14
PARADIGMA PREVENTIVO E LÓGICA IDENTITÁRIA NAS ABORDAGENS SOBRE O HIP HOP  Rodrigo Lages e Silva  Rosane Neves da Silva R ESUMO  Este artigo faz uma revisão das pesquisas acadêmicas sobre o Hip Hop, apontando a preponderância do conceito de identidade nas referidas teorizações.  Neste sentido, pretende-se contextualizar a ascensão do conceito de identidade nas visões sobre o Hip Hop, em direção a sua conjugação com o conceito de cidadania. T al lógica identitária está intimamente ligada à construção da noção de categorias desviantes. Forjada sob o pano de fundo da urbanização, a lógica identitária é a expressão acadêmica de uma racionalidade a que denominamos de paradigma preventivo, cuja função é antecipar-se a uma eventual potência violenta que os jovens moradores de periferia representariam. Portanto, trata-  se de entender a fabricação do subúrbio e da juventude como problema social, analisando, assim, as concepções que dão sustentação aos ideais corretivos e moralizantes que as abordagens sobre o Hip Hop expressam através de uma ênfase nos seus benefícios identitários.  Palavras-chave: Hip Hop. Identidade. Insegurança. Psicologia Social . PREVENTIVE PARADIGM AND IDENTITARY LOGICAL IN THE VIEWS OF HIP HOP ABSTRACT This article makes a revision of the academic researches about Hip Hop, indicating the emphasis on identity concept in those related theories. We aim to contextualize the growth of identity in the views of Hip Hop, pointing to its combination with citizenship concept. Such identitary logical is narrowly connected with the construction of the desviating categories notion. Forged on the backstage of urbanization, the identirary logical is the academic expression of a rationality which we named preventive paradigm, that intents to anticipate  Apoio: CAPES  Mestre PPGPSI UFRGS. Endereço: Faculdade Dom Alberto. Rua Ramiro Barcelos, 892 – Centro. CEP: 90010-310 - Porto Alegre, RS - Brasil  E-mail : lagesesilva@g mail.com  Professora PPGPSI UFRGS. Endereço: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Social e Institucional. Rua Ramiro Barcelos, 2600 - sala 13 – Santana. CEP: 90035-003 - Porto Alegre , RS - Brasil  E-mail : rosane.neves@ufrgs.br 

Paradigma preventivo e lógica identitária

Embed Size (px)

Citation preview

  • PARADIGMA PREVENTIVO E LGICA IDENTITRIA NAS ABORDAGENS SOBRE O HIP HOP+

    Rodrigo Lages e Silva++Rosane Neves da Silva+++

    RESUMO

    Este artigo faz uma reviso das pesquisas acadmicas sobre o Hip Hop, apontando a preponderncia do conceito de identidade nas referidas teorizaes. Neste sentido, pretende-se contextualizar a ascenso do conceito de identidade nas vises sobre o Hip Hop, em direo a sua conjugao com o conceito de cidadania. Tal lgica identitria est intimamente ligada construo da noo de categorias desviantes. Forjada sob o pano de fundo da urbanizao, a lgica identitria a expresso acadmica de uma racionalidade a que denominamos de paradigma preventivo, cuja funo antecipar-se a uma eventual potncia violenta que os jovens moradores de periferia representariam. Portanto, trata-se de entender a fabricao do subrbio e da juventude como problema social, analisando, assim, as concepes que do sustentao aos ideais corretivos e moralizantes que as abordagens sobre o Hip Hop expressam atravs de uma nfase nos seus benefcios identitrios.

    Palavras-chave: Hip Hop. Identidade. Insegurana. Psicologia Social.

    PREVENTIVE PARADIGM AND IDENTITARY LOGICAL IN THE VIEWS OF HIP HOP

    ABSTRACT

    This article makes a revision of the academic researches about Hip Hop, indicating the emphasis on identity concept in those related theories. We aim to contextualize the growth of identity in the views of Hip Hop, pointing to its combination with citizenship concept. Such identitary logical is narrowly connected with the construction of the desviating categories notion. Forged on the backstage of urbanization, the identirary logical is the academic expression of a rationality which we named preventive paradigm, that intents to anticipate

    + Apoio: CAPES++ Mestre PPGPSI UFRGS. Endereo: Faculdade Dom Alberto. Rua Ramiro Barcelos, 892

    Centro. CEP: 90010-310 - Porto Alegre, RS - BrasilE-mail: [email protected]

    +++ Professora PPGPSI UFRGS. Endereo: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Social e Institucional. Rua Ramiro Barcelos, 2600 - sala 13 Santana. CEP: 90035-003 - Porto Alegre, RS - BrasilE-mail: [email protected]

  • 136 Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008

    Rodrigo Lages e Silva & Rosane Neves da Silva

    an eventual violent potential of youth living in outskirts. Therefore, this article is about understanding the production of outskirts and youth like a social problem, thus analyzing the conceptions which support the corrective and moral ideals that are expressed in the Hip Hop researches through their emphasis on its identitary benefi ts.

    Key-words: Hip Hop. Identity. Insecurity. Social Psychology.

    INTRODUO

    Aps os movimentos contraculturais dos anos 1960 e 1970 o mundo expe-rienciou um perodo de aparente calmaria no cenrio cultural. Porm, enquanto o mainstream observava o envelhecimento e a acomodao da gerao que inovou com propostas estticas e comportamentais vanguardistas, no guetto americano, jovens criaram sombra da grande mdia um importante movimento cultural que ganhou expressividade a partir dos anos 1980.

    A traduo aproximada que se pode obter da expresso Hip Hop salto com os quadris. Hip signifi ca, segundo o Dicionrio Oxford, quadril, e Hop, pequeno salto ou pulo. A conjugao dessas duas palavras para designar o con-junto de expresses artsticas compreendendo o rap, o grafi te e o break, somente apareceu quando, em 1981, frica Bambaataa nomeou Hip Hop a manifestao cultural surgida no Bronx, bairro de predominncia negra em Nova Iorque, no incio dos anos 19701. Atravs de uma expresso grfi ca transgressora constituda pelo grafi te, de um estilo musical inovador quanto proposta rtmica e meldica como o rap, e de um modo de danar igualmente original, cujos movimentos interpretam a descontinuidade e a velocidade dos beats repetitivos produzidos pelo disque jquei que o break, o Hip Hop abrange diversas manifestaes artsticas que se popularizaram como arte de rua. Os primeiros protagonistas deste movimento foram, na sua maioria, jovens, negros ou descendentes hispni-cos, moradores dos bairros perifricos de Nova Iorque. Atualmente, seus adeptos encontram-se espalhados por diversos pases e etnias, no deixando, contudo, de seguir exprimindo um forte teor de contestao racial, especialmente, no que se refere afi rmao dos negros diante da hegemonia branca.

    O movimento Hip Hop apareceu fortemente na mdia a partir dos anos 1980 e se mundializou ao fi nal desta mesma dcada, quando tambm comeou a ganhar fora no Brasil. Em So Paulo, nos encontros informais de jovens na Rua So Bento, prximo estao do metr, os primeiros hiphoppers brasilei-ros danavam break ao som do que ainda era muito mais conhecido sob o signo geral de msica black do que como Hip Hop. Atualmente, embora ainda seja uma expresso cultural enraizada nas periferias, o Hip Hop tambm um pro-duto de consumo como outro qualquer. Nos Estados Unidos da Amrica um dos gneros musicais que gera maior lucratividade para a indstria fonogrfi ca. Seu impacto como produto cultural notado na maior parte dos pases, atravs

  • Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008 137

    Paradigma preventivo e lgica identitria nas abordagens sobre o Hip Hop

    de sua especial habilidade para se misturar no apenas com outras formas musi-cais globais, como o rock, techno e reagge, mas tambm com as regionais, tais como o funk carioca e o kuduro.2

    Embora no constitua uma regra geral, diversos raps abordam temas de conscientizao das periferias ao falar sobre o cotidiano de discriminao e de falta de oportunidades a que esto sujeitos a maioria dos jovens nascidos nos subrbios ou nas favelas. Estendendo-se da temtica da pertena tnica para a da pobreza, por vezes at mesmo com letras de contedo polmico, de apologia s drogas ou violncia (gangstarap), o Hip Hop passou a constituir um ponto de convergncia para diversos modos de inconformidade: tanto para a juventude marginalizada, quanto, eventualmente, para jovens mais favorecidos que buscavam, atravs do Hip Hop, expressar sua insatisfao com os modos hegemnicos de subjetivao.

    neste contexto ambguo, de uma midiatizao intensa e de um vigor junto aos jovens das periferias urbanas, que passamos a nos interessar por possveis estratgias de resistncia engendradas a partir do Hip Hop. Pesqui-samos inicialmente a bibliografi a acadmica e jornalstica disponvel sobre o assunto. Surpreendeu-nos, contudo, a constatao de que o Hip Hop vem se integrando ao senso-comum e, consequentemente, ao discurso acadmico, por meio de uma potncia corretiva e adaptativa. Parece haver um consenso nas abordagens educacionais, sociolgicas e psicolgicas ao enfatizarem os aspectos corretivos ou preventivos que o Hip Hop desempenharia nas periferias3 dos centros urbanos.

    Nosso objetivo neste artigo ser o de problematizar essa concepo natu-ralizada do Hip Hop, demonstrando que essa perspectiva produzida de acor-do com uma lgica que busca ancoragem no conceito de identidade. Assim, explicitaremos os motivos pelos quais as abordagens sobre a temtica Hip Hop parecem convergir em torno de uma lgica identitria e as estratgias pelas quais esta lgica se articula com uma potncia corretiva, moralizante, cuja sus-tentao um sentimento generalizado de insegurana que est, por sua vez, imbricado com determinada atitude antecipatria a que vamos chamar de pa-radigma preventivo.

