wenceslau Diotallévy,Antônio Carlos Xavier, e NelsonLuiz Picanço (ex-servidores doDeinfra); Lyana Cardoso(servidora do Deinfra); WilfredoBrillinger e Paulo Almeida(empresários); e as empresasProsul, Concremat, Espaço Aberto

e CSA Group.O MPSC investiga a obra desde

2006, principalmente contratoscom acréscimos de valor,alterações de projeto, carência delicitação, falta de fiscalização eaplicação de multa, alémsubcontratações. Os envolvidostiveram enriquecimento ilícito elesaram o patrimônio público.

Segundo o MPSC houvedescumprimento proposital da Leide Licitações, com aditivos de até25% do valor total do contrato. Aempresa de fiscalização, segundo apromotora, foi conivente.

“O conluio entre as empresas ea ganância por mais e mais aditivosquando se tem um consórcio querecebe regularmente os valores docontrato para realizar a restauraçãoda ponte, mas não efetua pelomenos 50% (da obra). E de outrolado, outro consórcio que recebepara ‘fiscalizar’ as obras derestauração sem que o façaefetivamente, já que se mostra bemmais interessante fechar os olhospara tais equívocos, evitando,assim, que multas sejam aplicadas erescisões ocorram de forma maiscélere para que, dessa forma, possair permanecendo com o decorrerdos anos e recebendo verbasestratosféricas com aditivos

escancaradamente abusivos”, diz apromotora.

Buraco fundo – O que oMinistério Público descobriu éapenas uma parte do buraco. AHercílio Luz, que já foi um marcona engenharia mundial na época dasua construção, virou um símbolode desperdício e desvio de dinheiropúblico.

Com 92 anos, inaugurada em 13de maio de 1926, agora a HercílioLuz é considerada “a maior tetapública da história deSanta Catarina”,segundo publicou ojornal Bom Dia, naedição 47.

É difícil saberquantos milhões foramgastos na suamanutenção erestauração desde quefoi desativada em 1982.Um dos cálculos, daTransparência doGoverno, estima em R$429 milhões (com oúltimo aditivo de R$ 37milhões). Outro, doMinistério Público deContas, estima em R$562 milhões, segundorelatório do procuradorDiogo Ringenberg que

foi entregue há dois anos à 26ªPromotoria de Justiça. Com essevagalhão de recursos daria para terconstruído três pontes novas emFlorianópolis. A de Laguna, porexemplo, inaugurada em 2015 eque tem 2.800 metros custou R$700 milhões. A Hercílio Luz é duasvezes e meia menor: tem 819metros. Façam as contas. Masrápido antes que roubem acalculadora.

2 DEZEMBRO DE 2018Florianópolis - São José - Palhoça - Biguaçu - Sto Amaro da Imperatriz

EDITORJurandir Camargo

COMERCIALFernando Damásio

DESIGN GRÁFICORonaldo Ferro

DIRETORESFernando Damásio e Jurandir Camargo

CIRCULAÇÃOFlorianópolis, São José, Biguaçu, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz

ENDEREÇOSAv. Josué Di Bernardi, 185 - Sl 27 - Campinas, São José, SC - CEP 88101-200

Rua João Motta Espezim, 1.107 - Saco dos Limões, Florianópolis, SC - CEP 88045-400

Fone (48) 98477-1499www.bomdiafloripa.com.br

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TIRAGEM: 6 MIL EXEMPLARESFUNDADO EM 11 DE OUTUBRO DE 2013

COLABORADORESCarlos Moura, Fernanda Damásio e Nei Duclós

A VACA FOI PARA O BREJO


Parece castigo. Potecas, bairrode São José que tem umalagoa de estabilização da

Casan que recebe mais de 20milhões de litros de esgoto por dia,e virou o lugar mais mau cheirosoda Grande Florianópolis, estáprestes a ganhar também um centrode triagem de presos, o famosocadeião.

