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PAPEL DA DINÂMICA DO FLUXO DE PRÓTONS NA SINALIZAÇÃO DAS DIFERENTES FASES DA INTERAÇÃO MICORRÍZICA ARBUSCULAR ALESSANDRO COUTINHO RAMOS UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE – UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ JUNHO – 2005

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PAPEL DA DINÂMICA DO FLUXO DE PRÓTONS NA SINALIZAÇÃO

DAS DIFERENTES FASES DA INTERAÇÃO MICORRÍZICA ARBUSCULAR

ALESSANDRO COUTINHO RAMOS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE – UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

JUNHO – 2005

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PAPEL DA DINÂMICA DO FLUXO DE PRÓTONS NA SINALIZAÇÃO

DAS DIFERENTES FASES DA INTERAÇÃO MICORRÍZICA ARBUSCULAR

ALESSANDRO COUTINHO RAMOS

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Vegetal

Orientador: Prof. Arnoldo Rocha Façanha

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

JUNHO - 2005

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PAPEL DA DINÂMICA DO FLUXO DE PRÓTONS NA SINALIZAÇÃO

DAS DIFERENTES FASES DA INTERAÇÃO MICORRÍZICA ARBUSCULAR

ALESSANDRO COUTINHO RAMOS

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Vegetal

Aprovada em 23 de Junho de 2005 Comissão Examinadora: _________________________________________________________________

Dra Elke Jurandy Bran N. Cardoso (Ph.D., Plant Pathology) – ESALQ/USP

________________________________________________________________________ Dr. Márcio Rodrigues Lambais (Ph.D., Biological Sciences) – ESALQ/USP

________________________________________________________________ Dr. Ricardo Bressan-Smith (D.Sc. Fisiologia Vegetal) – UENF

________________________________________________________________ Dr. Arnoldo Rocha Façanha (D.Sc., Química Biológica) – UENF

Orientador

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“O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo – numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão para todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, por outro lado, lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior”.

Albert Einstein

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BIOGRAFIA

Alessandro Coutinho Ramos, filho de Antônio de Pádua Clemente Ramos

e Maria Etelvina Coutinho Ramos, nasceu na cidade de Viçosa, Minas Gerais, no

dia 10 de Agosto de 1974. Em 1995, ingressou como bolsista de iniciação

científica no Departamento de Microbiologia da UFV sob orientação da Dr.ª Maria

Catarina Megumi Kasuya; em 1998 no Departamento de Engenharia Florestal sob

orientação do Dr. Carlos Cardoso Machado e em Janeiro de 2000 graduou-se em

Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa, Minas Gerais. Em

Setembro de 2001, obteve o título de Mestre em Produção Vegetal pela

Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) sob orientação do Dr. Marco

Antônio Martins. Em Agosto de 2001, sob orientação do Dr. Arnoldo Rocha

Façanha iniciou o doutorado na UENF e no período de Novembro de 2002 a

Outubro de 2003, realizou o doutorado sandwich no Instituto Gulbenkian de

Ciência, Oeiras, Portugal, sob a co-orientação do Dr. José Alberto Feijó.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por estar presente em todos os momentos da minha vida, me

conferindo força e energia para superar todos os desafios pessoais e

profissionais, e por permitir que eu me torne uma pessoa melhor. Por ter me

concedido uma família maravilhosa que mesmo distantes permanecemos unidos.

Aos meus pais, Antônio de Pádua e Maria Etelvina que mesmo nas

dificuldades sempre investiram na minha educação, mostraram-me a distinção

entre o certo e o errado e acima de tudo carinho, compreensão e incentivo em

todas etapas da minha vida.

À minha esposa Adriana, pelo seu amor, carinho, dedicação e constante

paciência desde a minha graduação.

À minha irmã Gláucia, ao Léo e os meus sobrinhos Ana Vitória e

Leonardo, pelo carinho e apoio.

Aos meus primos de Campos: Pedro, Auxiliadora, Adriano e Anne pelo

apoio, preocupação e acolhimento em sua casa desde a minha chegada a

Campos.

Aos amigos do laboratório de microbiologia do solo (Micorrizas) da UFV,

especialmente à Maria Catarina M. Kasuya pelos ensinamentos durante a

iniciação científica e o apoio constante.

A Carlos Cardoso Machado pela amizade e por possibilitar a continuidade

do meu treinamento de iniciação científica me convidando para trabalhar em seu

grupo de pesquisa.

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Ao meu orientador Arnoldo Rocha Façanha (O Mentor), por despertar-me

o amor à ciência, pelos ensinamentos que tanto contribuíram no meu

amadurecimento como pessoa e pesquisador. Acima de tudo pela dedicação,

incentivo e respeito mútuo mantido desde que nos conhecemos.

Ao meu ex-orientador Marco Antônio Martins pela paciência e

compreensão nos momentos difíceis do mestrado e doutorado, por ter

possibilitado a minha vinda para a UENF e o estádio em Portugal. Muito obrigado!

Ao Dr. José Alberto Feijó por ter me aceito em seu grupo de investigação,

pela paciência, crédito, amizade, incentivo e aos ensinamentos não só de

eletrofisiologia, mas também do funcionamento da ciência mundial.

Aos amigos do Plant Development Lab: Catarina Certal, Leonor, Sofia,

Jörg, Silvia, Margarida, Ana Maria, Catarina Silva, Nuno, Zé Antão, Daniel e

Liliana pelo apoio, carinho e amizade deste a minha chegada em Portugal, pelas

ajudas constantes que tanto contribuíram na minha adaptação e por termos

vivenciados vários momentos de alegria e descontração. Obrigado a Silvia Costa

pela paciência e atenção durante os treinamentos na Vibrating Probe.

A todos do Instituto Gulbenkian de Ciência e que tornaram muito

agradável o nosso dia-a-dia e especialmente ao Joaquim, Diniz, Suzana, Helena,

Sara, Paula, Moisés Mallo, Leonor, Sérgio, Jacinto, Filipa, Marta, Alexis, Vívian,

Alex e Margarida. Às técnicas Ana Homem, Ana Gaspar, Marisa pelo carinho,

atenção. À Beatriz, Moisés e Simone pelo apoio, carinho e alegria nos

momentos de descontração que passamos juntos.

Ao Dr. António Coutinho e ao Engenheiro José Mario Leite pela dedicação

ao ajudar-me nos momentos necessários.

Aos meus amigos da UENF e também padrinhos de casamento, Lúcia

Gracinda e Luizão, Luciana Konda, Luciana e Silvaldo, Josane e Marco Antônio,

Marco e Meire, e Karla pela amizade e carinho.

Ao Dr. Lev Okorokov pelas suas críticas e sugestões durante o exame de

qualificação que indiretamente contribuíram na descrição deste trabalho.

À Drª. Anna Okorokova-Façanha e às suas filhas Katarina e Natália pela

amizade, carinho e receptividade em sua casa durante as discussões da tese com

Arnoldo.

À Drª. Elke Cardoso e ao Dr. Márcio Lambais que se deslocaram numa

viagem cansativa de Piracicaba até Campos para participarem da banca,

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agradeço pelas valiosas críticas e sugestões que muito contribuíram para a

melhoria deste trabalho.

Ao Dr. Ricardo Bressan-Smith pelas valiosas críticas e sugestões, desde

o projeto de tese de doutorado e que muito contribuíram para a melhoria deste

trabalho.

Ao Dr. Fábio Lopes Olivares pela amizade, alegria e aos constantes

ensinamentos científicos e pessoais.

A todos os professores do CCTA e CBB pelos ensinamentos e estímulos

durante o curso.

Aos amigos do Laboratório de Solos (LSOL/CCTA) e laboratório de

Biologia Celular e Tecidual (LBCT/CBB) pelo ótimo convívio desde o mestrado.

Aos ex-companheiros de república: Thiébaut e Juares pela amizade e

apoio constante.

Aos amigos do grupo de pesquisas em bioenergética: Inga, Leonardo,

Luiz César, Michelle, Tatiana, Liane, Josimara e Jomar. Especialmente a

Leonardo Campaneli, co-orientado de iniciação científica, pela amizade e ajuda

nos experimentos.

A todos amigos da UENF pela amizade e convívio agradável.

A Antônio Amaral e as secretárias da Pós-Graduação em Produção

vegetal (Fátima, Luciana e Patrícia) pela atenção dispensada.

Ao CNPq pelo financiamento deste projeto concedido ao Dr. Arnoldo

Façanha e à Universidade Estadual do Norte Fluminense pela bolsa de

doutorado, estrutura e oportunidades geradas para consolidar a minha formação.

A Capes pela Bolsa sandwich concedida possibilitando a minha estadia

em Portugal e o aprendizado da eletrofisiologia.

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SUMÁRIO

BIOGRAFIA ------------------------------------------------------------------------------------------iii

AGRADECIMENTOS ------------------------------------------------------------------------------iv

LISTA DE FIGURAS --------------------------------------------------------------------------------x

LISTA DE QUADROS E TABELAS ---------------------------------------------------------- xvi

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ------------------------------------------------xvii

RESUMO ------------------------------------------------------------------------------------------- xvi

ABSTRACT ----------------------------------------------------------------------------------------xviii

1. INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------1

2. REVISÃO DE LITERATURA--------------------------------------------------------------4

2.1 A associação micorrízica arbuscular ------------------------------------------------------4

2.2 Interfaces simbióticas nas micorrizas arbusculares -----------------------------------8

2.3 Relação entre bombas de H+ e o transporte de nutrientes na interação

micorrízica arbuscular---------------------------------------------------------------------------- 10

2.5 A técnica da microssonda vibrátil e o crescimento celular polarizado ---------- 17

2.6 Alterações morfológicas em hifas de FMAs em resposta a sinais da planta

hospedeira ------------------------------------------------------------------------------------------ 19

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3. MATERIAL E MÉTODOS---------------------------------------------------------------- 21

3.1 Material biológico, isolamento e desinfestação dos esporos---------------------- 21

3.2 Obtenção e cultivo das raízes transgênicas (RTs) ---------------------------------- 22

3.3 Extração do fluido apoplástico de raízes (FAR) de trevo--------------------------- 24

3.4 Determinação dos fluxos protônicos extracelulares --------------------------------- 25

3.5 Preparo do substrato e plantio de plantas de milho --------------------------------- 27

3.6 Isolamento e purificação das vesículas de membrana plasmática e vacuolar 28

3.7 Determinação da atividade ATPásica e Pirofosfatásica---------------------------- 30

3.8 Determinação da atividade de fosfohidrolases no fluido apoplástico de raízes

de trevo ---------------------------------------------------------------------------------------------- 31

4. RESULTADOS ----------------------------------------------------------------------------- 33

4.1 Análises durante a fase assimbiótica --------------------------------------------------- 33

4.1.1 Padrão do fluxo de H+ em azigosporos-------------------------------------------- 33

4.1.2 Padrão do fluxo de H+ e o papel das ATPases em hifas esporofíticas ---- 33

4.1.3 Efeitos de fosfato e sacarose sobre o fluxo de H+ de hifas laterais--------- 38

4.1.4 Relação entre morfogênese de hifas, crescimento e comportamento do

fluxo de H+ em função do fosfato e sacarose.------------------------------------------- 38

4.2 Análises durante a fase Pré-simbiótica ------------------------------------------------- 43

4.2.1 Efeitos do fluido apoplástico de raiz hospedeira sobre o fluxo de H+ das

hifas esporofíticas ------------------------------------------------------------------------------ 43

4.2.2 Atividades fosfohidrolásicas presentes no fluido apoplástico de raízes de

trevo------------------------------------------------------------------------------------------------ 45

4.3 Análises durante a fase simbiótica------------------------------------------------------- 47

4.3.1 Caracterização do fluxo de H+ em células auxiliares e hifas extra-

radiculares de G. margarita colonizando raízes transgênicas de trevo ----------- 47

4.3.2 Viabilidade do uso de raízes transgênicas para expressar o real fluxo de

H+ em sistemas não-transgênicos e para o estudo da simbiose micorrízica ---- 48

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4.3.3 Influência da micorrização sobre a atividade das bombas de prótons em

regiões colonizadas ou não do sistema radicular de milho -------------------------- 52

5. DISCUSSÃO-------------------------------------------------------------------------------- 61

5.1 Perfil do fluxo de H+ em azigosporos e hifas esporofíticas ------------------------ 61

5.2 Efeito de inibidores das ATPases do tipo P sobre o fluxo de H+ ----------------- 63

5.3 Análise morfológica-------------------------------------------------------------------------- 66

5.4 Efeitos de Pi e Sac no fluxo de H+ e na morfologia das hifas --------------------- 67

5.5 Efeito do fluido apoplástico de raiz (FAR) sobre o fluxo de H+ de hifas

esporofíticas ---------------------------------------------------------------------------------------- 70

5.6 Caracterização inicial de enzimas presentes no fluido apoplástico de raízes de

trevo -------------------------------------------------------------------------------------------------- 73

5.7 Modulação da atividade das bombas de prótons em regiões distintas do

sistema radicular pela colonização micorrízica -------------------------------------------- 76

5.8 Plasmodesmas: Interação célula-célula entre fungos micorrízicos arbusculares

e raízes de plantas hospedeiras--------------------------------------------------------------- 79

6. CONCLUSÕES ---------------------------------------------------------------------------- 81

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -------------------------------------------------- 83

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Classificação taxonômica dos fungos micorrízicos arbusculares (Fonte: http://invam.caf.wvu.edu/myc_info/taxonomy/phyl) ..................................................5

Figura 2. A, Esquema da estrutura de um arbúsculo em uma célula cortical vegetal e a formação das interfaces de troca. O espaço entre a membrana peri-arbuscular e a parede do arbúsculo é chamado de interface arbuscular ou espaço apoplástico. Círculos vermelhos representam a localização das H+-ATPases da membrana peri-arbuscular e os triângulos verdes as H+-ATPases do FMA. B, Esquema do transporte bi-direcional de nutrientes na interface arbuscular, enfatizando os transportes primários e secundários em células de plantas e fungos. As H+-ATPase de membrana plasmática do fungo e da planta são responsáveis pela extrusão unidirecional de íons H+ às expensas da quebra da molécula de ATP (Transporte primário de H+). Assim, o gradiente eletroquímico gerado pelas ATPases impulsionam o transporte de Pi, Sacarose (Sac), Glicose (Gli), Frutose (Fru) e outros nutrientes (por exemplo Nitrato e aminoácidos) via transportadores de membrana (transporte secundário). Fósforo inorgânico (Pi) absorvido do solo pelas hifas extraradiculares são convertidos em grânulos de polifosfato para serem transportados e próximo a membrana do arbúsculo são convertidos em Pi novamente e transportados para a interface arbuscular, onde se ligam aos H+ para serem transportados para as células corticais da planta hospedeira. O gradiente de H+ criado, ativa a abertura de canais de K+ em ambas membranas. Em troca, a planta repassa sacarose fotossintetizada à interface arbuscular, sofrendo degradação pela atividade de invertases e convertida em Gli e Fru que são transportadas para as células do FMA e posteriormente atingindo as rotas metabólicas para a síntese de lipídeos ou glicogênio. O excesso de sacarose nas células da planta pode ser re-utilizado o metabolismo novamente...9

Figura 3. Modelos estruturais da P-H+-ATPase (A) adaptado de Portillo (2000); V-H+-ATPase (B) adaptado de Forgac (1999); e V-H+-PPase (C) adaptado de Maeshima (2000). As P-H+-ATPase possui 10 domínios transmembrana e a V-H+-PPase possui 14 (números). A V-H+-ATPase é uma proteínas com várias

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subunidades (letras maiúsculas e minúsculas) e não possui domínios transmembrana como as anteriores. ......................................................................12

Figura 4. Curva de calibração da microssonda vibrátil seletiva ao H+ antes (■) e após (ο) a adição de 20 µL do fluido apoplástico de raízes de trevo.....................27

Figura 5. Determinação do fluxo de H+ em esporos de G. margarita usando uma microssonda vibrátil seletiva a H+. (A) Micrografia de um azigosporo ativo. As setas indicam a direção do fluxo de H+ em cada região do esporo. (B) Representação gráfica dos valores médios dos fluxos de H+ medidos em 8 locais diferentes (0-7) ao redor do esporo, antes (barras claras) e após (barras escuras) a germinação (n=6). O local 4 representa a região de emissão de tubos germinativos exibindo superiores efluxos de H+ (setas amarelas) e na região oposta à de germinação predominando influxos (setas brancas). Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95%. .........34

Figura 6. Fluxo de H+ ao longo de hifas laterais. (A) Representação gráfica típica dos dados exportados do programa ASET. Setas indicam as distâncias de posicionamento da sonda a partir do ápice das hifas de G. margarita (n=10). O eixo “X” representa os intervalos de tempo (min) durante as medições de cada ponto analisado. (B) Fluxo de H+ medidos na presença de 5 µM de ortovanadato, um inibidor específico das H+-ATPases de membrana plasmática. Os valores negativos correspondem aos influxos de H+, e positivos aos efluxos. Linhas cinzas no fim das curvas A e B representam as referências do fluxo de H+ no meio de cultura. (C) Imagem obtida por microscopia do tipo DIC (ampliação 60X) mostrando marcações escuras ou grânulos densos (*) e algumas vesículas localizadas no ápice da hifa. As pontas de setas indicam o posicionamento da sonda e os números descrevem as distâncias do ápice da hifa (µm). ..................37

Figura 7. Perfil do fluxo de H+ ao longo de hifas G. margarita, na presença (quadrados claros) ou ausência (quadrados escuros) de eritrosina B e sua semelhança com o pH citossólico (pHc), descrito por Jolicoeur et al. (1998), analisado sob condições semelhantes às usadas neste experimento (linha pontilhada representa os dados plotados de Jolicouer et al., 1998). Os maiores efluxos de H+ foram encontrados na faixa entre 10 e 20 µm, coincidindo com a área de maior inibição pela eritrosina B e com os valores de pHc mais alcalinos. A área pontilhada descreve as regiões mais suscetíveis a eritrosina B....................37

Figura 8. Efeitos de Pi e Sac sobre os fluxos de H+ de hifas. (A) Valor médio de

efluxos de H+ em diferentes faixas ao longo de hifas de G. margarita crescendo em meio com fosfato e suplementado (+Sac) ou não (-Sac) com sacarose (n=7). (B) Perfil do fluxo de H+ em meio sem fosfato sob as mesmas condições de sacarose citadas acima (n=6). Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95%................................................................................39

Figura 9. Efeitos da disponibilidade de fosfato e sacarose sobre a septação, ramificação, números de tubos germinativos e velocidade de crescimento das hifas. (A) Representação gráfica dos parâmetros morfológicos calculados de observações em lupa estereoscópica de pelo menos seis esporos germinados para cada condição. “a”, visualização gráfica da velocidade de crescimento de hifas de G. margarita em função do status nutricional. (B) Esquemas plotados

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sobre imagens de esporos germinados em condições diferentes de Pi e Sac representando o crescimento das hifas no meio M. As taxas de crescimento das hifas foram medidas coletando-se imagens de 15 em 15 seg, num intervalo de 30 min, obtendo-se um time-lapse. As velocidades de crescimento das hifas foram medidas usando o software MetaMorph versão 4.55 (Imaging Universal, Chester Ocidental, PA). Os dados coletados foram exportados ao Microsoft Excel 9.0 para as análises. Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95%....................................................................................................40

Figura 10. Representação esquemática do fluxo de H+ relacionado ao desenvolvimento assimbiótico do FMA G. margarita. O comprimento das setas (escalas indicadas na figura) é representativo da magnitude do fluxo em cada posição da sonda. Efluxos de H+ são representados por setas de amarelas e influxos por setas brancas. Os quadros superiores ilustram as estruturas fúngicas analisadas: Hifas laterais septadas (A) ou não (B); (C) segmento de um tubo germinativo apresentando três sítios de emergência de hifas, caracterizado por efluxo de H+ nos ápices. .........................................................................................42

Figura 11. Efeito da adição de fluido apoplástico de raízes (FAR) transgênicas de trevo sobre o fluxo de H+ de hifas laterais de Gigaspora margarita, crescendo em meio M com ou sem 35 µM Pi. 10 FAR e 20 FAR representam respectivamente as doses de 10 e 20 µL de fluido apoplástico aplicadas. Inicialmente foi determinado o fluxo de H+ nas hifas laterais (controle) e posteriormente adicionou-se 10 µL de FAR, aguardou-se 10 minutos e reiniciou-se as análises. O mesmo foi realizado para a dose de 20 µL. Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95%. .............................................................................................44

Figura 12. Efeito da adição de fluido apoplástico de raízes trevo aquecido (95°C/ 5 min), sobre o fluxo de H+ de hifas esporofíticas. O controle é representado pelas colunas brancas e o tratamento com FAR aquecido pelas colunas pretas. Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95%. .........45

Figura 13. Caracterização da atividade de fosfohidrolases presentes no fluido apoplástico de raízes transgênicas de trevo (Trifolium repens L.) crescendo em meio M. Os valores expressam a média das atividades de hidrólise dos substratos (n=3): adenosina trifosfato (ATP), adenosina difosfato (ADP), pirofosfato (PPi) e polifosfato (PolyP). ..................................................................................................46

Figura 14. Efeito do pH sobre a atividade de fosfohidrolases presentes no fluido apoplástico de raízes transgênicas de trevo (Trifolium repens L.) crescendo em meio M. Os valores expressam a atividade específica de hidrólise dos substratos: adenosina 5`trifosfato (ATP), adenosina 5`difosfato (ADP), pirofosfato (PPi) e polifosfato (PolyP). Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95% (n=3). .........................................................................................46

Figura 15. Visão de uma célula auxiliar do FMA G. margarita durante a sua fase simbiótica colonizando raízes transgênicas de trevo, ilustrando a presença de efluxos de H+ (setas pretas) dependente da atividade de H+-ATPases. Isto foi comprovado pela adição de 5 µm de eritrosina B, a qual neutralizou completamente as atividades de efluxos................................................................48

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Figura 16. Visualização do desenvolvimento de raízes secundárias transgênicas de trevo em cultura axênica. A- Coifa (C), Meristemática (Me), Alongamento (Al); B- Pêlos Radiculares (PR); C- Diferenciada (Dif) aos 30 dias após a multiplicação.................................................................................................................................50

Figura 17. Similaridade no perfil do fluxo de H+ durante as fases iniciais do desenvolvimento de raízes secundárias de Medicago truncatula (A), Eucaliptus globulus (B) e raízes transgênicas de Trifolium repens (C). C (Coifa), Me (Meristemática), Al (Alongamento), PR (Pêlos Radiculares), Dif (Diferenciada) referem-se as regiões ao longo do sistema radicular analisadas e REF é o valor de fluxo de H+ usado como referência baseado no meio de cultura......................51

Figura 18. Fotos obtidas com uma lupa estereoscópica no aumento de 10X evidenciando as estruturas externas de G. margarita colonizando raízes transgênicas de Trevo (Trifolium repens L). As setas indicam as células auxiliares e as pontas de setas, hifas infectivas septadas (A, D) e ramificadas na superfície radicular. .................................................................................................................52

Figura 19. Taxa de colonização micorrízica (%) de duas regiões do sistema radicular de plantas de milho, aos 30 e 60 d.a.i.. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. As colunas com letras maiúsculas comparam as médias entre as épocas analisadas e as com minúsculas comparam as médias numa mesma época.........................................53

