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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental
PANORAMA GERAL DA LEI N° 9433 DE 08 DE JANEIRO DE 1 997
André Tiago dos Santos
Charles R. B. Maffra
Prof.° Dr. Geraldo Lopes da Silveira
Santa Maria, 18 de Outubro de 2012
Panorama Geral da Lei N° 9433 de 08 de Janeiro de 1 997
Designa a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Tem como um dos objetivos principais
assegurar às futuras gerações a disponibilidade hídrica, com qualidade de acordo
com os seus usos, promover a utilização racional e de maneira integrada dos
recursos hídricos com vistas ao desenvolvimento sustentável, garantindo sua
proteção, instituída pela Política Nacional de Recursos Hídricos. Em outras palavras,
a Lei diz que a propriedade privada das águas no Brasil não existe mais, passando a
ser um bem público e dotado de valor econômico. Foram incorporados fundamentos
básicos da Agenda 21 à Lei das Águas (forma como ficou conhecida a Lei 9433/97),
tais como: a bacia hidrográfica é a unidade para a implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e para a atividade de gestão desses recursos, o
gerenciamento dos recursos hídricos deve possibilitar sempre o múltiplo uso da
água, a água é recurso natural limitado e que tem valor econômico, o gerenciamento
dos recursos hídricos deve ser descentralizado e envolver a participação do
governo, dos usuários e das comunidades locais, a água é propriedade pública,
quando há escassez, a prioridade no uso da água é para o consumo humano e dos
animais.
O entendimento do sistema de gerenciamento como um todo pode ser melhor
compreendido com fluxograma abaixo:
Figura 1: Fluxograma do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (Adaptado de Villela, 2004).
De acordo com o que pode ser visto no fluxograma a gestão dos recursos
hídricos passa a ser descentralizada, entretanto os órgãos estão ligados em
hierarquia e trabalho em regime de cooperação. A descentralização possibilita uma
gestão mais democrática, eficiente e com valor social dos recursos hídricos.
Em relação a descentralização, existe uma real dificuldade ao nível de bacia
hidrográfica local de articular com os órgãos maiores previstos na Lei.
Virtudes da Lei N° 9433/97
A forma de Gestão do Recursos Hídricos passa a ser definida na bacia
hidrográfica (como unidade básica de gestão) comm limites geográficos e não
políticos. A aproximação através de parcerias entre setor público e o privado,
usuários e comunidade, permite uma gestão com participação de diversas classes,
permitindo a inclusão da educação ambiental na forma que a gestão é feita.
A partir da definição dos usos múltiplos previsto na Lei 9433/97, a gestão das
águas faz com todos os usuários tenham o mesmo direito sobre o acesso ao
recurso, terminando com “domínio” que o setor elétrico tinha sobre as águas.
Ao dizer que a água tem valor econômico, possibilita a adoção de métodos
reacionais de utilização deste recurso, uma vez que permite cobrança pelo uso
deste bem.
A articulação da gestão das águas com o uso do solo e a integração com a
gestão ambiental, reconhece que a interação água-solo é indissociável já que o solo
é um recurso fundamental para o armazenamento da água e o seu manejo é
essencial para a forma que esta água será devolvida aos rios (regularização das
vazões).
A outorga assegura o controle qualitativo e quantitativo das águas e o direito
de acesso ao recurso água.
Permissão de todos ao acesso as informações e dados referentes aos
recursos hídricos.
Aspectos Negativos da Lei N° 9433/97
De modo geral, a Lei 9.433 não apresenta aspectos negativos. Vale destacar
que a mesma apresenta posição de destaque – em qualidade e quantidade de
aspectos abordados – quando comparada com leis relativas à administração e
gestão das águas de outros países, principalmente aqueles considerados de
primeiro mundo.
No entanto, a forma elaborada da lei das águas brasileiras, não é a grande
pecadora em si, o grande problema ou falha, está no sistema de fiscalização que
pode ser considerado precário e pormenorizado em sua importância essencialmente
imprescindível ao bom funcionamento do Sistema Estadual e consequentemente do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos do país.
Referências
Lei 9.433. Política nacional de recursos hídricos. Brasília: Secretaria de Recursos
Hídricos, Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal,
1997.
VILELLA, Wagner Martins da Cunha. Desafios e Experiências de Implementação do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Manaus: I Workshop de
Recursos Hídricos no Estado do Amazonas, MMA/SRH, 2004. (Palestra proferida
em18 ago.)