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PARÂMETROS DE CRESCIMENTO, PRODUÇÃO E TEMPO DE ARMAZENAMENTO DOS FENOS DE QUATRO GRAMÍNEAS TROPICAIS NA REGIÃO NORTE FLUMINENSE ERIKA IZAAC DE ORNELAS UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ DEZEMBRO – 2003

PARÂMETROS DE CRESCIMENTO, PRODUÇÃO E TEMPO DE ... · gramíneas tropicais durante a estação de crescimento das mesmas, o que coincide com o período das águas; o custo do maquinário

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PARÂMETROS DE CRESCIMENTO, PRODUÇÃO E TEMPO DE ARMAZENAMENTO DOS FENOS DE QUATRO GRAMÍNEAS TROPICAIS NA

REGIÃO NORTE FLUMINENSE

ERIKA IZAAC DE ORNELAS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

DEZEMBRO – 2003

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PARÂMETROS DE CRESCIMENTO, PRODUÇÃO E TEMPO DE ARMAZENAMENTO DOS FENOS DE QUATRO GRAMÍNEAS TROPICAIS NA

REGIÃO NORTE FLUMINENSE

ERIKA IZAAC DE ORNELAS

Tese apresentada ao Centro de Ciências e

Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.

Orientador: Prof. Hernan Maldonado Vasquez

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ DEZEMBRO – 2003

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil caracteriza-se por ser um país tropical com duas estações bem

definidas: a estação das águas, com abundância em forragem e a estação das

secas, onde a produção animal fica comprometida. Em Campos dos Goytacazes,

norte do estado do Rio de Janeiro, o período das chuvas compreende, geralmente,

os meses de outubro a abril (CORRÊA, s.d.)

As áreas de pastagens no Brasil compõem-se, basicamente, de pastos

nativos e cultivados perenes e, em menor quantidade, de pastagens para corte

anual. Na região Sudeste, os pastos cultivados constituem maioria, com cerca de 20

milhões de hectares (ZIMMER & EUCLIDES FILHO, 1997). Estes podem ser

destinados ao pastejo, corte ou possuir dupla aptidão; ou seja, o excedente, não

consumido pelos animais, pode ser destinado à produção de volumosos como feno

ou silagem, a fim da mesma não ultrapassar seu período de crescimento vegetativo

e perder qualidade nutricional. O rebanho efetivo bovino brasileiro era constituído, ao final do ano 2000, por cerca de 159 milhões de animais. Destes, 44

milhões apresentavam aptidão leiteira e 115 milhões aptidão para corte. Destes últimos, 20 milhões estavam destinados ao cruzamento

industrial e outros 95 milhões destinados à engorda, dos quais foram abatidos apenas 33 milhões (34,7%) (ANNUALPEC, 2001).

A pecuária de corte no Brasil, comparada a outros países produtores tradicionais de carne bovina, como Argentina, Austrália e

EUA, apresenta baixo desempenho e o grande potencial para o aumento de produção encontra-se na introdução por ganhos tecnológicos

(ZIMMER & EUCLIDES FILHO, 1997). Essa baixa eficiência é devida a fatores genéticos e a fatores nutricionais (BERGMANN, 1993;

ANDRADE, 1999; EUCLIDES FILHO, 2001). Porém as deficiências vêm sendo reduzidas acompanhando-se a tendência atual de evolução.

A baixa eficiência nutricional deve-se, entre outros fatores, à estacionalidade da produção de forragem, cujos níveis de produção

animal obtidos na estação das águas são comprometidos pelo baixo rendimento forrageiro durante a seca (PEREIRA, 1998), quando a

maioria dos criadores adota um sistema de produção extensivo (ANDRADE, 1999).

A produção de feno, ainda com pouca tradição no país, constitui uma alternativa relativamente simples à irregularidade anual da

produção de forragem. Esta é uma técnica capaz de potencializar a produtividade das pastagens e melhorar os níveis de produção animal. No

entanto, alguns fatores que comprometem a adoção desta prática são: concepção errônea sobre a viabilidade da produção de feno de

gramíneas tropicais durante a estação de crescimento das mesmas, o que coincide com o período das águas; o custo do maquinário utilizado;

e o desconhecimento da própria técnica (PEREIRA, 1998).

Os solos hidromórficos (alagados e de difícil drenagem) no Brasil compreendem aproximadamente 31,2 milhões de hectares, o

que corresponde a 3,62% do território nacional (EMBRAPA, 1981). As gramíneas que crescem nestes solos, normalmente, não estão

disponíveis para consumo animal, devido ao alagamento dos mesmos. No Rio de Janeiro os solos hidromórficos correspondem à 5% do

Estado (JACQUES & SINZATO, 2001).

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A proposta da produção de feno destas gramíneas de áreas bastante úmidas ou encharcadas inclui a necessidade do corte da planta

no início da época das secas, quando o pasto não deve encontrar-se inundado e, se necessário for, eventual secagem em galpões

(NASCIMENTO et al, 2000).

Neste contexto, no presente estudo, definiu-se por objetivo estudar o crescimento das gramíneas Acroceras macrum, Brachiaria

purpurascens, Hemarthria altissima e Setaria anceps, bem como sua produção de feno e a permanência da qualidade do mesmo pela

avaliação laboratorial de análises bromatológicas, fracionamento de proteínas e carboidratos e qualificação e quantificação fúngica em

função do tempo de armazenamento.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1- Gramíneas Avaliadas

O capim-acroceres (Acroceras macrum) é uma gramínea cultivada extensivamente como pastagem, sendo também utilizada para produção de

feno. Largamente distribuída na África, sendo uma espécie nativa deste continente, ocorre da Etiópia até a África do Sul, em Angola e no sudeste da

África (DUKE, 1983). Por outro lado, o capim-hemartria (Hemarthria altíssima) é uma gramínea

perene que ocorre em áreas pantanosas e na margem dos rios da África e da Ásia, sendo introduzida na América no século XIX (VAN DEN HEUVEL &

VELDHAMP, 2000). O capim-angola (Brachiaria purpurascens) é uma gramínea difundida em

todo o território nacional, adaptando-se melhor em baixadas úmidas, podendo constituir eserva para a estação seca. Em condições favoráveis, esta gramínea cresce exuberante e possui alta palatabilidade (MITIDIERI 1992; PUPO, 2000).

Por sua vez, o capim-setaria (Setaria anceps) é perene, cresce formando densas touceiras de até dois metros, com grande quantidade de folhas finas e

macias. Esta gramínea possui grande resistência à seca e tolera umidade

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excessiva e temperaturas baixas, mas não geadas. Vegeta bem em vários tipos de solos, apresentando mais exuberância nos de textura média e férteis

(PUPO, 2000). VIEIRA & ALTHOFF (1994), estudando o capim-acroceres, obtiveram uma

boa produção de matéria seca, ótima tolerância ao encharcamento, boa tolerância ao pisoteio animal, facilidade de multiplicação vegetativa, boa

preferência pelos animais e menor exigência em manejo. Assim, juntamente com capim-hemartria se destacaram no Vale do Itajaí, SC, como as melhores

opções para solos de várzeas, sujeitos a inundações ocasionais. POSTIGLIONI (1997) utilizou, em estudo de avaliação sob pastejo, duas

variedades de H. altíssima (Flórida e Roxinha), A. macrum e S. anceps cv. Kazungula na região dos Campos Gerais do Paraná. Assim, o melhor

desempenho individual dos animais foi proporcionado quando estes foram alimentados com os capim-hemartria var. Flórida e capim-acroceras, enquanto

que o capim-hemartria var. Roxinha proporcionou maior capacidade de suporte aos animais. O capim-setária, apesar de ter demonstrado um potencial

favorável ao ganho de peso de bovinos, reduziu acentuadamente sua produção após o primeiro ano de avaliação, evidenciando ser uma espécie

mais exigente em nutrientes e manejo. POSTIGLIONI (2000), em estudo semelhante na mesma região, confirmou as observações anteriores e ainda indicam quais as melhores opções para sistemas extensivos com gado de corte na região de Campos Gerais do Paraná os capins-hemartria Flórida e

Roxinha. ROCHA et al. (1994), avaliando 42 forrageiras no oeste catarinense, entre

essas o capim-acroceres, capim-angola e algumas variedades de capins-hemartria e capins-setária concluíram que, considerando os quesitos de alta

produtividade (oito cortes por ano), adaptação à região e boa distribuição estacional da produção, destacaram-se Hemarthria altíssima cv. EMPASC 302

e Setaria sphacelata cv.Gomato Mongolelo River. Dentre as quatro forrageiras adotadas como objeto de estudo neste trabalho, existem relatos de que o capim-acroceres possui bom

potencial para a finalidade de fenação (TAINTON et al., 1976; RHIND & GOODENOUGH, 1979; THERON & ARNOTT, 1979),

destacando-se por permanecer bastante palatável após armazenado na forma de feno e apresentar elevada relação folha:caule

(CHIPPINDALL & CROOK, 1976) o que, segundo PEREIRA (1998), promove uma alta qualidade do produto final no processo de fenação.

Já o capim-setaria é uma gramínea com bom potencial para fenação, embora esta possua 7% de oxalato de cálcio (fator anti-nutricional), podendo o

mesmo gerar intoxicações (MITIDIERI, 1992).

2.2- Crescimento e Produtividade de Gramíneas Forrageiras

A produtividade das gramíneas forrageiras decorre da contínua emissão de

folhas e perfilhos, processo importante para a restauração da área foliar após corte

ou pastejo e que garante a perenidade da forrageira. Os processos de formação e

desenvolvimento de folhas são fundamentais para o crescimento vegetal, dado o

papel das folhas na fotossíntese, ponto de partida para a formação de novos tecidos

(GOMIDE & GOMIDE, 2000) e fator determinante da capacidade de produção de

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matéria seca pela planta (BARBOSA et al, 1996). De acordo com GOMIDE &

GOMIDE (1997), a produção de matéria seca é proporcional à área foliar da planta.

Os carboidratos não-estruturais, compostos básicos de reserva energética

das plantas, decrescem no início da rebrotação, recuperando o nível por volta do 20°

ao 25° dia após (GOMIDE & ZAGO, 1980; NASCIMENTO et al, 1980). A

fotossíntese ocorrida durante a maior parte do período de rebrotação compensa

possíveis efeitos atribuíveis ao baixo status energético de reservas da planta ao

momento do corte, sendo os meristemas apicais dos perfilhos responsáveis por

promover o rápido aparecimento de novas folhas após o corte a 15 cm do solo,

entretanto resta ainda a possibilidade de que os baixos valores de carboidratos não-

estruturais não correspondam ao limite crítico da planta continuar a crescer e se

desenvolver adequadamente(GOMIDE & ZAGO, 1980).

O crescimento forrageiro pode ser representado na forma de uma curva

sigmóide, na qual o vegetal apresenta um desenvolvimento inicial lento e a seguir

um desenvolvimento acelerado, de forma linear e, posteriormente, este crescimento

torna-se lento novamente. No primeiro momento, a forragem apresenta baixos

rendimentos por área, mas um material de alta qualidade nutricional., Ao segundo

momento, o rendimento por área aumenta linearmente até o ponto de mudança na

curvatura do gráfico, onde a velocidade de crescimento diminui, mas a qualidade

nutritiva continua sendo boa. Ao terceiro momento, o rendimento por área é máximo,

mas a qualidade da forragem decresce rapidamente devido ao acréscimo de

material morto. Área foliar verde máxima indica alta disponibilidade de material de

boa qualidade aos animais, promovendo manejo racional do potencial produtivo da

planta, utilização anterior a este ponto indica subutilização e a utilização após este

ponto pode indicar comprometimento da qualidade nutricional do material disponível,

em função do aumento de número de folhas senescentes (BARBOSA et al., 1996).

2.3- Feno

A fenação apresenta potencial para ocupar importante papel no manejo das

pastagens, permitindo o aproveitamento dos excedentes de forragem ocorridos em

períodos de crescimento acelerados de forrageiras, visto que o controle do consumo

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de forragem através de alterações de carga animal é difícil de ser realizado (ROCHA

e EVANGELISTA, 1991, citados por ATAÍDE JR & NASCIMENTO JR, 1997). Nestes

períodos, a forrageira possui ainda alta qualidade nutritiva, estando em estágio de

crescimento vegetativo (TORANZOS et al., 2000). O estádio de desenvolvimento da

forrageira é um dos fatores que determinam a qualidade do feno, uma vez que, em

função da maturação fisiológica, há uma marcante redução no valor nutritivo das

forrageiras tropicais. Todavia, a qualidade do feno depende também das condições

do ambiente e da manipulação da forragem durante todo o processo de seu preparo

(GARCIA et al., 1991).

O feno de boa qualidade é aquele que provém de uma forragem cortada no

momento adequado, que passou por uma secagem rápida e sem ocorrência de

chuvas. É proveniente de solo bem adubado, isento de ervas daninhas, fungos e

doenças. Apresenta coloração verde característica, maciez ao tato e excelente

aroma. A qualidade deve ser determinada por aquelas características do feno que

afetam o consumo e sua utilização pelos animais, assim como: estádio de

maturidade da planta; espécie forrageira; composição química; relação folha:caule;

forma física; impurezas; danos ou deterioração durante o corte e estocagem e

presença de componentes antinutricionais (ex. alcalóides) (MICKENHAGEN, 1996).

REIS (1996) afirmou que por meio da rápida desidratação da forragem é

possível a conservação do seu valor nutritivo, uma vez que a atividade respiratória

das plantas, bem como a dos microrganismos, é paralisada.

A ocorrência de chuvas sobre o feno, antes do enfardamento, resulta na lixiviação de

nutrientes solúveis e prolongamento das perdas por respiração. Mesmo em condições de

precipitações leves ocorrem perdas significativas por lixiviação e queda de folhas, conforme

verifica-se na Figura 1 (PITT, 1990, citado por PEREIRA, 1998).

Para uma melhor qualidade do feno, este deve ser armazenado com uma

umidade final entre 12 e 15%. Armazenamento com umidade superior resulta em

elevações de perdas de MS decorrentes da contínua respiração celular e do

desenvolvimento de microrganismos, cuja intensa atividade promove aumento na

temperatura dos fardos (PEREIRA, 1998). Nestas condições de calor excessivo

(>55°C) e umidade elevada, ocorre reação não-enzimática entre carboidratos

solúveis e grupos aminas dos aminoácidos, denominada reação de Maillard, o que

pode reduzir a digestibilidade da proteína bruta e a energia digestível do feno (VAN

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SOEST, 1994). A extensão do dano causado por esta reação pode ser quantificada

pela determinação do nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) (PEREIRA,

1998, ATAÍDE JR & NASCIMENTO JR, 2001).

0

10

20

30

40

1 2 3 4 5 6 7Precipitação (cm)

Per

das

de m

atér

ia s

eca

(%)

Figura 1 – Perdas de matéria seca devido à lixiviação de nutrientes e queda de folhas em função da intensidade de precipitação (Fonte: PITT,1990; citado por PEREIRA, 1998).