    HIP HOP E LGICA IDENTITRIA

    No pensamento psicolgico, a questo da identidade tem ocupado um lugar de destaque. A nfase identitria mais evidente nas abordagens ditas teraputi-cas, mas est presente at mesmo nas abordagens ditas sociais, levando-se em considerao certas abordagens que tomam o indivduo como unidade primeira do social. O ideal de sujeito que responde por este modelo o da estabilidade, da individualidade. O social nesta lgica identitria apenas um local no qual se pode construir, atravs do mecanismo da identifi cao, uma identidade boa, normal, estvel; ou desviante, anormal, patolgica, de risco.

  • 138 Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008

    Rodrigo Lages e Silva & Rosane Neves da Silva

    Inicialmente, encontramos estas concepes na bibliografi a voltada para o Hip Hop a partir do entendimento de que o mesmo funcionaria como espao de identifi cao. Trata-se, aparentemente, da tomada da identifi cao como algo construtivo, que atua no sentido do reforo das potencialidades do sujeito. Nes-ta abordagem, o Hip Hop constituiria um facilitador para que se operasse uma identifi cao positiva dos jovens negros e moradores da periferia.

    Observamos tal perspectiva em Scandiucci (2005, p. 20) que, na sua abordagem jungiana, v o Hip Hop para o jovem como uma possibilidade de assumir uma identidade mais prxima de sua realidade. Fica evidente, no entanto, o entendimento da identidade como um princpio que opera na pers-pectiva da estabilidade, da normalidade, da adequao sua realidade. Uma concepo que compreende a realidade de uma forma descontnua em relao subjetividade. A identidade operando, por conseguinte, como um mecanismo de aproximao entre um mundo interior, subjetivo, e uma realidade social, cultural. No se compreende a produo da realidade e a produo da subjetivi-dade como um mesmo processo. Perspectiva anloga expressa em Matsunaga (2004, p. 70, grifo nosso):

    Ao nos depararmos com os movimentos juvenis, e em nosso caso o movimento hip hop, compreendemos que esses grupos conseguem fornecer aos jovens espaos para a identifi cao quanto ao lugar que moram, ao lugar que ocupam no tecido social, sua condio juvenil, s suas particularidades culturais entre outros aspectos. Possibilitam aos jovens que dele fazem parte, construir uma identidade coletiva.

    Podemos perceber, nesta afi rmao, um entendimento de identidade cole-tiva que no deixa de estar mediado pelo ideal do indivduo adaptado ao social. Trata-se do coletivo em favor do individual e, conseqentemente, de um sujeito sempre dependente de espaos para a identifi cao. Essa perspectiva pressupe o coletivo como a mera soma das individualidades.

    Ensaiando uma ampliao deste tipo de referencial, sem, entretanto aban-donar a perspectiva identitria, Rosana Martins (2005, p. 144) apontou, tambm sobre o Hip Hop, que:

    [...] ao resgatar uma dimenso social da subjetividade, propomos simplesmente evitar modelar o indivduo com base em um nico sujeito determinante, mas em diferentes circunstncias do espao hbrido, dando margem ao aparecimento de um eu plural inquieto.

    Em seguida, ela retorna ao tema da identidade, agora como uma identidade plural, multifacetada. Afi nal, as identidades no so fi xas, mas se articulam com a estrutura das relaes sociais atravs das identifi caes como de raa, gnero, classe, etnicidade, nvel educacional, gostos, etc. (MARTINS, 2005, p. 144). Mesmo partindo de uma perspectiva mais ampla que inclui dimenses como raa, gnero, classe, etc., a autora parece apontar para uma determinada funcionalidade

  • Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008 139

    Paradigma preventivo e lgica identitria nas abordagens sobre o Hip Hop

    da noo de identidade, no sentido de resgatar uma dimenso social, como se houvesse um distanciamento entre o social e o individual. Neste contexto, o Hip Hop atuaria como um elemento facilitador, na funo de mediar a aproximao dessas duas dimenses.

    Abramovay et al. (2002, p. 138), em pesquisa fi nanciada pela Unesco sobre os modos de organizao juvenis, afi rmam que os rappers realizam um esforo de construo de identidade coletiva mediante a crtica social. A crtica social deixa de ser um elemento de transformao para constituir-se como instrumento de afi rmao da identidade. Esvazia-se todo o sentido do que pode signifi car uma crtica social para enfatizar a noo da construo da identidade coletiva capaz de representar uma alternativa s gangues, uma nova forma de rebelio, nos quais se renem em galeras que no possuem a organizao prpria das gangues (ABRAMOVAY et al., 2002, p. 136). Muito provavelmente, este pensamento sintetize a captura que pretendemos apontar, na qual um modo de contestao, de rejeio de estigmas, de preconceitos, acaba sendo tornado elemento de ade-quao. Como se fosse necessrio marcar uma diferena entre a crtica social responsvel realizada pelos hiphoppers e a atitude violenta das gangues.

    Essa mesma esperana de que o Hip Hop possa se constituir como um modo de construir laos sociais menos transgressores na adolescncia, pode ser observada na pesquisa de Digenes (1998, p. 123) sobre as gangues de Fortaleza: como se o Hip Hop tivesse sido forjado como alternativa s prticas enseja-das pelas gangues e projetasse, atravs da inverso dos referentes, uma mudana social.

