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Para alcançar o tudo que deseja,
deve passar pelo nada e pelo o Caos…
Aqui está o seu rascunho.
Dedico à todos que me trouxeram
sorrisos, mas, principalmente,
as lágrimas.
Prefácio
O amor, a dor, a morte, a vida. Tudo pode ser inspiração… transpiração para que
de suas veias saiam um verbo, um verso, um berro.
Escrever poemas e berrar ao mundo feito uma criança faminta todas suas
necessidades. Toda maldade do mundo. A sua maldade. Sua carne ferida. O
descaso de tudo e de todos.
E também tem todo o inverso. Do verão ao inverno. O amor, a paixão que te faz
enamorado de cada palavra. De cada minuto.
O nome Rascunho do Caos me acompanha há anos. E dessa vez coloco tudo aqui.
Existe, lógico, a Teoria do Caos, da onde me inspirou. Onde um pequeno detalhe
pode mudar toda a sua vida. Ou da humanidade. É o famoso “e se”… Os amigos
mudam, os amores mudam. Tudo fica mudado. O meu Caos me trouxe aqui. E o
seu, vai te levar aonde?
Sejam bem vindos ao meu Caos. Com poemas de 2000 à 2015. Uma vida de
menina à mulher.
Fazendo que alguns momentos e pessoas tenham suas eternidades. De sempre à
sempre.
ara calar a sua boca,
A minha.
Para violentar o seu corpo,
O meu desejo.
Para te fazer segura,
A minha insegurança.
Para fazer o seu grito,
O meu silêncio.
Para fazer suas lágrimas,
Meu sorriso.
Para acabar com tudo mais,
A saudade.
Para dizer aquilo,
Fingir que é nada.
Queria dizer uma frase,
Mas esqueci.
Deixei guardada onde
Tudo se perde.
Para rasgar as minhas cartas,
Algum coração.
Para ler minhas poesias,
Suas mãos.
Para enfrentar os leões,
A sua garra.
Para ficar triste,
A solidão.
Para ficar alegre,
Alguma palavra.
Para todo o resto,
O despudor.
Para viver,
Um simples toque.
Queria dizer uma frase,
Mas esqueci.
Deixei guardada onde
Tudo se perde.
P
apenas poesia.
Poesia não tem justificativa.
Não tem que ser fiel
Não tem que ser nada.
Apenas poesia.
Algumas palavras.
Para que eu possa ler um dia
E lembrar-se de você.
E ficar calada.
É
asgando as cartas que nem sei se escrevi
Desfaço mil pensamentos desprendidos
E atiro contra mil rochas
E depois refaço meu ninho.
Já não sei se sou de aço, se sou de fio, ou de cobre.
A inocência eu havia perdido?
Senão, por favor, alguém me roube.
Desconexo dentro da perfeição
Do inexistente libido.
Ou o inverso de tudo que desejaram
Ou o que dizia qualquer poeta naufragado.
E tudo vai se tornando um grito.
Frases sem sentido.
Um pedido de socorro
em uma folha rasgada
em uma velha garrafa usada
sem nada escrito.
R
m grito de alerta no meu coração.
Todas as luzes vermelhas.
Nada de amor, nada de ilusão.
Às vezes é melhor ficar sozinha.
E dispara todo aquele medo
E tudo aquilo que já senti.
Sou um pedaço de mundo
E uma imensidão a ser conhecida.
É só buscar a hora certa
E tudo pode ser de um coração só.
Já cansei de me partir
E mal colei os pedacinhos de mim.
Um grito me chamou a atenção.
Não diga nada, nada, se for pra manchar seus olhos.
Não diga nada que não te cale.
Não diga nada além destas palavras.
Criança, criança, criança.
Menina, menina, menina.
Sou eu que me chamo
Sou eu me que me amo;
E nada mais.
Então, não ame mais.
U
eixei mais um copo vazio
Para não dizer adeus.
Noto uma página sem nem um risco
Que já envelheceu.