2.4- Crescimento Fúngico no Feno

A estocagem de material fenado para utilização na época de baixa

disponibilidade de pasto inclui perdas de matéria seca e nutricionais devido à

atividade microbiana do feno (BUCKMASTER et al., 1988; citado por ROTZ et al.,

1989).

Existe uma grande variedade de microrganismos derivados do solo e do ar,

crescendo especificamente na planta, vivendo nas folhas ou de forma saprófita no

material senescente ou morto (REIS et al., 1997).

O processo de fenação pode provocar alteração acentuada na população de

fungos existente no feno. A secagem e as condições de armazenamento

determinam quais os fungos que prosperarão subseqüentemente, ocorrendo a

diminuição nos gêneros típicos de campo e aumento dos gêneros de maior

ocorrência no armazenamento (ROSA et al., 1998). Embora, segundo

NASCIMENTO et al. (2000), a maior incidência de fungos no início do

armazenamento deve-se à presença de gêneros típicos de campo, que tendem a

desaparecer com o armazenamento, com conseqüente mudança na população de

fungos com o processo de estocagem, tal comportamento sugere que diferentes

Total

Perdas por lixiviação

Perdas por queda de folhas

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tipos de microflora podem se desenvolver posteriormente, de acordo com as

condições que prevalecerão nos fardos ou medas em qualquer período.

NASCIMENTO et al. (2000) verificaram que a ocorrência de fungos não

influenciou a composição bromatológica dos fenos, porém seu aspecto geral foi

depreciado com coloração esbranquiçada pela presença de esporos, o que

certamente dificultaria uma eventual comercialização.

Além da comercialização, DULPHY & DEMARQUILLY (1991), citados por

DULPHY & DEMARQUILLY (1994), observaram que a deterioração durante a conservação

é um dos fatores que afetam o consumo de feno pelos animais.

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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TRABALHOS

Os trabalhos a seguir estão apresentados segundo as normas da Revista

Brasileira de Zootecnia.

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AVALIAÇÕES MORFOGÊNICAS E PARÂMETROS DE CRESCIMENTO EM

QUATRO GRAMÍNEAS TROPICAIS NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS

GOYTACAZES - RJ

RESUMO

Com este trabalho, objetivou-se avaliar as dinâmicas de aparecimento, alongamento

foliar e comprimento em altura dos perfilhos principais e produção de matéria seca (MS) das

gramíneas acroceres (Acroceras macrum), angola (Brachiaria purpurascens), hemarthria

(Hemarthria altíssima) e setaria (Setaria anceps). O experimento foi conduzido no período de

março a abril de 2003, com três blocos ao acaso, nos quais, se mediram os comprimentos dos

perfilhos principais e das folhas completamente expandidas a cada três dias, além do número de

folhas por perfilho a cada seis dias, obtendo-se as taxas de aparecimento foliar e de alongamento

foliares. Dentre as quatro gramíneas avaliadas, observou-se superioridade para o capim-hemartria

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na dinâmica de emissão de folhas. Apesar deste fato, observou-se taxa de alongamento foliar

inferior para esta espécie. O capim-setaria exibiu maiores taxas de alongamento foliar e de

produção de MS.

Palavras-chave: alongamento foliar, comprimento de perfilho, produção.

MORPHOGENIC AVALIATION AND GROWTH ANALYSIS OF FOUR TROPICAL

GRASSES IN CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

ABSTRACT

The aim of this work was evalueted the dynamics of leaf appearance rate, leaf elongation,

height primary tiller and dry matter production of grasses acroceres (Acroceras macrum), angola

(Brachiaria purpurascens), hemarthria (Hemarthria altíssima) and setaria (Setaria anceps). The

study was carried out in 2003, on march and april, with three completely randomized blocks, its

were taken measures: primary tiller height, leaves height on witch three days and number of leaves

per tiller on witch six days to obtain the leaf appearance rate and leaf elongation of grasses. Among

the grasses were noted Hemartria sp were the best on leaf appearance rate but, were the worst on

leaf elongation rate. Setaria sp were the best on leaf elongation rate and dry matter production.

Key words: leaf elongation, tiller height , production

INTRODUÇÃO

É objetivo do manejo de pastagens maximizar a produção de alimentos para os

ruminantes, mantendo valor nutritivo, mas sem comprometer a persistência da cobertura

vegetal. As gramíneas forrageiras caracterizadas por sua capacidade de recuperação a

cortes sucessivos devem sua perenidade à contínua emissão de seus perfilhos.

A morfogênese de uma gramínea durante seu crescimento vegetativo é caracterizada

pelas taxas de aparecimento, de alongamento e longevidade foliares, que, em conjunto,

determinam o número de folhas vivas em cada perfilho (Chapman & Lemaire, 1993). Tais

índices morfogênicos, conjugados às taxas de crescimenmto relativo, de assimilação

líquida e à razão de área foliar apresentam-se como valiosas ferramentas na interpretação

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das diferenças de produção forrageira, devido aos genótipos e aos fatores do meio (Gomide

& Gomide, 1997).

Assim, o desenvolvimento, crescimento e senêscencia das folhas e dos perfilhos

compõem processos fisiológicos que caracterizam a dinâmica do desenvolvimento das

pastagens (Gomide, 1997), sendo utilizados como importantes guias no manejo das

forrageiras submetidas ao corte ou ao pastejo (Damasceno & Carvalho, 1996).

O capim-acroceres (Acroceras macrum) é uma gramínea cultivada extensivamente como pastagem, sendo também utilizada para produção de

feno. Largamente distribuída na África, sendo uma espécie nativa deste continente, ocorre da Etiópia até a África do Sul e em Angola e no sudeste

da África (Duke, 1983). É descrita como uma planta perene, rizomatosa com rizoma fino e curto e folha verde-clara brilhante, plana, fina, alargada na base, estreitando-se gradualmente em direção ao ápice e terminando em

uma ponta aguda (Deschamps et al., 1998) Por outro lado, o capim-hemartria (Hemarthria altíssima) é uma gramínea

perene, estolonífera e decunbente que ocorre em áreas pantanosas e na margem dos rios da África e da Ásia, crescendo exuberantemente nestes locais, sendo introduzida na América no século XIX. (Van Den Heuvel &

Veldhamp, 2000).

O capim-angola (Brachiaria purpurascens) é uma gramínea difundida em todo o território nacional, adaptando-se melhor em baixadas úmidas,

podendo constituir em reserva para estação seca. Em condições favoráveis, esta gramínea cresce exuberante e possui alta palatabilidade

(Mitidieri 1992; Pupo, 2000). Trata-se de uma gramínea perene, estolonifera e decunbente, que apresenta um bom perfilhamento, emitindo vigorosos estolões longos e rasteiros, que crescem rapidamente e emitem raízes na

região dos nós, cobrindo o terreno rapidamente (Pupo, 2000). Por sua vez, o capim-setaria (Setaria anceps) é perene, cresce formando

densas touceiras de até dois metros com grande quantidade de folhas finas e macias. Esta gramínea possui grande resistência à seca e tolera umidade excessiva e temperaturas baixas, mas não geadas. Vegeta bem em vários

tipos de solos, apresentando mais exuberância nos de textura média e férteis (Pupo, 2000).

Existe uma quantidade inexpressiva de trabalhos com dados de crescimento

e morfogênese das gramíneas Acroceras macrum Stapf. (capim-acroceres),

Brachiaria purpurascens Raddi (capim-angola), Hemarthria altíssima Poiret Stapf

& Hubbard (capim-hemartria) e Setaria anceps Stapf ex. Massey cv. Kazungula

(capim-setaria). Desta maneira, objetivou-se, neste trabalho, avaliar a dinâmica

de aparecimento e alongamento foliar e comprimento de perfilho das gramíneas

citadas acima.

17

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no período de março a abril de 2003. Os procedimentos

experimentais foram conduzidos no Setor de Forragicultura, localizado na Unidade de

Pesquisas de Zootecnia, do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), do

Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), da Universidade Estadual do

Norte Fluminense (UENF), localizado na Escola Técnica Agrícola Antonio Sarlo, na

cidade de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro.

O município de Campos dos Goytacazes se localiza a 210 48’ S de latitude,

410 17’ 30’’W de longitude e altitude de 11,2 metros. O clima, de acordo com a

classificação de Köeppen, citado por Ometto (1981), é Aw tropical quente e

úmido, com período seco no inverno e chuvoso no verão, possuindo temperatura

média mensal de 23,20 C, com média mínima de 20,20 C em julho e média

máxima de 26,20 C em janeiro. A precipitação pluviométrica anual média é de

1060 mm e umidade relativa do ar média de 79%.

A área experimental apresentava-se em declive sendo organizada experimentalmente

em três subambientes (blocos) perpendiculares ao gradiente de declividade. Dentro de cada

bloco foram implementadas quatro parcelas de 150 m2, que receberam, ao acaso, as

gramíneas Acroceras macrum Stapf. (capim-acroceres), Brachiaria purpurascens Raddi

(capim-angola), Hemarthria altíssima Poiret Stapf & Hubbard (capim-hemartria) e Setaria

anceps Stapf ex. Massey cv. Kazungula (capim-setaria).

O plantio foi realizado no início de 2001, em sistema de mudas, as quais foram

introduzidas em linhas com 0,5 m de distancia entre estas. Sendo assim, como a área já se

encontrava plantada, foi feito um corte de uniformização (20 de março de 2003) e outro

para recolhimento da produção aos 35 dias de crescimento (24 de abril de 2003).

Para a implementação deste trabalho, foi realizada uma análise de solo na Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), cujos resultados encontrados foram 48% de

saturação de bases, 5 mg/dm3 de fósforo e 67 mg/dm3 de potássio. Assim, realizou-se a

adubação em toda a área experimental logo após o corte de uniformização. A calagem não

foi realizada por tratar-se de gramíneas que necessitam apenas de 40% de saturação de

bases, (Van Raiz et al, 1997) sendo utilizados, então, 68,65 kg/ha de P2O5, 127,7 kg/ha de

18

K2O e 300 kg/ha de N na forma de superfosfato simples, cloreto de potássio e uréia,

respectivamente.

A taxa de crescimento do perfilho foi avaliada através da medição do comprimento de

três plantas escolhidas ao acaso em cada parcela, a cada três dias, a partir do sétimo dia de

crescimento posterior ao corte de uniformização (dias 7, 10, 13, 16, 19, 22, 25, 28, 31, 34

pós-uniformização), tomada com auxílio de uma régua milímetrada, medida da região do

coleto até o ápice da folha mais jovem completamente expandida, segundo metodologia

descrita por Oliveira (1985). Por ocasião do florescimento, a medição foi realizada até o

ápice do botão floral, quando o crescimento do perfilho estava completo.

O crescimento também foi avaliado por intermédio da taxa de alongamento de lâmina

foliar, das mesmas plantas, a cada três dias, determinada com uso de régua milimetrada,

sendo tomados os comprimentos da lígula da última folha completamente expandida até o

ápice da próxima folha em expansão, no perfilho marcado. As medições foram iniciadas

tão logo se percebia o aparecimento do ápice foliar no perfilho. Cada lâmina foliar teve seu

comprimento acompanhado até sua completa expansão, ou seja, até a exteriorização da

lígula.

A taxa de crescimento por comprimento e alongamento das lâminas foliares (acréscimo

em comprimento por unidade de altura do perfilho e de comprimento de lâminas foliares,

Lambers, (1987) foi determinada através das diferenças entre cada duas avaliações

consecutivas (Beadle, 1993).

O número de folhas total foi avaliado a cada seis dias, a partir do sétimo dia de

crescimento posterior à uniformização (dias 7, 13, 19, 25, 31 pós-uniformização), nas

mesmas plantas marcadas para taxa de crescimento relativo.

A obtenção das taxas de aparecimento foliar e o cálculo do índice de HAUN também

foram realizados entre cada seis dias consecutivos, ao longo do período experimental por

intermédio da equação (Wilhelm & Mcmaster, 1995, citados por Oliveira et al., 2000), em

que:

Índice de HAUN = [Cem/Cexp] + (N –1)

Cem = comprimento da última folha emergente;

Cexp = comprimento da última folha expandida; e

N = número de folhas visíveis no perfilho.

19

O corte final para o recolhimento das gramíneas e posterior quantificação da produção

de matéria seca (MS) foi feito com o auxílio de roçadeira costal em um único dia. Para a

quantificação em MS, amostras das gramíneas, em torno de 200 gramas com repetição,

foram submetidas à secagem em estufa de ventilação forçada, a 600C, por 72 horas, sendo

depois moídas em moinho de faca provido de peneira com porosidade de 1mm e

acondicionadas em vidro e uma alíquota de duas gramas submetida à estufa 105º C por

quatro horas (Silva, 1990). De modo que a produção de todas as 12 parcelas foram

submetidas ao mesmo processso e, posteriormente, transformadas em produção

MS/hectare/corte.

O experimento foi analisado segundo o delineamento em blocos

casualizados, considerando-se quatro gramíneas avaliadas e três blocos.

Para a variável produção de matéria seca, as análises foram conduzidas segundo o

modelo:

Yij = µ + gi + bj + eij

µ = constante geral;

gi = efeito relativo à gramínea i, sendo i = 1, 2, 3, 4;

bj = efeito do bloco j, sendo j = 1, 2, 3; e

eij = erro aleatório, associado a cada observação, pressuposto NID (0, σ2).

Para as demais variáveis avaliadas, as análises estatísticas basearam-se no modelo:

Yijk = µ + gi + bj + eij + ε(ij)k

µ = constante geral;

gi = efeito relativo à gramínea i, sendo i = 1, 2, 3, 4;

bj = efeito do bloco j, sendo j = 1, 2, 3; e

eij = efeito residual entre parcelas experimentais

ε(ij)k = erro aleatório, associado a cada observação dentro das parcelas ij,

pressuposto NID (0, σ2).

As variáveis mensuradas em diferentes momentos de avaliação foram

analisadas de forma multivariada em esquema de medidas repetidas no tempo

(Littell et al., 1998), sendo os efeitos relativos à gramínea, momento e interação

gramínea X momento de avaliação avaliados por intermédio das hipóteses de

coincidência, horizontalidade e paralelismo entre perfis temporais,

respectivamente (Harris, 1975).

20

Antecipa-se que se observou, para todas as variáveis avaliadas, efeito de interação

entre gramínea e momento de avaliação (perfis temporais não paralelos) (P< 0,05). Desta

forma, as médias para as diferentes gramíneas foram comparadas dentro de cada momento

de avaliação por intermédio do critério de Roy & Bose (Johson & Wichern, 1998). Em

adição, a presença ou ausência de variação entre dois momentos de avaliação consecutivos

foi avaliada por intermédio da análise de perfil (Curi, 1980).