A decisão já está tomada e é dojuiz da Vara da Fazenda, OtávioMinatto, sacramentada emaudiência de conciliação no dia18/6. A discussão já durava cincoanos. Mas o impasse ainda respira efoi parar, agora em novembro, naJustiça Federal de Florianópolis, noCejuscon (Centro Judiciário deSolução de Conflitos e Cidadania)onde houve mais uma audiência deconciliação: a Secretaria de Justiça eCidadania do Estado (SJC) querconstruir o cadeião mas não querpagar o valor do terreno quepertence ao município; e a prefeitaAdeliana Dal Pont quer comocontrapartida ao cadeião que aCasan transforme a lagoa deestabilização de Potecas em umaestação de tratamento, para acabarcom o mau cheiro na região. Eexige ainda que o Estado construaum parque público onde é a lagoade esgoto. A decisão está nas mãosda Justiça.

Já os moradores, que há 20 anosprotestam e sofrem com a lagoa deesgoto, não querem nem ela muitomenos o cadeião.

A lagoa fede e afeta a saúde demuita gente. O ar que se respira porali tem uma carga ácida, ardenarinas e olhos, e tudo que é demetal é corroído. A sensação é quehá um nuvem química no ar, quenão se vê mas intoxica.

Segurança - Depois do desastrena barragem de Mariana, em MinasGerais, os moradores que estão narota da barragem de Potecastambém se preocupam com asegurança da lagoa de estabilização. A lagoa de esgoto de Potecas foiconstruída em 1990, é a mais antigade SC e foi dimensionada parareceber um volume de 200 litros deesgoto por segundo. Mas, quase 30anos depois, com o fortecrescimento populacional e novasredes de coleta (grande parte doesgoto vem de Florianópolis), podeestar recebendo 300 litros de esgoto

por segundo ou mais. Ninguémfala.

Usando os dados mais antigosda Casan, que apontam que a lagoade estabilização recebe 200 litros deesgoto por segundo, multiplicandochega-se a 12 mil litros por minuto,720 mil por hora e mais de 17milhões de litros de esgoto por dia.Mas dentro da lagoa tem muitomais do que isso.

A preocupação é que abaixo dabarragem, quase colado, estão ascasas do bairro Ciniro Martins, comuma sequência de vizinhos nosbairros Lisboa, Forquilhas, SanMarino e Vila Formosa, que ficamno caminho de um extenso vale. Alitambém corre o rio Imaruí.

A cidade de São José cresceudesordenadamente e ainda crescemuito naquela região, e a lagoa daestabilização de esgoto agora estácercada de casas e pessoas.Mas técnicos da Casan descartam orisco de rompimento. Em Marianatambém não havia risco e abarragem rompeu. Depois dodesastre de Mariana, ninguém maisconfia na resposta padrão: “Asegurança é total”. Um outro questionamento: como alagoa de estabilização recebe maisde 17 milhões de litros de esgototodo dia, e aparenta ter sempre omesmo nível, onde é lançado oexcesso?

A luta dos moradores de Potecase bairros do entorno contra a lagoade estabilização é de décadas. Nesseperíodo, a Casan prometeu tudo,cumpriu pouco e fez investimentosque não deram em nada, como asimensas estruturas de lona para aqueima de gás metano. Colocadas

sobre a lagoa, desabaram, ficaramdanificadas, afundaram no lodo eno esgoto e sumiram.

Em junho de 2016, ação doMinistério Público do MeioAmbiente pediu a remoção da lagoapara outro local, mais adequado,com novos equipamentos. E aúltima decisão da Justiça que se temnotícia é a que dá um prazo de 24meses para a Casan resolver tudo.

Cadeião – O segundo drama dePotecas, o cadeião, está apenascomeçando. O juiz da Vara daFazenda, Otávio Minatto, em umaaudiência de conciliação decidiu queo Cadeião será construído emPotecas. A Secretaria de Estado deJustiça e Cidadania, que pretendiafazer a obra no bairro FazendaSanto Antonio, disse que vai acatara determinação.

O projeto da Central de Triagemde presos, como o cadeião échamado na linguagem técnica, aprincípio deveria ter 412 vagas queatenderiam a Grande Florianópolise ajudariam a aliviar a tensão nassuperlotadas cadeias catarinenses.Hoje, a estimativa é que haja umdéficit de cerca de 4 mil vagasprisionais.