Figura 20. Atividade ATPásica de membrana plasmática sensível a vanadato (∆ Vanadato), aos 30 e 60 d.a.i., em duas regiões do sistema radicular de plantas de milho não-inoculadas (C) ou inoculadas com Gigaspora margarita (Gm). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. As barras com letras maiúsculas comparam as médias entre tratamentos, numa mesma região da raiz e as com letras minúsculas comparam médias entre as regiões da raiz, num mesmo tratamento. ....................................55

Figura 21. Atividade ATPásica vacuolar sensível a nitrato (∆ Nitrato), aos 30 e 60 d.a.i., em duas regiões do sistema radicular de plantas de milho não-inoculadas (C) ou inoculadas com Gigaspora margarita (Gm). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. As barras com letras maiúsculas comparam as médias entre tratamentos, numa mesma região da raiz e as com letras minúsculas comparam médias entre as regiões da raiz, num mesmo tratamento. .........................................................................................56

Figura 22. Atividade PPásica vacuolar sensível a potássio (∆ Potássio), aos 30 e 60 d.a.i., em duas regiões do sistema radicular de plantas de milho não-inoculadas (C) ou inoculadas com Gigaspora margarita (Gm). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. As barras com letras maiúsculas comparam as médias entre tratamentos numa mesma região da raiz e as com letras minúsculas comparam médias entre as regiões da raiz, num mesmo tratamento. ...............................................................57

Figura 23. Fotomicrografia de secção transversal de raízes de milho UENF 506-6 colonizadas por G. margarita. A, Visão geral mostrando a colonização do parênquima cortical por hifas e arbúsculos (setas), aumento de 560x. B, Detalhe

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da colonização de células do parênquima cortical por estruturas infectivas do fungo micorrízico, exibindo células hipertróficas, aumento de 790X. ....................58

Figura 24. Eletromicrografia de transmisão de detalhe de uma célula do parênquima cortical exibindo estruturas vesiculares no espaço periplasmático (ep) localizado entre a parede celular (pc) e a membrana plasmática (mp) em contato com uma hifa intercelular (h) de G. margarita. .......................................................59

Figura 25. Eletromicrografia de transmisão de detalhe da junção entre a endoderme (e) e uma célula do parênquima cortical. Notar comunicação simplástica por meio de plasmodesmas (Seta) entre as células em um sítio de degradação da parede celular por hifas infectivas. ................................................60

Figura 26. Efeito da adição de 10 e 20 µL do fluido apoplástico de raízes (FAR) de trevo sobre o pH do meio de medição dos fluxos de H+ em hifas de Gigaspora margarita, usando uma microssonda vibrátil seletiva ao H+. A adição do FAR não afetou o pH do meio de referência em ambas doses utilizadas. As barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95% (n=5).71

Figura 27. Resumo geral descrevendo as regiões do sistema radicular de plantas de milho inoculadas com G. margarita, com suas respectivas estimulações (�) ou inibições (�) na atividade das bombas de prótons. ................................................79

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1. Composição dos diferentes meios de cultivos das raízes transgênicas de trevo (Trifolium repens). Após o preparo o pH foi ajustado para 5,7 e posteriormente autoclavados por 15 minutos.........................................................23

Quadro 2. Concentração dos nutrientes nos diferentes meios de cultivos das raízes transgênicas de trevo (Trifolium repens) .....................................................24

Quadro 3. Solução nutritiva aplicada nas plantas de milho inoculadas ou não com FMAs (Snowball e Robson, 1984 – citado por Brundrett et al., 1994) e concentrações finais dos macronutrientes .............................................................32 Tabela 1. Fluxo de H+ médios e os seus respectivos erros padrões, em hifas septadas de Gigaspora margarita durante as fases assimbiótica e simbiótica (colonizando raízes transgênicas de trevo). Cada posição da sonda representa uma região da hifa analisada (esporofítica ou extra-radicular) como demonstrado abaixo. *, significativo e ns, não significativo a 1% de probabilidade......................49

Tabela 2. Porcentagem de inibição (-) ou estimulação (+) das atividades Vanadato-dependente da H+-ATPase de membrana plasmática (P-ATPase), Nitrato-dependente da H+-ATPase vacuolar (V-ATPase) e Potássio-dependente da H+-PPase vacuolar (V-PPase) em membranas purificadas isoladas de duas regiões (A, B) do sistema radicular de milho, inoculado com Gigaspora margarita. Os dados das atividades enzimáticas são expressos em porcentagem do controle não-inoculado..........................................................................................................54

Tabela 3. Porcentagem de estimulação (%) do efluxo de H+ em hifas de G. margarita após adição de duas doses de fluido apoplástico de raízes (RAF) e em função do status de Pi que o FMA se desenvolveu................................................71

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

λ Comprimento de onda

ADP Adenosina 5'-difosfato

ATP Adenosina 5'-trifosfato

C Controle (tratamento não inoculado)

Gm Gigaspora margarita (tratamento inoculado)

H+ Prótons

FAR Fluido apoplástico de raízes

d.a.i. Dias após a inoculação

EDTA Ácido etileno-diamino tetracético

FMA Fungo micorrízico arbuscular

P-H+-ATPase ou P-ATPase Próton ATPase de membrana plasmática

V-H+-PPase Próton pirofosfatase vacuolar

V-ATPase ou V-ATPase Próton ATPase vacuolar

µm micrômetros

nm nanômetros

Pi Fosfato inorgânico

PPi Pirofosfato inorgânico

PoliP ou PolyP Polifosfato inorgânico

Sac Sacarose

MOPS Ácido 3-(N-morfino) propano sulfônico

TCA Ácido tricloroacético

Tris Tris-(hidroximetil) aminometano

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RESUMO

RAMOS, Alessandro C. DS- Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Junho de 2005. PAPEL DA DINÂMICA DO FLUXO DE PRÓTONS NA SINALIZAÇÃO DAS DIFERENTES FASES DA INTERAÇÃO MICORRÍZICA ARBUSCULAR. Orientador: Prof. Arnoldo Rocha Façanha; Co-orientador: José Alberto Feijó. Evidências mostraram que alguns sinais externos e outros endógenos podem

desencadear uma ativação diferencial dos fluxos de H+ através das membranas

biológicas, como uma das primeiras respostas das células de plantas e fungos.

Neste trabalho, o fluxo líquido de H+, ao longo de hifas do fungo micorrízico

arbuscular Gigaspora margarita, foi determinado durante o seu crescimento

assimbiótico usando a técnica da microssonda vibrátil seletiva a H+. Um padrão foi

observado, o qual continha domínios específicos de ativação do fluxo de H+

possivelmente desempenhando um papel na organização do crescimento celular

apical, e na ramificação e emergência de hifas. Posteriormente, constatou-se que

a ativação dos efluxos de H+ e a morfogênese da hifa mostraram ser sensíveis à

disponibilidade de fósforo inorgânico (Pi) e sacarose (Sac) no meio de

crescimento. A exclusão de Pi do meio promoveu aumentos significativos nos

efluxos de H+ localizados, principalmente, na região sub-apical da hifa. Em meio

de cultivo sem Sac, foi também observado aumento nos efluxos de H+ quando

comparado com hifas crescendo em meio completo. A adição de ambos,

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vanadato ou eritrosina B, inibidores das H+-ATPases do tipo P, aboliu a maioria

dos efluxos em todas as condições analisadas. Porém, o efeito da eritrosina B foi

restrito, principalmente, ao ápice das hifas, enquanto vanadato inibiu

completamente o padrão global de efluxo de H+, mas exercendo um efeito menor

no ápice das hifas. O tratamento dos esporos com fluido apoplástico de raízes

(FAR) de trevo, uma planta micotrófica, aumentou fortemente o efluxo de H+ na

região apical da hifa, independente do status de Pi do fungo. Porém, nenhum

efeito do FAR foi observado quando este foi aquecido a 90°C, sugerindo que

substâncias termo-sensíveis presentes no FAR sejam responsáveis pela ativação

nos efluxo de H+. No desenvolvimento simbiótico, descrevemos originalmente a

presença de pequenos fluxos de H+ nas células auxiliares, os quais foram inibidos

completamente por eritrosina B e as hifas extra-radiculares apresentaram efluxos

de H+ superiores aos obtidos no desenvolvimento assimbiótico. Uma inibição da

atividade ATPásica do tipo P de raízes colonizadas com G. margarita ocorre nos

momentos iniciais, e a estimulação das PPases foi observada na mesma região

compreendendo as zonas apicais, meristemática e de elongamento. A análise por

microscopia eletrônica de transmissão, de células arbusculadas, mostrou que nos

momentos da penetração da hifa fúngica na parede celular, ocorreu a formação

de plasmodesmas. Acreditamos que a presença destas estruturas em células

colonizadas, possa contribuir no mecanismo de troca bi-direcional de nutrientes

na interação entre plantas e fungos micorrízicos arbusculares. Os dados deste

trabalho, sugerem que alterações espaço-temporais do fluxo de H+ das hifas e

raízes colonizadas poderiam delinear uma sinalização por pH, nos momentos

iniciais do desenvolvimento assimbiótico, para reconhecimento e infecção no

hospedeiro, e na simbiose refletindo no grau de colonização.

Fonte financiadora: UENF, CAPES, CNPq e International Foundation for Science

(IFS)

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ABSTRACT

RAMOS, Alessandro C. DS.- Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, June 2005. THE ROLE OF PROTON FLUX DYNAMICS IN THE SIGNALING OF THE DIFFERENT PHASES OF ARBUSCULAR MYCORRHIZAL INTERACTION. Supervisior: Prof. Arnoldo Rocha Façanha; Co-supervisior: José Alberto Feijó. Evidences have shown that some environmental and endogenous signals can

elicit a differential activation of membrane H+ fluxes as one of the primary

responses of plant and fungal cells. In this work, the net flux of H+ around hyphae

of the arbuscular mycorrhizal fungus Gigaspora margarita during its asymbiotic

growth was determined using an H+-specific vibrating probe. A pattern was

observed which contained specific domains of H+ flux activation that seems to play

an organizational role in the hyphal emergence, branching and apical cell growth.

Further, the activation of the H+ effluxes and the hyphal morphogenesis were

shown to be sensitive to the inorganic phosphorus (Pi) and sucrose (Suc) supply.

The exclusion of Pi from the medium promoted the highest H+ effluxes located

mainly at the hyphal subapical region. Likewise, in a medium without Suc, an

enhanced H+ efflux was also observed when compared with hyphae grown in

complete nutrient medium. Addition of either vanadate or erythrosin B, P-type

ATPases inhibitors, abolished most of H+ effluxes under all conditions analyzed.

However, the effect of erythrosin B was mainly restricted to the hyphal apex,

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whereas vanadate fully inhibited the overall pattern of H+ efflux around hyphae, but

exerting a lesser effect on the hyphal tip. The treatment of spores with root

apoplastic fluid (RAF) of clover, a mycotrophic plant, strongly increased the H+

efflux at the hyphal apical region, independently on fungal Pi status supplied in the

M medium. However, no RAF effect was observed after RAF was heated at 90°C,

suggesting that a thermo-sensitive substance is responsible for the activation of

hyphal H+ efflux. During symbiotic development, the H+ efflux of auxiliary cells

were fully inhibited by erythrosin B, and extraradicular hyphae showed the H+

efflux superior to that of asymbiotic hyphae. An inhibition of P-type ATPase in roots

colonized with G. margarita occurred in the first moments, while there was

stimulation of PPase activity in the same region near to the apical, meristematic

and elongation zones. The transmission electron microscopy of the arbusculated

cells showed the plasmodesmata formation in the cell wal, right after, the fungal

penetration. We believe that the presence of these structures in colonized cells

may contribute to the bidirectional exchange mechanism during the interaction of

plants and arbuscular mycorrhizal fungi. Our data suggest that spatial and

temporal alterations in colonized roots and hyphal H+ fluxes might delineate a pH

signaling for penetration and host recognition during symbiosis reflecting on the

intraradical fungal growth.

Supported by: UENF, CAPES, CNPq and International Foundation for Science

(IFS)

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1. INTRODUÇÃO

As micorrizas arbusculares são associações simbióticas mutualistas

formadas entre fungos da ordem Glomales e raízes de aproximadamente 80%

das plantas vasculares terrestres (Smith e Read, 1997).

Nesta associação, a planta hospedeira supre o fungo com açúcares

derivados do processo de fotossíntese, e em troca, este aumenta a capacidade

da planta em absorver água e vários nutrientes do solo, principalmente fosfato

inorgânico (Pi) (Smith e Gianinazzi-Pearson, 1988; Smith et al., 2003). Em

plantas, a sacarose (Sac) é a principal forma na qual o carbono fixado é

translocado através do floema para as raízes, mas, uma vez no apoplasto

radicular a Sac é hidrolisada por invertases exógenas produzindo hexoses para

utilização pelo fungo micorrízico arbuscular (FMA) (Shachar-Hill et al., 1995;

Smith and Smith, 1997). Durante esta simbiose, apenas a hifa intra-radicular

apresenta uma absorção de hexose, mas a absorção de glicose foi também

observada em tubos germinativos no estádio assimbiótico, embora os fungos

apresentem apenas um metabolismo basal (Pfeffer et al., 1999; Bago et al., 1999;

Bago et al., 2002). Por outro lado, foi relatado que altas concentrações de Sac

podem induzir efeitos negativos tanto para o desenvolvimento assimbiótico quanto

simbiótico (Mosse, 1959; Mugnier e Mosse, 1987). Do mesmo modo, altas

concentrações de Pi na planta também podem inibir rapidamente a interação

micorrízica (Gianinazzi-Pearson e Gianinazzi, 1983). Então, Pi e Sac, os principais

nutrientes trocados entre os simbiontes, também podem ser considerados como

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importantes fatores que influenciam o crescimento de hifas e a interação

micorrízica arbuscular.

Até o momento, há apenas algumas evidências sobre a sinalização

durante os eventos iniciais da interação micorrízica, responsáveis pelo

reconhecimento e desenvolvimento das estruturas intra-radiculares dos FMAs.

Ayling et al. (2000) demonstraram uma hiper-polarização na membrana

plasmática de hifas de Gigaspora margarita em resposta a extrato de raiz

hospedeira, sugerindo que as fases iniciais da interação aconteçam via efeitos

diretos na membrana da hifa. Testes em condições axênicas com exsudatos

solúveis ou extratos de raízes hospedeiras altamente micotróficas, por exemplo,

Trifolium repens, mostraram estímulos significativos no crescimento e ramificação

de hifas (Graham, 1982; Carr et al., 1995; Gianinazzi-Pearson et al., 1989; Nair et

al., 1991). Já exsudatos radiculares extraídos de Lupinus spp, uma planta não

hospedeira, não induziram o crescimento pré-simbiótico das hifas de FMAs, ou

simplesmente inibiram (Oba et al., 2002). Desta forma, o estudo do fluido

apoplástico de raízes e de proteínas específicas nele contidas, como as apirases,

podem fornecer novas informações sobre os sinais que regulam o

desenvolvimento pré-simbiótico dos FMAs.

As apirases são enzimas envolvidas no catabolismo do ATP, e

conseqüentemente, na regulação do pool de ATP intra e extracelular. Quatro

genes codificando apirases em Medicago truncatula (Mtapy1 a 4) tiveram

aumentos significativos nos níveis de transcritos após a inoculação com rizóbio

(Cohn et al., 2001) e foi descrito que certas classes de apirases de apoplasto se

ligam a fatores Nod tendo a sua atividade estimulada (Day et al., 2000). Como as

micorrizas arbusculares e a interação leguminosas-rizóbio possuem rotas

sinalizadoras comuns (Gianinazzi-pearson, 1996, Harrison, 1999), acredita-se que

as apirases possam atuar similarmente na sinalização de ambas associações.

Recentes trabalhos demonstraram que níveis milimolares de ATP suprimem o

crescimento de raízes (Tang et al., 2003), bem como inibem a germinação de

grãos de pólen de Arabidopsis thaliana (Steinebrunner et al., 2003). Quando as

apirases são super-expressas, estes efeitos são minimizados (Tang et al., 2003),

e ocorre um aumento na absorção de Pi (Thomas et al., 1999).

Neste trabalho, analisamos o perfil do fluxo de H+ em hifas e azigosporos

de Gigaspora margarita Becker & Hall, durante os desenvolvimentos assimbiótico

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e pré-simbiótico, usando uma microssonda vibrátil específica ao íon H+; e durante

o desenvolvimento simbiótico, foi analisada a atividade das bombas de H+ após

extração das proteínas membranares por centrifugação diferencial.

Este trabalho teve como objetivo responder questões fundamentais que

emergiram da hipótese inicial, “A dinâmica do fluxo de H+ tem um papel crucial na

sinalização ocorrida nas fases da interação micorrízica arbuscular”; (i) Como as

oscilações no fluxo de H+ das hifas de G. margarita podem influenciar as fases de

desenvolvimento deste FMA? (ii) Qual o efeito dos principais nutrientes trocados

na simbiose (Pi e Sac) sobre a dinâmica dos fluxos de H+ e o desenvolvimento de

hifas esporofíticas? (iii) Quais os efeitos de fatores radiculares sobre o fluxo de H+

de hifas esporofíticas? (iv) Qual a participação das bombas de H+ dos FMA e das

plantas no controle do fluxo de H+ e desenvolvimento da interação micorrízica?

Existiria uma regulação espacial e temporal das bombas durante a micorrização?

(v) Existiriam mudanças estruturais específicas relacionadas ao estabelecimento

da interação micorrízica arbuscular?

Os dados contidos neste trabalho de tese demonstram que os fluxos de

íons H+, em alguns domínios específicos das hifas esporofíticas, são influenciados

fortemente pela presença de Pi, Sac, e fluido apoplástico de raiz, sendo que estes

efeitos parecem estar relacionados a uma ativação diferencial das H+-ATPases e

de transportadores da membrana plasmática fúngica.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A associação micorrízica arbuscular

Os primeiros estudos descrevendo a associação micorrízica são datados

de 1840, mas somente em 1885 o termo micorrizas foi inicialmente proposto pelo

botânico alemão Albert Bernard Frank que denominou de micorriza (do grego,

mykes = fungo e rhiza = raiz) a associação simbiótica mutualista entre raízes de

plantas e fungos específicos do solo. O termo simbiose foi introduzido por Anton

de Bary em 1879, que se refere a organismos “vivendo juntos” e neste sentido

amplo, engloba situações que variam do parasitismo ao mutualismo (Harrison,

1998).

Dentre as simbioses que ocorrem entre plantas e microrganismos, a

formação de micorrizas é a mais comum, especialmente as denominadas

micorrizas arbusculares. Os fungos desta associação são pertencentes a ordem

Glomales e agrupam-se em 7 gêneros, com aproximadamente 160 espécies

descritas (Figura 1; fonte: Invam, 2004). Dentre os grupos de plantas, as

micorrizas arbusculares ocorrem em 83% das dicotiledôneas, 79% das

monocotiledôneas e praticamente em todas as gimnospermas (Wilcox, 1991).

Estudos com observações de fósseis de plantas da era Devoniana

sugerem que a micorriza arbuscular existem à aproximadamente 400 milhões de

anos, sendo considerada como um fator crítico na colonização da terra pelas

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plantas (Pirozynski e Dalpée, 1989; Remy et al., 1994), demonstrando a

importância das micorrizas na sobrevivência e evolução das plantas.

GLOMACEAEGigasporaEntrophospora Acaulospora ScutellosporaGlomus

ACAULOSPORACEAE GIGASPORACEAE

PARAGLOMACEAEParaglomus

Archaeospora

ARCHAEOSPORACEAE

GLOMINEAE GIGASPORINEAE

GLOMALES

Figura 1- Classificação taxonômica dos fungos micorrízicos arbusculares (Fonte: http://invam.caf.wvu.edu/myc_info/taxonomy/phyl)

A maioria das plantas vasculares depende em níveis variados dos FMAs

para melhoria de sua condição nutricional. As espécies que só crescem na

presença da simbiose micorrízica são chamadas micotróficas obrigatórias. Por

outro lado, as micotróficas facultativas crescem bem em solos férteis sem a

presença da associação e em solos pobres em nutrientes são favorecidas pelos

fungos. O aumento na produtividade de várias culturas, foi relacionado com a

colonização das suas raízes com FMAs, incluindo milho (Sylvia et al., 1993),

sorgo (Raju, 1990), soja (Cardoso, 1985; Bethlenfalvay, 1988; Nogueira e

Cardoso, 2000) e tomate (Benabdellah, 1999).

Na simbiose micorrízica arbuscular, a interação tem início quando a hifa

do fungo surgindo dos esporos ou de raízes adjacentes colonizadas, entra em

contato com a superfície da raiz e se diferencia para formar o apressório, o qual é

a via de penetração na raiz. Uma vez dentro da raiz, o fungo pode crescer

intercelularmente ao longo do córtex, mas não invade a região meristemática e o

tecido vascular (Smith e Smith, 1997). Embora a hifa fúngica penetre na parede

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celular das células (Harrison, 1998; Harrison, 1999), ela não penetra na

membrana plasmática da planta, a qual se estende para circundar os arbúsculos

(Gianinazzi-Pearson, 1996; Smith e Smith, 1997). Com o crescimento interno na

raiz, o fungo ainda mantém o micélio externo que se ramifica no solo. A hifa

externa absorve nutrientes e os transporta para estruturas internas, sendo

posteriormente liberados na raiz da planta hospedeira (Siqueira e Franco, 1988;

Gianinazzi-Pearson, 1996; Harrison, 1998).

Quanto aos vários benefícios conferidos à planta hospedeira pela

micorrização, considera-se que o principal é o aumento na absorção e

translocação de fósforo em solos de baixa fertilidade (Cardoso, 1985; Mcarthur e

Knowles, 1993), além de outros nutrientes como nitrogênio, enxofre, zinco e cobre

(Cooper, 1984; Marschner e Dell, 1994; Nogueira e Cardoso, 2003). Outros

benefícios também são relatados, tais como maior absorção de água e

conseqüente tolerância ao stress hídrico (Sylvia e Jarstfer, 1992; Sylvia et al.,

1993), aumento da taxa fotossintética, maior crescimento das plantas (Sánchez-

Dias et al., 1990), maior resistência a doenças (Newsham et al., 1995), produção

de fitormônios (Dannenberg et al., 1992), melhor estruturação do solo e

conseqüente melhor crescimento do sistema radicular (Bethlenfalvay e Barea,

1994).

Os efeitos do fósforo na micorrização são estudados há muito tempo, e

sabe-se que ele atua no estabelecimento e regulação da simbiose e também na

distribuição e composição de espécies nos solos (Lambais e Cardoso, 1990;

Antunes e Cardoso, 1991; Sylvia, 1999). Em geral, solos com baixa disponibilidade

de Pi são favoráveis a micorrização, condição onde a planta pode obter o maior

benefício desta simbiose. Níveis elevados de Pi são inibitórios ao estabelecimento

da simbiose e a efetividade simbiótica pode não se expressar adequadamente se a

concentração de Pi na solução do solo for elevada (Abott et al., 1984; Antunes e

Cardoso, 1991). Os mecanismos que regulam a colonização do fungo em função

dos níveis de Pi intra e extracelular ainda não foram elucidados.