Para a variável produção de MS, comparações entre gramíneas foram

realizadas por intermédio do teste de Tukey. Para todos os procedimentos

estatísticos adotou-se α = 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise multivariada em esquema de medidas repetidas no tempo evidenciou o efeito

de interação entre a gramínea e os dias de crescimento (P<0,05) para as variáveis números

de folhas por perfilho, índice de HAUN e comprimento do perfilho (Tabela 1).

Tabela 1 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro do tipo I associados às diferentes hipóteses de nulidade empregadas na avaliação de variáveis número de folhas (NF), índice de haun (IH) e comprimento do perfilho (CP) em função dos dias de crescimento

Hipóteses

Variáveis1 Coincidencia Horizontalidade Paralelismo

NF <0,0001 <0,0001 <0,0001

IH <0,0001 <0,0001 <0,0001

CPF 0,4466 <0,0001 0,0087 1/ NF= número de folhas; IH= índice de haun; CPF= comprimento do perfilho.

O capim-hemartria, em média, se destacou nas avaliações de número de folhas por perfilho (Tabela 2; Figura 1), sendo superior às demais gramíneas

(P< 0,05). Contudo, quanto à dinâmica de aparecimento foliar, (Tabela 3) observou-se que todas as gramíneas estudadas, nos diferentes momentos de avaliação, obtiveram aumento significativos (P< 0,05) para o número de folhas,

com exceção do capim-acroceres no último momento de avaliação (P>0,05). Tabela 2 - Médias do número de folhas totais por perfilho principal em função

dos dias de crescimento Dias de Crescimento 1,2

Gramínea 7 13 19 25 31

21

Capim-hemartria 8,44a 11,67a 14,56a 17,89a 21,22a

Capim-angola 3,89b 6,33b 8,11b 10,78b 12,78b

Capim-acroceres 5,89ab 7,78b 9,22b 10,89b 11,89b

Capim-setaria 5,00b 7,00b 9,11b 11,33b 12,78b 1/Dias após o corte de uniformização.

2/Médias na coluna seguidas por letras diferentes são diferentes pelo critério de Roy & Bose (P<0,05).

A taxa de aparecimento de folhas individuais é obtida pela divisão do número de folhas surgidas por perfilho em cada idade de rebrota, pelo número de dias envolvidos, a qual é uma variável morfogênica que mede a dinâmica do

fluxo de tecido de plantas e com o inverso desta, estima-se o filocrono (Oliveira et al., 2000).Assim,a partir dos dados da Tabela 3, é possível obter a

taxa média de aparecimento foliar (TMAF), ou seja, obtém-se a média dos diferenciais de cada gramínea e divide-se pelo o número de dias transcorridos

entre duas medições. O inverso da TMAF é o filocrono. Sendo assim, no capim-setaria foi constatada uma taxa de aparecimento

foliar média de 0,32 número de folhas/dia (nf/d)e um filocrono médio de 3,13 graus/dia (g/d) (Tabela 03), dados semelhantes aos de Pinto et al. (1994), que

observaram 0,42 nf/d e 2,4 g/d, respectivamente. Segundo Alexandrino (2000), o filocrono para determinado genótipo é relativamente constante durante o

desenvolvimento vegetativo de um perfilho, quando em condições ambientais constantes. Contudo, Gomide (1997) discute que a taxa de aparecimento foliar

expressa em folha por dia está em função do genótipo no nível de inserção, dos fatores do meio, dos nutrientes minerais, da estação do ano e da

intensidade e freqüência de desfolhação. Tabela 3 - Diferenciais entre dias de crescimento do número de folhas totais

por perfilho principal Diferenciais1

Gramínea 7-13 13-19 19-25 25-31

Capim-hemartria +3,23* +2,89* +3,33* +3,33*

Capim-angola +2,44* +1,78* +2,67* +2,00*

Capim-acroceres +1,89* +1,44* +1,67* +1,00ns

Capim-setaria +2,00* +2,11* +2,22* +1,45* 1/ ns e *: não significativo e significativo em nível de 5% de probabilidade, repectivamente, segundo a análise de perfil.

O capim-hemartria obteve 0,53 nf/d e 1,89 g/d, o capim-angola, 0,37 nf/d e 2,70 g/d e o capim-acroceres, 0,25 nf/d e 4,00 g/d de TMAF e filocrono,

respectivamente, demonstrando, ainda, a superioridade em velocidade de aparecimento foliar do capim-hemartria que, em média, gasta menos de dois

dias para emitir uma folha. Quanto ao índice de HAUN, que é uma medida proposta para corrigir o

número de folhas com potencial fotossintético (Tabela 4, Figura 2), observou-se que o capim-hemartria destacou-se, novamente, das demais gramíneas,

apresentando valores significativamente maiores (P<0,05) para esta variável. Apesar disto, observou-se um diferencial significativo desta variável (índice de

HAUN) (Tabela 5), nos diversos momentos de avaliação, em todas as gramíneas estudadas (P<0,05).

22

Tabela 4 - Médias do índice de haun em função das gramíneas avaliadas e de acordo com diferentes dias de crescimento

Dias de Crescimento1,2

Gramínea 7 13 19 25 31

Capim-hemartria 7,81a 11,06a 14,03a 17,19a 20,52a

Capim-angola 3,61b 5,89b 7,82b 10,60b 12,58b

Capim-acroceres 5,53ab 7,30b 9,04b 10,58b 11,61b

Capim-setaria 4,62ab 6,51b 8,74b 10,92b 12,42b 1/Dias após o corte de uniformização.

2/Médias na coluna seguidas por letras diferentes são diferentes pelo critério de Roy & Bose (P<0,05).

As análises de comprimento dos perfilhos (Tabela 6) ao longo do tempo demonstraram que, inicialmente (7 dias), não houve diferenças significativas

entre as gramíneas estudadas quanto a esta variável (P>0,05). No entanto, aos dez dias, o capim-hemartria apresentou um comprimento de perfilho principal inferior aos das demais gramíneas, diferindo-se estatisticamente apenas do capim-setaria, recuperando-se rapidamente a ponto de, a partir do 31°°°° dia, obter um comprimento de perfilho principal superior às demais gramíneas,

diferenciando-se significativamente apenas do capim-acroceres, o qual apresentava o menor comprimento de perfilho.

Tabela 5- Diferenciais entre dias de crescimento do índice de haun, de acordo com diferentes gramíneas avaliadas

Diferenciais1

Gramínea 7-13 13-19 19-25 25-31

Capim-hemartria +3,25* +2,97* +3,16* +3,33*

Capim-angola +2,28* +1,93* +2,78* +1,98*

Capim-acroceres +1,77* +1,74* +1,54* +1,03*

Capim-setaria +1,89* +2,23* +2,18* +1,50* 1/ ns e *: não significativo e significativo em nível de 5% de probabilidade, repectivamente, segundo a análise de perfil.

O capim-setaria, aos 34 dias de crescimento, apresentou um comprimento médio de perfilho de 82 centimetros (cm). Tal observação assemelhou-se à encontrada por Gerdes et al. (2000) que, aos 35 dias de

crescimento, encontrou 85 cm.

23

0

5

10

15

20

25

MO

ME

NT

OD

EA

VA

LIA

ÇÃ

O

Dias de crescimento

Núm

ero

de fo

lhas

por

per

filho

GRAM Hem Ang Acr Set

Figura 1– Estimativas do número de folhas por perfilho das gramíneas em função do momento momento de avaliação.

Outra medida de grande valor sobre o fluxo de tecidos das plantas é a

taxa de alongamento foliar, que é, geralmente, expressa em mm/dia. Esta taxa foi estimulada mais eficientemente com a alta nutrição de N, ao passo que o maior teor de carboidratos solúveis acumulados foi, ao contrário, maior sob

condições de baixos teores de N (Alexandrino, 2000). Tabela 6-Médias de valores absolutos e médias do comprimento do perfilho em

função das gramíneas avaliadas e de acordo com diferentes dias de crescimento

Dias de Crescimento2,3

Item1 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 Hem 189,89a 235,89b 304,89a 373,33a 465,78a 561,89a 668,22a 743,11a 842,67a 911,56a

Ang 201,78a 250,78ab 321,67a 366,11a 412,67a 466,33a 546,67a 586,44a 722,22ab 770,56ab

Acr 235,67a 297,44ab 343,33a 376,89a 379,62a 479,33a 520,22a 548,00a 586,33b 622,78b

Set 281,78a 342,89a 356,11a 399,00a 465,11a 442,74a 570,56a 658,56a 722,89ab 820,67ab

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim do Nilo, Set= capim setária 2/Dias após o corte de uniformização.

3/Médias na coluna seguidas por letras diferentes são diferentes pelo critério de Roy & Bose (P<0,05).

24

0

5

10

15

20

25

MO

ME

NT

OD

EA

VA

LIA

ÇÃ

O

Dias de crescimento

Índi

ce d

e ha

un

GRAM Hem Ang Acr Set

Figura 2 -Estimativas do índice de haun das gramíneas em função do momento de avaliação.avaliação.

Através da taxa de alongamento de lâminas foliares (Tabela 7),

demonstrou-se um valor superior para o capim-setaria, quanto a esta variável, em relação às demais espécies. Já quanto ao capim-hemartria, observou-se

uma taxa de alongamento foliar inferior às demais gramíneas, sendo necessário um período superior para expansão completa de suas lâminas

foliares em relação às demais gramíneas (11,49 dias), ou seja, esta gramínea precisou de 4,1; 4,62 e 4,66 dias a mais para expandir suas folhas quando

comparada aos capim-setaria, capim-angola e capim-acroceres, respectivamente.

O capim-setaria exibiu uma taxa de alongamento foliar de 50,69 milímetros por dia (mm/dia) neste estudo, sendo bastante semelhante à

constatada por Pinto et al. (1994), que foi de 52 mm/dia. Os dados de produção de matéria seca por hectare por corte (kg/ha/corte) indicaram

que o capim-setaria apresentou uma produção de matéria seca (MS) superior, apenas não

diferenciando sigficativamente do capim-angola. Esses dados encontraram-se inferiores aos

citados por Rocha et al. (1994) e Vieira & Althoff (1994), porém os trabalhos de tais autores

tinham como finalidade cortes sucessivos para estimar a produção de MS em todas as

estações do ano.

Tabela 7- Taxa de crescimento relativo por comprimento e alongamento de lâminas foliares

Gramíneas Comprimento (mm)

Taxa/dia (mm) Média do n°°°° de dias

25

Capim-hemartria 123,1b 12,02c 11,49

Capim-angola 122,7b 18,94b 6,87

Capim-acroceres 142,0b 21,69b 6,83

Capim-setaria 343,7a 50,59a 7,39

1/ Médias na coluna, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0.05).

Observou-se, assim, que o capim-setaria obteve uma taxa de alogamento

foliar e produção de matéria seca maiores que as demais gramíneas, dados estes

que concordam com Gomide & Gomide (1997), que demonstraram que a produção

de matéria seca é proporcional à área foliar da planta.

Tabela 8-Produção média de matéria-seca (kg/ha/corte) em função da gramínea

avaliada Gramíneas Produção1

Capim-hemartria 703,6b

Capim-angola 985,7ab

Capim-acroceres 565,8b

Capim-setaria 1536,3a 1/ Médias na coluna, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0.05).

Constatou-se, então que, sob as mesmas condições de clima, solo, adubação, irrigação,

cada espécie de gramínea diferencia-se em parâmetros de crescimento e morfogênese, o que

demonstra que o genótipo é um fator determinante, definindo, assim, o padrão de

desenvolvimento da planta.

CONCLUSÔES

Entre as quatro gramíneas avaliadas, observou-se, para o capim-hemartria,

superioridade na dinâmica de emissão de folhas, porém exibindo uma taxa de alongamento

foliar bastante inferior.

Já o capim-setaria exibiu uma maior taxa de alongamento foliar e maior produção de

MS que as outras gramíneas estudadas.

26

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Van Raiz, B. et al., Boletim 100: Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2ed, revisada e atualizada, Campinas, SP, IA –

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29

Vieira, S. A. & Althoff, D. A.; Produção de Matéria Seca de Algumas Forrageiras Submetidas à Inundação Contínua. Agropecuária Catarinense, v. 7, n. 3,p. 37-

40, 1994.

30

COMPOSIÇÃO QUIMICO-BROMATOLÓGICA DA FORRAGEM VERDE E DE

FENOS DE GRAMÍNEAS TROPICAIS CONSERVADOS EM FARDOS EM

DIVERSOS TEMPOS DE ARMAZENAMENTO

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo analisar a composição bromatológica da

forragem verde, do feno com 0, 28, 56 e 84 dias de armazenamento das gramíneas

acroceres (Acroceras macrum), angola (Brachiaria purpurascens), hemarthria

(Hemarthria altíssima) e setaria (Setaria anceps). Foram analisados os teores de

matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas e extrato etéreo (EE), fibra em

detergente neutro corrigida para cinzas e proteínas (FDNcp) e fibra em detergente

ácido corrigida para cinzas e proteínas (FDAcp), matéria mineral (MM), carboidratos

totais (CHT), frações da proteína, carboidratos não-fibrosos (CNF), frações dos

carboidratos e lignina. Foi utilizado para interpretação dos resultados o delineamento

em blocos casualizados com parcelas subdivididas com posterior análise entre

médias das gramíneas pelo teste de Tukey e aplcação de contrastes ortogonais

entre os momentos de avaliação com ajuste para equações linear. Observou-se,

com o armazenamento do feno, um aumento nos teores de MS, FDA, FDN, MM,

fração B1 das proteínas (FPB1) e fração C das proteínas (FPC) e fração B2 dos

carboidratos (FCB2). Por outro lado, houve queda nos teores de EE, carboidratos

não-fibrosos (CNF) e fração A das proteínas (FPA). Os teores de PB, lignina, fração

C dos carboidratos (FCC), carboidratos totais (CHT) e fração B2 das proteínas

(FPB2) permaneceram , razoavelmente, constantes.

Palavras-chave: gramíneas, feno, armazenamento, fracionamento protéico.

COMPOSITION CHEMICAL-BROMATOLOGICAL OF THE HAY

STORAGED OF TROPICAL GRASSES

ABSTRACT

31

The objective of this work are analize the composition chemical-

bromatological of green forage and storaged hay with 0, 28, 56 and 84 days.of grasses

acroceres (Acroceras macrum), angola (Brachiaria purpurascens), hemarthria (Hemarthria

altíssima) e setaria (Setaria anceps). So, were analyzed contents of dry matter (DM), crude

protein (CP), ether extract (EE), mineral matter (MM), neutral detergent fiber (NDF), acid

detergent fiber (ADF), lyginin, the fraction of nitrogen and carbohydrate compounds. A split

plot completely randomized block design was used to interpret the results, with analysis

between averages of grasses by Tukey test and comparison between avaliation times, was

realized by the orthogonal contrasts, with further adjustment of regression equations. In the

hay storaged was observed increase on content of DM, NDF, ADF, fraction B1 and C of

protein and fraction B2 of carbohydrate; but decrease of EE, fraction A of protein and not

fibrous carbohydrates. The contents of CP, total carbohydrates, lignin, fraction C of

carbohydrates and fraction B2 of protein didn’t chaged with the storage.