    Por fi m, Almeida (1996, p. 180) sintetiza este entendimento do Hip Hop como modo de protagonizar papis sociais menos transgressores e, em certa me-dida, menos ameaadores, postulando: envolve (sua concepo sobre Hip Hop) a afi rmao de identidades sociais, no a afi rmao da identidade estigmatizada, mas da identidade cidad....

    De certa forma, a expresso mxima de uma identidade funcional, uma identidade que conduza a uma boa sociabilidade, a identidade cidad. Conju-gando-se com o conceito de identidade, a cidadania constitui plo oposto quele onde se situariam a violncia, o comportamento anti-social, a delinqncia. No se trata de uma problematizao mais apurada sobre o que seja o conceito de ci-dadania, ou de diferentes formas de ser cidado, como um novo modo de habitar a cidade, por exemplo. Trata-se, muito simplesmente, de conceb-la como instru-mento preventivo em relao a uma suposta violncia potencial dos jovens.

    Dessa forma quando os jovens entram em grupos de gangues, adquirem uma identidade do ns, tornando-se prontos para expressar uma identidade de violentos, fortes, destemidos, em contraste com os fracos e medrosos (ALMEIDA, 1996, p.179).

  • 140 Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008

    Rodrigo Lages e Silva & Rosane Neves da Silva

    Ao nos depararmos com uma predominncia de abordagens atravs das quais, tanto psiclogos [Scandiucci (2005); Matsunaga (2004); Digenes (1998)] quanto socilogos [Martins (2005); Abramovay et al (2002); Almei-da (1996)], buscam dar nfase ao binmio identidade/cidadania, passamos a compreender que, para alm daquilo que representa cada uma das formas de expresso do Hip Hop (rap, break e grafi te), necessrio ter em conta que, no Hip Hop, trata-se de jovens, na sua maioria negros e marginalizados, cuja par-ticipao na sociedade vem despertando uma preocupao crescente e que est muito ligada a um temor de proximidade.

    Se, por um lado, o teor de contestao das letras dos raps, o engajamento que provoca junto aos jovens e a tomada de atitude frente s desigualdades so-ciais relacionados ao Hip Hop fi zeram-nos supor estratgias de resistncia, por outro, tais singularidades foram sendo absorvidas pelos discursos corriqueiros da boa sociabilidade, do bem integrar-se sociedade, ou seja, de forma cidad, atravs do mecanismo da identifi cao. Por isso, em que pese certa potncia de desestabilizao dos discursos recorrentes sobre negritude e pobreza a qual o Hip Hop parece evidenciar, observamos tambm a existncia de um mecanismo homeosttico que j cria um novo modo de tornar esta potncia operativa para que os modos de sociabilizao e de subjetivao hegemnicos continuem como esto4. E o mecanismo que tem sido utilizado para realizar esta adequao pres-supe uma lgica identitria.

    Portanto, compreendemos que no h como separar esta lgica identitria de uma racionalidade antecipatria que est ancorada no sentimento de insegu-rana. No h como compreender a ascenso do conceito de identidade como ordenador do sujeito, sem levar em conta a formulao das categorias desviantes. Uma vez que a servio da mesma racionalidade preventiva e moralizante que vemos o conceito de identidade tornar-se operativo tanto na psicologia, integran-do-se nos discursos da psicopatologia da adolescncia, a fase da vida onde se do as identifi caes, quanto na sociologia, atravs da formulao da juventude desviante como problema social que pode ser amenizado atravs de boas identi-dades ou agravado atravs das identidades de risco.

    Desta forma, os ritos de passagem tornam-se um espao mais permanente de formao da identidade, espao que no s implica elementos de uma cultura tradicional reinventada, como tambm um envolvimento com culturas de risco alternativas, que por seu turno tendem a extravasar os papis aceitveis em torno de classe e diferena sexual (HOLLANDS, 1997, p. 212, grifo nosso).

    Neste sentido, veremos como foi se produzindo no tecido social um ten-sionamento que levou construo da noo de classes perigosas e, ao mesmo tempo, como os modos atuais de problematizao do Hip Hop no deixam de atualizar tal concepo.

  • Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008 141

    Paradigma preventivo e lgica identitria nas abordagens sobre o Hip Hop

    URBANIZAO E CONSTRUO DAS CLASSES PERIGOSAS

    Hall (1995, p. 27), em Cidades do Amanh, fez uma histria do urbanismo, demonstrando como o impulso para o planejamento das cidades esteve direta-mente ligado ao problema da pobreza, da violncia e da superpopulao:

    [...] a emoo dominante no era a culpa, mas o medo. Os pobres eram geralmente retratados como grosseiros, animalescos, bbados e imorais; a negligncia e a complacncia de anos e anos haviam feito com que eles se tornassem uma ameaa para a civilizao.

    Tambm Foucault (1982, p. 87) demonstrou como a urbanizao empres-tou novas nuances aos confl itos entre pobres e ricos:

    Nasce o que chamarei de medo urbano, medo da cidade, angstia da cidade que vai se caracterizar por vrios elementos: medo das ofi cinas e fbricas que esto se construindo, do amontoamento da populao, das casas altas demais, da populao numerosa demais; medo, tambm, das epidemias urbanas, dos cemitrios que se tornam cada vez mais numerosos e invadem pouco a pouco a cidade; medo dos esgotos, das caves sobre as quais so construdas as casas que esto sempre correndo o perigo de desmoronar.