Mas ninguém confirma se ocadeião de Potecas será só parapresos da Região Metropolitana ouse terá caráter geral. De qualquerforma, e se obra for feita mesmoem Potecas, além de deixar osmoradores inseguros, de cara vaiafetar um série de grandesemprendimentos imobiliários noentorno. Na escala de repulsassociais, preso é considerado muitomais tóxico e nocivo que uma lagoa

de esgoto. A prefeita de São José, Adeliana

Dal Pont, que entrou com váriosrecursos na Justiça contra a centralde triagem, vai ter que aceitar adecisão judicial. Mas ela briga paraque o Estado pague pelo terreno domunicípio onde ficará o cadeião econstrua uma estação detratamento de esgoto e um parqueem Potecas.

São José, segundo a prefeita,nunca se negou a receber umaunidade prisional, ao contrário doque diz o Governo do Estado. MasAdeliana queixa-se que “quandoeles (governo) não têm solução parao problema, eles colocam São Josécomo a solução”.

O município nega-se a doarterreno ao Estado porque emoutras cidades as áreas paracomplexo de presos foramcompradas pela Secretaria deJustiça. Em entrevista recente aprefeita disse que São José não vairesolver o problema carcerário doEstado: “Cada vez que o juiz deexecução penal aperta a Secretariada Justiça por falta de vagas, elesbotam na mesa a cidade de SãoJosé”

Há também uma desconfiançasobre o projeto do cadeião. Quandotudo começou, há mais de quatroanos, o pedido era para 248 vagas echegou-se a projetar 900. Falou-sedepois em 500 e a informação maisrecente é de que serão 412 vagas.Mas o problema é que nas cadeiasdo Brasil todo dia cabe mais um. Eo sistema penal é um ineficiente,superlotado e desumano depósitode presos.

CIDADE ULTRAJADA

LAGOA DE ESGOTO E CADEIÃO. É CASTIGO?Fernando Klepzig/Zig! Filmes/BD

5DEZEMBRO DE 2018Florianópolis - São José - Palhoça - Biguaçu - Sto Amaro da Imperatriz

Ahistória de São José vemsendo desrespeitada háquase dois séculos. As

perdas foram muitas. Começoucom a diminuição de território. Até1840, tinha uma área de mais 10mil km². A grande São Joséenglobava o que é, hoje, osmunicípios de Garopaba, PauloLopes, Anitápolis, São Bonifácio,Santo Amaro da Imperatriz, ÁguasMornas, Bom Retiro, AlfredoWagner, Urubici, Angelina, SãoPedro de Alcântara ePalhoça. Pouco mais de 150 anosdepois, em 1999, o território deSão José estava reduzido a 116km².

A perda territorial mais sentidaveio de uma decisão políticaautoritária, que provocou danosasconsequências econômicas a SãoJosé. Foi em 1943, quando umacanetada do interventor NereuRamos anexou o dinâmico distritode João Pessoa, que pertencia aSão José, a Florianópolis. Hoje oantigo distrito de João Pessoa é odinâmico bairro do Estreito.

São José perdeu umaimportante área geradora de

recursos ao município, pois nodistrito confiscado haviamabatedouros e indústrias desubprodutos do boi, e perdeu-setambém os bons negócios com asvendas e transporte demercadorias para a Capital.

Lepra e loucosA década de 1940 foi pródiga

em decisões que se caracterizarampela total falta de respeito com omunicípio. Foi nesse período queconsolidou-se o sentimento de que“se é ruim, coloca em São José”.

No ano de 1940 o interventorNereu Ramos inaugurou, no bairrode Santa Tereza (hoje pertence aSão Pedro de Alcântara) o primeiroe único hospital para hansenianos(leprosos) de Santa Catarina, oHospital Santa Tereza.

No Brasil, da década de 30 até ade 70, os doentes de hanseníase(até então uma doença sem cura)eram segredados e isolados doconvívio da população emhospitais-colônias. Era comum

agentes públicos darem “batidas”em residências em busca deleprosos, e até mesmo queimar ascasas onde eles viviam. A políticasanitária do Estado Novo, naditadura de Getúlio Vargas, eraisolar os hansenianos. O bairroSanta Tereza, que deu nome aohospital, também viveu isolado,segregado e estigmatizado durantedécadas.

