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Hoje na UFMG, a refeição básica do restaurante para alunos não-carentes custa R$ 4,15. A parca assistência estudantil que é oferecida é restrita aos que passam por um processo extremamente burocrático de seleção (devido à uma resolução do Conselho Universitário que restringiu a assistência estudantil aos carentes cadastrados pela FUMP), onde os finalmente selecionados passam por situações constrangedoras frente aos assistentes sociais (por orientação do seu conselho diretor, para conseguirem “fechar o balanço no positivo”), e também muitas das bolsas são reembolsáveis após o final do curso. A FUMP também é agente da precarização das relações trabalhistas na UFMG, pois nos institutos, disfarçadas de “bolsas-auxílio”, são preenchidas vagas em que deveriam estar servidores da universidade por estudantes recebendo bolsas, sem direitos trabalhistas algum, por um trabalho que deveria ser exercido por um servidor concursado. Não que o estudante que precise não deva receber bolsas, mas não para cumprir uma função de servidor da universidade, e não esta bolsa-miséria, que não dá para garantir uma permanência digna na universidade. Outra forma de precarizar as relações trabalhistas via fundação privada é a terceirização do trabalho. A FUMP contrata funcionários para trabalhar nos bandejões e na administração que recebem menos e tem menos direitos do que um servidor público no mesmo cargo, apesar de trabalharem na mesma universidade. Este é o seu real papel na universidade pública, o de ser um agente de interesses privados e de mercado (a FUMP, por exemplo, possui diversos imóveis em Belo Horizonte, para especulação), onde o próprio conceito de assistência estudantil vigente hoje na UFMG é humilhante, colocando nas mãos dessa fundação privada todo o poder de decidir como funcionarão os programas, à serviço dos interesses do seu conselho diretor e do seu “caixa”; onde o estudante muitas vezes passa por grandes dificuldades para manter sua bolsa, encarar uma moradia universitária extremamente opressora, onde os estudantes não tem liberdade nenhuma de convívio e são constantemente ameaçados de represálias pela realização de qualquer evento, por parte dos gestores e assistentes sociais. Além destes fatos, a UFMG tem a única moradia estudantil no Brasil que cobra para receber estudantes. Mesmo com um déficit grande de vagas em relação aos estudantes que necessitam delas, muitos apartamentos se encontram vazios, devido aos altos preços. Porque chegamos a este ponto tão calamitoso sem poder dizer um “ai”? Acontece que as fundações privadas são apenas um dos pilares de um projeto de universidade elitista, onde o capital privado tem todo o espaço, seja nas fundações privadas, seja nos órgãos de fomento à pesquisa, para decidir os rumos da universidade pública. As pesquisas, financiadas pela FUNDEP, outra fundação privada na UFMG, ou por órgãos de fomento como CAPES e FAPEMIG, que têm grandes empresas em seus conselhos diretores, estão diretamente atreladas aos interesses de grandes empresas e da burocracia acadêmica. Ao invés de se desenvolverem pesquisas que poderiam avançar na integração da universidade com a maioria da população e dos trabalhadores que estão fora dela, a produção científica da universidade está totalmente direcionada para a produção de patentes, que rendem milhões para as grandes empresas, enquanto o mesmo bolsista que a desenvolve ganha uma miséria de bolsa, correndo contra os prazos estipulados por estes órgãos de fomento à pesquisa. Nas ciências humanas, o produtivismo (estipulação de prazos, foco em