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SCHUFER, Pamela Samara; MENEGHETTI, Tarcísio. A Responsabilidade Civil das Instituições Financeiras pelo Protesto Indevido dos Títulos de Crédito. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 5, n.1, p. 582-602, 1º Trimestre de 2014. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044. 582 A RESPONSABILIDADE CIVIL DAS INTITUIÇÕES FINANCEIRAS PELO PROTESTO INDEVIDO DOS TITULOS DE CRÉDITO Pamela Samara Schufer 1 Tarcísio Meneghetti 2 SUMÁRIO Introdução; 1. Dos Títulos de Crédito; 1.1. Conceito de Títulos de Crédito; 1.2. Características dos Títulos de Crédito; 1.3. Classificação dos Títulos de Crédito; 2. Do Protesto; 2.1. Conceito de Protesto; 2.2. Requisitos do Protesto; 2.3. O Ato do Protesto e sua Formalização; 2.4. Da Sustação e cancelamento do protesto; 2.5. Do Protesto Indevido de Títulos e documentos; 3. Da Responsabilidade Civil pelo Protesto Indevido; 3.1. Conceito; 3.2. Pressupostos da Responsabilidade Civil; 3.3 Responsabilidade por ato próprio; 3.4 Das Responsabilidades das Instituições Financeiras 3.4.1 Da Responsabilidade Civil do Sacador, do Portador e do apresentante do Título ou Documento e Instituições Bancárias; 3.4.2 Danos Morais Causados por Apontamento ou Lavratura de Protestos Indevidos; Considerações Finais; Referências das fontes citadas. RESUMO O presente trabalho tem por finalidade, apresentar a responsabilidade civil das instituições financeiras, pelo protesto indevido de títulos de crédito, esclarecendo quem realmente participa de um protesto de Título de Crédito, e expondo quem são os responsáveis civilmente. Primeiramente, o artigo em questão visa detalhar o Título de Crédito, conceituando-o e demonstrando as suas características. No segundo capítulo, a pesquisa apresenta o protesto, conceituando o mesmo, bem como expondo os requisitos principais para que exista o protesto do título de crédito, adentrando sobre a sustação e o cancelamento do protesto e finalizando o capítulo com o protesto indevido. Por fim, no terceiro capítulo, buscando esclarecer o que vem a ser a Responsabilidade Civil, onde esta conceituada, explicando também os pressupostos da Responsabilidade Civil, direcionando para o ramo do Direito Empresarial, visando o entendimento da Responsabilidade Civil das instituições financeiras pelo Protesto Indevido dos Títulos de Crédito. Palavras-chave: Responsabilidade Civil. Instituição Financeira. Protesto indevido. Títulos de Crédito INTRODUÇÃO 1 Pamela Samara Schufer, Acadêmica do 9° período do curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí- UNIVALI, campus Balneário Camboriú. Endereço eletrônico: [email protected], (47) 3365-2150/ (47) 9919-3165. 2 Professor orientador. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, Graduado em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí.

Pamela Samara Schufer 582 602 - univali.br · 6 GONÇALVES,Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e contratos mercantis. p. 03. 7 BULGARELLI, Waldírio. Título de Crédito. p

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SCHUFER, Pamela Samara; MENEGHETTI, Tarcísio. A Responsabilidade Civil das Instituições Financeiras pelo Protesto Indevido dos Títulos de Crédito. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 5, n.1, p. 582-602, 1º Trimestre de 2014. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044.

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A RESPONSABILIDADE CIVIL DAS INTITUIÇÕES FINANCEIRAS PELO PROTESTO INDEVIDO DOS TITULOS DE CRÉDITO

Pamela Samara Schufer1

Tarcísio Meneghetti2

SUMÁRIO

Introdução; 1. Dos Títulos de Crédito; 1.1. Conceito de Títulos de Crédito; 1.2. Características dos Títulos de Crédito; 1.3. Classificação dos Títulos de Crédito; 2. Do Protesto; 2.1. Conceito de Protesto; 2.2. Requisitos do Protesto; 2.3. O Ato do Protesto e sua Formalização; 2.4. Da Sustação e cancelamento do protesto; 2.5. Do Protesto Indevido de Títulos e documentos; 3. Da Responsabilidade Civil pelo Protesto Indevido; 3.1. Conceito; 3.2. Pressupostos da Responsabilidade Civil; 3.3 Responsabilidade por ato próprio; 3.4 Das Responsabilidades das Instituições Financeiras 3.4.1 Da Responsabilidade Civil do Sacador, do Portador e do apresentante do Título ou Documento e Instituições Bancárias; 3.4.2 Danos Morais Causados por Apontamento ou Lavratura de Protestos Indevidos; Considerações Finais; Referências das fontes citadas.

RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade, apresentar a responsabilidade civil das instituições financeiras, pelo protesto indevido de títulos de crédito, esclarecendo quem realmente participa de um protesto de Título de Crédito, e expondo quem são os responsáveis civilmente. Primeiramente, o artigo em questão visa detalhar o Título de Crédito, conceituando-o e demonstrando as suas características. No segundo capítulo, a pesquisa apresenta o protesto, conceituando o mesmo, bem como expondo os requisitos principais para que exista o protesto do título de crédito, adentrando sobre a sustação e o cancelamento do protesto e finalizando o capítulo com o protesto indevido. Por fim, no terceiro capítulo, buscando esclarecer o que vem a ser a Responsabilidade Civil, onde esta conceituada, explicando também os pressupostos da Responsabilidade Civil, direcionando para o ramo do Direito Empresarial, visando o entendimento da Responsabilidade Civil das instituições financeiras pelo Protesto Indevido dos Títulos de Crédito.

