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Papel da sociedade civil Guineense Atenuação do impacto do crime organizado e tráfico de droga na comunidade

Papel da sociedade civil Guineense - ec.europa.eu · adopção da leis e medidas administrativas ... papel preponderante das OSC na implementação das acções de interesse colectivo;

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Papel da sociedade civil Guineense

Atenuação do impacto do crime organizado e tráfico de droga na

comunidade

Contexto:

• Estado da África Ocidental com pouco mais de 1.5 milhões de habitantes, derivados de mais de 30 grupos étnicos;

• ocupa uma das últimas posições em termos de ranking internacional sobre o desenvolvimento humano;

De 1998 a esta data, a Guiné-Bissau teve:

10 Primeiros-Ministros,

3 Presidentes da República eleitos sem que nenhum deles tenha terminado o mandato,

3 Presidentes Interinos em virtude das sublevações militares,

4 Chefes de Estado-Maior, todos afastados por levantamentos militares, inclusive 2 foram assassinados em funções,

além de recorrentes casos de detenções arbitrárias e espancamento de cidadãos.

País referenciado como plataforma ideal para o tráfico e armazenamento de cocaína proveniente da América Latina com destino à Europa, o que o coloca no mapa do financiamento da criminalidade organizada e terrorismo internacional.

Há permissão constitucional para criação de organizações da sociedade civil, e este direito é exercido de forma relativamente livre;

O exercício de actividades em algumas situações é condicionado, conforme seja considerado nocivo para os detentores do poder, sobretudo quando estamos perante a vigência de “períodos de excepção”.

Tipos de Organizações da Sociedade Civil (OSC)

• ONGs;

• Sindicatos;

• Entidades religiosas;

• Organizações de base.

Protegem e promovem

• direitos civis e políticos,

• direitos económicos e sociais ou

• direitos ambientais,

• direito ao desenvolvimento,

Quanto à problemática do narcotráfico, não existe uma especialização já que é de indiscutível transversalidade.

Diversas organizações como as de defesa dos direitos humanos (generalistas), direitos das crianças, mulheres, meio ambiente, organizações profissionais, entre outras, podem intervir sobre a matéria que envolve o narcotráfico.

Actividades da sociedade civil no que concerne ao combate ao narcotráfico:

• Apresentação de Relatórios Periódicos sobre a situação geral de tráfico de drogas ilícitas;

• Apresentação de Relatórios Alternativos de instituições que avaliam a evolução da problemática do narcotráfico;

• Denúncia de factos que indiciam a existência de tráfico;

• Monitorização e seguimento de processos judiciais em que haja indício de tráfico de drogas;

• Assistência psicossocial das vítimas de violência ligadas ao narcotráfico e ao crime organizado;

• Assistência, orientação, consulta e patrocínio judiciário a vítimas de situações que envolvam tráfico ou consumo de drogas;

• Advocacia junto das autoridades nacionais (Assembleia Nacional Popular e Governo) para adopção da leis e medidas administrativas tendentes a combater o flagelo;

• Lobbys com vista à assinatura e ratificação dos instrumentos internacionais sobre o combate ao tráfico de drogas e criminalidade organizada;

• Adopção de políticas e estratégias no domínio do

combate ao narcotráfico; • Reabilitação e reinserção social de vítimas de

narcotráfico; • Informação, sensibilização e mobilização social a

favor da responsabilização judicial dos narcotraficantes;

Combater a impunidade

• liderada pelas OSC,

• através de campanhas e debates,

• mobilização da colectividade sobre a necessidade de uma efetiva aplicação da lei, penalização do tráfico de drogas ilícitas e da criminalidade organizada.

Assim, pode-se combater a apatia e condescendência social!

OSC como órgãos consciencializadores

• As OSC devem dispor de condições para levar junto da população informações fiáveis,

• que projectam a magnitude dos problemas inerentes ao narcotráfico e às suas consequências negativas,

• com argumentos que evidenciam que é a causa de assassinatos, corrupção generalizada, insegurança, instabilidade permanente e disfuncionamento do aparelho judiciário.

Papel dos meios de comunicação social

Os média têm um papel importante na massificação da difusão de informações, visam informar, denunciar e formar a opinião pública sobre a problemática do narcotráfico.

No nosso contexto, as rádios comunitárias são veículos imprescindíveis;

o aparelho de rádio é um bem acessível à população rural;

Informações difundidas nas línguas locais.

Pontos fortes das OSC

• Existência de centenas de OSC ao nível nacional;

• Elevado espírito de voluntariado nas acções cívicas a favor da erradicação dos males que assolam a sociedade;

• Reconhecimento, por parte do Estado, do papel preponderante das OSC na implementação das acções de interesse colectivo;

• Gozam de credibilidade ao nível da comunidade o que reforça a sua legitimidade para agir;

• Existência de muitas rádios e jornais privados.

Pontos fracos das OSC

• Ambiente de trabalho caracterizado por riscos reais, provocada pela insegurança generalizada;

• Fraco conhecimento e domínio dos temas ligados ao narcotráfico;

• Ausência ou quase inexistência de apoios financeiros;

O tráfico de drogas ilícitas é uma das principais causas da desestruturação do Estado, agravando a cada dia as suas

fragilidades institucionais “alimentando” assim o crime organizado.

Estado ineficaz, dotado de estruturas ineficientes.

É altura de envolver a sociedade civil para numa lógica de complementaridade cerrar fileiras na luta pela erradicação deste flagelo.

responsabilização penal dos infractores

(nenhuma estratégia será eficaz se não for sincronizado com a reforma do sector da justiça para reforçar o Estado de Direito);

adopção de mecanismos adequados com vista ao arranque da reforma no sector da defesa e segurança

(por ser um dos sectores mais afectados com o envolvimento dos seus agentes na prática criminosa);

criação de alternativas para a redução da pobreza;

Narcotráfico tem reflexos directos no fenómeno da instabilidade:

assassinatos e sucessivos golpes de Estado, como forma das células e cartéis terem melhor controlo do território para o fim do negócio ilícito,

São necessárias acções cada vez mais concertadas não só entre os diferentes actores sociais na perspectiva dos Estados, mas também uma maior concertação internacional.

Sobretudo tratando-se de um país composto por um arquipélago de ilhas bastante atractivas para o desenvolvimento do crime organizado, em particular do tráfico de drogas, posto que existe uma diminuta capacidade de patrulhamento e controlo por parte das autoridades nacionais.

Muito obrigado pela vossa atenção.

Luís Vaz Martins

Activista da sociedade civil da Guiné-Bissau

Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos