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paraná santa catarina rio grande. do sul
edição nº 53 | março — abril 2015 | r$ 8,90
XavantesavantesRepResaXavantes
as surpreendentes águas do interior do paraná
LitoraL gaúchoDois relatos sobre as dificuldades da
navegação no litoral do Rio Grande do Sul
Mar doce Lar A família gaúcha que transformou
um veleiro em sua nova casa
FerrugeM a bordoO que você pode fazer
para (tentar) evitar este eterno problema
em todos os barcos
correio do MarAs incríveis mensagens em
garrafas que o mar ainda traz
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Índice
BAIXE TAMBÉM AS EDIÇÕES ANTERIORES DE gRAÇA
Edição 50As 50 mElhorEs coisAsE + Oeste Catarinense
Edição 51PrAiA do rosAE + Uma lancha, três motores, O Chef pescador
OESTE CATARINENSEAs surpreendentes águas do
PARANÁ SANTA CATARINA RIO GR. DO SUL
As
50melhores coisas
do litoral sul do país
Para comemorar
nossas 50 edições, elegemos e listamos...
EDIÇÃO Nº 50 | SETEMBRO – OUTUBRO 2014 | R$ 8,90
OESTE CATARINENSE
PARANÁ SANTA CATARINA RIO GR. DO SUL
EDIÇÃO Nº 52 | JANEIRO – FEVEREIRO 2014/2015 | R$ 8,90
OESTE CATARINENSE
MAR DE BILHETINHOSO curioso bar com
milhares de mensagens, em Florianópolis
OS MACETESDO CORRICO
Como se dar bem com os peixes mesmo durante os passeios?
BÊ-Á-BÁ DA BOA ANCORAGEM
O que você precisa saber sobre âncoras,
cabos e amarras
BARCO FEITO EM CASA
OESTE CATARINENSEComo um curitibano construiu
um veleiro no quintal de sua casa
MelIlha do
a doce joia do litoral do paraná
PARANÁ SANTA CATARINA RIO GR. DO SUL
EDIÇÃO Nº 49 | JULHO – AGOSTO 2014 | R$ 8,90
XI, NÃO PEGATudo o que você
precisa saber sobre baterias
a bordo
COMO FISGAR UM DESSES15 dicas de um
especialista em pescarias de robalos-flecha
SERÁ QUE PRECISA?
As tralhas inúteis que os barcos
carregam
XI, NÃO PEGATudo o que você
precisa saber sobre baterias
CANOAGEM EXTREMA!
GuaraqueçabaO MaiOr TesOurO da baía de ParanaGuá
Quem é o catarinense que adora despencar de cachoeiras desse jeito...
Edição 52ilhA do mElE + Barco feito em casa, Bê-á-Bá da boa ancoragem
Edição 49guArAquEçAbAE + Canoagem Extrema, Xi a bateria não pega
NESTA EDIÇÃO...
pág. 66
NÁUTICA SUL 49
NO ÚLTIMO DIA DO ANO DE 2013, o casal de velejadores Duda e Celso Martins estava com o seu barco tranquilamente ancorado na prainha do Cantagalo, em Paraty, curtindo a alegria de mais um ano juntos no mar, quando surgiu a ideia de dividir toda aquela feli-
cidade com outras pessoas. Mas, quem seriam? Deixaram, então, a escolha nas mãos do destino. Pegaram uma garrafa vazia, colocaram um bilhete com votos de bom ano novo e um número de telefone e a atiraram no mar – como faziam os náufragos do passado. Em seguida, esqueceram o fato. Até que...
COMO OS NÁUFRAGOS Trecho de uma das milhares de mensagens já encontradas dentro de garrafas boiando nos mares: o que no passado era uma necessidade, virou uma instigante diversão
SHU
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LER
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Mesmo em tempos de Facebook e WhatsApp, o singelo ato de mandar mensagens dentro de garrafas ainda é largamente praticado e diverte um bocado — tanto quem manda, quanto, principalmente, quem as encontra
POR CARLOS SANTOS
CORREIO DO MAR ainda vive
O velho
Até hoje restam dúvidas sobre a expedição do francês Binot Paulmier de Gonneville ao litoral de Santa Catarina, 511 anos atrás, que teria levado um índio brasileiro para a Corte francesa e dado origem a uma curiosa história. E que, agora, está voltando à tona, por conta de uma regata
penas quatro anos após o descobrimento oficial do Brasil, uma nau francesa, comandada pelo navegador Binot Paulmier de Gonneville,
teria chegado ao litoral de Santa Catarina e permanecido por seis meses na atual Baía da Babitonga, a mesma de São Francisco do Sul, não por acaso considerada a terceira cidade mais antiga do Brasil. Ali, os franceses teriam criado estreitos laços de amizades com os índios carijós, que habitavam a região. Tanto que, ao retornar à França, Gonneville teria levado consigo um jovem índio brasileiro, chamado Iça-mirim, a pedido do próprio pai do menino (e também cacique da tribo), que queria que ele aprendesse algumas virtudes bélicas dos franceses, para, depois, ensinar aos guerreiros da tribo. Só que Iça-mirim, ou “Essomericq”, como o seu nome fora interpretado pelos franceses, jamais retornou ao Brasil. Teria vivido em um castelo francês até os 96 anos de idade, depois de instruir-se (o que o tornaria o primeiro legítimo brasileiro a ser alfabetizado, entre outros pioneirismos), casar-se com a filha do próprio Gonneville e com ela ter nada menos que 14 filhos (e um incontável número de descendentes), dando início a um clã tão curioso quanto praticamente desconhecido por aqui — além de polêmi-co, já que alguns pesquisadores colocam em dúvida a existência da tal ex-pedição de Gonneville ao litoral de Santa Catarina e, por consequência, do próprio índio catarinense que teria virado um quase nobre na elegante corte da França do século 16. E esta história, agora, está voltando à tona, por con-ta de uma regata francesa que chegará a Itajaí ainda este ano, depois de atra-vessar o Atlântico. Como, mais ou menos, teria feito Gonneville, 511 anos atrás.
O pioneiro catarinense?
A
POR RAQUEL CRUZ
NÁUTICA SUL 57
pág. 68
Não deu tempo. Com velas içadas e o motor ligado, para apressar o caminho de volta à barra, um estrondo ecoou no escuro da noite e uma grande onda desabou sobre a popa do barco. Romildo saiu correndo da cabine, assumiu o leme e acelerou tudo à frente. Agora, ele pelo menos sa-bia de onde as ondas poderiam vir e precisava posicionar o barco para melhor enfrentá-las. Após alguns segundos avan-çando sobre o rastro da onda que passara, girou totalmente o leme, ficando de proa para as outras ondas que porventura viessem. E elas vieram. Duas. Tão altas quanto a primeira.
A segunda onda foi abordada da maneira correta, com o barco indo de encontro a ela — e não o con-trário, como involuntariamente aconteceu no primeiro caso. Mas era tão violenta que empurrou o casco para trás e o fez atravessar na frente da onda seguinte, a ter-ceira e mais fulminante de todas. O Vagabundo ficou, então, na pior posição possível: de lado e impotente,
Em julho de 1982, um acidente no mar, envolvendo o veleiro gaú-cho Vagabundo, deu o que fa-lar no Rio Grande do Sul. Na-
quela ocasião, o experiente comandante Romildo Santos, dono do barco, partiu de Rio Grande, na companhia do filho, Newton, e de um amigo, Luiz Louren-ço, ambos ainda jovens velejadores, rumo a Montevidéu, onde iriam buscar novos equipamentos comprados para o barco — fato que, mais tarde, seria interpreta-do pela sensacionalista imprensa gaúcha como uma espécie de contrabando, em-bora tivesse sido importado legalmente. Mas o mau tempo fez com que eles tives-sem de esperar um bocado antes da partida, já que tanto a barra de Rio Grande quan-to o mar do extremo sul do Rio Grande do Sul merecem respeito. Até que, na fria noi-te de 13 de julho, as condições pareceram adequadas à travessia, apesar do frio cor-tante e do vento gelado. Partiram por volta da meia-noite e, logo após a saída da barra, Newton assumiu o leme, enquanto seu pai desceu à cabine, para preencher o diário de bordo. E foi de lá que ele deu o alerta, depois de sentir correr pelo corpo aquilo que os dois jovens tripulantes lá fora mal notaram: um grande volume de água passara repentinamente sob o casco, feito uma onda submersa — uma “crescente”, no jargão dos escaldados velejadores do litoral gaúcho.
— Vamos voltar! — disse o comandante.
diante da onda que se aproximava, no breu daquela noi-te gelada. Não deu tempo de fazer nada. O vagalhão colheu o costado em cheio, cuspiu seus tripulantes na água e virou o Vagabundo de cabeça para baixo.
Por sorte, as ondas pararam após aquela terceira mu-ralha d’água, e quando os três voltaram à tona, estavam ao lado do casco emborcado. E ali ficaram, agarrados. Até que o barco desvirou sozinho, por conta do peso da quilha, que gera o chamado efeito joão-bobo nos cascos. Os três, então, voltaram a bordo, quase congelados de frio. E com um sé-rio problema a resolver: a quebra do mastro, sem falar na completa inundação do barco, o que exigiu muita rapi-dez da tripulação para o Vagabundo não ir a pique de vez.
Newton entrou na cabine com água pelos joelhos, e tentou mandar um pedido de socorro, pelo rádio. Nada. A antena ficava no topo do mastro e ele, agora, jazia submer-so, pendurado apenas pelos cabos de aço. Tentou, também, ligar as bombas de esgotamento do casco, mas as baterias já estavam submersas e o máximo que ele conseguiu foi a ameaça de um curto-circuito na água dentro da cabine.
Pelo menos, o barco ainda flutuava, apesar de ter per-dido a capacidade de locomoção a motor. A decisão do comandante Romildo foi sábia: esperar o dia clarear e improvisar uma mastreação, com a vela pre-sa ao pau do spinakker, para ten-tar chegar a Rio Grande. Uma hora e meia depois de ter comu-nicado isso ao filho, ele curvou o corpo sob o leme e, sem nenhum aviso, caiu duro no cockpit, ful-minado por um ataque cardíaco.
Ninguém sabia que Romildo era cardíaco, nem ele deveria sa-ber que o contato com a água ge-lada comprime as artérias e au-menta barbaramente o risco de infarto. Mas, agora, isso pouco im-portava. Ele estava morto, den-tro do barco, e nem o filho nem o amigo podiam sequer parar de tirar água de dentro da cabine, para não terem o mesmo destino.
Era a luta pela vida, com a morte bem explícita ao lado. Uma situação angustiante, para não dizer traumatizante.
Mesmo assim, Newton juntou forças para manter o barco à tona até a manhã seguinte, como seu pai dissera que fariam. Quando amanheceu, ele concluiu que o Vagabundo estava cerca de
dez milhas da praia do Cassino e resolveu mudar os planos originais do pai. Fez, sim, o mastro improvisado, mas mu-dou o destino do barco: em vez de retornar a Rio Grande, arremessaria o veleiro de encontro à praia. Por dois motivos: isso abreviaria o sofrimento de ter que navegar com o cadá-ver do pai ao lado e porque se lembrara que ele sempre di-zia que gostaria de morrer no mar, mas o Vagabundo, que ele mesmo construíra, teria que morrer junto, porque não deveria ser de mais ninguém. Arremessar o barco na praia era a última coisa que qualquer comandante faria. Mas, na-quela situação, era o melhor a ser feito. E Newton fez.
Apesar da manobra suicida, o Vagabundo chegou in-teiro, até encalhar na areia. Newton e o amigo baixaram o corpo de Romildo para a praia, que já reunia alguns curio-sos, e pediram para chamar a polícia. Na manhã seguinte,
o Vagabundo já não passava de escom-bros espalhados na beira da praia, depois de ter sido esquartejado, a golpes de ma-chado, pelos saqueadores de barcos, du-rante a madrugada. Mas isso agora pouco importava. Ao contrário, apenas concreti-zava a vontade do comandante Romildo, que queria acabar junto com o seu bar-co — e que, por fim, morreu como que-ria: no mar, a bordo do veleiro que tanto amava. A pedido do filho, ele foi sepul-tado ainda com água salgada no corpo.
Uma semana depois, no dia da missa de Sétimo Dia, Newton saiu da igreja e foi direto comprar outro veleiro: o pequeno Tahiti, antigo barco da família, também construído pelo comandante Romildo e que fora vendido para custear a obra do Vagabundo. E, com ele, Newton navega até hoje, guiado pelas lembranças e ensi-namentos do pai, seu eterno comandante.
Atirar o barco na praia era a última coisa que um comandante faria. Mas, naquela situação, era o melhor a ser feito. E ele fez
OS DOIS JUNTOSO velho Comandante Romildo e o Vagabundo, que ele mesmo construiu, morreram juntos, mas por motivos diferentes. Como, aliás, ele queria que fosse
33 anos depois, o filho de um velho velejador e capitão que morreu no mar, depois de praticamente salvar o barco de um iminente naufrágio, decide trazer à tona a verdadeira história da morte do Comandante Romildo e do veleiro Vagabundo , que tantas polêmicas geraram no meio náutico do Rio Grande do Sul, na década de 1980. O que aconteceu, segundo ele, está aqui, mais de três décadas depois
A HERANÇA DE UM NAUFRÁGIO
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Barcos foram feitos para a água. Portanto, é natu-ral que sofram com a umidade do meio em que vi-vem. Mesmo os barcos com casco de fibra de vidro
contêm muitos metais (cunhos, guarda-mancebos, eixos, etc. etc.) e nem todos eles são suficientemente fortes para lutar contra a nefasta combinação de água + oxigênio, os dois elementos que dão início ao processo de corrosão em qualquer material.