Palavras-chave: Responsabilidade Civil. Instituição Financeira. Protesto indevido. Títulos de Crédito

INTRODUÇÃO

1 Pamela Samara Schufer, Acadêmica do 9° período do curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí-

UNIVALI, campus Balneário Camboriú. Endereço eletrônico: [email protected], (47) 3365-2150/ (47) 9919-3165.

2 Professor orientador. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, Graduado em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí.

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O presente trabalho tem por objeto3 o estudo da Responsabilidade Civil das

Instituições financeiras pelo Protesto Indevido dos Títulos de Crédito, tendo como

finalidade a busca da real responsabilidade imposta a estes.

Este tema busca trazer a importância dos principais acontecimentos que

levam as instituições a realizar o protesto, o qual tem gerando um grande número de

processos judiciais para a solução.

O objetivo esta pesquisa é detalhar algumas questões dos Títulos de Crédito,

do Protesto e da Responsabilidade Civil. Busca-se, portanto, apresentar pontos

importantes ao protesto indevido dos Títulos de Crédito, procurando conceituar título

de crédito, expondo pontos relevantes sobre o protesto, sendo a principal causa da

Responsabilidade Civil. E, por fim, direciona-se o presente estudo à

Responsabilidade Civil, buscando esclarecer seus principais pontos, apresentando

os danos que o protesto indevido pode causar ao suposto devedor, bem como as

conseqüências que o credor pode arcar pelo prejuízo causado.

O relatório final da pesquisa foi estruturado em três capítulos, um conectado

ao outro: a primeira, atinente aos títulos de crédito; a segunda, sobre o Protesto; e,

por derradeiro, a Responsabilidade Civil.

Para a elaboração da presente pesquisa foram formulados os seguintes

problemas:

1) É possível responsabilizar civilmente as Instituições Financeiras por

protesto indevido de Títulos de Crédito?

Como respostas prévias aos problemas de pesquisa mencionados foram

formuladas a seguinte hipótese de pesquisa:

1) É possível responsabilizar as Instituições Financeiras quando elas agem

provocando o Protesto Indevido de Títulos de Crédito.

3 Nesta Introdução cumpre-se o previsto em PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e

ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. p. 170-181.

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Concluindo o estudo com as Considerações Finais, onde são apresentados

pontos decisivos e relevantes destacados, bem como reflexões sobre a

Responsabilidade Civil pelo Protesto Indevido dos Títulos de Crédito.

1. DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

1.1 CONCEITO DE TÍTULOS DE CRÉDITO

Os títulos de crédito são uma ferramenta de grande importância para toda e

qualquer relação empresarial bem feita; assim tem-se varias conceituações, visando

expressar melhor essa essência.

Nesse sentido Victor Gonçalves leciona que:

Pela própria interpretação das palavras verifica-se que ‘Títulos de Crédito’ diz respeito ao documento representativo de um crédito (creditum, credere), ato de fé, confiança do credor de que irá receber uma prestação futura a ele devida. Esse Crédito não serve, por sua vez, como agente de produção, mas apenas para transferir riqueza de uma pessoa a outra (do devedor ao credor). Dessa forma, considerando que os Títulos de Crédito podem ser transferidos a mais de um credor originário a um credor seu, e deste a outro, e assim sucessivamente4.

Com esta colocação pode-se ter uma idéia dos Títulos de Crédito como um

todo e ainda deixar mais claro que eles são instrumentos importantíssimos de

circulação de riqueza na sociedade em geral, já que vive-se em uma economia de

características fortemente creditória. Os títulos de créditos são documentos

representativos de obrigações pecuniárias. Não se confundindo com a obrigação em

si imposta.

Fábio Ulhoa Coelho leciona que:

[...] face a sociedade em geral estar vivendo em uma economia cheia de altos e baixos, também porque o interesse comum do comercio em geral é visar lucro antes mesmo de liquidar a divida do seu estoque, formando um ciclo onde o principal elemento para este tipo

4 GONÇALVES,Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e contratos mercantis. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

p. 03.

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de comercio seja nada mais que o Títulos de Crédito, documento que representa a divida de tal sacado para com seu credor5.

De acordo com o exposto, os Títulos de Crédito são uma representação da

obrigação entre credor e devedor, distinguindo-se por sua relação ser meramente

pecuniária, representando sua dívida somente.Nada mais sendo do que o

documento necessário para o exercício literal e autônomo que nele se contém.

Assim, depreende-se que os doutrinadores seguem uma linha de raciocínio

parecido, maiores discussões.

1.2 CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

A cartularidade ou incorporação, como também pode ser chamada, é a

representação física do Título de Crédito, ou seja, após uma convergência de

vontades entre duas partes e estabelecida uma obrigação, para que o Título de

Crédito se concretize e exista, ele terá que ser emitido, impresso e, além disso,

assinado. “Portanto a cartularidade é a forma que se expõe o Título de Crédito ao

mercado6”.

