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Como Chegar? Saiba o quanto a sinalização correta pode ajudar na sua viagem, e o que está sendo planejado para melhorar esse aspecto na Baixada Santista Nós fomos! Nesta edição, visitamos o Convento Nossa Senhora da Conceição, em Itanhaém Acesso restrito Hotéis adaptados à portadores de necessidades especiais ainda são minoria na região

Parada Certa - 1ª Edição

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Confira a primeira edição da revista Parada Certa, e conheça um pouco mais do litoral além da praia! - Revista produzida pelos alunos do terceiro ano de jornalismo da Universidade Santa Cecília

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Como Chegar?Saiba o quanto a sinalização correta pode ajudar na sua viagem, e o que

está sendo planejado para melhorar esse aspecto na Baixada Santista

Nós fomos!Nesta edição, visitamos o Convento Nossa Senhora da Conceição, em Itanhaém

Acesso restritoHotéis adaptados à portadores

de necessidades especiais ainda são minoria na região

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Quer ver mais fotos das matérias desta edição?

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paradacerta.webnote.com.brE conheça um pouco mais do turismo do nosso litoral!

Vídeos exclusivos dos nossos repórteres?

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paradacerta.webnode.com.brE conheça um pouco mais do turismo da região!

Acesse:

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EditorialE

Quem nunca se perdeu? E não falo perdido no sentido filosófico, digo perdido no caminho em direção a

algum local ou cidade, literalmente, sem saber para qual lado seguir. A sinalização em toda a Baixada Santista

é motivo de preocupação para cidades que em épocas de alta temporada chegam a receber mais de dois

milhões de turistas.

Nesta edição, Parada Certa traz uma reportagem especial sobre o projeto de sinalização regional de

caráter turístico, da Agência Metropolitana da Baixada Santista. A intenção da agência é padronizar placas em

todas as cidades. E esse projeto tem prazo de validade: a Copa de 2014. O Brasil irá sediar o mundial, e com isso

receber a visita de turísticas de todas as partes do planeta. Santos, São Vicente e Guarujá já foram apontadas

pelo Ministério do Turismo como cidades indutoras, ou seja, indicadas para a visitação. Mas para conseguir

se adequar a essa demanda ainda falta um longo caminho a percorrer. As placas indicativas e traduzidas em

outros idiomas são apenas o inicio das mudanças preparadas pelas prefeituras em parceria com a Agem.

Esta é a primeira edição da Parada Certa e nossa proposta é mostrar que embora o litoral tenha praias

lindas e bastante procuradas como destino de férias, vale a pena olhar além do mar, areia e sol e conhecer

outros pontos igualmente agradáveis. As nove cidades que formam a Baixada Santista — Santos, São Vicente,

Praia Grande, Guarujá, Cubatão, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e Bertioga — reúnem um roteiro histórico e

cultural que proporciona ao turista uma aula ao ar livre, com direito a registrar tudo, seja com fotos, filmagens

ou o que mais a imaginação e tecnologia permitir, sem mencionar muito lazer. Fora isso, bares e restaurantes

que oferecem o melhor da culinária caiçara e uma vida noturna agitada.

Para começar com o pé direito, estreamos a editoria Nós Fomos. A ideia é juntar sempre toda a nossa

equipe e visitar algum ponto do litoral. Assim, você poderá conhecer lugares diferentes e aproveitar todas as

nossas dicas. O Convento Nossa Senhora da Conceição, em Itanhaém, foi o escolhido. O local impressiona com

a sua aura de mistérios e visual que guarda toda história do local. O repórter Ivan De Stefano ficou responsável

por transcrever todas as nossas impressões e ainda produziu uma galeria de fotos com todos os detalhes do

convento. Faça as malas e venha conhecer o litoral além da praia. Que tal?

Quem tem boca vai a Roma?Sem querer menosprezar o ditado popular, mas você não acha

que seria bem mais fácil se tivesse uma placa indicando o caminho?

Arucha Fernandes, editora

Parada Certa é uma publicação dos alunos da Disciplina de Laboratório de Texto, 6° Semestre de Jornalismo, da Universidade Santa Cecília, UNISANTA.

equiPe

Professores Responsáveis:

Márcia Okida e Márcio Calafiori.

Editora-chefe: Arucha Fernandes

Editor Multimídia: Gabriel Martins

Planejamento Visual: Danilo Netto

Diagramação: Ivan De Stefano

rePórteres

Alexandre Alves, Aline Porfírio,

Arucha Fernandes, Carina Seles,

Danilo Netto, Gabriel Martins,

Ivan De Stefano, Leandro Aiello,

Letícia Schumann, Mariana Aquila,

Maurílio Carvalho

Page 6: Parada Certa - 1ª Edição

DESCANSEM EM PAZ Cemitério Israelita Cubatense é preservado

pelo Patrimônio Histórico da cidade.

POR ONDE SEGUIR?

Projeto de implantação de placas indicativas pretende

ajudar turistas e ainda preparar a Baixada Santista

para a Copa de 2014.

PIT STOP EM PRAIA GRANDE Pista de kart garante passeio animado para toda a família

DE VOLTA PARA O PASSADOPasseio de bonde em Santos revela história da cidade

ÍndiceNA PISTA

Bares e baladas para agitar suas noites no litoralpág. 40

pág. 32

pág. 08 - 14

pág. 76

Page 7: Parada Certa - 1ª Edição

CONFORTO PARA TODOSSuítes adaptadas para portadores de necessidades especiais ainda não

atende a todos os requisitos necessários na rede hoteleira

‘BORN TO BE WILD’ Rapel: Morro do Maluf no Guarujá é o endereço certo.

UMA FAZENDA NA PRAIAClima de interior e muito ar puro em Mongaguá

TRADICIONALMENTE DELICIOSOSEm São Vicente, doces caseiros conquistam

paladar de moradores e turistas

ANTIGOS MISTÉRIOSO Convento Nossa Senhora da Conceição, em Itanhaém,

desperta curiosidade e oferece uma aula de história ao ar livre

pág. 86

pág. 18

pág. 58 - 70

UMA RUA DE DAR ÁGUA NA BOCAA Rua Doutor Tolentino Filgueiras, em Santos, agrada a todos os gostos

pág. 48

pág. 26

Page 8: Parada Certa - 1ª Edição

Pit Stop em Praia Grande

Nosso Litoral

Para os que gostam de velocidade

o Kartódromo da cidade é uma boa

opção de passeio. Competições de

kart e também de motocicletas

acontecem durante o ano inteiroTexto: Leandro AielloFotos: Ivan De Stefano

Page 9: Parada Certa - 1ª Edição
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A metros de distância da pista já é possível ouvir o ronco

dos motores. No kartódromo da Praia Grande há ao redor

estacionamento para os praticantes do esporte e também

para os visitantes. Não há tempo certo para a prática, com

chuva ou sol. Basta trocar os pneus de pista seca para os

de pista molhada, que a corrida está garantida. O espaço é

grande, lembra um galpão a céu aberto, porém a pista cheia

de voltas e retas mostra a que o local é destinado.

Em um dia normal de treino ou fora das competições, a

grande e alta arquibancada fica vazia e o ambiente parece

familiar. Ao estacionar o carro do lado de fora, dá para

perceber que o local não se preocupa com a aparência.

Grandes muros fecham o kartódromo e apenas uma entrada

é aberta ao público, que se mistura, entre competidores,

mulheres, crianças, membros do evento. O barulho e a

adrenalina que o local provoca parecem ser os fatores

essenciais para quem corre, pois, caso a pessoa não goste

de som alto, um kartódromo, com certeza, não é um bom

lugar. Os carros aceleram, às vezes um, às vezes dois, às vezes

muitos ao mesmo tempo.

De frente para o portão de entrada dá para ver a pista

e dos lados direito e esquerdo um grande corredor que dá

acesso aos boxes. Ao todo, são 23, e dentro de cada um deles

há um ou mais pilotos se preparando, com suas mulheres,

filhos e até avôs, esperando a entrada do familiar na pista.

Sentados em cadeiras de plástico, os amigos se acomodam

e alguns ficam de pé, encostados na mureta de cimento, que

impede que os demais entrem na pista. O pequeno carro

chega ao corredor dos boxes; ali, é checado desde os pneus

até o motor. Em seguida, entra a toda velocidade, podendo

alcançar cem quilômetros por hora em um dia de chuva ou

120 em dias ensolarados.

É intrigante o fato de a maioria dos motoristas ser de

outras cidades. Um dos pilotos e corredor de moto e Fórmula

Truck, Cajuru, como é chamado pelos amigos, mora em São

Paulo e foi convidado a correr pela equipe do evento. Apesar

de ser uma prática agressiva, pela questão da velocidade, o

esporte é seguro.

O piloto da categoria mirim, Juan Crespi Andreu Neto, de 9

anos, corre de kart há um ano. “Meu pai já corria de kart e eu

gostava”, diz o garoto. Juan, que mora em São Paulo, vai para

a Praia Grande todas as quartas-feiras no período da manhã

para treinar. Aos sábados e domingos, compete. Além da Praia

Grande, ele participa de mais três campeonatos em São Paulo,

mas segundo o pequeno corredor, “a pista da Praia Grande é

onde ele aprende muito e pratica seu esporte favorito”.

Na secretaria do evento, chamada RM Eventos, há algumas

moças que dão orientação ao público. Os interessados se

apresentam na secretaria e perguntam se há kart para correr.

Os treinos são aos sábados e as corridas aos domingos;

O narrador fica encarregado de animar o público, não deixando passar despercebido nenhum lance da corrida

As corridas são realizadas sempre aos domingos. Para se inscrever

basta comparecer a secretaria do evento, lá mesmo no kartódromo

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Os carros podem chegar de 100 a 120

quilômetros por hora. Sempre antes de entrar

na pista, a checagem geral é feita nos boxes

Page 12: Parada Certa - 1ª Edição

O kartódromo de Praia Grande fica no Complexo Poliesportivo e Cultural Leopoldo Estácio Vanderlinde, ao lado do terminal rodoviário Tude Bastos.

QUER CONHECER?

Page 13: Parada Certa - 1ª Edição

muitas pessoas treinam, mas não correm, vão apenas para

se divertir. Durante a semana, o kartódromo fica aberto das

13 às 19 horas e faz parte do complexo de lazer da prefeitura,

localizado no Complexo Poliesportivo e Cultural Leopoldo

Estácio Vanderlinde, próximo ao terminal rodoviário da

cidade de Praia Grande. Tambores de latão demarcam alguns

pontos da pista, assim como as tendas protegem o público

da chuva. Há um pequeno bar, onde o público pode consumir

espetinhos e refrigerantes, pois a espera até o término da

corrida pode ser longa. Bebidas alcoólicas não são servidas.

Os irmãos Guilherme e Gustavo Almeida, de 29 e 28 anos,

respectivamente, são praticantes do esporte. Moradores

da cidade de Arujá, no interior de São Paulo, visitam a Praia

Grande para correr e participar do campeonato Copa Litoral.

Eles explicam sobre a vestimenta certa para correr, que são:

macacão, capacete, luvas e sapatilha. Os itens opcionais para

quem está começando e quer mais proteção são: protetor de

pescoço e costelas e a bala clava, instrumento usado na cabeça.

Para quebrar o paradigma de que corrida é coisa para

homens, havia no kartódromo duas meninas, irmãs, que

gostam de correr. Segundo Maria Carolina e Ana Clara, ambas

de 13 anos, “o esporte é seguro e muito gostoso”. O pai,

Cícero Joaquim Neto apoia as filhas na prática do esporte.

“As duas são corajosas, e tiveram medo apenas uma vez no

começo quando deram algumas batidas, mas hoje está tudo

tranqüilo, elas não deixam de participar”, acrescenta o pai.

Além do kart, corridas e campeonatos de moto também são

realizadas no kartódromo, chamadas de Supermoto e Sport 400.

A pista que possui 1.150 metros de extensão no seu percurso

normal e no eixo alternativo, 800 metros no formato oval, são

uma grande atração para quem adora velocidade, mas querem

praticar em um local seguro e apropriado, não colocando a vida

de outras pessoas, correndo pelas ruas da cidade.

Embora seja um esporte agressivo o clima familiar predomina nas

competições. Os irmãos paulistas (da esq p/ dir.) Guilherme e Gustavo

Almeida são presenças garantidas

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De volta ao passado

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Texto e Foto: Maurílio Carvalho

Jessé Pereira da Silva trabalhou de 1959 a 1971 como

motorneiro de bonde. Só parou porque foi impedido por

força maior. O serviço de bonde em Santos foi desativado no

dia 28 de fevereiro do mesmo ano. Quando chegou a Santos,

em meados de 1951, sonhava em se tornar motorneiro.

“Quando completei 22 anos, entrei para a companhia. Fiz um

curso de um mês e comecei a realizar meu sonho”.