apresentação de trabalhos, papers, voltados somente para embelezar o curriculum lattes, rankeamentos, etc) alienado do seu objeto de conhecimento é a forma de se pesquisar na universidade que põe o pesquisador e a pesquisa em ciências humanas no lugar mais cômodo e pouco ameaçador para o status quo, que é bem longe de romper com o esoterismo em que se encontram estas pesquisas, e longe de se ligar a quem mais poderiam interessar estes conhecimentos, à classe trabalhadora e à maioria do povo que está fora da universidade pública. Todo esse projeto de universidade pública, onde o vestibular cumpre o papel de filtro de classe, mantendo do lado de fora, a juventude trabalhadora e negra, é diretamente articulado pela estrutura de poder autoritária da universidade pública. A burocracia acadêmica, ligada aos interesses do governo e das grandes empresas, utiliza do Conselho Universitários e das Congregações das unidades para fazer passar seus projetos de atrelamento da universidade aos interesses privados. Nestes órgãos, sem possibilidade de qualquer enfrentamento por parte dos outros setores, são ratificadas a repressão aos estudantes que lutam contra este projeto elitista de universidade (como no caso do acordo firmado na FAFICH com as representações estudantis, onde a diretoria da unidade fez questão de frisar que pode punir estudantes pela realização de confraternizações “não- autorizadas”); também são ratificados o atrelamento das pesquisas aos interesses de grandes empresas (p. ex. na ratificação do desenvolvimento de patentes em congregações como no ICEX, na Engenharia, Química e Farmácia), ou até mesmo a entrega direta do patrimônio público para a iniciativa privada, como na aprovação da entrega de gestão do Hospital Universitário para a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Ou seja, o aumento do preço do bandejão não é uma ação que se encerra em si mesma. É determinada pelo projeto de universidade que hoje articula esta burocracia acadêmica cheia de privilégios, ligada ao governo Dilma e às grandes empresas. Portanto, para ser realista devemos ver que somente lutando para derrubar esta estrutura de poder que existe hoje na universidade se poderá pleitear uma assistência estudantil plena. A questão determinante é o projeto de universidade. Apenas outro projeto de universidade, aberta a todos que queiram ter acesso ao direito de estudar gratuitamente e com qualidade, a serviço da juventude e dos trabalhadores pode mudar o caráter determinado da assistência estudantil. E se queremos uma universidade para a juventude trabalhadora e pobre, queremos um bandejão que não só tenha o preço diminuído senão que seja totalmente gratuito (uma universidade ampla com acesso a todos precisa de um restaurante público e gratuito), assim como a moradia e outras necessidades de assistência estudantil. JUVENTUDE ÁS RUAS ESPECIAL FUMP E FUNDAÇÕES PRIVADAS OUTUBRO - 2012 BANDEJÃO R$ 4,15? GRATUIDADE JÁ! FORA FUMP E FUNDAÇÕES PRIVADAS! FUMP E FUNDAÇÕES PRIVADAS: AGENTES DE UM PROJETO PRIVATISTA DE UNIVERSIDADE, À SERVIÇO DO MERCADO E DAS GRANDES EMPRESAS “Embora uma fundação seja, conceitualmente, um patrimônio financeiro ou material privado colocado a serviço de uma causa de interesse social, há uma inversão perversa: transformaram-se numa causa privada a serviço da formação de patrimônios também privados, valendo-se da credibilidade das instituições públicas às quais se vinculam e de parte de seus recursos, que acabam administrando.” Cartilha da ANDES-SN (Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior) sobre as fundações privadas na universidade pública