Dois anos depois, em 1942,novamente Nereu Ramos escolheuSão José como o lugar ideal paraimplantar um hospício, conhecidocomo Hospital Colônia Santana,que receberia doentes mentais deFlorianópolis e de outras regiõesdo Estado. A política sanitária era amesma: retirar do convívio socialos tidos como loucos para“amenizar seu sofrimento eproteger o meio social”.

Até então, doentes mentais emSC ficavam em imundas cadeias,nos porões das Câmarasmunicipais, chamadas de Casas daCâmara e Cadeia. Eram estruturascomo o prédio da antiga Câmarana Praça XV, recém restaurado,onde os loucos eram trancafiadosaté o início do Século XX.

Internações só eram possíveisem Azambuja, no município deBrusque, onde irmãs daCongregação da DivinaProvidência mantinham, desde1901, uma casa de madeira comorfanato e um hospício; e emJoinville. A estrutura em Brusquevirou Santa Casa e, quando oCônsul Carlos Renaux construiuum novo hospital em Azambuja,em 1936, os doentes mentaisacabaram sendo transferidos para

São José, junto com os loucos deJoinville.

Com capacidade para 300 leitos,o Hospital Colônia Santana já nainauguração tinha 311 pacientes,11 a mais do que sua capacidademáxima. Em 1947 eram 428internos, e terminou a década de1950 com cerca de 800. Em 1967,tinha 1.773 internos e, no anoseguinte, foi colocado na lista doshospitais psiquiátricos queutilizavam os chamados leitos-chão, camas improvisadas no chãopara internação de pacientes. AColônia Santana viveu tempos dehorror até 1970, quandoamontoava 2.200 internos emprecárias condições, ápice de suasuperlotação e da loucura sanitária.

Na década de 1970 foiincorporado à FundaçãoHospitalar de SC, ganhandofinalmente uma política deassistência psiquiátrica queculminou com a sua transformaçãoem Instituto de Psiquiatria doEstado de Santa Catarina (IPq-SC).

Michel Foucault, filósofofrancês que foi professor deHistória dos Sistemas doPensamento no Collège de France(morreu em 1984) e era contra apolítica de confinamentos, já haviadito que no final da Idade Média,por volta do Século XV, com odesaparecimento da lepra a loucuraé que passou a ser confinada. Ovazio deixado pelos leprosos foiocupado pelos loucos. Em São José, a realidade mostrouo contrário: a lepra e a loucuraforam confinadas ao mesmotempo.

CIDADE ULTRAJADAFotos: Fernando Klepzig/Zig! Filmes/BD

TUDO QUE É RUIMVEM PARA SÃO JOSÉÉ isso o que mostra a história nos últimos 200 anos.São José sempre foi tratada pelo Estado comocidade onde se pode tudo.

CASAS CONSTRUÍDAS na beira da barragem. Qual a segurança que existe?

PREFEITA ADELIANA DAL PONT quer acabar com a lagoa de esgoto. Exige que ogoverno faça uma estação de tratamento como contrapartida ao cadeião


São José é o quarto municípiomais antigo e o quarto maiorem população de Santa

Catarina, com 243 mil habitantes(estimativa do Ibge 2018); tem umPIB (Produto Interno Bruto) de R$10 bilhões, o 5º do Estado; aprefeitura é uma das poucas em SCque está com as contas no azul; e naCâmara, dos 19 vereadores, cercade 70% têm formação superior.

Com essas características, SãoJosé deveria ser uma cidade maisrespeitada. Mas não é. E faz muitotempo. O município sempre foiuma espécie de patinho feio.

Além de receber muita coisa quea Capital não quer, como o seupróprio esgoto, que é levado deFlorianópolis para ser despejado acéu aberto na lagoa de Potecas, SãoJosé também tem outras chagasurbanas.

Por exemplo: a BR 101. Arodovia federal, que na regiãoganhou o nome de um político

paulista (até isso), o falecidogovernador Mário Covas, divide acidade em duas. Ao longo dela foilevantada uma verdadeira mureta davergonha, que separa famílias emoradores. A concessionária,apesar dos protestos, deixou apenasmeia dúzia de acessos para aspessoas deslocarem-se na própriacidade num trecho de mais de 15Km.