Desgasto minha voz em um choro
Que não cai
Por um breve sopro
E dessa vez vai.
Vai embora o que era certo
Meu coração é um oceano
Que se transformou em deserto
Tento escrever eu te amo
Mas me falta o verbo.
Se você quiser me procurar
Pode saber
Que meu coração está a se rasgar
Por você.
Destruo todas as palavras
Que podem me fazer sangrar.
Eu leio todas as minhas cartas
Que me deixaram poder calar
A minha canção é essa saudade
A sua falta beira a maldade
E do seu amor, calamidade.
D
odas as coisas espalhadas ao chão
Rimas que culminam em palavrão
Onde está o medo?
Onde estão as flores?
Mortas em um canteiro
A vida na TV à cores.
Fadas mortas
Anjos na cadeia
Deixa-me bater em sua porta
Tire o meu sangue de suas veias.
Eu prefiro um viciado a um fanático
A dor pela mentira
Grana, Bíblia e Alcorão
E todas as outras formas de escravidão.
Uma criança imunda sem refúgio
A maldade sem rumo
Riquezas e submundo
Imagens do hoje no mundo.
Hipocrisia, ódio, mentira
Credos, incestos, orgia
Mitos, verdades, bom dia
Analfabetismo, crueldade, poesia
Deixa viver sem me obrigar a converter
Deixa crescer, amar pra valer.
O certo e errado não pertencem a mim
Nem a você.
T
udo se aquieta um pouco antes do tsunami.
A calma pode ter cheiro de morte.
E meu sono nem é como de outrora
Acordo como se nem embalasse o corpo.
Não quero o sangue das brigas
É melhor o cair solitário da tristeza.
A calma do lago se contrasta com d’onde vim.
Nem tenho mais em meus passos
Os meus desejos de sempre.
Tapas não espalmaram.
O grito sempre foi contido.
Rasgo um pedaço de seda
Com a faca da mesa.
Entrego feito um lenço em tempo de resfriado.
Com seu nome vermelho tingido.
A calma não faz sentido.
Quero ser interrompido.
Com rajadas de vento e poesia.
Matem essa calmaria,
Que insisti em invadir.
Quero uma melodia de samba triste
Com cuíca, pode trazer o bandolim.
Preciso de uma fonte
Que suicide minha fome
De violência do tempo sem fim.
T
odos meus versos duros.
odos meus versos burros.
odas minhas fomes.
odas as noites de sol.
odas as fantasias.
oda poesia cretina.
odo verbo de bar.
odo vento que não quer parar.
oda paranoia.
oda liberdade.
odo rock n’ roll and sex.
odo jeito largado.
odos os planos furados.
odas as praias.
odos os sonos.
oda a insônia.
odo desejo de voar.
odo medo de altura.
oda cara dura.
odo modo de amar.
E todos em todos os poemas amores adeus.
Todos em todas as cenas
Apenas eu.
T
ndo pela as ruas sem saber por onde ando. Tomando água de esgoto e
competindo migalhas com os pombos. Ando pelas as ruas e nem sei se sou
rato, cachorro, homem ou menino. Ando pelas as ruas nos piches e nas
misérias. Ando pelas as ruas poetando e arrotando romances. Sou um poeta
das ruas. Onde vivo de jasmim e cravos. Poesia de amasso e um trago. E as noites
são como as manhãs. E os amores são como os cães.
A
eu sapato rasgou, bem na hora que você pisou no coco.
Seu salário atrasou e o chefe, de você, se cansou.
Chegou em casa e pegou a mulher com a empregada.
Sua cueca te deixou com virilha assada.
Foi ouvir o rádio e só tinha Lepo Lepo.
Ligou a TV e ouviu mais uma merda do PT.
Foi cantado por uma gata, mas era traveco.
Tudo dando errado e só com você.
Mas não importa, pois este ano tem copa.
Seu gerente ligou, seu nome sujou.
A cerveja que era boa aguou.
Seu filho só vive em rede social.