Panfleto da JAR BH

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Especial Fump e Fundações Privadas

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Hoje na UFMG, a refeição básica do restaurante para alunos não-carentes custa R$ 4,15. A parca assistência estudantil que é oferecida é restrita aos que passam por um processo extremamente burocrático de seleção (devido à uma resolução do Conselho Universitário que restringiu a assistência estudantil aos carentes cadastrados pela FUMP), onde os finalmente selecionados passam por situações constrangedoras frente aos assistentes sociais (por orientação do seu conselho diretor, para conseguirem “fechar o balanço no positivo”), e também muitas das bolsas são reembolsáveis após o final do curso. A FUMP também é agente da precarização das relações trabalhistas na UFMG, pois nos institutos, disfarçadas de “bolsas-auxílio”, são preenchidas vagas em que deveriam estar servidores da universidade por estudantes recebendo bolsas, sem direitos trabalhistas algum, por um trabalho que deveria ser exercido por um servidor concursado. Não que o estudante que precise não deva receber bolsas, mas não para cumprir uma função de servidor da universidade, e não esta bolsa-miséria, que não dá para garantir uma permanência digna na universidade. Outra forma de precarizar as relações trabalhistas via fundação privada é a terceirização do trabalho. A FUMP contrata funcionários para trabalhar nos bandejões e na administração que recebem menos e tem menos direitos do que um servidor público no mesmo cargo, apesar de trabalharem na mesma universidade. Este é o seu real papel na universidade pública, o de ser um agente de interesses privados e de mercado (a FUMP, por exemplo, possui diversos imóveis em Belo Horizonte, para especulação), onde o próprio conceito de assistência estudantil vigente hoje na UFMG é humilhante, colocando nas mãos dessa fundação privada todo o poder de decidir como funcionarão os programas, à serviço dos interesses do seu conselho diretor e do seu “caixa”; onde o estudante muitas vezes passa por grandes dificuldades para manter sua bolsa, encarar uma moradia universitária extremamente opressora, onde os estudantes não tem liberdade nenhuma de convívio e são constantemente ameaçados de represálias pela realização de qualquer evento, por parte dos gestores e assistentes sociais. Além destes fatos, a UFMG tem a única moradia estudantil no Brasil que cobra para receber estudantes. Mesmo com um déficit grande de vagas em relação aos estudantes que necessitam delas, muitos apartamentos se encontram vazios, devido aos altos preços. Porque chegamos a este ponto tão calamitoso sem poder dizer um “ai”? Acontece que as fundações privadas são apenas um dos pilares de um projeto de universidade elitista, onde o capital privado tem todo o espaço, seja nas fundações privadas, seja nos órgãos de fomento à pesquisa, para decidir os rumos da universidade pública. As pesquisas, financiadas pela FUNDEP, outra fundação privada na UFMG, ou por órgãos de fomento como CAPES e FAPEMIG, que têm grandes empresas em seus conselhos diretores, estão diretamente atreladas aos interesses de grandes empresas e da burocracia acadêmica. Ao invés de se desenvolverem pesquisas que poderiam avançar na integração da universidade com a maioria da população e dos trabalhadores que estão fora dela, a produção científica da universidade está totalmente direcionada para a produção de patentes, que rendem milhões para as grandes empresas, enquanto o mesmo bolsista que a desenvolve ganha uma miséria de bolsa, correndo contra os prazos estipulados por estes órgãos de fomento à pesquisa. Nas ciências humanas, o produtivismo (estipulação de prazos,

foco em apresentação de trabalhos, papers, voltados somente para embelezar o curriculum lattes, rankeamentos, etc) alienado do seu objeto de conhecimento é a forma de se pesquisar na universidade que põe o pesquisador e a pesquisa em ciências humanas no lugar mais cômodo e pouco ameaçador para o status quo, que é bem longe de romper com o esoterismo em que se encontram estas pesquisas, e longe de se ligar a quem mais poderiam interessar estes conhecimentos, à classe trabalhadora e à maioria do povo que está fora da universidade pública. Todo esse projeto de universidade pública, onde o vestibular cumpre o papel de filtro de classe, mantendo do lado de fora, a juventude trabalhadora e negra, é diretamente articulado pela estrutura de poder autoritária da universidade pública. A burocracia acadêmica, ligada aos interesses do governo e das grandes empresas, utiliza do Conselho Universitários e das Congregações das unidades para fazer passar aí seus projetos de atrelamento da universidade aos interesses privados. Nestes órgãos, sem possibilidade de qualquer enfrentamento por parte dos outros setores, são ratificadas a repressão aos estudantes que lutam contra este projeto elitista de universidade (como no caso do acordo firmado na FAFICH com as representações estudantis, onde a diretoria da unidade fez questão de frisar que pode punir estudantes pela realização de confraternizações “não-autorizadas”); também são ratificados o atrelamento das pesquisas aos interesses de grandes empresas (p. ex. na ratificação do desenvolvimento de patentes em congregações como no ICEX, na Engenharia, Química e Farmácia), ou até mesmo a entrega direta do patrimônio público para a iniciativa privada, como na aprovação da entrega de gestão do Hospital Universitário para a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Ou seja, o aumento do preço do bandejão não é uma ação que se encerra em si mesma. É determinada pelo projeto de universidade que hoje articula esta burocracia acadêmica cheia de privilégios, ligada ao governo Dilma e às grandes empresas. Portanto, para ser realista devemos ver que somente lutando para derrubar esta estrutura de poder que existe hoje na universidade se poderá pleitear uma assistência estudantil plena. A questão determinante é o projeto de universidade. Apenas outro projeto de universidade, aberta a todos que queiram ter acesso ao direito de estudar gratuitamente e com qualidade, a serviço da juventude e dos trabalhadores pode mudar o caráter determinado da assistência estudantil. E se queremos uma universidade para a juventude trabalhadora e pobre, queremos um bandejão que não só tenha o preço diminuído senão que seja totalmente gratuito (uma universidade ampla com acesso a todos precisa de um restaurante público e gratuito), assim como a moradia e outras necessidades de assistência estudantil.