No caso de água salgada, a situação é pior ainda. O sal potencializa o processo de corrosão, que se manifesta até nos ambientes do barco sem contato direto com a água — bastam os efeitos da maresia ou da falta de neutraliza-ção da corrosão nas partes submersas do casco, por exem-plo. Portanto, nem sempre é apenas desleixo do dono do barco. A oxidação em ferragens de aço inox pode apare-cer até em barcos extremamente bem cuidados, porque o ambiente marinho costuma ser um agressor implacável e particularmente feroz em itens como acoplamentos de alumínio e aço inox, bastante comuns em motores e pro-pulsores, provocando estragos bem maiores do que uma simples aparência enferrujada.
Mas, se não há como impedir que a corrosão aconte-ça, há, sim, como prevenir ou, pelo menos, evitar que o problema se alastre de vez. No combate contra a prolife-
Você e seu barcoCOMO EVITAR ESTE PROBLEMÃO
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CORROSÃONos barcos, não é nada fácil evitar a ferrugem e a corrosão. Mas, mesmo quando as manchas começam a aparecer, nem tudo está perdido. Veja aqui o que fazer
POR OTTO AQUINO
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Embora os dois termos sejam
largamente usados como
sinônimos — não! —, não são
a mesma coisa. Por definição,
“corrosão” é um processo que
provoca desgaste em uma
liga metálica qualquer, como,
por exemplo, o aço inox, que é
uma mistura de quatro metais
d i ferentes . Já a “ ferrugem”
designa os casos específicos de
corrosão no ferro. A rigor, barcos
de passeio nem deveriam usar
a expressão “ferrugem” (e sim
“oxidação”), porque ferro é o que
eles menos têm.
Outra confusão bastante
comum é entre os termos
“corrosão” e “oxidação”, que
t a m b é m n ã o d e s i g n a m a
mesma coisa. “Oxidação” é uma
reação química, na qual um
material ou elemento se une ao
oxigênio, formando um novo
composto — um óxido. E nem
toda oxidação gera corrosão.
E la só ocorre quando esta
reação química provoca a perda
de material de uma das partes
envolvidas.
Mas, seja “ferrugem”, “corro-
são” ou “oxidação”, o fato é que
todos eles são um problemão.
FERRUGEM OU CORROSÃO?
1A corrosão ataca mais no mar? Sim. Além do sal, o mar contém cloro natural, o que acelera
a corrosão, porque transforma a água em um eletrólito mais
eficiente, aumentando sua condutividade elétrica — e eletricidade
acentua a corrosão em qualquer metal. Isso faz com que ela avance
bem mais depressa do que na água doce.
Onde a corrosão costuma atacar mais?Nas ferragens do convés, especialmente nos guarda-
mancebos, âncora e escadinha de popa. Mas as partes
metálicas submersas, como eixos, rabetas, hélices e lemes, também
estão sujeitas à corrosão acentuada, embora com menos intensidade,
já que existem os anodos de sacrifício para evitar isso.
Aço inoxidável também oxida?Sim, dependendo da qualidade do aço e dos cuidados do dono do barco. Alguns fabricantes usam ligas mais baratas,
que resistem menos à corrosão — daí o problema. Os aços mais recomendados são os com especificação ABNT 316, que têm alto teor de cromo e suportam bem mais o cloro do mar.
Existe receita caseira para prevenir a corrosão?Sim. Lavar bem as ferragens com água e sabão depois dos
passeios — tanto no mar quanto em água doce — é a mais
simples e eficiente maneira. O polimento com cera também blinda
bem contra a corrosão nos metais. Mas — atenção! — não use cloro
nem água sanitária neles, porque isso só aumenta o problema.
Em qual estágio a ferrugem ainda tem cura?Bem antes de perfurar as partes afetadas. Se a ferrugem
atacar eixos e propulsores, é bem provável que o
funcionamento deles já esteja comprometido — portanto, tarde
demais. Na maioria das peças de aço inox, basta um simples
polimento para resolver o problema. Já parafusos enferrujados devem
ser trocados, porque não vale a pena tentar salvá-los.
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As cinco dúvidas mais comuns que quase todo mundo tem sobre este eterno problema
BÊ-Á-BÁ DA CORROSÃO
ração da corrosão, o melhor remédio costuma ser o mais simples e o mais caseiro de todos: sempre lavar bem o bar-co e as ferragens com água e sabão depois dos passeios (es-pecialmente no mar), além de polir regularmente as par-tes mais suscetíveis à corrosão com cera náutica. Outro recurso muito útil é manter sempre em dia os anodos de sacrifício, que, como o próprio nome diz, existem para se oxidar no lugar das partes mais nobres do barco.
Vale tudo nesta guerra contra um inimigo que corrói tudo nos barcos. Até a paciência dos donos.
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MELHOR QUE MAR
Com água verde e limpa e uma paisagem
pra lá de deslumbrante, a represa
Xavantes, no norte do Paraná, tem feito
os donos de barcos praticamente ignorar
qualquer outro lugar para navegar
POR JORGE DE SOUZA
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GRANDE E LINDANascida de um represamento do limpo rio Paranapanema, a represa Xavantes fica bem na divisa entre Paraná e São Paulo e é linda, tanto da água quanto de cima
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NáuTIcA Sul TAMBÉM ESTá NO... No Facebookfacebook.com/revista.nautica
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DIRETOR DE REDAÇÃO Jorge de Souza [email protected]
COlAbORARAm nESTA EDIÇÃO: Haroldo J. Rodrigues (arte), Aldo macedo (imagens), maitê Ribeiro (revisão)
PRESIDEnTE E EDITOR Ernani Paciornik
VICE-PRESIDEnTE Denise Godoy
PublICIDADE
DIRETORA DE PublICIDADEmariangela bontempo [email protected]
PARAná – SAnTA CATARInA | GEREnTE REGIOnAl Gustavo Ortiz [email protected], tel. 047/9210-2931
PARA [email protected] Tel. 11/2186-1022, fax 11/2186-1050
REDAÇÃO E ADmInISTRAÇÃOAv. brigadeiro Faria lima, 1306, 5o andar, CEP 01451-001, São Paulo, SP. Tel. 11/2186-1005 (adm.), fax 11/2186-1080 e tel. 11/2186-1006 (redação), fax 11/2186-1050
NÁUTICA SUL é uma publicação da G.R. um Editora ltda. – ISSn 1413-1412. março de 2015. Jornalista responsável: Denise Godoy (mTb 14037). Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados.
