78
PANORAMA DA AUTOVISTORIA NO RIO DE JANEIRO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DE EDIFICAÇÕES MULTIRESIDENCIAIS Matheus Fortes Machado Souza Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro Setembro de 2018

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PANORAMA DA AUTOVISTORIA NO RIO DE JANEIRO: INSPEÇÃO E

MANUTENÇÃO DE EDIFICAÇÕES MULTIRESIDENCIAIS

Matheus Fortes Machado Souza

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Setembro de 2018

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PANORAMA DA AUTOVISTORIA NO RIO DE JANEIRO: INSPEÇÃO E

MANUTENÇÃO DE EDIFICAÇÕES MULTIRESIDENCIAIS

Matheus Fortes Machado Souza

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

_________________________________________

Prof. Jorge dos Santos, D.Sc., Orientador

_________________________________________

Prof.a. Isabeth Mello, M.Sc.

_________________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

SETEMBRO de 2018

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iii

Souza, Matheus Fortes Machado

Panorama da Autovistoria no Rio de Janeiro: Inspeção e

Manutenção de Edificações Multiresidenciais. – Rio de Janeiro:

UFRJ/Escola Politécnica, 2018.

XIII, 78 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 61 - 65

1. Introdução. 2. Autovistoria: Contextualização. 3.

Aspectos Técnicos da Avaliação Predial. 4. Aspectos Técnicos das

Manutenções Relativas à Autovistoria. 5. Resultados Obtidos com

a Autovistoria – Avaliação Predial. 6. Percepção das Partes

Envolvidas: Poder Público e Profissionais Habilitados. 7.

Considerações Finais.

I. Santos, Jorge dos II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Panorama da Autovistoria no Rio de Janeiro: Inspeção e

Manutenção de Edificações Multiresidenciais.

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iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço a cima de tudo a Deus, que esteve sempre comigo nos momentos

bons e ruins ao longo dessa jornada.

Aos meus pais Elaine Fortes Machado Souza e Cesar Roberto Machado Souza

pelo amor, por me fortalecerem e terem me dado todas as condições necessárias para

atingir esse objetivo.

A minha família, meu irmão Lucas Fortes Machado Souza, minha irmã Clara

Fortes Machado Souza e minha avó Ivonete Mendonça Fortes, por sempre torcerem por

mim e fazerem a diferença na minha vida.

Aos grandes amigos que encontrei ao longo desses anos de curso.

Ao meu professor orientador Jorge dos Santos pelo auxílio no desenvolvimento

deste Projeto de Graduação.

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v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

PANORAMA DA AUTOVISTORIA NO RIO DE JANEIRO: INSPEÇÃO E

MANUTENÇÃO DE EDIFICAÇÕES MULTIRESIDENCIAIS

Matheus Fortes Machado Souza

Setembro de 2018

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

O presente trabalho apresenta uma análise sobre o panorama da autovistoria predial no

município do Rio de Janeiro abordando o tema pelo seu aspecto técnico, juntamente

com as ações de manutenção, e realizando uma análise de mercado. Quanto ao aspecto

técnico é pontuada a metodologia empregada para a sua realização, identificando as

partes envolvidas, responsabilizações, e a legislação em vigor. Quanto ao estudo do

mercado, é averiguado a proporção de edificações já vistoriadas e o total que ainda

deverá ser considerando a obrigatoriedade imposta pela legislação desde março de 2013.

Atendendo ao objetivo principal deste trabalho são apresentados os métodos utilizados

para a realização das autovistorias, a forma usada para relatar os resultados das

autovistorias e os avanços e resultados obtidos.

Palavras-chave: Autovistoria predial, Manutenção Predial, Legislação de Autovistoria

Predial.

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vi

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/ UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

SCENARIO OF THE BUILDING INSPECTION IN RIO DE JANEIRO:

INSPECTION AND MAINTENANCE OF MULTIRESIDENTIAL BUILDINGS

Matheus Fortes Machado Souza

September/2018

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

This work presents a situation analysis of the Building Inspection in the city of Rio de

Janeiro, discussing the theme for its technical aspect, along with the maintenance

actions, and conducting a market analysis. As for the technical aspect, the methodology

used for its accomplishment is identifying the parties involved, their responsibilities,

and the legislation in force. Regarding the market study, the proportion of buildings

already inspected and the total that should still be considering the obligation imposed by

the legislation since March 2013, is investigated. Added to this, taking into account the

main objective of this work, are presented the methods used to perform the inspections,

the form used to report the results and the advances and results obtained.

Keywords: Building Inspection, Building Maintenance, Building Inspection Law.

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vii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................... 1

1.2. JUSTIFICATIVAS ....................................................................................................... 2

1.3. OBJETIVO ................................................................................................................... 2

1.4. METODOLOGIA ........................................................................................................ 3

1.5. ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ............................................................................ 3

2. AUTOVISTORIA: CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................... 5

2.1. A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PREDIAL ...................................................... 5

2.2. ASPECTOS HISTÓRICOS .......................................................................................... 6

2.3. RAZÕES PARA A CRIAÇÃO DA AUTOVISTORIA ............................................... 6

2.3.1. DESEMPENHO ................................................................................................... 9

2.3.2. VIDA ÚTIL ........................................................................................................ 10

2.4. ASPECTOS LEGAIS RELATIVOS À AUTOVISTORIA ........................................ 12

2.4.1. LEI ESTADUAL Nº 6400 .................................................................................. 12

2.4.2. LEI COMPLEMENTAR Nº 126 ........................................................................ 13

2.4.3. DECRETO Nº 37.426 ......................................................................................... 14

2.5. AVALIAÇÃO PREDIAL NOS OUTROS ESTADOS DO BRASIL ......................... 15

2.6. ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES NO PROCESSO DE AUTOVISTORIA

20

2.6.1. DO RESPONSÁVEL PELO IMÓVEL .................................................................... 20

2.6.2. DO PROFISSIONAL RESPONSÁVEL PELA AUTOVISTORIA ......................... 20

2.6.3. DA PREFEITURA ................................................................................................... 20

2.6.4. DOS CONSELHOS DE CLASSE ............................................................................ 21

2.6.5. DE ENTIDADES ..................................................................................................... 21

2.6.6. DOS CONDÔMINOS .............................................................................................. 21

2.6.7. HABILITAÇÃO DO PROFISSIONAL E CONSLHO DE CLASSE....................... 22

3. ASPECTOS TÉCNICOS DA AVALIAÇÃO PREDIAL ................................................... 24

3.1. MÉTODOS UTILIZADOS PARA A REALIZAÇÃO DA AUTOVISTORIA .......... 24

3.1.1. METODOLOGIA ............................................................................................... 25

3.2. PROCEDIMENTOS PRÁTICOS DA AUTOVISTORIA .......................................... 26

3.2.1. LISTA DE VERIFICAÇÃO DA AUTOVISTORIA .......................................... 26

3.2.2. TESTES E ENSAIOS ......................................................................................... 27

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viii

3.2.3. SOFTWARES UTILIZADOS ............................................................................ 28

3.3. QUALIFICAÇÃO DOS ENGENHEIROS E ARQUITETOS PARA REALIZAR A

AUTOVISTORIA .................................................................................................................. 30

3.4. LAUDO TÉCNICO DE VISTORIA PREDIAL ......................................................... 32

3.5. ACOMPANHAMENTO DA REALIZAÇÃO DAS MANUTENÇÕES E

REVISTORIAS ...................................................................................................................... 35

3.6. DIFICULDADES EXECUTIVAS ............................................................................. 36

4. ASPECTOS TÉCNICOS DAS MANUTENÇÕES RELATIVAS À AUTOVISTORIA ... 38

4.1. MEDIDAS EVOLUTIVAS: AVANÇOS TÉCNICOS E AUTOVISTORIA ............. 38

4.2. NORMAS TÉCNICAS DA ABNT APLICADAS A AUTOVISTORIA ................... 38

4.2.1. IBAPE 2012 – NORMA DE INSPEÇÃO PREDIAL ......................................... 38

4.2.2. ABNT NBR 5.674:2012 - MANUTENÇÃO DE EDIFICAÇÕES –

REQUISITOS PARA O SISTEMA DE GESTÃO DE MANUTENÇÃO.......................... 39

4.2.3. ABNT NBR 15.575:2013 - EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS –

DESEMPENHO ................................................................................................................. 40

4.2.4. ABNT NBR 16.280:2014 - REFORMA EM EDIFICAÇÕES – SISTEMA DE

GESTÃO DE REFORMA – REQUISITOS ....................................................................... 42

4.3. MÉTODOS E TÉCNICAS APLICADAS A MANUTENÇÃO PREDIAL ................ 46

5. RESULTADOS OBTIDOS COM A AUTOVISTORIA - AVALIAÇÃO PREDIAL ........ 47

5.1. POSICIONAMENTOS DE ENTIDADES ESPECÍFICAS A RESPEITO DA

AUTOVISTORIA .................................................................................................................. 47

5.2. LEVANTAMENTO ESTATÍSTICO DA REALIZAÇÃO DA AUTOVISTORIA NO

MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO..................................................................................... 47

5.3. A FISCALIZAÇÃO PELO PODER PÚBLICO ......................................................... 49

5.3.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA GESTÃO DAS AUTOVISTORIAS 50

5.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS APURADOS ............................... 51

6. PERCEPÇÃO DAS PARTES ENVOLVIDAS: PODER PÚBLICO E PROFISSIONAIS

HABILITADOS ......................................................................................................................... 52

6.1. POSICIONAMENTO DOS INTERVENIENTES ACERCA DA AUTOVISTORIA 52

6.1.1. POSICIONAMENTO DO PODER PÚBLICO FRENTE À AUTOVISTORIA. 52

6.1.2. POSICIONAMENTO DO RESPONSÁVEL PELO IMÓVEL .......................... 53

6.1.3. POSICIONAMENTO DOS PROFISSIONAIS HABILITADOS ....................... 54

6.2. ITENS COMUNS RELEVANTES PARA OS AGENTES ENVOLVIDOS .............. 54

6.2.1. A PERCEPÇÃO DE VALIDADE DA AUTOVISTORIA ................................. 54

6.2.2. O MODO DE FISCALIZAÇÃO E COBRANÇA DE MULTAS ....................... 55

6.2.3. A PERIODICIDADE DA AUTOVISTORIA..................................................... 56

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ix

6.2.4. O ALCANCE DA LEI ENTRE A POPULAÇÃO.............................................. 56

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 58

7.1. SUGESTÕES ............................................................................................................. 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 61

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x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização do edifício Liberdade .................................................................... 7

Figura 2: Obras de expansão no Ed. Liberdade. ............................................................... 8

Figura 3: Vida útil e a vida útil de projeto ...................................................................... 11

Figura 4: Distribuição da incidência dos acidentes prediais por tipo de origem ............ 12

Figura 5: Panorama legal da autovistoria no território nacional .................................... 19

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xi

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Normas relativas à autovistoria no estado de São Paulo. .............................. 16

Quadro 2: Normas relativas à autovistoria no estado da Bahia. ..................................... 16

Quadro 3: Normas relativas à autovistoria no estado de Santa Catarina. ....................... 17

Quadro 4: Normas relativas à autovistoria no estado do Rio Grande do Sul. ................ 17

Quadro 5: Normas relativas à autovistoria no estado do Ceará. ..................................... 17

Quadro 6: Projetos de lei relativos à autovistoria no país. ............................................. 18

Quadro 7: Áreas de atuação dos profissionais da equipe técnica ................................... 32

Quadro 8: Requisitos qualitativos de desempenho ......................................................... 41

Quadro 9: Modelo com exemplos não restritivos para os sistemas das edificações cujas

atividades são de responsabilidade de empresas capacitadas. ........................................ 44

Quadro 10: Modelo com exemplos não restritivos para os sistemas das edificações cujas

atividades são de responsabilidade de empresas especializadas. ................................... 45

Quadro 11: Cenário da autovistoria no município do Rio de Janeiro ............................ 49

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xii

LISTA DE SIGLAS

ABADI Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ADEMI Associação de Dirigentes e Empresas do Mercado Imobiliário

AIG American International Group

ART Anotação de Responsabilidade Técnica

CAU/RJ

CFTV

Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado do Rio de Janeiro

Circuito Fechado de TV

COBREAP Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias

CREA-RJ Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio de

Janeiro

IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias de Engenharia

IBAPE/SP Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias de Engenharia do Estado

de São Paulo

IPTU Imposto sobre Propriedade Territorial e Urbana

LTVP Laudo Técnico de Vistoria Predial

NBR Norma Brasileira

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

PCMSO

PPRA

PMOC

RIA

SPDA

VC

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional;

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

Plano de Manutenção e Operação e Controle

Relatório de Inspeção Anual de Elevadores

Atestado do Sistema de Proteção a Descarga Atmosférica

Valor Unitário Padrão Não Residencial

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xiii

VR Valor Unitário Padrão Residencial

RRT Registro de Responsabilidade Técnica

SECOVIRIO Sindicato da Habitação do Estado do Rio de Janeiro

SMU Secretaria Municipal de Urbanismo

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Apesar da atual realidade econômica adversa vivida pelas famílias ainda assim

existe uma mentalidade muito forte na nossa sociedade de alcançar o sonho de possuir

uma casa própria.

Deste modo, a casa própria adquire significados culturais importantes, ligados

à noção de lar, de estabilidade e de evolução financeira. Somado a este contexto o sonho

da casa própria também representa uma ideia de proteção para as gerações futuras,

sendo a casa própria um patrimônio que pode ser passado para familiares e filhos.