JUVENTUDE ÁS RUAS ESPECIAL FUMP E FUNDAÇÕES PRIVADASOUTUBRO - 2012

BANDEJÃO R$ 4,15? GRATUIDADE JÁ! FORA FUMP E FUNDAÇÕES PRIVADAS!

FUMP E FUNDAÇÕES PRIVADAS: AGENTES DE UM PROJETO PRIVATISTA DE UNIVERSIDADE, À SERVIÇO DO MERCADO E DAS GRANDES EMPRESAS

“Embora uma fundação seja, conceitualmente, um patrimônio financeiro ou material privado colocado a

serviço de uma causa de interesse social, há uma inversão perversa: transformaram-se numa causa privada a serviço da formação de patrimônios também privados, valendo-se

da credibilidade das instituições públicas às quais se vinculam e de parte de seus recursos, que acabam

administrando.” Cartilha da ANDES-SN (Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior) sobre as

fundações privadas na universidade pública

UNIVERSALIZAR O CARENTE IV NÃO SIGNIFICA REVERTER O ATAQUE DA REITORIA ÀS CONDIÇÕES DE ASSISTÊNCIA

Depois de uma insipiente ação estudantil – o pulão e o ato na Av. Antônio Carlos - contra o aumento e fechamento do bandejão por parte da reitoria, esta decidiu aplicar uma das suas muitas manobras na manga para frear o questionamento estudantil e impedir que este se alastre e se transforme em uma grande luta a ponto de ameaçar suas posições, como a sua estrutura de poder e a presença das fundações privadas, à favor deste projeto de universidade pública, elitista e ligado ao mercado e às grandes empresas. Em uma reunião com o DCE, estudantes membros de CA's e DA's, membros do Comando de Mobilização e outros, ocorrida na última sexta-feira (26/10), a reitoria ofereceu a proposta de universalizar a nova categoria que criou de carência na FUMP, o carente IV, que só tem direito à alimentação “mais barata” (R$ 2,90), em troca do fim das mobilizações. Nem a coragem de abaixar o preço se teve. Devemos entender que esta é uma manobra da reitoria para frear o questionamento da presença das fundações privadas na universidade pública, e também deste projeto de universidade como um todo, que atrela os recursos da universidade pública aos interesses de grande empresas, que necessita de uma estrutura de poder extremamente autoritária para enfiar goela abaixo dos estudantes estes projetos, e onde esta mesma estrutura de poder utiliza da repressão para acabar com qualquer organização estudantil independente que possa vir à questionar tal modelo. A universalização do carente IV não significa em nada