FOTOS DE CAPA: Divulgação Residencial Ilha bela
CTP, Impressão e Acabamento – IbEP Gráfica
NÁUTICA SUL 63
Corria o ano de 1991 e eu, mesmo sendo parana-ense, morava em Porto Alegre. Lá, como piloto de caça, voava nos supersônicos F-5E, da FAB, e nas horas vagas, como velejador, ia para o clu-be Veleiros do Sul, o mesmo freqüentado por
um colega da Aeronáutica, o Capitão Aviador Nivaldo Luiz Rossato, que mesmo sendo gaúcho e visitante assíduo do lu-gar, não velejava. O meu barco era o Jambock III, um velei-ro de 32 pés todo reformado, pelo qual eu sentia um misto de respeito e gratidão pela sobrevivência nos embates com os temporais pirotécnicos típicos do Rio Grande do Sul.
Tempos depois, decidi deixar a Força Aérea e mon-tar uma empresa de táxi aéreo, no Paraná, após ter a apro-
vação de minha “superior hierárquica”, como as esposas eram carinhosamente chamadas no meio militar. Resolve-mos, então, mudar para lá. Mas, e o barco? Como levá-lo? Decidi ir navegando com ele até Guaratuba, no litoral pa-ranaense, que passaria a ser a nova “base” do bravo Jambo-ck III. Mas minha mulher se recusava a ir junto a bordo. O mar a assustava, especialmente a costa gaúcha, famosa pelo mau humor dos seus ventos fortes e pelo cemitério de barcos que eles já geraram. Onde encontrar um tripulante para me acompanhar naquela travessia? Nos clubes náuti-cos de Porto Alegre, os marinheiros pediam o equivalente a um dólar por milha navegada, o que, para mim, na épo-ca, representava um gasto considerável.
DO AR PARA O MARO novo Comandante Geral da Aeronáutica, Nivaldo Rossato (abaixo) começou sua vida náutica com uma terrível travessia até Florianópolis (ao lado). Mas ele tirou de letra e, na volta, até comprou um barco. Quem sabe comandar, comanda qualquer coisa
Foi durante uma complicada travessia de Porto Alegre a Florianópolis que o recém-empossado novo Comandante Geral da Aeronáutica, o gaúcho Nivaldo Rossato, mostrou a um experiente velejador do Paraná sua capacidade para comandar até o que ele mal conhecia: um barco
FIRME AO LEME, COM A NDA NTE!
POR LUIZ NOGUEIRA GALETTO
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“Na edição dezembro, em uma nota sobre a nossa empresa, NÁUTICA SUL informou que somos revendedores, também, das lanchas So-lara, o que não é verdade. A Brand Stars é con-cessionária exclusiva da marca Ventura em Porto Alegre, embora possamos ter lanchas se-mi-novas de outras marcas para venda, mas, neste caso, apenas modelos usados. Agradece-mos uma reparação na informação.
Roger Rossowski - Brand Stars, Porto Alegre
ErramOs...
10 Náutica Sul
14 Náutica Sul Náutica Sul 15
Aconteceu...No Carnaval, a Gold Fish, de Londrina, fez muita gente
trocar a navegação e a folia por uma festança diferente,
dentro e fora d’ água, ao mesmo tempo, na represa Xavantes
carnaval eletrônicoAlternando música eletrônica com marchinhas de Carnaval, os DJs botaram todo mundo para dançar, tanto a bordo dos barcos, quanto nos píeres ao redor do bar flutuante. O que não faltou foi animação e gente bonita
ilha da baladaAo redor de um bar flutuante, montado dentro da represa, os barcos foram chegando e curtindo a festa, que teve até DJ a bordo e foi organizada pela loja Gold Fish, de Glauco Bordignon (no alto, com a namorada Fernanda)
na terra ou na água?Uma parte da festa foi montada na praia (ao lado), para quem chegasse por terra, e outra, bem em frente, mas dentro d’água (acima), para quem viesse de barco. Muita gente preferiu aproveitar as duas
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BalaDa Náutica acQua GOlD
A outra sede da festa foi na praia, bem diante da ilha de barcos. Os convidados escolhiam
Dois DJs, um na praia, outro dentro d’água, numa espécie de ilha feita de barcos, animaram a curiosa festa
O condomínio Ilha Bela sediou a festa, que foi inspirada nas famosas baladas náuticas do Caixa d’ Aço, em Santa Catarina
Aproveitando os feriados do Carnaval, a festa aconteceu em dois dias
16 Náutica Sul
Aconteceu...
Uma grande festa marcou os 54 anos do clube náutico mais famoso do Paraná
diretores e a estrelaAo lado, a atual diretoria e os conselheiros do clube e, abaixo, a hora mais esperada: o show da cantora Fernanda Abreu, que botou todo mundo pra dançar e fez a festa avançar madrugada adentro
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aNiVERSáRiO DO iatE cluBE DE caiOBá
festançaNa festa, a sede do clube virou uma casa de espetáculos e reuniu muitos associados, como Elizabeth e Eros Gradowski Junior, José Jorge Neto, Maria Elvira, Marcia Silva e Aguilar Borsato (ao lado)
Os associados compareceram em peso, para aproveitar a comemoração
O clube manteve a tradição de fazer as melhores festas da região
Para animar ainda mais a grande festa, show de Fernanda Abreu
18 Náutica Sul
Aconteceu...
Durante o Carnaval, os frequentadores do
mais famoso reduto de barcos de Santa Catarina
receberam revistas e outras coisas mais
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campaNha Náutica Sul NO caiXa D’aÇO
barcos entre barcosA Schaefer aproveitou a presença de muitos barcos no Caixa d’ Aço para expor alguns de seus modelos. Quem quisesse, podia visitá-los
Nem o cancelamento da grande festa Shed Al Mare, que haveria no local, tirou os barcos do Caixa d’ Aço
A Fibrafort e a construtora Mendes Sibara também apoiaram a divulgação de Náutica Sul no Caixa d’ Aço
A Schaefer Yachts aproveitou o movimento e expôs alguns barcos na água
para todas as idadesCada barco recebeu uma sacola com revistas e folhetos sobre assuntos que interessam a quem curte a vida no mar
20 Náutica Sul
Aconteceu...