Em relação a literalidade, Waldírio Bulgarelli7 acentua que:

A literalidade é a medida do direito contido no título. Vale, assim, o documento pelo que nele se contém, exprimindo, portanto, a sua existência, o seu conteúdo, a sua extensão, e a modalidade do direito nele mencionado. Em conseqüência, assinala Ascarelli que a literalidade atua tanto em favor do credor, que pode exigir o que nele está mencionado, insuscetível de discussão, assim, o valor, o prazo etc., como também em favor do devedor, pois o credor não poderá pedir mais do que está estabelecido no título. Daí se dizer que “o que não está no título não está no mundo”.

A vista disso, a literalidade estabelece limites para um Título de Crédito, ela

diz até onde ele pode ir, em questão de valores, datas e vários outros pontos

importantes.

5 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. p. 231. 6 GONÇALVES,Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e contratos mercantis. p. 03. 7 BULGARELLI, Waldírio. Título de Crédito. p. 54.

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Na mesma linha de raciocínio a autonomia é um requisito do titulo de credito.

Assim, leciona Victor Gonçalves que “as obrigações representadas pelos Títulos de

Crédito são independentes entre si, sendo uma delas nula ou anulável8”.

Para que o Título de Crédito possa ser pleno e exeqüível, ele além de conter

as obrigações delimitadas literalmente, ele acaba tornando-se um documento

autônomo, pois a ação inicial no qual ele foi constituído não implica um terceiro de

ter a mesma liquidez deste título, face ele ser autônomo9.

Logo, os Títulos de Crédito são investidos de total autonomia, pois em cada

relação comercial ele tem seu valor preservados, sem nenhuma alteração,

mantendo as obrigações e os deveres.

Desta maneira, seguindo o raciocínio, leciona Mamede que:

A abstração é uma característica dos Títulos de Crédito que serve à sua autonomia, embora com ela não se confunda. Tanto assim é que não se trata de um principio absoluto, que alcance a todos os Títulos de Crédito, havendo aqueles que não são abstratos, mas causais, ou seja, cuja emissão resulta necessariamente de um determinado negócio, a exemplo da letra de Crédito imobiliário, que decorre obrigatoriamente de um contrato de financiamento imobiliário10.

Por conseguinte a abstração junta-se a autonomia, tornando o Título de

Crédito mais seguro e melhor exeqüível. Estas características também são

consideradas por alguns autores como princípios.

1.3 CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Com o intuito de melhor entender o quem vem a ser as características do

titulo de credito, onde cada autor possui uma classificação; quanto ao modelo,

estrutura, emissão e circulação, prazo, natureza, numero e conteúdo da cártula.

Para Fábio Ulhoa Coelho o modelo “é o primeiro ponto a ser analisado para

que o documento a que se pretende criar seja realmente um Título de Crédito, e a

8 GONÇALVES,Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e contratos mercantis. p. 07. 9 MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: títulos de credito. p. 26.

10 MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: títulos de credito. p. 29.

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classificação quanto ao modelo, serve para decidir se o titulo irá ser de modelo livre

ou vinculado11”.

A respeito do prazo, Victor Gonçalves leciona de forma diferenciada de outras

obras, já que não é tão normal discorrer sobre o prazo como característica. Mesmo

assim, o prazo é sim de grande relevância, pois exemplos desse ponto, todos

manuseiam diariamente e deve ser ponto de estudo sim12, podendo estes, Títulos de

Crédito, serem a vista ou a prazo.

No que tange, falar sobre a circulação dos títulos de crédito, com base nos

ensinamentos de Fabio Ulhoa Coelho, é o ato jurídico que opera a transferência de

titularidade do Crédito representado pela cártula13.

No tocante à estrutura, deve esta conter, quem esta dando a ordem, quem ira

a ordem e deve cumpri-la, bem como a pessoa que recebera o descrito no titulo14.

Segundo Victor Gonçalves, a natureza do Título de Crédito dar-se por Títulos

causais e Títulos abstratos, ou, não causais.

Quanto ao emitente do Título de Crédito, segundo Victor Gonçalves, podem

ser eles Títulos Públicos ou privados15.

Os Títulos de Crédito quando emitidos caso a caso, sendo para cada negócio

um título, ou para cada sacado um titulo, chama-se este de titulo individual, ou

singular, onde cada um ganha um numero especifico16.

No que nos cabe ressaltar, o conteúdo da cártula é o ponto em que leva em

consideração a extensão do direito consagrado no título, uma vez que a diversidade

de títulos faz variar tal extensão, ou seja, o conteúdo da cártula serve para

determinar, limitar o direito existente entre uma relação comercial efetiva, e

dependendo da diversificação do titulo, ou, dependendo de qual negócio esteja

11 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. p. 236. 12 GONÇALVES,Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e contratos mercantis. p. 15. 13 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. p. 237. 14 GONÇALVES,Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e contratos mercantis. p. 18-19. 15 GONÇALVES,Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e contratos mercantis. p. 19. 16 GONÇALVES,Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e contratos mercantis. p. 19.

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sendo efetivado, a extensão do direito existente nela acaba também sendo

mensurado de forma a se encaixar na realidade para a melhor negociação17.