Durante anos, São José tambémfoi ponto final para os migrantesque vinham atrás de vida nova naCapital. Na década de 60, com oinício do grande êxodo rural dosmunicípios da RegiãoMetropolitana, da Serra e do Oeste,em busca de empregos emFlorianópolis, São Josétransformou-se em cidadedormitório. Com imóveis maisbaratos, o migrante morava nomunicípio e trabalhava Capital.

Apesar de ter recuperado parteda autoestima com o

desenvolvimento (a cidade tem 243mil habitantes), São José não vivesem situações constrangedoras. Hápouco tempo, o pórtico da cidade,uma estrutura em metal sobre aponte do Rio Araújo (separa omunicípio da Capital) foiderrubado. Seus alicerces, por

incrível que pareça, estavam ficadosdo lado de Florianópolis. E paracompletar esta sina, a estátua dopadroeiro, o São José, que ficavasob um pedestal na Avenida BeiraMar, foi derrubada por umvendaval. O santo nunca maisvoltou

CIDADE ULTRAJADA

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Florianópolis, com R$18,6 bilhões e SãoJosé, com R$ 15,3

bilhões ocupam o 3º e o 5ºlugares no ranking dosmunicípios de SantaCatarina com maior geraçãodo PIB (Produto InternoBruto). Os dados são de2016, segundo divulgou oIbge (Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística). Em2015, o PIB de Floripa era o2º maior, mas o municípiofoi superado por Itajaí em2016.

Veja o ranking dos cincomaiores geradores de PIBem SC em 2016

CIDADE PIB (EM BILHÕES)Joinville 25,6Itajaí 19,2Florianópolis 18,6Blumenau 15,3São José 9,9

Interessante nos dadosdo Ibge é o ranking nacional:apenas seis municípiosrepresentaram quase 25% daeconomia brasileira em2016: São Paulo com 11%,Rio de Janeiro com 5,3%,Brasília com 3,8%, BeloHorizonte com 1,4%,Curitiba com 1,3% e Osascocom 1,2%.

Enquanto isso os 1.262municípios do Semiárido,

somados, geraram somente5,1% do PIB nacional.Dados da Firjan (Federaçãodas Indústrias do RJ)também confirmam essedesarranjo: um em cada trêsmunicípios brasileiros nãoconsegue gerar receitasuficiente nem para pagar osalário de prefeitos,vereadores e secretários. Oproblema atinge 1.872cidades, que dependem dosEstados e da União parabancar o custo crescente dasua máquina pública.

E lá no Congresso estáum projeto de lei quepermite a criação de 400novos municípios.

PIB DE FLORIPA ESÃO JOSÉ ENTRE OSCINCO MAIORES DE SC

Os eleitos Dia 1º de janeiro de 2019 Jair Messias Bolsonaro

assume a presidência da República do Brasil. EmSanta Catarina, Carlos Moisés da Silva assume o cargode governador do Estado. Os dois políticos são domesmo partido, o PSL, e ex-militares: Bolsonaro,capitão-paraquedista do Exército, e Carlos coronel-bombeiro. Também são crentes em Deus.

Segundo a Bíblia, Messias significa ungido, aqueleque veio para mudar o mundo. E Moisés, ainda deacordo com a Bíblia, salvou o povo judeu daescravidão no Egito, abriu as águas do Mar Vermelhodurante a fuga e, ainda, recebeu a tábua com os DezMandamentos.Como se vê, Messias e Moisés não eram fracos. Que seu homônimos Jair Messias e Carlos Moiséstenham a mesma estrela e façam bons governos.

Divulgação/BD


Aorla do Centro Histórico deSão José, na região atrás doprédio da Câmara de

Vereadores, onde no passado jáexistiu um trapiche com grandemovimento de mercadorias epessoas, pode retomar o passadode convivência da cidade com omar. A ordem de serviço para tocaro projeto de revitalização da orla jáfoi assinada pela prefeita AdelianaDal Pont em solenidade realizadana Praça Arnoldo Souza, em frenteà Câmara de Vereadores, este mês.

A primeira providência:derrubar o Ginásio de EsportesCarlos Varela, construído em 1987,que foi praticamente destruídonum vendaval há dois anos e ficouabandonado porque a prefeitura jáprevia sua demolição no projeto derevitalização.