Hoje, Jessé revive o que presenciou durante os doze anos

de trabalho, conversando com turistas e curiosos pela história

do bonde, que anda lado a lado com a evolução da cidade

de Santos. Lembra como se fosse ontem o primeiro dia sem

bondes na cidade. “Era um silêncio imenso. Não parecia que

eu estava em Santos.”. Sujeito simpático e de bem com a

vida, conta que várias alegrias da sua vida foram passadas no

bonde. “Sinto falta da comunicação e da cumplicidade que

as pessoas tinham com as outras. Hoje em dia tudo é muito

frio, distante. No passado, os cobradores colocavam as notas

de dinheiro entre os dedos. Hoje em dia não existe mais isso.”

Por iniciativa de empresários e da prefeitura, no dia 23 de

setembro de 2000, a prefeitura inaugurou uma linha turística

no Centro Histórico, com o bonde escocês de prefixo 32.

Motorneiro e cobrador vestem uniforme de época bege,

gravata preta e o quepe, dando mais autenticidade ao passeio.

O guia explica o que significa cada monumento ou marco

que existe no percurso e a importância para a história da

cidade e do País. Panteão dos Andradas, Igreja do Carmo,

Alfândega e Prefeitura de Santos fazem parte do itinerário

do passeio.

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O centenário de circulação dos bondes elétricos em

Santos foi comemorado em 2009. No dia 28 de abril do último

ano, o percurso foi triplicado, aumentando a abrangência de

pontos turísticos do Centro.

A estudante de fisioterapia Nathália Vieira comentou a

importância do bonde para a cidade. “Acho muito bom o

bonde ter voltado a funcionar, pois nós temos a oportunidade

de conhecer mais a cidade”. Para o auxiliar de escritório

Alex Vinícius de Moura, o passeio de bonde é ótimo para

as pessoas que visitam Santos entender um pouco da

importância da cidade no Brasil. “Elas começam a entender

que em Santos foi onde a evolução econômica brasileira

começou, muito pelo fato da demanda do nosso porto e

a Bolsa do Café”. Deslumbrando o passado e entender um

pouco da sua história. A dona de casa Silvana da Costa

adorou o passeio. “Interessante nós sabermos como que era

a cidade antigamente, que só conseguimos entender o que

nos rodeia olhando para o passado.”.

Santos e sua vizinha, São Vicente, eram cortadas por

linhas de bonde, que transportavam milhares de passageiros

todos os dias. Sem perder a alegria de contar o que sabe

sobre sua história, seu Jessé, que faz parte do Projeto Vovô

Sabe Tudo, da Prefeitura de Santos, que conta com mais três

senhores que participaram da história do bonde santista,

continuará com o sorriso largo toda vez que lhe perguntarem

sobre um pedacinho da sua vida.

Panteão dos Andradas — É o mausoléu de José Boni-

fácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, e de

seus irmãos Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e

Silva, Patrício Manuel e Martim Francisco Ribeiro de Andrada.

Igreja do Carmo — Teve sua construção iniciada em

1760 e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Ar-

tístico Nacional, trata de um conjunto arquitetônico colonial

de Santos, composto por duas igrejas entrepostas A Igreja

Nossa Senhora do Carmo possui altar em estilo rococó folhe-

ado a ouro e altares laterais esculpidos em jacarandá. Abriga

obras de Benedicto Calixto.

Alfândega — Nos padrões do ecletismo, com linguagem

clássica austera já com influência art-deco, seu prédio, reves-

tido de granito no térreo e massa raspada nos outros quatro

pavimentos, conta com mais de 90 janelas. A Alfândega con-

trola todas as cargas que entram e saem do Porto de Santos.

Casa do Trem — Considerada o prédio público mais an-

tigo de Santos, a Casa do Trem Bélico tem esse nome devido

ao sentido popular da palavra “trem”, significando “diversos

materiais”. Nela esteve sediada a corporação militar Tiro de

Guerra nº 11, criada em 25 de janeiro de 1908.

Outeiro de Santa Catarina — O local é conhecido por

que nele se erguem os vestígios da primitiva capela de Santa

Catarina de Alexandria, erguida por iniciativa de Luiz de Góes

e sua esposa, Catarina de Aguillar, e que constituiu o núcleo

inicial da vila de Santos no século XVI.

Prédio do Jornal A Tribuna — É o maior jornal em circu-

lação na Baixada Santista e faz parte do Sistema A Tribuna de

Comunicação, que conta com a TV Tribuna.

Igreja do Rosário — Em diferentes fases de sua história,

a Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi inclusive matriz de

Santos, tendo dado nome ao Largo do Rosário (atual Praça

Rui Barbosa, onde está situada) e à Rua do Rosário (atual Rua

João Pessoa, que começa junto a essa igreja).

Monte Serrat — Também conhecido como Morro de São

Jerônimo é um monte na cidade de Santos. O monte têm um

sistema funicular (chamado de bondinho do Monte Serrat)

que faz ligação entre o monte e o centro da cidade. A igreja,

construída no alto do monte, remonta a 1603, e foi erguida

a pedido de Dom Francisco de Sousa, governador-geral do

Brasil de 1599 a 1605 e abriga a Padroeira da cidade, Nossa

Senhora do Monte Serrat.

Catedral — A antiga matriz de Santos, antecessora da

atual catedral, foi demolida em 1907 por estar em avançado

estado de ruína. Em 1909 começou a construção da nova

matriz segundo o projeto do engenheiro alemão Maximilian

Emil Hehl, professor da Escola Politécnica de São Paulo. Hehl

projetou uma igreja em estilo neogótico, em voga na época.

Passando por mais de 40 pontos importantes do Centro de Santos, o bonde é uma das

maiores atrações turísticas da cidade. Abaixo alguns locais que estão no trajeto do bonde:

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O bonde de Santos funciona de terça a domingo, também nos feriados, das 11 horas às 17 horas. Maiores de 60 anos, estudantes (com documento de identificação escolar) e grupos de entidades assistenciais (devidamente certificadas) têm 50% de desconto na tarifa. Partida da Praça Mauá - Centro

QUER CONHECER?

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Page 19: Parada Certa - 1ª Edição

Conforto para todos

Na Baixada Santista, cinco hotéis

oferecem suítes adaptadas a

portadores de necessidades especiais.

Mas, nenhum deles possui acesso

total a todos os tipos de deficiências

Hotéis e Pousadas

Texto e fotos: Carina Seles

Page 20: Parada Certa - 1ª Edição

Em meio ao trânsito agitado, com semáforos mais velozes

que o piscar de olhos, calçadas esburacadas, pessoas esbarrando

umas nas outras, enfim uma rampa. No bairro do Gonzaga.

Seguindo por seus corrimões dourados, que me serão úteis em

algumas situações, logo um rapaz é direcionado a auxiliar-me

em direção ao balcão alto. Fico com a cabeça abaixo da linha de

visão do recepcionista, que dá o cartão-chave do quarto para o

funcionário que me acompanha pelo elevador.

A caixa de transporte é confortável e espaçosa, permitindo

a cadeira de rodas, mais quatro pessoas com folga. O corredor,

ora espaçoso ora estreito, permite que eu chegue ao quarto

com alguma dificuldade. A porta é aberta com o cartão. No

local, há a sensação de poucos móveis, mas não é isso. Os

espaços vazios são grandes para comportar o equipamento.

Vou ao banheiro e consigo entrar no box. Me agarro nos

corrimões verticais de apoio para tentar sair da cadeira e

sentar no assento destinado para tomar banho. Um pouco

difícil de sentar, a dica é ter força nos braços.

Para lavar as mãos, mesmo com a pia mais baixa, é

necessário muito esforço para a água bater nas mãos. Pelo

menos as toalhas estão localizadas abaixo da pia. Consigo

secá-las facilmente. No quarto, deito na cama com dificuldade.

Não possuo nenhuma deficiência, e mesmo assim, encontrei

obstáculos nos quartos destinados a pessoas que necessitam

de um atendimento personalizado e confortável. Imagine

todo esse percurso realizado por uma pessoa realmente com

necessidade física. Ou visual.

Segundo o último levantamento do IBGE, em 2000, Santos

possuía 417 mil habitantes. Destes, 50 mil possuíam algum

tipo de necessidade especial. O líder do ranking na época foi a

deficiência visual, incluindo a baixa visão. Na Baixada Santista,

há apenas cinco hotéis adaptados. Nenhum destes possui

acesso total a todas as deficiências. O caso mais inusitado e

surpreendente é o acesso a portadores de deficiência visual

com cão-guia. Dos cinco hotéis adaptados, três se negaram

a receber uma pessoa em porte de um cão-guia. A exceção

ficou por conta do Mendes Plaza Hotel, em Santos, e do Casa

Grande Hotel, no Guarujá .

Segundo ligações realizadas para o setor de atendimento

do hotel em Guarujá no mês de setembro, não há problema em

hospedar uma pessoa com cão-guia. Porém, segundo o gerente

Herman Montoya, é interessante verificar a época de reserva. “O

resort é um local de conforto de lazer. Caso haja muitos eventos

de empresas, pode gerar desconforto por parte da pessoa

portadora de necessidade. É interessante analisar bem os fatos”,

afirmou. O local possui duas suítes adaptadas.

De acordo com as leis 11.126/05 e 5.904/06, Artigo 1º: “É

assegurado à pessoa portadora de deficiência visual usuária

de cão-guia o direito de ingressar e permanecer com o animal

nos veículos e nos estabelecimentos públicos e privados de

uso coletivo”. A multa de acordo com Artigo 6o, no caso de

impedir ou dificultar o ingresso e a permanência do usuário

com o cão-guia nos locais definidos no ou de condicionar

tal acesso à separação da dupla gira em torno de R$ 1 mil,

podendo chegar até R$ 30 mil.

Segundo Edson Moura, presidente da Associação

Bengala Leve, não existe adaptação real. “Normalmente, há a

dificuldade de identificação do quarto, além do problema do

cão-guia. Mas isso é lei!” Moura citou o caso publicado no site

(http://www.oncb.org.br/oncb-news-n%C2%BA-2.html) da

Organização Nacional de Cegos do Brasil. Ali se lê que Alberto

Clovis Pereira não conseguiu realizar reserva em um hotel no

estado do Paraná por ser usuário de cão-guia.

De acordo com o site, “na primeira, quando disse ser

usuário de cão guia e pessoa cega, recebeu a informação

de que o hotel já estava lotado para os dias do evento. Na

segunda tentativa, sem se identificar como cego, Pereira

conseguiu com facilidade a sua reserva para os quatro dias”.

Edson Moura conta que ficou cego após levar um soco no

olho esquerdo, em 2006. Tendo obstruído áreas importantes

do órgão, como o cristalino, acabou ficando cego também do

olho direito devido a medicamentos e problemas de saúde.

Seu cotidiano foi modificado inteiramente. “Vivo agora um

novo mundo, com muito mais dificuldades”, diz.

A adaptação dos afazeres dentro de casa foi mais fácil do

que na rua. Até hoje Moura corre um constante risco de sofrer

um acidente, mesmo na calçada. No momento da entrevista,

ele estava com um arranhão a partir do olho direito até o

cabelo. “Passei rente a um muro que tinha, infelizmente, um

palito de churrasco que pegou nesta parte do rosto. Quase

fico cego de novo”.

Ele conta que há dois principais perigos urbanos. As

árvores baixas, em grande quantidade na cidade e as calçadas

esburacadas. “Brinco que elas estão em braile”, diz Moura,

que também é engenheiro na área de elétrica, aponta para

que políticas sejam tomadas em benefício aos portadores de

deficiência.

Em relação aos hotéis, o engenheiro diz que a falta

de treinamento dos funcionários faz com que seja muito

complicado a estadia de uma pessoa com deficiência. No caso

dele, a dificuldade fica em conhecer e identificar espaços e

corredores.

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Page 21: Parada Certa - 1ª Edição

Segundo último levantamento do

IBGE, em 2000, Santos registrava

cinqüenta mil habitantes com

algum tipo de deficiência

Page 22: Parada Certa - 1ª Edição

O interior das suítes adaptadas do Mendes Plaza Hotel possui banheiros com maior espaço para locomoção de cadeiras de rodas, instalação de barras de segurança nos boxes, além da diminuição na altura dos móveis

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Page 23: Parada Certa - 1ª Edição

O desafio dos hotéis e pousadas de Santos é melhor o atendimento para

portadores de todos os tipos de deficiência, sem restrições

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Page 24: Parada Certa - 1ª Edição

:: Casa Grande Hotel (Avenida Miguel Estéfano, 1.001, Enseada). O valor da diária em período de baixa temporada gira em torno de R$ 507, com o adicional de 10%. Telefone: (13) 3389-4000.:: Mendes Plaza Hotel, torre Panorama (Rua Euclides da Cunha, 15) e Plaza (Rua Floriano Peixoto, 42). A estadia gira em torno de R$ 236 a R$ 324, a diária para uma pessoa. Informações (13) 3208-6400 ou www.mendeshoteis.com.br.:: Hotel Parque Balneário (Avenida Ana Costa, 555). Telefone: (13) 3285-6900.:: Hotel Praiano (Avenida Barão de Penedo, 39, José Menino) possui uma suíte adaptada, assim como o Carina Flat Hotel (Rua Ministro João Mendes, 271, Aparecida). Telefones: (13) 3237-4033 e 3236-3838, respectivamente.

QUER CONHECER?