Três dos endereços mais
quentes do verão catarinense
(Le BarBaron, Cafe de la
Musique e Brava Sushi)
ofereceram exemplares da
revista aos seus clientes
durante o verão
bonitas e famosos Acima, as amigas Malu, Cinthia, Patricia e Marina, no Le BarBaron e, ao lado, alguns famosos que prestigiaram o Cafe de la Musique neste verão, como Neymar, Gabriel Medina e Bruna Marquezine (abaixo)
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aÇÃO VERÃO Náutica Sul
casa cheiaAcima, o Le BarBaron em dia de alegria. Ao lado, o casal Roger e Fernanda, que também frequentou o descontraído Brava Sushi, em Floripa (foto mais à direita). Abaixo, Nara, Duda Cunha e Roberta, também no Le BarBaron
O badalado Cafe de la Musique, em Jurerê, atraiu os famosos, como sempre
O Le BarBaron, na praia Brava de Floripa, bombou no verão, com muita animação
O Brava Sushi, na praia Brava de Itajaí, virou reduto de quem sabe das coisas
22 Náutica Sul Náutica Sul 23
Aconteceu...
pREmiaÇÃO VElEiROS DO SulJuntamente com a posse da nova diretoria, o famoso clube
náutico de Porto Alegre premiou os melhores velejadores FO
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passando o timãoO novo comodoro, Eduardo Ribas, recebeu a direção do clube e, depois, posou com a nova diretoria e alguns premiados na festa dos melhores da vela gaúcha de 2014
Na festa, foram também comemorados os 80 anos do clube
tripulantes a caráterNa maioria dosbarcos, os tripulantes também foram fantasiados e isso foi levado em conta pelos jurados
caRNamaREm Florianópolis, os barcos
fantasiados, mais uma vez, viraram
atração nas águas da cidade
tradiçãocatarinenseO desfile dos barcos fantasiados já está virando tradição no Carnaval de Santa Catarina. O deste ano foi um dos mais animados
O Carnamar é promovido pelo clube Veleiros da Ilha e pela Acatmar, associação de marinas de Santa Catarina
Jurados julgaram os barcos. E os mais originais ganharam prêmios
água e ventoO visual dos cataventos para geração de energia eólica, comuns no litoral gaúcho, também fizeram parte da paisagem nas lagoas
JEt tOuR maRRSulA atuante revenda Sea Doo de Porto
Alegre realizou um animado passeio
de jet pelas lagoas do litoral gaúcho
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na garupaMuitos participantes levaram acompanhantes, o que sempre deixa o passeio de jet ainda mais divertido, porque envolve também as famílias
O passeio teve o apoio da Associação Riograndense de Jet Ski, que organizou o passeios
No litoral do Rio Grande do Sul, as lagoas se interligam. Os jets do passeio atravessaram duas delas
BaYliNER DaYA revenda Sanáutica, de Joinville, reuniu
clientes e donos de lanchas Bayliner para
um dia diferente na Baía da Babitonga
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grande começoFoi a primeira vez que a revenda organizou um encontro de proprietários de lanchas Bayliner, mas a adesão foi tão grande que novos programas do tipo acontecerão em breve
A reunião dos barcos aconteceu na Ilha Velha, onde houve também um almoço e muita festa
26 Náutica Sul Náutica Sul 27
Melhor que Mar
Com água verde e limpa e uma paisagem
pra lá de deslumbrante, a represa
Xavantes, no norte do Paraná, tem feito
os donos de barcos praticamente ignorar
qualquer outro lugar para navegar
por jorge de souza d
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grande e lindaNascida de um represamento do limpo rio Paranapanema, a represa Xavantes fica bem na divisa entre Paraná e São Paulo e é linda, tanto da água quanto de cima
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A Em Xavantes, a água é sempre limpa e chega na represa até por cima
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Xavantes
um show de águasApesar da linda paisagem, que inclui até cachoeiras que desaguam na própria represa, Xavantes ainda é pouco conhecida. Sorte de quem já a descobriu
represa Xavantes, no extremo norte do Paraná, bem na divisa com o sudoeste
de São Paulo, é uma surpresa para quem acha que água boa para navegar só existe no
mar. A começar pela sua cor, que oscila entre o verde intenso, nas partes mais fundas da represa
(que são bem fundas mesmo), e a completa trans-parência nas margens, onde, por isso mesmo, o fun-
do está sempre à mostra. Se você é do tipo que não resiste a uma água clarinha, prepare-se para dar bons
mergulhos quando descobrir esta represa, que realmen-te poucos conhecem — exceção feita aos donos de barcos
da região de Londrina, que há muito transformaram Xavantes numa espécie de refúgio náutico perfeito para relaxantes fins de
semanas entre muita água e muito verde. Isso porque a paisagem ao redor da represa consegue ser ainda mais deslumbrante do que a
própria qualidade da água. São colinas de verde intenso, montanhas revestidas de vegetação densa e paredões de rocha nua que chegam a
formar cânions nas partes mais estreitas. Em alguns deles despencam ca-choeiras, direto na própria represa — em Xavantes, você pode escolher se
quer tomar banho de represa ou de cachoeira, ou as duas coisas ao mesmo tempo. A represa tem, também, prainhas (de areia nem sempre branca, é verda-
de, mas ainda assim deliciosas) e uma quantidade espantosa de ilhas, já que ela foi construída pelo homem, na década de 1960, para gerar energia elétrica, e é um re-
presamento do rio Paranapanema, considerado o mais limpo e menos poluído do es-tado de São Paulo. Ao longo do seu curso, de quase 1 000 quilômetros, o Paranapanema,
“Panema”, para os moradores da região, dá forma a 11 represas, incluindo a de Jurumirim, bem mais conhecida como “a represa de Avaré”, já famosa e consagrada entre os paulistas.
Mas nenhuma tão bonita quanto a de Xavantes. Sobretudo no trecho entre Ribeirão Claro e Carlópolis, os dois principais municípios paranaenses banhados pelas águas da represa, que tem
esse nome por causa da barragem da cidade paulista quase homônima de Chavantes — apesar da grafia diferente... Além disso, a represa é bem grande, com mais de 400 quilômetros de margens que
se espalham em braços sinuosos e formam pequenos e tranquilos lagos, onde começam a brotar con-domínios e empreendimentos de bom gosto. Por essas e outras, quem navega nas águas de Xavantes não
sente a menor falta do mar, porque até a cor da água é a mesma. E, ainda por cima, deliciosamente doce.
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de encher os olhosAlém da qualidade da água, a paisagem em torno da represa também surpreende, bem como o bom nível dos frequentadores
Xavantes
Por enquanto, praticamente só os donos de barcos da região de Londrina descobriram a represa
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Xavantes
Décadas atrás, o em-presário local Hiroshi Kubo, nascido em Car-lópolis, mas neto de imi-
grantes japoneses, como tantos ou-tros nesta região do Paraná (não por acaso, chamada de Norte Pioneiro, pois foi por ali que praticamente co-meçou a colonização do estado), olhou para uma ponta particularmente linda, que era quase uma ilha, na então recém-criada represa Xavantes e imaginou ali um grande condomínio de casas de luxo, numa época em que o máximo que havia na região era uma ou outra fazenda de café. Foi taxa-do de louco e sonhador. Mas, tempos depois, ao se aposentar de uma bem-sucedida carrei-ra bancária em São Paulo, ele voltou à região e decidiu colocar o seu plano em prática. Nascia, assim, o Ilha Bela, hoje o maior e mais relevante condomínio residencial de Xavantes e uma espé-cie de quase sinônimo da própria represa — como uma Jurerê Internacional do interior paranaense. É na “Ilha”, como os frequentadores da região costu-mam chamar o condomínio (ocupado em sua maio-ria por belas casas de fim de semana de moradores de Londrina e região), que quase tudo acontece nas águas
de Xavantes, até por conta do entusiasmo do seu criador pelo mundo náutico. Além de um rali para lanchas e jets, que acontecerá novamente em bre-ve, e da primeira balada náutica do interior do es-tado, organizada em parceria com a loja Gold Fish, de Londrina, durante o último carnaval (veja mais no início desta edição), ele, agora, se prepara para inaugurar oficialmente uma ma-rina dentro do condomínio, com, inclusive, posto próprio de abastecimento, algo raríssi-mo de se encontrar fora das grandes mari-nas do litoral e que será aberto a qualquer barco, mesmo os de simples visitantes do Ilha Bela. “A beleza desta represa mere-ce ser compartilhada e apreciada por todo mundo e é da água que a paisa-gem fica ainda mais bonita”, diz Hi-roshi, um apaixonado confesso pela represa que ele viu nascer e cuja ma-neira que encontrou para melhorar o que já era bonito foi construin-do um belo condomínio, numa região que, fora dali, poucos já ouviram falar. Mas que, a cada dia, atrai novos admiradores. Não, ele não estava maluco.
