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A INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIENCIA NA ESCOLA Transtorno de Déficit de Atenção – TODA-H Flavio Aurélio da Silva Brim Professora: Luciana Monteiro do Nascimento Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Pedagogia – Educação Especial 12/Junho/2009 RESUMO Nesse estudo estaremos conversando sobre aquela criança que é lenta para copiar as tarefas do quadro escolar, lenta para fazer os deveres de casa, parece ter grandes dificuldades de concentração, nunca prestar atenção em nada, quase sempre desorganizada e “no mundo da lua”. Falaremos também sobre aquela criança que nunca para quieta, está sempre mexendo com as mãos e pés, não consegue ficar assentada um instante, sempre falando com as demais crianças sem nunca demonstrar interesse em saber o que elas tem a dizer. Palavras-Chave: Déficit de Atenção, Hiperatividade, TDAH INTRODUÇÃO O transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparecem na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção).

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Nesse estudo estaremos conversando sobre aquela criança que é lenta para copiar as tarefas do quadro escolar, lenta para fazer os deveres de casa, parece ter grandes dificuldades de concentração, nunca prestar atenção em nada, quase sempre desorganizada e “no mundo da lua”. Falaremos também sobre aquela criança que nunca para quieta, está sempre mexendo com as mãos e pés, não consegue ficar assentada um instante, sempre falando com as demais crianças sem nunca demonstrar interesse em saber o que elas tem a dizer.

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A INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIENCIA NA ESCOLA

Transtorno de Déficit de Atenção – TODA-H

Flavio Aurélio da Silva BrimProfessora: Luciana Monteiro do Nascimento

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVIPedagogia – Educação Especial

12/Junho/2009

RESUMO

Nesse estudo estaremos conversando sobre aquela criança que é lenta para copiar as tarefas do quadro escolar, lenta para fazer os deveres de casa, parece ter grandes dificuldades de concentração, nunca prestar atenção em nada, quase sempre desorganizada e “no mundo da lua”. Falaremos também sobre aquela criança que nunca para quieta, está sempre mexendo com as mãos e pés, não consegue ficar assentada um instante, sempre falando com as demais crianças sem nunca demonstrar interesse em saber o que elas tem a dizer.

Palavras-Chave: Déficit de Atenção, Hiperatividade, TDAH

INTRODUÇÃO

O transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno

neurobiológico, de causas genéticas, que aparecem na infância e freqüentemente acompanha o

indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e

impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção).

Sampaio nos lembra quem foram os primeiros autores a falarem sobre o tema TDAH:

Um dos primeiros autores a escrever sobre o assunto foi Dupré, no período da Primeira Guerra Mundial, que acreditava tratar-se de uma lesão cerebral mínima. Mais tarde, em 1962, num simpósio de Oxford, foi oficializado a expressão Disfunção Cerebral Mínima. Em 1966, um grupo de estudos concluiu que esta disfunção pode originar-se de variações genéticas, irregularidades bioquímicas, sofrimento perinatal, moléstias ou traumas sofridos durante os anos críticos para a maturação do sistema nervoso central. (Sampaio,2009)

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Sampaio nos lembra também das dificuldades que os pais têm em admitir essa dificuldade

em seus filhos retardando ao máximo o tratamento, gerando assim problemas ainda maiores.

Muitos pais demoram muito de procurar ajuda ou não aceitam um diagnóstico de hiperativo, por achar que é coisa da idade, que toda criança é agitada mesmo, que isso irá passar. Porém quando o problema demora a ser diagnosticado, o hiperativo, a partir da sua puberdade, pode procurar as drogas, o álcool, praticar agressões sexuais, a fim de tentar superar suas dificuldades em adaptar-se à vida social, e em alguns casos podem cometer até o suicídio. (Sampaio, 2009)

ORIGEM

A origem deste distúrbio é uma disfunção neurológica no córtex pré-frontal. Está provado

que, ao contrário do que deveria acontecer, a atividade do córtex pré-frontal nas pessoas afetadas

pelo DDA diminui à medida que elas tentam concentrar-se. Revelam dificuldades de concentração

por períodos de tempo prolongados e em assuntos longos, comuns e rotineiros. No entanto, por

vezes, conseguem manterem-se atentos a coisas esteticamente atraentes, altamente estimulantes,

interessantes ou assustadoras.