Além desse aspecto cultural que cerca as edificações no Brasil, também é

válido atentar para o legado histórico que algumas dessas edificações carregam consigo,

que são passados de geração para geração. No caso da cidade do Rio de Janeiro podem

ser citados como alguns exemplos o Teatro Municipal, que foi inaugurado no dia 14 de

julho de 1909, pelo presidente da República Nilo Peçanha, e o Palácio Laranjeiras que é

a atual residência oficial do Governador do Estado, sendo construído entre 1909 e 1913

e já tendo servido também como residência oficial da presidência em 1926 por decisão

de Washington Luís.

Desta forma, é importante perceber a relevância que as edificações possuem,

sendo potencializada ainda no Município do Rio de Janeiro onde o valor do metro

quadrado alia-se com o rico contexto histórico da cidade.

Naturalmente a durabilidade das obras de edificações está associada à

qualidade da execução das construções. Mas também depende da manutenção

preventiva e corretiva dos desgastes e patologias que podem surgir nas edificações ao

longo do ciclo de vida das mesmas. Para programação e realização das manutenções

preventivas e corretivas faz-se necessário a realização de inspeções periódicas por

profissionais qualificados. As manutenções podem ser abrangentes a toda a edificação

ou somente a uma parte da mesma como, por exemplo, a estrutura.

Por outro lado, apesar da importância da manutenção, via de regra não há por

parte dos proprietários da edificação ou dos usuários que a utilizam, como os inquilinos,

a preocupação com relação à conservação mínima que uma edificação requer. Essa

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2

prática acaba consolidando uma cultura geral que leva a muitos problemas relacionados

à perda de função por parte de elementos ou de toda edificação.

São constantes os acidentes com quedas de varandas, marquises,

desplacamento de material de revestimento de fachadas, e até o desabamento de toda a

edificação. Neste contexto, destaque deve ser dado as permanentes modificações que

são realizadas nas edificações, a sua grande maioria por profissionais não qualificados.

As modificações têm por objetivo adequar o ambiente as novas necessidades

do usuário e essas intervenções acabam gerando alterações significativas na segurança

das edificações e também nas demais localizadas na circunvizinhança.

Assim sendo, surge nesse cenário a autovistoria, que é um projeto do governo

do Estado, que se propõe a avaliar a integridade das edificações visando, através de um

acompanhamento periódico das mesmas, aumentar a segurança, o seu estado de

conservação e a longevidade da edificação.

1.2. JUSTIFICATIVAS

A obrigatoriedade da realização da autovistoria das edificações estabelecida a

partir de 2013, por legislação estadual no Estado do Rio de Janeiro, é de grande

importância para que a vida útil das edificações seja mantida e para que haja segurança

na sua utilização.

Naturalmente para qualquer nova legislação, é necessário um período de

adaptação para que a sociedade incorpore suas diretrizes e as transforme em práticas.

Por outro lado, há uma tendência ao não atendimento das diretrizes se não houver

fiscalização, cobrança e sanções no caso de descumprimento.

Dada a relevância da autovistoria para a segurança das edificações, é de suma

importância que esta legislação seja efetivamente cumprida pela sociedade em geral e

que inspeções e manutenções sejam também materializadas.

1.3. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é apresentar a postura do mercado em relação à

autovistoria predial, analisando a percepção das partes interessadas e a quantidade de

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3

edificações em estado de concordância com a legislação. Este trabalho também se

propõe a identificar e interpretar a legislação tocante ao referido tema, assim como os

aspectos técnicos das autovistorias e das manutenções relativas às mesmas.

1.4. METODOLOGIA

Para a elaboração deste trabalho foi realizado um levantamento bibliográfico

sobre o tema, a seleção de entrevistas com profissionais habilitados para a prestação do

serviço de vistoria, assim como os posicionamentos das entidades de classe envolvidas.

Além desses componentes, foi realizado ao longo do trabalho o embasamento

no aspecto legal que o tema demanda, buscando a legislação pertinente em vigor:

a) No âmbito municipal, a Lei complementar nº 126 de 26 de março de 2013.

b) O Decreto nº 37.426 de 11 de julho de 2013

c) No âmbito estadual, a lei nº 6400, de 05 de março de 2013.

Foi realizada também uma pesquisa sobre o comportamento atual do mercado,

que se apoiou na análise de resultados estatísticos e dados provenientes do setor público,

em entrevistas de profissionais experientes sobre a visão que possuem de como o

mercado vem se adaptando a essa recente obrigatoriedade, e por fim nos pontos de vista

dos responsáveis por imóveis, que possuem a incumbência de contratar a autovistoria,

acerca da legislação.

Para permitir o desenvolvimento da conclusão deste trabalho também foi

identificado por meio de revisão bibliográfica e analisado, o posicionamento dos

intervenientes acerca do papel desempenhado pelo setor público, a forma de fiscalização

demonstrada e pontos passíveis de análise e correções futuras, para o melhor

desempenho da vistoria no Rio de Janeiro.

1.5. ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

Esta monografia esta organizada em sete capítulos, de forma a estruturar uma

linha de raciocínio que aborde o panorama da autovistoria no município do Rio de

Janeiro.

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4

O primeiro capítulo é a introdução ao tema, começando a discussão sobre a sua

importância. Aborda também os objetivos que esta monografia se propõe a alcançar, a

motivação e justificativas para a escolha do tema, além de descrever a estrutura da

monografia, sintetizando o conteúdo apresentado em cada capítulo e a metodologia

empregada durante a sua elaboração.

O segundo capítulo é sobre a contextualização acerca da autovistoria, este

pontua e define o que é autovistoria predial, abrangendo os aspectos históricos por trás

do tema, as razões que levaram a sua criação, os aspectos legais no estado do Rio de

Janeiro e também nos outros estados da federação. Neste capítulo também é apresentado

quais são os profissionais legalmente habilitados para desempenhar esta função, assim

como as suas responsabilidades e as de todos os envolvidos em um processo de vistoria

predial.

O terceiro capítulo é sobre os aspectos técnicos da autovistoria, apresentando

métodos para a sua realização, dissertando sobre o processo de execução utilizado, as

qualificações que os profissionais precisam ter para o exercício da função, os modelos

para os relatórios empregados, o período de acompanhamento da realização das

manutenções e revistorias e as dificuldades executivas enfrentadas ao longo do

processo.

O capítulo quatro do trabalho consiste na análise de métodos e aspectos

técnicos aplicáveis ao processo de manutenção predial. Aborda também avanços obtidos

no processo de autovistoria, e legislações e normas da ABNT pertinentes ao tema.

No quinto capítulo é realizado um levantamento para alcançar uma estatística

sobre a porcentagem de prédios vistoriados em relação ao total que ainda deverá ser.

Também é analisado as características da fiscalização feita pela prefeitura e a estrutura

que esta possui para a gestão das autovistorias.

O sexto capítulo se refere à percepção das partes interessadas ao longo de um

processo de vistoria predial.

Para concluir, no sétimo capítulo, são expostas as considerações finais do

trabalho.

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5

2. AUTOVISTORIA: CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1. A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PREDIAL

Autovistoria predial é o nome mais conhecido do que também pode ser

chamado de visita técnica. A visita técnica se traduz em uma inspeção técnica realizada

em prédios, edifícios ou condomínios por um profissional responsável legalmente apto

para fazer um diagnóstico da estrutura. Dentro deste diagnóstico a autovistoria predial

tem como objetivo principal avaliar tecnicamente as condições de segurança, de

conservação e de estabilidade das edificações.

Com base no diagnóstico é elaborado um laudo técnico atestando as condições

em que a edificação se encontra. Para a elaboração desse laudo, em alguns casos é

necessário que sejam realizados exames e testes complementares por profissionais com

outros tipos de especializações. Os exames e testes complementares são requeridos

sempre que a situação da edificação e de suas partes não possa ser avaliada semente por

inspeção visual.

No caso em que ocorre a constatação de problemas na edificação, que são

necessariamente indicados no laudo técnico, o responsável pela sua elaboração também

indica o procedimento que deve ser tomado e as obras que devem ser realizadas. Não é

raro nesse mercado que após a elaboração do laudo, o próprio profissional ou empresa

responsável pela inspeção também seja contratado para realizar as obras de manutenção

indicadas.

Seguindo as instruções da Lei estadual nº 6400 de 05 de março 2013 a

autovistoria deve ser executada nas edificações com regularidade, e isto é uma

demonstração do poder público de preocupação visando garantir por lei, que as

condições consideradas adequadas a segurança e uso sejam respeitados nos imóveis no

estado do Rio de Janeiro.

Deste modo, para alcançar este objetivo, o período de tempo estipulado para a

regularização das edificações frente à nova obrigatoriedade foi de 15 meses após a

vigência da lei, valendo pontuar que, a partir de sua primeira realização, também

determinando a periodicidade em que o serviço deverá ser prestado.

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6

Como consequência dessa medida, há o aumento das manutenções e medidas

preventivas nas edificações, deste modo a ocorrência de acidentes, assim como a

necessidade do emprego de obras emergenciais diminui, favorecendo a estabilidade da

estrutura. Nesse sentido, as condições de segurança da edificação aumentam,

beneficiando a todos os envolvidos, tendo como base o apontado.

Além desse ponto, a realização periódica da autovistoria em edificações é uma

forma confiável de se assegurar sobre a condição atual de uma estrutura. (GOMIDE,

FAGUNDES NETO E GULLO, 2014).

2.2. ASPECTOS HISTÓRICOS

A autovistoria no Rio de Janeiro teve seu nascimento após o desabamento do

Edifício Liberdade em 2012, abordado no item 2.3.

O desabamento além da perda de vidas e dos prejuízos materiais provocados

despertou a necessidade de discussão do tema por entidades vinculadas a engenharia

civil e a arquitetura no Brasil. Nesse contexto destacou-se o Clube de Engenharia do

Rio de Janeiro, mediante a realização de muitos debates sobre a questão da segurança e

durabilidade das edificações. Surgindo assim, uma nova legislação estabelecendo a

obrigatoriedade da realização da autovistoria.

Em complemento, mostrando a relevância que o tema passou a possuir, é

válido ressaltar que segundo a NBR 5.674 (2012) “a manutenção de edificações é um

tema cuja importância supera, gradualmente, a cultura de se pensar o processo de

construção limitado até o momento quando a edificação é entregue e entra em uso”.

2.3. RAZÕES PARA A CRIAÇÃO DA AUTOVISTORIA

Para o entendimento da motivação que guiou a obrigatoriedade da autovistoria

predial, prevista pela lei estadual nº 6400 e a lei Complementar nº 126, no âmbito

municipal, ambas no ano de 2013, é necessário primeiro lembrar o contexto vivido na

época. Neste período, o Município do Rio de Janeiro foi cenário de notícias de

desabamentos de prédios, como o edifício Liberdade que se situava no centro da cidade,

na Avenida Treze de maio, número 44.

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O desabamento deste prédio de vinte andares ocorreu no dia 25 de janeiro de

2012, e também levou a queda de um prédio adjacente de dez andares (Edifício

Colombo, localizado na Rua Manoel Carvalho, nº16) e parte de um sobrado de quatro

andares que, por sua vez, danificou a bilheteria do Teatro Municipal.

Figura 1: Localização do edifício Liberdade

Fonte: UOL notícias (03/04/2012)

Esta tragédia acarretou a morte de 17 pessoas e trouxe o debate e a

preocupação da opinião pública com a conservação e manutenção predial.

O Edifício Liberdade foi construído no período de 1938 a 1940, em uma região

aterrada onde existia a Lagoa do Boqueirão. Deste modo, era uma edificação propensa a

sofrer recalques e que deveria passar por monitoramentos periódicos. Segundo Câmara

(2010), durante a década de cinquenta, o Edifício Liberdade passou por uma expansão

nos seus últimos quatro andares, aumentando a carga na sua estrutura.

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Figura 2: Obras de expansão no Ed. Liberdade.

Fonte: Parecer técnico de engenharia avaliação das causas do desabamento do Ed.

Liberdade (2010).

Somado a estes fatos, na década de setenta a edificação sofreu uma inclinação

durante a construção do metrô, direção para a qual o prédio desabou. O Edifício

Liberdade também possuía rachaduras, que segundo os antigos ocupantes tinham

aproximadamente um metro de comprimento e que em alguns casos era possível ver o

andar de baixo através da laje, indicando que a laje estava rompida. Essas rachaduras na

estrutura permitem que aconteça a infiltração de água, que por sua vez leva a corrosão

do aço que é empregado nas lajes, vigas e pilares (CÂMARA, 2010).

Deste modo é provável que a união desses fatores tenha enfraquecido os

elementos estruturais do prédio, e que partes dos esforços tenham passados a ser

transmitidos para os elementos não estruturais como a alvenaria. Ao longo do período

de existência do prédio, este passou por várias reformas internas, sendo que nos últimos

seis meses antes do desabamento, obras foram realizadas no 5º e 8º andares e no

momento da queda obras estavam em andamento nos andares 3º, 9º e 19º (CÂMARA,

2010).

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Assim sendo o cenário da época, a preocupação com a vida útil da estrutura

aflorou fortalecendo a conscientização sobre a necessidade de uma análise técnica

periódica sobre as condições de uma edificação.

Para se alcançar uma estimativa sobre a vida útil de uma edificação é

necessário considerar a sua funcionalidade atendendo aos requisitos do usuário, o

desempenho da mesma, e para isso foi estabelecida a norma de desempenho NBR15575

de 2013.