Page 25: Parada Certa - 1ª Edição

O PrOblema

Segundo Luciano Marques, coordenador de Defesa de

Políticas para Pessoas com Deficiência, o problema da falta de

acessibilidade, tanto em infraestrutura quanto em atendimento

correto, se dá pela falta de consciência empresarial. “O próprio

poder público não cumpre”. Marques, que é cadeirante por

causa de uma poliomielite, diz que Santos está se preparando

para recebê-los, mas está em um processo inicial: “A cidade

tem um potencial turístico muito grande. É um erro os

empresários acharem que nós, deficientes, não temos acesso

ao capital, que não temos poder de consumo”.

Marques diz ainda que a falta de conscientização direciona

erroneamente as pessoas imaginarem que acessibilidade é

apenas acesso à cadeira de rodas. “Não é apenas isso. O hotel

deve pensar em capacitar seus funcionários em aprender libras,

por exemplo, pois como se comunicar com um deficiente

auditivo, caso ele não saiba fazer leitura labial? Como acordá-

lo se ele não escuta? No caso do deficiente visual, ele poderá

entrar com o cão-guia? Como ler os panfletos de pontos

turísticos? Essas perguntas ainda não foram feitas”, diz.

O mesmo afirma o turismólogo e funcionário público

Marcos Neves da Silva, autor do trabalho de conclusão de curso

“Valorização da Pessoa com Deficiência no Turismo de Praia

Grande”, em 2009. Silva, que teve um dos braços amputados

em um acidente, ressalta que adaptações no tratamento e

hospedagem devem ser realizadas com urgência, visto que as

mudanças estão ocorrendo na legislação.

lOCais

No Mendes Plaza Hotel, nas torres Panorama e Plaza, no

Gonzaga, há no total 244 apartamentos. Quatorze deles são

adaptados, ou seja, 5,7% das unidades. Isso é mais do que

o recomendado pelo Decreto Lei 5296/04, de 5%. Segundo

a assessoria do hotel, a torre Panorama possui apartamentos

adaptados do primeiro ao quinto andar.

Já a torre Plaza possui apartamentos adaptados do primeiro

ao nono andar. A largura das portas dos apartamentos e dos

banheiros foi ampliada, agora a área total dos apartamentos

varia de 31,4 a 34,55 metros quadrados, o que permite acesso,

manobra e espaço de transferência de cadeiras de rodas.

Frente à cama estilo queen size (com estrado de madeira

diretamente no chão e colchões altos), há uma escrivaninha

na altura de uma cadeira de rodas, permitindo o encaixe do

equipamento.

No banheiro, há barras de segurança nas paredes, além

de acento dobrável no box, que permite que o hóspede tome

banho sentado. O chuveiro possui torneira mais baixa e sua

abertura é feita empurrando-a. Em todo o apartamento, a luz

se acende e apaga sozinha, após 30 segundos do ambiente

ficar com ausência de movimento.

O hotel, considerado cinco estrelas, fica em cima de um

shopping center. O acesso aos dois lugares se dá por meio de

elevador adaptado, para a torre Plaza e para uma das entradas

do shopping, e rampa de acesso para a torre Panorama, para a

outra entrada do centro de compras e na garagem.

Segundo a administração do hotel, a iniciativa faz parte

da nova política de gestão, em processo de implantação.

Essa ação posicionaria o Mendes Plaza como um dos hotéis

com maior índice de apartamentos adaptados em relação

ao total de unidades habitacionais da hotelaria nacional. O

Hotel Parque Balneário, também no Gonzaga, possui duas

unidades adaptadas. A estadia para duas pessoas, incluindo

vaga no estacionamento, fica em torno de R$411, com 2% de

acréscimo. Outros hotéis na Cidade que abrigam apartamentos

adaptados são o Hotel Praiano com uma suíte, e o Carina Flat

Hotel, porém não há acessibilidade com cão-guia.

PrOjetOs

Segundo Marques, a prefeitura realizou a 5ª Conferência

da cidade no ano passado, onde foi apresentado projetos

a longo prazo na área de acessibilidade. Uma das

contrapropostas apresentadas pelas próprias pessoas com

necessidades especiais foi a sonorização de 30 semáforos

nas vias consideradas perigosas, nas principais avenidas da

cidade, além de um letreiro acoplado ao sinal, permitindo que

o motorista fique atento quanto a travessia de uma pessoa

com necessidade especial. Segundo a prefeitura, os projetos

estão em fase de aprovação. “É importante os hotéis ficarem

atentos a grandes eventos que virão nos próximos anos, como

a Copa em 2014”, diz o coordenador do Condefi.

A cama estilo queen size possui estrado de madeira diretamente no chão e colchões altos

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Page 26: Parada Certa - 1ª Edição

‘Born to be wild’ O turismo de aventura tem sido uma das

grandes apostas do mercado nacional.

No Guarujá, a prática de rapel e escalada

tem endereço certo, o Morro do Maluf

Aventura

Texto: Danilo Netto

Fotos: Frank Silva

Page 27: Parada Certa - 1ª Edição

Adrenalina, aventura, diversão e superação de

obstáculos. Tudo isso de fácil acesso e em companhia de

uma das mais belas paisagens do litoral paulista, o Morro

da Campina, mais conhecido como Morro do Maluf, no

Guarujá. Local onde as pessoas se reúnem para praticar

rapel e escalada, esportes que requerem boa forma física,

paciência e concentração. Quando o dia termina o morro

vira ponto de encontro entre os jovens.

O rapel e a escalada exigem que cada passo seja

planejado e calculado para que se atinja o objetivo indicado

de forma mais segura.

Mesmo ficando durante horas escalando e suando a

camisa, muitos utilizam a prática para se liberar do estresse

cotidiano, para ter contato com a natureza. “No final, todos

sentem prazer, uma das sensações mais maravilhosas

do mundo”, diz o montanhista Frank Silva, que pratica o

esporte há 20 anos.

Para quem quer iniciar nessas modalidades, algumas

agências organizam aulas e também passeios turísticos. No

próprio Guarujá, o custo para o curso de rapel na agência

Nau Brasilis custa 150 reais, com equipamento completo e

acompanhamento de instrutores. Já o de escalada é feito

em dois finais de semana e custa 290 reais.

O fácil acesso ao Morro do Maluf é uma das razões que

atrai curiosos e turistas. A entrada se dá pela Praia da Enseada,

com a opção de subida de carro (média de dois minutos para

chegar ao pico) e a pé (média de dez minutos).

Do seu topo, a mais de 65 metros de altura, é possível ver

toda a orla da Praia da Enseada e do outro lado a vista de toda

a cidade do Guarujá. “Temos o mar em contato direto com

o mundo urbano, então junta a natureza com o moderno”,

descreve Frank Silva.

Localizado a seis quilômetros da cidade de Santos, a

primeira vista o que chama a atenção é o visual do morro

que divide as belas praias de Pitangueiras e Enseada. “A

vantagem de fazer esses esportes aqui se resume à beleza

cênica, vista de frente para o mar, dificilmente encontrada em

outro local”, conta o biólogo Mauro Vidal, professor das duas

modalidades no Morro do Maluf.

Os 84 mil metros quadrados de área verde em meio à

Serra de Santo Amaro apresentam uma vegetação rasteira

de capim ou grama e rochas rupestres — vegetação que

cresce em rochas. A vegetação original da Mata Atlântica foi

eliminada devido às construções de edifícios.

Page 28: Parada Certa - 1ª Edição

O visual é um dos principais motivos para a prática de esportes no Morro do Maluf, que corta as praias de Pitangueiras e Enseada

Para segurança, além dos equipamentos adequados, o ideal é ir sempre acompanhado para evitar acidentes

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Page 29: Parada Certa - 1ª Edição

Mesmo com a chegada da urbanização é um ótimo espaço para fazer trilhas com amigos e aproveitar a vista que o lugar oferece.

Segurança é a palavra-chave quando o assunto é esporte radical, e para essas modalidades não é diferente. Para a prática

do rapel é necessário cadeirinha, mosquetões e cordas, capacete e luvas de proteção para as mãos. Já na escalada é preciso

todos esses equipamentos mais sapatilha adequada. “A questão básica, além dos equipamentos, seria de nunca rapelar ou

escalar sozinho para evitar riscos de acidentes”, alerta o biólogo Vidal. Quando se usa todos os equipamentos certificados e

conferidos, se torna um esporte totalmente seguro, tanto que Frank Silva rapela com seu filho que tem apenas três meses.

Outras vantagens do morro são o tipo de formação rochosa, que

não machuca as mãos, a localização e o fato de não haver vias de

grau muito elevado para a prática das modalidades.

Um local ideal parar quem está começando e também para

aquela galera fanática por praia. O Morro do Maluf no

Guarujá pode ser uma boa opção de bate e volta para

quem mora em São Paulo. “A fase de descida fica

de frente para a praia da Enseada.

Dessa forma, na parte da manhã,

favorece a visibilidade dos

obstáculos”, diz Vidal.

A vegetação rasteira e o tipo formação

rochosa tornam o local procurado

para a pratica de rapel e escalada

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Page 30: Parada Certa - 1ª Edição

Distante 90 quilômetros de São Paulo, o acesso se faz pelo sistema Anchieta/Imigrantes, descendo a Serra do Mar em direção ao litoral Sul de São Paulo. Já na parte baixa da Serra, pega-se a via Piaçaguera, ficando sempre atento às placas Enseada/Guarujá. Chegando à praia da Enseada, siga em direção ao Morro que fica entre a praia da Enseada e Pitangueiras.

QUER CONHECER?

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Page 31: Parada Certa - 1ª Edição

A Limite Radical Rappel Jump SP

é uma das equipes que

comparecem com freqüência

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Page 32: Parada Certa - 1ª Edição

Por onde seguir?

Especial

Em tempos de Google Maps

parece que ficou mais simples

achar a localização exata de

lugares e cidades. Mas não se

engane, a sinalização errada,

ou falta dela, pode transformar

um agradável passeio em uma

frustração. Para evitar essa

situação, a Agem desenvolveu

o projeto Sinaltur que visa

instalação de placas indicativas

em toda a Baixada Santista

Texto e fotos: Alexandre Alves

Page 33: Parada Certa - 1ª Edição

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shop

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il.co

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Page 34: Parada Certa - 1ª Edição

Imagine-se na pele de um turista estrangeiro durante o

período da Copa do Mundo de 2014 em uma das cidades do

litoral paulista, sendo que você nunca visitou a região antes e

não sabe falar português. A partir desse exemplo citado pelo

secretário de Turismo de São Vicente, Brito Coelho, podemos

ter uma noção da importância que um dos projetos da Agência

Metropolitana da Baixada Santista terá daqui a quatro anos.

Trata-se do plano de sinalização regional de caráter turístico,

o Sinaltur, que tem por objetivo padronizar placas em todas as

cidades da Baixada Santista, de maneira que o turista que está

de carro possa se localizar e que facilite a sua locomoção para

diversos pontos turísticos. Além disso, serve também para que o

motorista que venha ao litoral, esteja ele em Bertioga ou Peruíbe,

saiba que está dentro de uma única região metropolitana.

Segundo pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo, que

avaliou diversas categorias relacionadas à infraestrutura dos

municípios para receber turistas para a próxima Copa do Mundo,

exceto capitais, Guarujá, Santos e São Vicente ficaram acima da

média nacional e receberam o título de cidades indutoras, ou

seja, aquelas que deverão ser indicadas para quem for visitar

o País. Entretanto, uma das críticas que o estudo fez à região

foi, justamente, a sinalização turística. “Esse é um dos itens que

devem ser resolvidos para que a Baixada Santista possa receber

melhor os turistas em 2014”, diz Coelho.

Para a arquiteta da Agem, Tamara Gakya, a padronização das

placas de sinalização em toda a Baixada facilitará ao turista que

esteja em um dos municípios da região metropolitana chegar

em pontos turísticos de outras cidades também. Ela explica que

quem estiver em Cubatão — passagem obrigatória para quem

sai da Capital do Estado para o litoral — poderá saber como

se faz para chegar a um local em Praia Grande ou Guarujá, por

exemplo.

Ela explica que o símbolo da Região Metropolitana

da Baixada Santista (RMBS) e o tamanho padronizado do

pictograma são características que ajudarão a diferenciar as

placas do Sinaltur: “A linguagem será trilíngue (espanhol, inglês

e português). Elas terão uma película que reflete as luzes dos

carros. Portanto, vão ter mais visibilidade e mais resistência,

também. Afinal de contas, não adianta ter informações corretas,

mas estas serem de difícil visualização. Então, temos um

tamanho certo, distância, altura... tudo padronizado”.

Além das que serão feitas para o trânsito, haverá placas

terrestres em frente aos pontos turísticos com informações mais

específicas sobre cada local.