Ainda é controverso o real mecanismo de inibição da colonização

micorrízica pela disponibilidade de Pi. Woolhouse (1975) propôs que lectinas

presentes nas raízes poderiam inibir o crescimento de fungos. As fosfatases de

expressão intra e extracelular funcionam como uma resposta comum da planta à

deficiência de Pi (Fries et al., 1998). Segundo Woolhouse (1975), as plantas ao

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induzirem a expressão de fosfatases nas raízes neutralizariam as lectinas,

possivelmente, através de associação direta com essas proteínas, permitindo

assim, a invasão e o crescimento do fungo no córtex radicular. O próprio fungo

também poderia atuar ativamente neste processo, já que elevada atividade

fosfatásica tem sido evidenciada no vacúolo de hifas terminais de FMAs (Tisserant

et al., 1993). Um segundo mecanismo, proposto por Ratnayake et al. (1978),

baseia-se no fato da permeabilidade das membranas das células radiculares poder

ser influenciada pela maior ou menor absorção de Pi. A alta absorção de Pi pela

planta favoreceria a biossíntese de fosfolipídeos que, por serem constituintes das

membranas, reduziriam sua permeabilidade e por conseqüência, a exsudação de

açúcares e aminoácidos na rizosfera, diminuindo a atividade dos propágulos

(germinação e crescimento micelial), e finalmente, a penetração e a colonização

radicular (Graham et al., 1981; Schwab et al., 1983). Também postula-se que um

aumento da disponibilidade de Pi no solo e, por conseguinte, de sua absorção e

translocação na planta, promova um estímulo da taxa fotossintética, aumentando a

exportação de triose-fosfato do cloroplasto para o citossol, onde a sacarose é

sintetizada, podendo ser acumulada no vacúolo ou translocada para as raízes via

floema. Concentrações elevadas de sacarose nas raízes coincidem com uma baixa

taxa de colonização micorrízica (Siqueira e Franco, 1988; Fernándes et al., 1997).

Ao contrário do que foi observado por Fernándes et al. (1997) e citado por

Siqueira e Franco (1988), plantas de soja inoculadas com Glomus fasciculatum

crescendo sob altas concentrações de Pi apresentaram reduzidos teores de

sacarose, amido e açúcares redutores, comparados ao controle em ambos folha e

raízes (Packovsky, 1989). Por outro lado, Syvertsen e Graham (1999) não

encontraram diferenças no teor de amido sob alto Pi, em ambas folha e raiz. Em

plantas de Citrus, baixos teores de sacarose foram encontrados em raízes

micorrizadas (Graham et al., 1997). Já o aumento no status de Pi na planta,

crescendo sob alto Pi, também foi associado com o decréscimo no conteúdo de

carboidratos solúveis nas raízes micorrizadas (Graham et al., 1981). Em termos de

enzimas sacarolíticas, a atividades da sacarose sintase e de invertases são

estimuladas pela colonização micorrízica, e a análise molecular mostrou que genes

da sacarose sintase mostraram ser super-expressos em raízes de milho

micorrizadas sob baixo Pi e suprimidos em condições de alto Pi (Ravnskov et al.,

2003).

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8

A controvérsia na literatura é se a concentração de Pi no solo estaria

inibindo a micorrização mais pela falta de açúcares solúveis no ambiente radicular

(Graham et al., 1981; Packovsky, 1989; Graham et al., 1997; Syvertsen e Graham,

1999), excesso (Siqueira e Franco, 1988; Fernándes et al., 1997) ou pelo

incremento na atividade de enzimas específicas de defesa, como quitinases, sob

alto Pi (Lambais e Mehdy, 1995; Lambais e Mehdy, 1996).

2.2 Interfaces simbióticas nas micorrizas arbusculares

A colonização das raízes pelos fungos micorrízicos arbusculares (FMAs)

inicia uma cascata de eventos celulares e moleculares, os quais levam a uma

integração morfo-funcional entre as células de plantas e fungos. Diferentes tipos

de interfaces podem ser criados durante a interação micorrízica arbuscular sendo

dependente do modo pelo qual o fungo penetra ou não na célula hospedeira. As

interfaces intercelulares são formadas por hifas crescendo entre as células do

córtex radicular, e as intracelulares quando a hifa intercelular penetra na parede

celular da célula hospedeira e se desenvolve dentro da mesma, formando

estruturas tais como “coils” e arbúsculos. Esta denominação “intracelular” requer

um novo ajuste conceitual, uma vez que na associação simbiótica não ocorre o

rompimento da membrana plasmática da planta, que é um evento característico

de interações parasíticas.

Com a penetração da hifa fúngica na célula cortical hospedeira, uma nova

membrana plasmática da planta é sintetizada, extendendo-se ao longo da

membrana plasmática original, sempre que o fungo está no apoplasto celular.

Quando a hifa intercelular nas camadas corticais mais internas diferencia-se em

arbúsculos, esta membrana plasmática do hospedeiro modificada, referida como

membrana peri-arbuscular, é separada da membrana do arbúsculo pela “interface

simbiótica” ou “interface arbuscular”, sendo este último no caso das micorrizas

arbusculares (Figura 2A). Os arbúsculos são considerados sítios-chaves na

formação da interface simbiótica e no movimento bi-direcional de carbono e

nutrientes orgânicos e inorgânicos.

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9

Célula Cortical

Arbúsculo

Parede Celular

Membrana Plasmática

Membrana Peri-arbuscular

Parede do Arbúsculo

Membrana do Arbúsculo

A

Gli/Fru

Pi-

H+

ATP ADP+Pi-

ATP ADP+Pi-

Sac

Gli/Fru

Gli/Fru

Glicogênio Lipídeos

Metabolismo

Polifosfato

Pi-

Pi-

K+

K+

H+H+

H+H+

H+H+

H+H+

H+H+

H+H+

H+H+Sac

invertases

H+H+

H+H+

K+

PP PPPP

PPPP

PP

PP PP

PoliPases

Interface arbuscular

Célula Cortical da Planta

Célula do Fungo Micorrízico

H+H+

H+H+

H+H+

H+H+

Pi-

H+H+

B

Gli/Fru

Pi-

H+

ATP ADP+Pi-

ATP ADP+Pi-

Sac

Gli/Fru

Gli/Fru

Glicogênio Lipídeos

Metabolismo

Polifosfato

Pi-

Pi-

K+

K+

H+H+

H+H+

H+H+

H+H+

H+H+

H+H+

H+H+Sac

invertases

H+H+

H+H+

K+

PP PPPP

PPPP

PP

PP PP

PoliPases

Interface arbuscular

Célula Cortical da Planta

Célula do Fungo Micorrízico

H+H+

H+H+

H+H+H+H+

H+H+

Pi-

H+H+

Pi-

H+H+

B

Figura 2. A, Esquema da estrutura de um arbúsculo em uma célula cortical vegetal e a formação das interfaces de troca. O espaço entre a membrana peri-arbuscular e a parede do arbúsculo é chamado de interface arbuscular ou espaço apoplástico. Círculos vermelhos representam a localização das H+-ATPases da membrana peri-arbuscular e os triângulos verdes as H+-ATPases do FMA. B, Esquema do transporte bi-direcional de nutrientes na interface arbuscular, enfatizando os transportes primários e secundários em células de plantas e fungos. As H+-ATPase de membrana plasmática do fungo e da planta são responsáveis pela extrusão unidirecional de íons H+ às expensas da quebra da molécula de ATP (Transporte primário de H+). Assim, o gradiente eletroquímico

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gerado pelas ATPases impulsionam o transporte de Pi, Sacarose (Sac), Glicose (Gli), Frutose (Fru) e outros nutrientes (por exemplo Nitrato e aminoácidos) via transportadores de membrana (transporte secundário). Fósforo inorgânico (Pi) absorvido do solo pelas hifas extraradiculares são convertidos em grânulos de polifosfato para serem transportados e próximo a membrana do arbúsculo são convertidos em Pi novamente e transportados para a interface arbuscular, onde se ligam aos H+ para serem transportados para as células corticais da planta hospedeira. O gradiente de H+ criado, ativa a abertura de canais de K+ em ambas membranas. Em troca, a planta repassa sacarose fotossintetizada à interface arbuscular, sofrendo degradação pela atividade de invertases e convertida em Gli e Fru que são transportadas para as células do FMA e posteriormente atingindo as rotas metabólicas para a síntese de lipídeos ou glicogênio. O excesso de sacarose nas células da planta pode ser re-utilizado o metabolismo novamente.

Toth et al. (1990) mostraram que a contribuição da interface arbuscular

em raízes de milho inoculadas com Glomus fasciculatum, podendo alcançar uma

área de 60.292 µm2. É suposto que a disponibilidade de carbono na interface

possa regular a localização, distribuição e função dos arbúsculos no córtex

radicular. Smith e Read (1997) sugerem que a presença de diferentes interfaces

(arbuscular e intercelular) possa conferir uma separação funcional e espacial dos

diferentes processos de transporte na simbiose micorrízica arbuscular. Deste

modo, as interfaces intercelulares e as arbusculares possuiriam a mesma

estrutura básica ao nível celular e bioquímico, predominando uma região

apoplástica separando as membranas de ambos simbiontes (Figura 2A). Embora

a composição e estrutura do apoplasto possam afetar os processos de absorção

e translocação de nutrientes entre os simbiontes, o movimento de nutrientes entre

estes pode ser controlado por ambos, mas as proteínas de membrana da planta

atuam mais eficientemente no controle da troca de solutos dentro e fora das

células colonizadas (Figura 2B).

2.3 Relação entre bombas de H+ e o transporte de nutrientes na interação micorrízica arbuscular

O vacúolo das plantas superiores é uma organela com acidez elevada

que ocupa grande parte da célula, com diâmetro entre 50 e 100 µm. O caráter

ácido no interior do vacúolo é mantido por duas bombas de H+ distintas: H+-

ATPase (ATPase do tipo V ou V-H+-ATPase) e H+-PPase (V-H+-PPase). O

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gradiente de H+ gerado por estas bombas, energiza os transportadores ativos

secundários de íons inorgânicos, açúcares e ácidos orgânicos (Figura 3B, C)

(Taiz e Taiz, 1991, Futai et al.; 2000; Nishi e Forgac, 2002).

Já, Tanto em plantas quanto em fungos, a absorção de nutrientes ocorre,

principalmente, via transportadores específicos encontrados nas membranas de

células de raízes e hifas. Esses transportadores executam um transporte ativo de

macro e micronutrientes do solo para o interior da célula, geralmente contra um

gradiente de concentração (Morsomme e Boutry, 2000). Para tanto, os

transportadores secundários necessitam de um aporte de energia que é fornecido

pelos sistemas de transporte primário de prótons, constituídos essencialmente

pelas adenosina-5'-trifosfatases (H+-ATPases do tipo P).

As H+-ATPases são enzimas de membrana que acoplam à energia da

hidrólise de ATP à formação de um gradiente eletroquímico de H+ através da

membrana (Figura 3A) (Sze, 1985; Serrano, 1985; Sze et al., 1999). A força

proton-motriz gerada é requerida pelos transportadores secundários para

energizar e regular o transporte de nutrientes para o interior das células de fungos

e plantas (Figura 2B), onde são acumulados em concentrações muito superiores

às disponíveis nos solos (Morsomme e Boutry, 2000). Outras funções das

bombas são justamente atuar na tolerância a salinidade, regulação do pH

citoplasmático (Serrano, 1989; Portillo e Serrano, 1989; Nathan e Willian, 1999;

Portillo, 2000) e na expansão celular (Rayle e Cleland, 1992)

A H+-ATPase de membrana plasmática da planta é codificada por uma

família multigênica. Doze genes foram identificados anteriormente em Arabidopsis

thaliana (Harper et al., 1994; Houlné e M. Boutry, 1994; Palmgreen, 2001). Nove

genes foram identificados em Nicotiana plumbaginifolia (Boutry et al., 1989;

Oufattole et al., 2000). Em tomate, foram identificados sete genes (Boutry et al.,

1989; Mito et al., 1996), e dois em Oryza sativa (Wada et al., 1992; Ookura et al.,

1994). Em fungos foram identificados dois genes em Saccharomyces cerevisiae

(Schlesser et al., 1988; Serrano et al., 1986), dois em Schizosaccharomyces

pombe (Ghislain e Goffeau, 1991) e cinco em Glomus mosseae (Ferrol at al.,

2000a). Dado os seus múltiplos papéis fisiológicos e o alto consumo de ATP pelas

H+-ATPases de membrana plasmática, é esperado que estas enzimas sejam

finamente reguladas. De fato, muitos dados já foram obtidos, os quais marcam as

propriedades regulatórias sobre a transcrição, tradução e níveis enzimáticos

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(Morsomme e Boutry, 2000). Por exemplo, duas isoformas de H+-ATPase de S.

cereviseae estão sob controle transcricional (Ghislain e Goffeau, 1991) e

apresentam características bioquímicas diferenciadas (Suply et al., 1993).

1 2 4 5 8 9 10

3 6 7

NH2

ATPH+

1 2 4 5 8 9 10

3 6 7

NH2

ATPH+

A A

A

B B

B

D

F

cV0

V1

d

H

G

C

c’a

E

c’’

A A

A

B B

B

D

F

cV0

V1

d

H

G

C

c’a

E

c’’

NH2

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

NH2

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

B

C

A

1 2 4 5 8 9 10

3 6 7

NH2

ATPH+

1 2 4 5 8 9 10

3 6 7

NH2

ATPH+

A A

A

B B

B

D

F

cV0

V1

d

H

G

C

c’a

E

c’’

A A

A

B B

B

D

F

cV0

V1

d

H

G

C

c’a

E

c’’

NH2

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

NH2

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

B

C

A

Figura 3. Modelos estruturais da P-H+-ATPase (A) adaptado de Portillo (2000); V-H+-ATPase (B) adaptado de Forgac (1999); e V-H+-PPase (C) adaptado de Maeshima (2000). As P-H+-ATPase possui 10 domínios transmembrana e a V-H+-PPase possui 14 (números). A V-H+-ATPase é uma proteínas com várias

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subunidades (letras maiúsculas e minúsculas) e não possui domínios transmembrana como as anteriores.

A diversidade de funções biológicas suportadas pelas H+-ATPases e a

multiplicidade de fatores que afetam a sua atividade fazem emergir a pergunta se

certas isoformas são especializadas para trabalhar sob condições ambientais

específicas ou em tipos de células específicos, tecidos ou órgãos. A expressão

diferencial das isoformas tem sido estudada por vários métodos, inclusive

imunodetecção, análise de Northern blot, hibridização in situ e técnicas de genes

repórteres.

Estudos imunológicos sugerem que a H+-ATPase se acumula em tecidos

particulares da planta ou em tipos de células como o ápice radicular, pêlos e

epiderme radicular, células-guardas e de transferência, e também em células do

estelo. Em alguns casos, foi observada distribuição assimétrica dentro da célula

(Parets-Soler et al., 1990; Jahn et al., 1998). Estes estudos apontaram os tipos de

células em que a expressão das H+-ATPases era alta, mas eles não distinguiram

entre as várias isoformas. A situação era diferente com a detecção in situ de

AHA3 (uma isoforma de H+-ATPase) marcado em Arabidopsis introduzido em

plantas transgênicas que possibilitaram a detecção específica desta isoforma em

células companheiras (De Witt e Sussman, 1995). Woolhouse (1975), em suas

especulações sobre o transporte de nutrientes na simbiose micorrízica, sugeriu

que o fosfato era liberado passivamente pela membrana plasmática do arbúsculo

dentro da interface apoplástica e então absorvido pelo hospedeiro pelos co-

transportadores localizados na membrana plasmática da planta, sendo estes

dependentes e mediados por mecanismos de transporte ativo (Figura 2B). Já no

que tange ao tráfego de açúcares, Woolhouse (1975) também propôs que os

carboidratos de uma forma similar ao fosfato, porém em direção contrária, são

liberados passivamente na interface apoplástica, através da membrana

plasmática célula vegetal, e então ativamente transportados para o interior das

células fúngicas pelos sistemas de co-transportadores (açúcar-H+) da membrana

do arbúsculo (Figura 2B). Atualmente, alguns trabalhos utilizando a técnica de

Ressonância Magnética Nuclear têm mostrado que a glicose, ao invés da frutose

e sacarose pode ser o carboidrato preferencial importado pelo fungo (Shachar-Hill

et al., 1995; Pfeffer et al., 1999).

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Estudos citoquímicos das ATPases, foram realizados por Marx et al.

(1982) e Gianinazzi-Pearson et al. (1991). Eles demonstraram a presença de uma

forte marcação da atividade ATPásica na membrana peri-arbuscular, na

membrana plasmática de hifas extra-radiculares e intercelulares, e também na

base dos arbúsculos, no entanto, nas finas ramificações dos arbúsculos e nas

células adjacentes foram fracas ou ausentes. Estes resultados levaram os autores

a especular sobre uma participação ativa das hifas intercelulares nos processos

de absorção de carbono do apoplasto hospedeiro, sugerindo uma separação

espacial entre a transferência de Pi e carbono na interface arbuscular (Figura 2B).

Estudos com sondas indicadoras de pH demonstraram que essa interface

consiste num compartimento altamente ácido (Guttenberger, 2000). Esta acidez

provavelmente resulta da atividade das H+-ATPases associadas às membranas, a

qual fornece a força para a absorção de fosfato e outros nutrientes pelas células

arbusculadas. Ao nível molecular, Murphy et al. (1997), isolaram um gene

homólogo à H+-ATPase que mostrou ser um regulador da atividade durante a fase

de estabelecimento da simbiose em plantas de cevada (Hordeum vulgare)

colonizadas por Glomus intraradices. Posteriormente, Gianinazzi-Pearson et al.

(2000) detectaram que a micorrização induziu atividade de promotores

relacionados a dois genes de H+-ATPases (pma2 e pma4) em células corticais de

raízes de tabaco contendo arbúsculos.

Ramos (2001) trabalhando com vesículas purificadas de membrana

plasmática isoladas de raízes de milho, inoculadas ou não com Glomus clarum ou

Gigaspora margarita, observou que nos eventos iniciais da interação micorrízica

(30 dias após a inoculação) ocorria inibição da atividade ATPásica específica. Já

no estabelecimento da colonização fúngica, as raízes colonizadas apresentaram

atividades enzimáticas superiores às encontradas no tratamento não inoculado e

foi dependente do FMA envolvido (Ramos, 2001). Analisando a atividade

ATPásica em frações microssomais, sob as mesmas condições do estudo acima,

uma ativação significativa foi encontrada em vesículas oriundas de raízes

colonizadas em todas épocas estudadas, desaparecendo a inibição encontrada

em frações purificadas de membrana plasmática (Ramos et al., 2005). Bago et al.

(1997), estudaram a atividade ATPásica de membrana plasmática de vesículas

microssomais em raízes micorrizadas de girassol (Helianthus annuus) e cebola

(Allium cepa), encontrando um decréscimo da atividade com o tempo, sendo este

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maior em plantas não inoculadas. Segundo Benabdellah et al. (1999) respostas

de crescimento de plantas de tomate à colonização micorrízica, foram diferentes

dependendo do FMA envolvido. A porcentagem de colonização correlacionou-se

com a atividade ATPásica de membrana plasmática e plantas inoculadas com

Glomus mosseae tiveram maior atividade enzimática. O FMA poderia estar

atuando na regulação das ATPases, especificamente, aumentando a eficiência de

acoplamento entre hidrólise de ATP e transporte de H+. Porém, os mecanismos

envolvidos nesta regulação ainda permanecem desconhecidos. Recentemente,

complementando os estudos anteriores, Krajinski et al. (2002) revelaram a

presença de um gene de H+-ATPase tecido-específico em Medicago truncatula, o

qual é expresso apenas em células radiculares contendo arbúsculos e que não

ocorreu em outros tecidos.

2.4 As H+-ATPases de membrana plasmática dos fungos micorrízicos arbusculares

Devido ao caráter biotrófico obrigatório dos FMAs, os avanços nos

estudos da regulação das bombas de prótons são escassos, principalmente nos

diferentes estádios do seu desenvolvimento. Um estudo citoquímico realizado por

Lei et al. (1991), durante a fase assimbiótica e pré-simbiótica, parece ser a

primeira descrição da presença de atividade de H+-ATPases nas hifas de FMAs.

Entretanto, o seu estudo com inibidor da enzima mostrou dúvida quanto à

presença da ATPase. Uma atividade ATPásica, segundo Lei et al. (1991), na

presença de exsudatos radiculares e CO2 correlacionou-se positivamente com a

absorção de 32P por tubos germinativos de Gigaspora margarita. Isto pode ser

relacionado aos estudos de Harrison e van Buuren (1995), que isolaram um gene

que codificava uma proteína transportadora de fosfato por sistema simporte de

alta afinidade, da hifa extra-radicular de Glomus vesiforme.

Em Glomus mosseae, há publicado cinco genes parcialmente clonados

codificando isoformas de H+-ATPases, e a sua caracterização molecular está em

andamento (Ferrol at al., 2000a). Segundo Ferrol et al. (2000a,b) em fungos

micorrízicos, como em outros fungos, a H+-ATPase de membrana plasmática é

codificada por uma família multigênica. O papel fisiológico destas ATPases no

desenvolvimento do fungo e da simbiose ainda não esta claro, apenas o

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conhecimento mais aprofundado das interfaces simbióticas. O isolamento da

membrana peri-arbuscular e um estudo refinado do funcionamento e regulação

das proteínas transportadoras de açúcares e dos sistemas secundários de

transporte de H+, poderá comprovar se a hexose oriunda da planta hospedeira é

transferida ao fungo por um sistema ativo ou passivo. Harrison (1996) detectou

um aumento na expressão do gene codificando uma proteína transportadora de

monossacarídeos (Mtst1) em células corticais de raízes de Medicago truncatula

altamente colonizadas por Glomus mosseae. No fungo ectomicorrízico Amanita

muscaria, um transportador simporte monossacarídeo/H+, é provavelmente o

responsável pela absorção de hexose em ambos estádios de vida livre e

simbiótico (Wiese et al, 2000). Recentemente, foi descoberto que o açúcar

preferencial do fungo micorrízico não é a sacarose (Bago et al., 2002), mas sim, a

glicose. Isto é muito interessante, pois mostra que realmente as plantas são os

únicos organismos que translocam açúcar na forma de sacarose.

A análise da seqüência de fragmentos gênicos obtidos por PCR

identificaram 5 diferentes clones em Glomus mosseae (GmHA1, GmHA2,

GmHA3, GmHA4, GmHA5) codificando H+-ATPases de membrana (Ferrol et al.

2000a). Estes dados indicam que em fungos micorrízicos, como em outros

organismos, a H+-ATPase de membrana plasmática é codificada por uma família

multigênica. Hibridização por Southern Blot do DNA genômico de G. mosseae

com cada clone dos genes, obtidos por PCR, demonstrou que os cinco genes

representam, individualmente, um gene diferente de G. mosseae, e não de

contaminantes do esporo. A análise filogenética mostrou que GmHA5 em termos

de evolução é diferenciado dos demais genes (Ferrol et al., 2000b).