Numa sala de aula é possível encontrarmos crianças com diferentes características. Por

exemplo: Enquanto temos um menino que pode estar agitando a todos em sua volta com suas hiper

agitação, poderemos por outro lado ver uma menina super distraída em seus pensamentos. Ambas

crianças podem estar apresentando características DDA. A segunda apenas absorta em seus

pensamentos (que estão hiper ativos) e a segunda absorta em suas hiper atividades.

IMPULSIVAS

A falta de controle dos impulsos leva-os a meterem-se freqüentemente em problemas e a sua

impulsividade pode causar comportamentos problemáticos. Esta atitude tem como objetivo, na

opinião de alguns especialistas, a estimulação do córtex pré-frontal. Comportamentos de

hiperatividade, desassossego ou até o simples ato de cantarolar são formas de auto-estimulação.

HIPERATIVAS

As crianças que também sofrem do “hiper-ativismo” não conseguem parar de se mexer. São

extremamente agitadas. Não conseguem ficar sentadas por muito tempo. Estão sempre pulando e

correndo excessivamente. Estão constantemente inquietas. Durante suas diversões costumam ser

barulhentas. Falam muito e depressa, apresentando muitas vezes distúrbios na fala. Possuem grande

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dificuldade em esperar a sua vez em diversas situações. Por conta disso, nas conversas, geralmente

não conseguem ouvir as pessoas, quase sempre interrompendo a conversação. Por causa da sua

mente agitada, estão sempre se intrometendo nas conversas e jogos das outras crianças.

Normalmente, os professores são levados a observar muito mais as crianças hiperativas em

detrimento daquelas que estão submersas em seus pensamentos. Em minha opinião, ambas são

hiperativas. As que sofrem apenas do “Déficit de Atenção”, experimentam sua hiperatividade

dentro em seus pensamentos e as que sofrem de “Hiperatividade” como o próprio nome já diz, não

se concentram por causa do seu extremo ativismo exterior, ou motoro. Mas, resumindo, ambas são

ativas e por conta disso, ambas possuem enorme dificuldade de concentração.

A ABDA (Associação Brasileira de Déficit de Atenção) defende que

    "Quando elas se dedicam a fazer algo estimulante ou do seu interesse, conseguem permanecer bem mais tranqüilas. Isso ocorre porque o centro de prazer no cérebro é ativado e consegue dar um "reforço" no centro da atenção que é ligado a ele, passando a funcionar em níveis normais. O fato de uma criança conseguir ficar concentrada em alguma atividade não exclui o diagnostico de TDA/H".

FALTA DE CONCENTRAÇÃO

No caso das crianças, por exemplo, poderá ser-lhes possível concentrarem-se num

determinado jogo de vídeo, mas não o conseguirem na sala de aula ou a fazer os trabalhos de casa.

Estas pessoas demonstram ter uma necessidade muito intensa de excitação porque só assim são

acionadas as funções do seu córtex pré-frontal.

As crianças que sofrem de DDA não conseguem se concentrar nas tarefas, que geralmente

são interrompidas por outros pensamentos que lhes chamam a atenção. Não conseguem prestar

atenção no que lhe é dito por estarem pensando em diversas outras coisas naquele momento. Não

conseguem seguir regras, porque se distraem enquanto estão no exercício das mesmas. Não

conseguem se organizar exatamente pela falta de capacidade de concentrarem-se na disciplina e em

obedecer às regras. Estão sempre perdendo coisas importantes devido à sua constante distração.

Distraem-se facilmente com coisas que não tem nada a ver com o que estão fazendo naquele

momento. Acabam esquecendo-se constantemente dos seus compromissos e tarefas. As crianças

DDA possuem grande dificuldade em lembrar-se de recados e até mesmo de coisas simples.