As placas existentes na cidade de Santos e em toda a Baixada Santista pouco informam sobre o local e o caminho a ser seguido

As placas Interativas fazem parte do novo projeto da Agem para facilitar a localização dos pontos turísticos,

além de passar informações imediatas do local a ser visitado

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Page 35: Parada Certa - 1ª Edição

Um diferencial das placas

em Santos é a tradução

para outro idioma, o inglês

Page 36: Parada Certa - 1ª Edição

Praia Grande284

Itanhaém174

Mongaguá136

Peruíbe151

Quantidade de placas de sinalizações turísticas a serem implantadas na Baixada Santista

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Page 37: Parada Certa - 1ª Edição

Bertioga94

Cubatão59

Santos111

São Vicente139

Guarujá168

Apesar de o Sinaltur procurar manter um padrão entre as cidades da região e favorecer municípios de menor porte que não possuem

condições suficientes para tocar um projeto equivalente, Santos, município mais bem estruturado da região, possui um tipo de

sinalização turística própria. “As placas marrons que vemos na Cidade não são nossas, é um projeto da CET com a Prefeitura.

Eles sabiam que a Agem estava executando um projeto, mas não quiseram esperar e fizeram um padrão deles que é diferente do Sinaltur.

Uma pena porque perde as características”, lamenta a arquiteta.Para dar início ao projeto, a Agem disponibilizou uma verba estadual

de R$ 100 mil para cada um dos nove municípios da Baixada Santista, mas segundo a própria Agência Metropolitana, a verba não será

suficiente para a instalação de todas as placas previstas nos relatórios. Tamara diz que cada cidade tem seu ranking de prioridade das

sinalizações mais importantes que deverão ser instaladas logo, portanto mais urgentes, e que isso não significa que mais dinheiro não possa ser

investido depois para a conclusão. Entretanto, nada impede que as prefeituras busquem recursos de

outras fontes de renda: “O combinado é que metade do investimento seja da Agem e outra de responsabilidade do município, seja com

recurso próprio ou federal, de forma que seja melhor para eles".

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Page 38: Parada Certa - 1ª Edição

Conheça algumas das placas que estão sendo planejadas pela Agem

Placa de Identificação do Atrativo Turístico

Placa indicativa

Placa Interpretativa

38

Page 39: Parada Certa - 1ª Edição

São Vicente, por exemplo, é um dos municípios que

recebem verba do Ministério do Turismo para tocar o projeto.

O secretário Brito Coelho diz que o valor será liberado pela

Caixa Econômica Federal conforme a instalação das placas.

“Os técnicos do banco analisam o que será feito, e assim,

liberam o dinheiro”.

A parte preliminar do projeto teve seu relatório final

divulgado em dezembro de 2005, e nele foram decididas

questões de padronização dos modelos das placas, as rotas

e como seria a sinalização. Já a parte executiva, concluída em

outubro de 2008, teve um perfil mais detalhado com questões

sobre abreviações dos nomes dos locais, tamanho das placas

e conteúdo mais aprofundado a respeito de cada município.

Entretanto, segundo a arquiteta da Agem, como nesse período

houve mudança de poder em parte das cidades da região, o

projeto levou mais tempo do que se esperava. Por causa disso,

Tamara explica que a agência ainda não tem informações de

placas do Sinaltur instaladas na região.

O papel de cada município nisso tudo é de solicitar a

verba que têm direito, realizar uma licitação pública para a

contratação de uma empresa para executar o trabalho e cuidar

da manutenção. Por outro lado, além de fazer o projeto e

levantar recursos, a Agem deverá fiscalizar o trabalho feito pelas

prefeituras com o dinheiro estadual e verificar se a sinalização

feita nos nove municípios da região metropolitana seguem o

padrão estabelecido pelo Sinaltur. Para Brito Coelho, o projeto

é um passo que região dá para corrigir uma série de falhas que

a região precisa. “Temos que sair da cara de região de veraneio

para nos tornarmos uma região turística, que recebe visitantes

o ano inteiro e não em razão da praia e do sol, esse é nosso

objetivo”.

Welma Barbosa, também de Maceió, diz que a sinalização de Santos facilita para o turista.

“Acredito que quem vem para cá não tem dificuldades em conhecer a Cidade”

Para Francisco Justino, de Maceió, a sinalização de Santos é boa, mas a de São Vicente e Praia Grande... “Aqui em Santos, por enquanto, não tenho problema, mas em São Vicente e Praia Grande, a sinalização não ajuda. Para nós, que somos de fora, fica difícil chegar em alguns pontos turísticos”

O turista de Manaus, Célio Paiva, aprova a sinalização

turística de Santos. “Por

enquanto não estou tendo dificuldades

para conhecer a Cidade. Estou há

dois dias aqui”.

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Page 40: Parada Certa - 1ª Edição

Na PistaVocê precisa aproveitar todos os dias da sua viagem... e as noites também!A região oferece bares e baladas para todos os gostos

Vida Noturna

Texto e fotos: Mariana Aquila

Page 41: Parada Certa - 1ª Edição

x

seven disCO É a casa mais nova. Foi aberta neste ano (2010) e já é uma referência na

música eletrônica e black music. Famosa pelas festas temáticas, pelo luxo e pelo

teto equipado com cerca de 1000 leds (luzes), todos os eventos e fotos podem ser

conferidos através do site www.sevendisco.com.br.

A recepção é inspirada e decorada como uma recepção de hotel e os frequentadores

são recebidos por garotas, chamadas de “cartoletes”. Todas elas possuem uma

cartola verde, símbolo da Seven. Se você não exita em gastar, também pode ter uma

cartola. Quem gastar 1000 reais de consumação em uma noite, ganha uma cartola

personalizada, além de uma garrafa de champanhe.

Possui três bares, que são famosos pela caipirinha de saquê de maracujá e de

abacaxi, banheiro para deficientes e camarotes. A casa abre as sextas e sábados (não

necessariamente os dois dias em todos os finais de semana) e os preços são sempre

os mesmos. Mandando o nome para a lista até às 20 horas (seven@sevendisco.

com.br), mulher: 40 reais e homem: 80 reais. Telefone: (13) 3222-4222 e também é

proibida a entrada de menores de idade. Fica na Avenida Senador Feijó, 557, Santos.

Foto: http://blog.malanconi.com.br

Page 42: Parada Certa - 1ª Edição

australianO bar Para os que gostam de um bar frequentado por gente jovem, animada e ao som da

surf music. Todo decorado com traços australianos, o cardápio é composto de lanches

e porções quentes e frias. A mais famosa é a de batata com cheddar e bacon, eleita

uma das melhores de Santos. A porção pequena custa 12 reais (recomendada para duas

pessoas) e a grande, 24 reais.

Além dos comes, os bebes também são variados: sucos, refrigerantes, drinques e

cervejas, estas de todos os lugares do mundo, como a Guinnes, fabricada em Dublin

(Irlanda). Equipado com televisão de plasma. Na tela, clipes musicais e cenas de surfe

profissional. Tudo para entrar no clima.

A entrada é gratuita e cartão de crédito não é aceito, apenas o de débito. O bar fica

na esquina da Avenida Siqueira Campos (Canal 4), com a Avenida Bartolomeu de Gusmão

(praia), em Santos. Telefone: (13) 3345-6318. Abre a partir das 17 horas, de terça a domingo.

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Page 43: Parada Certa - 1ª Edição

Hamburgueria santista Pão quentinho, recheado com uma carne suculenta. Isso lembra o quê?

Hamburguer, claro! Para quem gosta a dica é conhecer a casa. O cardápio apresenta

diversas opções de molhos, saladas, complementos e tipos de carne (frango, calabresa,

filé mignon e picanha, mais avestruz e cordeiro). Você pode montar o seu próprio

lanche, ou então, optar pelos números prontos, que variam entre 13 e 25 reais por

pessoa. Os lanches recebem o nome dos canais de Santos. Por exemplo, o Canal 6:

hambúrguer de picanha, cheddar e cebola picadinha no molho shoyu. As bebidas vão

do refrigerante aos sucos e passam pelos milkshakes.

O local é todo decorado com fotos antigas da cidade. Possui três ambientes, abre todos

os dias e aceita todos os tipos de cartões. (comanda por mesa). Avenida Azevedo Sodré, 83.

Abre a partir das 19 horas (fecha após a saída do último cliente). Telefone (13) 3221-9464.

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Page 44: Parada Certa - 1ª Edição

Foto: http://3.bp.blogspot.com

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Page 45: Parada Certa - 1ª Edição

givClub Inaugurada em 2007, fica em uma das principais avenidas da Santos, a Ana Costa, 24.

Conhecida por trazer DJ's mundialmente famosos, como o inglês Chris Lake e o canadense

Deadmau5, a casa valoriza a música eletrônica. Equipada com três bares, o cardápio de

drinques é grande. O mais famoso é a caipirinha de saquê de morango, que custa 16 reais.

A pista de dança é agitada por uma iluminação 3D e possui camarotes.

O telefone de contato é: 3222-3940 e o site: www.givclub.com.br. Lá você pode conferir

a agenda de convidados do mês, além das fotos tiradas pela fotógrafa da casa.

Abre à 1 da manhã, só funciona aos sábados e é proibida a entrada de menores de

18 anos (o RG original ou a CNH precisa ser apresentado na porta). Os preços variam.

Mandando nome para a lista ([email protected]) até as 20 horas o valor é todo

revertido para consumação. Quando o DJ é nacional, mulher paga 30 reais e homem, 70.

Quando o DJ é internacional, mulher paga 40 reais e homem, 80.

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Page 46: Parada Certa - 1ª Edição

x

luCky sCOPe Eclética se falando de estilo musical. Valoriza o pop, rock, pagode, samba e o

eletrônico. Criada há 13 anos, pode-se dizer que é a maior casa. Tem três ambientes

(abertos e cobertos), cinco bares, 22 camarotes, chapelaria, seis banheiros.

Vários grupos musicais se apresentam, como o Grupo Feitiço, que já é fixo da casa

e toca pagode. O estilo techno também aparece em um dos ambientes, sempre aos

sábados. Um dos ambientes da casa é o Clube do Whisky, local mais reservado.

A faixa etária é a partir dos 25 anos. Já eleita como a melhor casa do Brasil pela

revista Veja. O preço mínimo da entrada é de 15 reais, apresentando carteira de

estudante.

O endereço é Praça Walter Bellian, 89, no bairro Guaiúba, Guarujá. Informações e

reservas pelo telefone (13) 3354-2984/3354-3002 ou pelo site www.luckyscope.com.br.

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Page 47: Parada Certa - 1ª Edição

santOs CHOPP Eleita como a melhor choperia do estado de São Paulo pela Real Academia do Chopp.

O público-alvo são os adultos que apreciam o chope da Brahma bem gelado, claro

ou escuro. Para acompanhar, porções de seis pastéis de carne, queijo ou calabresa. As

bruschettas também são famosas: tomate com parmesão, mussarela de búfala, berinjela

e mistas. Custam a partir de 16 reais. Em dias de jogo de futebol, o bar é uma boa opção.

Os telões fazem sucesso e a casa lota de torcedores, santistas, na maioria das vezes.

Estacionamento sinalizado com a placa do local, entrada e banheiro para deficientes.

Possui 210 lugares e aceita todas as formas de pagamento, menos cheque. É possível

fazer reservas de mesas pelo telefone 3224-9134 e conferir todo o cardápio, fotos,

vídeos e a localização pelo site www.santoschopp.com.br. Abre às 17 horas de domingo

a sexta e sábados e feriados, a partir das 16 horas. Rua Azevedo Sodré, 76, Vila Rica.

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Page 48: Parada Certa - 1ª Edição
Page 49: Parada Certa - 1ª Edição

Uma Rua de dar água na boca

Sua próxima viagem pode incluir um

roteiro gastronômico indicado para todos

os gostos. A Rua Doutor Tolentino Filgueiras,

em Santos, oferece restaurantes com

especiarias de todas as partes do mundo

Bom apetite

Texto: Letícia SchumannFotos: Ivan De Stefano

Page 50: Parada Certa - 1ª Edição

A Rua Doutor Tolentino Filgueiras vem se tornado

referência no quesito gastronomia em Santos. Com ótima

localização, belos restaurantes e uma variedade de estilos

culinários fica difícil não se interessar por ela em sua visita

ao litoral.

Localizada em um dos bairros nobres da cidade, o

Gonzaga, esse eixo gastronômico se encontra entre a

Avenida Ana Costa e o Canal 3. É um trecho que estimula

sensações. É impossível não se encantar com o visual

proporcionado pela decoração das casas. Além disso, o

trânsito facilita o passeio, com estrutura de estacionamento

e segurança.

Guardadas as devidas proporções, ao percorrer esse

trecho da Tolentino é como se fôssemos transportados

para as ruas famosas dos restaurantes de Nova Iorque ou

então para a Rua 13 de Maio, no Bixiga, em São Paulo.

Classificada por muitos frequentadores como “a cara da

riqueza”, a rua enche os olhos de quem passa por lá devido

ao glamour natural que se encontra estampado em cada

detalhe que foi propositalmente planejado para chamar a

atenção até dos mais desatentos.

Nela se encontra restaurantes especializados em

culinária japonesa, chinesa, mexicana, italiana, carnes,

hamburguês e doces. Possui também em suas imediações

padarias, choperias, pelo menos uma churrascaria e bares

dos mais diversos estilos. Quem frequenta esse trecho da

Tolentino Filgueiras não sabe que tudo começou ao acaso,

e a rua que é atualmente promessa da gastronomia santista

não passava de uma rua residencial pacata e tranquila.