    Podemos compreender, ento, que a proximidade e a distribuio de-sordenada dos pobres pela cidade, o seu funcionamento no convencional, sua diferena que vai produzir o medo e no necessariamente uma propenso violenta que existiria no pobre. A no proporcionalidade entre pobreza e violn-cia j era evidente ainda na Inglaterra vitoriana: O curioso que, a despeito dos temores dos cidados, parece claro que a criminalidade nos ltimos tempos da In-glaterra vitoriana, seguia uma contnua linha decrescente. (HALL, 1995, p. 29); ou nas palavras de Lagrange (1995 apud ZALUAR 1997, p. 30): Na Inglaterra e na Frana do sculo XIX, quando a misria era um dos temas literrios prediletos e uma realidade visvel nas ruas de suas cidades, a taxa de homicdio no passava respectivamente de 0,5 e de 1,41.

    , pois, um medo que vai deixando de se ligar a um objeto especfi co e identifi cvel e comea a se caracterizar como uma angstia livre, no associada a nenhum perigo imediato, mas a uma violncia potencial. A insegurana comea a ser estruturante de um modo de relao entre os segmentos urbanos.

    Um conceito exemplar para o entendimento de como a questo da super-populao e da pobreza ligada insegurana e ao medo, o de classes perigo-sas. A primeira vez que o termo classes perigosas, segundo Guimares (1981), apareceu na literatura foi num texto da inglesa Mary Carpentier sobre a recente massa de indivduos que fi caram margem do emprego de mo-de-obra na inds-tria inglesa na fase inicial da Revoluo Industrial, na primeira metade do sculo XIX. Eram pessoas que j tinham passado algum tempo no sistema prisional ou

  • 142 Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008

    Rodrigo Lages e Silva & Rosane Neves da Silva

    que no possuam um modo de garantir o sustento de sua famlia. A categoriza-o destas pessoas como perigosas, porm, era devido ao fato de estarem fora do circuito capitalista da produo industrial. Portanto, a preocupao em relao a estes indivduos menos aquilo que, em virtude da necessidade, eles seriam capazes de fazer, do que o temor pelo que poderia representar a energia de uma mo-de-obra excedente, no empregada pela indstria do capital.

    Impor o modelo-Trabalho a toda a atividade, traduzir todo o ato em trabalho possvel ou virtual, disciplinar a ao livre, ou ento (o que d no mesmo) rejeit-las como lazer, que s existe por referncia ao trabalho. Compreende-se desde logo porque o modelo-Trabalho fazia parte fundamentalmente do aparelho de Estado, no seu duplo aspecto fsico e social (DELEUZE; GUATTARI, 1997, p. 200).

    Neste sentido, fi ca evidente que a construo das categorias desviantes ou perigosas comea a se formar no apenas pelo fato de que determinadas parcelas da populao sejam mais desamparadas ou tenham menor poder econmico. As classes perigosas dizem menos respeito a uma questo de pobreza em si, do que ao fato de que as mesmas no so disciplinadas pelo trabalho, essa gente, como classe inepta, gastadeira, amante do prazer e sempre pobre; seu ideal trabalhar e divertir-se quando bem lhe aprouver (BOOTH apud HALL, 1995, p. 32).

    Coimbra (2001, p. 80) denuncia o modo pelo qual o capitalismo acaba na-turalizando uma periculosidade da pobreza, uma vez que o termo classes perigo-sas refere-se ao contraste entre o modo de vida das pessoas pobres e uma tica capitalista, para a qual a misria passa a ser naturalmente compreendida como advinda dos vcios e da viciosidade inerentes aos pobres.

    O termo classes perigosas recorrente em diferentes momentos histricos, sempre que certo modo de existncia escapa ao ordenamento do capital. Segundo Zaluar (1997), o conceito de classes perigosas volta a ser referido para designar, respectivamente: a vida social, poltica e literria na Frana na dcada de 70, quando, aps o agito de maio de 68, havia o desejo de contestar os modos de vida hegemnicos; mas tambm vai ser retomado para se referir s galeras da banlieue parisiense na dcada de 80. Entretanto, em ambos os casos, h de se ressaltar uma descontinuidade na relao entre pobreza e violncia. As evidncias histricas e estatsticas da criminalidade na Frana demonstram no haver diferenas entre os ndices de violncia de Paris e das zonas rurais na Frana durante o sculo XIX (ZALUAR, 1997, p. 29). Da mesma forma, em relao violncia da banlieue parisiense, a autora aponta causas muito mais relacionadas com a excluso, a segregao e o xenofobismo do que com a misria.