Os conceitos de vida útil e de desempenho serão abordados nos itens 2.3.1 e

2.3.2.

Deste modo, a norma tem como objetivo desenvolver em construções

residenciais fatores como a expectativa de vida útil, o desempenho, a funcionalidade, a

manutenção e a sustentabilidade. Para isso, segundo NBR15575 (2013), é definido o

período de tempo de vida útil de uma edificação como “o período de tempo em que um

edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram projetados e

construídos, com atendimento dos níveis de desempenho previstos nesta norma,

considerando a periodicidade e a correta execução dos processos de manutenção

especificados no respectivo manual de uso, operação e manutenção”.

Portanto, o poder público buscou através da legislação oferecer melhores

condições e uma maior segurança para os cidadãos, tornando obrigatória a inspeção

predial acompanhada de um laudo técnico, feito por um profissional devidamente

habilitado e que se responsabilize pela estrutura. Este laudo é então entregue a um órgão

fiscalizador que o analisa e em caso de aprovação emite um certificado, regularizando

legalmente a edificação, para acompanhamento e controle do governo. Este certificado é

mantido na edificação que passou pela vistoria para ser exibido ao órgão fiscalizador

quando necessário.

2.3.1. DESEMPENHO

Atualmente para a análise de desempenho é necessário o respaldo na norma

NBR15575 de 2013. A norma está focada no atendimento às necessidades dos usuários

e a funcionalidade por eles esperada, o que torna por consequência a norma uma análise

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sobre critérios qualitativos já que a impressão que um usuário tem sobre determinado

fator em uma construção é individual, podendo variar entre os usuários.

Nesse sentido, a norma se pré-dispõe a transformar essa análise qualitativa em

critérios quantitativos, especificando e padronizando as necessidades que as construções

devem atender. Assim, tornando possíveis métodos para a avaliação da edificação, por

intermédio de ensaios laboratoriais, análise de projetos e simulação computacional.

Deste modo, tendo em vista o objetivo da norma, a análise da NBR15575 e sua

relação com a autovistoria predial é observada no item 4.2.3.

2.3.2. VIDA ÚTIL

Sobre a análise da vida útil de uma estrutura, inicialmente, é necessário realizar

a distinção entre a vida útil (VU) e a vida útil de projeto (VUP).

Segundo a NBR15575 (2013), a vida útil de uma edificação pode ser entendida

como o período total de tempo ao qual a construção atende aos níveis mínimos de

desempenhos estipulados e padronizados na norma.

Este período de tempo tem início quando a edificação regulariza seu estado no

seu aspecto legal, obtendo o “Habite-se” ou “Auto de Conclusão da Obra”. Assim, a

vida útil de uma edificação não é a garantia contratual estipulada pelo incorporador ou

pela construtora, nem tampouco a garantia legal que é o período de tempo que o

comprador tem o direito de fazer reclamações quanto os defeitos do produto, conforme

a lei determina.

A vida útil de projeto por sua vez, é um período de tempo estimado feito pelo

projetista para o qual a estrutura deverá atender os padrões mínimos de desempenho

determinados pela norma, essa previsão considera que serão feitas corretamente ações

de manutenção e correções como estão especificadas no manual de uso, operação e

manutenção. Deste modo, a vida útil de projeto não se refere à vida útil, a durabilidade e

nem as garantias legais ou contratuais (KELCH, 2016).

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Figura 3: Vida útil e a vida útil de projeto

Fonte: ABNT NBR15575 (2013)

Ainda sobre a questão da autovistoria predial, os momentos de manutenção,

conforme indicado no gráfico da figura 3, seriam os momentos em que ocorrem as

inspeções prediais e teriam o efeito de aumentar a segurança e a vida útil das

edificações, seguindo o objetivo das leis que tornaram a autovistoria uma obrigação

legal.

Em favor desta obrigatoriedade, segundo estudo do IBAPE/SP (2009) sobre os

acidentes que ocorrem em edificações prediais com idade superior a 30 anos em São

Paulo chegou-se a conclusão, que 66% dos acidentes registrados são devidos a falhas no

processo de manutenção da estrutura.

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Figura 4: Distribuição da incidência dos acidentes prediais por tipo de origem

Fonte: CONSENZA – Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (SENGE

RJ), 2014.

2.4. ASPECTOS LEGAIS RELATIVOS À AUTOVISTORIA

Para abordar a autovistoria predial quanto ao seu aspecto legal no Município do

Rio de Janeiro, é preciso observar, primeiramente, a Lei Estadual Nº 6400, a Lei

Municipal Complementar Nº 126 e o Decreto Nº 37.426/13.

2.4.1. LEI ESTADUAL Nº 6400

No âmbito estadual, a Lei nº 6400, de 05 de março de 2013, que foi sancionada

pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro à época, Sérgio Cabral, e de autoria dos

Deputados Pedro Paulo e Luiz Paulo, possui como objetivo principal a determinação da

obrigatoriedade da autovistoria no Estado.

Nessa instância legislativa, fica determinada uma periodicidade mínima de

vistorias decenais para as edificações, como condomínios, prédios residenciais e

comerciais, prédios públicos do Governo do Estado e dos Municípios, entre outros, com

vida útil inferior a 25 anos, a contar do “habite-se”.

É importante frisar que, também por orientação da Lei, ficou determinado que

a vistoria seja executada por profissionais ou empresas habilitadas junto ao Conselho

Regional de Engenharia, e Agronomia (CREA) ou pelo Conselho de Arquitetura e

Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), cabendo a cada profissional prestador deste

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serviço emitir laudo acompanhado de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) no

caso de engenheiro ou RRT (Registro de Responsabilidade Técnica) no caso de

arquiteto, junto ao seu respectivo conselho.

2.4.2. LEI COMPLEMENTAR Nº 126

No âmbito municipal, a Lei complementar nº 126, de 26 de março de 2013, em

seu artigo primeiro sintetiza o seu objetivo, que é instituir a obrigatoriedade das

vistorias técnicas no Município do Rio de Janeiro, especificando um intervalo máximo

de cinco anos, justificando tal medida em razão da segurança, conservação e

estabilidade das edificações do município.

Por essa lei ficou instituído que o responsável pelo imóvel, que não

corresponder às suas responsabilidades, deverá ser notificado para que dentro de um

prazo de trinta dias saneie a irregularidade e assim, que tenha procedido à vistoria

técnica e as demais obrigações às quais responde.

Em caso de descumprimento, fica estipulada a punição passível ao responsável

pelo imóvel sendo essa uma multa renovável mensalmente, correspondente a cinco VR

– Valor Unitário Padrão Residencial ou cinco VC – Valor Unitário Padrão Não

Residencial, estabelecido para o imóvel. Deste modo o responsável pelo imóvel fica

sujeito à multa nas seguintes situações:

1. Pela não realização da vistoria técnica no prazo determinado;

2. pela não realização do laudo técnico que ateste estar o imóvel em condições

adequadas, após o prazo declarado para as medidas corretivas das condições do

imóvel; ou

3. pela não comunicação ao Município de que o imóvel encontra-se em condições

adequadas de uso.

Vale ressaltar que as multas durante todo o período em que não ocorrer a

regularização, e que o valor total da soma das multas não pode ultrapassar o valor

venal do imóvel, estipulado para efeito de cálculo do IPTU (Imposto sobre

Propriedade Territorial e Urbana).

Por outra perspectiva, a Lei Complementar nº 126, também estipula punições

para a não adequação aos responsáveis técnicos envolvidos na autovistoria. O laudo

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técnico deverá ser obrigatoriamente entregue junto com a Anotação de

Responsabilidade Técnica, como foi instituído pela Lei nº 6469, e em caso de

prestação de informações falsas ou de omissão deliberada de informação, o

profissional será multado em um valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Nesse caso,

não haverá prejuízo das demais responsabilidades civis, administrativas e criminais

previstas na legislação em vigor.

2.4.3. DECRETO Nº 37.426

O Decreto nº 37.426 de 11 de julho de 2013 (durante a gestão do Prefeito

Eduardo Paes) possui, segundo o próprio, quatro razões principais de ser, sendo essas:

1. A necessidade de estabelecer as condições de implementação de

vistoria técnica nas edificações existentes no Município do Rio de Janeiro;

2. a necessidade de definir estratégias para verificação do cumprimento da Lei diante

do grande número de edificações abrangidas pela obrigação;

3. a necessidade de estabelecer prazos para que os responsáveis pelos imóveis adotem

as providências que possibilitem o cumprimento das obrigações determinadas pelas

Normas;

4. a necessidade de compatibilizar a aplicação e a abrangência da Lei Complementar

126/13 e da Lei 6400/13.

Especifica os personagens que possivelmente podem estar envolvidos

durante o processo de realização da autovistoria em um prédio, atribuindo a cada um

suas respectivas responsabilidades e obrigações.

Além das responsabilizações o decreto também indica para o responsável

pela edificação, que possui a obrigatoriedade legal de comunicar a Prefeitura sobre a

autovistoria, o procedimento que deve ser utilizado para tal, acessando a página

eletrônica da Secretária Municipal de Urbanismo, assim como os itens que este

comunicado deve abordar. Sendo esses:

1. Identificação do responsável pelo imóvel;

2. descrição e Localização do imóvel;

3. identificação do Profissional responsável pela elaboração do Laudo Técnico, com

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o número do respectivo Registro ou Anotação de Responsabilidade Técnica;

4. declaração de que a edificação encontra-se em condições adequadas de

conservação, estabilidade e segurança.

Vale ressaltar que o Decreto nº 37.426 também determina as edificações que

não possuem a obrigatoriedade de realizar a autovistoria. Sendo essas:

1. As edificações residenciais unifamiliares e bifamiliares;

2. todas as edificações nos primeiros cinco anos após a concessão do “habite-se”;

3. as edificações com até dois pavimentos e área total construída inferior a 1.000 m2;

4. as edificações situadas em Áreas de Especial Interesse Social.

2.5. AVALIAÇÃO PREDIAL NOS OUTROS ESTADOS DO BRASIL

Para uma análise da situação da autovistoria no Brasil é preciso averiguar o

destaque que o tema possui sob um aspecto legal, nas diferentes instâncias legislativas

do país, o andamento no setor público de legislações determinando e regulando a

realização da vistoria no país.

Nesse sentido, este trabalho apresenta através dos quadros 1, 2, 3, 4, 5 e 6 em

conjunto com a figura 5, a condição legal da autovistoria nos Estados que possuem

municípios que já legislaram sobre a vistoria ou que possuam projetos de lei sobre o

tema.

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Quadro 1: Normas relativas à autovistoria no estado de São Paulo.

ESTADO DE SÃO PAULO

DATA CEP ESFERA LEGISLAÇÃO

MUNICIPAL

36115 Jundiaí Municipal Lei Complementar 261

36423 Jundiaí Municipal Lei Complementar 278

36424 Bauru Municipal Lei 4444

37243 Santos Municipal Lei Complementar 441

38112 Ribeirão Preto Municipal Lei Complementar 1669

41019 São Vicente Municipal Lei 2854-A

Fonte: Adaptado pelo autor de DOLACIO, 2013.

Quadro 2: Normas relativas à autovistoria no estado da Bahia.

ESTADO DA BAHIA

DATA MUNICÍPIO ESFERA LEGISLAÇÃO

MUNICIPAL

23/01/2001 Salvador Municipal Lei 5907

07/09/2001 Salvador Municipal Decreto 13.251

Fonte: Adaptado pelo autor de DOLACIO, 2013.

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Quadro 3: Normas relativas à autovistoria no estado de Santa Catarina.

ESTADO DE SANTA CATARINA

DATA MUNICÍPIO ESFERA LEGISLAÇÃO

MUNICIPAL

12/03/2008 Balneário Camboriú Municipal Lei 2805

Fonte: Adaptado pelo autor de DOLACIO, 2013.

Quadro 4: Normas relativas à autovistoria no estado do Rio Grande do Sul.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DATA MUNICÍPIO ESFERA LEGISLAÇÃO

MUNICIPAL

02/04/2012 Porto Alegre Municipal

Decreto 17.720

(regulamenta o artigo 10 do

Código de Edificações)

Fonte: Adaptado pelo autor de DOLACIO, 2013.

Quadro 5: Normas relativas à autovistoria no estado do Ceará.

ESTADO DO CEARÁ

DATA MUNICÍPIO ESFERA LEGISLAÇÃO

MUNICIPAL

16/07/2012 Fortaleza Municipal Lei 9913

Fonte: Adaptado pelo autor de DOLACIO, 2013.

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Quadro 6: Projetos de lei relativos à autovistoria no país.

PROJETOS DE LEI

DATA CEP ESFERA LEGISLAÇÃO

01/08/2001 São Paulo Municipal Projeto de Lei 01-0407/01

(Ver. Domingos Dissei)

2004 Joinville Municipal Projeto de lei

2005 São Paulo Municipal Projeto de Lei 01-0489/05

(Ver. Domingos Dissei)

2008 Florianópolis Municipal PL 13.101

2012 Avaré Municipal Projeto de Lei

03/02/2012 São José dos Campos Municipal Projeto de Lei

27/03/2012 Bertioga Municipal Projeto de Lei 14/12

09/02/2012 Guarulhos Municipal Projeto de Lei 018/12

2012 Goias Estadual Projeto de Lei

2012 São Paulo Estadual Projeto de Lei 234/12

Fonte: Adaptado pelo autor de DOLACIO, 2013.