O seu time só anda tomando pau.
Aquele sonho de infância você teve que deixar.
Aquele carro foda, você não pode pagar.
Aumentou a conta da luz.
Sem plano, você foi parar na fila do SUS.
Mas não importa, pois este ano tem copa.
Então, tudo dando errado para você.
Até anda com bafo e cecê.
Mas logo você tudo pode esquecer.
Acredite, coloque a camisa e ligue a TV.
Não importa, pois este ano tem copa.
S
e todos os amores errados eu quis você. Estava ali na minha vidinha sem
graça e encontrei em sua extravagante forma de ser, a peça que faltava na
minha felicidade. Você me veio feito canção. Que aparece do nada e fica
decorada, cada vogal em minha memória. Cantava-te, cantarolava, recitava
como poema. De todos os amores errados eu vi que só podia ser você. E quando
uma canção nascia em minha veia, sabia que ali vivia o seu canto e a sua força. Eu
via o mundo agora de outro ângulo. E eu só queria saber desenhar, para em cada
página da vida uma rosa te dedicar. De todos os amores errados você é o mais
certo. O mais obsceno, obtuso, com cara de bar com seus pinguços. Um amor de
ruínas de um passado tão feliz. De todos os amores errados eu me encontro em
você. Pois nem todo erro é para ser esquecido. Todo erro pode ser revivido e
reamado. De todos os amores errados o meu coração se entregou a você, feito ré
confesso. Prenda-me sem chaves nesse coração que me leva. E eu amei tanto que
me tornei um ser alado. E voo cada dia que encontro você.
D
morte parece o fim. Fim? O que seria o fim de uma bola? O sol tem fim? O
olhar? O amor? O instante da dor e do sorriso? A eternidade fica pendente
em casa segundo que se necessita. Ser infinito diante de um universo que se
abre. A vida. E a morte. Ambos estão ali como amigos inseparáveis. Unha e
cutícula. Boca e fome. Viver, morrer, morrer, viver… fuder. A vida parece ter fim. O
fim não parece ter começo. O começo é sempre irreconhecível. A mulher se torna
mulher quando? Quando nasce? Quando menstrua? Em suas primeiras relações?
Quando é mãe? Ou quando é apenas notícia “mulher, 35 anos, morre baleada em
troca de tiros entre bandidos e policiais”. E o homem? Quando ele se torna homem?
Quando falam “é um homem”? Ou quando ele come a vizinha? Quando ele
engravida uma moça? Ou quando ele é pai? Eles estão sempre começando e
terminando tudo em si. Um fim que se recomeça em uma eternidade de um gole de
vinho. E a gente nasce, cresce, fode, se fode e morre. E bebe, arranja um trago.
Arranja uma desculpa. Uma hora de sono. Um trabalho. Um esporro. Um sonho
calado. Escolhe várias coisas. Se casa ou compra uma bicicleta. Se dorme, ou
termina aquele trabalho da faculdade. Se bebe mais ou vai para um motel com a
namorada, ou com a amante. E a morte? E a vida? E o fim… e tudo fica embutido
em mais um sanduiche, que te enche a boca, mas não as ideias.
A
entei morrer
um suicídio de risadas e lágrimas.
Tentei morrer
em um enforcamento de palavras
sonhos não valem nada.
Tentei morrer,
mas estou aqui.
O que isso realmente significa? – pergunta um ego maldito.
respondo carinhosamente
- apenas mais um dia.
Tentei morrer de tanto amar
e isso me trouxe flores.
Cravos são tão tristes.
Tentei morrer
tomar a ultima golada de loucura.
Meu exagero me calou.
Dormi em um chão frio.
E vi que era o meu coração.
Tentei morrer diversas vezes.
E aquele carro, cadê?
Tentei morrer em minha generosidade
e na minha maldade.
Egoísmo profundo.
tentei morrer e morri.
Cá estou eu corroída pelos os vermes da vida.
Cá estou eu viva.
e a vida é a morte mais cruel que se vê.
T