    Portanto, sempre isso que vem se deslocando e metamorfoseando ao longo da histria como algo margem do circuito capitalista, denominado de classes perigosas. na medida em que os pobres, como demonstrado por Thompson (1998) na sua descrio da passagem da cultura patriarcal para a fase pr-industrial na Inglaterra do sculo XVIII, passam a ter mais direitos,

  • Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008 143

    Paradigma preventivo e lgica identitria nas abordagens sobre o Hip Hop

    uma vez que se apropriam de sua capacidade produtiva, que o ordenamento simblico que os distanciava moralmente da aristocracia entra em crise. Assim, eles passam a representar uma ameaa s elites. Atravs do trabalho assalaria-do, emerge uma nova visibilidade para os pobres, criando todo um estranha-mento e um confl ito de seus costumes populares diante da moral puritana. Os pobres passam a provocar medo.

    Ao chamar a ateno para o fato de que as classes perigosas dizem menos respeito a uma propenso violenta dos pobres, mas ao fato de que as mesmas no seriam disciplinadas pelo trabalho, e at mesmo, de uma determinada reao visibilidade que a pobreza adquiriu na sociedade recm industrializada, estamos dizendo que o sentimento generalizado de insegurana que vivemos hoje tambm tem razes numa concepo de desvio forjada desde uma tentativa de manter uma dominao diante de uma parcela da populao que comeava a comportar-se com mais autonomia.

    Neste sentido, para a discusso que pretendemos trazer tona sobre um paradigma preventivo, importante compreendermos que um novo modo de sub-jetivao vai surgindo a partir do medo e se materializando de vrias maneiras. Materializa-se nos termos do questionamento quanto aos modos de governar, ou seja, atravs do planejamento racional da cidade, produzindo a diviso e a pre-viso de espaos confi nados para que as diferenas no se encontrem. Materia-liza-se, tambm, no impulso estatstico de gerenciar as potencialidades de uma sociedade, demarcando o lugar do desvio. E, fi nalmente, materializa-se na esfera do pensamento acadmico, pelo conceito de classes perigosas.

    Assim, observa-se no contexto de uma sociedade em que h uma crescente diminuio dos postos de trabalho - ou o que tem se chamado de crise das opor-tunidades -, uma nova retomada da noo de categorias desviantes ou de classes perigosas, s que, desta vez, encobertas por termos como situao de risco ou situao de vulnerabilidade social. Na verdade, estamos experienciando, mais uma vez, a produo da juventude e da pobreza como problema social. O jovem pobre o objeto icnico do temor das classes burguesas. Diante deste jovem, muitos atravessariam, e atravessam, a rua.

    A crescente presena de manifestaes juvenis proscritas, em geral protagonizadas por agentes sociais dos segmentos populares, arremessou os jovens no centro de um importante debate poltico intelectual, que os situa, em geral, como um dos obstculos paz e ordem social. Ou seja, a condio de proscritos de alguns, o preconceito, o racismo e a sensao de incremento da violncia no mundo tm acentuado esta representao negativa do jovem (HERSCHMANN, 2000, p. 58).

    Portanto, as estratgias de ateno ao pobre e s minorias, cujo envolvi-mento de psiclogos e demais trabalhadores sociais cada vez maior, sempre es-tiveram, em certa medida, relacionadas com o conceito de categorias desviantes.

  • 144 Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008

    Rodrigo Lages e Silva & Rosane Neves da Silva

    Atualmente, sob o pano de fundo da convivncia urbana entre os moradores das favelas e bairros pobres da cidade com os habitantes da cidade ofi cial, higinica, legtima, que se vem pensando a juventude como um problema social, ou seja, na perspectiva da insegurana, do medo. Quando nos surpreendemos com o fato de que as abordagens psicolgicas tm enfatizado uma potncia corretiva no Hip Hop, colocada em prtica atravs de um reforo identitrio, isto nos faz questio-nar exatamente quais so os medos, as angstias que impulsionam tal forma de pensar. Da que nos deparamos com um determinado paradigma preventivo.

    PARADIGMA PREVENTIVO

    preciso se perguntar se, em nome dos direitos e da democracia, em um tempo de ecopoltica para o corpo so, as periferias das grandes cidades em nome da segurana, no esto se tornando novos campos de concentrao, gerenciados por moralistas polticos (PASSETI, 2003, p. 14).

    Uma vez que concebemos a presena do medo como um aspecto subjeti-vo que vem delineando o relacionamento entre segmentos urbanos, vamos cha-mar de paradigma preventivo ao conjunto de dispositivos que vo se constituir em torno do sentimento de insegurana urbana. preciso levar em conta que a relao entre insegurana e violncia no causal ou natural, mas se insere no contexto da organizao da sociedade em segmentos diferenciados: insegu-rana e violncia urbana so produtos de uma tenso que vem atravessando a sociedade a partir do momento em que os indivduos passam a estabelecer re-laes de pertencimento e de dependncia com um poder centralizado, ou seja, quando comeam a se reconhecer como elementos de um Estado, com suas vidas dependendo dele e para ele.

    Considerando que a relao entre insegurana e violncia urbana no algo natural, entendemos que apenas numa atualizao do conceito de classes perigosas e de categorias desviantes que podemos pensar essa relao. Em ou-tras palavras, o que pretendemos denunciar atravs do conceito de paradigma preventivo uma potncia fascista que, atravs do sentimento de insegurana, vai construindo noes de situao de risco ou, falando em linguagem politi-camente correta, de vulnerabilidade social que, por sua vez, so justifi cadas atravs da problemtica da violncia.