Sócio-proprietário da Cantina De Lucca, Servando

Rodriguez foi quem deu o pontapé inicial. Era preciso

achar um local onde pudesse montar o empreendimento.

Foi na Tolentino que ele achou a casa onde instalou o

primeiro restaurante da rua, montado há oito anos e que

hoje é uma das referências em culinária italiana na cidade.

Rodriguez se sente orgulhoso por ter descoberto uma

rua que hoje é tão importante para a cultura gastronômica

de Santos. “Acho que daqui a alguns anos só existirão

centros de culinária aqui nesse trecho”. Ele diz que o

sucesso e a aceitação do público pelo local foi imediato

e que quando percebeu já havia diversas casas no local.

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Page 51: Parada Certa - 1ª Edição

tOlentinO's:: De quinta a domingo, das 19 horas à meia-noite. :: Sexta e sábado, das 19 horas à 1 da manhã.:: (13) 32844319

QUER CONHECER?

Page 52: Parada Certa - 1ª Edição

x

kHOndHy — COmida jaPOnesa

:: De domingo a quinta, das 19 horas à meia-noite. Sexta e sábado, das 19 horas à 1 da manhã.:: (13) 3288.1290 - 3288.1290 :: Delivery: (13) 3288-1290 - 3288-1290 :: www.kondhy.com.br

QUER CONHECER?

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Page 53: Parada Certa - 1ª Edição

x

yOw — COmida jaPOnesa

:: De quinta a domingo, das 19 horas à meia-noite.:: Sexta e sábado, das 19h à 1h:: (13) 3321.8489 — 3286.4184 :: www.yowsushi.com.br

QUER CONHECER?

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Page 54: Parada Certa - 1ª Edição

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Page 55: Parada Certa - 1ª Edição

x

Parrila san PablO — COmida argentina

:: De terça a sábado, do meio-dia às 16 horas e das 19 horas à meia-noite.:: Domingo, do meio-dia às 17 horas.:: (13) 3288.1982:: www.parrilasanpablo.com.br

QUER CONHECER?

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Page 56: Parada Certa - 1ª Edição

Cantina de luCCa — COmida italiana

:: De segunda à sexta-feira das 11h30 às 15 horas e das 18 horas à meia-noite:: Sábados das 11h30 às 16h30 e das 18 horas à 1 da manhã:: Domingo das 11h30 ás 17 horas e das 18h30 à meia noite:: (13)32840444 – 32847711:: www.cantinadelucca.com.br

QUER CONHECER?

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Page 57: Parada Certa - 1ª Edição

Outro empresário que apostou na rua Tolentino

Filgueiras é Gustavo Moreira, dono do restaurante Japonês

Yow. Há três anos, ele decidiu montar o negócio e procurou

referências que pudessem satisfazer as suas necessidades

e que atraíssem cada vez mais clientes.

Encontrou então o ponto onde se localiza hoje um

dos mais refinados restaurantes japoneses da região.

“Quando montei o restaurante aqui eu já esperava que o

comércio de restaurantes e bares na rua iria crescer. Achei

interessante fazer parte disso”, comemora.

O local continua em ascensão. É o que garante a

corretora de imóveis, Ana Claudia Silva: “Encontrar casas

para aluguel na Rua Tolentino Filgueiras não é fácil e

quando se encontra os imóveis são de altíssimo custo. É

preciso ter calma para pesquisar bastante e conseguir um

bom lugar”.

O proprietário do restaurante argentino Parrilla San

Pablo, Adilson Durante Filho, deu sorte. Dono de três casas

com o mesmo nome em São Paulo, ele decidiu descer a

serra e se instalar em Santos em março. Foram meses de

espera até achar o local que julgou adequado para abrigar

a estrutura aos moldes do seu restaurante.

Após realizar pesquisas de púbico e de local, não teve

dúvidas ao escolher um imóvel na “rua da gastronomia”,

como ele mesmo define: “A casa adequava o modelo

proposto e o ponto era excelente. Não me arrependi, e o

meu lucro é cada vez maior".

O restaurante tem dado super certo”, garante. O maitrê

Elieser Campos concorda e acrescenta. “Com seis meses

de casa já conquistamos um público fiel e de alto nível”. O

restaurante fica numa das casas mais lindas da rua.

Freqüentadora dos restaurantes da região, Roberta

da Silva Augusto, de 27 anos, diz: “Aqui na Tolentino o

ambiente é agradável, as pessoas são bonitas e e a

comida é de ótima qualidade”. A rua oferece um clima de

aconchego, sendo quase que impossível passar por ela,

entre os bares, e não dar uma parada para conferir alguns

dos diferentes tipos de culinária espalhados pelo lugar.

O casal Dulce e Celso Almeida frequentam a rua desde

a instalação do primeiro restaurante. “Eu não imaginava

esse crescimento gastronômico aqui na rua. Mas acho

isso ótimo. É sempre bom aumentar o leque de opções

quando se trata de restaurantes de bom gosto”, diz Dulce.

“Nossa família é muito grande, então cada vez que vem

um sobrinho, um irmão, um primo nos visitar, trazemos

eles para a Tolentino”, conta Almeida.

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Page 58: Parada Certa - 1ª Edição

Família

Page 59: Parada Certa - 1ª Edição

Uma fazendana praia

Natureza, terra batida e muitas atrações para

o fim de semana. Tudo isso pode ser encontrado

na estrada da Água Branca, em Mongaguá.

Uma cidade no litoral sul de São Paulo,

mas que guarda um jeitinho

interiorano em sua essênciaTexto e fotos: Aline Porfírio

Page 60: Parada Certa - 1ª Edição

Família Ogawa da esquerda para a direita: Carolina, Marcelo (filho), Ayumi (filha), Marcelo e Luciana (esposa)

Page 61: Parada Certa - 1ª Edição

Uma estrada de terra cercada de vegetação típica da

mata atlântica é que mostra o caminho aos visitantes. Depois

dos pontos tradicionais da cidade, como a segunda maior

plataforma de pesca da América Latina e o Poço das Antas,

conhecido pela concentração de cachoeiras e lagos naturais,

Mongaguá esconde uma imensa área que proporciona lazer

e tranquilidade. É a chamada Estrada da Fazenda, ou da Água

Branca. Ali é possível encontrar uma realidade totalmente

inversa do litoral. Cavalos, charretes, plantações e nascentes

se misturam e dão ao local um clima de interior, onde se

esquece, nem que por um instante, que estamos na praia.

Até a década de 1980, nada era explorado turisticamente

ali. O cenário, quase virgem, funcionava como área de

produção para as maiores plantações de banana do litoral

paulista. Com isso, a fazenda proporcionava emprego a 800

trabalhadores, realidade muito diferente dos dias atuais,

onde a maioria são propriedades particulares, pesqueiros ou

pequenos comércios. Fazendas como a Piraquara, Barigui,

Água Branca e Quatinga — mesmo nome de um dos principais

córregos do local — plantavam e exportavam banana por

meio de troleys, as decalviles pequenas, conhecidas como

locomotivas francesas.

Os anos passaram e as plantações foram terminando

suavemente sua produção. Mas a área continuou com as

suas belezas naturais e desenvolvendo projetos para que

os turistas futuramente compartilhassem disso. E deu certo.

Em meio a esse cenário, o que poucos sabem é que existem

diversas opções para passeios, seja familiar ou com amigos.

Somente na Estrada da Fazenda existem cinco pesqueiros,

com diferentes espécies de peixes, pratos e dicas para passar

o fim de semana. Marcelo Toshio Ogawa, de 40 anos, é dono

de dois desses pesqueiros, o Tô na Boa I e II.

Formado em biologia pela Unesp, ele é apaixonado

pelo que faz. Possui um estabelecimento que funciona

como pesque e pague e outro para a pesca esportiva, em

que o praticante fisga o peixe, mas o solta de volta. Como

um bom oriental, Ogawa entende de peixe. Por exemplo,

quem passar pelo Tô na Boa pode fisgar espécies como

tambaqui, tambacu, pacu, patinga, tilápia, tilápia saint petter,

carpa capim, carpa húngara, carpa cabeçuda, piraputanga,

dourado, jundiá e catfish. Ele trocou a vida agitada e ao

mesmo tempo compensadora que teve durante 13 anos no

Japão pela calmaria da zona rural mongaguaense.

“Desfrutar a natureza é a maior qualidade de vida que

podemos ter. Isso compensa qualquer emprego”, diz. Ogawa

vê em cada detalhe de sua propriedade a razão por escolher

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Page 62: Parada Certa - 1ª Edição

esse estilo de vida. É em momentos cotidianos como a

companhia da garça Vanessa, que passa pelo local todos os

dias, e na surpresa dos clientes ao verem Xuxa, uma carpa

húngara de oito quilos que adora aparecer aos visitantes,

que ele investiu na psicultura e abandonou de vez o ritmo

pesado e exaustivo de trabalhar mais de 14 horas por dia.

Com o pesqueiro, ajuda a somar os 50.929 metros quadrados

de espelho d’água que podem ser encontrados no bairro.

O estilo de vida interiorano é comum no local. O

município de Mongaguá possui 104 Unidades Produtivas

Agropecuárias, sendo a maioria localizada na microbacia

hidrográfica da Água Branca e em suas redondezas. Grande

parte são propriedades pequenas, 102 possuem área inferior

a 50 hectares e somente duas têm área superior a 500. Na

área rural da cidade é possível encontrar avicultura para

produção de ovos, plantio de banana, mandioca e inúmeros

pomares domésticos, características que estão distantes das

famílias urbanas.

É essa qualidade de vida que Ogawa preserva. A mulher e

os filhos dele também trabalham no pesqueiro e gostam do

clima rural. “Meus filhos, Ayumi, de 11 anos, e Marcelo, de 17,

não trocam aqui por nada. Já recebi propostas para ir morar

no centro da cidade e recusei por causa deles”. Os visitantes

do local também concordam com Ogawa, o Tô na Boa recebe

1.400 famílias por semana.

O local possui cinco hectares e meio de área, três

nascentes e cinco poços para pesca com média de uma

tonelada e meia de peixe por recipiente. O visitante pode

desfrutar, além do peixe que acabou de fisgar, pratos da casa,

como a famosa panqueca de tilápia, o corinho de peixe, e

até mesmo saborear a tradicional comida japonesa, feita pelo

próprio Ogawa.

Quem quiser, também pode usufruir das churrasqueiras

do pesqueiro. Só não é permitida a entrada de bebidas

alcoólicas. As bebidas são vendidas no local.

Marcelo Ogawa diz que recebe visitantes de várias cidades,

mas muitos são de São Paulo. Caso de Higino Chagas Neto,

de 42 anos, e que há seis repete a mesma coisa: pelo menos

uma vez por mês sai cedinho da capital e vem com a esposa e

os filhos passar um dia na beira do lago. “Já é tradição, tenho

que vir relaxar um pouco, eliminar o estresse”, diz. No dia

em que visitei a fazenda, ele não estava com muita sorte na

pescaria. Garantiu, porém, que continuaria insistindo. Chagas

estava impressionado com os relatos dos outros pescadores

que atiçam o orgulho de qualquer praticante. Pode parecer

história de pescador, mas não é. Segundo Marcelo Ogawa,

o maior peixe já pescado no Tô na Boa foi um tambaqui de

17 quilos. Atualmente, o desafio dos pescadores de fim de

semana é fisgar o maior peixe do local, uma carpa cabeçuda

que pesa 22 quilos.

Além dos fins de semanas tradicionais, o pesqueiro

realiza eventos como o Torneiro Anual de Pesca Esportiva,

que está prestes a entrar para o calendário oficial de eventos

da Prefeitura de Mongaguá.

Sempre realizado no mês de maio, a competição reúne

praticantes de várias localidades. Ao fazer a inscrição, eles

recebem uma camiseta do evento e o direito de disputar

os troféus de maior peixe e maior quantidade. “E para os

pés frios tem ainda a premiação por menor peixe”, explica

o organizador. Na última edição, o torneio recebeu 518

inscrições.

À frente do pesqueiro desde 2005, Ogawa também é

presidente do Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural

e representante dos Aquicultores do Estado de São Paulo.

Ele e os moradores da área lutam por melhorias no local,

que até pouco tempo era de difícil acesso. “Recentemente,

conseguimos fechar convênio com o programa Melhor

Caminho, da Companhia de Desenvolvimento Agrícola de

São Paulo, o que já garantiu uma estrada bem melhor”.

A 300 metros do pesqueiro Tô na Boa é possível

encontrar uma verdadeira vila country, com atrativos típicos

para agradar qualquer cowboy e até mesmo os sertanejos

brasileiros. É a Cachaçaria Fazenda, localizada também na

Estrada da Água Branca. Noêmia Santos Almeida, de 48 anos,

é a proprietária do local. Animada e vestida com chapéu de

peão e botas de couro, típicos de uma boa admiradora dessa

cultura, ela é clara quando se refere ao estabelecimento:

“Sempre faltou um ponto diferenciado em Mongaguá. Aqui

pode vir todo mundo, só não vale dizer que não gosta desse

clima”.