Key words: grasses, hay, storage, carbohydrate fracionament, protein fracionament

INTRODUÇÃO

A produção e a utilização de feno na alimentação de ruminantes constituem alternativa

viável para épocas do ano em que se observa uma escassez de volumosos, sendo este um

alimento que pode ser armazenado por longo período.

O sucesso da conservação da forragem por intermédio da técnica de fenação depende,

principalmente, da qualidade da gramínea, das condições ambientais durante a produção de

feno e das condições durante o armazenamento.

As perdas da qualidade do feno durante o processo de fenação são atribuídas,

principalmente, à respiração celular, a qual cessa quando a gramínea possui 40% de umidade

(Pitt et al. 1990, citado por Pereira, 1998). Em fase posterior, quando a umidade da planta é

inferior a 30%, as perdas ocorrem por queda de folhas e lixiviação de nutrientes pela chuva ou

orvalho (Ataíde JR & Nascimento JR, 2000). A fim de minimizar estas perdas é necessário

que a secagem das gramíneas seja processada em um curto período de tempo.

32

Por outro lado, durante o armazenamento, as perdas do valor nutritivo podem ser

atribuídas à contaminação fúngica. Contudo, o produto com menos de 13% de umidade,

acondicionado em galpões ventilados, tende a não sofrer perdas neste período, pois os fungos

não crescem com este nível de umidade (Ataíde JR & Nascimento JR, 2000; Pereira, 1998).

Nascimento et al. (2000), associando a composição bromatológica de fenos com a

ocorrência de fungos nos mesmos, verificaram não haver correlação entre estes. Relato

similar foi realizado por Rees (1982), porém este autor constatou, como exceção, fenos com

umidades elevadas, os quais tiveram alterações acentuadas em suas composições

bromatológicas.

Desta forma, objetivou-se, neste trabalho, analisar a composição bromatológica da

forragem verde, do feno sem armazenamento e do feno com 28, 56 e 84 dias de

armazenamento das gramíneas Acroceras macrum (capim-acroceres), Brachiaria

purpurascens (capim-angola), Hemarthria altíssima (capim-hemartria), Setaria anceps cv.

Kazungula (capim-setaria).

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no período de março a julho de 2003. Os procedimentos

experimentais foram conduzidos no Setor de Forragicultura, localizado na Unidade de

Pesquisas de Zootecnia, do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), do

Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), da Universidade Estadual do

Norte Fluminense (UENF), localizado na Escola Técnica Agrícola Antonio Sarlo, na

cidade de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro.

O município de Campos dos Goytacazes se localiza a 210 48’ S de latitude,

410 17’ 30’’W de longitude e altitude de 11,2 metros. O clima, de acordo com a

classificação de Köeppen, citado por Ometto (1981), é Aw tropical quente e

úmido, com período seco no inverno e chuvoso no verão, possuindo temperatura

média mensal de 23,20 C, com média mínima de 20,20 C em julho e média

máxima de 26,20 C em janeiro. A precipitação pluviométrica anual média é de

1060 mm e umidade relativa do ar média de 79%.

33

A área experimental apresentava-se em declive, sendo organizada experimentalmente

em três subambientes (blocos) perpendiculares ao gradiente de declividade. Dentro de cada

bloco, foram implementadas quatro parcelas de 150 m2, que receberam, ao acaso, as

gramíneas.Acroceras macrum Stapf. (capim-acroceres), Brachiaria purpurascens Raddi

(capim-angola), Hemarthria altíssima Poiret Stapf & Hubbard (capim-hemartria), Setaria

anceps Stapf ex. Massey cv. Kazungula (capim-setaria).

O plantio foi realizado no início de 2001, em sistema de mudas, as quais foram

introduzidas em linhas com 0,5 m de distância entre estas. Sendo assim, como a área já se

encontrava plantada, foi feito um corte de uniformização (20 de março de 2003) e outro

para recolhimento da produção aos 35 dias de crescimento (24 de abril de 2003).

Para a composição deste trabalho, foi realizada uma análise do solo na Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), cujos resultados encontrados foram 48% de

saturação de bases, 5 mg/dm3 de fósforo e 67 mg/dm3 de potássio. Assim, realizou-se a

adubação em toda a área experimental logo após o corte de uniformização. A calagem não

foi realizada por tratar-se de gramíneas que necessitam apenas de 40% de saturação de

bases (Van Raiz et al, 1997), sendo utilizado, então, 68,65 kg/ha de P2O5, 127,7 kg/ha de

K2O e 300 kg/ha de N, na forma de superfosfato simples, cloreto de potássio e uréia,

respectivamente.

Após 35 dias de crescimento, a forragem foi cortada com o auxílio de uma roçadeira

costal em um único dia, e uma porção de cada parcela foi retirada ao acaso, para análise da

forragem in natura. O restante do material em cada parcela foi secado ao sol, revirado e no

período noturno enleirado e coberto com lona. Quando as gramíneas encontravam-se no

ponto de feno (dois dias), a mesma lona que havia sido utilizada para proteção noturna foi

utilizada para recolher a produção de cada parcela. Os fardos de feno foram produzidos

artesanalmente com a ajuda de uma caixa plástica limpa e seca, onde as gramíneas foram

enfardadas e amarradas com barbante (fio 12). De cada parcela foram feitos quatro fardos,

os quais foram sorteados ao acaso a fim de serem analisados em cada tempo de avaliação

(0, 28, 56, 84 dias de armazenamento)

As análises laboratoriais foram efetuadas no Laboratório de Zootecnia e Nutrição

Animal (LZNA), localizado no Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da

Universidade Estadual do Norte Fluminense, na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ.

34

As amostras de forragem verde foram submetidas à secagem em estufa de ventilação

forçada, a 600C, por 72 horas, sendo depois moídas em moinho de faca provido de peneira

com porosidade de 1mm e acondicionadas em frascos de vidro, estimando-se,

inicialmente, os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas e extrato etéreo

(EE), segundo técnicas descritas por Silva (1990); e fibra em detergente neutro corrigida

para cinzas e proteínas (FDNcp) e fibra em detergente ácido corrigida para cinzas e

proteínas (FDAcp), conforme sugestões de Sniffen et al. (1992).

As amostras de feno tomadas em todos os tempos de armazenamento foram

submetidas à secagem em estufa de ventilação forçada, a 600C, por 48 horas,

sendo depois moídas em moinho de faca provido de peneira com porosidade de

1mm e acondicionadas em vidro, sendo submetidas às mesmas análises

químicas anteriormente citadas para a forragem verde.

As frações dos compostos nitrogenados (N) foram estimadas de acordo com

as padronizações postuladas por Licitra et al. (1996) e Malafaia (1997).

A fração A (FPA), ou compostos nitrogenados não-protéicos (NNP), foi obtida após o

tratamento de 0,5 g de amostra com 50 mL de água por 30 minutos, adicionando-se, em

seguida, 10 mL de ácido tricloroacético (TCA) a 10%, deixando-se descansar por mais 30

minutos. Logo após, filtrou-se em papel de filtro, lavando-se o resíduo, com,

aproximadamente, 100mL de TCA a 1% (Krishnamoorthy et al., 1983; Licitra et al.,

1996). Posteriormente, foi estimado o teor de nitrogênio do resíduo pelo método de

Kjeldahl (Silva, 1990), sendo a fração A ou NNP obtida pela diferença entre o teor de N-

total e o teor de N-insolúvel no TCA.

Para a obtenção da fração B1 (FPB1), constituída de oligopeptídeos de rápida

degradação, foram pesados 0,5 g da amostra e colocados em erlenmeyer

(125mL), adicionando-se, posteriormente, 50 mL de tampão borato-fosfato

(NaH2PO4 a 12,2 g/L + Na2B4O7.10H2O a 8,91 g/L + 100mL/L de álcool butílico

terciário) e 1 mL de azida sódica, deixando em descanso por 3 horas. Após este

tempo, filtrou-se o material em papel filtro, lavando-se o resíduo com,

aproximadamente, 100mL de água destilada. Posteriormente, determinou-se o

teor de nitrogênio do resíduo pelo método de Kjeldahl (Silva, 1990). Da diferença

entre o N-total e o N insolúvel em TBF, obteve-se o N solúvel total. A fração B1 foi

obtida pela diferença entre o N solúvel em TBF e a fração A (Licitra et al., 1996;

Malafaia et al., 1997; Malafaia, 1997).

35

A fração B3 (FPB3) ou proteína insolúvel em detergente neutro potencialmente

degradável foi obtida pela diferença entre o N insolúvel em detergente neutro

(NIDN) e o N insolúvel em detergente ácido (NIDA) estimados segundo

padronizações de Sniffen et al. (1992). A fração C (FPC) ou proteína insolúvel em

detergente ácido foi obtida através da determinação de N insolúvel em

detergente ácido (NIDA) (Krishnamoorthy et al.,1983; Licitra et al., 1996).

A partir das frações estimadas anteriormente, calculou-se a fração B2 (FPB2)

composta de proteínas citoplasmáticas de degradação medianamente rápida

através da fórmula: 100 - (A+ B1+B3+C), de acordo com Sniffen et al. (1992).

A expressão de todas as frações nitrogenadas em equivalentes protéicos foi realizada

pela multiplicação do respectivo teor em nitrogênio pelo fator 6,25.

Os carboidratos totais (CHT) foram calculados utilizando-se as equações

descritas por Sniffen et al. (1992): como: CHT (%MS) = 100 - PB (%MS) – EE

(%MS) – MM (%MS).

Os CNF foram calculados de acordo com Weiss (1999), sendo CNF(%) = 100 – cinzas

(%MS) – PB (%MS) – EE(%MS) – FDNcp (%MS), onde FDNcp constitui a parede

celular vegetal isenta de cinzas e de proteínas.

A estimativa da fração C ou fibra em detergente neutro potencialmente

indegradável foi obtida a partir da fórmula citada por Sniffen et al. (1992), a qual

baseia-se na concentração de lignina multiplicada pela constante 2,4. Por outro

lado, a fração B2, composta de fibra em detergente neutro potencialmente

degradável, foi estimada a partir da subtração da fração C da FDNcp.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com três

blocos (repetições), com cada um composto por quatro diferentes gramíneas, em

quatro tempos de armazenamento do feno acrescido da gramínea in natura, de

forma que as 12 parcelas referentes aos quatro tratamentos e três blocos

utilizadas foram analisadas em esquema de parcelas subdivididas, referentes a

cada tempo de avaliação, segundo modelo;

Yijk = µ + gi + bj + eij + mk + gmik + εijk

em que: µ = constante geral;

gi = efeito da gramínea i;

bj = efeito do bloco j;

36

eij = efeito residual das parcelas;

mk = efeito do tempo de avaliação k;

gmik = efeito de interação da gramínea i com o momento k; e

εijk = erro aleatório, associado a cada observação, pressuposto :NID (0;σ2)

A comparação entre médias de gramíneas foi realizada por intermédio do teste de Tukey.

A comparação entre tempos de avaliação foi realizada por intermédio de

contrastes ortogonais, segundo expresso à tabela 1, com posterior ajustamento

de equações de regressão linear. Para todos os procedimentos estatísticos

adotou-se α=0,05.

Tabela 01: Descrição de coeficientes empregados na construção dos contrastes ortogonais para comparação de tempos de avaliação

TEMPO DE AVALIAÇÃO

contraste tipo do contraste forragem in natura 0 28 56 84

A CONTROLE +4 -1 -1 -1 -1

B LINEAR 0 -3 -1 +1 +3

C QUADRATICO 0 +1 -1 -1 +1

D CÚBICO 0 -1 +3 -3 +1

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os níveis de proteína bruta (PB), bem como as frações de proteína, à

exceção da FPB1, demonstraram efeito de interação entre as gramíneas e os

tempos de avaliação (P<0,05). Os teores de FPB1 (Tabela 3) não se diferenciaram

entre as gramíneas, porém apresentaram um efeito linear negativo (P<0,05) em

função do tempo de armazenamento, havendo diferença significativa entre a

forragem verde e o feno (P<0,05).

Os teores de PB (Tabela 2) não apresentaram diferenças quanto ao tempo

de armazenamento do feno (P > 0,05), porém observaram-se diferenças entre a

forragem verde e o feno para os capim-angola e capim-setaria (P<0,05). O capim-

hematria apresentou os menores teores de PB, diferenciando-se das demais

gramíneas em todos os tempos de avaliação (P<0,05). E o capim-setaria, como

forragem verde, foi superior a todas as demais gramíneas (P<0,05). Observa-se

assim, que somente a constancia nos teores de PB não demonstra permanência na

qualidade do material, visto que a FPB1, fração rapidamente degradável, decrescem

37

38

em todos os fenos com o armazenamento, podendo haver transformações e

modificações de frações.

A FPA (Tabela 4, Figura 1) exibiu efeito linear negativo (P<0,05) conforme o

armazenamento do feno para os capins: hemartria, angola e acroceres. Já para o

capim-setaria esse efeito foi quadrático (P<0,05) e negativo para o intervalo

estudado, além de terem sido observadas diferenças desta gramínea verde em

relação ao feno (P<0,05). Entre as gramíneas, constatou-se que o capim-setaria

obteve os maiores teores de FPA em todos os tempos de avaliação (P<0,05), não

diferindo, contudo, do capim-acroceres como forragem verde e nos 56 e 84 dias de

armazenamento do feno (P>0,05). O capim-setaria obteve os maiores teores,

apresentando diferenças significativas das demais gramíneas quando forragem

verde (P<0,05). Ou seja, esta que é a fração rapidamente degradável, exibiu

resultados semelhantes à rapidamente degradável (FPB1)

0

1

2

3

4

5

6

0 2 8 5 6 8 4

T e m p o d e A r m a z e n a m e n t o ( d i a s )

Fra

ção

A d

a P

rote

ína

(%M

S)

H E M A N G A C R S E T Figura 1 –Estimativas do teor de FPA em função do tempo de armazenamento da forragem fenada aa fenada e de acordo com a gramínea estudada.

(HEM= capim-hemartria; ANG= capim-angola; ACR= capim-acroceres; SET= capim-setaria)

A FPB2 (Tabela 5) não variou conforme o tempo de armazenamento (P>0,05)

para nenhuma das gramíneas e apenas no capim-angola foram observadas

diferenças entre a forragem verde e o feno (P<0,05). Não foram observadas

diferenças entre as gramíneas, no caso da forragem verde, porém, após a fenação,

o capim-hemartria diferenciou-se do capim-angola em todos os tempos de avaliação

e do capim-acroceres, à exceção do dia 28 de armazenamento, exibindo os menores

39

40

teores de FPB2. O capim-angola apresentou os maiores teores de FPB2 não se

diferenciando do capim-acroceres.