colocar a assistência estudantil à favor da maioria que necessita dela, nem sequer é passo algum na luta por uma universidade pública gratuita, de qualidade, para todos, à serviço dos interesses dos trabalhadores e da juventude. Esta manobra da Reitoria visa confundir os estudantes, pois aparentemente reduz o preço da alimentação. Aparentemente, pois a refeição continuará a custar R$ 4,15, não se sabendo até quando durará estas medida de universalização da carência IV. Ano que vem poderemos esperar novos aumentos com muito mais certeza do que a continuidade desta universalização. Por outro lado, a FUMP nem de longe é só alimentação. O preço da moradia não será derrubado; sendo assim, apartamentos continuarão vazios, mesmo como déficit de vagas. Outro fato que já acontece hoje, mas tenderá a se intensificar é o indeferimento de pedidos de bolsas ou auxílios na FUMP por parte de quaisquer estudantes. Provavelmente agora os assistentes serão instruídos a dizer que a “culpa” da falta de auxílios é do rebaixamento do preço do bandejão. Internamente à FUMP, provavelmente ocorrerão demissões e intensificação da jornada de trabalho – a reitoria já ameaça com rebaixamento de salários dos trabalhadores -, novamente para “fechar o balanço no positivo”. Tudo isso após receber milhões do governo federal através do PNAES. Não podemos permitir que a assistência estudantil continue como mercadoria, como “ativos” na mão da FUMP para que esta continue seus negócios privados.

FORA FUMP E FUNDAÇÕES PRIVADAS! CONTRA A REPRESSÃO! PELA RETIRADA DOS PROCESSOS E EM DEFESA DAS LIBERDADES

DEMOCRÁTICAS DO MOVIMENTO ESTUDANTIL! CONTRA A ESTRUTURA DE PODER AUTORITÁRIA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA!

Sendo assim, a única maneira de realmente nos colocarmos contra este projeto de universidade, enfrentando-o em um dos seus pilares, que é a presença de fundações privadas na universidade pública, é levantando o FORA FUMP E FUNDAÇÕES PRIVADAS!. Não podemos nos adaptar à existência desta fundação, que é a causa de todos os aumentos e abusos existentes na política de assistência estudantil na UFMG. Também não podemos ceder e lutar por uma pró-Reitoria de Assistência Estudantil. Afinal, estaremos nos mobilizando por mais uma COSEAS (COSEAS é a pró-Reitoria de Assistência Estudantil da USP, hoje o órgão que reprime e persegue estudantes desta universidade como nos tempos da ditadura)? Não podemos nos mobilizar por mais um órgão interno à estrutura de poder desta universidade, que como vimos, é braço direto dos interesses do governo e das grandes empresas na universidade pública. Não é concreto lutarmos para legitimar a mesma estrutura que permite que, sem maiores crises, exista uma FUMP; que reprime e processa estudantes, que pode tomar medidas de força como o fechamento do bandejão no dia 19/10, que atrela o desenvolvimento de pesquisas a esta perspectiva elitista e ligada à grandes empresas de universidade pública; que entrega no patrimônio público à iniciativa privada, como na concessão do H.U. à EBSERH. CONTRA A ESTRUTURA DE PODER AUTORITÁRIA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA! Também para denunciarmos um dos aspectos essenciais deste projeto de universidade ligado às grandes empresas em detrimento dos interesses da maioria da população, é preciso lutar em defesa das liberdades democráticas do movimento estudantil e contra a repressão. No último período viemos sendo constantemente ameaçados de perder espaços estudantis, em diversas unidades; as festas e confraternizações estão proibidas, enquanto a Reitoria permite que a atual gestão do DCE (que é representante direta dos interesses da reitoria nesta entidade estudantil)