Ela explica que a ideia surgiu pela carência de opções

na cidade, que não oferece casas do tipo. “O litoral é muito

mais que a orla da praia. Essa área merece maior atenção,

temos que mostrar tudo o que o município oferece, trabalhar

todos os atrativos para agradar a todo mundo”. Moradora de

Santos, há 15 anos ela e o marido, Wilson Gonçalves Azevedo,

possuem sítio na área rural de Mongaguá, mas só há um

ano resolveram inovar, montando a cachaçaria. “No início,

seria só um ponto de venda de bebidas artesanais, mas foi

crescendo rápido, ganhando adeptos e se transformou nesse

tipo de vila”, diz Noêmia.

A casa oferece 260 rótulos de cachaças diferenciadas,

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Page 63: Parada Certa - 1ª Edição

Com um ambiente temático, a

Cachaçaria é a novidade da área rural

Page 64: Parada Certa - 1ª Edição

como por exemplo a Pequi e a Bananinha, as preferidas dos

clientes. Já que são as preferidas, por que não experimentar?

O gosto é bem típico da cachaça nacional. Ardido no começo,

doce no final. Sabor denso, aroma forte e muito agradável,

desde que bebido moderadamente. Afinal, é uma receita

feita artesanalmente da qual o produto sai quase bruto,

que se torna muito agressivo ao paladar de quem não está

acostumado. Todas as bebidas informam o teor alcoólico,

que geralmente é superior às bebidas industrializadas mais

populares. Os produtos vêm de regiões conhecidas pela

confecção das melhores cachaças brasileiras, como Minas

Gerais, Embu das Artes e Campos do Jordão. Noêmia explica

que o local funciona como armazenamento dessas bebidas,

deixando-as curtir em tonéis com frutas, o que torna o

produto artesanal e com sabor diferenciado.

A comerciante também faz parte da Associação Rural de

Mongaguá. Assim como o dono do pesqueiro To na Boa, ela

busca mais investimentos e melhorias para o bairro. “Aqui

recebemos turistas de várias cidades, mas poucos são de

Mongaguá. Precisamos prestigiar mais o que temos aqui por

perto”, ressalta.

Além das bebidas, os visitantes também podem apreciar

o bom cardápio de fazenda, servido aos fins de semana, com

opções como picanha, carne seca, mandioca. Uma vez por

mês, a casa também realiza eventos grandes e tipicamente

caipiras, como o Boi no Rolete, que aconteceu no dia 22 de

agosto. Na festa, o público compra o convite no valor de

R$ 30,00 e tem direito ao bufê completo com arroz, feijão,

saladas e a carne, muito bem temperada e assada à moda

antiga. O próximo almoço do tipo será o Porco no Rolete, em

24 de outubro.

Quem participou, aprova. É o caso de uma família com

14 pessoas, que trocou um domingo de agitação em Santos

pelo sossego de um dia na Fazenda. “É muito bom esquecer

um pouco da praia e vir para o mato. É um ótimo lugar para

passear com a família e aproveitar a natureza”, relata Denise

Carvalho, uma das participantes da festa. A ideia de levar os

amigos e a família para passear na área rural de Mongaguá

foi de Edson Esteves.

Ele acha que o local deve ser mais bem explorado, por

causa da boa qualidade do serviço. “Falta um pouquinho de

sinalização para se chegar aqui, mas e só isso também. De

resto, é tudo muito bem organizado e divertido”. Segundo a

Prefeitura de Mongaguá, existe um projeto entre o município

e a Agência Metropolitana da Baixada Santista que prevê a

liberação de uma verba para a sinalização turística.

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Page 65: Parada Certa - 1ª Edição

Família e amigos de Edson aprovam o local e prometem

voltar mais vezes

Toda a decoração externa e interna do local foi

criada pelos próprios donos, que demoraram

menos de um ano para concluí-la

Page 66: Parada Certa - 1ª Edição

Nôemia Almeida teve a ideia de montar o estabelecimento devido a carência de opções do tipo na Cidade

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Page 67: Parada Certa - 1ª Edição

Quadros dos Beatles se misturam com um tapete de

vaca, minixícaras estampadas com o rosto de Elvis Presley

e leiteiras de alumínio, comuns nas cidades do interior.

Decorada minuciosamente com peças de barro pintadas

a mão, barris de madeira maciça, utensílios antigos como

moedores de carne e máquinas de escrever, a cachaçaria

proporciona ao visitante um clima aconchegante, caseiro

e ao mesmo tempo diferenciado.

A proprietária diz que levou menos de um ano para

terminar toda a arrumação, feita inteiramente por ela.

“Gostei de pensar em cada detalhe, adoro esse lugar.

Agora estamos abrindo um simulador de alambique nos

fundo da casa, para mostrar como é feito uma cachaça”.

A Estrada da Fazenda é um local cercado de espécies

típicas da Mata Atlântica, como bromélias, begônias,

orquídeas e palmitos-jussara – que estão ameaçados

de extinção e muitas vezes são cultivados ilegalmente

em várias regiões da Baixada Santista e Vale do Ribeira.

Árvores como a embaú, palmeira e os ipês- roxos, amarelos

e brancos também compõem a paisagem em sintonia com

os rios Aguapeú e Mineiro, e os córregos da Água Branca,

Formiga e Quatinga.

O acesso é realizado pela Rodovia Padre Manoel da

Nóbrega, altura do Km 312 no bairro Agenor de Campos. O

visitante deve seguir pela Avenida Nossa Senhora de Fátima

até a Estrada Fazenda Barigui, que acessa o local, um pedaço

do interior no litoral. Perto do mar, só que longe dos olhos

da população.

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Page 68: Parada Certa - 1ª Edição

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Page 69: Parada Certa - 1ª Edição

:: Pesqueiro Tô na Boa IEstrada da Fazenda, 175 – Agenor de Campos – Mongaguá – SPFuncionamento – De quarta à segunda-feira, das 7 às 17 horas. Entrada gratuita.:: Pesqueiro Tô na Boa II (Pesca esportiva)Estrada da Servidão, s/nº - Agenor de Campos – Mongaguá – SPFuncionamento – Todos dias, exceto quarta-feira, das 7 às 17 horas. Entrada R$ 20,00.:: Cachaçaria FazendaEstrada da Fazenda, 981 – Agenor de Campos – Mongaguá – SPApresentações musicais todos os fins de semana (sábado a noite e domingo a tarde). Couvert artístico. R$ 4,00.Funcionamento – De terça a quinta, das 11 às 17 horas; sexta e sábado, a partir das 11 horas e domingo, feriados, das 11 às 18 horas.

QUER CONHECER?

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Page 70: Parada Certa - 1ª Edição

Tradicionalmente deliciosos

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Page 71: Parada Certa - 1ª Edição

Bem perto da Ponte Pênsil, na verdade ao lado, há um

ponto turístico que guarda muito da cultura gastronômica

e histórica de São Vicente.

Fundada em abril de 1921, a Casa das Bananadas é o

comércio mais antigo da cidade, hoje com 89 anos de idade.

Tem como principais características o clima caseiro e o forte

laço com a tradição da família Blumer.Antes mesmo de ali

entrar, o visitante se vê imerso nesse ambiente.

A portinha de madeira, bem ao estilo fazenda, dá a

impressão de que você não mais está ao lado de um local

onde carros não param de passar, buzinando e soltando

fumaça a todo instante.

Ao descer as escadas que dão acesso a casa, o barulho

se dissipa. É claro que o cheiro do doce de banana dá uma boa

ajuda para que se esqueça de qualquer outro sentido, a não ser o

olfato, que fica ainda mais aguçado.

A casa é simples, não se parece em nada com as mega

lojas especializadas em doces que vemos costumeiramente

pelas cidades. Ao entrar é possível depararmos com uma

vista que quase faz o cliente se esquecer dos doces — o mar

da Baía de São Vicente cortado pelo silêncio e a tranquilidade

aparente da Ponte Pênsil e a cidade de Praia Grande ao fundo.

As paredes da Casa das Bananadas são revestidas de

quadros e mais quadros dos mais variados assuntos. Um em

particular mostra de novo o porquê este se difere dos demais

comércios — e não é o quadro de melhor doceira da Baixada

Santista eleita pela Veja ou as inúmeras notícias publicadas

sobre a casa.

Texto e fotos: Gabriel Martins

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Page 72: Parada Certa - 1ª Edição

Nem mesmo os quadros das pessoas ilustres que já

passaram por lá, mas sim os quadros relacionados à família,

como, por exemplo, o que mostra as cinco gerações dos

Blumer, o que ressalta a tradição de se fazer bananada

passada desde a primeira e agora quinta geração.

A atual proprietária Osnilde Blumer conta que, bem nova,

começou a trabalhar no local. Na verdade nem ela mesma

lembra quando exatamente foi: “Eu ajudava minha mãe (Júlia

Blumer) desde pequena a fazer tudo, agora eu não sei mais

viver sem isso”.

A bananada, como não poderia deixar de ser, é feita na

cozinha da própria casa, um tacho de ferro, um forno e um

armário são os únicos instrumentos para se fazer o doce.

De forma totalmente artesanal, dona Osnilde prepara seus

doces sempre às segundas-feiras, com a ajuda de sua amiga

de infância e companheira de histórias, Adulcimara Maria

Pereira ou apenas Dulci, como é conhecida. Dulci sabe tanto

sobre a história da casa quanto qualquer um que tenha

o sobrenome Blumer. Afinal, são 52 anos de amizade e

convivência na doceria.

Desde criança as duas viveram a infância vendo a

confecção dos doces. Dulce até então só passava por lá para

encontrar a amiga ou para brincar na casa. Mas depois da

morte do marido de Osnilde, ela passou a viver na doceria.

Acostumada a substituí-la no comando das bananadas

quando esta precisa viajar, Dulci conta: “A minha história se

confunde com este lugar, não me imagino fazendo outra

coisa, se não ajudando a minha amiga”.

A história do comércio mais antigo de São Vicente pode

está perto de acabar. Isso porque dona Osnilde já não vê

mais a vontade dos filhos e netos em manter o local: “Cada

um deles tem seus próprios desejos e sonhos, não posso

obrigá-los a seguir essa profissão, pois ela é muito difícil.

São quase 90 anos usando a mesma receita, não usamos

produtos químicos. É o mesmo jeito de fazer a bananada e

o mesmo lugar. Hoje em dia não é qualquer um que quer

isso, é difícil até de conseguir uma empregada, quem quer

quebrar um coco ou mexer em uma tacha?”.

Osnilde, porém, revela um sonho — ver a sua casa de

bananadas chegar aos durar cem anos. “É o meu único desejo,

mas eu irei levar até quando aquentar”. Por fim ela conta como

é feito o doce de banana: “Descasque e moe as bananas; leve-

as ao fogo em um tacho grande; adicione açúcar e mexa por

quatro horas. Agora, o doce estará pronto quando sair da

panela. Em seguida, coloque em formas individuais e deixe-as

paradas por dois dias, depois desenforme-as”.

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Page 73: Parada Certa - 1ª Edição

O comércio quase centenário reúne a tradição da família Blumer e doces caseiros. A atual proprietária Osnilde Blumer prepara

a famosa bananada todas às segundas-feiras, sempre de maneira artesanal

Page 74: Parada Certa - 1ª Edição

A Casa das Bananadas fica na Avenida Newton Prado, 49, Morro dos Barbosas, em São Vicente. Para chegar ao local, saindo do Emissário Submarino, em Santos, siga em direção à Avenida Presidente Wilson e, daí, siga até a Rua Newton Prado; vire à direita na Avenida Padre Manoel da Nóbrega e, depois, à direita novamente na Avenida Presidente Wilson; continue em direção à Avenida Antônio Emmerick, vire à esquerda na Rua Martim Afonso e à esquerda de novo. Na Rua do Colégio Vire à direita na Avenida Presidente Getúlio Vargas. O local fica logo após a Ponte Pênsil, no lado esquerdo.

QUER CONHECER?

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Page 75: Parada Certa - 1ª Edição

dO iníCiO até HOjeA casa começou com Maria Blumer, quando ela veio de São Paulo

com o marido, Henrique. Sabendo da construção da Ponte Pênsil, viu

aí uma oportunidade de conseguir vender doces em um lugar que teria

trânsito intenso e, consequentemente, atrairia muito movimento. O

fato de ela vender banana se deve ao hábito que Maria trouxe de São

Paulo. No começo, ela vendia apenas pequenas porções de bananadas,

mas em abril de 1921 a casa começou a funcionar como um doceria. O

lugar ainda passou pelas mãos de Júlia, mãe da atual dona, Osnilde.

Ao longo dos anos, a casa foi crescendo. Muitos dos clientes que

compram são clientes de longa data, geralmente se tornaram amigos

dos donos e levam os filhos que crescem comendo a bananada e

trazem os netos. Essa corrente remete muito ao começo do texto e o

que representa essa casa: a força da família por meio de uma tradição.