A FPB3 (Tabela 6, Figura 2) variou entre as gramíneas enquanto forragem

verde, quando o capim-angola apresentou os menores teores, diferenciando-se dos

capins acroceres e setaria. O feno não demonstrou variação entre gramíneas

(P>0,05). Observou-se diferença entre o feno e a forragem verde (P<0,05) para

todas as gramíneas, com exceção do capim-hemartria (P>0,05). Foi observado

efeito linear (P<0,05) para os capins acroceres e setaria em função do tempo de

armazenamento.

4,3

4,4

4,5

4,6

4,7

4,8

4,9

5

5,1

5,2

0 28 56 84

Tempo de Armazenamento (dias)

Fra

ção

B3

da P

rote

ína

(% d

a M

S)

HEM ANG ACR SET

Figura 2– Estimativas do teor de FPB3 em função do tempo de armazenamento da

forragem fenada e de acordo com a gramínea estudada. (HEM= capim-hemartria; ANG= capim-angola; ACR= capim-acroceres; SET= capim-setaria)

A FPC (Tabela 7) apresentou efeito quadrático (P<0,05) no intervalo estudado

e efeito linear positivo (P<0,05) com o armazenamento, respectivamente para os

capins hemartria e setaria, os quais também apresentaram diferenças comparando-

se o feno com a forragem verde (P<0,05). Não foram verificadas diferenças

significativas entre gramíneas para a forragem verde e para o feno sem

armazenamento (P>0,05).

Nascimento et al. (2000) não observaram com o armazenamento do feno

variação para os teores de NIDA, concordando com os dados do capim-angola e

capim-acroceres que não variaram a fração C da proteína. Segundo Van Soest

(1994), demonstra que as condições de alta umidade e temperatura acima de 55°C

são favoráveis à ocorrência de reações não-enzimáticas entre os carboidratos

41

42

solúveis e grupos aminas dos aminoácidos, resultando em produtos da reação de

Maillard, com diminuição acentuada na digestibilidade, em virtude do aumento dos

teores de NIDA. Porém, Van Soest (1994), relata que estas reações não-

enziméticaspodem produzir também aumento de outros compostos, como o NIDN,

que corresponde a FPB3, fração que elevou-se no capim-acroceres.

60

65

70

75

80

85

90

95

100

0 28 56 84

Tempo de armazenamento (dias)

Car

boid

rato

s to

tais

(%

da

MS

)

HEM ANG ACR SET

Figura 3 – Estimativas do teor de CHT em função do tempo de armazenamento da forragem fenada e aaaaaaaa de acordo com a gramínea estudada.

(HEM= capim-hemartria; ANG= capim-angola; ACR= capim-acroceres; SET= capim-setaria)

Para os teores de CHT e as frações de carboidratos dos alimentos,

observou-se, neste estudo, interação entre gramínea e tempo de avaliação somente

para os CHT (P<0,05). Assim, observou-se que o capim-hemartria exibiu teores

superiores de CHT (Tabela 8, Figura 3) em todos os tempos de avaliação, não se

diferenciando apenas do capim-acroceres (P>0,05). Como forragem verde, o capim-

acroceres diferiu apenas do capim-setaria e como feno sem armazenamento este

diferiu, não apenas do capim-setaria, mas também do capim-angola. Durante o

armazenamento, os capins hemartria e acroceres diferiram dos capins angola e

setaria. Observou-se um efeito cúbico com relação ao tempo de armazenamento do

feno para o capim-hemartria e o capim-angola (P<0,05) e um efeito linear para as

demais gramíneas (P<0,05). Constatou-se diferença entre o feno e a forragem verde

dos capins angola e setaria.o fracionamento de carboidratos (Tabela 9), observou-se

que a FCC não apresentou diferença entre as gramíneas e nem efeitos significativos

conforme o armazenamento dos fenos (P>0,05). Os teores de CNF também

variaram de forma semelhante à FCB2, os quais não apresentaram diferenças entre

43

44

gramíneas, Diferenciaram-se ao comparar a forragem verde com o feno e

produziram um efeito cúbico ao armazenamento.

Entende-se por reação de Maillard a quelação de proteínas de carboidratos

causada por aumento na temperatura do alimento, de modo que esta reação deve

utilizar como substrato porções de proteínas e carboidratos com mais facilidade à

instabilidade e gerar produtos que, em teoria, estariam, nutricionalmente,

indisponíveis. Desta maneira, algumas modificações nos teores de fibras, frações de

proteínas e carboidratos podem ser justificadas através desta reação. Neste caso, o

principal causador deste aumento de temperatura seria a respiração e posterior

proliferação fúngica.

Em outro contexto, sobre os teores de matéria mineral (MM), fibra em

detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), não foram observados

efeitos significativos de interação entre as gramíneas e os momentos de avaliação

(P>0,05) (Tabela 10).

Neste enfoque, os teores de FDN exibiram um efeito cúbico (P<0,05) em

função dos tempos de avaliação e uma significativa diferença entre o feno e a

forragem verde (P<0,05). Ainda para os teores de FDN, observou-se que o capim-

hemartria exibiu maiores teores, diferenciando-se significativamente do capim-

angola e do capim-setaria (P<0,05) (Tabela 10).

Não foram observadas diferenças significativas entre gramíneas para os teores de FDA (P>005), sendo, no entanto, identificado um efeito quadrático em função dos tempos de armazenamento (P<0,05). Também observou-se

diferença significativa entre os fenos e as forragens verdes quanto aos teores de FDA (P<0,05).

De maneira geral, observou-se acréscimo nos teores de FDN e FDA ao armazenamento, que são considerados parte da fração fibrosa do alimento

(Mertens, 1992). Assim, este comportamento acompanhou as frações de média e lenta degradação das proteínas e carboidratos que também aumentaram à

armazenagem. A este comportamento também é atribuída à reação de Maillard uma importante influência por possibilitar a quelação de alimento solúvel ao

fibroso. A elevação dos teores de FDA e FDN, bem como a conservação dos teores

de PB com o armazenamento logo aos 28 dias, mantendo-se próximos à

estabilidade nas avaliações subseqüentes, agrega as observações de Huhnke,

(1990a ), Huhnke, ( 1990b ), Nascimento et al. ( 2000 ). Já Reis et al, ( 1997 )

45

observaram que os teores de FDN aumentaram com 30 dias de armazenamento,

porém não de forma significativa. Por sua vez, os teores de PB decresceram de

maneira significativa.

46

Assim, observou-se que as frações de proteínas e carboidratos que possuem

degradação rápida ou instantânea apresentaram-se em queda conforme o

armazenamento, como a FPA e os CNF. Por outro lado, observaram-se aumentos

conforme o armazenamento de alguns produtos, como: FDNcp, FDAcp, FCB2, FPC

para os capins hermatria e setaria e FPB3 para o capim-acroceres.

Ainda com relação a mudanças nos teores de proteínas e carboidratos

conforme o armazenamento, foi observado também uma estabilidade nos teores de

PB e uma certa estabilidade nos teores de CHT, o que deve demonstrar que esses

teores não têm tendência à redução ou aumento em seu volume final, mas sim

observaram-se transformações essenciais em suas frações. Ainda a respeito da PB,

pelo método de quantificação desta ser baseado apenas na quantificação de

nitrogênio da forragem (N), método de Kjeldahl (Silva, 1990), esta realmente

apresentou uma estabilidade já esperada ao armazenamento, pois por mais que os

fungos utilizem este N para seu crescimento, ao quantificar o N-total, não se faz

separação dos fungos com a planta, o que ajuda a gerar um valor final de PB

constante ao armazenamento.

Assim, ao armazenamento o feno destas gramíneas demonstra um

decréscimo em sua qualidade devido à transformação das frações de proteínas e

carboidratos de instantânea e rápida para frações de mediana e lenta degradação.

Os níveis de matéria mineral dos capim-angola e capim-setaria foram

significativamente maiores que os dos capim-hemartria e capim-acroceres (P<0,05).

Com relação aos tempos de avaliação do feno foi observado um efeito quadrático

(P<0,05) e também constatando-se diferenças entre os fenos e as forragens verdes

(P<0,05).

Também verificou-se interação entre gramínea e tempo de avaliação (P<0,05)

sobre os teores de extrato etéreo (EE) (Tabela 11, Figura 4). Constatou-se diferença

significativa entre a forragem verde e feno para todas as gramíneas (P<0,05). Com

relação ao armazenamento do feno, observou-se declínio linear (P<0,05) para os

fenos do capim-angola e do capim-acroceres e um efeito quadrático (P<0,05) para o

feno do capim-setaria. Por sua vez, para o feno do capim-hemartria foi observado

efeito cúbico em relação ao tempo de armazenamento (P<0,05), com tendência

47

global de redução, no período avaliado, em função do tempo de armazenamento.

Por outro lado, constataram-se diferenças significativas entre as gramíneas no feno

sem armazenagem, onde o capim-setaria obteve um teor significativamente superior

48

ao capim-hemartria (P<0,05), observando-se efeito contrário com o armazenamento,

em que os fenos de capim-hemartria e capim-angola obtiveram um maior teor de EE,

diferenciando-se do capim-setaria (P<0,05).

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 28 56 84

Tempo de Armazenamento (dias)

Ext

rato

Eté

reo

(% d

a M

S)

HEM ANG ACR SET

Figura 4 –Estimativas do teor de EE em função do tempo de armazenamento da forragem fenada e de acordo com a gramínea estudada. (HEM= capim-hemartria; ANG= capim-angola; ACR= capim-acroceres; SET= capim-setaria)

Observou-se efeito de interação (P<0,05) entre gramínea e tempo de

avaliação sobre teores de matéria seca (MS) (Tabela 12, Figura 5) seguindo padrão

linear (P<0,05) para os fenos do capim-angola e do capim-acroceres e quadrático

(P<0,05) para os fenos do capim-hemartria e do capim-setaria. Constatou-se

diferença significativa entre a forragem verde e o feno para todas as gramíneas

(P<0,05). O capim-acroceres foi o que, inicialmente, obteve os maiores níveis de

MS, até os 28 dias de armazenamento (P<0,05), sendo, no entanto, similar (P>0,05)

às demais gramíneas nas avaliações subseqüentes.

As variações ocorridas no teor de MS em função do tempo de

armazenamento podem ser explicadas pelas condições climáticas, pelo fato do feno

apresentar poder higroscópico, absorvendo e perdendo água para o ambiente

conforme a umidade relativa do ar.

49

60

65

70

75

80

85

90

0 28 56 84

Tempo de Armazenamento (dias)

Mat

éria

sec

a (%

)

HEM ANG ACR SET

Figura 5 –Estimativas do teor de MS em função do tempo de armazenamento da forragem

fenada e de acordo com a gramínea estudada. (HEM= capim-hemartria; ANG= capim-angola; ACR= capim-acroceres; SET= capim-setaria)

50

CONCLUSÃO

Observou-se, com o armazenamento do feno, um aumento nos teores de

MS, FDA, FDN, MM, FPB1 e FPC e FCB2. Por outro lado, houve a queda nos

teores de EE, CNF e FPA.

Os teores de PB, lignina, FCC, CHT e FPB2 permaneceram, razoavelmente, constantes.

A causa dessas modificações seria atribuída à reação de Maillard a qual

modificou o quantitativo das frações de proteínas e carboidratos dentro de suas

respectivas totalidades.

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53

DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO FÚNGICA EM FENOS ARMAZENADOS E

NA FORRAGEM VERDE DE QUATRO GRAMÍNEAS TROPICAIS

RESUMO

Objetivou-se, neste trabalho, detectar e quantificar os gêneros fúngicos na forragem

verde e no feno em armazenamento das gramíneas acroceres (Acroceras macrum), angola

(Brachiaria purpurascens), hemarthria (Hemarthria altíssima) e setaria (Setaria anceps).

Para o levantamento quantitativo de fungos presentes nos fenos e no capim verde, utilizou-

se o método de contagem total em placas de Petri de material suspenso (1:20) e diluído em

série (10-2, 10-3, 10-4, 10-5), as quais foram incubadas por um período de sete dias em BOD

a 28°C e fotoperíodo de 12 horas. As análises foram tomadas do capim verde e dos dias 0,

28, 56, 84 de armazenamento do feno. Após este período contaram-se e identificaram-se as

colônias por placa. Foi utilizado para interpretação dos resultados o delineamento em

blocos casualizados com parcelas subdivididas com posterior análise entre médias das

gramíneas pelo teste de Tukey e aplcação de contrastes ortogonais entre os momentos de

avaliação com ajuste para equações lineares. As diferenças quantitativas entre gramíneas

ocorreram entre o capim-setaria e as demais gramíneas nas avaliações dos dia zero e 84 de

armazenamento e no capim-angola aos 28 dias de armazenamento, demonstrando um

crescimento inferior nestes momentos. O gênero comum à forragem verde foi o

Helmintosporium sp e a espécie comum ao armazenamento foi a Aspergillus niger. Os

gêneros Fusarium sp e Curvularia sp apareceram na forragem verde e retornaram com o

armazenamento.

Palavras-chave: fungos, feno, gramíneas, tempo de armazenamento.

FUNGI IDENTIFICATION AND QUANTITATIVE ANALYSIS IN STORAGED HAYS AND GREEN FORAGE OF

FOUR TROPICAL GRASSES

54

ABSTRACT

The objective of this work was identified and accountated the fungi of the

grasses acroceres (Acroceras macrum), angola (Brachiaria purpurascens),

hemarthria (Hemarthria altíssima) e setaria (Setaria anceps). For quantitative

analysis of fungi were used the total counting method of diluted material (10-2, 10-3,

10-4, 10-5), and were incubated for seven days in BOD with 28° C and photoperiod

of 12 hours. The analysis were taken of the green forage and of the hay storaged

for 0, 28, 56 and 84 days. After this period the fungi were accountated and

identified. A split plot completely randomized block design was used to interpret

the results, with analysis between averages of grasses by Tukey test and

comparison between avaliation times, was realized by the orthogonal contrasts,

with further adjustment of regression equations. Quantitative differences were have

among Setaria sp and others hays in two times of storage (0 and 84 days).

Brachiaria sp had to on 28 days of storage demonstrated to a decrease growth.

The fungi most common in the green forage were Helmintosporium sp and the

most common in the hays were Aspergillus niger. Fusarium sp and Curvularia sp

were noted in the grasses and in the hays.

Key words: fungi, hay, grasses, storage

INTRODUÇÃO

Durante o período de armazenamento do feno, as perdas de qualidade nutricional estão relacionadas diretamente ao crescimento microbiano, o

qual promove aumentos na temperatura dos fardos. Fenos com teores inferiores a 15% de umidade são relativamente estáveis durante o

armazenamento, ou seja, não alteram suas características macroscópicas e nutricionais. No entanto, fenos com teores de umidade superiores a este

propiciam um intenso crescimento de microrganismos nas primeiras semanas de estocagem. Desta forma, define-se o nível de umidade como

fator desencadeante à proliferação da microflora nos fenos (Breton & Zwaenepoel 1990).