    Portanto, o paradigma preventivo muito menos resultante da experin-cia ftica da violncia, cuja existncia no negamos, do que de uma determina-da potncia microscpica, molecular, diramos a partir de Deleuze & Guattari (1996), que se espalha pelo corpo social, ativando-nos a capacidade de submisso aos procedimentos necessrios para nos sentirmos seguros, engendrando uma ra-cionalidade antecipatria com tecnologias especfi cas. Tecnologias, estas, que no so apenas fsicas (cadeados, grades e alarmes), apenas ostensivas (sorria, voc est sendo fi lmado!), apenas funcionais (vigilantes e guarda-costas). Estas tec-nologias so tambm intelectuais, racionais. desta forma que este pensamento preventivo vai se imbricando nas cincias humanas e que, no caso da Psicologia,

  • Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008 145

    Paradigma preventivo e lgica identitria nas abordagens sobre o Hip Hop

    acaba por se traduzir no dispositivo da identidade como conceito ordenador do sujeito. E culmina com a busca em determinadas manifestaes culturais juvenis como o Hip Hop, por exemplo, pela soluo para o problema, uma vez que esta cultura seria apropriada para o jovem construir uma identidade cidad.

    Cabe questionar, ento, at que ponto nossas polticas para a juventude so realmente emancipatrias e at que ponto estamos tratando de engajar a energia criativa e transformadora dos jovens em lgicas cujos fi ns servem ape-nas aos interesses de uma sociedade que cada vez mais parece se estruturar sob uma ndole paranica?

    UNDERCLASS

    Um novo animal social irrompeu na paisagem urbana americana dos anos oitenta, que semeia pavor entre a populao e suscita uma inquietude crescente nas autoridades. Sua descoberta se fez acompanhar de uma verdadeira onda miditica: no h mdia de porte que no tenha consagrado artigos, editoriais, e reportagens aos comportamentos nocivos e predadores que o caracterizam. Polticos de todas as faces fustigam, em disputa pela primazia, sua sinistra presena no corao da cidade, que representa ora o sintoma, ora a causa da delinqncia dos bairros degradados que afl igem as metrpoles do pas. Pesquisadores em cincias sociais e especialistas em polticas pblicas foram chamados a localizar seu habitat, enumerar seus efetivos e elucidar seus hbitos a fi m de elaborar meios de conter essa proliferao maligna. [...] Este animal a underclass urbana, termo de contornos mal-defi nidos e de conotaes sulfurosas (WACQUANT, 2001, p.107).

    Wacquant (2001), em Os Condenados da Cidade, analisa a emergncia de um novo modo de problematizao das relaes entre centro e periferias urbanas, a partir da anlise do conceito de underclass. Conceito de utilizao exaustiva pela mdia norte-americana dos anos 1980, e que foi posteriormente integrado sem crtica aos discursos acadmicos. A underclass, menos que uma categoria, o que Wacquant (2001, p. 109) chamou de categorema: um instrumento de acusao pblica. Os parmetros para a defi nio do que seria a underclass es-tariam menos relacionados s caractersticas intrnsecas de um grupo, uma classe ou uma faixa etria, do que um amlgama de todas as pessoas percebidas como geradoras de uma ameaa, ao mesmo tempo fsica, moral e fi scal, integridade da sociedade urbana (WACQUANT, 2001, p. 107-108).

    Ao desnaturalizar o emprego do conceito de underclass, Wacquant (2001, p. 129) apontava para um pnico moral em relao aos subrbios e de como existe uma percepo behaviorista (WACQUANT, 2001, p. 114) generalizada entre os escritos jornalsticos e universitrios, no sentido de situar a problemtica desde o ponto de vista dos comportamentos, anti-sociais, desviantes, violentos, etc.

  • 146 Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008

    Rodrigo Lages e Silva & Rosane Neves da Silva

    Ao problematizar uma lgica identitria no Hip Hop e apontar a ligao que esta racionalidade faz com um paradigma preventivo, estamos, assim como Wacquant (2001, p. 129), analisando o processo de fabricao do subrbio como problema social, merecedor da ateno de especialistas administrativos ou cientfi cos.

    O sentimento de insegurana que reina em Quatre Mille, por exemplo, principalmente alimentado pelo isolamento dos habitantes, pelo meio ambiente degradado do bairro e por esta pequena delinqncia que faz dos jovens os bodes-expiatrios de todos os males do bairro (WACQUANT, 2001, p. 144).

    Acreditamos que possvel tomar o Hip Hop como um objeto de estudo para alm da explicitao de eventuais aspectos positivos que este desem-penharia junto aos jovens marginalizados. Uma das formas pelas quais isso possvel comear a analisar o processo de fabricao desta noo de que necessria uma identidade cultural para que os jovens pobres e negros, vis-tos como perigosos ordem social, possam construir formas de sociabilidade menos violentas, apontando o modo pelo qual esta percepo se engaja num paradigma preventivo.