entre casas e barcosO Ilha Bela fica numa acentuada península e tem água por quase todos os lados, além de muitos barcos. Recentemente, ganhou um bar flutuante e, no mês que vem, ganhará uma marina
A Ilha Bela da represa
O condomínio Ilha Bela é quase sinônimo da represa. É ali que quase tudo acontece nas águas de Xavantes
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Uma das cachoeiras
permite entrar com o barco
debaixo da água, que cai direto
na represa
a pé ou de barcoA cascata do Gummy, que permite empolgantes banhos sem sair de dentro do barco, nas épocas de nível alto das águas, é um dos pontos altos da represa e sempre reúne visitantes, nos fins de semana. Mesmo quando não dá para chegar debaixo dela de barco, como vem acontecendo nesta época de forte estiagem
Um banho diferente
A lém da transparência da água, da paisagem e das ilhas e reentrân-cias das margens, Xavantes ain-da tem outro atrativo de primeira
grandeza para amantes da natureza: algu-mas cachoeiras que despencam na pró-pria represa, permitindo, inclusive, inu-sitados banhos de cascata sem sequer sair de dentro do barco. É o que acon-tece na cascata do Gummy, uma em-polgante queda d’água de mais de 30 metros de altura, acessível apenas para quem chega de jet ou lancha, na parte da represa que pertence ao município de Ribeirão Claro — que, por sinal, reúne as principais cachoeiras da região. Algumas fi-cam na beira da água (embo-ra a atual estiagem as tenham afastado um pouco das mar-gens), outras distantes ape-nas uma curta caminhada.
Não por acaso, tomar banho de cachoeira é uma das princi-
pais atividades de quem sai de barco para passear na represa, ao
lado das paradas para mergulhos em ilhas e prainhas e da navegação
entre morros verdejantes e paredões rochosos que mais parecem cânions.
Em Xavantes, os passeios de barco acontecem em paisagens impossíveis
de se encontrar, por exemplo, no mar e não se limitam a ficar apenas andando
de barco pra lá e pra cá. O negócio, aqui, é se molhar. Seja na represa, nas cachoei-
ras ou nas duas coisas, ao mesmo tempo.
Xavantes
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muitos peixesXavantes é a única represa das regiões Sul e Sudeste que oferece as duas espécies (amarela e azul) de tucunaré, o que fascina ainda mais os pescadores esportivos, além da própria fartura de peixes na água. Fora dela, como mostram as fotos ao lado, o que predomina são as prainhas e as lindas paisagens, que, com a criação da represa, transformaram morros em ilhas
O paraíso dos pescadores
Pelo menos uma vez por ano, as águas de Xavantes viram uma espécie de Meca para os pescadores. É quando a repre-sa sedia o Torneio de Pesca Esportiva
de Carlópolis, mais conhecido pela sigla Pescar, considerado o maior do gênero em barco mo-torizado do país. Participam mais de 1 000 pes-cadores e os prêmios costumam ser tão tenta-dores quanto os peixes da própria represa, o que ajuda a atrair tanta gente e tantos bar-cos para as águas desta cidade, no lado pa-ranaense da represa. Para a próxima edi-ção do evento, nos dias 20 e 21 de março, está previsto até um automóvel como prêmio para o primeiro colocado.
Mas não é por isso que os pesca-dores esportivos gostam cada vez mais desta represa e a frequentam sempre que podem. O que mais atrai os fãs das pescarias é a fartura de peixes que habitam as águas de Xavantes, pra lá de fartas em pacus, doura-
dos, curimbatás, piracanjubas e mandis, originários do pisco-
so rio Paranapanema (“Panema”, como é carinhosamente chamado
pelos habitantes da região), sem fa-lar em algumas espécies introduzi-
das pelo homem e que ali encontra-ram condições ideais de crescimento
e procriação. Como a tilápia, a corvina e, sobretudo, o tucunaré, que ali existe
tanto na versão amarela quanto na azul, o que torna Xavantes a única represa das
regiões Sul e Sudeste com ocorrência des-ses dois tipos de peixes, ao mesmo tempo
— e alguns deles com mais de três quilos de peso!
Contribui bastante para esta variedade de peixes a profundidade da represa, que “seg-
menta” as espécies, embora a transparência das águas seja um problema para os pescadores,
pois favorece a visualização dos barcos e exige ar-remessos mais longos — o que, no entanto, só faz
aumentarem os desafios para os que veem na vara e no anzol apenas dois instrumentos esportivos.
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A água transformou o campo em praias e gerou um dos maiores pesqueiros do Paraná
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Xavantes
O resort que vira casa na beira d’ água
O bonito resort Tayaya, num trecho particularmente lindo do rio Para-napanema, não é apenas a melhor opção de hospedagem na repre-sa Xavantes. É, também, a melhor alternativa para quem tem um jet ou lanchinha rebocável, mas não tem casa na beira d’água —
porque ele próprio pode virar a “sua casa” na represa. A ideia do resort, que fica na área do município paranaense de Ribeirão Claro e une marina e ho-tel de bom nível no mesmo local, é que os donos de barcos, em vez de ape-nas se hospedarem lá, transformem os seus simpáticos chalés (ou aparta-mentos que estão sendo construídos numa área anexa) em suas próprias casas, de maneira definitiva ou temporária, com a praticidade de ter sem-pre o barco na água, na porta “de casa”. Mesmo se o objetivo for ape-nas conhecer a represa e passar um par de dias pra lá de agradáveis, o Tayaya agrada em cheio. E deve continuar sendo a melhor hospedagem na região, pelo menos até que seja inaugura-do o ultraexclusivo Ponta das Garças, um sun-tuoso hotel que ainda está sendo construído e que terá — entre outros supermimos — suítes de até 120 m2, com vista para a re-presa. Mas, como se trata de um projeto grandioso, não deve acontecer tão cedo.