O papel fisiológico de duas isoformas (GmHA5 e GmPMA1) de H+-

ATPase de membrana plasmática durante as diferentes fases do desenvolvimento

da simbiose micorrízica foi estudado por Requena et al. (2003). Os autores

encontraram uma alta conservação do domínio catalítico das H+-ATPases de

membrana plasmática, e que GmPMA1 é altamente relacionado filogeneticamente

apenas ao GmHA5, e este a nenhum outro gene (GmHA1 – GmHA4). GmPMA1

foi mais expresso durante o desenvolvimento assimbiótico, sendo a sua

expressão não alterada quando o FMA entra em simbiose. Entretanto, GmHA5

teve uma alta acumulação de transcritos durante a fase de formação de

apressório. Em termos dos efeitos dos principais nutrientes envolvidos na

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simbiose, a expressão de GmHA5 mostrou ser estimulada por fosfato e inibida por

sacarose (Requena et al., 2003).

2.5 A técnica da microssonda vibrátil e o crescimento celular polarizado

Com o advento da técnica da microssonda vibrátil seletiva à íon pode-se

estudar as oscilações transientes de um determinado íon sem danificar o material

de estudo. Em meados do século XX, foi realizada a primeira aplicação biológica

da microssonda vibrátil (Bluh e Scott, 1950), sendo posteriormente usada na

determinação de fluxos iônicos em músculos esqueléticos (Davies, 1966). O

sistema foi aprimorado quando foi acoplado um amplificador no aparelho (Jaffe e

Nucitelli, 1974). Isto fez com que a sensibilidade aumentasse fortemente,

resultando num método de medida das correntes extracelulares de baixa

magnitude na superfície de uma membrana biológica, sem causar qualquer dano

ao material em estudo, e ficou conhecida como “Wire-probe”, também chamada

de Vibrating voltage probe (em português, microssonda vibrátil sensível à

voltagem). A técnica forneceu um método prático de demonstrar as correntes

elétricas totais em diversos organismos e por um período fecundo de pesquisas

gerou diversos modelos sobre o papel das correntes elétricas em células vegetais

e animais. Um refinamento da técnica foi obtido com a adaptação de

microcomputadores e medidas bi-dimensionais (Shipley e Feijó, 1999).

Uma importante limitação da microssonda sensível a voltagem é a análise

do comportamento de um íon e a sua implicância nas correntes. Para isso é

necessário o uso de ensaios de substituição com a adição de inibidores

específicos da atividade de canais e bombas, para a determinação da

contribuição individual de um dado íon. Assim, uma melhoria na técnica foi a

utilização de ionóforos específicos na ponta das micropipetas, ao invés dos

originais eletrodos de metais. Esta técnica avançada é chamada de íon-selective

vibrating probe (em português, microssonda vibrátil seletiva a íon).

Resumidamente, este método foi desenvolvido para medir íons individuais que

carreiam uma corrente elétrica (como as medidas com wire-probe),

complementando as técnicas que medem correntes totais. A maioria das

aplicações biológica envolve estudos das dinâmicas de íons importantes tais

como prótons, cálcio ou potássio, devido a sua relevância nos processos

fisiológicos e de desenvolvimento.

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O uso desta última técnica tem fornecido dados relevantes sobre o papel

do fluxo de íons ou das correntes elétricas de um determinado íon no crescimento

polarizado de raízes (Kochian et al., 1992; Felle, 1998, 2001), pêlos radiculares

(Cárdenas et al., 1999; 2000) e tubos polínicos (Feijó et al., 1999a; 2001; 2004;

Zonia et al., 2002).

O crescimento apical é o processo de crescimento celular predominante

em hifas fúngicas, tubos polínicos e pêlos radiculares de vegetais superiores.

Esse tipo de crescimento envolve a extensão polarizada da célula e distensão da

parede celular na região adjacente ao pólo de alongamento (Feijó et al., 2001).

Dado a importância deste processo, um crescente interesse tem surgido

no que se refere ao estudo de sua regulação e mecanismo de ação. Várias

evidências sugerem que gradientes iônicos intra e extracelulares, principalmente

de H+ e Ca2+, são elementos chaves na regulação do crescimento polarizado em

células de fungos e plantas. Enquanto a influência do gradiente de pH externo

sobre o alongamento celular é amplamente aceita, a participação de um gradiente

de pH citoplasmático no processo é bem mais controversa (Parton et al., 1997;

Feijó et al., 1999). Por outro lado, a regulação mediada por gradiente de Ca2+

citoplasmático é bem documentada em vários eventos de alongamento celular

(Malhó et al., 1995). Várias evidências sugerem que existem padrões para

oscilações do Ca2+ citoplasmático com duração e localização específicas para um

dado estímulo e resposta, definidas como "Ca2+ signatures". Tal variabilidade

confere especificidade ao sinal de cálcio, tornando possível que este simples íon

possa desencadear uma multiplicidade de respostas a diferentes estímulos numa

mesma célula. Essa descoberta tem impulsionado o estudo das variações de

moléculas sinalizadoras em células vivas e em tempo real, como forma de

elucidar fenômenos de transdução de sinais associados com respostas a

estresses, ciclo de vida e interações parasitárias ou simbióticas em diferentes

organismos (Feijó et al., 1999). As “H+ signatures" ainda não foram estabelecidas,

e é possível que no caso do crescimento e reconhecimento da raiz hospedeira

pelo FMA, possa ser mediada por micro-gradientes de H+ na rizosfera.

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19

2.6 Alterações morfológicas em hifas de FMAs em resposta a sinais da planta hospedeira

A emissão do tubo germinativo em esporos de fungos micorrízicos

arbusculares (FMA) e a invasão das hifas na epiderme e córtex radicular também

envolvem processos de crescimento apical, modificações da parede celular da

planta adjacente a hifa, e provavelmente das defesas da planta.

Os FMAs são organismos biotróficos obrigatórios necessitando da raiz da

planta hospedeira para sustentar seu crescimento. Um esporo de FMA, apesar de

ser capaz de germinar na ausência da raiz, possui somente uma limitada

capacidade de crescimento nessas condições (Harrison, 1999). Isto parece ser

devido à importância dos sinais da planta nos estádios iniciais da formação da

simbiose.

Exsudatos radiculares têm mostrado estimular o crescimento e ramificação

da hifa do fungo em baixas concentrações de certos compostos

flavonóides/isoflavonóides. Flavonóides são constituintes dos exsudatos

radiculares de algumas plantas e são capazes de promover o crescimento da hifa

(Nair et al., 1991; Nagahashi et al., 1996; Giovannetti, 1997). Estes compostos

são exsudados por raízes de diversas espécies, mas apenas os de plantas

hospedeiras estimulam o crescimento de hifas de FMAs (Bécard et al., 1988;

1990).

Em contato com a raiz, o fungo diferencia-se para formar apressório na

superfície das células epidérmicas (Nair et al., 1991; Giovannetti et al., 1993;

Nagahashi et al., 1996). Foi demonstrado que Gigaspora margarita é capaz de

formar apressório em fragmentos de células epidérmicas (Nagahashi e Douds,

1997). Este experimento indicou que uma parede celular sozinha é suficiente para

estimular a formação de apressório e que sinais secretados das raízes não são

necessários. Além disso, paredes celulares não hospedeiras, como as de

beterraba, não possibilitam o desenvolvimento de apressório. Portanto, concluiu-

se que a morfologia da epiderme não é suficiente para induzir a diferenciação de

apressório e que sinais endógenos devem estar presentes na parede hospedeira

(Harrison, 1999). Isto é suportado pelas observações que apressórios formam

somente em fragmentos de paredes celulares epidérmicas e não em células de

outras partes da raiz, como as células do córtex e células vasculares. O

apressório que se forma nos fragmentos de paredes celulares hospedeiras não

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desenvolvem completa penetração da hifasugerindo que o próximo estádio de

desenvolvimento requer células intactas (Nagahashi e Douds, 1997). Assim,

paredes celulares epidérmicas sinalizam a formação de apressório e o próximo

passo é elucidar os componentes específicos da parede celular que ativam a

resposta. Dentro deste contexto, ressalta-se a importância nos estudos do fluído

apoplástico de raízes, caracterizando as proteínas presentes por meio de análise

proteômica e as enzimas com função sinalizadora.

Após a formação do apressório, o fungo penetra na raiz e procede a

colonização do córtex e se diferencia para formar os arbúsculos. Plantas

mutantes, nas quais os fungos são capazes de formar apressório, mas incapazes

para penetrar a raiz, têm sido identificadas em leguminosas. Alguns desses

mutantes podem estar sem um sinal de entrada e a clonagem de genes mutantes

tem um potencial de fornecer a percepção dentro da sinalização neste estádio da

simbiose.

Já os fatores de nodulação, descritos inicialmente como promotores da

associação entre plantas e bactérias diazotróficas simbióticas, também têm sido

descritos como indutores da interação FMA-planta (Xie et al., 1995) e reguladores

da distribuição de carboidratos em raízes micorrizadas (Xie et al., 1998).

Entretanto, as rotas de sinalização associadas a esses estímulos químicos ainda

não foram exploradas.

Tal qual ocorre com outros sistemas, é esperado que a dinâmica de

distribuição dos íons H+ esteja envolvida nos eventos celulares relacionados ao

reconhecimento e desenvolvimento da interação simbiótica entre plantas e FMAs.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Material biológico, isolamento e desinfestação dos esporos

Os esporos de Gigaspora margarita Becker & Hall (BEG 34) foram

adquiridos da Biorize® (BEG, Dijon-França). Esta espécie de FMA foi escolhida

devido aos seus esporos serem grandes (diâmetro >150 µm) comparados a

espécies do gênero Glomus. Isto facilitou as manipulações no microscópio

durante a medição dos fluxos de H+. Além disso, esta espécie já foi usada em

outros estudos fisiológicos e eletrofisiológicos do desenvolvimento assimbiótico de

FMAs (Lei et al., 1991; Ayling et al., 2000).

Os esporos foram lavados em água destilada e selecionados com auxílio

de uma lupa por cor e tamanho, para uma prévia uniformização da germinação, e

posteriormente colocados em tubos à vacuo. O processo de desinfestação foi

realizado como descrito por Bécard e Fortin (1988) com algumas modificações.

Em uma câmara de fluxo laminar, os esporos foram tratados com uma

solução de cloramina-T 2% (p/v) filtrada em filtro Milipore® com porosidade de

0,22 µm, por um período de 15 minutos. A solução foi retirada com auxílio de

pipeta Pasteur até o nível dos esporos, quando adicionou-se uma mistura de

antibióticos constituída de Estreptomicina 200 mg mL-1 e Gentamicina 100 mg mL-

1, por um período de 50 minutos, sendo essa solução de antibiótico trocada a

cada dez minutos. Os esporos foram colocados em frascos de vidro esterilizados

com a solução de antibiótico acima e incubados por um período de 5 dias a 4°C.

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Os esporos esterilizados foram colocados em placas de petri de 4,5 cm

de diâmetro (Willco Wells B.V.), com 2 mL de meio mínimo (Quadro 1)

autoclavado, pH 5,5- 5,7 (pH 5,9-6,0 após autoclavagem) e incubados a 26°C

(BOD), no escuro, por 5 a 7 dias para germinar. Outras placas foram conservadas

em geladeira para ensaios futuros. Incubando as placas na posição normal, com o

fundo para baixo, faz com que o tubo germinativo cresça diretamente sob a

superfície do meio de cultura, numa posição adequada às observações

microscópicas para o posicionamento da microssonda vibrátil.

3.2 Obtenção e cultivo das raízes transgênicas (RTs)

As raízes transgênicas (RTs) de trevo (Trifolium repens) foram obtidas do

laboratório de solos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Elas foram

multiplicadas em meio MS sólido pH 5,5-5,7, adicionando um segmento de 3 cm de

raízes e cultivadas a 25°C. As RTs crescidas em meio MS foram transferidas para

meio mínimo e posteriormente efetuou-se a inoculação com esporos germinados

de Gigaspora margarita.

Os quadros 1 e 2 mostram a composição e a concentração dos nutrientes

nos meios de cultivo: MS e Mínimo.

Placas de Petri (8 cm em diâmetro) preenchidas com 15 mL de meio

Mínimo solidificado (0.25% Phytagel) foram usadas como câmaras de cultura de

RTs para análises de microscopia e do fluxo de H+ em estruturas extra-

radiculares. Quatro a seis esporos de G. margarita foram colocados, sob

condições estéreis, em cima das RTs e incubadas a 25°C por 3 meses, para as

análises. As placas foram incubadas normalmente e assim o geotropismo

negativo do tubo germinativo de G. margarita foi explorado para dirigir o

crescimento da hifa para a superfície do meio M.

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Quadro 1. Composição dos diferentes meios de cultivos das raízes transgênicas de trevo (Trifolium repens). Após o preparo o pH foi ajustado para 5,7 e posteriormente autoclavados por 15 minutos

MÍNIMO (MM) Murashige & Skoog (MS)

Macronutrientes (mg mL-1)

NH4NO3 - 1650

KNO3 80 1900

CaCl2 . 2 H2O - 440

MgSO4 . 7 H2O 731 370

KH2PO4 4,8 170

KCl 65 -

Ca(NO3)2 . 4 H2O 228 -

Micronutrientes (mg mL-1)

MnSO4 . 1 H2O 6 22,3

ZnSO4 . 7 H2O 2,65 8,6

H3BO3 1,5 6,2

KI 0,75 0,83

Na2MoO4 . 2 H2O 0,0024 0,25

CuSO4 . 5 H2O 0,13 0,025

CoCl2 6 H2O - 0,025

Outros (mg mL-1)

Na2EDTA . 2 H2O - 37,3

NaFe EDTA 8 -

FeSO4 7 H2O - 27,8

Glicina 3 3

Ácido nicotínico 0,5 0,5

Piridoxina.HCl 0,1 0,1

Tiamina.HCl 0,1 0,1

Mio-inositol 50 50

Sacarose 10000 10000

Phytagel 2500 2500

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Quadro 2. Concentração dos nutrientes nos diferentes meios de cultivos das raízes transgênicas de trevo (Trifolium repens)

Nutriente MÍNIMO (M) Murashige & Skoog (MS)

Concentração

___________________ mM ___________________

N 2,70 60,03

P 0,035 1,249

K 1,701 20,045

Mg 2,965 1,501

S 2,975 1,728

Mn 0,030 0,099

Ca 0,965 2,994

Cl 0,9326 5,987

I 0,004 0,005

Zn 0,009 0,029

B 0,024 0,1

Cu 0,5 x 10-3 0,1 x 10-3

Mo 0,9 x 10-5 0,001

Fe 0,0216 0,099

Na 0,021 0,102

Co - 0, x 10-3

3.3 Extração do fluido apoplástico de raízes (FAR) de trevo

As RTs de trevo foram multiplicadas em meio mínimo (M) líquido e

incubadas por 30 dias nas mesmas condições citadas no item anterior, e

posteriormente realizou-se o processo de extração do fluido apoplástico.

A extração do FAR de trevo foi feita de acordo com Hammond-Kosack

(1992), com as modificações de Souza (2002). As raízes foram separadas das

plantas, pesadas (40-50g), lavadas com água corrente e arrumadas em feixes

envolvidos por parafilm. Segmentos de raízes com aproximadamente 2,5 cm

foram cortados e lavados com ddH2O para remover detritos da superfície e/ou

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contaminação citoplasmática, e acondicionados em seringas plásticas de 25 mL

encaixadas dentro de tubos do tipo Falcon. Nestes foi adicionado uma solução

contendo PMSF 1 mM e EDTA 1 mM em ddH2O, até um volume final de 20 mL.

As raízes foram infiltradas a vácuo por 2 min a 4°C. O exesso de água foi

eliminado por gravidade e as raízes foram centrifugadas a 800 x g por 15 minutos

a 4°C. O FAR foi recolhido, filtrado com Millipore (0,2 µm de porosidade) para

remoção de microrganismos e posteriormente armazenado em ultrafreezer a -

80°C. A quantificação de proteínas foi realizada pelo método de Bradford (1979).

3.4 Determinação dos fluxos protônicos extracelulares

O fluxo extracelular de prótons foi medido ao redor do azigosporo e ao

longo de hifas secundárias de Gigaspora margarita usando uma microssonda

vibrátil seletiva ao próton (Kühtreiber e Jaffe, 1990; Kochian et al., 1992; Feijó et

al., 1999; Vissenberg et al., 2001). Eletrodos foram produzidos de microcapilares

de borosilicato com diâmetro exterior de 1,5 mm e 1,12 mm de diâmetro interior

(www.sutter.com), utilizando o aparelho Puller Flaming Brown, Sutter P-98 (Sutter

Instruments, Novato, CA). Posteriormente, os microeletrodos foram colocados sob

um suporte de vidro coberto por um becker de vidro (1 L) e secos em estufa à

250º C por 3 horas. Após este período, realizou-se a silanização dos

microcapilares, por exposição a vapor de N, N-dimetiltrimetilsilamina (C5H15NSi,

Fluka 41716), ainda na estufa por 20 minutos e deixados para secar por mais 3

horas, na mesma temperatura. Após a vaporização com silano (C5H15NSi), os

microeletrodos foram preenchidos com uma solução de eletrólito (100 mM para

Cl-; 15 mM KCl e 40 mM KH2PO4 para o H+), correspondente a uma coluna de 1,5

mm do eletrodo. Após esta etapa, foram preenchidos na ponta, com uma coluna

de 20 a 25 µm do coquetel seletivo, contendo o ionóforo respectivo ao H+ (Fluka,

Milwaukee, WI). Para estabelecer o contato elétrico com o meio, foi inserido na

extremidade basal do microeletrodo, um suporte com um eletrodo de Ag/AgCl

(World Precision Instruments, Inc.). Um eletrodo de referência, composto de uma

ponte de KCl 3M líquido, fechada na extremidade com um polímero

semipermeável (World Precision Instruments), foi inserido no meio de banho da

amostra. Sinais foram medidos pelo amplificador (www.applicablelectronics.com),

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sendo a vibração e o posicionamento do eletrodo obtidos através de motores

posicionais (stepper-motors), os quais permitem um movimento tridimensional. O

controle dos motores, a aquisição de dados e o seu processamento preliminar

foram ajustados no software ASET (Science Wares [East Falmouth, MA] –

www.sciencewares.com). A calibração dos eletrodos foi realizada por medição do

potencial (mV) registrado em três soluções contendo o íon em estudo, com

concentração conhecida: 0,1 mM, 1 mM e 10 mM; dado que as concentrações

abrangem as condições dos meios utilizados.

A coleta dos dados da microssonda vibrátil seletiva, realizada pelo

software ASET, fornece a informação necessária para calcular o fluxo iônico em

um determinado ponto [x, y, z] do espaço, por meio da lei de Fick (J = D (dc/dx)).

O coeficiente de difusão (D) é um valor tabelado para cada íon (de acordo com

Handbook of Chemistry and Physics, Chemical Rubber Co.). A diferença espacial

(dx) resulta do cálculo da distância entre os dois pontos em que foram realizadas

as medições das concentrações para cálculo do fluxo (10 µm). A diferença de

concentração (dc) é um vetor que varia ao longo do ensaio. Em cada ponto, a

concentração pode ser calculada a partir do valor de mV registrado no dado ponto

e da equação previamente determinada para o ionóforo durante ao processo de

calibração.

Durante as análises dos efeitos do fluido apoplástico de raízes (FAR) de

trevo sobre o fluxo de H+ de tubos germinativos de G. margarita, foi adicionado

10µL ou 20 µL de FAR e aguardou-se 10 min até uma total mistura das alíquotas

no meio de cultura. Uma análise prévia demonstrou que o fluido de raízes e o seu

modo de extração não afetavam a sensibilidade da sonda (Figura 4). O pH do

meio M durante as medidas também não foi alterado, mantendo-se em 5,99 (±

0,086) como exemplificado na figura 19. O mesmo procedimento foi realizado nos

estudos com os inibidores: vanadato e eritrosina B.

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y = 23.712Ln(x) + 293.43 R2 = 1.00

y = 24.813Ln(x) + 300.77 R2 = 0.99

70

80

90

100

110

120

130

140

150

160

170

180

190

0.0001 0.001 0.01

Concentração de H+ (mM)

mV

antes da adição do FA

após a adição do FA

Figura 4. Curva de calibração da microssonda vibrátil seletiva ao H+ antes (■) e

após (ο) a adição de 20 µL do fluido apoplástico de raízes de trevo.

3.5 Preparo do substrato e plantio de plantas de milho

Como substrato, utilizou-se areia lavada e solo argiloso na proporção 1:1

(V/V). O solo, classificado como um Cambissolo, foi coletado no campus da

UENF, seco ao ar, destorroado e passado em peneira 2 mm. Após preparada, a

mistura foi autoclavada a 120°C por 2 horas e uma amostra do solo foi coletada

para análise química e física.

O resultado da análise foi o seguinte: pH em H2O = 5,5; P (Mehlich-1)= 6

mg dm-3; K= 148 mg dm-3; Ca = 20 mmolc dm-3; Mg = 13 mmolc dm

-3; Al = 0,0

mmolc dm-3; H + Al = 18 mmolc dm

-3; Na = 1,4 mmolc dm-3; C= 0,54 %; M.O.

(matéria orgânica) = 9,3 g dm-3; SB (soma de bases) = 38 mmolc dm-3; T (CTC

total) = 56 mmolc dm-3; t (CTC efetiva) = 38 mmolc dm

-3; m (saturação de alumínio)

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(%) = 0; V (Saturação de bases) = 68%; Areia fina = 75%, Silte = 11%; Argila

14%.

O inóculo fúngico foi multiplicado em vasos de 5 L, utilizando Brachiaria

brizantha como planta hospedeira, em substrato esterilizado que continha areia e

solo (1:1, v/v), preparado como citado anteriormente. Foram adicionados 50g do

inóculo de Gigaspora margarita, composto de raízes colonizadas, hifas e esporos.

As sementes de milho foram desinfestadas por imersão em solução de

hipoclorito de sódio 0,5%, por 5 minutos e lavadas sucessivamente com água

destilada esterilizada.

A inoculação do milho foi feita no plantio, aplicando-se 100g do inóculo

multiplicado a 3 cm abaixo da superfície do solo. O tratamento não inoculado com o

FMA, recebeu da mesma forma 100g do inóculo, porém autoclavado. Semearam-

se oito sementes por vaso e 10 dias após a germinação fez-se um desbaste

deixando apenas cinco plantas por vaso. Vasos plásticos com capacidade para 3 L

foram usados como recipientes. A umidade durante o experimento foi mantida

próxima à capacidade de campo do substrato, utilizando-se água desionizada.

Após o 10° dia de germinação, aplicaram-se 200 mL de uma solução nutritiva

(Quadro 3), uma vez por semana, em todos os tratamentos.

A taxa de colonização micorrízica foi avaliada em duas regiões do sistema

radicular como descrito na figura 27 e determinada pelo método da interseção em

placas de Petri reticuladas, como descrito por Giovannetti e Mosse (1980), após

coloração com azul de metileno, conforme técnica descrita por Phillips e Hayman

(1970). Fragmentos de raízes foram cortados na região de maior colonização pelo

FMA, aos 30 dias após a inoculação; fixados e utilizados para microscopia ótica e

eletrônica de transmissão, pelo colaborador Dr Fábio Lopes Olivares (LBCT-

UENF)

3.6 Isolamento e purificação das vesículas de membrana plasmática e vacuolar

O procedimento para isolamento de vesículas de membrana plasmática e

tonoplasto das raízes de milho inoculadas ou não com G. margarita, foi realizado

por centrifugação diferencial, como descrito por Gianinni e Briskin (1987) e com

as modificações de Façanha e de Meis (1998).