    Assim, pretendemos elucidar a racionalidade que fez com que, em determi-nado momento, uma manifestao cultural juvenil como o Hip Hop, engendrada justamente no plano da crtica s diferenas sociais e ao preconceito, entre outras coisas, foi sendo modifi cada pelo olhar moralizante de uma sociedade disposta a antecipar-se violncia. Podemos dizer que um determinado paradigma preven-tivo vem dando sustentao para discursos cada vez mais segregadores em uma sociedade como a brasileira, s para nos restringirmos ao nosso prprio contexto, que vive um apartheid social no qual a distncia fsica e moral entre as classes sociais diretamente proporcional concentrao de renda e s desigualdades.

    NOTAS1 Informaes mais detalhadas sobre a defi nio e a histria do Hip Hop em: PIMENTEL, Spensy.

    O livro vermelho do hip hop.2 Ritmo comum nas periferias de Angola.3 importante salientar que a idia de periferia nem sempre corresponde a um afastamento geogrfi co,

    mas a certa distncia moral que determinadas zonas mais empobrecidas das cidades possuem em relao s zonas mais elitizadas. Refere-se muito mais a um processo de invisibilizao de alguns espaos da cidade.

    4 Como na clebre frase do fi lme Il Gattopardo, de Luchino Visconti: preciso que tudo mude, para que tudo continue como era antes.

  • Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008 147

    Paradigma preventivo e lgica identitria nas abordagens sobre o Hip Hop

    REFERNCIAS

    ABRAMOVAY, M. et al. Gangues, galeras, chegados e rappers: juventude, violncia e cidadania nas cidades da periferia de Braslia. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.

    ALMEIDA, R. Violncia urbana, incluso social e identidade. In.: LINS, D.; BARREIRA, C. (Org.). Poder e Violncia. Fortaleza: EUCF, 1996.

    COIMBRA, C. M. B. Operao Rio: o mito das classes perigosas. Rio de Janeiro: Ofi cina do Autor/Intertexto, 2001.

    DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Micropoltica e segmentaridades. In.: ______. Mil Plats. So Paulo: Ed. 34, 1996. v. 3.

    ______. Tratado de Nomadologia: a Maquina de Guerra. In. ______. Mil Plats. So Paulo: Ed. 34, 1997. v. 5.

    DIGENES, G. Cartografi as da cultura e da violncia: gangues, galeras e o movimento hip hop. So Paulo: Annablume, 1998.

    FOUCAULT, M. O nascimento da medicina social. In.: ______. Microfsica do poder. 3. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1982.

    GUIMARES, A. P. As classes perigosas: banditismo rural e urbano. Rio de Janeiro: Graal, 1981

    HALL, P. Cidades do amanh: uma histria intelectual do planejamento e do projeto urbano no sculo XX. So Paulo: Perspectiva, 1995.

    HIP. In: Dicionrio Oxford Escolar. New York: Oxford Universisty Press, 1999.

    HERSCHMANN, M. O funk e o hip hop invadem a cena. Rio de Janeiro: UFRJ, 2000.

    HOLLANDS, R. As Identidades Juvenis e a cidade. In.: FORTUNA, C. (Org.). Cidade, cultura e globalizao. Oeiras: Celta, 1997. p. 207-230.

    HOP. In: Dicionrio Oxford Escolar. New York: Oxford Universisty Press, 1999.

    IL GATTOPARDO. Direo: Luchino Visconti. EUA: 20th Century Fox, 1963. DVD Duplo (185 min).

    MARTINS, R. Hip Hop: o estilo que ningum segura. So Paulo: ESETEC, 2005.

  • 148 Fractal Revista de Psicologia, v. 20 n. 1, p. 135-148, Jan./Jun. 2008

    Rodrigo Lages e Silva & Rosane Neves da Silva

    MATSUNAGA, P. S. Formaes identitrias de Jovens: algumas consideraes sobre os hip hoppers piracicabanos. Revista Psicologia Poltica, So Paulo, v. 4, n. 7, p. 67-94, jan./jun. 2004.

    PASSETI, . Anarquismos e sociedade de controle. So Paulo: Cortez, 2003.

    SCANDIUCCI, G. Juventude negro-descendente e a cultura Hip Hop na periferia de So Paulo: possibilidades de desenvolvimento humano sob a tica da psicologia analtica. 2005. Dissertao (Mestrado em Psicologia)__Instituto de Psicologia, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2005.

    PIMENTEL, S. O livro vermelho do hip hop. 1997. Monografi a (Graduao em Jornalismo). Escola de Comunicao e Artes, Universidade de So Paulo, So Paulo, 1997.

    THOMPSON, E. P. Costumes em comum. So Paulo: Cia das Letras, 1998.

    WACQUANT, L. Os Condenados da cidade. Rio de Janeiro: Revan, 2001.

    ZALUAR, A. Gangues, galeras e quadrilhas: globalizao, juventude e violncia. In. VIANNA, H. (Org.). Galeras cariocas: territrios de confl itos e encontros culturais. Rio de janeiro: UERJ, 1997.

    Recebido em: fevereiro de 2007Aceito em: fevereiro de 2008