Não podemos nos esquecer de que as crianças com DDA possuem dificuldade de

organização e de concentração. Por conta disso as tarefas escolares sempre são prejudicadas. Muitos

pais não sabendo desse fato não sabem como agir. Pais e professores poderão juntos descobrir

recursos para ajudar na concentração da criança durante o exercício de suas tarefas. É preciso

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lembrar que esses sinais de desatenção e lapsos de memória não significam necessariamente

irresponsabilidade ou imaturidade.

A instabilidade de atenção da criança á levará a resultados instáveis: em alguns momentos

serão excelentes e em outros não conseguirão acompanhar o ritmo da sala.

Pelo fato de não se concentrarem num só lugar, tenderão a ter dificuldades até mesmo em

construir e alimentar suas amizades.

DISCIPLINANDO DE FORMA POSITIVA

Crianças DDA sofrem muito. Os professores o chamam de indisciplinados, as mães o

chamam de mal educados e seus colegas muitas vezes o rejeitam.

É importante que os pais e professores procurem conhecer mais sobre o assunto. Precisam

saber reconhecer a diferença entre a desobediência e a inabilidade. A criança precisa ser punida

quando desobedecer, mas não quando falhar por distração. Nesse caso precisará ser ajudada.

Precisamos compreender que as crianças afetadas por este distúrbio a punição não surtirá

qualquer efeito. Elas devem sim ser estimuladas pelo reforço positivo (elogio) já que a pressão

originará resultados indesejáveis.

Outra maneira de ajudar essa criança educando-a de forma positiva. Temos muito mais

facilidade em corrigir mostrando o erro sem dar sugestões do como fazer corretamente. Uma boa

maneira é orientar de forma positiva ensinando de forma prática o que você espera que aquela

criança faça. É necessário exercer uma educação positiva elogiando a criança quando agir

corretamente. A criança precisa saber que o educador reconhece seus acertos. Assim ela não

desenvolverá uma idéia errada de que tudo que faz está errado.

Mas caso a criança DDA precise ser punida que seja feito logo em seguida para que a

mesma associe a punição ao erro cometido. Caso contrário a criança não mais se lembrará do

motivo da punição e seu efeito deixará de ser corretivo.

Silva nos alerta sobre a punição:

Quando for necessário o castigo, pela evidente desobediência, também seja coerente e constante: se disser que irá castigá-lo, realmente o faça. Dizer e não fazer será interpretado pela criança como sinal de que nada acontecerá. E faça realmente o que disser que faria. Por exemplo: Se disse que o castigo duraria uma semana, então deverá durar uma semana. (Silva, 2003)

Da mesma forma será importante que a criança seja elogiada imediatamente aos seus acertos

para que os mesmos não apenas criem uma motivação para novos acertos, como também reforcem a

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atitude correta da criança. Se a criança for festejada diante dos seus acertos, ficará motivada em

repeti-los. Procure valorizar mais os momentos de acerto do que necessariamente os momentos de

erros.

Alguns educadores aconselham que antes de chegarmos ao ponto de repreendermos a

criança pelos seus erros, devemos caminhar junto com a criança durante o exercício das atividades

para que saibam como devem ser feitas. Esse processo deve ser repetido diversas vezes até que a

criança saiba como fazê-lo. Paralelamente a criança deve ser motivada com elogios todas as vezes

que acertar. Infelizmente muitas vezes pulamos essa etapa diretamente para fazermos repreensões

negativas que acabam muitas vezes enfatizando ainda mais o lado negativo.