55

Segundo Rosa et al. (1998), a rápida secagem no processo de fenação não

propicia, de forma geral, condições favoráveis ao crescimento de microrganismos

para o feno armazenado com 13% de umidade.

No processo de fenação e armazenagem, a população de fungos sofre

alteração acentuada devido às condições dos microambientes, havendo

diminuição daqueles gêneros típicos de campo, como Fusarium sp. e

Cladosporium sp. e ampliação da ocorrência de Aspergillus sp. e de Penicillium

sp. durante o armazenamento (Hlodversson & Kaspersson, 1986). O Aspergillus

sp. é um dos fungos de armazenamento que se desenvolve em fenos com

diferentes conteúdos de umidade, podendo servir como um indicador biológico

das condições de armazenamento (Dhingra, 1985).

Desta forma, objetivou-se, neste trabalho, detectar e quantificar os gêneros

fúngicos na forragem verde e no feno com diferentes períodos de armazenamento

das gramíneas Acroceras macrum Stapf. (capim-acroceras), Brachiaria

purpurascens Raddi (capim-angola), Hemarthria altíssima Poiret Stapf & Hubbard

(capim-hemartria) e Setaria anceps Stapf ex. Massey cv. Kazungula (capim-

setaria).

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no período de março a julho de 2003. Os procedimentos

experimentais foram conduzidos no Setor de Forragicultura, da Unidade de Pesquisas de

Zootecnia, do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), do Centro de Ciências

e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), da Universidade Estadual do Norte Fluminense

(UENF), localizado na Escola Técnica Agrícola Antonio Sarlo, na cidade de Campos dos

Goytacazes, estado do Rio de Janeiro.

O município de Campos dos Goytacazes se localiza a 210 48’ S de

latitude, 410 17’ 30’’W de longitude e altitude de 11,2 metros. O clima, de acordo

com a classificação de Köeppen, citado por Ometto (1981), é Aw tropical quente e

úmido, com período seco no inverno e chuvoso no verão, possuindo temperatura

56

média mensal de 23,20 C, com média mínima de 20,20 C em julho e média máxima

de 26,20C em janeiro. A precipitação pluviométrica anual média é de 1060 mm e a

umidade relativa do ar média é de 79%.

A área experimental apresentava-se em declive sendo organizada

experimentalmente em três subambientes (blocos) perpendiculares ao gradiente de

declividade. Dentro de cada bloco foram implementadas quatro parcelas de 150 m2 que

receberam, ao acaso, as gramíneas Acroceras macrum Stapf. (capim-acroceres), Brachiaria

purpurascens Raddi (capim-angola), Hemarthria altíssima Poiret Stapf & Hubbard (capim-

hemartria) e Setaria anceps Stapf ex. Massey cv. Kazungula (capim-setaria).

No entanto, o plantio foi realizado no início de 2001, em sistema de mudas, as quais

foram introduzidas em linhas de 0,5 m de distância entre estas. Assim, o trabalho

compreendeu uma única fase do corte de uniformização (20 de março de 2003) ao corte

para recolhimento da produção aos 35 dias de crescimento (24 de abril de 2003).

Para a realização deste trabalho foi realizada análise de solo na Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), cujos resultados encontrados foram 48% de saturação de

bases, 5 mg/dm3 de fósforo e 67 mg/dm3 de potássio. Assim, realizou-se a adubação em

toda a área experimental logo após o corte de uniformização. A calagem não foi realizada

por tratar-se de gramíneas que necessitam apenas de 40% de saturação de bases (Van Raiz

et al, 1997), sendo utilizados, então, 68,65 kg/ha de P2O5, 127,7 kg/ha de K2O e 300 kg/ha

de N, na forma de superfosfato simples, cloreto de potássio e uréia, respectivamente.

Após 35 dias de crescimento, a forragem foi cortada com o auxílio de uma roçadeira

costal, em um único dia, e uma porção de cada parcela foi retirada ao acaso, para análise da

forragem in natura. O restante das parcelas foi secado ao sol, revirado e no período noturno

enleirado e coberto com lona. Quando as gramíneas encontravam-se no ponto de feno (dois

dias), a mesma lona que havia sido utilizada para proteção noturna foi utilizada para

recolher a produção de cada parcela. Os fardos de feno foram produzidos artesanalmente

com a ajuda de uma caixa plástica limpa e seca, onde as gramíneas foram enfardadas e

amarradas com barbante fio 12. Em cada parcela produziram-se quatro fardos, os quais

foram sorteados ao acaso a fim de serem analisados em cada tempo de avaliação (0, 28, 56,

84 dias de armazenamento).

57

A segunda fase das análises foi efetuada no Laboratório de Proteção de Plantas (LPP)

na parte de clínica fitossanitária, localizado no Centro de Ciências e Tecnologias

Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, na cidade de Campos dos

Goytacazes, RJ.

Para o levantamento quantitativo de fungos presentes nos fenos e no capim verde,

utilizou-se o método de contagem total em placas de Petri de material suspenso diluído em

série (Fernandez, 1993). Amostras de cinco gramas de feno, moídos em peneira com

porosidade de 1 milimetro (mm) e homogeneizadas, foram acondicionadas em frascos

Erlenmeyer contendo 95 ml de água destilada, ésterilizada e adicionada de detergente não-

iônico Tween 80 (polissorbato 80) a 0,01%. Posteriormente, o material foi agitado por um

minuto e deixado repousar por três minutos. O material foi tamisado e a porção líquida foi

utilizada no preparo das diluições 10-2, 10-3, 10-4, 10-5. Um ml das três últimas diluições

foram semeados em placas de Petri, contendo o meio de cultura batata dextrose ágar

(BDA), adicionado de 0,03g/l de estreptomicina (Fernandez, 1993). Para cada diluição

foram realizadas três repetições, sendo as placas incubadas por um período de sete dias em

BOD a 28°C e fotoperíodo de 12 horas. Após este período, contaram-se as colônias por

placa, observando-se um limite de 30 a 300 colônias nas suas respectivas diluições, a fim

de se definir o quantitativo encontrado.

Ao mesmo tempo em que foram feitas análises quantitativas dos fungos,

também foram processados, por intermédio de plaqueamento de fragmentos das

gramíneas, para detecção dos gêneros presentes, procedendo-se nas mesmas

condições de meio e incubação. Lâminas das culturas foram preparadas em

lactofenol e lactofenol com azul de algodão, observadas ao microscópio ótico e

comparadas (Barnett & Hunter, 1987; Sutton, 1980; Ellis, 1976; Gilman, 1967).

Utilizou-se delineamento experimental em blocos casualizados com quatro

espécies de gramínea cada, em quatro tempos de armazenamento do feno

acrescido da forragem verde, de forma que as 12 parcelas referentes aos quatro

tratamentos e três blocos utilizados foram analisadas em esquema de parcelas

subdivididas, referentes a cada tempo de avaliação.

As avaliações foram executadas segundo o seguinte modelo:

Yijk = µ + gi + bj + eij + mk + gmik + εijk

58

µ = constante geral;

gi = efeito da gramínea i;

bj = efeito do bloco j;

eij = efeito residual das parcelas;

mk = efeito do tempo de avaliação k;

gmik = efeito de interação gramínea i com o momento k; e

εijk = erro aleatório, associado a cada observação, presuposto NID (0, σ2)

A comparação das análises quantitativas foi realizada entre médias dos

logarítimos naturais dos tratamentos por intermédio do teste de Tukey (α = 0,05).

A comparação entre tempos de avaliação foi realizada por intermédio de

contrastes, segundo expresso à Tabela 1, com posterior ajustamento de equações

de regressão linear.

A comparação entre escores de concentração para os diferentes fungos

detectados entre os diferentes momentos de avaliação foi realizada de forma

independente para cada gramínea por intermédio do teste de Kruskall-Wallis (α =

0,05). De modo que, os escores de concentração são numerados de 0 a 3, os

quais significam: 0=ausência; 1=baixa concentração; 2=concentração mediana; e

3=alta concentração. Para todos os procedimentos estatísticos adotou-se α =

0,05.

Tabela 1: Descrição de coeficientes empregados na construção dos contrastes ortogonais para comparação de momentos de avaliação

TEMPO DE AVALIAÇÃO

contraste tipo do contraste forragem in natura 0 28 56 84

A CONTROLE +4 -1 -1 -1 -1

B LINEAR 0 -3 -1 +1 +3

C QUADRATICO 0 +1 -1 -1 +1

D CÚBICO 0 -1 +3 -3 +1

RESULTADOS E DISCUSSÃO

59

Em função de problemas associados à heterogeneidade entre os diferentes grupos

experimentais, procedeu-se à transformação logarítimica da escala da variável

concentração fúngica total objetivando-se a estabilização da variância experimental

(SAMPAIO, 1998)

De acordo com as análises pós-transformação, observou-se interação entre gramíneas e

tempos de avaliação (P<0,05) (Tabela 2). Para os capins angola e setaria, verificou-se

diferença (P<0,05) entre a forragem verde e o feno destes. Ainda no feno do capim-angola

e do capim-setaria foi constatado que, para o primeiro, o número de colônias por grama de

feno aumenta linearmente (P<0,05) conforme o armazenamento e que, para o segundo, no

feno sem armazenamento (dia zero) não foi observado crescimento. Já com o

armazenamento houve uma proliferação fúngica aos 28 e 56 dias, porém aos 84 dias o

quantitativo de colônias fúngicas tendenciou novamente a zero, seguindo um

comportamento quadrático (P<0,05).

Tabela 2- Médias dos logaritimos [ln(Y+1)] naturais para quantificação de fungos por grama de matéria seca das gramíneas e dos momentos de avaliação dos fenos

Momento de Avaliação2,3 Efeitos4,5 Gramíneas1 FV 0 28 56 84 CONT L Q C

Hem 13,53a 11,04a 14,19a 14,20a 14,41a ns ns ns ns Ang6 13,47a 8,78a 9,41b 11,42a 11,74a * * ns ns Acr 13,96a 11,59a 14,05a 13,19a 12,89a ns ns ns ns Set7 9,60a 0b 11,23ab 11,14a 0b * ns * ns

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária. 2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação. 3/ Médias na coluna, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0.05). 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento. 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0.05). 6/ Ŷ= 8,7061+0,0388X (r2=0,1146) 7/ Ŷ= 0,0138+0,5990X-0,007135X2 (R2=0,9760)

As diferenças quantitativas entre gramíneas em cada tempo de avaliação do feno

(Tabela 2) ocorreram entre as demais gramíneas e o capim-setaria nas avaliações dos dias

zero e 84 de armazenamento quando não se observou crescimento fúngico neste último.

Nas análises qualitativas encontraram-se, em todas as incubações, 14 gêneros distintos

de fungos.

60

Tabela 3 - Médias dos escores de concentração de fungos de diferentes espécies para o capim-hemartria em função dos diferentes tempos de avaliação

Tempo de Avaliação 2,3 Fungo1 FV 0 28 56 84 Média Geral Valor-P4 Helm 2,0 0 0 0 0 - 0,0073 Nig 1,0 0 2,0 0 0 - 0,0073 Fus 1,0 0 1,33 1,33 0 - 0,0500 Curv 1,0 0 2,0 2,0 1,0 - 0,0167 Pen 0 2,0 2,0 0 0 - 0,0073 Basip 0 0,33 0 0 0 0,07 0,4060 Cladosp 0 1,33 0 0 0 0,27 0,0715 Altern 0 2,0 0 0 0 - 0,0073 Aniger 0 0 2,0 3,0 3,0 - 0,0073 Aspf 0 0,67 1,33 1,0 2,0 1,0 0,1546 Trichod 0 0 0 1,67 1,0 0,534 0,2056 Aspv 0 0 0 0 0,67 0,134 0,1546

1/ Helm= Helmintosporium sp; Nig= Nigrospora sp; Fus= Fusarium sp; Curv= Curvularia sp; Pen= Penicilum; Basip= Basipetospora sp; Cladosp= Cladosporium sp; Altern= Alternaria sp; Aniger= Aspergillus niger; Aspf= Aspergillus flavipes; Trichod= Trichoderma sp; Aspv= Aspergillus versicolor.

2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56, 84= dias de armazenamento pós-fenação. 3/ Escores: 0=ausência; 1=baixa concentração; 2=concentração mediana; e 3=alta concentração. 4/ valor-P= nível descritivo de probabilidade para a hipótese de nulidade “ausência de efeito do momento de avaliação” segundo o teste de Kruskall-Wallis.

No capim-hemartria (Tabela 3), observou-se que os gêneros Nigrospora sp,

Fusarium sp e Curvularia sp variaram significativamente conforme o tempo de

armazenamento, estando presentes na forragem verde, desaparecendo no feno do dia zero e

retornando com o armazenamento (P<0,05). Os gêneros Helmintosporium sp e Alternaria

sp variaram significativamente, os quais somente aparecendo respectivamente, na forragem

verde e no feno sem armazenamento.

No capim-angola (Tabela 4), o gênero Fusarium sp variou significativamente ao

longo dos tempos de avaliação (P<0,05), aparecendo na forragem verde, desaparecendo no

feno sem armazenagem e retornando com o armazenamento.

Tabela 4 - Médias dos escores de concentração de fungos de diferentes espécies para o capim-angola em função dos diferentes tempos de avaliação

Tempo de Avaliação 2,3 Fungo1 FV 0 28 56 84 Média Geral Valor-P4

Fus 2,0 0 2,0 2,0 1,33 - 0,0379 Curv 2,0 0,67 0,67 0,67 0 0,802 0,1832 Nig 0 1,33 1,33 0 0,67 0,666 0,2311 Pen 0 2,0 2,0 0,67 1,33 1,20 0,0659

Altern 0 1,33 0 0 0 0,266 0,0715 Aniger 0 0 2,0 2,67 2,0 - 0,0104

61

Aspv 0 0 1,33 0,67 2,0 0,80 0,0654 Aspf 0 0,67 0 1,33 2,0 0,80 0,0659

Monilia 0 0 0 0,67 0,67 0,268 0,5200 1/ Fus= Fusarium sp; Curv= Curvularia sp; Nigrospora sp; Pen= Penicilum sp; Altern= Alternaria sp; Aniger= Aspergillus niger; Aspv= Aspergillus versicolor; Aspf= Aspergillus flavipes; Monilia= Monilia sp.

2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56, 84= dias de armazenamento pós-fenação. 3/ Escores: 0=ausência; 1=baixa concentração; 2=concentração mediana; e 3=alta concentração. 4/ valor-P= nível descritivo de probabilidade para a hipótese de nulidade “ausência de efeito do momento de avaliação” segundo o teste deKruskall-Wallis.