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Figura 5: Panorama legal da autovistoria no território nacional

Fonte: A Obrigatoriedade da Inspeção Predial – XVII COBREAP – 2013

No âmbito federal existe o Projeto de Lei do Senado, proposto no ano de

2011, pelo então senador Marcelo Crivella, atual Prefeito do Rio de Janeiro, que

determina a realização periódica de vistoria e Laudo de Inspeção Técnica de

Edificação (LITE).

Nessa situação, o LITE deverá ser registrado junto à Administração do

Município ou do Distrito Federal, e no CREA.

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2.6. ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES NO PROCESSO DE

AUTOVISTORIA

Para a análise de atribuições e responsabilidades entre os envolvidos em um

processo de autovistoria predial como os condôminos, o síndico, o responsável técnico e

a Prefeitura, é preciso observar o Decreto nº 37.426/13 de 11/07/2013 que regulamenta

a aplicação da Lei Complementar nº 126/13 e da Lei nº 6.400/13 que instruem a

obrigatoriedade e as diretrizes da autovistoria.

2.6.1. DO RESPONSÁVEL PELO IMÓVEL

O responsável pelo imóvel está definido pela Lei Municipal Complementar nº

126, como condomínio, proprietário ou o ocupante do imóvel a qualquer título. Entre

suas responsabilidades estão:

a) Contratar vistoria técnica;

b) enviar comunicado à Secretaria Municipal De Urbanismo – SMU;

c) executar as obras de reparo quando necessário;

d) contratar nova vistoria para elaborar novo laudo;

e) dar conhecimento do teor do laudo aos condôminos e arquivá-lo por 20 anos;

f) renovar o comunicado à SMU no prazo máximo de 05 anos do último comunicado.

2.6.2. DO PROFISSIONAL RESPONSÁVEL PELA AUTOVISTORIA

Profissional responsável é o profissional legalmente habilitado, com registro no

conselho de fiscalização profissional competente. Entre suas responsabilidades estão:

a) Fazer vistoria e elaborar laudo;

b) recolher a ART ou RRT;

c) elaborar projeto e acompanhar a obra;

d) possibilidade de comunicar o resultado do laudo.

2.6.3. DA PREFEITURA

As reponsabilidades da prefeitura ficam a cargo da Secretaria de Urbanismo

(SMU), são:

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a) Gerenciar o cadastro eletrônico;

b) notificar e multar os responsáveis que não comunicarem a vistoria ou não

executarem as obras no prazo;

c) fazer vistoria e multar os responsáveis pelos imóveis que não conservarem a

edificação;

d) elaborar campanhas educativas.

2.6.4. DOS CONSELHOS DE CLASSE

As responsabilidades do CAU e do CREA são:

a) Fiscalizar o exercício da profissão;

b) aplicar as sanções decorrentes do exercício profissional irregular ou ilegal, na forma

da legislação específica;

c) disponibilizar cadastro de profissionais para consulta da população;

d) propor iniciativas para aperfeiçoamento e qualificação dos profissionais;

e) elaborar campanhas educativas.

2.6.5. DE ENTIDADES

As responsabilidades das entidades ADEMI (Associação de Dirigentes e

Empresas do Mercado Imobiliário), SECOVI (Sindicato da Habitação), e ABADI

(Associação Brasileira de Administradores de Imóveis) são:

a) Sugerir a inclusão, na convenção do condomínio, de dispositivos que possibilitem o

cumprimento da Lei Complementar 126/2013 e seu decreto regulamentador;

b) divulgar e esclarecer dúvidas da lei aos associados;

c) divulgar a importância da vistoria técnica através de campanhas educativas.

2.6.6. DOS CONDÔMINOS

Os condôminos são os proprietários, locatários ou ocupantes a qualquer título.

Suas responsabilidades são:

a) Fiscalizar a atuação do síndico ou administrador no que concerne ao cumprimento

da Lei Complementar 126/2013 e seu decreto regulamentador;

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b) comunicar previamente ao responsável pelo prédio qualquer obra que pretenda

executar;

c) não iniciar obra sem acompanhamento de um profissional habilitado.

2.6.7. HABILITAÇÃO DO PROFISSIONAL E CONSLHO DE CLASSE

Como responsável técnico entende-se engenheiro, arquiteto ou empresa

legalmente habilitada à execução do Laudo Técnico de Vistoria Predial (LTVP), sendo

esta habilitação adquirida a partir dos Conselhos Profissionais – Conselho Regional de

Engenharia e Agronomia (CREA-RJ) e Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de

Janeiro (CAU/RJ). Seguindo as atribuições desse profissional, o LTVP deve ser

obrigatoriamente acompanhado do, no caso do arquiteto, RRT para o CAU/RJ, e no

caso do engenheiro, ser realizado em conjunto com as ART para o CREA-RJ. (CREA-

RJ, 2014).

Aprofundando o trabalho nas responsabilidades do engenheiro, segundo o

CREA-RJ (2014), em sua cartilha sobre autovistoria, a ART foi instituída pela Lei

6.469, de sete de dezembro de 1997, com o objetivo de funcionar como um instrumento

de valorização profissional, aferindo os limites das responsabilidades e da participação

técnica em obras, serviços, projetos e empreendimentos, sendo um comprovante da

execução da atividade de engenharia para o engenheiro. Todas as ARTs desempenhadas

durante o exercício da função são disponibilizadas através da certidão de acervo técnico

emitido pelo CREA-RJ, atestando a experiência profissional.

Ainda segundo CREA-RJ (2014), é importante o profissional estar atento à

obrigatoriedade da ART e que esta seja registrada antes do início do desempenho do

trabalho, já que a falta deste documento, sujeita o profissional ou a empresa contratada a

multa prevista no artigo 73, da Lei nº 5.194/66.

Abordando agora as atribuições do responsável pelo imóvel, além das

responsabilidades previamente citadas no item 2.6.1, é aconselhável também que,

segundo a Prefeitura do Rio de Janeiro e o SECOVIRIO (2014), em Cartilha realizada

por ambos, este também atue no sentido de impedir a realização de obras internas nas

unidades do condomínio que possam modificar a estrutura do prédio sem a devida

licença e o acompanhamento de engenheiro ou arquiteto.

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Vale lembrar que o responsável pelo imóvel é o responsável pela conservação e

manutenção do patrimônio, mesmo que antes não houvesse a obrigatoriedade da

autovistoria por um profissional habilitado. Agora, dado este fato, segundo o Decreto nº

37.426/2013, surgem especificações decorrentes desta responsabilidade, como contratar

com a periodicidade imposta pela lei, a autovistoria e comunicar o resultado à

prefeitura.

Para comunicar à prefeitura, o responsável pelo imóvel após ter a autovistoria

realizada, deverá preencher e enviar a prefeitura o Comunicado de Realização da

Autovistoria, que é um formulário on-line, disponível nas homepages da Prefeitura e da

Secretaria Municipal de Urbanismo.

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3. ASPECTOS TÉCNICOS DA AVALIAÇÃO PREDIAL

“A elaboração de inspeção predial baseia-se na análise do risco oferecido aos

usuários, ao meio ambiente e ao patrimônio, diante das condições técnicas, de uso, de

operação e de manutenção da edificação, bem como da natureza da exposição

ambiental” (NORMA DE INSPEÇÃO PREDIAL NACIONAL, 2012).

Tendo em vista esta diretriz, o profissional envolvido terá de analisar a

estrutura e a sua complexidade através de critérios e métodos para alcançar um

diagnóstico correto, prevenindo os danos.

3.1. MÉTODOS UTILIZADOS PARA A REALIZAÇÃO DA

AUTOVISTORIA

O primeiro passo para a realização da autovistoria em uma edificação é

estabelecer o método que será empregado. A inspeção predial deve garantir as

condições de conservação, estabilidade e segurança da edificação, e tendo em vista seu

objetivo principal, a autovistoria pode ser realizada com três diferentes níveis de rigor

em função da necessidade de atenção que a avaliação da estrutura demandar.

Segundo a Norma de Inspeção Predial do Instituto Brasileiro de Avaliações e

Perícias de Engenharia de São Paulo (2012), a autovistoria pode ser empregada em três

diferentes níveis de rigor a ser determinado pelo profissional responsável.

a) Nível 1: ocorre uma avaliação menos detalhada, focando na verificação de

problemas aparentes pelo profissional habilitado, para ser empregada em imóveis que

possuam sistemas e componentes construtivos simples, tendo como exemplos: casas

térreas, sobrados e edifícios sem elevador.

b) Nível 2: nessa inspeção já é utilizada uma equipe multidisciplinar de

profissionais na vistoria. No processo de análise da estrutura, quando detectado alguma

falha que necessite de equipamentos e maior especificidade em sua análise, esta equipe

será utilizada para uma melhor inspeção técnica dos sistemas. Diferentemente do

primeiro nível, este nível de rigor deve ser empregado em edificações que possuam

sistemas e componentes construtivos complexos, como os edifícios de múltiplos andares

e galpões industriais.

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25

c) Nível 3: possui um método de inspeção mais rigoroso, objetivando detectar

anomalias e falhas na edificação, sejam elas aparentes ou ocultas que demandem

equipamentos, ou testes e ensaios no local ou em ambientes laboratoriais para serem

identificados. Assim, neste nível de rigorosidade, também será necessária a formação de

uma equipe multidisciplinar de profissionais.

3.1.1. METODOLOGIA

Juntamente com o nível de rigor que o aspecto técnico da autovistoria irá

demandar, o profissional deverá atentar para a metodologia que será empregada para a

realização de uma inspeção consistente.

Seguindo o orientado pela Norma de Inspeção Predial do Instituto Brasileiro de

Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (2012), a metodologia aplicada

deverá ser guiada por doze pontos, sendo estes:

1. Determinação do nível de inspeção;

2. verificação e análise da documentação;

3. obtenção de informações dos usuários, responsáveis, proprietários e gestores das

edificações;

4. vistoria dos tópicos constantes na listagem de verificação;

5. classificação das anomalias e falhas constatadas nos itens vistoriados, e das não

conformidades com a documentação examinada;

6. classificação e análise das anomalias e falhas quanto ao grau de risco;

7. definição de prioridades;

8. recomendações técnicas;

9. avaliação da manutenção e uso;

10. recomendações gerais e de sustentabilidade;

11. tópicos essenciais do laudo;

12. responsabilidades.

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26

3.2. PROCEDIMENTOS PRÁTICOS DA AUTOVISTORIA

Segundo a ABNT NBR 5674 (2012), a orientação a ser seguida pelo

profissional para a realização da autovistoria deve direcionar a inspeção através de listas

de conferências padronizadas, que deverão ser elaboradas considerando quatro tópicos:

a) Um roteiro lógico de inspeção das edificações;

b) os componentes e equipamentos mais importantes na edificação;

c) as formas de manifestação esperadas da degradação da edificação;

d) as solicitações e reclamações dos usuários.

3.2.1. LISTA DE VERIFICAÇÃO DA AUTOVISTORIA

Segundo a Norma de Inspeção Predial do Instituto Brasileiro de Avaliações e

Perícias de Engenharia de São Paulo (2012), a forma como a autovistoria ocorre deve

ser sistêmica, garantindo que no mínimo os elementos essências da estrutura sejam

vistoriados, independentemente de particularidades que cada inspeção possa apresentar.

Vale salientar que alguns dos objetos de inspeção devem ser analisados sob a

luz de norma específica que os regula, cabendo ao profissional atentar para os mesmos.

Assim, resumidamente, os seguintes itens devem ser vistorias no decorrer da

autovistoria:

a) Estrutura;

b) alvenaria;

c) revestimentos;

d) instalações hidráulicas;

e) instalações elétricas;

f) instalações de gás;

g) sistema de combate a incêndio;

h) sistema de proteção a descargas atmosféricas;

i) ar condicionado;

j) ventilação forçada – exaustores e ventiladores;

k) elevadores;

l) escadas rolantes;

m) bombas e outras máquinas;

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27

n) piscinas e outros equipamentos de lazer, incluindo condições de playground;

o) paisagismo.

3.2.2. TESTES E ENSAIOS

A utilização de métodos de inspeção que empregam testes e ensaios não é o

usual na prática de inspeção predial. Contudo, em alguns casos pode ser necessária uma

análise mais profunda aos olhos do profissional responsável (OLIVEIRA, 2016).

3.2.2.1. INSPEÇÃO E TESTE DE SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA

INCÊNDIOS

Os sistemas de proteção contra incêndio são drasticamente relevantes na

redução das perdas especialmente quando comparados em situações de grandes

incêndios não controlados por consequência do mau funcionamento de equipamentos de

proteção, em virtude de inspeções e testes insuficientes. Segundo AIG - Loss Prevention

Engineering, (2013) alguns dos itens que devem ser testados e inspecionados pelo

profissional são:

a) Fechamento não detectado de válvulas de controle de sistemas de sprinklers;

b) bombas de incêndio inoperantes;

c) tanques de abastecimento de água vazios;

d) mau funcionamento de equipamentos especiais de supressão;

e) portas corta-fogo inoperantes ou obstruídas;

f) sistemas de detecção inoperantes;

g) alarmes inoperantes;

h) válvulas de controle de sprinklers inoperantes.

3.2.2.2. INSPEÇÕES E ENSAIOS DE OPERAÇÃO DE ELEVADORES

ELÉTRICOS

Manter os elevadores sob a supervisão constante é essencial para a prevenção

de acidentes, principalmente em prédios mais antigos que provavelmente possuem

elevadores ultrapassados que demandam reparos constantes.