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As amostras de tecidos frescos de raízes foram cortadas em duas regiões

do sistema radicular de plantas de milho. A região A compreendia a zona

correspondente à zona de emissão de raízes laterais e maior freqüência de pêlos

radiculares; a região B foi caracterizada por envolver as regiões de alongamento,

meristemática e da coifa, tendo uma baixa freqüência de pêlos. Essas partes das

raízes foram pesadas, cortadas em pequenos pedaços e homogeneizadas em

meio tamponado (tampão de extração) usando gral e pistilo. As concentrações

finais dos reagentes no tampão de extração foram as seguintes: Sacarose 250

mM, Glicerol 10%, DTT 2 mM, EDTA 5 mM, PVP-40 0,5%, KCl 150 mM, BSA

0,13%, PMSF 2 mM, Tris-HCl (pH 8,0) 0,1 M. As soluções usadas na preparação

de extração foram mantidas em geladeira e toda a manipulação inclusive as

centrifugações foram realizadas à 4°C. O pH foi monitorado durante a

homogeneização, mantendo-se entre 7,6 e 8,0. Após maceração o homogenato

foi filtrado, através de 4 camadas de gase e submetido à primeira centrifugação

em uma centrífuga HITACHI himac CP, a 800 x g por 15 minutos, para remoção

de células não rompidas e núcleos. O sobrenadante foi coletado e submetido a

uma nova centrifugação, em uma centrífuga HITACHI himac CP 85b, a 100000 x

g por 40 minutos. O precipitado (pélete), que corresponde à fração microssomal

não purificada, foi ressuspendido com 1 mL de uma solução tampão (meio de

ressuspenção) contendo: Glicerol 15%, DTT 1 mM, PMSF 1 mM, HEPS-KOH 10

mM (pH 7,6) e EDTA 1mM. Com isso obteve-se a fração microssomal

ressuspendida. Posteriormente esta fração passou por um processo de

purificação, separando as vesículas de membrana plasmática e tonoplastos por

densidade.

A purificação das vesículas de membrana plasmática e tonoplastos, foi

realizada como descrito por Serrano (1989), onde 1 ml da fração microssomal

ressuspendida foi aplicada sobre um gradiente descontínuo bifásico de sacarose

nas concentrações de 30 e 46% (p/p). Este gradiente foi preparado através de

uma solução de Tris-HCl 10 mM (pH 7,6), EDTA 1mM, DTT 1 mM e sacarose nas

respectivas concentrações (30 ou 46%). Adicionaram-se 1,5 mL de cada solução

(30 e 46%) e 1 mL da fração microssomal ressuspendida em tubos de centrífuga

com capacidade de 4 mL. O gradiente preparado anteriormente com fração

microssomal foi centrifugado a 100000 x g (HITACHI himac CP 85b,) durante uma

hora e meia. Após centrifugação, a banda contendo as vesículas de membrana

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30

plasmática purificadas, localizava-se na face 46%, enquanto, vesículas de

tonoplastos situavam-se em 30%. Coletou-se as bandas em tubos criogênicos

com capacidade de 1,5 mL que foram estocados em ultra-freezer a -70°C. As

proteínas foram quantificadas pelo método de Bradford (1979), usando BSA como

padrão.

3.7 Determinação da atividade ATPásica e Pirofosfatásica

As atividades H+-ATPase e H+-PPase foram determinadas pelo método

descrito por Fiske e Subbarrow (1925), com as modificações de Façanha e de

Meis (1998).

A metodologia consistiu na determinação de Pi liberado durante a

hidrólise do ATP por 30 minutos, à 30°C. A reação foi iniciada com adição da

proteína em estudo (Membrana plasmática ou tonoplasto) no meio de reação e

paralisada com a adição de ácido tricloroacético (TCA) numa concentração final

de 5%. Posteriormente adicionou-se 0,5 mL de uma solução de Molibidato de

Amônio + Acido Ascórbico (100:1) e após 10 min efetuou-se a leitura das

amostras em espectrofotômetro SHIMADZU UV-120 no comprimento de onda de

750 nm.

As concentrações finais dos reagentes no meio de reação para atividade

ATPásica em vesículas de membrana plasmática foram as seguintes: MOPS-

KOH pH 6,5 50 mM; MgSO4 3 mM; KCl 100mM; ATP 1mM e proteína 0,03

mg/mL. Em vesículas de tonoplastos substituímos o tampão MOPS-KOH pH 6,5

por MOPS-KOH pH 7,0 e avaliamos a atividade ATPásica usando como substrato

o ATP, e pirofosfatásica usando o pirofosfato (PPi). Todas as proteínas

adicionadas para iniciar a reação estavam numa concentração final de 0,03

mg/mL.

As atividades hidrolíticas foram calculadas subtraindo as atividades totais

das atividades na presença do inibidor específico de casa enzima, expressando

como ∆Vanadato no caso da ATPase de membrana plasmática (0,2 mM

vanadato), ∆Nitrato para a ATPase vacuolar e ∆Potássio para a pirofosfatase.

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31

3.8 Determinação da atividade de fosfohidrolases no fluido apoplástico de raízes de trevo

As atividades das fosfohidrolases foram determinadas pelo método descrito

por Fiske e Subbarrow (1925) e os passos foram seguidos como citado no item

anterior. A metodologia consistiu na determinação de Pi liberado durante a

hidrólise de cada substrato fosfatado ATP, ADP, PPi e PolyP aos 0, 5, 8, 10, 12,

15, 20 25, 30, 50 minutos, em banho-maria, a 36°C. As concentrações finais dos

reagentes no meio de reação para as atividades das fosfohidrolases foram as

seguintes: MOPS-KOH pH 6,0 50 mM; MgSO4 3 mM; KCl 100mM e proteína

0,02-0,03 mg/mL. Também foi adicionado cada substrato das enzimas nas suas

respectivas concentrações finais: ATP 1mM, PPi 0,1 mM, ADP 1 mM, Polifosfato

0,8 mM. A concentração de proteínas no fluido apoplástico foi muito baixa (0,08 -

0,14 mg mL-1), o que exigia um grande volume de raízes para a extração do

mesmo. Para o estudo do pH ótimo de cada atividade enzimática, utilizou-se

tampão nos diferentes pHs: 4,0; 5,0; 6,0; 6,5; 7,0; 8,0.

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32

Quadro 3. Solução nutritiva aplicada nas plantas de milho inoculadas ou não com FMAs (Snowball e Robson, 1984 – citado por Brundrett et al., 1994) e concentrações finais dos macronutrientes

Concentração

Inicial Concentração

Final Quantidade adicionada Composição

Química Macronutrientesa

-----------M----------- ----------mM---------- --------mL-1--------

KH2PO4 . H2O 0,01 0,264 26

NH4NO3 1 1,25 1,25

CaCl2 . 4H2O 1 1 1

K2SO4 0,5 0,5 1

MgSO4 . 7 H2O 1 0,024 0,024

Micronutrientesb

----------mM---------- ----------µM---------- --------mL-1--------

Micronutrientes - - 1,00

H3BO3 13,3 13,3 -

MnCl2 . 4 H2O 7 7 -

ZnSO4 . 7 H2O 2 2 -

CuSO4 . 5 H2O 0,5 0,5 -

(NH4)6Mo7O24 .4H2O 0,086 0,086 -

Na2FeEDTAc 82,35 - 1,00

Concentrações finais dos macronutrientes na solução nutritiva

---------------------------------------------ppm-------------------------------------------- N P K S Ca Mg 35 8,2 77,5 28,5 40,08 0,58

a Soluções de macronutrientes independentes; b Solução contendo todos micronutrientes (exceto Ferro); c Solução de Fe-EDTA independente, adicionada por último; pH ajustado para 5,6 e o volume completado para 1L.

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4. RESULTADOS

4.1 Análises durante a fase assimbiótica

4.1.1 Padrão do fluxo de H+ em azigosporos

Uma clara distribuição polarizada dos fluxos de H+ foi encontrada nos

esporos, em que a região de emergência de tubos germinativos apresentou

domínios de efluxos de H+ e a região oposta a esta foi caracterizada por domínios

de influxos (Figura 5A). A magnitude dos fluxos de H+ foi superior nas fases que

antecedem a germinação (esporos não germinados), e diminuiu progressivamente

após o aparecimento de tubos germinativos (Figura 5B).

A distribuição polarizada do fluxo de H+ indica os locais de aparecimento

de tubos germinativos e ajusta-se com o anterior padrão de campo elétrico

observado em esporos de Gigaspora margarita (Berbara et al., 1995). Esporos

senescentes não exibiram nenhuma atividade de fluxo de H+ (dados não

mostrados).

4.1.2 Padrão do fluxo de H+ e o papel das ATPases em hifas esporofíticas

Os fluxos de H+ de hifas laterais de G. margarita foram analisados, de

cinco a sete dias após a germinação. Hifas ativas exibiram corrente citoplasmática

e uma velocidade de crescimento média de 1.6 µm min-1.

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34

-1

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

0 1 2 3 4 5 6 7

Probe position

0 1 2 3 4 5 6 7

EFLUXO

INFLUXO

0 1 2 3 4 5 6 7

Posição da Sonda

-1

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

0 1 2 3 4 5 6 7

Probe position

0 1 2 3 4 5 6 7

EFLUXO

INFLUXO

0 1 2 3 4 5 6 7

Posição da Sonda

Fluxo de H+(pmolc

m-2min

-1)

B

A

5

3

4

1

7

2

0

6

Antes da germinação Após a germinação

Figura 5. Determinação do fluxo de H+ em esporos de G. margarita usando uma microssonda vibrátil seletiva a H+. (A) Micrografia de um azigosporo ativo. As setas indicam a direção do fluxo de H+ em cada região do esporo. (B) Representação gráfica dos valores médios dos fluxos de H+ medidos em 8 locais diferentes (0-7) ao redor do esporo, antes (barras claras) e após (barras escuras) a germinação (n=6). O local 4 representa a região de emissão de tubos germinativos exibindo superiores efluxos de H+ (setas amarelas) e na região oposta à de germinação predominando influxos (setas brancas). Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95%.

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35

As medidas do efluxo de H+ ao redor de hifas laterais alcançaram os

níveis máximos de 0,96 pmol cm-2 min-1, entre 10 e 40 µm do ápice, e então

diminuiu para 0,36 pmol cm-2 min-1, em 200 µm (Figura 6A). A microssonda vibrátil

é acoplada a um microscópio invertido, permitido assim, a visualização da

disposição e movimentos de estruturas internas de tubos germinativos. No ápice

da hifa, foram observados vesículas e pequenos grânulos escuros similares às

estruturas previamente descritas por Jolicoeur et al. (1998), as quais estavam

movendo-se seguindo a corrente citoplasmática na região sub-apical, situada

entre 10 e 40 µm (Figura 6C). A membrana ao redor desta região corresponde à

mesma em que foram encontrados os maiores efluxos de H+ (Figura 6A).

De forma a investigar a participação das H+-ATPases naqueles fluxos de

H+ descritos nas hifas laterais, foram adicionados ao meio de cultura, durante as

medições, dois inibidores desta enzima nas concentrações finais de 5 µM para o

ortovanadato de sódio e 350 µM para eritrosina B (Cocucci e Marré, 1984; Wach e

Graber, 1991). A adição de ortovanadato em concentrações de 5 µM aboliu os

efluxos de H+ ao redor da hifa, permanecendo um pequeno efluxo no ápice da hifa

(Figura 6B). Por outro lado, os maiores efeitos inibitórios da eritrosina B foram

encontrados na região apical da hifa (0 a 20 µm do ápice) e os efluxos de H+ nas

regiões posteriores ao ápice da hifa foram praticamente não afetados por este

inibidor, mas foram inibidos completamente pelo ortovanadato (Figura 6B e 7).

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36

010 20

40

60

30

50

010 20

40

60

30

50

-0.06

-0.05

-0.04

-0.03

-0.02

-0.01

0

0.01

0.02

0.03

0.04

246 261 276

EFFLUX

INFLUX

B

C

A

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

0 4 8 12 16 20 24 28 32

EFFLUX

INFLUX

*

0

10

20

3040

60150

200

0

1020 40

6075 200150 250

Fluxo

de H+(pmol cm

-2min

-1)

Tempo (min)

EFLUXO

INFLUXO

INFLUXO

EFLUXO

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37

Figura 6. Fluxo de H+ ao longo de hifas laterais. (A) Representação gráfica típica dos dados exportados do programa ASET. Setas indicam as distâncias de posicionamento da sonda a partir do ápice das hifas de G. margarita (n=10). O eixo “X” representa os intervalos de tempo (min) durante as medições de cada ponto analisado. (B) Fluxo de H+ medidos na presença de 5 µM de ortovanadato, um inibidor específico das H+-ATPases de membrana plasmática. Os valores negativos correspondem aos influxos de H+, e positivos aos efluxos. Linhas cinzas no fim das curvas A e B representam as referências do fluxo de H+ no meio de cultura. (C) Imagem obtida por microscopia do tipo DIC (ampliação 60X) mostrando marcações escuras ou grânulos densos (*) e algumas vesículas localizadas no ápice da hifa. As pontas de setas indicam o posicionamento da sonda e os números descrevem as distâncias do ápice da hifa (µm).

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150

Tip distance (µµµµm)

H+ Flux (pmol cm

-2 m

in-1)

6.65

6.70

6.75

6.80

6.85

6.90

6.95

7.00

7.05

7.10

+ Erythrosin

- Erythrosin

pHc

Cytosolic pH

- Eritrosina B

+ Eritrosina BFluxo

de H+(pmol cm

-2min

-1)

pH Citossólic

o

Distância da ponta (µµµµm)

Figura 7. Perfil do fluxo de H+ ao longo de hifas G. margarita, na presença (quadrados claros) ou ausência (quadrados escuros) de eritrosina B e sua semelhança com o pH citossólico (pHc), descrito por Jolicoeur et al. (1998), analisado sob condições semelhantes às usadas neste experimento (linha pontilhada representa os dados plotados de Jolicouer et al., 1998). Os maiores efluxos de H+ foram encontrados na faixa entre 10 e 20 µm, coincidindo com a

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38

área de maior inibição pela eritrosina B e com os valores de pHc mais alcalinos. A área pontilhada descreve as regiões mais suscetíveis a eritrosina B.

4.1.3 Efeitos de fosfato e sacarose sobre o fluxo de H+ de hifas laterais

Os efeitos de Pi e Sac sobre os fluxos de H+ foram investigados usando

esporos germinados cultivados em meio M completo (Bécard e Fortin, 1988)

variando apenas o status de Pi e Sac (+Pi+Sac; -Pi+Sac; +Pi -Sac; -Pi -Sac). As

concentrações de Pi e Sac no meio M foram de 35 mM e 29,2 mM,

respectivamente. A exclusão de Sac ou Pi do meio promoveu um aumento do

efluxo de H+, principalmente, na região de sub-apical da hifa, em comparação

com os fluxos obtidos em hifas crescendo em meio M completo (barras escuras

na Figura 8A). No ápice das hifas, a ausência de Pi levou a redução dos efluxos

de H+, independente do status de Sac (Figura 8 A, B). Os maiores efluxos foram

observados na presença de Sac e na ausência de Pi, sendo localizados,

principalmente, na região sub-apical entre 10 e 40 µm do ápice (Figura 8B).

4.1.4 Relação entre morfogênese de hifas, crescimento e comportamento do fluxo de H+ em função do fosfato e sacarose.

Os parâmetros morfológicos e de crescimento foram analisados em

função do conteúdo de Pi e Sac do meio de cultura para comparar o perfil de

ativação do fluxo de H+. Como ocorrido com o fluxo iônico, a taxa de crescimento

das hifas, ramificações e septação foram sensíveis à adição de Pi e Sac (Figura

9). Porém, esta adição de Pi e Sac não promoveram mudanças no número de

tubos germinativos emergidos. Um aumento na ramificação das hifas junto com a

formação de novas hifas e grau de septação apresentaram o mesmo

comportamento das velocidades de crescimento das hifas em resposta a não

disponibilidade de Pi e Sac. A exclusão de qualquer um destes nutrientes do meio

de cultura levou a uma estimulação no crescimento de hifas. Além disso, o

crescimento de hifas foi inferior em meio com Pi e Sac e a formação de

ramificações nas hifas e septos também foi afetada (Figura 9A e B).

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39

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2

0 - 5 . 10 - 40 . 75 - 300 .

-Suc+SucB

- FOSFATO

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2

0 - 5 . 10 - 40 . 75 - 300 .

-Suc+SucB

- FOSFATO

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2

0 - 5 . 10 - 40 . 75 - 300 .

-Suc+SucA

+ FOSFATO

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2

0 - 5 . 10 - 40 . 75 - 300 .

-Suc+SucA

+ FOSFATO

Fluxo

de H

+(pmol cm

-2min

-1)

Faixas ao longo da hifa (µµµµm)

-Sac+Sac

-Sac+Sac

Figura 8. Efeitos de Pi e Sac sobre os fluxos de H+ de hifas. (A) Valor médio de

efluxos de H+ em diferentes faixas ao longo de hifas de G. margarita crescendo em meio com fosfato e suplementado (+Sac) ou não (-Sac) com sacarose (n=7). (B) Perfil do fluxo de H+ em meio sem fosfato sob as mesmas condições de sacarose citadas acima (n=6). Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95%.

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40

A

B

- Pi - Sac

- Pi +Sac

+Pi - Sac

+Pi +Sac

- Pi - Sac

- Pi +Sac

+Pi - Sac

+Pi +Sac

Tratamentos

0

5

10

15

20

25

30

35

40

.-P-S .+P-S .-P+S .+P+S

N°Ram

ificações,S

eptoseTubos germinativos N° Ramificações

N° SeptosN° Tubos germinativos

- Pi +Sac +Pi +Sac-Pi -Sac +Pi -Sac

-Pi -Sac +Pi -Sac - Pi +Sac +Pi +Sac

a

A

B

- Pi - Sac

- Pi +Sac

+Pi - Sac

+Pi +Sac

- Pi - Sac

- Pi +Sac

+Pi - Sac

+Pi +Sac

- Pi - Sac

- Pi +Sac

+Pi - Sac

+Pi +Sac

- Pi - Sac

- Pi +Sac

+Pi - Sac

+Pi +Sac

Tratamentos

0

5

10

15

20

25

30

35

40

.-P-S .+P-S .-P+S .+P+S

N°Ram

ificações,S

eptoseTubos germinativos N° Ramificações

N° SeptosN° Tubos germinativos

0

5

10

15

20

25

30

35

40

.-P-S .+P-S .-P+S .+P+S

N°Ram

ificações,S

eptoseTubos germinativos N° Ramificações

N° SeptosN° Tubos germinativos

- Pi +Sac +Pi +Sac-Pi -Sac +Pi -Sac

-Pi -Sac +Pi -Sac - Pi +Sac +Pi +Sac

a

Figura 9. Efeitos da disponibilidade de fosfato e sacarose sobre a septação, ramificação, números de tubos germinativos e velocidade de crescimento das hifas. (A) Representação gráfica dos parâmetros morfológicos calculados de

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41

observações em lupa estereoscópica de pelo menos seis esporos germinados para cada condição. “a”, visualização gráfica da velocidade de crescimento de hifas de G. margarita em função do status nutricional. (B) Esquemas plotados sobre imagens de esporos germinados em condições diferentes de Pi e Sac representando o crescimento das hifas no meio M. As taxas de crescimento das hifas foram medidas coletando-se imagens de 15 em 15 seg, num intervalo de 30 min, obtendo-se um time-lapse. As velocidades de crescimento das hifas foram medidas usando o software MetaMorph versão 4.55 (Imaging Universal, Chester Ocidental, PA). Os dados coletados foram exportados ao Microsoft Excel 9.0 para as análises. Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95%.

É bem conhecido, que esta ativação nas mudanças morfológicas são

críticas para exploração do solo pelo fungo e em busca das raízes da planta

hospedeira (Giovannetti et al., 1994; Giovannetti, 1997; Smith e Read, 1997; Bago

et al., 1998). Estes dados aliados aos de fluxo de H+ delineiam uma possível

sinalização por pH, em que sítios de ativação do efluxo de H+ parecem

desempenhar um papel na organização da emergência, na ramificação de hifas e

no crescimento polarizado.

A figura 10 apresenta uma representação esquemática que resume o

padrão do fluxo H+ durante o desenvolvimento assimbiótico do FMA. É possível

projetar um padrão para o crescimento polarizado, em que domínios de efluxos de

H+ ficam situados à frente de cada local de emergência de uma nova hifa, nas

regiões apical e sub-apical, enquanto domínios de fortes influxos ocorreram nas

ramificações e nas hifas primárias.

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42

Figura 10. Representação esquemática do fluxo de H+ relacionado ao desenvolvimento assimbiótico do FMA G. margarita. O comprimento das setas (escalas indicadas na figura) é representativo da magnitude do fluxo em cada posição da sonda. Efluxos de H+ são representados por setas de amarelas e influxos por setas brancas. Os quadros superiores ilustram as estruturas fúngicas analisadas: Hifas laterais septadas (A) ou não (B); (C) segmento de um tubo germinativo apresentando três sítios de emergência de hifas, caracterizado por efluxo de H+ nos ápices.

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43

4.2 Análises durante a fase Pré-simbiótica

4.2.1 Efeitos do fluido apoplástico de raiz hospedeira sobre o fluxo de H+ das hifas esporofíticas

Alguns trabalhos sugerem a propriedade dos fatores radiculares, tais

como o fluido apoplástico de raízes (FAR) e exsudatos radiculares, de promover

aumentos na ramificação de hifas (Graham, 1982; Graham, 1982; Gianinazzi-

Pearson et al., 1983; Carr et al., 1995), e o crescimento e produção de hifas

terciárias (Douds e Nagahashi, 2000).

O perfil do fluxo de H+ em hifas laterais de G. margarita mostrou ser

estimulado pela adição de fluido apoplástico de raízes transgênicas de trevo, mas

esta ativação variou com a presença ou não de Pi no meio de cultivo em que o

FMA se desenvolvia (Figura 11). Em meio com Pi, as hifas apresentavam

pequenas atividades de efluxo de H+, mas após a adição de 10 e 20 µL do FAR,

aumentos significativos foram observados, de maneira dose-dependente (Figura

11A). Estes maiores efluxos foram detectados, principalmente, nas regiões

apicais da hifa. Por outro lado, em meio sem Pi, estes estímulos foram inferiores

aos observado na presença de Pi (Figura 11B). Aparentemente, isto se deve ao

fato de os efluxos de H+ das hifas serem estimulados pela ausência de Pi, como

acontece nas raízes crescendo sob baixa disponibilidade de Pi (Mimura, 1995;

Roghothama, 1999). Estes resultados mostram que o fosfato desempenha um

papel de modulador na percepção do sinal do hospedeiro pela hifa esporofítica.