Duas empresas serãoresponsáveis pela execução daobra. A urbanização da orla e ainstalação do mobiliário urbanoserão tocadas pela DJPConstruções, e o trapiche seráconstruído pela ProgetConstruções. O prazo de execuçãoé de oito meses e, no total, serãoinvestidos cerca de R$ 3 milhões,valor proveniente da devolução derecursos pela Câmara municipal aoExecutivo.

Se tudo correr dentro do prazo,em meados de agosto de 2019 oCentro Histórico de São Joséganhará um nova cara e a cidadevoltará a ter uma relação maisefetiva com o mar.

O projeto de revitalização daprefeitura prevê a construção deum trapiche fixo e trapicheflutuante na orla; jardim de acessoao trapiche e jardim da CâmaraMunicipal, além de uma nova praçacom áreas de contemplação,piquenique e academia; e tambémquadras esportivas, áreas deconvivência e iluminação.

Turismo - Voltado novamentepara o mar e com áreas de lazer econvívio, o Centro Histórico teráestrutura e equipamentos paraincrementar o turismo, otransporte marítimo e os esportes

náuticos. Para isso, o trapiche será maior

que o da Ponta de Baixo: terá 3,6metros de largura, cerca de 80metros de comprimento e doisflutuadores, que serão fixados nalateral da estrutura. A equipetécnica garante que essa dimensãojá proporcionará calado suficientepara as embarcações. No trapicheda Ponta de Baixo os flutuadoresapresentaram problemas poucotempo depois de instalados.

A construção de uma escadariade contemplação, que ligará umaparte da calçada nos fundos doprédio da Câmara de Vereadores

com o mar permitirá que aspessoas possam sentar-se para vera paisagem e o mar.

No espaço do ginásio demolido,surgirá uma nova praça, bicicletárioe duas quadras, sendo umapoliesportiva e outra com gramasintética. A praça terá mobiliário,mesas de xadrez e espaço parapiquenique. No paisagismo, adisposição das árvores prevê quedas 12h às 13h haja sombra sobreas mesas. O projeto prevê aindafaixas elevadas para pedestres,melhoria das calçadas e do sistemade iluminação, que passará a terlâmpadas LED.

DE FRENTE PARA O MARA revitalização da orla do Centro Histórico e a construção de um novo trapichevai resgatar a histórica relação de São José com o mar

Reprodução/Divulgação/BD


CANAIS DAASSEMBLEIA LEGISLATIVADE SANTA CATARINA

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No passado, por volta de 1908,havia um trapiche no mesmo localonde será construído a novaestrutura. O antigo trapiche foirestaurado nas décadas de 20 e 40,até desaparecer. O local era usado,principalmente, para o transportede mercadorias para a Capital, eservia como um ponto de encontrodas famílias

A área, atrás da Câmara deVereadores e onde também existiu

um campo de futebol, éconsiderado o marco zero dacidade pois foi ali quedesembarcaram no dia 26 deoutubro de 1750 os 182 casaisaçorianos que formaram opovoado de São José da TerraFirme, hoje a cidade de São José.

Velejadores estão otimistas coma perspectiva dessa retomada docontato da cidade com o mar, poisa obra de revitalização pode abrir

condições para os esportesnáuticos em São José.

O artista plástico Plínio Veranisempre diz que a vocação históricade São José é ficar de frente para omar. “Em um determinadomomento, a cidade deu às costaspara a orla, perdendo o uso do marcomo transporte e como lazer”.Ele, desde a apresentação doprojeto à comunidade pela prefeita,em setembro de 2017, diz que o

projeto vai proporcionar o resgatedessa relação histórica com o mar.

A prefeita Adeliana Dal Pont dizque “será uma grande satisfaçãovivenciar junto com a comunidadeeste momento especial para acidade de São José. Esta é umaobra importante que incentivará oturismo e voltará novamente onosso Centro Histórico para o mar,além de possibilitar mais áreas delazer e convívio para a população”.

Reprodução/Divulgação/BD

Marco zero cidade IMAGEM mostra o antigo trapiche atrás do prédio onde hoje funciona a Câmara de Vereadores


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DESTAQUEFernanda

BabyAnny Bezerra

realizou com muitoamor e carinho o cháde bebê do seu filho

Alexandre e agradecea presença das amigas

que vieram de longepara prestigiá-la.