2 DO PROTESTO

2.1 CONCEITO DE PROTESTO

Neste ponto, os autores convergem sempre para um mesmo lado, assim

como no tocante aos títulos de credito, deixando claro que o Protesto é sim um

documento extrajudicial e solene. Nesse ponto de vista, Victor Gonçalves18, fala

sobre o Protesto propriamente dito já da atualidade, asseverando sobre o

Tabelionato competente:

O Protesto é um documento solene e extrajudicial, levado a efeito pelo oficial do Tabelionato de Protestos, que identifica e discrimina o titulo de crédito, seu devedor principal, e ainda a situação que justifica sua feitura, que pode ser: a) falta ou recusa do aceite; b) falta ou recusa de pagamento; c) falta ou devolução do título.

A fim de se ter um entendimento do que vem a ser o Protesto, observa-se o

comentário de Abrão que leciona o seguinte:

Típico ato formal e de natureza solene, destinado a servir de meio probatório na configuração do inadimplemento, reveste-se Protesto de qualidades próprias, as quais denotam o relacionamento com uma determinada obrigação sem a conseqüente responsabilidade a ela satisfeita19.

Logo, o Protesto é o ato formal pelo qual se faz concretizar a inadimplência,

sendo este um meio de se comprovar o descumprimento e preservar o direito nele

contido.

2.2 REQUISITOS DO PROTESTO

O Protesto é regulamentado pela Lei n. 9.492/97, e traz em seu art. 22 os

requisitos para que o Protesto possa ser documento legal, e delimita o que deve

estar presente no instrumento de Protesto, conforme a seguir:

17 GONÇALVES,Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e contratos mercantis. p. 20-21. 18 GONÇALVES,Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e contratos mercantis. p. 53-54. 19 ABRÃO, Carlos Henrique. Do protesto. p. 5.

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Art. 22 - O registro do Protesto e seu instrumento deverão conter: I - data e número de protocolização; II - nome do apresentante e endereço; III - reprodução ou transcrição do documento ou das indicações feitas pelo apresentante e declarações nele inseridas; IV - certidão das intimações feitas e das respostas eventualmente oferecidas; V - indicação dos intervenientes voluntários e das firmas por eles honradas; VI - a aquiescência do portador ao aceite por honra; VII - nome, número do documento de identificação do devedor e endereço; VIII - data e assinatura do Tabelião de Protesto, de seus substitutos ou de Escrevente autorizado20.

Portanto, devendo estes serem cumpridos, sob pena de invalidação do

referido protesto, sendo que este se dará somente depois de vencido o título de

crédito, tornando-se este mais um requisito para o Protesto.

2.3 O ATO DO PROTESTO E SUA FORMALIZAÇÃO

Neste tópico, será pesquisado o ato do Protesto em si, devendo este

obedecer o disposto na Lei n. 9.4492/97, a formalização, a apresentação do titulo e

a convocação do devedor21.

Desse modo nota-se, como dito anteriormente, a importância de uma correta

apresentação do título ou documento ao Tabelionato, pois é ali que serão notados

os vícios e requisitos principais para a formalização do Protesto.

Para Abrão o procedimento dar-se-á da seguinte forma:

Estando formalmente em termos e percorrido o exame normal do título, sem jaça, disso decorre a inevitabilidade relativa à intimação do devedor e das pessoas que fazem parte da relação jurídica cambial ou contratual, visando pagamento e na falta, decorrido o prazo respectivo, fomenta-se a tirada do Protesto22.

No tocante ao processo, Darold leciona que:

Recebido o título da distribuição, ou diretamente do apresentante se tratar de Tabelionato único na circunscrição terá o tabelião o prazo

20 BRASIL. Lei n. 9.492 de 10 de setembro de 1997. Define competência, regulamenta os serviços concernentes

ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9492.htm>. Acesso em: 15 jul. 2009.

21 ABRÃO, Carlos Henrique. Do protesto. p. 28. 22 ABRÃO, Carlos Henrique. Do protesto. p. 30.

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de 24 horas para protocolizar o documento, pela ordem cronológica de chegada. Segue-se, então, a intimação do devedor, que, segundo a nova lei, deverá ser procedida no endereço fornecido pelo apresentante, através de portador-preposto do tabelião, ou via postal com aviso de recebimento, ou meio equivalente, isto quando o intimando residir na circunscrição territorial atendida por aquele Tabelionato23.

Quando o autor fala sobre o preparo, pode-se entender também como as

custas cartorárias para que o Protesto seja efetivado. Mas Darold completa dizendo:

Logo, cumpre ao Tabelião, num juízo primeiro de admissibilidade, verificar se o documento, cujo Protesto está sendo solicitado, traz, em si, os requisitos formais. Caso negativo deve de pronto, recusar o seu recebimento, restando ao interessado recorrer aos meios legais em entendendo que tal juízo de admissibilidade do Tabelião foi equivocado.