Análises com FAR aquecido à 95ºC por 5 min sugerem que a (s) substância (s)

estimuladora (s) seja (m) termo-sensível (is), uma vez que, nenhuma estimulação

foi observada nos efluxos de H+, pelo contrário, ocorreu uma inibição dos efluxos

convertidos a influxos (Figura 12).

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44

0

0.5

1

1.5

2

2.5

0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300

µµµµ

0

0.5

1

1.5

2

2.5

0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300

Distância da ponta (µµµµm)

Fluxo

de H

+(pmol cm

-2min

-1)

Distância do ápice (µµµµm)

Control 10 FA 20 FA

+ FOSFATO

- FOSFATO

Controle 10 FAR 20 FAR

Figura 11. Efeito da adição de fluido apoplástico de raízes (FAR) transgênicas de trevo sobre o fluxo de H+ de hifas laterais de Gigaspora margarita, crescendo em meio M com ou sem 35 µM Pi. 10 FAR e 20 FAR representam respectivamente as doses de 10 e 20 µL de fluido apoplástico aplicadas. Inicialmente foi determinado o fluxo de H+ nas hifas laterais (controle) e posteriormente adicionou-se 10 µL de FAR, aguardou-se 10 minutos e reiniciou-se as análises. O mesmo foi realizado para a dose de 20 µL. Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95%.

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45

-1.4

-1.2

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

0 10 20 40 60 80 100 150 200 300

Distância do ápice (µµµµm)

Fluxo

de H+ (pmol cm

-2 m

in-1)

Controle

+FAR aquecido

Figura 12. Efeito da adição de fluido apoplástico de raízes trevo aquecido (95°C/ 5 min), sobre o fluxo de H+ de hifas esporofíticas. O controle é representado pelas colunas brancas e o tratamento com FAR aquecido pelas colunas pretas. Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95%.

4.2.2 Atividades fosfohidrolásicas presentes no fluido apoplástico de raízes de trevo

Iniciamos a investigação das possíveis substâncias ativas presentes no

FAR, estudando as atividades fosfohidrolásicas que podem participar de

diferentes rotas sinalizadoras. A análise da atividade de fosfohidrolases presentes

no FAR mostrou que existe uma alta atividade apirásica extracelular superior até

mesmo a de outras fosfohidrolases como ATPase, PPase e PolyPase (Figura 13).

Estas enzimas são relacionadas com o aumento na absorção de Pi em plantas e

animais e têm importante papel no catabolismo do ATP. Uma análise do efeito de

diferentes pHs sobre as atividades enzimáticas evidenciou a faixa de pH ótimo

para a hidrolise de ATP (4.0 – 6.0), ADP (5.0 – 6.0), PPi (5.0) e PolyP (4.0 – 6.0)

(Figura 14). O pH das ATPases é condizente ao observado para fosfatases ácidas

em estudos com hifas extracelulares de FMAs (Smith e Read, 1997).

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46

y = 0.0585x - 0.0121 R2 = 0.99

y = 0.0504x + 0.0885 R2 = 0.98

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

y = 0.0585x - 0.0121 R2 = 0.980.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

y = 0.0585x - 0.0121 R2 = 0.990.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

Tempo (min)

Atividade hidrolítica (

µmol Pi m

g ptn

-1)

ATP ADP

PPiPPi PolyP

Figura 13. Caracterização da atividade de fosfohidrolases presentes no fluido apoplástico de raízes transgênicas de trevo (Trifolium repens L.) crescendo em meio M. Os valores expressam a média das atividades de hidrólise dos substratos (n=3): adenosina trifosfato (ATP), adenosina difosfato (ADP), pirofosfato (PPi) e polifosfato (PolyP).

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

4.0 5.0 6.0 7.0 8.0

pH

µµ µµmol Pi mg ptn

-1 m

in-1

ATPásica ADPásica

Pirofosfatásica Polifosfatásica

Figura 14. Efeito do pH sobre a atividade de fosfohidrolases presentes no fluido apoplástico de raízes transgênicas de trevo (Trifolium repens L.) crescendo em

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47

meio M. Os valores expressam a atividade específica de hidrólise dos substratos: adenosina 5`trifosfato (ATP), adenosina 5`difosfato (ADP), pirofosfato (PPi) e polifosfato (PolyP). Barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95% (n=3).

4.3 Análises durante a fase simbiótica

4.3.1 Caracterização do fluxo de H+ em células auxiliares e hifas extra-radiculares de G. margarita colonizando raízes transgênicas de trevo

Atualmente não se sabe o real papel das células auxiliares de FMAs da

família Gigasporaceae, sendo admitida a sua participação mais como reservatório

de carbono do que como estrutura de absorção de nutrientes. Apesar de não

haver evidência experimental, levantou-se a hipótese de que elas sejam capazes

de gerar novos esporos (Chris Walker - comunicação pessoal). Neste trabalho,

analisamos o perfil do fluxo de H+ em células auxiliares e hifas extra-radiculares

de Gigaspora margarita colonizando raízes transgênicas de trevo e

compararamos a magnitude dos fluxos na fase simbiótica aos demonstrados

anteriormente durante a fase assimbiótica. Os resultados mostram um pequeno

efluxo de H+ na ordem de 0.08 - 0.12 pmol cm-2 min-1, ao redor das células

auxiliares de G. margarita (Figura 15), o qual foi inibido totalmente por 5 µM de

eritrosina B (Dados não mostrados). Isto torna possível sugerir que há a presença

de sistemas primários de transporte de H+, especificamente de H+-ATPases de

membrana plasmática, nestas estruturas externas do FMA durante a fase

simbiótica. Estes dados preliminares sugerem que essas células podem estar

contribuindo para a absorção de nutrientes pelo FMA durante a fase simbiótica.

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48

Figura 15. Visão de uma célula auxiliar do FMA G. margarita durante a sua fase simbiótica colonizando raízes transgênicas de trevo, ilustrando a presença de efluxos de H+ (setas pretas) dependente da atividade de H+-ATPases. Isto foi comprovado pela adição de 5 µm de eritrosina B, a qual neutralizou completamente as atividades de efluxos.

4.3.2 Viabilidade do uso de raízes transgênicas para expressar o real fluxo de H+ em sistemas não-transgênicos e para o estudo da simbiose micorrízica

Já o perfil do fluxo de H+ da hifa extra-radicular foi significantemente

superior durante a simbiose (Tabela 1). Estes resultados estão corroborando aos

encontrados por Ayling et al. (2000), apesar de ter usado medidas de potencial de

membrana e não microssonda específica a íon.

O uso de raízes transgênicas (RTs) possibilita um estudo da associação

entre fungos micorrízicos e raízes metabolicamente ativas, em condições

controladas, por possibilitar fácil manuseio in vitro, que é impossível de ser feito no

solo (Souza e Berbara, 1999). Estas raízes são desenvolvidas na ausência de

promotores de crescimento, sendo cultivadas por um longo período de tempo,

apresentando estabilidade das características fenotípicas e genotípicas dos

simbiontes envolvidos. Por serem um sistema de cultivo controlado, é possível

realizar o estudo fisiológico de RT colonizadas, principalmente na absorção e

metabolismo de nutrientes (Souza e Silva, 1996).

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49

Não existem dados na literatura demonstrando que o fluxo de íons em

raízes transgênicas apresentam o mesmo perfil das não-transgênicas ao longo do

sistema radicular. Nesse contexto, analisamos o perfil do fluxo de H+ em 4 regiões

de raízes secundárias ativas de plantas de Medicago truncatula, Eucaliptus

globulus e RTs de Trifolium repens, de forma a constatar se o sistema transgênico

pode ser usado nas análises de fluxo de íons de forma a expressar o sistema real

ou natural. Em termos anatômicos, parece não haver diferenças entre as RTs e as

não-transgênicas, sendo as suas regiões funcionais distintas (Figura 16).

Tabela 1. Fluxo de H+ médios e os seus respectivos erros padrões, em hifas septadas de Gigaspora margarita durante as fases assimbiótica e simbiótica (colonizando raízes transgênicas de trevo). Cada posição da sonda representa uma região da hifa analisada (esporofítica ou extra-radicular) como demonstrado abaixo. *, significativo e ns, não significativo a 1% de probabilidade.

0.5644 (±0.0423)0.3985 (±0.0358)5

SimbióticaAssimbiótica

0.4589 (±0.0352)0.3797 (±0.0235)4

0.5444 (±0.0458)0.4441 (±0.0335)3

0.5932 (±0.0235)0.3762 (±0.0341)2

0.4307 (±0.0112)0.4229 (±0.0365)1

Posição da sonda

Fluxo de H+

(pmol cm-2 min-1)

0.5644 (±0.0423)0.3985 (±0.0358)5

SimbióticaAssimbiótica

0.4589 (±0.0352)0.3797 (±0.0235)4

0.5444 (±0.0458)0.4441 (±0.0335)3

0.5932 (±0.0235)0.3762 (±0.0341)2

0.4307 (±0.0112)0.4229 (±0.0365)1

Posição da sonda

Fluxo de H+

(pmol cm-2 min-1)

****

ns

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50

A B C

C

Me

Al

PR

DifA B C

C

Me

Al

PR

Dif

Figura 16. Visualização do desenvolvimento de raízes secundárias transgênicas de trevo em cultura axênica. A- Coifa (C), Meristemática (Me), Alongamento (Al); B- Pêlos Radiculares (PR); C- Diferenciada (Dif) aos 30 dias após a multiplicação.

A figura 17 mostra que existem nas regiões da coifa, meristemática e de

alongamento, fortes domínios de efluxos em ambas raízes, principalmente em RTs

de trevo e raízes de eucalipto. Os domínios de influxos (zonas entre pêlos

radiculares e diferenciadas) são mantidos em todos os tipos de raízes, variando

apenas em magnitude.

Como foi demonstrado na figura 10, existem dois tipos de hifas quanto à

estrutura e septação. Cada tipo funciona de uma forma diferente em termos do

fluxo de H+, ambas com efluxo, mas com domínios distintos. Comparando os

fluxos da Figura 17 em RTs, aos da figura 10, levantou-se a dúvida sobre o papel

de cada tipo de hifa nos eventos de penetração no hospedeiro. Observações em

lupa estereoscópica mostraram que as hifas infectivas são aquelas septadas

(Figura 18), pois ocorre intensa ramificação antes da penetração. Isto está de

acordo com diversos estudos prévios usando outros métodos como o

impedimento do contato das raízes com os esporos com o uso de uma membrana

(Giovannetti et al, 1994; Giovannetti, 1997).

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51

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

C Me Al PR Dif REF

Região da raiz

Fluxo

de H+ (pmol cm

-2 m

in-1)

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

C Me Al PR Dif

Região da raiz

Fluxo de H

+ (pmol cm

-2 m

in-1)

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

C Me Al PR Dif REF

Região da raiz

Fluxo de H

+ (pmol cm

-2 m

in-1)

RT- TREVO

MEDICAGO EUCALIPTO A B

C

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

C Me Al PR Dif REF

Região da raiz

Fluxo

de H+ (pmol cm

-2 m

in-1)

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

C Me Al PR Dif

Região da raiz

Fluxo de H

+ (pmol cm

-2 m

in-1)

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

C Me Al PR Dif REF

Região da raiz

Fluxo de H

+ (pmol cm

-2 m

in-1)

RT- TREVO

MEDICAGO EUCALIPTO A B

C

Figura 17. Similaridade no perfil do fluxo de H+ durante as fases iniciais do desenvolvimento de raízes secundárias de Medicago truncatula (A), Eucaliptus globulus (B) e raízes transgênicas de Trifolium repens (C). C (Coifa), Me (Meristemática), Al (Alongamento), PR (Pêlos Radiculares), Dif (Diferenciada) referem-se as regiões ao longo do sistema radicular analisadas e REF é o valor de fluxo de H+ usado como referência baseado no meio de cultura.

Estes resultados mostram que o sistema transgênico funciona semelhante

aos não transgênico no que tange ao fluxo de H+. Isto abre um campo para uso

das RTs em estudos in vitro dos efeitos de nutrientes, metais pesados,

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52

substâncias específicas e até mesmo da micorrização, servindo como um modelo

representativo de raízes de plantas.

Figura 18. Fotos obtidas com uma lupa estereoscópica no aumento de 10X evidenciando as estruturas externas de G. margarita colonizando raízes transgênicas de Trevo (Trifolium repens L). As setas indicam as células auxiliares e as pontas de setas, hifas infectivas septadas (A, D) e ramificadas na superfície radicular.

4.3.3 Influência da micorrização sobre a atividade das bombas de prótons em regiões colonizadas ou não do sistema radicular de milho

As regiões meristemáticas e de alongamento geralmente representam

regiões do sistema radicular em que se encontram as maiores atividades das

bombas de prótons (Jahn et al., 1998) e os maiores efluxos de H+ (Figura 17),

porém o efeito da colonização micorrízica sobre esse padrão ainda é

desconhecido. Assim, avaliamos em duas regiões do eixo radicular de milho a

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53

atividade da H+-ATPase do tipo P localizada na membrana plasmática, H+-ATPase

do tipo V e H+-Pirofosfatase (H+-PPase) localizadas na membrana vacuolar, e

também a taxa de colonização micorrízica pelo FMA, G. margarita, aos 30 e 60

dias após a inoculação (d.a.i.).

Aos 30 d.a.i. as raízes apresentaram a predominância de colonização

fúngica em uma região do eixo radicular mais afastada do ápice (15 cm do coleto),

caracterizada pela intensa emergência de raízes laterais e maior freqüência de

pêlos radiculares, denominada de região A. A faixa radicular que compreendia as

regiões de alongamento, meristemática e coifa foi denominada de região B (10-15

cm da coifa). Este modelo foi adotado como padrão na extração das proteínas

membranares e os resultados mostraram uma distinta distribuição espacial da

colonização fúngica sobre a superfície radicular, nos estádios iniciais e mais

avançados da micorrização.

A taxa de colonização micorrízica foi superior na região A, em ambas as

épocas analisadas (Figura 19).

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

30 60

Dias após a inoculação (d.a. i.)

Taxa de co

lonização

micorrízica (%

)

Região ARegião B

Ba

Aa

Ab

Bb

Figura 19. Taxa de colonização micorrízica (%) de duas regiões do sistema radicular de plantas de milho, aos 30 e 60 d.a.i.. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. As colunas com letras maiúsculas comparam as médias entre as épocas analisadas e as com minúsculas comparam as médias numa mesma época.

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54

Aos 30 d.a.i., na região A, nenhuma diferença significativa foi encontrada

entre os tratamentos inoculados ou não, para todas enzimas estudadas (Tabela 2).

Os resultados obtidos com vesículas de membrana plasmática mostraram que aos

30 d.a.i., na região B, houve uma inibição de quase 30% na atividade da P-H+-

ATPase do tratamento inoculado comparado ao não-inoculado, contudo aos 60

d.a.i. foi observado um estímulo de quase 200% (Tabela 2, Figura 20). No caso das

bombas vacuolares, a V-H+-ATPase apresentou o mesmo comportamento da P-H+-

ATPase, com isso baixas atividades de hidrólise de ATP foram encontradas na

região B aos 30 d.a.i. (Figura 21). Entretanto, contrário ao observado nas ATPases,

foi observado um estímulo de 161% na atividade da H+-PPase da membrana

vacuolar, na mesma região, aos 30 d.a.i. (Figura 22, Tabela 2).

Tabela 2. Porcentagem de inibição (-) ou estimulação (+) das atividades Vanadato-dependente da H+-ATPase de membrana plasmática (P-ATPase), Nitrato-dependente da H+-ATPase vacuolar (V-ATPase) e Potássio-dependente da H+-PPase vacuolar (V-PPase) em membranas purificadas isoladas de duas regiões (A, B) do sistema radicular de milho, inoculado com Gigaspora margarita. Os dados das atividades enzimáticas são expressos em porcentagem do controle não-inoculado

Atividade enzimática (%) Atividade

Tempo (d.a.i.) Região A Região B

30 +15,15 n.s. -28,77 * P-ATPase

60 +83,04 * +195,63 *

30 +9,67 n.s. -6,25 n.s. V-ATPase

60 +137,39 * +9,87 n.s.

30 -14,78 n.s. +161,40 * V-PPase

60 -13,35 n.s. +40,33 n.s. n.s. Não significativo, * Significativo ao nível de probabilidade α = 5% pelo teste F.

Aos 60 d.a.i., a P-H+-ATPase teve sua atividade estimulada em quase

85% na região A e 200% na região B, ressaltando a participação das bombas

fúngicas nesta ativação. Quanto às bombas vacuolares, verificou-se somente uma

estimulação na atividade da V-H+-ATPase, sendo que no caso da V-H+-PPase

não foi significativa.

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55

Os resultados indicam que os FMAs podem influenciar negativamente a

atividade das ATPases nos estádio iniciais da colonização, principalmente, nas

regiões posteriores a sua zona de maior colonização (Figura 19, Tabela 2).

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

C Gm

Tratamento

Atividad

e específica ( µ

µ

µ

µ

mol P

i mg ptn

-1 m

in-1)

Região ARegião B

30 d.a.i.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

C Gm

Tratamento

Atividad

e específica ( µµ µµmol P

i mg ptn

-1 m

in-1)

Região ARegião B 60 d.a.i.

AbAb

Aa

Ba

Aa

Ab

Aa Aa

Figura 20. Atividade ATPásica de membrana plasmática sensível a vanadato (∆ Vanadato), aos 30 e 60 d.a.i., em duas regiões do sistema radicular de plantas de milho não-inoculadas (C) ou inoculadas com Gigaspora margarita (Gm). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. As barras com letras maiúsculas comparam as médias entre tratamentos, numa mesma região da raiz e as com letras minúsculas comparam médias entre as regiões da raiz, num mesmo tratamento.

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56

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

C Gm

Tratamento

Atividad

e específica ( µµ µµmol P

i mg ptn

-1 m

in-1)

Região ARegião B

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

C Gm

Tratamento

Atividad

e específica ( µµ µµmol P

i mg ptn

-1 m

in-1)

Região ARegião B 30 d.a.i.

60 d.a.i.

Aa Aa

Aa

Ab

Ba Aa

Aa

Ab

Figura 21. Atividade ATPásica vacuolar sensível a nitrato (∆ Nitrato), aos 30 e 60 d.a.i., em duas regiões do sistema radicular de plantas de milho não-inoculadas (C) ou inoculadas com Gigaspora margarita (Gm). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. As barras com letras maiúsculas comparam as médias entre tratamentos, numa mesma região da raiz e as com letras minúsculas comparam médias entre as regiões da raiz, num mesmo tratamento.

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57

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

C Gm

Tratamento

Atividade específica (

µµ µµmol Pi m

g ptn

-1 m

in-1)

Região ARegião B 30 d.a.i.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

C Gm

Tratamento

Atividade específica (

µµ µµmol Pi m

g ptn

-1 m

in-1)

Região ARegião B 60 d.a.i.

AaBa Ab

Aa

Aa AaAaAa

Figura 22. Atividade PPásica vacuolar sensível a potássio (∆ Potássio), aos 30 e 60 d.a.i., em duas regiões do sistema radicular de plantas de milho não-inoculadas (C) ou inoculadas com Gigaspora margarita (Gm). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. As barras com letras maiúsculas comparam as médias entre tratamentos numa mesma região da raiz e as com letras minúsculas comparam médias entre as regiões da raiz, num mesmo tratamento.

Page 82: PAPEL DA DINÂMICA DO FLUXO DE PRÓTONS NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp001539.pdf · Doutor em Produção Vegetal ... 2.3 Relação entre bombas de H + e o transporte de

58

Alterações celulares são encontradas nas células colonizadas por FMA

nas raízes de milho, podendo também interferir na ativação diferencial das

bombas (Figura 23, 24 e 25).

As V-H+-ATPases e V-H+-PPases estão presentes também em vesículas

da via secretória e podem influenciar no tráfego e na função destas vesículas

(Forgac, 1999; Maeshima, 2000; Sun-Wada et al., 2003; Wilkens et al., 2005). A

análise de ultraestrutura possibilitou visualizar uma intensa vesiculação no espaço

intermembranar entre as células corticais e as hífas de FMA (Figura 24). Pode-se

observar uma alta concentração destas vesículas próximas a plasmalema de uma

célula cortical colonizada.

Figura 23. Fotomicrografia de secção transversal de raízes de milho UENF 506-6 colonizadas por G. margarita. A, Visão geral mostrando a colonização do parênquima cortical por hifas e arbúsculos (setas), aumento de 560x. B, Detalhe da colonização de células do parênquima cortical por estruturas infectivas do fungo micorrízico, exibindo células hipertróficas, aumento de 790X.

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59

h

pc

ep

mp

h

pc

ep

mp

Figura 24. Eletromicrografia de transmisão de detalhe de uma célula do parênquima cortical exibindo estruturas vesiculares no espaço periplasmático (ep) localizado entre a parede celular (pc) e a membrana plasmática (mp) em contato com uma hifa intercelular (h) de G. margarita.

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60

Figura 25. Eletromicrografia de transmisão de detalhe da junção entre a endoderme (e) e uma célula do parênquima cortical. Notar comunicação simplástica por meio de plasmodesmas (Seta) entre as células em um sítio de degradação da parede celular por hifas infectivas.

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5. DISCUSSÃO

Na ausência de uma raiz hospedeira, e até mesmo quando os esporos de

FMA são germinados em meio rico em nutrientes, o crescimento da hifa cessa

após alguns dias ou semanas, dependendo da espécie fúngica e das condições

de cultivo. Este caráter biotrófico obrigatório dos FMAs tem dificultado muito o

estudo do seu desenvolvimento assimbiótico. Aqui, mostramos a primeira

dinâmica do fluxo de H+ em hifas de G. margarita usando a técnica da

microssonda vibrátil seletiva ao H+, que possibilita a detecção em tempo real das

mudanças na atividade de um íon específico na superfície de células vivas. Este

parâmetro mostra-se biologicamente mais consistente que as concentrações

medidas por outras técnicas invasivas (Miller, 1995).

5.1 Perfil do fluxo de H+ em azigosporos e hifas esporofíticas

Um gradiente eletroquímico assimétrico foi formado ao redor de esporos,

pelos quais pode ser possível estimar o local de emergência de tubos

germinativos (Figura 5). Embora ambos esporos germinados ou não demonstram

a mesma distribuição polarizada dos fluxos de H+, a magnitude destes fluxos foi

muito inferior nos germinados. Isto sugere que a ativação do fluxo polarizado de

H+, através do corpo do esporo, ocorre especificamente antes da emissão de

tubos germinativos, sugerindo que um sinal iônico pode estar envolvido no

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desencadeamento deste processo. Assim, uma vez a primeira hifa emergida, este

sinal é atenuado. Este resultado está de acordo com os encontrados por Berbara

et al. (1995) que descreveu um campo elétrico formado no esporo, o qual foi

correlacionado com a direção de germinação do esporo. Porém, os dados obtidos

por Berbara et al. (1995) representaram correntes elétricas totais medidas com

microssonda de uma-dimensão (one-dimension vibrating probe) não seletiva a

íons, e por isso não foi possível discriminar a participação do (s) principal (is) íon

(s) envolvido (s).