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28

A inspeção completa de um elevador pode demorar algumas horas e o uso do

equipamento deve ser interrompido durante a sua execução. O teste aplicável à

verificação da operação dos elevadores atenta-se a vibração e alinhamento dos cabos e

ao desempenho de outros equipamentos relacionados ao funcionamento do elevador

(OLIVEIRA, 2016).

3.2.2.3. TESTE DA TENSÃO NO SISTEMA ELÉTRICO

Segundo a ABNT NBR 5410 (2014), uma inspeção elétrica criteriosa e bem

realizada deve verificar se os componentes que constituem a instalação fixa permanente

estão de acordo com os padrões definidos em norma.

A inspeção deve primar pela segurança do sistema elétrico analisado, o seu

bom funcionamento e evitar a ocorrência de acidentes que possam envolver pessoas

próximas às instalações e também danos ao equipamento que reduziriam a sua vida útil.

A inspeção deve passar pelas verificações:

a) Dos projetos elétricos e diagramas relativos à instalação, a sua não existência é

prejudicial à segurança e para a qualidade da inspeção;

b) do sistema instalado analisando se corresponde ao projetado;

c) dos quadros elétricos, observando as seções dos condutores;

d) dos equipamentos de manobra e proteção como os disjuntores e dispositivos de

proteção contra choque elétrico.

Devem ser realizados também testes mecânicos nos disjuntores, analisando se

estão funcionando de forma adequada e também a aplicação de ensaios nas instalações

elétricas para verificações e identificações de possíveis patologias no sistema como, por

exemplo, a sobrecarga utilizando a Termografia, e isolamento dos condutores e sua

continuidade, utilizando o Megômetro (ABNT NBR 5410, 2014).

3.2.3. SOFTWARES UTILIZADOS

No processo de autovistoria, o profissional pode fazer uso de programas de

computador para auxílio na inspeção predial. A seguir, serão apresentados alguns desses

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softwares que estão disponíveis no mercado e que podem ser utilizados na prestação

desse serviço.

3.2.3.1. SNARG

Esse sistema é desenvolvido por uma empresa inglesa, a Astrein, sendo

compatível para smartphones na forma de aplicativo utilizando as plataformas IOS ou

Android.

O software foi idealizado para auxiliar no processo de inspeção ainda durante o

período construtivo. Este precisa ser alimentado com as plantas da edificação em

formato digital, e cada ponto onde é verificada alguma anomalia construtiva é inserido

no sistema. Deste modo, facilita para o profissional a visualização da edificação como

um todo, já que para cada ponto inserido é possível também informar ao sistema

informações sobre a anomalia ou falha assim como imagens e descrição da mesma

(ALMEIDA, 2016).

Outra ferramenta que este aplicativo fornece ao usuário é a iteratividade,

permitindo que a qualquer momento seja feita uma atualização e sincronização das

falhas encontradas, o que ajuda no entendimento atualizado da situação geral em que se

encontra a edificação.

O sistema SNARG também é capaz de transformar formulários impressos em

papel em arquivo digital, possibilitando edições de texto em campos determinados,

anexar imagens, assinaturas e datas. É válido salientar que a utilização deste programa

muitas vezes encontra como dificuldade a obtenção de plantas da estrutura em formato

digital próprio. Em muitos casos essas plantas encontram-se impressas no papel ou

perdidas (ALMEIDA, 2016).

3.2.3.2. DEVICE MAGIC

A proposta deste software é a modernização e digitalização da parte

documental, que poderia ser empregado em uma inspeção predial, já que este software

foi idealizado para se adaptar as especificidades e particularidades de cada caso em que

é empregado. Assim, o usuário utiliza o aplicativo para criar seus formulários, e no caso

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da autovistoria, estariam adaptados para facilitar a documentação do processo de

inspeção (ALMEIDA, 2016).

A empresa aponta que a utilização de seus formulários, através do aplicativo,

economizaria dez horas de trabalho administrativo convencional e reduziria o número

de erros pela metade, dado a facilidade e conectividade ao ambiente profissional que

confere.

3.2.3.3. INSPECT THIS

O sistema Inspect This é desenvolvido através de uma parceria entre as

empresas Avandel e Salesforce. Este software também se propõe a substituir

documentos no formato impresso, sendo voltado para a inspeção e auditoria. A

plataforma permite que o usuário crie seus formulários, os personalizando para a sua

inspeção, além de possibilitar a interatividade de mais de um usuário ao mesmo tempo

acessando o sistema (ALMEIDA, 2016).

Uma das vantagens que este programa busca oferecer é uma melhor

programação da inspeção, através de ferramentas como o calendário, para o

agendamento e programação de visitas e atendimento de ordens de serviço.

3.3. QUALIFICAÇÃO DOS ENGENHEIROS E ARQUITETOS PARA

REALIZAR A AUTOVISTORIA

Como visto no item 2.6.2 sobre as responsabilizações e atribuições no processo

de autovistoria pelo profissional, o engenheiro envolvido na inspeção predial deverá ter

sua habilitação para o desempenho da função, adquirida no Conselho Regional de

Engenharia e Agronomia (CREA-RJ) elaborando um Laudo Técnico sobre as condições

da edificação em conjunto com Anotações de Responsabilidade Técnica (ART) que será

encaminhada ao CREA-RJ.

Os arquitetos responsáveis pela autovistoria de edificações, assim como os

engenheiros, deverão estar habilitados junto a sua entidade de classe, o Conselho de

Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), também elaborando junto ao

laudo técnico, um Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) que será encaminhada

ao CAU/RJ.

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A finalidade do Registro de Responsabilidade Técnica e das Anotações de

Responsabilidade Técnica está associada a identificação e a qualificação dos

profissionais, além das especificações e registro das responsabilidades de cada

participação técnica envolvida ao longo da autovistoria.

Segundo a Lei nº 5.194 (1966), há a determinação que esses documentos sejam

registrados antes do início do desempenho das atividades, e o descumprimento torna o

profissional sujeito à multa.

No processo de autovistoria de uma edificação pode se fazer necessário que um

grupo de profissionais esteja envolvido, com competências e atribuições diferentes.

Nesse sentido, o dimensionamento de uma equipe técnica em função das especificações

da inspeção será de encargo do profissional responsável pela assinatura do laudo

técnico, dado que a assinatura deste caberá a apenas um profissional. Os engenheiros e

arquitetos que contribuírem a equipe técnica escalada terão de ter seus ART e RRT

analisados.

O objetivo da diversificação da equipe de inspeção predial é somar diferentes

áreas de conhecimentos durante o processo de verificação da edificação, exemplificando

a ideia é a utilização de engenheiros mecânicos para vistorias elevadores e engenheiros

eletricistas para vistorias no sistema elétrico. Nesse sentido, o quadro sete apresenta a

divisão de competências entre profissionais, recomendada numa autovistoria predial.

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Quadro 7: Áreas de atuação dos profissionais da equipe técnica

Formação Área de atuação

Arquiteto

Vistoria, perícia, avaliação,

monitoramento, laudo, parecer Técnico,

auditoria e arbitragem (resolução n° 21,

de 5 de abril de 2012 – CAU/BR)

Engenheiro civil (construção civil,

estruturas e fundações).

Vistoria, perícia, avaliação,

arbitramento, laudo e parecer técnico

(resolução no 218, de 29 de junho de

1973 – CREA/RJ)

Engenheiro eletricista (instalações

elétricas).

Engenheiro mecânico (sistemas de

bombas, elevadores e outras

máquinas).

Engenheiro de segurança

(instalações especiais de

incêndio).

Fonte: SILVA, 2015.

3.4. LAUDO TÉCNICO DE VISTORIA PREDIAL

O modelo de relatório utilizado no processo de autovistoria é o laudo técnico,

que é elaborado pelo profissional responsável ao término do processo de vistoria,

descrevendo o que foi realizado e explicando as conclusões que alcança. Neste sentido

este documento terá o propósito de atestar a realização da inspeção, assim como das

condições da edificação.

Segundo IBAPE (2012), o laudo deve conter:

a) Identificação do solicitante e objeto de inspeção;

b) a localização, a data das vistorias e as equipes envolvidas em sua execução, assim

como suas respectivas assinaturas, número de registro no CREA e da ART ou de

registro no CAU e RRT;

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c) descrição técnica do objeto inspecionado como utilização, ocupação, idade da

edificação, tipologia e padrão construtivo;

d) o nível de rigor, o critério, e a metodologia empregados na elaboração do laudo

técnico;

e) a descrição do que foi inspecionado na edificação;

f) a localização, análise, e classificação em grau de risco de anomalias e falhas caso

encontradas;

g) se houver indicações de obras de reparo, deverá ser uma lista de prioridades

respeitando, assim como análise da manutenção e recomendação do prazo para nova

inspeção pós-reparos;

h) recomendações técnicas, gerais e de sustentabilidade;

i) relatório fotográfico.

O laudo atestando as condições da edificação deverá estar disponível a todos os

usuários da edificação, em local visível e de fácil acesso, por um período de 20 anos.

Havendo reparos a serem realizados, sendo este o caso, deverá ser elaborado laudo

técnico complementar que ateste as condições de conservação, estabilidade e segurança

(IBAPE, 2012).

Entretanto, se constatado que a edificação possui condições adequadas, deverá

ser atualizado o cadastro da edificação na Prefeitura e na Secretaria Municipal de

Urbanismo.

Também é importante salientar que devido ao caráter responsabilizador deste

documento, antes da execução do laudo técnico, o responsável deve analisar os

documentos das esferas administrativas, técnica, e manutenção e operação da

edificação, verificando a regularidade.

Segundo a Norma de Inspeção Predial do Instituto Brasileiro de Avaliações e

Perícias de Engenharia de São Paulo (2012), é recomendado que, nessas três esferas, os

seguintes documentos sejam analisados, quando forem cabíveis levando em

consideração a complexidade da edificação:

I. Administrativa

a) Instituição, especificação e convenção de condomínio;

b) Regimento interno do condomínio;

c) Alvará de construção;

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d) Auto de conclusão;

e) IPTU;

f) Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA);

g) Alvará do corpo de bombeiros;

h) Ata de instalação do condomínio;

i) Alvará de funcionamento;

j) Certificado de manutenção do sistema de segurança;

k) Certificado de treinamento de brigada de incêndio;

l) Licença de funcionamento da prefeitura;

m) Licença de funcionamento do órgão ambiental estadual;

n) Cadastro no sistema de limpeza urbana;

o) Comprovante da destinação de resíduos sólidos, etc.;

p) Relatório de danos ambientais, quando pertinente;

q) Licença da vigilância sanitária, quando pertinente;

r) Contas de consumo de energia elétrica, água e gás;

s) Pcmso – programa de controle médico de saúde ocupacional;

t) Alvará de funcionamento;

u) Certificado de acessibilidade.

II. Técnica

a) Memorial descritivo dos sistemas construtivos;

b) Projeto executivo;

c) Projeto de estruturas;

d) Projeto de instalações prediais: instalações hidráulicas, instalações de gás,

instalações elétricas, instalações de cabeamento e telefonia, instalações do sistema de

proteção contra descargas, instalações de climatização, combate a incêndio;

e) Projeto de impermeabilização;

f) Projeto de revestimentos em geral, incluída fachadas;

g) Projeto de paisagismo.

III. Manutenção e operação

a) Manual de Uso, Operação e Manutenção (Manual do Proprietário e do Síndico);

b) Plano de Manutenção e Operação e Controle (PMOC);

c) Selos dos Extintores;

d) Relatório de Inspeção Anual de Elevadores (RIA);

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e) Atestado do Sistema de Proteção a Descarga Atmosférica - SPDA;

f) Certificado de limpeza e desinfecção dos reservatórios;

g) Relatório das análises físico-químicas de potabilidade de água dos reservatórios e

da rede;

h) Certificado de ensaios de pressurização em mangueiras;

i) Laudos de Inspeção Predial anteriores;

j) Certificado de ensaios de pressurização em cilindro de extintores;

k) Relatório do acompanhamento de rotina da Manutenção Geral;

l) Relatórios dos Acompanhamentos das Manutenções dos Sistemas Específicos, tais

como: ar condicionado, motores, antenas, bombas, CFTV, Equipamentos

eletromecânicos e demais componentes;

m) Relatórios de ensaios da água gelada e de condensação de sistemas de ar

condicionado central;

n) Certificado de teste de estanqueidade do sistema de gás;

o) Relatórios de ensaios preditivos, tais como: termografia, vibrações mecânicas, etc.

p) Relatórios dos Acompanhamentos das Manutenções dos Sistemas Específicos, tais

como: ar condicionado, motores, antenas, bombas, CFTV, Equipamentos

eletromecânicos e demais componentes;

q) Cadastro de equipamentos e máquinas.

3.5. ACOMPANHAMENTO DA REALIZAÇÃO DAS MANUTENÇÕES E

REVISTORIAS

Durante o processo de vistoria e manutenção da edificação todos os sistemas de

segurança devem estar funcionando a todo tempo, não sendo permitido a sua obstrução

mesmo que temporária (NBR 5674, 2012).

Além da segurança, a NBR 5674 da ABNT busca orientar no tocante ao

controle da execução dos serviços de manutenção, estabelecendo três fatores que o

responsável pela manutenção deve atentar.