O prazo para a efetivação do Protesto também é um dos procedimentos que

devem ser respeitados. Assim como todos os atos referentes ao Protesto estão

regulados para obedecer a uma série de procedimentos. A de contagem do prazo,

que Abraão define como ‘tríduo legal’, ou seja: [...] é aquele referente aos dias úteis,

descartando-se feriados bancários ou quando não houver funcionamento normal e

regular do expediente, motivando impedimento que possa abalar a fluência livre e

desembaraçada24, não devendo-se ter nenhum tipo de motivação que atrapalhe o

correr da contagem dos dias, no caso dos três dias úteis, tidos como tríduo legal,

que inicia-se no dia posterior a protocolização do título representativo de divida

2.4 DA SUSTAÇÃO E CANCELAMENTO DO PROTESTO

O protesto se efetuado de forma errada, indevida, ou se a obrigação do

sacado para com o credor for adimplida em meio ao trâmite do protesto, pode o

credor pedir a sustação ou ate mesmo o seu cancelamento.

Isto posto, seguindo a opinião de Mamede, “a sustação do Protesto se dá

para que haja uma análise mais aprofundada, por via judicial ou não, para que não

23 DAROLD, Ermínio Amarildo. Protesto cambial: duplicatas X boletos. p. 51. 24 ABRÃO, Carlos Henrique. Do protesto. p. 37.

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aconteça o Protesto indevido, evitando que o mesmo aconteça e prejudique a

imagem do sacado de forma indevida25”.

Deve o Protesto ser cancelado se o devedor apresentar o documento

protestado e na falta deste, por extravio, por exemplo, pode o credor emitir carta de

anuência para que o devedor cancele este Protesto.

Da mesma maneira, completa Darold, dizendo que o cancelamento do

Protesto, segundo o estatuído ao art. 2626, da Lei n. 9.492/97, poderá ser requerido

pelo devedor aos coobrigados:

a) administrativamente, perante o tabelião, demonstrando a quitação do débito, ante a exibição do original do título protestado ou, na impossibilidade, de declaração de anuência com identificação e firma reconhecida de todos os interessados; b) judicialmente, quando o cancelamento pretendido se fundar em razão que não o pagamento, como, ad exemplum, na inexistência, nulidade ou anulabilidade da obrigação ou do ato de Protesto, pelas causas previstas na legislação civil e comercial27.

Portanto nota-se, como forma de cancelamento tem-se a via administrativa,

por pagamento ou apresentação da carta de anuência, ou via judicial, quando

apresenta algum vício passível de anulação, aqui sendo o Protesto indevido.

25 MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: títulos de credito. p. 168. 26 Art. 26 - O cancelamento do registro do protesto será solicitado diretamente no Tabelionato de Protesto de

Títulos, por qualquer interessado, mediante apresentação do documento protestado, cuja cópia ficará arquivada [...]. § 3º O cancelamento do registro do protesto, se fundado em outro motivo que não no pagamento do título ou documento de dívida, será efetivado por determinação judicial, pagos os emolumentos devidos ao Tabelião. § 4º Quando a extinção da obrigação decorrer de processo judicial, o cancelamento do registro do protesto poderá ser solicitado com a apresentação da certidão expedida pelo Juízo processante, com menção do trânsito em julgado, que substituirá o título ou o documento de dívida protestado. § 5º O cancelamento do registro do protesto será feito pelo Tabelião titular, por seus Substitutos ou por Escrevente autorizado. § 6º Quando o protesto lavrado for registrado sob forma de microfilme ou gravação eletrônica, o termo do cancelamento será lançado em documento apartado, que será arquivado juntamente com os documentos que instruíram o pedido, e anotado no índice respectivo. Cf. BRASIL. Lei n. 9.492 de 10 de setembro de 1997. Define competência, regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9492.htm>. Acesso em: 15 jul. 2009.

27 DAROLD, Ermínio Amarildo. Protesto cambial: duplicatas X boletos. p. 74.

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2.5 DO PROTESTO INDEVIDO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS

O Título de Crédito é sem duvida um documento formal, que deve ser

investido, sempre, de poderes que atestem sua autonomia, ou, que o faça ter força

própria.

Conforme destaca Carlos Henrique Abrão28 o Protesto Indevido pode ser

evitado, se houver uma análise minuciosa dos pontos principais do documento, deve

haver o cumprimento de seus requisitos formais. O Protesto indevido é caracterizado

por seus diversos erros, muitas vezes por descuido, podendo ser por parte do

notário, sacado, cedente, fabricante, etc., acaba levando a Protesto títulos que não

deveriam, prejudicando o protestado de formas muitas vezes irreparáveis.

Abrão comenta sobre o assunto quando diz que:

O surto de inadimplência e o aumento vertiginoso de títulos e documentos protestados são indicativos da crise de liquidez e a falta de recursos para fazer face às dívidas assumidas, mas invariavelmente situações vingam onde os sacadores pretendem a cata de recursos inexistentes, proclamando-se credores de somas e valores, cujas negociações se atestam ausentes29.

Sendo uma das causas de haver hoje tantos Protestos de Títulos de Crédito.

O Protesto indevido vem de uma série de erros, por parte do notário, sacado,

cedente, fabricante, etc. que muitas vezes por motivo de descuido, acaba levando a

Protesto títulos que não deveriam, e acabam prejudicando o protestado de formas

muitas vezes irreparáveis, como será visto no tópico seguinte desta pesquisa.