NoelO “fofurômetro” explode com essa ajudante dePapai Noel. A blogueirinha @bellabragagnolodeseja um Feliz Natal a todos.

Da BahiaA aula de zumba do professor Nata Quadros contou com a presençaespecial de Vinícius Nogueira Vasconcelos, direto de Salvador.

ParabénsAnyele Liann, articuladora do Grupo ConexãoFlorianópolis, comemorando o primeiro ano doseu filho Matteo. (Foto: Flávia Laurentino)

ClickIsis Menna Cordeiro posou para as lentes deFerraz Fotografia no ensaio para seu 1° aninho

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Também queroJair Bolsonaro, já diplomado presidente da República; Esperidião Amin eleito senador; e, também

tentando aproveitar o vento Norte, o vereador Pitanta, que diz querer ser prefeito da Palhoça em2020. Será que emplaca? Se os padrinhos forem os dois da foto, é um bom começo.

No MercadoPaulo Azevedo, o rei do Estreito, e o

Dr. Raul Rabelo no Mercado Público deFlorianópolis. Afinal, ninguém é de ferro.

PrêmioA coordenadora de comunicação da Alesc,

Thamy Soligo, recebeu das mãos do presidente,deputado Silvio Dreveck a premiação comodestaque no ano de 2018.

Com a galeraFernando Souza com os amigos de grandes festas. Na foto Joel, Fernando,

Junior, Maneca, Miguel e Antonio. A turma só quer alegria.


Trio forteDe bem com a vida: Orlando Becker, Ricardinho Machado e

Beaco Vieira já se preparando para entrar em 2019 com muitaalegria. Porque viver ainda é a melhor coisa.

Elegância e simplicidadeGioconda Seeling, ao lado do seu amado, é uma das mulheres mais

convidadas para as grandes festas na região de Balneário Camboriu. Tudoisto por sua simpatia, elegância e, principalmente, pela simplicidade.

PoetaNildo Pedro de Assunção, um dos melhores poetas da Grande

Florianópolis, sempre bem recebido pelos secretários da Prefeiturade São José. Na foto com Waldemar Bornhausen, que é umentusiasta em ouvir as criações do poeta.

De pai pra filhoO boa praça Raul (do Bar Bidu) e seu filho Artur disputam

quem tem o sorriso mais contagiante. Os dois são inseparáveis.Amor de pai e filho é outra coisa.

Felizes da vidaDesembargador Carlos Adilson Silva e sua esposa, a

fotógrafa Glaucia Mattos, já em ritmo das festas de final deano desejam a todos um 2019 de felicidades.

Belo casalO músico Carlos Marrone e sua esposa Raquel, em hora de

descanso depois de várias apresentações musicais. A agendadele está sempre carregada. O homem é show.


JACK O MARUJO

NEI DUCLÓS

Ocapitão Jack o Marujorevela-se poético,filosófico, bruto, amoroso

e em todas as respostas, sincero eencantador. Conquista maisadmiração e entusiasmo, conformeo mundo vai afundando emmentiras deslavadas, interessesescusos, firulas teóricas e outrosexpedientes. Aqui, mais uma seletada sua esmerada arte de ser precisonas frases.

Toda mensagem que o sr.envia chega ao destino?perguntou a repórter.

- Só falha quando algum pombocorreio se apaixona, disse Jack oMarujo.

- Meu candidato perdeu.Portanto, os tempos sãosombrios.

- Os tempos não votam, disseJack o Marujo.

-Tive que abandonar o curso.Perseguição ideológica, disse oOficial de Manutenção dasMáquinas.

- Ser um técnico não vale nada,disse Jack o Marujo. Ou você segueo Manual de Instruções que elesconfundem com teoria ou vocêserá perseguido.

Tem muita gente boapartindo para sempre, disse oveterano.

- Melhor que isso pare. Nãotemos mais reservas, disse Jack oMarujo

- O sr. não tem medo deafundar com o navio? perguntoua visitante.

- Todo navegar é naufrágio,disse Jack o Marujo.

- Sua viagem foi diferentemas o relato é idêntico ao daoutra vez, capitão.

- É que as palavras se repetem,

mas a vida não, disse Jack o Marujo.