melhorando a natureza O Tayaya fica num trecho particularmente lindo da represa e tornou-o ainda mais bonito, com uma praia e uma grande piscina na beira d´água. Ir até lá de barco é um passeio que todo mundo curte e faz
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O Tayaya tem praia particular, marina e bangalôs que podem virar “a sua casa” na represa
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baixou, mas não secouComo todas as represas da região, o nível da água em Xavantes também baixou bastante nos últimos tempos e deixou insólitos píeres suspensos. Mesmo assim, a navegação não foi comprometida
Aqui, a represa ainda não pediu água
A represa Xavantes é um represamento dos rios Itararé e Paranapanema, ambos oriundos de São Paulo, e como praticamente todos os rios pau-listas andam com nível de água bem baixo, a seca também tem afeta-do o volume de água da represa, que nunca esteve tão baixa. No iní-
cio do mês passado, a represa estava cerca de cinco metros abaixo do seu nível normal, mas, ainda assim, perfeitamente navegável, porque como ocupa o leito original daqueles dois rios, sua profundidade é bem generosa — apesar de algumas galhadas antes submersas já terem aflorado à superfície da água.
Nas margens da represa, nítidas faixas de terra antes submersas e imagens de insólitos trapiches hoje muitos metros acima da água são os melhores ter-mômetros da intensidade da seca que atinge a região Sudeste e um claro sinal de alerta. Mesmo assim, apesar da visível diminuição no seu volu-me de água, Xavantes segue aberta aos barcos e aos prazeres náuticos.
Não caiu por um triz
A grande ponte que atravessa o rio Itararé, um dos afluentes do Para-napanema e que ajuda a dar for-ma ao represamento (além de se-
parar São Paulo do Paraná nesta parte do mapa) é um dos símbolos da represa Xa-vantes e um dos seus pontos mais foto-grafados. Mas, em setembro de 2012, ela bateu todos os recordes de popularida-de, por conta deste episódio: uma car-reta ficou milagrosamente pendurada na ponte, depois que o seu motorista perdeu o controle da direção ao des-viar de um carro à sua frente. Ele nada sofreu, mas só conseguiu sair da cabine sem despencar na água graças a cordas lançadas da pon-te por alguns moradores da re-gião. Foi o acidente mais espe-tacular da história desta grande ponte, que, apesar de unir dois estados e ser o principal meio de acesso entre o sudoeste de São Paulo e o norte parana-ense, ficou, por isso mes-mo, uma semana inter-ditada, até que enormes guindastes viessem reti-rar a carreta. Até hoje, felizmente, ninguém al i v iu nada igual .
Apesar da seca que atinge a região, Xavantes ainda está perfeitamente navegável, graças a sua profundidade
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fórmula própriaO primeiro Rali Náutico de Xavantes, em 2012, foi um misto de competição e gincana, para envolver as famílias. Agora, em abril, a fórmula será repetida e coincidirá com a inauguração da marina do condomínio Ilha Bela, que irá se juntar às outras marinas da represa, como a do Tayaya (abaixo)
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Vem aí mais um rali!
D ois anos atrás, seguindo a onda dos ralis náuticos no Paraná, o condomí-nio Ilha Bela sediou a primeira com-petição do gênero nas águas da repre-
sa Xavantes. Foi um sucesso, com muitos jets na água e famílias inteiras competindo a bordo das lanchas, num misto de rali e gincana náutica, onde além da precisão da navegação era preciso disputar competições paralelas de todos os tipos. Agora, os or-ganizadores se preparam para repetir a fórmula, na se-gunda edição do pra lá de divertido Rali Náutico de Xavantes, que será promovido pelo mesmo residencial, no primeiro sábado de abril próximo, dia 4. A expecta-tiva desta vez é reunir mais de 30 lanchas e 50 jets na competição, que é aberta a todas as famílias e não ape-nas aos proprietários de casas no condomínio que a orga-niza — e que, na ocasião, inaugurará a sua marina, com vagas disponíveis para todos que forem participar da prova, além de oferecer uma grande festa na chegada. Taí uma boa oportunidade de conhecer as verdes águas de Xavantes e cur-tir um fim de semana divertido e diferente, com sua própria lancha ou jet ski. Interessou? Ligue 043/3029-6373 e saiba mais.
A represa Xavantes fica
no extremo norte do
Paraná, a cerca de 180
quilômetros de Londrina, e
faz divisa com o sudoeste
de São Paulo, a cerca de
100 quilômetros (ou uma
hora de viagem, por uma
boa estrada) da cidade de
Avaré, que também tem
uma grande represa e já é
um consagrado balneário
do interior de São Paulo.
No lado paranaense,
banha alguns municípios,
como Carlópolis e Ribeirão
Claro, este com algumas
cachoeiras que desaguam
na própria represa. Já na
margem paulista há nada
menos que 18 cidades,
entre elas Ourinhos,
Santa Cruz do Rio Pardo,
Piraju, Fartura e a própria
Chavantes, que batiza
a represa (embora com
outra grafia no nome). Pela
sua localização, a represa
serve tanto a paranaenses
quanto a paulistas, já que
também fica a quase 400
quilômetros da capital de
São Paulo.
Onde fica?
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Xavantes
Curitiba
londrinaCarlópolis
São Paulo
avaréChavantes
Rib. Claro
Xavantes ou Chavantes? A dúvida que sempre intriga
Ouem pegar um mapa e observá-lo com aten-ção, verá que o nome desta represa costuma estar grafado “Xavantes”, com “X”, como a fa-mosa tribo indígena e como determina o acor-
do ortográfico da Língua Portuguesa de 1943. No entan-to, quem for ainda mais fundo na pesquisa, descobrirá que a represa tem este nome por conta da barragem do rio Pa-ranapanema no município paulista de “Chavantes”, que, no entanto, por decisão da prefeitura da cidade, se escreve com “Ch”. Qual das duas grafias é a correta? É difícil afirmar. Até porque ambos são nomes próprios e, nestes casos, as regras gra-maticais contam menos do que a vontade de quem os batizou. Mas, no caso de Chavantes (ou Xavantes...), há outra agravante: ninguém sabe ao certo qual é a origem do nome da cidade. Boa parte dos historiadores garante que ele veio dos índios que habi-tavam a região, os “Xavantes”, assim denominados (com “X”) por conta de uma lei estadual de 1964, que unificou a grafia de todas as tribos indígenas cujos nomes começavam com este som — até en-tão, a tribo era designada “Chavantes”, como acontece hoje na cida-de. No entanto, para alguns velhos moradores, o nome do município nada teria a ver com os índios e sim com a localização de um antigo entroncamento da ferrovia da região, que ficava, “uma chave antes” da bifurcação, daí a denominação com “Ch”, o que, no entanto, para mui-tos, não passa de pura gozação.