Na hifa em crescimento, os maiores efluxos de H+ foram observados na

região sub-apical, entre 10 e 40 µm do ápice da hifa (Figura 6). Alguns resultados

correlatos foram publicados por Jolicoeur et al. (1998), o qual mediram com sonda

fluorescente o pH intracelular de tubos germinativos de G. margarita crescida nas

mesmas condições do presente trabalho. Jolicoeur et al. (1998) encontraram uma

elevada alcalinização do citossol das hifas na mesma faixa onde mostramos as

maiores atividades de efluxos de H+ (10 a 40 µm do ápice da hifa), em

consonância com isto, o efluxo de H+ e o pH interno diminuíram com o aumento

da distância do ápice (Figura 7). Os fluxos de H+ no ápice das hifas não-septadas

ainda precisam ser melhor estudados, pois neste trabalho estes foram medidos

quando a hifa já se ramificara, enquanto que não foram obtidos dados do fluxo de

H+ no ápice das hifas primárias nos momentos iniciais da sua emissão pelo

esporo. A magnitude dos fluxos de H+ detectados em hifas de G. margarita (0,2-

2,5 pmol cm-2 min-1) foi muito inferior aos observados em células de plantas, tais

como pêlos radiculares e tubos polínicos (Cárdenas et al., 1999; Cárdenas et al.,

2000; Feijó et al., 1997). Tal diferença pode ser relacionada à natureza,

abundância e/ou balanço existente entre os sistemas primários e secundários de

transporte de H+ presentes nas membranas plasmáticas de plantas e fungos.

Nestas membranas celulares, o transporte de íons é energizado pelas bombas de

H+ (H+-ATPases do tipo P), que bombeiam o H+ para fora da célula às custas da

hidrólise de ATP (Portillo, 2000). Ferrol et al. (2000) identificaram cinco genes de

Glomus mosseae (parcialmente clonados) codificando H+-ATPases de membrana

plasmática. A análise filogenética mostrou que em fungos micorrízicos, como em

outros fungos e plantas, a H+-ATPase de membrana plasmática é codificada por

uma família multigênica. É bem documentada a significância dos FMAs no

aumento da absorção de Pi em plantas micorrizadas (Smith e Read, 1997;

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Karandashov e Bucher, 2005), e acredita-se que seja devido a um sinergismo

existente entre as H+-ATPases e os transportadores de Pi que podem ser

modulados espacialmente e temporalmente nas hifas fúngicas durante a simbiose

micorrízica.

5.2 Efeito de inibidores das ATPases do tipo P sobre o fluxo de H+

Os fluxos de H+ ao redor das hifas foram susceptíveis ao ortovanadato de

sódio (Na3VO4) e a eritrosina B, dois inibidores das ATPases do tipo P (Wach e

Graber, 1991). Os efluxos de H+ nas hifas ativas foram inibidos parcialmente por

350 µM de eritrosina B, mas completamente inibidos por 5 µM de vanadato

(Figura 6B e 7). Entretanto, o fluxo de H+ localizado no ápice da hifa foi abolido

completamente por ambos vanadato e eritrosina B e a adição de 350 µM deste

último resultou em uma pequena inibição na atividade de efluxo de H+ na região

sub-apical à 20 µm do ápice (Figura 7). Previamente, foi relatado que duas

isoformas de H+-ATPases de leveduras apresentaram sensibilidades diferentes a

estes inibidores (van Dyck et al., 1990; Wach e Graber, 1991). Apesar de a

susceptibilidade do fluxo de H+ para estes inibidores ser consistente com os fluxos

de H+ gerados por H+-ATPases fúngicas, ainda é necessário um estudo

aprofundado, com imuno-localização e avaliações da expressão da atividade

destas proteínas ao longo da hifa do FMA.

Os nossos dados indicam uma relação entre atividade de efluxo de H+

dependente das H+-ATPases e os valores de pH citossólico obtidos por Jolicoeur

et al. (1998), mas ainda é controversa a ação majoritária das bombas de H+ como

os principais responsáveis pelo controle do pH citossólico (ver Felle, 1988, 1991,

1998, 2001). Segundo Felle (1998) não apenas as bombas de H+ mas também os

canais de cátions podem contribuir na regulação do pH extracelular. A técnica

usada neste trabalho detecta a dinâmica local do fluxo extracelular de íons H+ na

superfície das hifas e com a adição de inibidores específicos podemos discriminar

a contribuição de co-transportadores, fluxo de ácidos orgânicos e íons K, e

principalmente das bombas. A eritrosina B por alterar menos o pH do meio e fluxo

total da hifa, em comparação ao vanadato, mostra um perfil de inibição da H+-

ATPase assimetricamente distribuída ao longo da hifa fúngica, como teorizado.

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Segundo Coccuci e Marré (1986), a eritrosina B seria mais ativa que o vanadato

em inibir atividade ATPásica, por um mecanismo parecido ao do vanadato. Além

disso, a eritrosina B inibe a V-ATPase e não afeta como o vanadato as outras

classes de fosfohidrolases que possuem intermediário fosforilados (Coccuci e

Marré, 1986).

Deve-se ressaltar, que o efluxo de H+ também pode depender do balanço

de co-transportadores que levam H+ e outros íons para dentro e fora das células.

Já foi relatado que o vanadato entra nas células por meio do sistema de

transporte de Pi e inibe o crescimento do fungo Neurospora crassa (Bowman,

1982; Bowman et al., 1983). Assim, no caso do vanadato, a total inibição do

efluxo de H+ aliado ao pequeno influxo observado na faixa entre 10 e 40 µm

(Figura 1A), poderia representar a atividade de transportadores de Pi na

membrana, transportando H+ e vanadato para o interior das células fúngicas,

seguidos pela inibição das H+-ATPases. Freqüentemente, as várias espécies de

vanadato que aparecem em função do pH do meio, podem influenciar

diferencialmente na atividade da enzima por diversos mecanismos, entre os quais

induzir stress oxidativo (Aureliano e Gândara, 2005). Entretanto, é de extrema

importância, em futuros estudos, caracterizar precisamente os efeitos das

espécies de vanadato e a sua interação com o nosso sistema. Segundo Aureliano

e Gândara (2005), os estudos com vanadato nos sistemas biológicos são

comparáveis ao fenômeno de um iceberg: existe uma parte invisível,

provavelmente não a mais interessante, mas certamente a maior de todas. O co-

transporte de H+ junto com outros íons também presentes no meio M, pode

contribuir aos influxos observados após inibição das bombas de H+.

A predominância de efluxos de H+ na região sub-apical pode indicar a

maior abundância e/ou atividade das H+-ATPases sobre os co-transportadores

secundários de íons presentes nesta região. Estes dados estão corroborando com

estudos prévios. Por exemplo, usando um método citoquímico para detecção da

atividade de hidrólise de ATP, Lei et al. (1991) descreveram uma atividade

ATPásica sensível a dietilbestrol, localizada principalmente nas regiões anteriores

a 70 µm do ápice da hifa, e que se correlacionou com a absorção de 32Pi.

Mais recentemente, Requena et al. (2003) analisaram os efeitos da

disponibilidade dos nutrientes Sac e Pi na expressão de duas isoformas de H+-

ATPases do tipo P do FMA Glomus mosseae (GmPMA1 e GmHA5). Foi descrito

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que GmPMA1 era altamente expresso durante o desenvolvimento assimbiótico do

FMA, entretanto, a acumulação de transcritos de GmHA5 foi induzida na fase de

formação de apressório (pré-simbiose). Os autores relataram que GmHA5 sofreu

supressão por Sac e induzido por Pi, enquanto GmPMA1 quase não foi afetado

por estes nutrientes. Porém, uma análise mais detalhada dos dados revela uma

tendência de GmPMA1 ser induzido na presença de Sac também pela ausência

de Pi. Nos experimentos de Requena et al. (2003) foi utilizado o mesmo meio M e

com as mesmas concentrações de KH2PO4 e Sac (35 µM e 29 mM,

respectivamente) adotadas neste trabalho de tese. Então, é provável que os

maiores efluxos de H+ encontrados na região sub-apical de hifas crescendo em

meio sem Pi e na presença de Sac (coluna escura, Figura 8B) poderiam ser

ativados pela isoforma de H+-ATPase, GmPMA1, em Gigaspora margarita, como

descrito para Glomus mosseae. Isto é consistente com a noção de que o status

de nutrientes do fungo possa regular a atividade e expressão das H+-ATPases ao

longo das hifas (Requena et al., 2003) e que tal regulação pode ser conservada

em diferentes espécies de FMAs.

No entanto, como os H+ são os maiores responsáveis pelas correntes

geradas numa célula vegetal ou fúngica em crescimento polarizado, os nossos

efluxos no ápice de hifas não-septadas primárias são contrários ao relatado na

literatura em outros organismos celulares como: Achlya (Darryl et al., 1984);

Neurospora crassa (Harold e Caldwell, 1990); Gigaspora margarita (Berbara et al.,

1995), pêlos radiculares (Weisenseel et al., 1979) e tubos polínicos (Feijó et al.,

1997). Todavia, o único trabalho com FMA, mediu correntes elétricas totais

(Berbara et al, 1995) e não usou as mesmas condições experimentais realizadas

neste e em outros trabalhos (Lei et al., 1991; Ayling et al., 2000; Requena et al.,

2003). Medimos os fluxos de H+ em meio M de cultivo (Quadro 1), meio completo

com macro e micronutrientes e também vitaminas. Darryl et al. (1984), usando a

mesma técnica da microssonda vibrátil, relataram que as correntes de H+ no ápice

de hifas de Achlya foram moduladas mais pela presença do aminoácido metionina

no meio de cultura do que pelo próprio metabolismo. A retirada de cálcio do meio

alterou o padrão de influxo de correntes ao longo das hifas para efluxo. Os

autores acreditam que transportadores secundários H+/metionina estejam

localizados no ápice. Assim, existe a necessidade de estudos futuros sobre os

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efeitos de diferentes nutrientes do meio M sobre o perfil do fluxo de H+ na região

apical de hifas de FMAs.

As ATPases desempenham um importante papel no controle do fluxo H+

nas membranas fúngicas. Além disso, foram descritos pelo menos cinco genes

que codificam de H+-ATPase de membrana plasmática em Glomus mosseae

(Ferrol et al., 2000), porém, não há nenhuma informação sobre a expressão ou

regulação da sua atividade em outros fungos micorrízicos. No conjunto, estes

dados reforçam a suposição de que diferentes isoformas de H+-ATPase fúngicas

poderiam estar presentes ao longo da hifa e talvez, possam ser recrutadas nas

diferentes fases do desenvolvimento, possivelmente em resposta às diversas

exigências da simbiose (Requena et al., 2003), bem como da assimbiose.

5.3 Análise morfológica

Neste estudo é observado um padrão, em que a ativação do fluxo de H+

apresenta em domínios específicos, os quais parecem desempenhar um papel

organizacional na emergência de hifas, ramificações e crescimento de celular

apical (Figura 9).

Também é provável que os fluxos de H+ estejam envolvidos na

organização e movimento daquelas estruturas internas (grânulos escuros

pequenos) no ápice de tubos germinativos (Figura 6C). A natureza destes

grânulos observados no ápice de hifas não foi elucidada neste estudo, mas

sabemos que eles se comportaram como se fosse uma parte ativa da hifa em

alongamento. Em fungos fitopatogênicos, estruturas semelhantes denominadas

“Spitzenkörper” estão presentes no ápice de tubos germinativos e são

considerados marcadores internos fundamentais do crescimento celular

(Bartnicki-Garcia et al., 2000). Hifas asseptadas se estendem pela deposição de

constituintes para formação da nova parede celular e da membrana plasmática no

ápice da hifa, e o seu crescimento polarizado depende do transporte ao ápice de

vesículas derivadas do Golgi contendo enzimas relacionadas a biossíntese de

parede celulares e membranas (Gooday, 1983; Harold e Caldwell, 1990).

Na região sub-apical da hifa, o domínio dos maiores efluxos de H+, foi

encontrado um comportamento particular de vesículas internas e grânulos

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escuros, seguidos de uma intensa corrente citoplasmática bi-direcional. Como os

efluxos de H+ foram correlacionados com as alterações no pH citossólico da hifa

de G. margarita (Figura 7), e assumindo que este parâmetro exerce forte

influência no tráfico de vesículas internas (Stevens, 1992), e juntos estes eventos

podem representar uma parte fundamental do mecanismo de crescimento celular

polarizado e morfogênese de hifas de FMAs.

5.4 Efeitos de Pi e Sac no fluxo de H+ e na morfologia das hifas

Evidências mostraram que a disponibilidade de Pi e indiretamente a de

Sac podem exercer forte influência na simbiose micorrízica arbuscular. Altas

concentrações de Pi na solução do solo podem promover efeitos inibitórios no

crescimento de hifas extra e intra-radiculares (Smith e Read, 1997) e no

estabelecimento da interação micorrízica arbuscular. Já a Sac foi relatado diminuir

o crescimento e ramificação de hifas de FMAs durante a fase assimbiótica

(Mosse, 1959; Mugnier e Mosse, 1987). Este fenômeno pode ser correlacionado

aos baixos efluxos de H+ encontrados em hifas crescidas em meio M completo,

contendo 29 mM Sac e 35 µM Pi (Figura 8). Realmente, nesta condição, foram

observadas as menores taxas de ramificação e crescimento das hifas (Figura 9),

o qual está de acordo com estudos prévios que relataram um efeito negativo da

Sac na germinação e crescimento de hifas de G. mosseae (Mosse, 1959) e G.

margarita (Siqueira et al., 1982). Por outro lado, os maiores efluxos de H+ foram

encontrados na região sub-apical de hifas crescidas na ausência de Pi, mas em

meio contendo Sac. Porém, na ausência de Sac, o nível de Pi no meio M, não

influenciou os fluxos de H+ ao longo das hifas (Figura 8). Tal dependência do

efeito estimulatório da exclusão de Pi nos fluxos de H+ em função da Sac, sugere

que esta poderia ser usada pelo FMA igualmente durante o desenvolvimento

assimbiótico e simbiótico. Para isto, seria necessário energizar o bombeamento

de H+ na hifa, o qual seria regulado positivamente em resposta a ausência de Pi

de forma a ativar os transportadores simporter H+/Pi (Harrison e van Buuren,

1995). Estes transportadores em fungos são capazes de absorver Pi com muito

mais afinidade que os de células de plantas (Harrison e van Buuren, 1995; Smith

et al., 2003; Silveira e Cardoso, 2004). É provável, também, que a alta

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disponibilidade de Pi aumente a síntese e metabolismo do ATP no FMA, por

conseguinte promova estimulação da utilização de açúcar pelos fungos. Por outro

lado, não devemos esquecer que as H+-ATPases são necessárias para

estabelecer a força próton-motriz requerida para o co-transporte de H+ e íons PO4-

e de outros solutos, inclusive açúcares (Palmgren, 2001; Schachtman et al., 1998;

Raghothama, 1999).

Em plantas sob condições de baixa disponibilidade de Pi, o Pi citossólico é

mantido dentro de uma faixa de contração ótima, através de liberação de Pi do

vacúolo (Mimura, 1995) e estudos com células de leveduras fornecem evidências

para uma situação similar, na qual o pool de Pi citossólico é mantido pela

remobilização de depósitos vacuolares (Shirahama et al., 1996). Durante a

deprivação do nutriente, o pool de Pi interno decresce, e em resposta, as raízes

induzem a expressão de transportadores de Pi de alta afinidade, mudanças na

arquitetura radicular e acidificação da rizosfera, aumentando a atividade de

fosfatases ácidas e promovendo a exsudação de ácidos orgânicos de baixo peso

molecular (Vance et al., 2003). Acredita-se que a baixa disponibilidade de Pi pode

reduzir a síntese de fosfolipídeos, tornando as membranas celulares de raízes

mais permeáveis (Graham et al., 1981), mas isto deve perturbar a homeostase

iônica da célula e, possivelmente, ocorra apenas sob stress prolongado. Porém,

os nossos dados mostram uma ativação no fluxo extracelular de H+ das hifas na

ausência de Pi, como acontece nas raízes (Vance et al., 2003), sugerindo a

presença de um mecanismo de controle nos FMAs similar ao das plantas. Além

disso, o gradiente de H+ observado nesta condição também mostra que a

membrana deve estar bem preservada estruturalmente.

Outra hipótese é que o Pi possa afetar negativamente a atividade de

enzimas relacionadas ao metabolismo da sacarose, como acontece durante a

fase simbiótica (Graham et al., 1997; Wright et al., 1998a; Miller et al., 2002). Em

plantas de Citrus, baixos teores de sacarose foram encontrados em raízes

micorrizadas (Graham et al., 1997). Já o aumento na concentração de Pi na

planta, crescendo sob alto Pi, também foi associado com o decréscimo no

conteúdo de carboidratos solúveis nas raízes micorrizadas (Graham et al., 1981).

A atividade de enzimas como a sacarose sintase e invertases (citoplasmáticas e

de parede celular), aumentaram paralelamente à taxa de colonização micorrízica

(Wright et al., 1998a; Miller et al., 2002). Estas enzimas têm sido relacionadas à

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regulação de drenos em tecidos de plantas. Além disso, as suas atividades

aumentam precedendo a estimulação da taxa fotossintética (Miller et al., 2002),

aumento no conteúdo de trealose (carboidrato solúvel específico e exclusivo de

fungos) e dos lipídeos em raízes micorrizadas (Wright et al, 1998a). Os genes da

sacarose sintase mostraram ser super-expressos em raízes de milho micorrizadas

sob baixo Pi e inibidos em alto Pi (Ravnskov et al., 2003), coincidindo com as

análises da atividade da enzima (Miller et al., 2002).

É possível que a disponibilidade de Pi possa modular também a

expressão de invertases durante a fase assimbiótica do FMA, mas até o presente

momento não foi relatada a presença de invertases em hifas esporofíticas de

FMAs. Sutton et al. (1999) por meio de ensaios de absorção e competição de

açúcares em míldios associados à plantas de trigo, mostraram que a Sac é

hidrolisada por invertases do trigo antes da absorção. A utilização de sacarose

pelos fungos ectomicorrízicos Amanita muscaria e Hebeloma crustuliniforme

também depende da atividade de invertases de parede celular do hospedeiro

(Salzer e Hager, 1991). Assim, com a disponibilidade de sacarose haveria uma

maior quantidade de glicose, que é o açúcar fúngico, a ser transportado para o

interior do FMA na interface apoplástica. Para que isto ocorra, seria necessária

uma maior quantidade de H+ extracelular para o co-transporte H+/Glicose,

conseqüentemente uma ativação do fluxo de H+, dependente das H+-ATPases de

membrana plasmática é requerida.

A maior taxa de crescimento de hifas foi correlacionada com a intensa

septação da hifa crescendo em meio sem Pi e Sac. Anteriormente, uma intensa

septação nas hifas foi correlacionada como uma resposta comum das hifas ao

estresse nutricional (Smith e Read, 1997) e ao interrompimento do crescimento,

até que sinais do hospedeiro re-orientem o crescimento. Neste caso, a expansão

da hifa parece ser dirigida, principalmente, através de um mecanismo de

crescimento vacuolado. Se o fungo não encontrar a raiz hospedeira para colonizá-

la, ao término do processo hifas esporofíticas laterais aparecem septadas e o

esporo entraria novamente em dormência (Bago et al., 1998). Interessantemente,

as hifas septadas exibem um perfil de fluxo de H+ semelhante ao daquelas não-

septadas (Figura 6). Entretanto, parece que o FMA pode usar a ativação do efluxo

de H+ apical como uma resposta para localizar e infectar as raízes hospedeiras,

como acontece em interações patogênicas (van West et al. 2002).

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70

5.5 Efeito do fluido apoplástico de raiz (FAR) sobre o fluxo de H+ de hifas esporofíticas

As respostas de esporos de G. margarita a fatores radiculares tais como

os presentes no FAR foram previamente estudados em termos da estimulação no

crescimento (Bécard e Piché, 1989) e ramificação do micélio (Graham, 1982; Carr

et al., 1995). Em testes em condições axênicas com exsudatos solúveis ou

extratos de raízes de plantas hospedeiras como por exemplo Trifolium repens

(Nair et al., 1991), foram observados estímulos significativos no crescimento e

ramificação de hifas (Graham, 1982; Elias e Safir, 1987; Gianinazzi-Pearson et al.,

1989). Por outro lado, exsudatos radiculares extraídos de Lupinus spp, uma

planta não hospedeira, não induziram o crescimento pré-simbiótico de hifas de

FMAs, ou simplesmente o inibiram (Oba et al., 2002). Buee et al. (2000)

descreveram o isolamento de um fator ativo (fator de ramificação) contido em

exsudatos radiculares de mais de 11 espécies de plantas micotróficas, e

encontraram que plantas de Medicago, Ervilha e Batata, transgênicas ou não,

possuíam o mesmo fator. Entretanto, plantas não-micotróficas, como das famílias

Chenopodiaceae e Brassicaceae, não apresentavam o fator isolado que induzia

ramificação de hifas durante o desenvolvimento assimbiótico (Buee et al., 2000).

Em termos dos efeitos da adição de FAR de trevo (leguminosa

micotrófica) sobre o perfil do efluxo de H+ em hifas de G. margarita, uma forte

estimulação foi detectada, principalmente na região apical, variando com o status

de Pi em que o fungo se desenvolvia (Figura 11). Os menores efluxos de H+ foram

encontrados na presença de Pi (como descrito nos itens 4.4 e 5.8, Figura 8), os

quais aumentaram após adição de 10 ou 20 µL de FAR (Figura 11A, Tabela 3).

Entretanto, menores estimulações foram na ausência de Pi (Figura 11B).

Controles experimentais foram feitos para descartar possíveis artefatos da técnica

da microssonda vibrátil, em que o FAR não afetou a calibração da sonda (Figura

4) ou o pH do meio M, que é usado como referência (Figura 19).

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71

5.5

5.6

5.7

5.8

5.9

6.0

6.1

6.2

6.3

6.4

Controle 10 FAR 20 FAR

Referência

pH

Figura 26. Efeito da adição de 10 e 20 µL do fluido apoplástico de raízes (FAR) de trevo sobre o pH do meio de medição dos fluxos de H+ em hifas de Gigaspora margarita, usando uma microssonda vibrátil seletiva ao H+. A adição do FAR não afetou o pH do meio de referência em ambas doses utilizadas. As barras representam o desvio padrão da média no intervalo de confiança de 95% (n=5).

Tabela 3. Porcentagem de estimulação (%) do efluxo de H+ em hifas de G. margarita após adição de duas doses de fluido apoplástico de raízes (RAF) e em função do status de Pi que o FMA se desenvolveu

+ FOSFATO _____________________________________ Distância do ápice (µm) ____________________________________ FAR

0 10 20 30 40 50 75 100 200 300

10 µL 188.8 81.4 54.5 32.4 94.3 72.3 61.9 11.0 34.1 -3.4

20 µL 474.1 339.8 399.3 373.3 496.6 390.4 324.2 205.0 85.0 59.7

- FOSFATO FAR _____________________________________ Distância do ápice (µm) ____________________________________

10 µL 203.0 110.6 123.2 71.7 80.0 138.4 230.8 71.47 116.0 107.8

20 µL 244.2 91.9 98.2 102.2 79.7 187.1 289.2 194.2 132.4 124.2

Estudos anteriores sobre os efeitos de fatores radiculares em hifas de

Gigaspora sp complementam os dados obtidos neste trabalho (Jolicoeur et al.,

1998; Ayling et al., 2000; Tamasloukht et al., 2003).