Não se tinha tanta repercussão com relação ao Protesto indevido,porem, não

se tinha também as relações cambiais tão utilizadas, com o tempo, e com o avanço

do enfrentamento do tema dispondo na sistemática do Protesto indevido, o mesmo

ganha corpo, à medida que as relações cambiais aumentam, ainda mais que o dano

moral e material se apresentam distintos, e principalmente porque a Constituição

Federal prevê o ressarcimento pecuniário, mesmo não havendo o prejuízo palpável,

28 ABRÃO, Carlos Henrique. Do protesto. p. 165 29 ABRÃO, Carlos Henrique. Do protesto. p. 87.

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líquido e certo. Onde o simples fato de expor a risco a imagem do mesmo, já é

passível de punição30.

3 DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO PROTESTO INDEVIDO

3.1 CONCEITO

É importante lembra que a Responsabilidade Civil tratada aqui, é voltada

especialmente para a questão do Protesto indevido de Título de Crédito.

Para que se possa conceituar este instituto, Maria Helena Diniz afirma que “o

responsável será aquele que responde e que responsabilidade é a obrigação do

responsável, ou melhor, o resultado da ação pela qual a pessoa age ante esse

dever”, porem completa dizendo que “será insuficiente para solucionar o problema e

para conceituar a responsabilidade31”.

Traçando uma visão de reparação de dano causado a terceiro, com

participação direta ou indireta de um agente.

Nesta linha segue Pirson e Villé32, que conceituam Responsabilidade Civil

como “a obrigação imposta pelas normas às pessoas no sentido de responder pelas

conseqüências prejudiciais de suas ações”.

Por conseguinte, para haver a Responsabilidade Civil, deve haver um dano

causado a alguém, e consequentemente uma conduta supostamente incorreta de

uma das partes.

3.2 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Partindo do pensamento de que para criar, ou, existir a Responsabilidade Civil

é necessário a existência de alguns fatos, diversos desses pontos primordiais, como

a ação do agente.

Para que ela exista, fatos devem acontecer, e o primeiro passo para gerar

uma responsabilidade, é uma ação.Para Gagliano e Pamplona Filho, “a ação

30 ABRÃO, Carlos Henrique. Do protesto. p. 165. 31 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. v. 7. 23 ed. São Paulo: Saraiva,

2009. p. 33. 32 Pirson e Villé apud DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. p. 35.

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humana é pressuposto necessário para a configuração da responsabilidade civil33”,

que segundo Romualdo Santos “é o primeiro pressuposto da Responsabilidade

Civil34”.

O dano é um elemento importante para que a Responsabilidade Civil

aconteça.Para Bittar35 citado por Diniz, o dano é “prejuízo ressarcível experimentado

pelo lesado, traduzindo-se, se patrimonial, pela diminuição patrimonial sofrida por

alguém em razão de ação deflagrada pelo agente, mas pode atingir elementos de

cunho pecuniário e moral” 36. Assim o dano é o pressuposto mais evidente da

Responsabilidade Civil, visto que não se pode falar em dever de indenizar, ressarcir,

sem a sua ocorrência

Com relação ao dano moral, os autores Gagliano e Pamplona Filho lecionam

que “O dano moral consiste na lesão de direitos cujo conteúdo não é pecuniário,

nem comercialmente redutível a dinheiro”37.

Desta maneira, o dano moral é assegurado na de forma constitucional em seu

art. 5º, Inciso V38, proporcionando uma segurança jurídica eficaz por estar prevista

na legislação máxima do país.

Outro pressuposto da Responsabilidade Civil, segundo Romualdo Santos é o

nexo de causalidade, que é o elo que liga o dano ao seu fato gerador39, o qual é

indispensável para que se possa concluir pela responsabilidade jurídica.

Assim sendo, o nexo de causalidade é o meio pelo qual uma ação causa um

prejuízo, e este meio é que significa o nexo de causalidade.

33 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO Rodolfo. Novo curso de Direito Civil: Responsabilidade Civil. p.

55. 34 SANTOS, Romualdo Baptista dos. Responsabilidade Civil. p. 33. 35 BITTAR apud DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. p. 63. 36 SANTOS, Romualdo Baptista dos. Responsabilidade Civil. p. 43. 37 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO Rodolfo. Novo curso de Direito Civil: Responsabilidade Civil. p.

55. 38 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em 20 jul. 2009. 39 SANTOS, Romualdo Baptista dos. Responsabilidade Civil. p. 46.

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3.3 RESPONSABILIDADE POR ATO PRÓPRIO

A responsabilidade por ato próprio, engloba a indenização decorrente de

divida já paga e da não vencida; é o caso mais óbvio de imputação de

responsabilidade existente dentro do Código Civil.

Fundamentada nos artigos 186 e 927, do Código Civil, podendo tal

responsabilidade ser tanto subjetiva quanto objetiva.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão40 voluntária, negligência41 ou imprudência42, violar direito e causar dano43 a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito44.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem45.

Gerando então, a responsabilização a partir de uma dano causado ao outrem

ou violação de direito decorrente sempre de ato pessoal.

O dever por dívida não vencida, ou, o vencimento antecipado da dívida, pode

decorrer tanto de previsão legal, de acordo com o art. 1425, do Código Civil, ou

então pode estar expresso em contrato, por acordo firmado entre as partes.