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Page 76: Parada Certa - 1ª Edição
Page 77: Parada Certa - 1ª Edição

Descansemem paz

Chegou o tempo de fazer as pazes com a história. Em agosto, desse

ano o Cemitério Israelita Cubatense foi tombado pelo Patrimônio

Histórico do município.

Religião

Texto e fotos: Arucha Fernandes

Page 78: Parada Certa - 1ª Edição

“El malê rachamim”. Essa oração judaica significa algo

como descanse em paz. É perfeita para começar a contar

essa história. Muros altos e um portão com dois cadeados.

É assim que o Cemitério Israelita Cubatense guarda a

memória de mulheres que cruzaram o mar carregando

consigo a esperança de uma vida melhor.

Aqui encontraram um mundo completamente

diferente e distante da realidade prometida. O tráfico

de mulheres judias vindas do leste Europeu destinadas à

prostituição, as chamadas polacas, é um tema que ainda

suscita polêmica. O que se sabe dessas mulheres ainda

é pouco para conhecer a sua origem por completo, mas

aos poucos sua presença na região da Baixada Santista vai

sendo revelada e reconhecida.

Assim como o tempo de chorar acaba, o de perdoar

começa. Aos poucos os tabus que envolvem as polacas

são quebrados e as pazes com a história passada é

devidamente alcançada. Em Cubatão, um campo sagrado

registra a marca dessas mulheres, que a partir do dia 25 de

agosto desse ano, para sempre será preservada, por força

do Decreto Municipal 9.588, que torna o Cemitério Israelita

de Cubatense definitivamente tombado pelo Conselho de

Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural de Cubatão.

Até a assinatura final da prefeita Márcia Rosa, o

processo de tombamento levou cerca de seis meses para

ser concluído e contou com o apoio da Chevra Kadisha —

Associação Cemitério Israelita de São Paulo.

A entidade, a partir de 1996, iniciou todo o processo

de revitalização necessária, uma vez que se encontrava em

total abandono. “Tombamento não é só um ato simbólico

é uma forma de preservação. Isso significa que qualquer

intervenção na planta do cemitério precisa ser autorizada

pelo Conselho”, diz o presidente do Condepac, Welington

Ribeiro Borges.

Segundo Borges, as sepulturas datam de 1923 a 1966.

Ao todo, são 75 campas entre 57 mulheres e 18 homens.

Das mulheres, seis permanecem sem identificação. Os

homens enterrados estão relacionados às polacas de

algum modo, sejam como maridos ou parentes. Apenas

um estudo mais aprofundado poderia ajudar a revelar mais

sobre a origem dessas pessoas, embora o tombamento

seja um grande passo nessa direção: “O reconhecimento é

uma forma de homenagem, resgatando assim, um pouco

da dignidade perdida”.

Atualmente, para entrar no cemitério é preciso pedir

autorização aos guardas do local. Logo na entrada a estrela

de Davi no meio do portão sinaliza a religião, e a diferença

dos cemitérios cristãos é logo observada pela divisão dos

túmulos: um lado só homens e do outro, mulheres. O

silêncio só é quebrado pelo barulho das folhas secas no

chão ao serem pisadas.

As frases de homenagens escritas nas campas, que

mesclam o português com o hebraico, variam de maridos

amorosos, como: “A. F. Minha mamita morreste foste com

Deus mas viveraes eternamente no coração de teu querido

mamito” [sic], ou amigas saudosas: “Aqui jaz R. F. falecida

em 8 de abril de 1924 lembrança da sua última amiga”

[sic] e também da associação fundada por elas mesmas. As

meias palavras do vigia deixam escapar que o lugar recebe

poucos visitantes, que preferem continuar no anonimato.

Mas nem mesmo a grama aparada, o chão limpo, as

flores coloridas e a agradável sobra das arvores conseguem

esconder a solidão do local. As raras visitas são o indicio claro

de que o passado foi totalmente esquecido. Quanto ao futuro

as perspectivas são boas, afinal, a preservação do lugar e a

descoberta de novas histórias estão apenas começando.

O Presidente do Condepac, Welington Ribeiro Borges, explica a importância do tombamento e preservação do cemitério

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Page 79: Parada Certa - 1ª Edição

O tombamento do Cemitério Israelita significa a

preservação definitiva da memória das polacas

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Um corredor faz a divisão dos túmulos, segundo a tradição judaica, um lado só os homens e do outro, mulheres

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Page 81: Parada Certa - 1ª Edição

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Page 82: Parada Certa - 1ª Edição

x 82

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x

As homenagens juntam os idiomas, hebraico e

português, mas no fim todas as preces desejam

que as polacas recebam o merecido descanso

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Page 84: Parada Certa - 1ª Edição

O Cemitério Israelita Cubatense fica dentro do espaço do Cemitério Municipal, na Rua José Vicente, s/nº - Centro.

QUER CONHECER?

Page 85: Parada Certa - 1ª Edição

visitas Um projeto está sendo desenvolvido para colocar o

cemitério israelita definitivamente no roteiro histórico de

Cubatão.

Para tanto, é necessário abertura de outro acesso à área,

placas indicativas, e outras reformas. Com o objetivo de

preservar o lugar as visitas serão monitoradas e realizadas

por meio de agendamento prévio.

“É fundamental construir a identidade cultural do povo

cubatense”, diz Welington Ribeiro Borges. O fato de sua

população ser formada por pessoas de várias partes do

País, que migraram para a região, principalmente, quando

ocorreu um boom industrial na década de 1950, atrapalha no

conhecimento do passado histórico.

Para Borges, essa questão tem quer ser tratada também

de forma regional. Afinal, toda a Baixada Santista é

constituída por diversos monumentos e lugares históricos.

Uma vez que bem conservados podem constituir um roteiro

histórico não só de uma cidade em particular, mas de todo

o litoral.

O historiador Roney Cytrynowicz explica que só existem

dois cemitérios israelitas associados a essa história no País: o

de Cubatão e um no Rio de Janeiro.

Existiu outro em São Paulo cujos túmulos se encontram

hoje no Cemitério Israelita do Butantã. “É compreensível

que a comunidade judaica, que já enfrentou muitos

preconceitos, tenha preferido se distanciar ao máximo deste

tema, que despertou não poucas acusações à comunidade

no passado”, diz.

Ainda segundo o historiador, essas mulheres hoje fazem

parte de um capítulo da história da imigração reconhecida

pela comunidade judaica.

E a Chevra Kadisha cuida com muito zelo deste

cemitério, conservado e restaurado. “É uma memória que

pede muito respeito, pela história de mulheres que foram

excluídas socialmente e souberam se organizar e lutar por

seus direitos, incluindo o de serem enterradas segundo a

sua tradição religiosa”.

Em São Paulo, como em várias cidades, a começar

por Buenos Aires, visitar cemitérios faz parte dos roteiros

turísticos e culturais, pelo aspecto histórico, pelas esculturas

(arte funerária) e pela visita a túmulos de personalidades.

Exemplo disso é o Cemitério da Consolação um dos mais

visitados.

Nesta direção, a Associação Cemitério Israelita de São

Paulo acabou de promover uma primeira visita guiada ao

Cemitério Israelita da Vila Mariana, o cemitério judaico

mais antigo da cidade, de 1920. A próxima visita será dia

17 de outubro.

quem sãO As chamadas polacas eram imigrantes judias que

viveram, principalmente, em São Paulo, Rio de Janeiro,

Buenos Aires e Nova York. Essas mulheres vinham da Europa

Oriental (Polônia, Romênia, Áustria, Hungria), em especial de

pequenas aldeias rurais, fugindo das crises econômicas e do

anti-semitismo que assolavam o continente em meados do

século 19.

Quando chegavam à América — a maioria com promessas

de casamento — eram entregues a cáftens e transformadas

em prostitutas. Muitos desses homens até mesmo se casavam

com as polacas.

Com os sonhos destruídos e sem apoio da família,

essas mulheres criavam associações de ajuda mútua, com

serviços sociais e médicos. Além disso, esses grupos também

construíram seus próprios cemitérios, realizando todo o

processo de sepultamentos.

Isso porque, embora vivessem de forma contrária às

tradições e ao que na época era considerado como “bons

costumes”, sendo assim repudiadas pela comunidade judaica

mais conservadora, as polacas faziam questão de manter a

religiosidade.

E como eram consideradas impuras não tinham o

direito de serem enterradas como outros judeus. Elas eram

colocadas junto aos muros dos cemitérios judaicos da época,

o que significa uma desonra destinada somente a prostitutas

e suicidas.

Em Santos, as mulheres fundaram a Sociedade

Beneficente e Religiosa Israelita em 1930, e por meio

dessa sociedade conseguiram adquirir um terreno onde

estabeleceram o Cemitério Israelita de Cubatão. O espaço

fica dentro do Cemitério Municipal, na região onde hoje está

a Refinaria Presidente Bernardes. Nos anos 1950, o cemitério

foi transferido para o local onde está hoje.

São conhecidas outras quatro sociedades de ajuda mútua

fundadas por homens e mulheres judeus envolvidos com a

prostituição, além da de Santos: a Associação Beneficente

Funerária e Religiosa Israelita, fundada no Rio de Janeiro em

1906; a Sociedade Feminina Religiosa e Beneficente Israelita

(SFRBI), fundada em São Paulo em 1924; a Sociedade de

Ajuda Mútua Zwi Migdal, fundada em Buenos Aires em

1906; e a The New York Independent Benevolent Association,

fundada em 1896, na ilha de Manhattan.

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Page 86: Parada Certa - 1ª Edição

Antigos mistériosO Convento Nossa Senhora da Conceição,

localizado em Itanhaém no alto do morro

Itaguaçu é um dos mais significativos

patrimônios culturais da cidade. Por essa

razão foi o lugar escolhido pela nossa equipe

para estrear esta editoria. Então, aventure-se

também a desvendar esses segredos

Nós Fomos

Texto e fotos: Ivan De Stefano

Page 87: Parada Certa - 1ª Edição

Sabe aquela sensação de que você está sendo observado?

Em nossa primeira reportagem para esta editoria, nós da

equipe da Parada Certa visitamos o histórico Convento

Nossa Senhora da Conceição, em Itanhaém. Se você gosta

de ambientes misteriosos, este é o lugar certo!

Domingo de sol, muito sol, 12h30. Saímos em dois carros

do bairro Boqueirão, em Santos, em direção à cidade de

Itanhaém. Na equipe, os repórteres Leandro Aiello, Mariana

Aquila, Aline Porfírio, Letícia Schumann e Carina Seles, o

editor multimídia Gabriel Martins, o editor de planejamento

visual Danilo Neto, a editora-chefe Arucha Fernandes e eu,

o editor gráfico. Todos estávamos animados com a viagem,

apesar das caras de ressaca do dia anterior.

Para chegar, nada de muito mistério. Basta seguir pela

Avenida Expresso, até chegar a Itanhaém. Fique atento à

placa “Jardim Guassu – Retorno”. É por ela que você irá

seguir assim que chegar à cidade.

O Convento está localizado no alto do Morro do

Itaguaçu, no Centro Histórico, em frente à Praça Carlos

Botelho. No Centro, é possível admirar as mesmas

características arquitetônicas da época do Brasil Colonial,

além de oferecer algumas opções gastronômicas. Dica:

almoce antes de visitar o convento, pois as sugestões para

“forrar o estômago” são poucas, limitando-se a alguns

“botecos” e lanchonetes próximas.

Após uma hora de viagem, chegamos. Estacionamos os

carros a uma quadra do Convento, em uma ruazinha típica

de cidade de interior, estreita, com paralelepípedos. Não

há estacionamentos. Porém, sem pânico, pois a rua parece

tranquila e longe dos temidos assaltos que nos assustam e

nos fazem gastar com seguros de carro, casa, vida, alma e o

que mais estiver disponível. Vale lembrar que de segunda a

sábado esses estacionamentos precisam de cartão, exceto

aos domingos.

O Convento pode ser visto por diversos pontos do

Centro Histórico por estar localizado bem no alto do morro.

Construído em 1532, era uma pequena capela de barro,

tendo sua padroeira tida como milagrosa e venerada; só

em 1654 a fundação foi confirmada por Alvará em 23 de

fevereiro.

Com a marca inicial (o cruzeiro) na entrada, em frente

a grande ladeira que dá acesso à Fundação, é uma das

primeiras igrejas construídas no Brasil, ainda aberta à

visitação.

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Logo no início da ladeira, a placa convida: “Visite e se

encante”. Encante-se, respire, pegue fôlego e siga ladeira

acima, afinal este é o único ponto de acesso ao local. “Essa

subida não acaba nunca, mal comecei a subir e já cansei”,

dizia a repórter Aline Porfírio. Mas acredite, subir a ladeira é

ainda menos cansativo do que há tempos atrás.

Até 1752, chegava-se ao Convento de Itanhaém por uma

penosa escada com 83 degraus. Só depois dessa época que se

iniciou a atual ladeira e foi colocado o cruzeiro. Esta construção

foi realizada por Frei Antonio de São Tomaz, conforme dizem os

poucos pontos de informação existentes na Fundação.