realize uma festa extremamente elitizada e opressora dentro do campus. Devemos poder pautar politicamente nossos debates nas unidades, nas salas de aula, em faixas e cartazes, em eventos, festas e confraternizações. Chega de manobras para esconder a repressão na universidade pública! Em defesa das liberdades democráticas do movimento estudantil! ABAIXO A REPRESSÃO! Mas também, só poderemos consequentemente enfrentar este projeto de universidade, que é nacional e articulado pelo governo federal, e seus braços nas universidades federais, o reitorado, se consequentemente e conscientemente buscamos nos ligar aos trabalhadores e ao povo pobre, que hoje estão fora das universidades públicas. Para pautar um outro projeto de universidade, que não seja à serviço do mercado e das grandes empresas, mas à serviço da maioria da população, é preciso nos mobilizar-nos por mais. PELO FIM DO VESTIBULAR E ESTATIZAÇÃO DAS UNIVERSIDADES PRIVADAS! Pois no vestibular, enquanto filtro de classe da universidade pública, e no fato de que a maioria (minoria da população, se levarmos em conta que menos de 15% da população tem acesso a qualquer tipo de ensino superior) que não tem oportunidade de ingressar na universidade pública amarga caras mensalidades e péssima qualidade de ensino nas universidades privadas, estão outros dos pilares do projeto de educação privatista e elitista de universidade que foi pautado por FHC, mas concretizado no governo Lula e Dilma, através de mais repasses à iniciativa privada, como no caso do PROUNI, ou de clara delimitação, através do REUNI, entre o que são os cursos de “excelência” (excelência em serviços às grandes empresas) e os cursos de menor apelo mercadológico, extremamente inflados, precarizados, visando formação de mão-de-obra qualificada, destinado aos péssimos postos de trabalho existentes, através dos quais o governo se utiliza para tentar passar sua demagogia de “democratização do acesso”.

PARA IMPLEMENTAR ESSE PROGRAMA: APOSTAR NA MOBILIZAÇÃO ESTUDANTIL PELAS BASES, ATRAVÉS DE ASSEMBLEIAS NOS CURSOS

O atual DCE gestão ONDA é agente da reitoria dentro do movimento dos estudantes. Já há muito tempo vem deliberadamente impedindo que o DCE cumpra o papel de instrumento de luta dos estudantes e, através de acordos com a reitoria, transformando esse instrumento de luta em um auxiliar dos planos desta. Desde o aumento do preço do bandejão não fez diferente, já que vem negociando supostas melhores condições de aumento dos preços – como se o aumento pudesse ser vantajoso a alguém. Não podemos confiar neste.

Por outro lado, na última assembleia ficaram claras duas estratégias distintas no movimento estudantil que tenta responder contra o aumento do bandejão. A primeira delas, levada à frente pelo PSTU (direção majoritária da ANEL), pelo PCR e pelo Levante Popular de Juventude, apesar de pequenas diferenças táticas pontuais, buscam através da “pressão à reitoria” tratar a questão do preço de maneira isolada das questões políticas mais importantes. Por isso buscam apenas negociações com a reitoria para apenas abaixar o preço e lutar por uma Pró-Reitoria de Assistência Estudantil. Essas estratégias confiam que é possível que a estrutura de poder autoritária da universitária cumpra o papel contrario ao que ela existe para cumprir. Ou seja, acreditam que uma estrutura de poder completamente antidemocrática, criada pela ditadura militar possa... gerir democraticamente a assistência estudantil. E ainda dizem isso afirmando que essa contradição evidente é realista. Algo parecido votou o PSTU quando no primeiro semestre, enquanto membros da gestão de CA's da FAFICH, ratificaram a formação de uma comissão junto com a diretoria desta unidade (baseada em uma estrutura igualmente antidemocrática) para “regularizar” as calouradas. Isso deu lugar a alguns termos de uso do espaço da universidade que na verdade significaram repressão e fim das festas na FAFICH – a atual gestão do DA da FAFICH, dirigida por eles mesmos, que antes diziam que iriam resolver o problema da repressão com uma comissão e apostando na boa vontade do diretor, acabou de divulgar uma “Calourada da FAFICH” na casa de show “Granfinos” . Agora, além de tudo somos uma das únicas universidades no país onde as calouradas acontecem em casas de shows privadas e não no campus da universidade pública. É preciso aprender com os erros do passado.