No capim-acroceres (Tabela 5), os gêneros que variaram significativamente

(P<0,05) conforme o armazenamento foram o Helmintosporium sp, que apareceu somente

em média concentração na forragem verde, e o Penicillium sp, que apareceu em baixa

concentração na forragem verde. No feno em armazenagem, obteve um crescimento

mediano e persistiu aos 28 dias de armazenamento em alta concentração, desaparecendo

nas avaliações subseqüentes.

No capim-setaria (Tabela 6), observou-se também crescimento fúngico semelhante

às outras gramíneas, onde os gêneros que variaram significativamente foram o

Helmintosporium sp, que apareceu somente em média concentração na forragem verde, os

gêneros Fusarium sp e Curvularia sp, que apareceram na forragem verde, desaparecendo

no feno sem armazenagem e retornando com o armazenamento e o gênero Penicillium sp,

que apareceu na gramínea fenada. A espécie Aspergillus versicolor apareceu apenas no

armazenamento.

Tabela 5 - Médias dos escores de concentração de fungos de diferentes espécies para o capim-acroceras em função dos diferentes tempos de avaliação

Tempo de Avaliação 2,3 Fungo1 FV 0 28 56 84 Média Geral Valor-P4 Helm 2,0 0 0 0 0 - 0,0073 Mirot 1,0 0 0 0 0 0,20 0,1991 Nig 2,0 0,67 0 0 0 0,534 0,0535 Fus 2,0 0 0,67 0,67 0 0.668 0,1395 Curv 1,0 2,0 2,0 2,33 2,0 1,866 0,2472 Pen 1,0 2,0 3,0 0 0 - 0,0113

Cladosp 1,0 1,33 0 0 0 0,466 0,1607 Altern 0 0,67 0 0 1,0 0,334 0,5751 Aniger 0 0 2,0 3,0 1,33 - 0,0199 Aspf 0 0,67 0 0 0 0,134 0,4530 Aspv 0 0 0,67 1,0 0 0,334 0,2548

Monilia 0 0 0 1,0 1,33 0,466 0,1441

62

1/ Helm= Helmintosporium sp; Morit= Mirotecium; Nig= Nigrospora sp; Fus= Fusariumsp; Curv= Curvularia; Pen= Penicilum sp; Cladosp= Cladosporium sp; Altern= Alternaria sp; Aniger= Aspergillus niger; Aspf= Aspergillus flavipes; Aspv= Aspergillus versicolor; Monilia= Monilia sp.

2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56, 84= dias de armazenamento pós-fenação. 3/ Escores: 0=ausência; 1=baixa concentração; 2=concentração mediana; e 3=alta concentração. 4/ valor-P= nível descritivo de probabilidade para a hipótese de nulidade “ausência de efeito do momento de avaliação” segundo o teste de Kruskall-Wallis.

A espécie Aspergillus niger mereceu uma atenção especial, pois variou

significativamente em todas as gramíneas, aparecendo sempre a partir do armazenamento e

persistindo por todo o período de avaliação.

Assim, observou-se que, segundo as incubações, o gênero Helmintosporium sp é um

gênero comum da forragem verde, os gêneros Fusarium sp e Curvularia sp são típicos de

forragem verde, podendo, porém, retornar com o armazenamento e os gêneros Aspergillus

sp. e Penicillium sp. mostraram-se típicos do armazenamento.

Na forragem verde, observou-se uma predominância de gêneros de fungos

vindos do solo e do ar, como Helmintosporium sp., Fusarium sp., Curvularia sp.,

Nigrospora sp. e Cladosporium sp., dados estes que concordam com o trabalho

de Rosa et al. (1998).

O Helmintosporium sp. é um gênero importante causar algumas doenças em

folhas (Kimati et al., 1997; Fernandes & Oliveira, comum em gramíneas, podendo

1997).

Segundo Dhingra (1985), existe um grupo de fungos ecologicamente

denominados de “fungos de armazenamento”, encontrando-se entre estes os

gêneros Aspergillus sp. e Penicillium sp.,. sendo o primeiro mais envolvido em

casos de deterioração. Assim, com o processo de fenação ocorreu modificação

nos fungos presentes nos fenos, onde as condições de armazenamento

propiciaram o aparecimento de gêneros típicos desta fase, como é o caso de

Aspergillus sp. e Penicillium sp.. Esta constatação concorda com trabalhos de

Nascimento et al. (2000), Rosa et al. (1998), Reis et al. (1997).

Tabela 6 - Médias dos scores de concentração de fungos de diferentes espécies para o capim-setaria em função dos diferentes tempos de avaliação

Tempo de Avaliação 2,3 Fungo1 FV 0 28 56 84 Média Geral Valor-P4

63

Helm 2,0 0 0 0 0 - 0,0073 Nig 2,0 1,33 0,67 0 0 0,80 0,0659 Fus 2,0 0 3,0 0,67 0,67 - 0,0164 Vert 0,67 0 0 0 0 0,134 0,4060 Curv 2,0 0 0 0,67 0,67 - 0,0489 Pen 0 2,0 2,0 0,33 0,67 - 0,0304

Cladosp 0 1,33 0 0 0 0,266 0,0715 Altern 1,33 0 0 0 0 0,266 0,0715 Aniger 0 0 2,0 2,67 2,0 - 0,0104 Aspf 0 1,33 0 2,0 1,33 0,932 0,1714

Trichod 0 0 0,67 0 0 0,134 0,4060 Aspv 0 0 0,67 2,0 0 - 0,0324

Chaetom 0 0 0 0 0,67 0,134 0,4060 Monilia 0 0 0 0 1,33 0,266 0,0715

1/ Helm= Helmintosporium sp; Nig= Nigrospora sp; Fus= Fusariumsp; Vert= Verticillium sp; Curv= Curvularia; Pen= Penicilum sp; Cladosp= Cladosporium sp; Altern= Alternaria sp; Aniger= Aspergillus niger; Aspf= Aspergillus flavipes; Trichod= Trichoderma sp; Aspv= Aspergillus versicolor; Chaetom= Chaetomium sp; Monilia= Monilia sp.

2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56, 84= dias de armazenamento pós-fenação. 3/ Scores: 0=ausência; 1=baixa concentração; 2=concentração mediana; e 3=alta concentração. 4/ valor-P= nível descritivo de probabilidade para a hipótese de nulidade “ausência de efeito do momento de avaliação” segundo o teste de Kruskall-Wallis.

CONCLUSÃO

O gênero comum à forragem verde foi o Helmintosporium sp e a espécie comum ao

armazenamento foi a Aspergillus niger. Os gêneros Fusarium sp e Curvularia sp

apareceram na forragem verde e retornaram com o armazenamento.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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64

Dhingra, O. D., Deterioração fúngica Universidade Federal de Viçosa MG, Imprensa

Universitária, 1985.

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Mycological Institute. Kew, Surrey, England. 507p, 1976.

Fernades, F. T. & Oliveira, E. de. Principais doenças na cultura do milho. Sete

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cultivadas. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 774p, 1997.

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Ometto, J.C. Bioclimatologia vegetal. Ed. Agronômica Ceres LTDA, São Paulo,

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Reis R. A. et al., Efeitos da amonização sobre o ocorrência de fungos, composição

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Rosa B. et al., Preservação do feno de Brachiaria decumbens Stapf cv Basilisk

submetido a tratamento com amônia anidra ou uréia , Revista Brasileira de

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Sampaio, I. B. M. Estatística aplicada à experimentação animal. Belo

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Van Raiz, B. et al., Boletim 100: Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2ed, revisada e atualizada, Campinas, SP, IA –

FUNDAG, 285 p., 1997.

66

5. CONCLUSÕES GERAIS

Os resultados obtidos demonstraram diferenças nos padrões de

crescimento entre gramíneas tropicais, demonstrando que o capim-hemartria

emite muitas folhas ao mesmo tempo, porém estas demoram mais tempo para se

expandirem completamente, diferenciando-se em seus padrões e crescimento das

demais gramíneas.

Observou-se, com o armazenamento do feno, que as frações de proteínas

e carboidratos que possuem degradação rápida ou instantânea apresentaram-se

em queda conforme o armazenamento como a FPA e os CNF. Por outro lado,

observaram-se aumentos conforme o armazenamento de alguns produtos, como:

FDNcp, FDAcp, FCB2, FPC para os capins hermatria e setaria e FPB3 para o

capim-acroceres.

Ainda com relação a mudanças nos teores de proteínas e carboidratos

conforme o armazenamento, foi observado também uma estabilidade nos teores

de PB e uma certa estabilidade nos teores de CHT, o que deve demonstrar que

esses parâmetros não apresentam tendência à redução ou aumento em seu

volume final, mas sim observaram-se transformações essenciais em suas frações.

Ainda a respeito da PB, pelo método de quantificação desta ser baseado apenas

na quantificação de nitrogênio da forragem (N), método de Kjeldahl (SILVA, 1990),

esta realmente apresentou uma estabilidade já esperada ao armazenamento, pois

por mais que os fungos utilizem este N para seu crescimento, ao quantificar o N-

67

total, não se faz separação dos fungos com a planta, o que ajuda a gerar um valor

final de PB constante ao armazenamento.

De forma que, com o armazenamento do feno, demonstrou-se um

decréscimo em sua qualidade devido à transformação das frações de proteínas e

carboidratos de instantânea e rápida para frações de mediana e lenta degradação.

E esta queda qualitativa do feno pode ser explicada pelo crescimento fúngico no

material.

A respeito da contaminação fúngica do material, o gênero comum à forragem verde

foi o Helmintosporium sp. e a espécie comum ao armazenamento foi a Aspergillus niger. E

os gêneros Fusarium sp. e Curvularia sp. apareceram na forragem verde e retornaram com

o armazenamento.

ii

ii

PARÂMETROS DE CRESCIMENTO, PRODUÇÃO E TEMPO DE ARMAZENAMENTO DOS FENOS DE QUATRO GRAMÍNEAS TROPICAIS NA

REGIÃO NORTE FLUMINENSE

ERIKA IZAAC DE ORNELAS

Tese apresentada ao Centro de Ciências e

Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.

Comissão Examinadora: __________________________________________________________________

Antonio Gesualdi Júnior (D.Sc., Zootecnia) - TECNORTE

__________________________________________________________________ Prof. Edênio Detmann (D.Sc., Zootecnia) - UENF

__________________________________________________________________ Prof. José Fernando Coelho da Silva (Ph.D., Nutrição de Ruminantes) - UENF

__________________________________________________________________ Prof. Hernan Maldonado Vasquez (D.Sc., Forragicultura) - UENF

Orientador

iii

iii

A Deus. À minha amada filha Mariah.

Aos meus amados pais Carlos e Mirna. À minha querida madrinha Mirthis.

À minha estimada avó Olga. À sempre amiga Abisair.

DEDICO

iv

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus pela presença singela, porém, constante em minha vida.

À minha mãe, Mirna Moisés Izaac, por toda a apoio e dedicação ao longo

da minha trajetória.

Ao meu pai, Carlos José de Ornelas, pelo constante apoio.

À minha avó, Olga Moysés Izaac, pessoa fundamental na minha criação.

Aos meus tios e tias por inúmeras demonstrações de carinho e afeto.

Às amigas Paula Siquara e Nereide Silva pela grande atenção e

compreensão.

Ao professor Hernan Maldonado Vasquez pela orientação, ensinamentos e

confiança.

Aos professores colaboradores José Fernando Coelho da Silva e Edenio

Detmann pelas valiosas sugestões e esclarecimentos ao longo do

desenvolvimento do trabalho.

v

v

Ao professor Ricardo Vieira pelas sugestões na defesa do projeto e aos

demais professores do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal pelos

ensinamentos ao longo do curso.

Aos funcionários do Modelo de Fazenda Sérgio, Amilson, Ricardo, José

Nilton, Ronald, Francisco, Beatriz e Rogério por toda cooperação ao longo do

trabalho a campo.

Ao funcionário do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, Cláudio

Lombardi, pela constante cooperação nas análises laboratoriais.

Ao funcionário da Clínica Fitosanitária do Laboratório de Proteção de

Plantas, Vicente Mussi, pela ajuda destinada em todas as análises fúngicas e

grande apoio.

A secretárias do curso de pós-graduação, Etiene Marques Ambrosio e

Elenita Lacerda, pela atenção e informações concedidas.

As bibliotecárias Jovana Campos e Magda Toledo pela ajuda, atenção e

amizade.

Aos alunos da pós-graduação em Produção Animal Ismail Haddade, Laélio

Scolforo, Manoel Messias, Renata Clipes, Emanoel Elzo e Lara Toledo que de

alguma maneira contribuíram na realização dos trabalhos ao longo deste período.

À Universidade Estadual do Norte Fluminense, pela realização do Curso.

À Fundação Carlos Chagas de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de

Janeiro, pela concessão da bolsa de estudo.

vi

vi

SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................vii

ABSTRACT..............................................................................................................ix

1.INTRODUÇÃO.......................................................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................4

2.1. Gramíneas Avaliadas......................................................................................4

2.2. Crescimento e Produtividade de Gramíneas Forrageiras...............................6

2.3. Feno................................................................................................................8

2.4. Crescimento Fúngico do Feno......................................................................10

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................12

4. TRABALHOS......................................................................................................16

4.1. AVALIAÇÕES MORFOGÊNICAS E PARÂMETROS DE

CRESCIMENTO EM QUATRO GRAMÍNEAS TROPICAIS NO MUNICÍPIO DE

CAMPOS DOS GOYTACAZES -

RJ..........................................................................................17

4.2. COMPOSIÇÃO QUIMICO-BROMATOLÓGICA DA FORRAGEM VERDE E

DE FENOS DE GRAMÍNEAS TROPICAIS CONSERVADOS EM FARDOS EM

DIVERSOS TEMPOS DE ARMAZENAMENTO...................................................36

4.3. DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO FÚNGICA EM FENOS E NA FORRAGEM

VERDE DE QUATRO GRAMÍNEAS TROPICAIS ..............................................62

vii

vii

5. CONCLUSÕES GERAIS....................................................................................78

RESUMO

ORNELAS, Erika I. Universidade Estadual do Norte Fluminense; dezembro de 2003; Parâmetros De Crescimento, Produção E Tempo De Armazenamento Dos Fenos De Quatro Gramíneas Tropicais Na Região Norte Fluminense Professor Orientador: Hernan Maldonado Vasquez. Professores Conselheiros: José Fernando Coelho da Silva e Edenio Detmann.