Lei et al. (1991) encontraram um aumento no crescimento de tubos

germinativos de G. margarita na presença de exsudatos radiculares, e quando foi

adicionado o Dietilbestrol, um inibidor das H+-ATPases de membrana plasmática

menos específico que o vanadato, o crescimento reduziu-se em quase 56%.

Apesar disso, em tubos germinativos na ausência de exsudatos, o inibidor não

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teve efeito. Estes dados com inibidor levam ao pressuposto de que FMAs na fase

assimbiótica não apresentam atividade ATPásica, o que é totalmente improvável,

baseando-se, principalmente, nos resultados deste trabalho de tese e nos

conhecimentos atuais com ferramentas moleculares (Ferrol et al. 2000a; Ferrol et

al, 2000b; Requena et al., 2003).

Resultados semelhantes, com estudos eletrofisiológicos, também

mostraram uma hiperpolarização de hifas de G. margarita simultaneamente à

adição de extratos de raízes hospedeiras ao meio de cultivo (Ayling et al., 2000).

Usando uma sonda fluorescente sensível a pH (BCECF), Jolicoeur et al. (1998)

descreveram uma alcalinização no pH citossólico da região apical de tubos

germinativos de G. margarita (0-20 µm do ápice), quando as hifas estavam

crescendo sob um papel de filtro posicionado sobre raízes hospedeiras, evitando

assim o contato direto com as raízes, mas em pleno contato com os exsudatos

liberados. A limitação desta técnica deriva da impossibilidade de fornecer

informações sobre as alterações de pH nos momentos posteriores à adição do

fator radicular. As respostas imediatas do FMA ao FAR, estimadas por intermédio

do fluxo extracelular de H+ obtidas nesta tese e as estimulações na expressão de

genes de enzimas mitocondriais encontrados por Tamasloukht et al. (2003),

podem ser detectados minutos após a adição do fator radicular, o que foi

impossível nos estudos com as sondas.

Ainda faltam evidências que associam as rápidas estimulações no efluxo

de H+ e na expressão de genes, com os eventos que regulam as alterações

celulares na hifa antes da penetração no hospedeiro.

Acreditamos que as ativações no efluxo de H+ e possivelmente no pH

citossólico, devido à regulação da atividade das bombas de H+ e dos co-

transportadores, sejam eventos correlatos. Contudo, ambos podem se expressar

sinérgicamente na presença de FAR, desempenhando um papel importante na

sinalização que desencadeia os processos de reconhecimentos dos simbiontes.

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73

5.6 Caracterização inicial de enzimas presentes no fluido apoplástico de raízes de trevo

O contato da hifa do FMA com a raiz hospedeira pela adesão na

superfície radicular induz a formação do apressório, o qual não se forma em

raízes mortas. Esta mudança morfogênica da hifa na superfície das raízes indica

que o FMA interage, primariamente, com a parede celular da planta hospedeira,

mas para que haja reconhecimento funcional, a superfície deve apresentar

atividade metabólica, ou seja, um apoplasto ativo.

O apoplasto tem um papel importante em diversos processos, incluindo a

sinalização intercelular, interação planta-microganismos e no transporte de água e

nutrientes (Yu et al., 2000). Os constituintes de parede celular e o fornecimento de

nutrientes às raízes, influenciam diretamente a composição do fluido apoplástico,

o qual pode afetar a relação planta-microrganismo (Sattelmacher, 2001). Acredita-

se também, que certos constituintes das paredes das plantas quando liberados de

raízes laterais através do córtex e epiderme poderiam agir como sinais ou

estimulantes ao crescimento de hifas de FMAs (Nagahashi et al., 1996).

Assumindo a importância do apoplasto radicular para o reconhecimento e

formação de apressório pela hifa dos FMAs, podemos especular sobre a

presença de moléculas ou compostos específicos com função sinalizadora no

fluido apoplástico.

Dentro deste contexto, a natureza química do sinal responsável pelas

estimulações no efluxo de H+ das hifas esporofíticas, após adição de FAR de

trevo, ainda não é conhecida, precisando ser estudada de forma a caracterizar a

participação de proteínas/enzimas, hormônios, nutrientes e até mesmo outros

moduladores. Para iniciar os testes sobre a natureza química do sinal contido no

FAR, a amostra de FA foi aquecida a 95°C por 5 minutos e analisamos os efeitos

do novo FAR tratado termicamente sobre o fluxo de H+, nas mesmas condições

do controle (não aquecido). Os resultados mostraram que o sinalizador contido no

FAR, provavelmente seja uma substância termo-sensível, pois nenhuma

estimulação na atividade de efluxo de H+ foi observada, pelo contrário, ocorreu

uma inversão radical (Figura 12).

Souza (2002) estudou o proteoma do fluido intercelular (ou fluido

apoplástico) de raízes de cana-de-açúcar inoculadas ou não com Glomus clarum,

sob alto e baixo Pi. O autor encontrou que no FAR de plantas não-inoculadas e

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sob baixo Pi, como neste estudo, foram detectadas 36 proteínas, sendo 6 destas

proteínas presentes apenas no FA de plantas não-inoculadas e podem

representar proteínas vegetais cujos genes são silenciados em raízes colonizadas

(Souza, 2002). Uma análise comparativa das proteínas de FAR de plantas não-

inoculadas sob baixo Pi e alto Pi revelaram que 16 proteínas estão presentes

somente no FAR das não-inoculadas cultivadas em baixo Pi. Isto sugeriu que

estas 16 proteínas podem desempenhar um papel importante no controle das

micorrizas arbusculares e ainda não foram totalmente caracterizadas (Souza,

2002).

É possível que das 16 proteínas encontradas em cana-de-açúcar, sejam

fosfatases presentes no FAR de trevo. Assim, foi estudado melhor as bases do

envolvimento destas enzimas na sinalização celular planta-FMA. Dentre as

fosfohidrolases estudadas, destacou-se uma forte atividade ADPásica,

comparado às demais (ATPásica, PolyPásica e PPásica) presentes no FAR. Isto

sugere que no FAR pode haver a presença de proteínas com atividade apirásica

(anteriormente chamada de NTPases), ou seja, são enzimas que têm a habilidade

de utilizar tanto ATP e ADP como substrato (Figura 13). Elas são relacionadas

com o aumento na absorção de Pi em plantas e animais, e têm importante papel

no catabolismo do ATP.

O efeito fisiológico do ATP no crescimento das plantas é bem

documentado.

Estudos anteriores demonstram que a aplicação exógena de ATP pode

modular a abertura estomática in Commelina communis e estimular divisões

nucleares em grãos de pólen de Lilium longiflorum (Jeter et al., 2004). Recentes

resultados demonstraram que níveis micromolares de ADP exógeno aumentam a

taxa de crescimento de pêlos radiculares de Arabidopsis thaliana (Lew e

Dearnley, 2000), e concentrações milimolares de ATP suprimem o crescimento de

raízes (Tang et al., 2003), bem como inibem a germinação de grãos de pólen de

Arabidopsis thaliana (Steinebrunner et al., 2003). Thomas et al. (1999)

estenderam as análises funcionais das apirases e demonstrou que a expressão

gênica de apirases de ervilha em Arabidopsis thaliana resultou em plantas com

maior crescimento e capacidade de transporte de fósforo, quando fornecido na

forma de Pi ou ATP.

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75

A utilização de modelos de sinalização que ocorrem nas simbioses

Leguminosas/Rhizobium, Leguminosas/Bradyrhizobium e interações planta-

patógenos é de extrema importância para o entendimento de eventos sinalizantes

na interação planta-FMA. Vários aspectos relacionados à semelhança na resposta

das interações planta-(Brady)Rhizobium e interação planta-FMA tem sido

sugerido, um deles é com base no fato de que mutantes de ervilha que não são

capazes de desenvolver simbioses típicas e têm a infecção bloqueada num

estádio imediatamente posterior à formação de apressório são também não-

nodulantes (Gianinazzi-Pearson et al., 1996). Assim, como a inibição do

estabelecimento da interação leguminosas-Rhizobium por altos níveis de nitrato,

na associação planta-FMA, altos teores de Pi são inibitórios (Smith e Read, 1997).

Outras correlações podem ser feitas e vários trabalhos mostram que alguns

genes expressos na associação leguminosas-rizóbio são também expressos na

associação micorrízica arbuscular (Frühling et al., 1997; Albrecht et al., 1998;

Harrison , 1999; Brundrett, 2002; Rodriguez-Llorente et al., 2003; Vieweg et al.,

2004).

Estudos mostram que as apirases também têm participação nas

interações simbióticas leguminosas-Rizóbio. Etzler et al. (1999) relataram a

presença de uma lectina (DB46) em raízes da leguminosa Dolichos biflorus. Esta

lectina DB46 foi encontrada associada a fatores Nod de uma variedade de

rizóbios. Estes fatores Nod são produzidos pelo rizóbio e induzem a

organogênese na associação compatível levando à formação de uma estrutura de

nódulos, nos quais a bactéria reside e fixa nitrogênio (Cohn et al., 1998). Etzler et

al. (1999) mostraram que DB46 tem uma alta afinidade por fatores Nod

produzidos por estirpes de Bradyrhizobium japonicum e Rhizobium sp. que

nodulam D. biflorus. Foi demonstrado que DB46 é uma proteína bifuncional de

ATP por apresentar características lectínicas e enzimáticas de hidrólise de ATP. A

atividade ATPásica foi super estimulada na presença de fatores Nod, sendo

caracterizada como uma ecto-apirase, resultando assim, na mudança em seu

nome de DB46 para LNP – lectina-nucleotídeo fosforilase (Etzler et al., 1999).

Ainda, sobre a interação planta-bactéria, Day et al. (2000) estudaram a expressão

de duas isoformas de apirases (GS50 e GS52), encontrando que estas

pertenciam a classes diferentes. GS50 foi caracterizada como endo-apirase

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localizada no golgi, já GS52 é uma ecto-apirase, localizada na superfície radicular

(apoplasto), com uma importante função na nodulação.

Estes dados e outros da literatura sugerem que as apirases do fluido

apoplástico de raízes transgênicas de trevo possam atuar estimulando o efluxo de

H+ em hifas de G. margarita: (1) facilitando a absorção de Pi pelo FMA (Thomas et

al., 1999), necessitando, assim, de um aumento no transporte primário de H+

realizado pelas H+-ATPases do tipo P para atender as necessidades dos

transportadores secundários de Pi/H+ (Thomas et al., 2000); (2) atuando como um

modulador negativo da disponibilidade de ATP, e conseqüentemente do sinal de

ATP no meio extracelular, que é um inibidor do crescimento em plantas e animais

(Lew e Dearnaley, 2000; Steinebrunner et al., 2003; tang et al., 2003); (3) como

agente que se liga a receptores específicos na membrana fúngica (como ocorre

em interações patogênicas) funcionando como elicitores da atividade de efluxo de

H+ (Xing et al., 1996; Blumwald et al., 1998; Kiba, 2000).

5.7 Modulação da atividade das bombas de prótons em regiões distintas do sistema radicular pela colonização micorrízica

Estudos prévios demonstraram que a inibição da atividade ATPásica de

membrana plasmática em raiz total de plantas de milho ocorreu durante os 30

dias após a inoculação (Ramos, 2001). Neste estudo mostramos que a inibição

encontrada anteriormente ocorre predominantemente nas regiões de

alongamento, meristemática e coifa, uma zona caracterizada por baixos níveis de

colonização (região B, Figura 20). Isto, possivelmente, se deve ao fato de a

colonização micorrízica estar localizada numa região anterior (Região A), uma

zona de intenso crescimento e demanda de carbono fixado pela fotossíntese. Isto

é suportado pelos trabalhos de Berta e colaboradores em 1993. Segundo Berta et

al. (1993) a atividade do meristema apical das raízes determina o seu

desenvolvimento e arquitetura. Apesar do FMA não penetrar no meristema apical,

este é regulado simplesmente por uma competição por fotoassimilados ou por

sinais a longas distâncias, possivelmente hormonais (Berta et al., 1993).

A hipótese de Bonfante-Fasolo e Perotto (1991) sugere que o FMA infecta

as células corticais da raiz, drenando açúcares nas regiões que precedem a zona

meristemática, com isso há uma redução da disponibilidade de fotoassimilados

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neste local. Esta diminuição no aporte de açúcares no ápice (Gould et al., 1981)

deve causar depleção do ATP nesta região, o que pode estar relacionado também

com a inibição da atividade H+-ATPásica de membrana plasmática evidenciada

neste estudo (Figura 20; Tabela 2). No estudo anterior, este efeito inibitório foi

possivelmente diluído, impedindo a visualização do fenômeno.

Apesar de existirem alguns relatos anteriores de ativação de H+-ATPases

após o estabelecimento da associação (60 d.a.i.), estes estudos foram realizados

com microssomos de raízes micorrizadas (McArthur e Knowles, 1993; Bago et al.,

1997; Benabdellah et al., 1999) e não com fração purificada de membrana

plasmática e vacuolar, assim, tal ativação foi observada somente quando as

atividades específicas foram calculadas com base na matéria fresca de raiz

micorrizada. Entretanto, estudos citoquímicos (Marx et al., 1982; Gianinazzi-

Pearson et al., 1991) indicam que a contribuição das ATPases fúngicas e/ou

arbusculares parece ser bem mais significativa em relação ao conteúdo total de

proteína da raiz micorrizada, do que a contribuição da massa do fungo

intraradicular em comparação com a massa vegetal. Assim, a estimulação da

atividade ATPásica obtida somente com base no peso fresco de raiz poderia

consistir somente num somatório das atividades ATPásicas do tipo P e V das

membranas do fungo e da planta que foi exacerbado pela divisão pelo peso

fresco (Ramos et al., 2005). A modulação diferencial da atividade das bombas de

prótons durante o estabelecimento da colonização fúngica pode ser efeito do

aumento na abundância das ATPases localizadas nas membranas peri-

arbusculares e/ou plasmáticas de células adjacentes. Em nossas condições

experimentais conseguimos evidenciar a estimulação mesmo quando calculada

com base na proteína (Figura 20).

Bago et al. (1997) estudaram a atividade ATPásica de membrana

plasmática de vesículas microssomais em raízes micorrizadas de girassol

(Helianthus annuus) e cebola (Allium cepa), encontrando um decréscimo da

atividade com o tempo, sendo esta maior em plantas não inoculadas. Segundo

Benabdellah et al. (1999), respostas de crescimento de plantas de tomate à

colonização micorrízica foram diferentes, dependendo do FMA envolvido. A

porcentagem de colonização foi correlacionada com a atividade ATPásica de

membrana plasmática, em que plantas inoculadas com Glomus mosseae tiveram

maior atividade enzimática. O FMA poderia estar atuando na regulação das

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ATPases, especificamente, aumentando a eficiência de acoplamento entre

hidrólise de ATP e transporte de H+. Porém, as evidências experimentais sobre a

regulação do gradiente eletroquímico de H+ ainda não foram obtidas.

A estimulação da atividade ATPásica vacuolar e de membrana plasmática aos 60

d.a.i. (Figura 20 e 21) está em acordância com dados moleculares que relatam a

capacidade do FMA de induzir a expressão de genes de H+-ATPases de

membrana plasmática da planta hospedeira (Murphy et al., 1997; Gianinazzi-

Pearson et al., 2000), mais especificamente identificada na membrana peri-

arbuscular (Krajinski et al., 2002).

Durante a inibição da atividade de hidrólise de ATP na Região B (aos 30

dias) em plantas inoculadas, um padrão peculiar e inédito de ativação da hidrólise

de pirofosfato (PPi) foi observado em ambas regiões, principalmente, na região B

(Tabela 2). Em sistemas vegetais, o PPi tem sido considerado um substrato

alternativo ao ATP, podendo ativar o metabolismo em condições de estresse

energético quando ocorre a depleção dos níveis de ATP citossólico (Stitt, 1998).

O consumo da sacarose radicular pelo FMA pode causar um estresse

energético transiente nas células da raiz (Smith e Read, 1997), especialmente nos

estádios iniciais da colonização, quando o equilíbrio da troca de nutrientes entre os

simbiontes ainda não foi estabelecido. Desde que a H+-PPase vacuolar é a

principal enzima capaz de hidrolisar PPi presente nas membranas microssomais, o

estímulo observado deve estar relacionado com a ativação desta enzima induzida

pela micorrização. Uma hipótese recente descreve um possível acoplamento entre

as duas bombas de prótons vacuolares, onde o gradiente eletroquímico gerado

pela H+-PPase energizaria a reversão do ciclo catalítico da H+-ATPase,

favorecendo a síntese de ATP (Façanha e De Meis, 1998). Assim, a indução deste

sistema regenerador de ATP, aos 30 dias após a inoculação, pode ser parte da

resposta adaptativa da planta ao estresse decorrente do consumo da sacarose

radicular pelo FMA (Figura 22, Tabela 2). De fato, é conhecido que nos estádios

iniciais do estabelecimento da colonização micorrízica, geralmente, ocorre uma

inibição do crescimento da planta (Smith e Read, 1997; Williams et al., 1987). O

que também pode ser relacionado ao estresse inicial causado pela colonização do

FMA a raiz hospedeira e ao consumo de carbono fotossintetizado pela planta antes

que essa venha a usufruir os benefícios da associação micorrízica. A atividade

PPásica na região B apresentou uma marcante estimulação, aos 30 d.a.i.,

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aproximadamente 162% (Figura 22, Tabela 2). Em resposta a essa condição, é

possível que este incremento na hidrólise de PPi, verificado em raízes colonizadas,

possa refletir o estado energético das células radiculares exauridas de carbono

pelo FMA que se localiza, principalmente, numa região anterior. A figura 27 resume

os efeitos dos FMAs sobre as bombas de prótons em cada região da raiz de milho.

P - ATPase

V - ATPase

Nenhuma mudança

P - ATPase

V - ATPase

P - ATPase

PPase

A

B

30 d.a.i.

A

B

A

B

30 d.a.i.

P - ATPase

V - ATPase

Nenhuma mudança

P - ATPase

V - ATPase

P - ATPase

PPase

A

B

30 d.a.i.

A

B

A

B

30 d.a.i.

Figura 27. Resumo geral descrevendo as regiões do sistema radicular de plantas de milho inoculadas com G. margarita, com suas respectivas estimulações (�) ou inibições (�) na atividade das bombas de prótons.

5.8 Plasmodesmas: Interação célula-célula entre fungos micorrízicos arbusculares e raízes de plantas hospedeiras

Em células arbusculadas, observou-se que nos momentos da penetração

da hifa fúngica na parede celular, ocorreu à formação de plasmodesmas (Figura

25). Por outro lado, células arbusculadas apresentaram hiperplasia celular (Figura

23), indicando que o vacúolo poderia manter o seu tamanho original e apenas se

deslocaria durante os avanços na formação do arbúsculo. Apesar de não

comprovado cientificamente, a células contendo arbúsculos poderiam ter uma

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80

indução no número de plasmodesmas. Com base nos dados deste trabalho, é

proposto que a presença dos plasmodesmas em células arbusculadas, possam

contribuir no mecanismo de troca bi-direcional de nutrientes na interação planta-

FMA. Estudos de Ramos (2001) demonstrou uma inibição da atividade ATPásica

em raízes colonizadas que poderia ser refletida pelo decréscimo do nível de ATP

citossólico, assim, é possível que ocorra uma indução na síntese de plasmodesmas

como ocorre em outros organismos. A constrição de plasmodesmas é regulada

pelo nível de ATP (Cleland et al., 1994). Cleland et al. (1994) usou o inibidor Azida

para induzir o stress por ATP em células de raízes de trigo e demonstraram que a

redução no nível de ATP aumentou em 10X o tamanho do limite de exclusão

(abertura) dos plasmodesmas. A infecção pelo nematóide Criconmella xenoplax

também induz aumentos significativos no limite de exclusão dos plasmodesmas

(Hussey et al., 1992), já no caso de vírus, estes possuem proteínas que se

movimentam através destas estruturas (Olesinski et al, 1996).

Acreditamos que no caso da interação micorrízica arbuscular o FMA possa

produzir certos fatores ou sinais que regulem a função dos plasmodesmas em

células arbusculadas, conferindo uma maior passagem de hexoses para o seu

interior. O aumento dos sintomas de doenças virais em plantas micorrizadas

(Pfleger e Lindeman, 1994) e o decréscimo na atividade ATPásica são consistentes

com a indução de plasmodesmas em células colonizadas, como observado neste

trabalho.

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6. CONCLUSÕES

Este estudo apresenta o primeiro mapeamento do perfil do fluxo de H+ em

FMAs, durante o desenvolvimento assimbiótico. Isto oferece novos elementos para

discussão do controverso papel de gradientes extra e intracelular dos íons H+ no

controle do crescimento polarizado em células de plantas e fungos (Harold e

Caldwell, 1990; Gibbon e Kropf, 1991; Parton et al., 1997). Embora, nenhuma

correlação direta possa ser estabelecida entre ativação do efluxo de H+ com o

controle do crescimento apical de hifas, o comportamento global do fluxo de H+ em

hifas de FMAs se correlacionaram com o padrão de crescimento, ramificação de

tubos germinativos e formação de hifas laterais. O comportamento global do fluxo

de H+ em hifas de FMAs, delineia uma “assinatura do fluxo de H+” (Feijó et al.,

2004) para o padrão de crescimento, em resposta a presença de fatores

radiculares, tal como FA. Previamente, foi proposto que gradientes de pH

citoplasmático não eram requeridos para o crescimento apical em células de

plantas e fungos (Parton et al., 1997). Porém, evidências crescentes mostraram

que íons H+ também podem ser importantes funcionalmente, como regulador de

sinalização (Feijó et al., 2004). Mudanças de pH externo podem servir como

indicadores do estabelecimento da interação fungo-hospedeiro e ser

correlacionado com o crescimento de hifas (Felle et al., 2004). É possível que,

como descrito para fungos patogênicos (van West et al., 2002), sinais elétricos

possam aumentar ou anular os sinais químicos mediando respostas táticas de

alcance limitado pelos FMAs, que são importantes para o reconhecimento do

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hospedeiro. Assim, especulamos que uma ativação diferencial e de distribuição

das bombas eletrogênicas e transportadores membranares poderiam

desempenhar um papel neste fenômeno eletrostático. Estudos das moléculas

sinalizadoras contidas no apoplasto e a determinação da natureza do ativador do

efluxo de H+ de hifas de G. margarita poderá fornecer novas informações sobre as

oscilações no fluxo de H+ e os eventos iniciais da interação micorrízica arbuscular.

O fluxo de H+ em zonas específicas das raízes são influenciados pela modulação

diferencial das bombas de H+ . Aliado a isto, especulamos que micro-gradientes de

pH possam ser formados entre as hifas dos FMAs e zonas das raízes

hospedeiras, que liberam sinais apoplásticos (tal como a atividade de apirases) e

estes, por sua vez, ativam o efluxo de H+ das hifas e por fim o seu crescimento

polarizado em direção a sítios ativos das raízes. A comunicação planta-FMA

requer estudos mais aprofundados dos sinalizadores da interação nas fases

assimbiótica e pré-simbiótica, bem como, da participação dos plasmodesmas na

troca bi-direcional de nutrientes durante a simbiose.

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