Por isso nós, da Juventude Às Ruas reivindicamos uma segunda estratégia, que viemos lutando para implementar nas assembleias que foram feitas pelo movimento estudantil. Acreditamos somente na força de mobilização dos estudantes. Não confiamos em acordos com uma estrutura de poder extremamente autoritária. É preciso organizar o movimento estudantil para lutar pela derrota da reitoria e deste projeto de universidade. Pela expulsão, através da mobilização (estudantes também fazem greve!), das fundações privadas da universidade! Para acabar com a repressão! Isso só pode se dar através de um vivo debate de ideias na base dos estudantes, nas salas de aulas, em assembleias de unidades e de cursos! Em órgãos realmente democráticos, pois o atual “Comando de Mobilização dos Estudantes” nada mais é do que um grande acordo entre algumas correntes - que desde o começo votaram as pautas

do movimento estudantil por elas mesmas e não organizaram nenhuma assembleia de base, mesmo sendo o comando composto por diversos DA’s e correntes políticas com dezenas de militantes. Nós, que somos uma nova e ainda pequena organização de estudantes na UFMG nunca tivemos espaço para expormos o nosso debate político e programático, senão por materiais próprios nossos como esse e o “Boletim Juventude Às Ruas MG”. Os DA’s não realizam assembleias nos cursos (o DA FAFICH havia marcado uma assembleia para quinta-feira, dia 25/10, mas a desmarcou misteriosamente), qualquer setor de estudantes, inclusive independentes, que queiram ir ao suposto “comando de mobilização dos estudantes” expor diferentes opiniões e programas (como o programa de fora fundações e contra a estrutura de poder) serão imediatamente esmagados pelo acordo superestrutural feito previamente pelas correntes. Não achamos que o problema seja existirem correntes políticas, como muita gente, ao olhar o atual burocratismo do Movimento Estudantil na UFMG, pretensamente pensa. Quem faz isso joga a criança fora junto com a água suja do banho. Nós, muito pelo contrário, somos uma corrente política e defendemos o direito e a necessidade de organização política dos estudantes, porém não defendemos a estratégia superestrutural que hoje predomina nessas organizações. É essa estratégia que deve ser jogada fora, essa falsa resposta deve ser jogada fora, não a necessidade de se organizar em partido. Ao contrário, achamos que devemos nos organizar para implementar uma estratégia distinta, fundada no que há de mais avançado internacionalmente, em exemplos concretos. A juventude por todo o mundo vem lutando por seus direitos. As estruturas de poder autoritárias, nas universidades e nos países, são as principais inimigas dessa juventude. No Chile tanto foi assim que a luta por educação pública colocou em primeiro lugar e ganhou o apoio de todo o país na luta contra as heranças do regime Pinochetista, que determinam o caráter privatista e mercadológico da educação chilena. Na Espanha, começa a se passar o mesmo, agora na luta contra as heranças autoritárias da ditadura Franquista. Aqui no Brasil não faltam heranças da reacionária ditadura militar tupiniquim. A juventude negra, pobre e trabalhadora não tem acesso à universidade pelo alto nível de elitismo das universidades brasileiras. Por outro lado o ensino privado, legado pela ditadura, se aprofunda. A juventude é massacrada pelos policiais e não tem acesso ao espaço público da universidade para lazer e cultura – que restringe as poucas liberdades ainda restantes nesse que deveria ser espaço de livre pensamento, manifestação expressão política, artística e cultural a pouquíssimas parcelas da juventude. Continuaremos como parte dessa pequena parcela lutando apenas por uma diminuição do preço do bandejão - o que seria estar na contramão dos exemplos da luta da juventude internacionalmente - ou lutaremos com as únicas armas que realmente podem mudar o caráter da atual assistência estudantil, o questionamento do atual projeto de universidade e a aliança com a juventude trabalhadora e o povo contra o atual projeto de universidade? Nós da Juventude Às Ruas achamos que devemos lutar por esta segunda opão e achamos que devemos potencializar nossas forças, nos organizando juntos e lutando para implementar essa estratégia. Esse é nosso chamado.

CONTRA O AUMENTO DO BANDEJÃO, GRATUIDADE JÁ!

FORA FUMP E FUNDAÇÕES PRIVADAS!

ABAIXO A ESTRUTURA DE PODER AUTORITÁRIA DA UNIVERSIDADE!

ABAIXO A REPRESSÃO!