Ao subirmos a ladeira, toda feita de pedras e alguns

pedaços de madeira, com postes de luz antigos por toda

sua extensão, uma queda. Uma visitante que descia a ladeira

junto com sua filha de mãos dadas caiu. Dica: vá com um

tênis apropriado, sem solado liso. Dessa forma se evita o

vexame que a visitante passou ao cair e arrancar risadas de

quem estava próximo a ela.

Um pouco antes de chegar ao alto do morro é possível

subir nas pedras que ficam do lado esquerdo da ladeira e ver

uma das mais belas vistas do local. “Que lugar lindo”. Tem até

vista para o mar”, dizia a garotinha loira junto ao pai, na beira

das pedras. Ao chegar ao alto, deparamos com um enorme

gramado e o Convento, branco, com suas rachaduras devido ao

desgaste do tempo, um pequeno crucifixo no topo, três janelas

frontais e três portas azuis, uma à esquerda, outra no centro que

dá acesso direito à Igreja e a porta à direita, por onde entram

os visitantes.

“É do ano 1632, PRECISAMOS CONSERVÁ-LO!!! Seria

muito pedir-lhe 1,00?”, intimida o cartãozinho entregue pela

recepcionista. O custo da visita é de R$ 1,50, exceto para

menores de 8 anos, que entram de graça. Não é permitida a

entrada para quem estiver vestindo shorts, saia, decote, sem

camisa, trajes de banho ou como diz a placa, “shorts reduzido”.

As visitas podem ser feitas de segunda a domingo, das 9 às 11

horas e das 13 às 18 horas.

O dinheiro das vendas serve para a manutenção da Fundação,

assim como todo o artesanato que é vendido na pequena

lojinha logo no primeiro piso do Convento, oferecendo desde

garrafas de mel a crucifixos de diferentes modelos, enfeites de

porcelana, panos de prato, santos de madeira, suportes para

bíblias, cruzes de crochê e até livros de “Anchieta e Itanhaém”

de José Carlos Só, que nos contam um pouco da história da

Cidade. Os preços na lojinha vão de R$ 2,00 a R$ 50,00. Mas

não se preocupe, a lojinha não exibe cartão ou cartaz intimando

o visitante a comprar. Aliás, nem atendente tem. Para comprar

é preciso chamar a recepcionista, uma das únicas funcionárias

que fica à vista no local.

Logo no primeiro andar há um painel, escrito à mão,

que conta a história do Convento. Aproveite, pois este é um

dos poucos pontos de informação. A recepcionista pouco

diz, respondendo às perguntas de forma curta e, às vezes,

desconversa. Aparenta ser por medo de revelar certas histórias,

mas prefiro acreditar que seja por falta de informação sobre o

ambiente, para que a visita fique menos assustadora. A essa

altura, a equipe da revista já estava espalhada por todos os

cantos do Convento.

Dica: seja curioso! Ir só para olhar não será um passeio

bacana. Pergunte, observe, sinta. Os funcionários pouco falam

do lugar, por isso é preciso tentar desvendar por si próprio e ter

paciência para analisar detalhes e imaginar cenas. “Vale a pena

pagar e dar uma olhada em tudo”, dizia a senhora de vestido

florido, com seus cabelos grisalhos, que ia em direção ao palco

fazer uma oração à Santa.

No primeiro piso, há uma escada que sobe e outra que

desce, três portas do lado esquerdo, uma lojinha, placas com

citações religiosas, cadeiras antigas de madeira espalhadas

pelo salão e uma porta em frente, na mesma direção da

porta de entrada, que nos leva para um imenso jardim. “Dá

mais para uma floresta”, brinca Mariana Aquila.

As duas primeiras portas laterais dão acesso à imensa

Igreja. Bancos compridos de madeira, pequenos quadros

tortamente pendurados, chão de cerâmica, azulejos antigos

nas paredes do arco do grande palco e tapetes vermelhos

chamam a atenção das pessoas que tentam desvendar o

que cada parte significa. “Será que azulejo se chama azulejo

porque antigamente todos eram feitos da cor azul?”,

perguntava Leandro para mim que, de início achei ser uma

pergunta um tanto quanto inútil, mas, ao mesmo tempo,

intrigante. “É, talvez seja isso”, foi o que consegui responder.

No palco, três grandes santos chamam a atenção. Dois

deles, sem nome, um do lado esquerdo e o outro do lado

direito, dentro de uma estrutura em madeira embutida

na parede, dão abertura à enorme santa mais ao fundo

do altar: Nossa Senhora da Conceição, vestida com seu

manto azul marinho e um bebê ao colo. Ao lado dela,

mais duas esculturas religiosas: Santo Benedito e o “Bom

Jesus”, sentado com suas mãos sobre os joelhos. Tudo

muito desgastado devido ao tempo. “Só esse forte cheiro

de lugar fechado que incomoda”, dizia Letícia Schumman,

que já aparentava um início de rinite, doença que atrapalha

os narizes mais sensíveis à poeira.

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Um dos poucos painéis com informações sobre a história do local. Além das placas de

advertências, espalhadas por todo o lugar

A vista de boa parte da cidade

pode ser apreciada ainda na

subida pela ladeira de pedras

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Em estantes são conservados

livros de visitas que datam a

partir de 1960

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O único quarto liberado para a visitação revela móveis simples, apenas com duas camas e um lugar reservado para orações

O caminho repleto de moedas presas no chão de cimento levam ao pelourinho,

remontado no local em 1971

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Na igreja, localizada no

interior do Convento, são

realizadas missas todos

os terceiros sábados do

mês, a partir das 9 horas

Page 93: Parada Certa - 1ª Edição

Há controvérsias em relação à Santa que deu nome

ao Convento. Primeiramente, dizem ser feita por Gonçalo

Fernandes, que após ter sido preso inocentemente,

entalhou a imagem da Virgem na prisão. Após ser libertado,

atribuiu sua libertação a um milagre de Nossa Senhora da

Conceição, a qual foi trazida à Capela por João Gonçalves.

Também se acredita que a santa veio de Portugal, junto

com Nossa Senhora do Amparo que iria para a cidade de

São Vicente. No desembarque, trocaram-se as imagens.

Mas, em Itanhaém, a escultura foi recebida com o título de

Nossa Senhora da Conceição, já que era o nome da imagem

por qual esperavam (Memórias da Senhora da Conceição,

fl. 2; Livro do Tombo – Itanhaém, fl. 3). Sendo prisioneira ou

não, trocada ou não, ela estava lá. Em destaque no imenso

altar, entre sombras e santos empoeirados.

“Aqui tem uma carga de energia muito forte. Muita

gente já deve ter passado por aqui pra agradecer e pedir, até

chorar”, dizia Letícia, que estava sentada na pequena escada

no palco que dava acesso à Santa, ainda incomodada com o

forte cheiro. Mesmo para os menos religiosos, era perceptível

a sensação de que muitos milagres e até mesmo tristezas

já havia passado por ali. Era como se uma energia pesada

nos tomasse conta e alertasse: “Chega de fotos. É hora de se

deixar sentir”. E por alguns instantes deixei a câmera de lado.

Não por minha vontade, mas por estar incomodado, como

se pedissem para que eu parasse com o festival de flashes

disparados em segundos por todos os lados.

Na terceira porta do salão no primeiro piso, uma sala

com quatro santos de barro: São Francisco, Santa Clara,

Santa Isabel e São Domingos. Todos protegidos dentro de

quatro grandes caixas de madeira com vidros frontais, em

cima de uma cômoda com quatro enormes gavetas.

Retomado o fôlego, era hora de voltar para dentro do

convento e “xeretar” o que faltava, afinal, diferentemente

do resto da equipe, eu e Leandro Aiello ainda não havíamos

subido nem descido as duas escadas do salão principal.

Ao subí-las, mais coisas que pediam para serem

desvendadas. Logo de início, um enorme quadro

sustentado por dois troncos e um índio de madeira ao lado.

“Srs. Visitantes, pede-se a gentileza de não mexer no índio.

Obrigada.”, leu Arucha Fernandes, segundos antes de Aline

Porfírio quase se “afogar” num abraço à escultura.

No pequeno salão do segundo andar, uma estante

embutida na parede com livros antigos. “Aqui temos livros

de visita desde 1960”, disse a recepcionista com muito

custo, entre uma conversa e outra.

O chão, de madeira antiga e desgastada, rangia a cada

passo e entregava os curiosos que tentavam espiar pela

fechadura da porta “Espaço Reservado”, no fundo do salão.

Ao lado da misteriosa porta, um pequeno quarto com duas

camas — “Caro turista, é proibido remover o lençol” —, um

pequeno oratório e uma janela. Ao espiá-la, se debruçando

para fora com a ajuda de Leandro Aiello, que me segurava

para não cair, era possível ver do lado esquerdo outras tantas

janelas. “Talvez sejam mais quartos daquela sala misteriosa”,

referia-se Leandro sobre a porta “Espaço Reservado” que

ele havia espiado minutos antes entre um buraquinho e

outro, existentes na parede de madeira.

Enquanto nos intrigávamos com os dizeres “Favor

não puxar a corda do sino”, próximos às cadeiras antigas

no meio do salão, uma mulher apressada sai da porta

“Espaço Reservado”, desce as escadas correndo e chama

desesperadamente a recepcionista. “Vem aqui, rapidinho”,

diz a senhora de manto branco. A curiosidade então fora

cessada. Dentro da sala misteriosa, uma janela verde logo

ao fim do corredor, com portas laterais à direita e várias

cadeiras enfileiradas no canto. Sim, eram quartos. Depois

de cessada a curiosidade, era hora do último andar.

Ao descer as escadas, dois diferentes caminhos. Um

à esquerda, que dava a mais um espaço entre a natureza

e enormes paredes de pedra. “Parece aquela novela que

a Jade encontra com o namorado árabe, né mamãe?”,

dizia a garotinha de cabelos curtos e olhos cor de mel.

Diferentemente do clima de paz entre a natureza que

os fundos do Convento oferecia, este espaço me deu

novamente uma sensação de tensão, ainda mais pesada que

os demais ambientes. Por decorrência desse desconforto,

saí logo dali.

O segundo caminho, em frente às escadas, com moedas

cimentadas no chão, nos levavam a um tronco com uma

corrente e uma placa: “Pelourinho que esteve na Praça da

Cidade de Itanhaém, em 1561, encontrado neste local aos

pedaços, e em 1971 aqui remontado”. “Será que aqui as

pessoas eram castigadas, pai?”, disse a mesma garotinha,

ainda curiosa tanto quanto eu. Mas deixei a curiosidade

de lado e fui ao encontro da minha equipe, antes que se

irritassem com a demora ocasionada pelo meu vício de tirar

fotos.

Fomos embora por volta das 16h30, por último, uma

foto em frente à Fundação para registrar o momento “Nós

fomos” aos leitores. Mas repito: ao visitar o Convento Nossa

Senhora da Conceição vá com disposição e curiosidade.

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Saí de lá com a sensação de matéria cumprida. Mas, por

outra lado, azar o meu de não ter pego o contato daquela

esperta garotinha de olhos cor de mel. Ela certamente criou

toda uma história para as suas curiosas perguntas, coisa

que as crianças carregam de sobra e nós adultos temos a

mania de nos desfazer por culpa da maturidade.

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O Convento Nossa Senhora da Conceição fica no Morro do Itaguaçu - Centro Histórico próximo a Praça Carlos Botelho. O horário de funcionamento é de terça a domingo das 8h às 11h e das 13h às 17h. A entrada custa R$ 1,50 revertido para a manutenção do Patrimônio. Missa todo 3º sábado do mês, às 9 horas. Para mais informações: (13) 3427-7891.

QUER CONHECER?

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Page 96: Parada Certa - 1ª Edição

Minha viagem inesquecível foi uma que fiz para o Litoral

Norte, em janeiro de 2010. Fui e voltei no mesmo dia, um

domingo de tempo encoberto, céu acinzentado, mas nem

isso me desanimou. Estava na companhia da Sheila, minha

namorada e de um casal de amigos.

Fomos pela rodovia Rio-Santos (SP-055). Não conhecia

o caminho. Pegamos um mapa e fomos nos aventurar.

Assim que vimos a primeira entrada para a Barra do Una,

entramos. Aí começou a aventura. Ruas de terra, pontes de

madeira, passando por rios. A vista era bela, mas o caminho

dava arrepios!

Paramos e apreciamos o lugar onde a água do rio se

encontra com a água do mar. Seguimos o caminho para

volta à rodovia, mas o carro não subiu! (1.0, sofreu com as

íngremes ladeiras). Todos tiveram de descer para o veículo

ter força.

E foi assim durante todo o percurso. Nas subidas, um

sofrimento. Mas nas paradas, alívio e uma sensação muito

boa. Almoçamos em Boiçucanga um peixe maravilhoso.

Seguimos até Maresias e suas águas revoltas. Pena que tudo

teve que ser em apenas um dia. O Litoral Norte é maravilhoso.

As praias, os rios, a natureza... Tudo quase que intocável! Um

passeio que recomendo (e que vale a pena repetir).

Sua viagem

Barra do Una Litoral Norte - SP

Conte sua viagem pra gente! [email protected]

Texto e fotos: Douglas Luan ( jornalista)

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