40 Ação ou omissão: A atitude positiva é denominada ação, sendo o ato dela decorrente chamado de comissivo.

Por outro lado, a atitude negativa denomina-se omissiva, decorrendo de um ato omissivo. Cf. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro: Responsabilidade Civil, p. 43.

41 Negligência: O Agente que deixa de praticar uma ação da qual surge um prejuízo a alguém fica caracterizado como negligente. Cf. FONTANELLA, Patrícia. Dicionário técnico jurídico e latim. Florianópolis: Habitus, 2003. p. 89.

42 A imprudência revela em síntese, absoluta falta de consciência quanto ao resultado futuro ao praticar determinada conduta. FONTANELLA, Patrícia. Dicionário técnico jurídico e latim. p. 70.

43 Dano: É a lesão de qualquer bem jurídico. A diminuição no patrimônio de outrem como conseqüência de um ato anterior que possa ser imputado a alguém. FONTANELLA, Patrícia. Dicionário técnico jurídico e latim. p. 54.

44 BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009.

45 BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009.

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A previsão citada, é permitida em casos especiais descritos neste artigo, fora

dessas hipóteses, não se tolera a exigibilidade de dívida ainda não vencida, pois o

art. 939 do Código Civil prevê que aquele que efetuar tal cobrança:

Art. 939 - O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro46.

O que nos ensinamentos de Araújo47 “ainda que prevista em dispositivo legal

específico, trata-se, claramente de hipótese de abuso de direito, constante do

art.187 do Código Civil”. Ficando aqui evidente a responsabilidade do ressarcimento

pela parte legítima, ou seja, diretamente de que saiu a intenção de cobrar uma

dívida que ainda tenha vencido.

Disciplinada, a demanda de divida já paga, pelo Código Civil em seu artigo

940, que diz:

Art. 940 - Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição”, neste caso, se nota claramente a indenização por dano moral previamente estabelecido48.

Tornando-se a demanda por divida já paga motivo de uma parte ressarcir a

outra por também causar danos profundos no suposto “devedor”, que na verdade já

adimpliu sua dívida.

Com base nesse estudo, no caso de dívida não vencida ou no caso de dívida

já paga, há de se comprovar a má-fé do credor para que possa ser enquadrado nas

penas previstas pelo artigo 940, do Código Civil.

46 BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009. 47 ARAÚJO, Vaneska Donato de. Responsabilidade Civil. p. 136-137. 48 BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009.

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3.4 DAS RESPONSABILIDADES DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Neste ponto, será abordado diretamente sobre a Responsabilidade Civil das

instituições financeiras envolvidas com o processo de Protesto, emissão e

pagamento do Título de Crédito, deixando mais claro o deve de responsabilização

civilmente pelo Protesto indevido de um Título de Crédito.

De acordo com a Lei n. 7.492/86, instituição Financeira é:

Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários. Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira: I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros; II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma eventual.

Deixando assim, bem claro o que vem a ser a instituição financeira.

3.4.1 Da Responsabilidade Civil do Sacador, do Portador e do apresentante do

Título ou Documento e Instituições Bancárias

Este ponto da pesquisa é o que traz mais claramente a sua essência, pois

aqui ficará mais claro quem realmente tem a Responsabilidade Civil pelo

apontamento do Protesto em cartório, gerando o Protesto indevido, desta forma, se

traz comentários pertinentes para fortificar os posicionamentos existentes sobre

cada caso específico.

Um exemplo forte sobre os posicionamentos é o de Darold, que leciona o

seguinte sobre o boleto:

No caso do boleto, o emitente ou pretenso credor sempre responderá civilmente caso venha o boleto a ser apontado a Protesto, a menos que comprove ter orientado o mandatário a não procedê-lo, pois o simples fato de colocar em desconto ou circulação do documento

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não legitimado a tanto, e menos ainda ao Protesto, traduz-lhe a culpa49.

Dessa forma, nota-se a importância que é o conhecimento de cada

documento existente, pois o boleto no caso, não é título protestável como diz o

próprio autor, sendo que o simples fato do mesmo ser descontado, não quer dizer

que o mandatário tem este poder. Se a negligência parte do credor, que envia o

título a Protesto, ele será responsabilizado civilmente, mas se este ato provir de

mandatário que não foi autorizado para tanto, este será responsabilizado50.

No que tange a responsabilização da Instituição Bancária, como dito

anteriormente, se deve notar a responsabilidade de que ela está investida, visto nem

sempre ela ser a responsável pelo Protesto indevido.

Darold, assevera que:

Quando a instituição bancária, na qualidade de mandatária do credor, encaminhar título hábil (assim reconhecido) a Protesto, sob orientação daquele, nenhuma responsabilidade, parece-me, ser-lhe imputável. Diferente, entretanto, se remeteu o título por iniciativa própria ou, mesmo sob comendo do credor, mas conhecedor de que o crédito inscrito à cártula por qualquer razão já não subsista51.

Este comentário de Darold vem confirmar o que durante toda a pesquisa está

se buscando, pois a idéia trazida desde logo, é de que se houve indevido protesto

de titulo, por parte do estabelecimento de credito, com abalo de crédito do seu

emitente, cabe-lhe o direito de obter a indenização correspondente.

A idéia é a seguinte: se foi o cedente que errou, ele será responsabilizado, se

foi a Instituição Bancária, será ela a responsabilizada.