1. Dispositivos especiais que garantam condições necessárias à realização com

segurança dos serviços de manutenção, de acordo com as normas;

2. dispositivos que protejam os usuários das edificações de eventuais danos ou

prejuízos decorrentes da execução dos serviços de manutenção;

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3. delimitações, informações e sinalização de advertência aos usuários sobre eventuais

riscos.

É válido salientar também que todo o processo de vistoria e manutenção deve

ser realizado visando o controle da qualidade, sempre condicionando a execução de uma

nova etapa ao término e aprovação da etapa anterior.

Na revistoria, caso os serviços de manutenção executados resultem em

mudanças significativas na edificação, essas mudanças deverão ser atualizados nos

respectivos projetos e no manual de uso e operação da edificação.

3.6. DIFICULDADES EXECUTIVAS

O processo de autovistoria naturalmente necessita da participação de três

personagens principais: o profissional responsável ou empresa habilitada que possuem o

conhecimento técnico e oferta o serviço, o responsável pelo imóvel que cria a demanda,

e o poder público que regula e fiscaliza a atividade.

Pelo prestador de serviço, podem acontecer problemas no controle de

execução, na segurança e na sua qualidade. A segurança deve ser mantida ao longo de

toda a inspeção sem ter as condições de segurança suspensas em qualquer momento da

autovistoria sobre nenhum pretexto, como pontuado no item 3.5.

Quanto ao controle da execução do serviço, cabe ao profissional responsável

além de determinar o nível de rigorosidade necessário na inspeção, avaliando as

condições da edificação, o dimensionamento da equipe multidisciplinar que o auxiliará

na tarefa. O dimensionamento da quantidade de pessoas que farão parte desta equipe

deve levar em consideração a complexidade do sistema avaliado assim como a

possibilidade da existência de não conformidades na estrutura que estejam ocultas, e a

relevância da utilização de testes e ensaios para detectar essas falhas (IBAPE, 2012).

Outro personagem da autovistoria que desempenha papel importante é o

responsável pelo imóvel. Tendo em vista suas responsabilidades no processo de

autovistoria, dificuldades podem ocorrer no sentido, por exemplo, de comunicar à

Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU), renovando o comunicado a cada cinco

anos, e contratar nova vistoria para elaboração de um novo laudo, caso o laudo técnico

da primeira inspeção aponte necessidades de obras de reformas.

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Finalmente, analisando o papel do poder público, a função de fiscalização da

autovistoria sofre dificuldades em apresentar um desempenho eficiente, como apontado

no item 5.3.

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4. ASPECTOS TÉCNICOS DAS MANUTENÇÕES RELATIVAS À

AUTOVISTORIA

4.1. MEDIDAS EVOLUTIVAS: AVANÇOS TÉCNICOS E AUTOVISTORIA

O termo “evolução” conduz a uma dualidade intrínseca, pois à medida que

pode significar apenas uma mudança em um processo, também pode exprimir uma

mudança necessariamente vinculada ao aprimoramento (SATO, 2011).

Nesse sentido, o presente trabalho contempla o termo evolução não buscando

afirmar um aprimoramento do processo de realização da autovistoria, mas pontuando

mudanças ou modernizações pelas quais tenha passado.

O emprego de software e aplicativos para a execução da autovistoria, como

abordado nos item 3.2.3., ilustra uma mudança no sentido de modernizar a prestação

desse serviço, tendência que deve se manter com o avanço tecnológico.

Nessa direção, também pode ser citado como medida evolutiva o emprego de

drones, que objetivam facilitar e melhorar o desempenho da aferição visual do estado da

edificação e de sua fachada (AGUILAR, 2018).

É válido ressaltar nesse ponto a recomendação técnica de realização de

atividades de inspeção e manutenção da fachada e de todos os seus elementos, com uma

periodicidade mínima de três anos (ABNT NBR 5674, 2012).

4.2. NORMAS TÉCNICAS DA ABNT APLICADAS A AUTOVISTORIA

Além das Leis que regem a autovistoria já descritas nos itens 2.4.1 e 2.4.2 há

também as normas técnicas emitidas por entidades especializadas que devem ser

observadas para a realização de autovistorias.

4.2.1. IBAPE 2012 – NORMA DE INSPEÇÃO PREDIAL

Esta norma procura estabelecer diretrizes, conceito, critérios e procedimentos

para serem seguidos durante a realização da inspeção predial, servindo como respaldo

para o profissional habilitado responsável.

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Conforme orienta a própria norma, a ABNT disponibilizou a NBR 5.674

relativa à manutenção de edificações e, nesse sentido, esta norma de inspeção predial

deve ser aplicada em conjunto, preenchendo as lacunas deixadas por esta NBR quanto à

avaliação técnica da qualidade da manutenção e a sua aplicação direta na gestão

patrimonial.

Desta forma o IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de

Engenharia) na sua Norma de Inspeção Predial de 2012 tem como objetivos:

a) Classifica a sua natureza;

b) institui a terminologia, as convenções e as notações a serem utilizadas;

c) define a metodologia básica aplicável;

d) estabelece os critérios a serem empregados nos trabalhos;

e) prescreve diretriz para apresentação de laudos e pareceres técnicos.

Assim como a NBR 5.674, esta norma deve ser complementada pelas NBR

15575 e NBR 14037.

4.2.2. ABNT NBR 5.674:2012 - MANUTENÇÃO DE EDIFICAÇÕES –

REQUISITOS PARA O SISTEMA DE GESTÃO DE MANUTENÇÃO

Esta norma possui como objetivo abordar fundamentadamente os

procedimentos na gestão da manutenção de uma edificação, não se esquecendo dos

conceitos de eficiência, eficácia e controle de qualidade. Deste modo propõe a

elaboração de um programa de manutenção corretiva e preventiva nas edificações.

O intuito da norma em questão é orientar este programa com diretrizes que:

a) Preserve o desempenho previsto em projeto ao longo do tempo, minimizando a

depreciação patrimonial;

b) estabeleça as informações pertinentes e o fluxo da comunicação;

c) estabeleça as incumbências e autonomia de decisão dos envolvidos.

Em suma, apoiando-se em suas diretrizes, observa questões como a

organização, o programa da manutenção, os requisitos para o seu planejamento anual

das atividades, o controle do processo de manutenção, a previsão orçamentaria, os

meios de controle e no que se refere ao fluxo e requisitos para a documentação.

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4.2.3. ABNT NBR 15.575:2013 - EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS –

DESEMPENHO

Conforme a norma orienta, seu foco esta no desempenho dos elementos e

sistemas de um edifício. Buscando também preservar e garantir as condições de

segurança, habitabilidade e sustentabilidade.

Desta forma, a norma estabelece requisitos, que são as características

qualitativas, que buscarão ser atendidos através da criação de critérios que podem ser

medidos quantitativamente para a sua aferição.

Para alcançar este objetivo, segundo o Guia para Arquitetos na Aplicação da

Norma de Desempenho ABNT NBR 15.575 (2015), elaborado pelo CAU/BR, a norma

se concentra nas condições de exposição da estrutura e no atendimento dos requisitos

dos usuários e não na prescrição de como os sistemas são construídos.

Como dito, o desempenho deverá ser atestado seguindo as diretrizes de

segurança, habitabilidade e sustentabilidade conforme apontado no quadro 8.

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Quadro 8: Requisitos qualitativos de desempenho

Segurança

Segurança estrutural

Segurança contra o fogo

Segurança no uso e na operação

Habitabilidade

Estanqueidade

Desempenho térmico

Desempenho acústico

Desempenho lumínico

Saúde, higiene e qualidade do ar

Funcionalidade e acessibilidade

Conforto tátil e antropodinâmico

Sustentabilidade

Durabilidade

Manutenibilidade

Impacto ambiental

Fonte: Adaptado pelo autor da Norma ABNT NBR 15.575 de 2013.

Tendo em vista os requisitos almejados, para a verificação dos critérios

quantitativos podem ser utilizados como métodos de avaliação: análises de projeto,

ensaios laboratoriais, protótipos e simulações computacionais.

A norma divide a análise em seis partes, cada uma contendo critérios para

analisar os sistemas que a edificação possui e, desse modo, avaliar se cada um alcança

um nível de desempenho mínimo também estipulado em norma. Assim, a estruturação

dessas seis partes terá a configuração:

a) Parte 1: Requisitos gerais;

b) Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;

c) Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos;

d) Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas;

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42

e) Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas;

f) Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários.

A norma deve ser aplicada em edificações habitacionais, independentemente

do número de pavimentos que possuam, o método construtivo que foi empregado em

sua realização ou serem edificações geminadas ou isoladas.

Entretanto, ao longo de suas seis partes, a norma levanta algumas ressalvas

cabíveis em situações de exigências aplicáveis somente para os casos de edificações que

possuírem até cinco pavimentos.

Por fim, é válido salientar também que a NBR 15.575 não possui efeito nos

casos de edificações já construídas, edificações provisórias, obras de reforma ou retrofit

e também nos casos de edificações que já estavam em processo de construção quando a

norma entrou em vigor.

4.2.4. ABNT NBR 16.280:2014 - REFORMA EM EDIFICAÇÕES – SISTEMA

DE GESTÃO DE REFORMA – REQUISITOS

Esta norma se aplica às reformas de edificações, tendo em vista que o laudo

técnico realizado ao término da inspeção pode recomendar obras de reforma e

manutenção.

Com esta finalidade, a NBR 16.280 instrui e estabelece requisitos para a gestão

de reformas, focando principalmente em:

a) Prevenções de perda de desempenho decorrente das ações de intervenção gerais ou

pontuais nos sistemas, elementos ou componentes da edificação;

b) Planejamento, projetos e análises técnicas de implicações da reforma na edificação;

c) Alteração das características originais da edificação ou de suas funções;

d) Descrição das características da execução das obras de reforma;

e) Segurança da edificação, do entorno e de seus usuários;

f) Registro documental da situação da edificação, antes da reforma, dos procedimentos

utilizados e do pós-obra de reforma;

g) Supervisão técnica dos processos e das obras.

A norma também propõe um conjunto de diretrizes para serem seguidas ao

longo do processo de reforma, assim como requisitos gerais que o plano de reformas,

Page 56: PANORAMA DA AUTOVISTORIA NO RIO DE JANEIRO: INSPEÇÃO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10025463.pdf · 3.2.1. LISTA DE VERIFICAÇÃO DA AUTOVISTORIA ... Relatório

43

que é elaborado pelo profissional habilitado, deve atender. Este por sua vez, poderá

incluir os casos de reformas ou adequações técnicas que afetem a estrutura, as vedações

ou qualquer outro sistema da edificação em áreas privativas ou em áreas comuns, sendo

ambos os casos abordados pela norma.

A NBR também orienta quanto às incumbências e encargos tanto do

responsável legal do imóvel quanto do proprietário de unidade autônoma quando, por

exemplo, a edificação se tratar de um condomínio. Estas incumbências são

especificadas nos períodos antes, durante e depois da conclusão das obras de reforma.

Também são especificados os requisitos para documentação das obras de

reforma, seu processo de arquivamento e documentação mínima que deverá estar

contida em seu registro.

Por fim a NBR 16.280 oferece um modelo orientativo para a realização de

obras de reforma em edificações, que é abordado nos quadros 9 e 10.

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44

Quadro 9: Modelo com exemplos não restritivos para os sistemas das edificações cujas

atividades são de responsabilidade de empresas capacitadas.

SISTEMA ATIVIDADE

Equipamentos

Industrializados Reforma para continuidade de uso do equipamento

Hidrossanitário Reforma de dispositivos com manutenção das

características originais

Prevenção e combate a

incêndio

Reforma de dispositivos com manutenção das

características originais

Instalações elétricas Reforma de dispositivos com manutenção das

características originais

Instalações de gás Reforma de dispositivos com manutenção das

características originais

Dados e comunicação Reforma de dispositivos com manutenção das

características originais

Automação Reforma de dispositivos com manutenção das

características originais

Ar-‐condicionado,

ventilação, exaustão

Reforma de dispositivos com manutenção das

características originais

Revestimentos

Troca de revestimentos desde que não sejam utilizados

marteletes ou ferramentas de alto impacto, para retirada do

revestimento anterior

Esquadrias e fachada-‐

cortina

Reforma ou substituição de componentes com manutenção

das características originais

Fonte: Adaptado pelo autor do anexo a da ABNT NBR 16.280 válida a partir de 18 de

abril de 2014.

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Quadro 10: Modelo com exemplos não restritivos para os sistemas das edificações cujas

atividades são de responsabilidade de empresas especializadas.

SISTEMA ATIVIDADE

Equipamentos

Industrializados

Qualquer reforma para instalação de equipamentos industrializados, com

características diferentes das previstas originalmente em projeto.

Hidrossanitário Qualquer reforma para alteração do sistema ou adequação para instalação

de equipamentos com demanda diferente do originalmente projetado.

Prevenção e combate

a incêndio

Qualquer reforma para alteração do sistema ou adequação para instalação

de equipamentos com demanda diferente do originalmente projetado.

Instalações elétricas Qualquer reforma para alteração do sistema ou adequação para instalação

de equipamentos com demanda diferente do originalmente projetado.

Instalações de gás Qualquer reforma para alteração do sistema ou adequação para instalação

de equipamentos com demanda diferente do originalmente projetado.

Dados e comunicação Qualquer reforma para alteração do sistema ou adequação para instalação

de equipamentos com demanda diferente do originalmente projetado.

Automação Qualquer reforma para alteração do sistema ou adequação para instalação

de equipamentos com demanda diferente do originalmente projetado.