DICAS PARA OS PROFESSORES

A professora Luciana Monteiro do Nascimento (Nascimento, 2007) relaciona diversas

sugestões para os professores de crianças com “hiperatividade” e “déficit de atenção” enquanto

dando aula:

Conheça seus limites como professor e não tenha medo de pedir ajuda. Grupos pequenos diminuirão o leque de distração, facilitando a concentração. As tarefas precisam ser curtas para diminuir a distração e assim chegarem ao término das

mesmas. Quanto mais motivadas, menos irão se distrair. O elogio, jogos e desafios ajudam muito manter uma criança motivada. Faça com que a criança se sinta envolvida nas coisas. Faça com que suas aulas tenham novidades para sempre serem aulas empolgantes. Uma rotina equilibrada com motivação contribuirá muito na concentração da criança. Todo comando dado ao grupo deve ser repetido individualmente. O comando deve ser simples e com palavras fáceis. Procure dividir as grandes tarefas em tarefas menores. Isso facilitará a concentração da

criança. Use resumo, ensine resumido, ensine sem profundidade. Avise o que você vai falar antes de falar. Lembre que crianças hiperativas aprendem melhor visualmente do que pela voz. Leve a criança repetir o comando que você deu. Procure falar olhando diretamente nos olhos da criança. Isso pode prender sua atenção. Quanto mais útil uma criança se sentir, mais concentrada ela permanecerá. No caso do aluno hiperativo, procure aproveitar sua criatividade. Se as regras da escola permitir, proporcione uma “válvula de escape” para que a criança

hiperativa faça uma breve saída da sala de aula para atender a solicitação sua. Construa regras de convivência que sejam breves e claras deixando-as fixadas na parede.

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O uso de materiais calmante (argila, areia, água, lama, pintura a dedo, música calma) contribuirá para aperfeiçoar a concentração.

Exercícios de relaxamento serão benéficos para acalmarem as crianças. Uma sala organizada contribui para a concentração. A organização dos alunos em forma de U facilitará bastante na concentração dos mesmos. Evitar manter crianças hiperativas próximas uma das outras. Procure trazer a criança hiperativa mais próxima de você. É importante que as crianças visualizem no quadro quais serão as atividades do dia. Isso

facilitará sua concentração. Lembre-se de que crianças hiperativas necessitam de algo para fazê-las lembrar das coisas.

Elas necessitam de previsões, de repetições, de diretrizes, de limites e de organização. Lembre-se de que essas crianças precisam encontrar prazer na sala de aula. Cores que não sejam muito fortes na sala de aula contribuirão na concentração da criança. Um dos melhores remédios para crianças e adultos hiperativos é o exercício. Nesse caso

procure estimular bastantes exercícios para os alunos.

CONCLUINDO

As crianças que sofrem do distúrbio TDA-A se não forem entendidas e auxiliadas a

compreenderem e superarem seus conflitos ainda quando crianças tenderão a não se acharem

compreendidas pela sociedade buscando respostas muitas vezes na fuga.

Acharão que os pais, amigos, professores e a sociedade em geral não os aceitam. Sentir-se-

ão excluídos o que poderá gerar um indivíduo totalmente disfuncional, gerando outra família

disfuncional.

Tanto os pais quanto os professores, por desconhecerem esse distúrbio, acabam se

frustrando ao não conseguirem educar seus filhos e/ou alunos. Por não compreender essa situação

acabam estigmatizando a criança e muitas vezes punindo-as ou punindo-se sem necessidade.

Caberá aos pais, médicos, professores e educadores não apenas compreender esse distúrbio

como principalmente ajudar a própria criança compreende-lo e superá-lo.

Sabemos que o desafio será grande e altamente desgastante. Mas afinal de contas, não foi

para isso que fomos chamados?

Obras CitadasNascimento, L. M. (2007). Condutas Típicas. In: L. M. Nascimento, Caderno de Estudos - Educação Especial (pp. 78 - 80). Indaial: Centro Universitário Leonardo da Vinci - ASSELVI.

Sampaio, S. (2009). Cantinho. Acesso em 10 de 06 de 2009, disponível em Pedago Brasil: http://www.pedagobrasil.com.br/cantinho/simaiasampaio8.htm

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Silva, A. B. (2003). Mentes Inquietas. São Paulo: Editora Gente.

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