Havendo prova de que o banco credor recebeu a prestação vencida, e,

mesmo assim, o titulo veio a ser protestado após o decurso de 21 dias, havendo

prova de que o correntista foi negado o fornecimento de crédito em face desse

protesto indevido, conclui-se que foi feita a prova do dano moral, uma vez que

qualquer homem de bem, que procurar honrar seus compromissos, sentir-se-s

49 DAROLD, Ermínio Amarildo. Protesto cambial: duplicatas X boletos. p. 94. 50 DAROLD, Ermínio Amarildo. Protesto cambial: duplicatas X boletos. p. 94. 51 DAROLD, Ermínio Amarildo. Protesto cambial: duplicatas X boletos. p. 94-95.

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afrontado e com sua dignidade abalada. Gerando por conseguinte o direito a

responsabilização proveniente de seu ato, ainda que por desorganização ou ma-fé.

Sendo assim, em hipótese específica, se o documento não é legítimo para a

apresentação a Protesto, ele não deve ser apontado, e se for a Instituição Financeira

é a responsável pelas perdas e danos ocorridos.

3.4.2 Danos Morais Causados por Apontamento ou Lavratura de Protestos

Indevidos

Como já visto anteriormente na pesquisa, o título pode ser apresentado ao

tabelião para o protocolo do Protesto, sendo que o mesmo deve fazer a análise dos

pré requisitos do título apresentado, verificar se não é um mero boleto que está

sendo apresentado, verificar se os requisitos necessários realmente existam para

que o Protesto possa acontecer.

Já foram objeto da pesquisa também, os danos que os Protesto indevido

pode trazer ao suposto devedor, que no caso é vítima, mostrando quais os tipos de

abalos que o mesmo pode sofrer, e é diante desses abalos de crédito

principalmente, que o suposto devedor acaba encontrando empecilhos que podem

perdurar por muito tempo. É com esta visão que se fala em danos morais

decorrentes de Protesto indevido, pois o Protesto, quando indevido, causa um abalo

forte na empresa ou até mesmo a pessoa física, pois compromete a honra e moral

de quem é prejudicado, sem falar nos prejuízos econômicos que o mesmo pode vir a

ter.

Para que o prejudicado possa pedir o ressarcimento, muitas das vezes o meio

a se recorrer é o dano moral e patrimonial, sendo que neste ponto trataremos

especificamente do dano moral, e para isso, mostra-se alguns dos tipos de dano

moral causados por apontamento ou lavratura de Protestos ilegais.

Portanto, estas são algumas das características dos títulos ou documentos

que são apresentados em cartório para o Protesto.

O simples fato de o título ser apontado a Protesto em cartório, não precisando

nem mesmo o título ser protestado, já caracteriza o dano moral, pois se deve levar

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em consideração o fato da preocupação criada ao “devedor” de que seu nome

poderá ser incluído na lista de inadimplentes.

Sendo assim, a responsabilização pelo Protesto indevido do Título de Crédito

deve respeitar a ordem de fatos que acontecem de forma incorreta, e a

responsabilização deve sempre recair sobre aquele que por negligência,

imprudência ou imperícia, deu início a um ato que gera um fato ilegal, neste caso o

Protesto indevido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa buscou trazer a tona os principais aspectos contidos em

um Protesto indevido de um título de crédito, trazendo ao conhecimento do leitor os

principais pontos que formam os Títulos de Crédito, os seus pressupostos,

características e a utilização de cada um em cada situação.

Na seqüência, procurou-se evidenciar particularidades do instituto do

Protesto, expondo seus principais pontos, características e posicionamento

doutrinários sobre o assunto, buscando sempre estudar os pontos do Protesto

direcionando para o Protesto indevido.

A Responsabilidade Civil foi o ponto estudado no terceiro capítulo, mostrando

os principais pontos desta haste do direito, onde prevê a reparação dos danos

causados ao suposto devedor pelo Protesto indevido, falando sobre a

responsabilidade propriamente dita por parte das instituições bancárias.

Inicialmente, na introdução desta pesquisa, foram formuladas algumas

hipóteses, buscando dar um norte à pesquisa, sendo elas: a) É possível

responsabilizar as Instituições Financeiras quando elas agem provocando o Protesto

Indevido de Títulos de Crédito.

A hipótese foi confirmada, pois como se verificou na seção 3 do presente

artigo as Instituições Financeiras são responsabilizadas quando protestam

indevidamente Títulos de Crédito. Além disso abre-se a possibilidade da indenização

por danos morais.

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REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS

ABRÃO, Carlos Henrique. Do protesto. 3. ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004.

ALMEIDA, Amador Paes de. Teoria e prática dos títulos de crédito. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 1998.

ARAÚJO, Vaneska Donato de. Responsabilidade Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 1988. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>.

BULGARELLI, Waldírio. Título de crédito. 15. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 17. ed. São Paulo. Saraiva, 2006.

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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: responsabilidade civil. v. 7. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

DINIZ. Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. 8 Ed. – São Paulo: Atlas, 2007.

GAGLIANO, Pablo Stolze; Rodolfo PAMPLONA FILHO. Novo curso de Direito Civil: Responsabilidade civil. v. 3. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

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