Ar-‐condicionado,

ventilação, exaustão

Qualquer reforma para alteração do sistema ou adequação para instalação

de equipamentos com demanda diferente do originalmente projetado.

Novos componentes à

edificação

A instalação de qualquer componente à edificação, não previsto no projeto

original ou em desacordo com o manual de uso, operação e manutenção do

edifício ou memorial descritivo.

Qualquer obra que implique alteração de áreas da edificação ou da unidade

autônoma.

Revestimentos Troca de revestimentos com uso de marteletes ou ferramentas de alto

impacto para retirada do revestimento anterior.

Esquadrias e fachada-‐cortina

Qualquer reforma, para alteração do sistema ou adequação para instalação

de esquadrias ou fachada-‐cortina e seus componentes com especificação

diferente a originalmente projetada.

Impermeabilização Qualquer reforma para substituição ou que interfira na integridade ou na

proteção mecânica.

Vedação Qualquer reforma que interfira na integridade, alteração de disposição

original, retirada ou inserção de novos elementos.

Estrutura

Qualquer intervenção em elementos da estrutura, como: furos e aberturas,

alteração de seção de elementos estruturais, alteração do carregamento

previsto no projeto que implique aumento ou redução de carga, reforços

estruturais, recuperação estrutural, restauro estrutural, alteração de área

construída, alteração da função ou uso da edificação ou de partes, remoção

ou acréscimo de paredes.

Fonte: Adaptado pelo autor do anexo a da ABNT NBR 16.280 válida a partir de 18 de

abril de 2014.

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46

4.3. MÉTODOS E TÉCNICAS APLICADAS A MANUTENÇÃO PREDIAL

No sentido de avançar e desenvolver a prática da vistoria predial cursos

centrados nas técnicas e métodos aplicáveis a uma autovistoria começaram a serem

ministrados. Tendo assim, por consequência, uma maior difusão entre os profissionais

habilitados à sua realização.

Deste modo, visando tornar os profissionais mais capacitados para

desempenhar essa função através do aprofundamento do entendimento sobre a inspeção

predial, desde sua prospecção no mercado até a entrega final do produto ao responsável

contratante.

Exemplificando esse processo, no Espaço CREA-RJ no Centro do Munícipio

do Rio de Janeiro, na Avenida Rio Branco, número 133, ministrou-se o Curso de

Técnicas Aplicadas em Autovistoria, com o objetivo de promover a transmissão de

conhecimento sobre métodos e técnicas aplicáveis a mesma. O curso voltado para

engenheiros e arquitetos, aborda os seguintes conceitos (SYMPLA, 2016):

a) Diferenciação entre as leis e decretos existentes;

b) como prospectar trabalhos de autovistoria;

c) de que maneira deve-se compor o custo de uma autovistoria;

d) elaborar uma proposta para os serviços de maneira clara e objetiva;

e) quais os procedimentos a serem utilizados durante o transcorrer dos trabalhos;

f) como executar as inspeções necessárias;

g) de que maneira elaborar um laudo de vistoria dentro das normas e da boa técnica.

Seguindo a mesma direção, o Instituto Bramante de Arquitetura e Design

(2018), oferece um curso de Autovistoria Predial auditado e certificado pelo

NPPG/POLI/UFRJ. Este também possui o objetivo de melhor capacitar engenheiros e

arquitetos para desempenhar uma inspeção predial e se propõe a fazê-lo abordando o

processo de autovistoria em quatro partes.

a) Parte 01 - legislação aplicada e elaboração de laudos;

b) Parte 02 - patologia das estruturas;

c) Parte 03 - instalações elétricas, instalações hidrossanitárias, instalações de gás,

instalações de telecomunicações;

d) Parte 04 - prevenção contra incêndio e pânico.

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5. RESULTADOS OBTIDOS COM A AUTOVISTORIA - AVALIAÇÃO

PREDIAL

5.1. POSICIONAMENTOS DE ENTIDADES ESPECÍFICAS A RESPEITO DA

AUTOVISTORIA

Devido ao contexto relativamente recente da autovistoria no Rio de Janeiro, foi

realizado um levantamento junto a algumas entidades especializadas a cerca do tema, as

implicações que esta acarretou na sociedade, suas qualidades e os pontos onde seria

possível aprimoramento.

Nesse contexto destacou-se o documento compilado pela entidade Sinduscon-

Rio (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro), que

aponta em favor do projeto de lei de nº3362 de 14 de setembro de 2017, de autoria do

deputado estadual Luiz Paulo, que visa à alteração da lei estadual nº 6.400, de março de

2013.

Segundo o documento compilado pelo Sinduscon-Rio (2017), com a alteração

proposta dos artigos primeiro e sexto desta lei, não mais seria obrigatória uma inspeção

predial quinquenal, transformando essa obrigatoriedade em decenal para os

condomínios ou proprietários dos prédios residenciais, comerciais, e para governos do

Estado e dos Municípios, nos prédios públicos. Além desse ponto, a proposta de

alteração também retira a obrigatoriedade da autovistoria decenal das instalações de gás,

tendo em vista que o tema é tratado em legislação específica.

5.2. LEVANTAMENTO ESTATÍSTICO DA REALIZAÇÃO DA

AUTOVISTORIA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Para uma análise correta sobre o comportamento do mercado em relação à

autovistoria, o avanço da quantidade de edificações no município que já atenderam a

obrigatoriedade imposta pela legislação, é preciso um estudo sobre o comportamento do

número de regularizações de edificações, a partir de primeiro de julho de 2014, que é

data estipulada em que vigora a sua exigência. Esta imposição feita pela Lei Municipal

Complementar nº 126, de março de 2013, já foi abordada no presente trabalho no item

2.4.2.

Page 61: PANORAMA DA AUTOVISTORIA NO RIO DE JANEIRO: INSPEÇÃO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10025463.pdf · 3.2.1. LISTA DE VERIFICAÇÃO DA AUTOVISTORIA ... Relatório

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Inicialmente foi estimado pela prefeitura um total de 270 mil edifícios

comerciais e residenciais que deveriam, de acordo com a nova legislação, passar por

inspeção. Desse total, no ano posterior ao fim do prazo dado para a regularização das

edificações, segundo a prefeitura apenas 11,7% dos edifícios do Rio cumpriram com o

determinado e entregaram laudo técnico averiguando a condição da estrutura

(BORGES, 2016).

Nesse sentido, um ano após a vigência da lei, somente 31.785 edificações

cumpriram a determinação, sendo que dentro deste montante apenas 38,4%, que

corresponde a 12.228, foram consideradas aprovadas em laudo técnico. Deve-se atentar

que por consequência, em 61,6% dos laudos técnicos enviados, que significa 19.557

prédios, após terem sido vistoriados por profissionais habilitados foram considerados

em necessidade de obras de reparo ou manutenção (BORGES, 2016).

Deste modo, mesmo com a exigência e com a previsão legal de multa para os

prédios que não contratassem a autovistoria, houve nesse período de um ano uma

procura abaixo do esperado para a regularização das edificações.

A distribuição no Município do Rio de Janeiro das autovistorias feitas após o

primeiro ano de vigência da obrigatoriedade. Os principais bairros que procuraram se

adequar à nova legislação foram: Copacabana com 3.093 autovistorias, Tijuca com

2.574 e Barra da Tijuca com 2.091 prédios vistoriados (MOHR, 2015).

Voltando-se para uma análise mais atual do panorama das autovistorias no

munícipio, cinco anos completados após o início da vigência da lei, um novo ciclo de

inspeções prediais deve ter iniciado por aqueles que buscaram a regularização frente ao

poder público dentro do prazo concedido, meados de 2014.

Diante deste fato é válido apontar que, apesar da instrução legal e a

consequente nova busca pela contratação de inspeção predial periódica em função da

passagem desses cinco anos, até dezemdo de 2017 apenas a metade das edificações do

Rio haviam realizado a autovistoria. Demonstrado assim uma falta de alcançe do poder

público (RIBAS, 2018).

O ano de 2017 chegou ao seu fim acompanhado de um balanço realizado pela

Prefeitura sobre as quantidades de vistoriamento em edificações no município até então.

Os seguintes resultados foram obtidos segundo a Secretaria Municipal de Urbanismo,

Infraestrutura e Habitação do Rio: 71 mil comunicados entregues relativos a

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autovistoria, dos quais, aproximadamente, 51 mil indicam a necessidade de obras de

manutenção ou reparo, e apenas 20 mil aprovando as condções de estado das

edificações vistoriadas (RIBAS, 2018).

Para a análise dos dados da Prefeitura no período de um ano após a

obrigatoriedade em 2015, e a sua comparação com os dados após cinco anos de vigência

da lei, quando uma nova inspeção periódica seria necessária, é válido atentar para a

mudança na estimativa da quantidade de edificações no munícipio, para entender a

evolução do panorama.

Em 2015 eram estimados 270 mil edificações das quais cerca de 32 mil

realizaram o procedimento de inspeção. Entretanto esta estimativa foi alterada pelo

poder público, passando a ser de 140 mil imóveis em 2018, dos quais 71 mil buscaram

executar a autovistoria.

Deste modo, o significado das porcentagens de edificações que buscaram estar

em acordo com a nova legislação nos dos períodos de dados conferidos, deve ser

relativizado conforme o quadro 11 demonstra.

Quadro 11: Cenário da autovistoria no município do Rio de Janeiro

Imóveis

vistoriados

Estimativa de

imóveis no

município

Porcentagem

de imóveis

vistoriados

2015 (Um ano após a

obrigatoriedade) 32 mil 270 mil 11,8%

2018 (Cinco anos após

a obrigatoriedade e

novo ciclo de

autovistoria periódica)

71 mil 140 mil 50,7%

Fonte: Adaptado pelo autor de RIBAS (2018).

5.3. A FISCALIZAÇÃO PELO PODER PÚBLICO

Conforme apontado no item 2.4.2 neste trabalho, as edificações deveriam

comunicar a prefeitura à realização de uma vistoria até a data de primeiro de julho de

2014, possuindo um horizonte máximo de cinco anos após a mesma, para a realização

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de uma nova. Tendo-se em vista que o responsável pelo imóvel pode proceder esta

comunicação à prefeitura até pelo site da mesma.

Segundo o artigo 4º da Lei Complementar nº 126, de 2013, o responsável pelo

imóvel que não proceder à realização da autovistoria e consequentemente não

comunicar a Secretaria Municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação do Rio, no

caso em que a falta de reparos na edificação ou serviços de manutenção gerem algum

tipo de prejuízo ou dano a terceiros ou moradores, poderá ser responsabilizado civil e

criminalmente. Além da responsabilização, o responsável pelo imóvel também está

sujeito a notificações e multas.

Entretanto, estando ciente da exigência criada pela legislação, do prazo para o

seu cumprimento e das punições cabíveis quando não atendida, um ano depois da

vigência do novo cenário legal, apenas 32 mil edificações no município buscaram a

regularização (BORGES, 2016).

Nesse cenário de pouca adesão mesmo em um período posterior ao de

adaptação, foram aplicadas pelo poder público, apenas 134 multas que somaram um

valor total de dois milhões de reais. Desse total, somente vinte sete das mesmas foram

pagas, o que resultou para a Prefeitura um faturamento de 300 mil reais, 15% do total

previsto. Este fato demonstra claramente uma ineficiência do poder público no alcance

da população (BORGES, 2016).

É válido ressaltar ainda que nos imóveis que ainda não estiverem em acordo

com a nova legislação, o responsável por ele deverá comunicar a Prefeitura quando

executada a inspeção predial mesmo sem ter sido notificado, ou caso o laudo técnico

recomende obras de reparo ou manutenções, comunicar a Prefeitura também a

adequação da edificação.

5.3.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA GESTÃO DAS

AUTOVISTORIAS

De acordo com as informações divulgadas pela Prefeitura, a gestão e o

acompanhamento das autovistorias realizadas aconteceriam por intermédio de sistema

on-line. Este sistema já esta em andamento desde 31 de agosto de 2013 e, segundo o

CREA-RJ (2014) em sua cartilha sobre autovistoria, se propõe a permitir aos

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responsáveis pelos imóveis averiguar a situação dos mesmos frente à prefeitura. Nesse

sentido, entre outras informações, facilita a consulta a notificados da prefeitura, e

também a situação de obra de reparo ou manutenção na edificação no caso de

recomendação por laudo técnico.

5.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS APURADOS

A medida de exigir a verificação das estruturas do Rio de Janeiro por

profissional capacitado trás benefícios claros e é possível notar, no tempo de vigência

dessa nova legislação, uma busca da população em se adequar. Entretanto, essa nova

etapa ainda sofre empecilhos em algumas esferas como o fraco alcance do poder

público em efetuar sua fiscalização e o desconhecimento da relevância da medida pelos

responsáveis em contratar a vistoria.

Em suma, apesar de suas consequências benéficas, sua prática ainda precisa ser

aperfeiçoada, ainda demandando atenção do poder público para a sua melhor aplicação.

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6. PERCEPÇÃO DAS PARTES ENVOLVIDAS: PODER PÚBLICO E

PROFISSIONAIS HABILITADOS

6.1. POSICIONAMENTO DOS INTERVENIENTES ACERCA DA

AUTOVISTORIA

O processo de vistoria das edificações no Município do Rio de Janeiro se

tornou obrigatório a partir de 2014 e determinados personagens estão diretamente

envolvidos na eficácia dessa mudança. Por isso, é fundamental conhecer a percepção

desses agentes quanto ao tema e o advento dessa legislação.