- O sr não bebe, não joga enão fuma? Nem parece homemdo mar. O que mais o sr não faz?

- Não respondo pergunta idiota,disse Jack o Marujo.

- Me aguarde, disse opretensioso.

- Ah sim, não tenho mais o quefazer, disse Jack o Marujo.

-Tem gente que acredita emETs, capitão.

- Cada um na sua. Outrosacreditam que podem viver depoesia, disse Jack o Marujo.

- O que faz um capitão denavio?

- Nada, disse Jack o Marujo.Posa de perfil olhando o horizontee de vez em quando aponta para oinfinito.

- Já que o sr. sabe tudo, mediga o que é liberdade, capitão?

- Liberdade é tudo o que vocêdespreza, disse Jack o Marujo.

O Imediato se aposenta eavisa:

- Qualquer dia vou visitar osr. onde estiver, meu capitão.

- Venha, disse Jack o Marujo.Moro onde conversam comigo.

- Por que será que o mundoficou tão insuportável, capitão?- Antigamente falavam não te metee todos obedeciam, disse Jack oMarujo.

- O sr. acredita empremonição, capitão?

- Sim, disse Jack o Marujo. Hojeeu estava prevendo que um chato iame fazer essa pergunta.

- Como é que é essa coisa daidade? perguntou a repórter. Oque é envelhecer?- Envelhecer é ficar velho, disseJack o Marujo.

- O sr. gosta de conversarcom o mar, capitão?- Sim, disse Jack o Marujo. Elejamais me responde.

- Escrevo para garotas, disseo poeta romântico.

- Elas vão preferir quem escrevapara os piratas, disse Jack o Marujo.

- Vou lhe dizer uma coisa,disse o Ministro.

- Não me diga coisas, disse Jacko Marujo. Não tenho mais ondeguardar.

- Devemos respeitar osantigos por sua sabedoria?perguntou o Grumete.

- Não, apenas por sua coragem,disse Jack o Marujo.

- Não entendi direito,capitão.

- Tua intenção não é entender,mas lançar suspeitas sobre o que eufalei, disse Jack o Marujo.

Qual momento emocionamais o sr., capitão?

- Quando amanhece logo depoisde eu partir e o vento bate no rostocom a força de uma promessa,disse Jack o Marujo.

- O senhor está entre osúltimos, disse o corregedor.

- Já esperava por isso, disse Jacko Marujo. Meu lugar na fila ficasituado na próxima vida.

- Prefere ilha, mar oucontinente, capitão?

- Prefiro o vento, que não cultivaraízes, disse Jack o Marujo.

- Já vai levantar âncora,capitão? Fique até o Ano Novo.

- Não posso, disse Jack oMarujo. Daqui a pouco acaba omar.

- O sr. é uma pessoa comum,capitão?

- Não, não sou, disse Jack oMarujo. Não faço esse tipo depergunta.

- Concordo plenamente como sr. E digo mais...

- O teu mais é dizer exatamenteo contrário do que falei depois defingir que concorda, disse Jack oMarujo.

AMOR E MOCIDADE

- Não acho correto nem àaltura da sua biografia tentaragradar a mocidade com frasesde efeito, disse o Almirante.

- A inocência é um aplausolegitimo, disse Jack o Marujo. Nãotenho influência sobre ela, poispassará como as folhas mortas.Mas posso me esforçar para torná-la menos dolorosa dizendo averdade sem matar a esperança. `

- Não gosto de suas pensatas,disse a admiradora. Só quandodiz na lata.- É a idade, disse Jack o Marujo.Perdemos a embocadura dapalavra. Ela não se deixa maisapanhar no bate pronto.

- Posso te chamar de amor?perguntou a Sereia.

- Sim, disse Jack o Marujo. Esseé o meu nome de batismo. Perdi naguerra, mas trouxeste do fundo domar

O senhor confunde sereiacom mulher, disse a passageira.

- Engano seu, disse Jack oMarujo. É só um disfarce que nãose sustenta. Ela deixa a sereia nomar quando me beija.

- E o senhor se deixa atrairpor uma fantasia?

- É justo. Ela também acreditaque eu seja capitão de um navio.Mas eu tiro o boné quando medeito.

A ARTE DE DIZER NA LATA

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