Objetivou-se no presente estudo observar o crescimento das gramíneas acroceres (Acroceras macrum), angola (Brachiaria purpurascens), hemarthria (Hemarthria altíssima) and setaria (Setaria anceps) bem como sua produção de feno e a permanência da qualidade do mesmo pela avaliação laboratorial de análises bromatológicas, fracionamento de proteínas e carboidratos e qualificação e quantificação fúngica em função do tempo de armazenamento (0, 28, 56, 84 dias). Foram medidos comprimento de perfilho, comprimento de folhas completamente expandidas a cada três dias e número de folhas por perfilho a cada seis dias a fim de se obter a taxa de aparecimento foliar e a taxa de alongamento foliar. Foram analisados os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas e extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteínas (FDNcp) e fibra em detergente ácido corrigida para cinzas e proteínas (FDAcp), matéria mineral (MM), carboidratos totais, frações da proteína, carboidratos não fibrosos, frações dos carboidratos e lignina da forragem verde e dos fenos em armazenamento das gramíneas citadas acima. Também foi incubados a gramínea in natura e o feno nos mesmos tempos de armazenamento para detecção e quantificação fúngica. Foi utilizado o para interpretação dos resultados o delineamento em blocos casualizados com parcelas subdivididas com posterior análise entre médias das gramíneas pelo teste de Tukey e aplcação de contrastes ortogonais entre os momentos de avaliação com ajuste para equações

viii

viii

linear. Entre as quatro gramíneas avaliadas observou-se para o capim-hemartria uma superioridade na dinâmica de emissão de folhas, porém exibindo uma taxa de alongamento foliar bastante inferior.Já o capim-setaria exibiu uma maior taxa de alongamento foliar e maior produção de MS que as outras gramíneas. Observou-se com o armazenamento do feno um aumento nos teores de MS, FDA, FDN, MM, FPB1 e FPC e FCB2. Por outros lado, houve a queda nos teores de EE, CNF e FPA.Os teores de PB, lignina, FCC, CHT e FPB2 permaneceram , razoavelmente, constantes. O gênero comum à forragem verde foi o Helmintosporium sp e a espécie comum ao armazenamento foi a Aspergillus niger. E os gêneros Fusarium sp e Curvularia sp apareceram na forragem verde e retornaram com o armazenamento.

ABSTRACT

ORNELAS, Erika I. Universidade Estadual do Norte Fluminense; dezembro de 2003; Growth Analysis of Tropical Grasses and Composition Chemical-

ix

ix

bromatological of and Identification and Analysis Quantitative of Fungi of Tropical Grasses and Their Hays Storaged; Advisor: Professor Orientador: Hernan Maldonado Vasquez. Counselors: Professors José Fernando Coelho da Silva e Edenio Detmann.

The objectives of this work was observed growthy of grasses acroceres (Acroceras

macrum), angola (Brachiaria purpurascens), hemarthria (Hemarthria altíssima) and setaria

(Setaria anceps) and their hay production and their production, its qualitative mainteinance

by composition chemical-bromatological, the fraction of nitrogen and carbohydrate

compounds and identification and analysis quantitative of fungi of tropical grasses and their

storaged hays (0, 28, 56, 84 days). In the growth analysis were evalueted height primary

tiller, leaf elongation on witch three days number of leaves for tiller on wicth six days, to

obtain leaf appearance rate and leaf elongation rate. The composition chemical-

bromatological of grasses and hays were analyzed contents of dry matter(DM), crude

protein (CP), ether extract (EE), mineral matter (MM), neutral detergent fiber (NDF), acid

detergent fiber (ADF), lignin, the fraction of nitrogen and carbohydrate compounds. For

quantitative analysis of fungi were used the total counting method of diluted material (10-2,

10-3, 10-4, 10-5), and were incubated for seven days in BOD with 28° C and photoperiod of

12 hours. A split plot completely randomized block design was used to interpret the results

of laboratories analysis, with analysis between averages of grasses by Tukey test and

comparison between avaliation times, was realized by the orthogonal contrasts, with further

adjustment of regression equations. Among the grasses were noted Hemartria sp were the

best on leaf appearance rate, were the worst on leaf elongation rate. Setaria sp were the best

on leaf elongation rate and dry matter production. In the hay storaged was observed

increase on content of DM, NDF, ADF, fraction B1 and C of protein and fraction B2 of

carbohydrate; but decrease of EE, fraction A of protein and not fibrous carbohydrates. The

x

x

contents of CP, total carbohydrates, lignin, fraction C of carbohydrates and fraction B2 of

protein didn’t changed with the storage. The fungi most common in the grasses were

Helmintosporium sp and the most common in the hays were Aspergillus niger. Fusarium sp

and Curvularia sp were noted in the grasses and in the hays.

54

Tabela 2– Médias para concentração de proteína bruta, como percentagem da matéria seca, em função do efeito de interação entre as gramíneas e o tempo de avaliação

Tempo de Avaliação2,3 Efeitos4,5 Gramíneas1 FV 0 28 56 84 Cont L Q C

Hem 8,67c 8,28b 9,16b 8,75b 8,88b ns ns ns ns Ang 10,55b 12,42a 12,94a 11,83a 11,83a * ns ns ns Acr 11,42b 11,55a 11,95a 11,64a 11,00a ns ns ns ns Set 14,46a 13,01a 12,35a 11,71a 12,41a * ns ns ns

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária, 2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação, 3/ Médias na coluna, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0,05), 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento, 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0,05),

Tabela 3–Médias e coeficientes de variação (CV) para os teores de fração B1 de proteínas (PBI) com base percentual na matéria seca , de acordo com a gramínea e o tempo de avaliação empregado

Gramíneas1,2 Tempo de avaliação3 Efeito4,5

Item Hem Ang Acr Set FV 0 28 56 84 Cont L Q C CV

PBI6 0,47a 0,28a 0,27a 0,26a 0,23 0,26 0,34 0,37 0,39 * * ns ns 22,85

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária. 2/ Médias na linha, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0.05). 3/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação. 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento. 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0.05). 6/ Ŷ = 0,27+0,0015X (r2=0,9256)

55

Tabela 4 – Médias para concentração de Fração A da proteína, como percentagem da matéria seca, em função do efeito de interação entre as gramíneas e o tempo de avaliação

Tempo de Avaliação2,3 Efeitos4,5 Gramíneas1 FV 0 28 56 84 Cont L Q C

Hem6 1,84c 2,10b 1,15b 0,95b 0,97b ns * ns ns Ang7 3,63b 4,28a 3,79a 2,85a 2,91a ns * ns ns Acr8 3,03bc 3,87a 3,67a 2,57ab 2,26ab ns * ns ns Set9 5,98a 5,56a 3,73a 3,31a 3,30a * * * ns

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária, 2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação, 3/ Médias na coluna, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0,05), 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento, 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0,05), 6/ Ŷ = 1,83-0,0128X (r2=0,3810) 7/ Ŷ = 4,21-0,0180(r2=0,4891) 8/ Ŷ = 3,98-0,0212X(r2=0,6046) 9/ Ŷ = 5,51-0,0742X+0,000578X2 (R2=0,5760)

Tabela 5 – Médias para concentração de Fração B2 da proteína, como percentagem da matéria seca, em função do efeito de interação entre as gramíneas e o tempo de avaliação

Tempo de Avaliação2,3 Efeitos4,5 Gramíneas1 FV 0 28 56 84 Cont L Q C

Hem 1,22a 0,18b 1,07b 0,51b 0,47b ns ns ns ns Ang 1,55a 2,59a 3,49a 3,08a 2,74a * ns ns ns Acr 2,03a 1,81a 1,94ab 2,82a 1,95a ns ns ns ns Set 2,05a 1,27ab 1,18b 1,09b 1,82ab ns ns ns ns

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária, 2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação, 3/ Médias na coluna, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0,05), 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento, 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0,05),

56

Tabela 6–Médias para concentração de Fração B3 da proteína, como percentagem da matéria seca, em função do efeito de interação entre as gramíneas e o tempo de avaliação

Tempo de Avaliação2,3 Efeitos4,5 Gramíneas1 FV 0 28 56 84 Cont L Q C

Hem 4,72ab 4,84a 4,70a 4,92a 5,02a ns ns ns ns Ang 4,2b 4,32a 4,53a 4,65a 4,70a * ns ns ns Acr6 5,04a 4,31a 4,69a 4,69a 4,98a * * ns ns Set7 5,35a 4,92a 5,07a 4,92a 4,48a * * ns ns

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária, 2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação, 3/ Médias na coluna, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0,05), 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento, 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0,05), 6/ Ŷ = 4,37+0,0072X (r2=0,2985) 7/ Ŷ = 5,07-0,0053X (r2=0,1524) Tabela 7 – Médias para concentração de Fração C da proteína, como percentagem da matéria seca, em função do efeito de interação

entre as gramíneas e o tempo de avaliação

Tempo de Avaliação2,3 Efeitos4,5 Gramíneas1 FV 0 28 56 84 Cont L Q C

Hem6 0,73a 1,00a 1,95a 2,00a 2,04ab * * * ns Ang 0,80a 0,78a 0,74b 0,72b 0,93c ns ns ns ns Acr 1,11a 1,35a 1,34ab 1,26ab 1,48bc ns ns ns ns Set7 0,83a 1,19a 2,06a 2,08a 2,44a * * ns ns

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária, 2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação, 3/ Médias na coluna, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0,05), 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento, 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0,05), 6/ Ŷ = 1,04+0,0358X-0,000291X2 (R2=0,5566) 7/ Ŷ = 1,38+0,0135X (r2=0,5050)

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Tabela 8 – Médias para concentração de carboidratos totais, como percentagem da matéria seca, em função do efeito de

Aaaaaaaa interação entre as gramíneas e o tempo de avaliação

Tempo de Avaliação2,3 Efeitos4,5 Gramíneas1 FV 0 28 56 84 Cont L Q C

Hem6 82,7a 83,1a 81,1a 83,5a 83,2a ns ns ns * Ang7 78,5b 76,7c 75,3b 78,0b 78,9b * * * * Acr8 80,7ab 80,4b 80,6a 81,4a 82,3a ns * ns ns Set9 74,2c 75,1c 76,2b 77,1b 77,9b * * ns ns

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária, 2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação, 3/ Médias na coluna, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0,05), 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento, 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0,05), 6/ Ŷ = 83,1-0,2347X+0,0073X2-0,000053X3 (R2=0,6569) 7/ Ŷ = 76,7-0,1883X+0,0062X2-0,000043X3 (R2=0,5970) 8/ Ŷ = 80,2+0,0227X (r2=0,6333) 9/ Ŷ = 75,2+0,03352X (r2=0,5925)

Tabela 9 – Médias e coeficientes de variação (CV) para os teores lignina (LIG), carboidratos não fibrosos (CNF), fração C de carboidratos (C) e fração B2 de carboidratos (BII) com base percentual na matéria seca, de acordo com a gramínea e o tempo de avaliação empregado

Gramíneas1,2 Tempo de avaliação3 Efeito4,5 Item Hem Ang Acr Set FV 0 28 56 84 Cont L Q C CV

LIG 8,62a 8,25a 8,25a 8,13a 8,41 8,81 7,40 8,33 8,61 ns ns ns ns 32,44 CNF6 23,36a 23,12a 21,53a 21,52a 26,19 25,14 17,96 21,17 21,47 * * * * 9,83

C 20,70a 19,80a 19,80a 19,51a 20,18 21,15 17,75 19,99 20,68 ns ns ns ns 32,44 BII7 39,62a 38,17a 36,55a 34,04a 32,68 32,71 42,74 38,93 38,43 * * * * 18,95

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária. 2/ Médias na linha, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0.05). 3/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação. 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento. 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0.05). 6/ Ŷ = 25,1-0,6004X+0,0151X2-0,000101X3 (R2=1,00) 7/ Ŷ = 32,7+0,8095X-0,0198X2 =0,000130X3 (R2=1,00)

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Tabela 10 –Médias e coeficientes de variação (CV) para os teores de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e matéria mineral (MM) com base percentual na matéria seca , de acordo com a gramínea e o tempo de avaliação empregado

Gramíneas1,2 Tempo de avaliação3 Efeito4,5 Item Hem Ang Acr Set FV 0 28 56 84 Cont L Q C CV FDN6 59,4a 56,1b 58,0ab 54,7b 52,9 53,9 60,5 58,9 59,1 * * * * 3,5

FDA7 29,7a 29,7a 28,3a 30,1a 26,1 27,4 30,8 31,6 31,2 * * * ns 3,6 MM8 7,1b 9,3a 6,1b 9,7a 7,5 7,6 8,5 8,5 8,2 * * * ns 5,3 1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária. 2/ Médias na linha, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0.05). 3/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação. 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento. 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0.05). 6/ Ŷ = 53,9+0,5013X-0,0116X2+0,000076X3 (R2=1,00) 7/ Ŷ = 27,5+0,1432X-0,0012X2 (R2=0,9880) 8/ Ŷ = 7,6+0,0391X-0,00038X2 (R2=0,9464)

Tabela 11–Médias para concentração de extrato etéreo, como percentagem da matéria seca, em função do efeito de interação entre as

gramíneas e o tempo de avaliação

Tempo de Avaliação2,3 Efeitos4,5

Gramíneas1 FV 0 28 56 84 Cont L Q C Hem6 2,47a 1,57b 1,91a 0,34a 0,43a * * ns * Ang7 1,89a 1,84ab 1,88a 0,51a 0,07a * * ns ns Acr8 2,02a 2,32ab 1,30ab 0,55a 0,36a * * ns ns Set9 2,27a 2,77a 0,70b 0,46a 0,12a * * * ns

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária, 2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação, 3/ Médias na coluna, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0,05), 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento, 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0,05), 6/ Ŷ = 1,57+0,0885X-0,0035X2+0,000027X3 (R2=0,8584) 7/ Ŷ = 2,07-0,0238X (r2=0,6874) 8/ Ŷ = 2,13-0,0237X (r2=0,7175)

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9/ Ŷ = 2,68-0,0758X+0,000554X2(R2=0,8506)

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Tabela 12 –Médias para concentração de matéria seca, em função do efeito de interação entre as gramíneas e o tempo de avaliação

Tempo de Avaliação2,3 Efeitos4,5

Gramíneas1 FV 0 28 56 84 Cont L Q C

Hem6 16,2b 65,4bc 79,0ab 81,3a 83,5a * * * ns

Ang7 15,5b 70,7b 77,8ab 81,5a 83,8a * * ns ns

Acr8 22,7a 78,2a 83,8a 84,5a 84,5a * * ns ns

Set9 11,1b 62,4c 75,8b 81,1a 82,5a * * * ns

1/ Hem= capim hemartria; Ang= capim angola, Acr= capim acroceres, Set= capim setária, 2/ FV= forragem verde; 0, 28, 56 e 84= dias de armazenamento pós-fenação, 3/ Médias na coluna, seguidas por letras diferentes, são diferentes pelo teste de Tukey (P<0,05), 4/ Cont= forragem verde vs forragem fenada, L, Q e C= efeitos linear, quadrático e cúbico em relação ao tempo de armazenamento, 5/ * e ns= significativo e não significativo pelo teste F (P<0,05), 6/ Ŷ = 66,0+0,5080X-0,00365X2 (R2=0,7845) 7/ Ŷ = 72,0+0,1544X (r2=0,8849) 8/ Ŷ = 79,7+0,0741X (r2=0,6527) 9/ Ŷ = 62,3+0,5557X-0,0038X2 (R2=0,8896)