6.1.1. POSICIONAMENTO DO PODER PÚBLICO FRENTE À

AUTOVISTORIA

6.1.1.1. QUANTO AO ENTE PÚBLICO MUNICIPAL

De âmbito municipal, a Lei Complementar nº 126, de março de 2013,

estabelece a obrigatoriedade de realização de vistorias técnicas das edificações

pertencentes ao Município do Rio de Janeiro, bem como, sua periodicidade e as

penalidades decorrentes do seu descumprimento pelos responsáveis dos imóveis.

São passíveis de aplicação de multas as situações abaixo citadas, já enumeradas

no capítulo dois do presente:

I Pela não realização da vistoria técnica no prazo determinado;

II pela não realização do laudo técnico que ateste estar o imóvel em condições

adequadas, após o prazo declarado para as medidas corretivas das condições do

imóvel; ou

III pela não comunicação ao município de que o imóvel encontra-se em condições

adequadas de uso.

A penalidade multa aplicada nessa situação é renovada mensalmente, enquanto

perdurar a obrigação não atendida. Nesse sentido, fica evidente a preocupação do poder

executivo de zelar pelas edificações, para que possuam as condições de estabilidade,

segurança, conservação e salubridade devidamente atestadas.

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Contudo, como abordado no item 5.3, um baixo quantitativo de edificações

buscou estar em estado de conformidade com a legislação, e nesse cenário, o

posicionamento do governo em relação ao método de fiscalização para garantir a

realização das autovistorias no município ainda se mantém inalterado apesar dos

resultados.

6.1.1.2. QUANTO AO ENTE PÚBLICO ESTADUAL

De forma análoga ao ente municipal, o Agente Estadual manifesta seu apoio à

autovistoria por meio da edição de leis. Notadamente, a Lei nº 6.400, de 05 de março de

2013, já referenciada no item 2.4.1.

Assim, o Estado mediante o seu poder regulatório “determina a realização

periódica por autovistoria, a ser realizada pelos condomínios ou por proprietários dos

prédios residenciais, comerciais e pelo poder público, nos prédios públicos, incluindo

estruturas, fachadas, empenas, marquises, telhados e obras de contenção de encostas

bem como todas as suas instalações e cria Laudo Técnico de Vistoria Predial (LTVP) no

Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências”.

Portanto, há coerência normativa entre os diferentes órgãos do governo, que

embasa e consolida a autovistoria.

6.1.2. POSICIONAMENTO DO RESPONSÁVEL PELO IMÓVEL

A realização da autovistoria é obrigação do responsável pelo imóvel, sendo

esta do condomínio, do proprietário ou do ocupante do imóvel, a qualquer título,

conforme dispõe a Lei Municipal Complementar nº 126 de 2013.

Entretanto, o quantitativo das edificações que se encontram em desacordo com

a legislação, após cinco anos de vigência da obrigatoriedade, ainda é bastante elevado.

Diante desse cenário de descumprimento, o SECOVI, em 2014, realizou um

estudo para identificar os motivos do fraco engajamento do mercado às novas regras

impostas. A partir do universo amostral de 786 condomínios foram apurados os

seguintes dados: 23% declararam falta de recursos; 16% falta de previsão para execução

do serviço e 16% pretendiam realizar a autovistoria antes do fim do prazo, mas não

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entediam bem a lei, o escopo e nem haviam procurado um prestador de serviço

habilitado (MOHR, 2015).

Tal pesquisa evidenciou certa resistência para o atendimento às normas,

entretanto, esse percentual vem diminuindo ao longo do tempo e à medida que a lei vai

se firmando na sociedade.

6.1.3. POSICIONAMENTO DOS PROFISSIONAIS HABILITADOS

Com o objetivo de identificar a percepção dos profissionais habilitados quanto

o advento das novas regras, foram analisadas posições de membros do CAU-RJ e o

CREA-RJ por meio de entrevistas com tais agentes, sobre a nova legislação e o papel do

poder público:

Segundo o entrevistado, Jeferson Salazar, CAU-RJ, a aplicação de multa

prevista na lei é mais educativa do que punitiva, mas a fiscalização da Prefeitura é

essencial para o efetivo cumprimento da lei (ZIRTAEB, 2018).

Segundo o entrevistado, Agostinho Guerreiro, CREA-RJ, a legislação é

excelente, mas houve falhas estratégicas, à medida que concedeu um prazo exíguo para

a adequação das edificações à norma (ZIRTAEB, 2018).

Numa segunda perspectiva, o entrevistado, Manoel Lapa, CREA-RJ, dá ênfase

a uma abordagem mais técnica sobre a vistoria predial. No seu ponto de vista, a

legislação à medida que impõe penalidades, também deveria ser mais clara quanto às

atribuições e os itens a serem vistoriados, uma vez que são observados os parâmetros

estruturais e no caso de acidentes por quaisquer outros motivos, esse profissional poderá

ser responsabilizado com culpa (ZIRTAEB, 2018).

6.2. ITENS COMUNS RELEVANTES PARA OS AGENTES ENVOLVIDOS

6.2.1. A PERCEPÇÃO DE VALIDADE DA AUTOVISTORIA

As entidades de classes, como observado ao longo do capítulo, apoiam a

exigência de análise especializadas das edificações, bem como a importância das

autovistorias.

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Nesse sentido, CAU-RJ (2016), cita acidentes havidos no Rio de Janeiro e São

Gonçalo, com vítima fatal, devido ao desabamento de marquises. Tais episódios

ocorreram em razão da ausência de manutenção adequada e de prevenção de acidentes

nas edificações por profissional especializado. Relembra ainda, o desabamento de três

prédios no Centro do Rio de Janeiro, em 2012.

Em entrevista, o síndico André Castelo Branco, do Condomínio Porto Seguro,

em Ipanema, declarou ter contratado uma empresa de autovistoria para promover as

análises na edificação de que é o responsável, o que evidencia a preocupação com a

segurança e as estruturas das prediais não somente pelos profissionais especializados,

mas também da sociedade (CIPA, 2015).

6.2.2. O MODO DE FISCALIZAÇÃO E COBRANÇA DE MULTAS

Decorrido um ano após a obrigatoriedade legal de autovistoria das edificações,

apenas 134 multas foram aplicadas, entretanto, somente vinte e sete foram pagas de

fato, conforme dados disponibilizados pelo Jornal O Globo. Esse dado sustenta a

narrativa de ineficiência do governo na estruturação de um sistema confiável para a

fiscalização e acompanhamento das edificações associado a certa inércia de atuação

pelos responsáveis na contratação de autovistorias.

Nesse cenário, acrescido das estatísticas apresentadas no item 5.3 do presente,

o engenheiro especializado em inspeção predial, David Guretz em entrevista, dá ênfase

que uma fiscalização mais eficiente poderia culminar em uma maior participação social,

uma vez que os órgãos públicos ficam restritos as verificações das unidades que

promoveram suas vistorias e apresentaram laudos, deixando de avaliar as edificações

que não tomaram qualquer medida e precisam ser sensibilizadas da necessidade de

realização de vistorias prediais regulares (ZIRTAEB, 2018).

Contudo, mesmo diante dessa representatividade baixa, não há indícios de

andamento de uma reforma no procedimento de fiscalização às edificações pela

administração pública, embora as entidades de classe tenham se manifestado sobre essa

necessidade.

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6.2.3. A PERIODICIDADE DA AUTOVISTORIA

Conforme já apontado no item 5.1, já existe certo diálogo entre os setores

públicos e privados no que tange a periodicidade que o serviço de vistoria deve

demandar.

O projeto de lei do Deputado Estadual Luiz Paulo sintetiza esse fato,

oferecendo ouvidos para uma demanda de certa camada da sociedade por maior

abrandamento da lei. Por conseguinte, aumentando o período de tempo máximo que

algumas estruturas ficariam sem supervisão técnica e facilitando as obrigações legais

dos responsáveis.

6.2.4. O ALCANCE DA LEI ENTRE A POPULAÇÃO

Conforme as estatísticas de engajamentos da população em relação à

autovistoria levantadas no item 5.2, é perceptível a dificuldade que essa nova pratica

está enfrentando em criar raízes entre os deveres habituais dos administradores de

imóveis.

De acordo com a opinião do Engenheiro Civil, Manoel Lapa, CREA-RJ, é

preciso considerar que os imóveis que mais necessitam de autovistoria por profissionais

especializados estão em regiões mais pobres (ZIRTAEB, 2018).

Neste sentido, um dos fatores que podem estar atuando na difusão abaixo do

esperado da autovistoria no município pode não ser necessariamente apenas a falta de

alcance do Governo, mas também a forte desigualdade da região. Neste ponto, vale

lembrar que conforme os dados da Prefeitura expressos no item 5.2 os bairros de maior

adesão à nova legislação foram Copacabana, Tijuca e Barra da Tijuca, que são áreas

com alto poder aquisitivo.

Já o Engenheiro, Sydnei Dias Menezes, CAU-RJ, considera que há uma

questão cultural da população acerca do baixo índice de realização das autovistorias,

para ele não existe o costume de se contratar arquitetos ou profissionais habilitados para

fazerem as obras e a lei que impõe as vistorias prediais não prepara a sociedade para o

entendimento de que é fundamental possuir um acompanhamento permanente de um

profissional em qualquer serviço referente ao campo de obras e reformas.

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Em suma, fatores como o custo de realização da autovistoria, a tradicional

cultura de informalidade nesse segmento de mercado, somada a falta de conscientização

dos indivíduos se aliam na formulação do caso de ineficácia da legislação e devem ser

confrontados em conjunto para resolução dessa situação.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estado do Rio de Janeiro e sua capital estão na vanguarda nacional no que

tange a autovistoria, em função da Lei n° 6400 que determina a obrigatoriedade da sua

realização. Assim, é demonstrado pelo Poder Público, preocupação com as condições de

utilização e segurança das edificações para com os usuários.

Entretanto, mesmo com a finalidade positiva da nova legislação é esperado que

devido ao seu caráter inovador, sejam encontrados pontos de dificuldades e

necessidades de ajustes, tanto no setor público quanto no privado, para que haja um

melhor desempenho desse mecanismo de controle.

Observando-se o posicionamento da sociedade sobre o tema, constata-se que

uma das causas da expressiva parcela de edificações, no Município do Rio de Janeiro,

que não atendeu as imposições legais dá-se pela falta de uma cultura condominial que se

preocupe com a manutenção da edificação.

A falta de uma Administração Predial atenta às obrigações de vistoria pode ser

diagnosticada através da inexistência de previsão na taxa condominial de parcela

voltada para realização de autovistoria ou plano de manutenção da estrutura.

No âmbito dos prestadores de serviço, não há atualmente uma legislação que,

especificamente, aborde a execução da inspeção predial e que sirva como base para o

desempenho das vistorias pelos profissionais. Por consequência, é gerada a ausência de

padronização adequada na forma de execução da autovistoria, bem como na elaboração

do laudo técnico, que resultam em consequências na profundidade da análise feita por

profissionais diferentes.

É importante também pontuar que, somado a esta não padronização, também

há a falta de uma diretriz clara que possa ser seguida pelos prestadores de serviço sobre

a questão orçamentária da autovistoria. A grande variação entre os valores cobrados por

profissionais distintos produz grande influência na qualidade do serviço.

Nesse sentido, existe uma discrepância entre as ofertas e demandas na

prestação do serviço.

A inspeção predial quando realizada de forma adequada demanda do

profissional conhecimento específico inerente a uma análise confiável e de qualidade,

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que propicia que se ateste com clareza as condições da edificação, e quando pertinente à

recomendação de melhorias.

Contudo, no mercado existe a atuação de profissionais que operam sem o

devido comprometimento, não procedendo às inspeções de forma correta e emitindo

documentos apenas pela obrigação legal, por um valor bem abaixo do esperado, quando

realizado com seriedade.

Nesta situação descrita, o laudo técnico impreciso é prejudicial à verificação da

segurança, e o valor reduzido cobrado pelo serviço de inspeção cria uma distorção no

mercado, que desfavorece o profissional qualificado e comprometido com a execução

de um bom trabalho.

Deste modo, essa incoerência de procedimento, reconhecida pelos profissionais

da área, deve ser acompanhada e reparada para que sua prática seja adequada.

O poder público deve se atentar para a complexidade do tema e atuar através de

seus órgãos fiscalizadores em direção não somente ao cumprimento da lei, mas também

para que a manutenção predial seja executada com eficiência e com a qualidade

esperada, e que por fim, resulte em benefícios cada vez mais notórios para todos os

intervenientes do processo.

7.1. SUGESTÕES

Para o Poder Público, uma sugestão seria a promoção de um debate com os

profissionais da área, detentores de significativa experiência, conjuntamente com as

entidades de classe envolvidas, com o fim de elaborar um checklist padronizado para

cada tipo de edificação, especificando os itens a serem analisados e atestados pelo

profissional.

Esta medida, além de nortear o trabalho desses profissionais, também proveria

segurança para os responsáveis por imóveis e contratantes do serviço, à medida que

facilitaria a verificação do desempenho, qualidade e acompanhamento do serviço.

Essa ferramenta resultaria em maior clareza na legislação acerca das

atribuições dos envolvidos na autovistoria, podendo até mesmo abrir portas para a

modernização do processo.

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Tais medidas favoreceriam o desenvolvimento de softwares que auxiliassem na

execução da vistoria pelos profissionais, na fiscalização e na precisão do

acompanhamento das edificações pelo Governo.

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