Para aumentar ainda mais a confusão, em 1981, a prefeitura da cida-de decidiu alterar o nome original do município de “Xavantes” para “Cha-vantes” (levando a empresa dona da barragem da represa a fazer o mesmo), “por remeter à grafia primitiva da tribo indígena”, mas também, segundo as más línguas, para tirar o município da incômoda posição de quase último na lista alfabética do estado, o que estaria prejudicando os políticos locais na hora da distribuição dos recursos.
Verdade ou não, Chavantes, que no passado chegou a viver uma autêntica guerra ortográfica entre moradores e historiadores, até hoje convive com a po-lêmica que envolve a grafia do seu nome. Mas isso não extrapolou para a repre-sa porque, para os cartógrafos, ela continua sendo escrita com “ X”, como determi-nou a lei da grafia dos nomes indígenas. E a confusão nunca termina.
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Náutica Sul 47
No último dia do ano de 2013, o casal de velejadores Duda e Celso Martins estava com o seu barco tranquilamente ancorado na prainha do Cantagalo, em Paraty, curtindo a alegria de mais um ano juntos no mar, quando surgiu a ideia de dividir toda aquela feli-
cidade com outras pessoas. Mas, quem seriam? Deixaram, então, a escolha nas mãos do destino. Pegaram uma garrafa vazia, colocaram um bilhete com votos de bom ano novo e um número de telefone e a atiraram no mar – como faziam os náufragos do passado. Em seguida, esqueceram o fato. Até que...
como os náufragos Trecho de uma das milhares de mensagens já encontradas dentro de garrafas boiando nos mares: o que no passado era uma necessidade, virou uma instigante diversão
shu
tt
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sto
ck
Mesmo em tempos de Facebook e WhatsApp, o singelo ato de mandar mensagens dentro de garrafas ainda é largamente praticado e diverte um bocado — tanto quem manda, quanto, principalmente, quem as encontra
por carlos santos
correio do mar ainda vive
o velho
Sem título-5 1 25/02/2015 18:53:55
48 Náutica Sul Náutica Sul 49
em todas as lÍnguasO hábito de lançar mensagens ao mar dentro de garrafas existe desde os tempos da Grécia Antiga, quando era usado para (tentar) avaliar o tamanho dos oceanos. Até hoje ele continua, movido pelas correntezas e pela curiosidade humana
No ano passado, uma garrafa foi encontrada no Mar Báltico, com uma mensagem de 101 anos atrás
Exatos três meses depois, na tarde de 31 de março do ano passado, duas irmãs caminhavam pela praia de Pontal do Paraná, no litoral paranaen-
se, quando viram uma garrafinha depositada na areia pelo mar. Dentro dela, estava a mensagem que o casal Duda e Celso havia despachado lá da prainha do Cantagalo, distante quase 1 000 qui-lômetros daquele ponto. Para elas foi uma dupla alegria. Primeiro, porque achar uma garrafa com uma mensagem dentro é uma espécie de tesou-ro simbólico, que desperta a imaginação de qual-quer pessoa. E segundo, porque, meses antes, du-rante uma emocionante viagem a Israel, as duas irmãs haviam comentado, do nada, em meio a um cenário repleto de significados bíblicos, que o “brilho” na vida delas bem que poderia vir de uma garrafa encontrada na praia – como a fictí-cia Jeannie é um gênio, do velho seriado da tele-visão. Pois não é que elas acharam mesmo uma mensagem cheia de vibrações positivas e vinda de quem sequer conheciam?
Em seguida, elas fizeram contato com os re-metentes da mensagem e deixaram o casal pau-lista ainda mais eufórico, porque o objetivo de quem atira uma garrafa ao mar é justamente tor-cer para alguém encontrá-la e descobrir onde ela irá dar. E quando isso acontecerá — além de gerar uma intensa curiosidade em quem a en-contrar. Quem teria escrito aquilo? De onde te-ria vindo? Por onde teria passado aquela garrafa, ao sabor apenas dos humores do mar?
No caso de Duda e Celso, a resposta foi prati-camente imediata, já que apenas três meses se pas-saram entre o lançamento e a descoberta da gar-rafa – quase nada para os letárgicos padrões das mensagens desse tipo, que não são apenas a mais antiga forma de comunicação da história, mas, também, a mais lenta. Mesmo assim, quando ela chegou às mãos das irmãs paranaenses já ha-via cruzado todo o litoral de São Paulo e sabe-se lá mais o quê, porque nada é mais intrigante em qualquer objeto trazido pelo mar do que imaginar de onde ele veio – e a história que há por trás dele.
No caso das mensagens dentro de garrafas, hábito que remonta aos gregos, 300 anos antes do início da nossa era, quando eram usadas para tentar avaliar a extensão dos oceanos, as histórias são ainda mais fascinantes, porque há, de fato, uma história escrita por trás de cada mensagem. E uma pessoa em carne e osso do outro lado da-quela história, que merece ser conhecida ou, pelo menos, contatada de volta, feito uma espé-cie de Facebook primitivo.
Como resistir à tentação de ler o que está es-crito em um pedaço de papel que vagou duran-te meses (ou anos, como geralmente acontece)
pelos oceanos? Como não ficar tentando imagi-nar quem o escreveu e em quais circunstâncias isso aconteceu? Como, enfim, ignorar a mais ir-resistível característica humana, a curiosidade? Pois as mensagens em garrafas reúnem todos es-tes atributos numa só embalagem. Além de ser a mais resistente forma de navegar que existe.
Uma garrafa bem lacrada é um dos obje-tos mais marinheiros já inventados pelo homem. Ondas e tempestades são capazes de afundar na-vios, mas não conseguem tirar da superfície uma simples garrafinha com um pouco de ar dentro. Só mesmo um eventual choque com algo bem mais duro do que a força do mar (como as pe-dras de uma costeira, por exemplo) consegue in-terromper a inexorável marcha errante de uma garrafa ao sabor das correntezas. Por isso, elas sempre foram usadas como meio de comunica-ção, ainda que de resultado incerto.
Em sua viagem de volta ao descobrimento da América, ao pe-netrar em uma violenta tempesta-de, Cristóvão Colombo não teve dú-
vidas: redigiu um bilhete e o enfiou dentro de uma garrafa, na esperança de que ela atingis-se alguma praia, caso ninguém sobrevivesse para relatar a descoberta. A garrafa de Colom-bo jamais foi encontrada, mas o mesmo não se pode dizer de outras mensagens do gênero enviadas por oficiais da Marinha Inglesa, para relatar posições de navios inimigos, na época da Rainha Elizabeth — que, por isso mesmo, punia com pena de morte quem abrisse uma dessas garrafas antes de entregá-las à Corte.
Dicas para a sua mensagem ser lidaE, antes disso, para que a sua garrafa seja encontrada com um pouco menos de dificuldade
mensagens ao marsh
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Escolha uma garrafa de vidro e meio
escura, porque a transparência pode apagar
o texto da mensagem com o tempo.
Pelo mesmo motivo, enrole a mensagem
com o texto para o lado de dentro, para
evitar o desbotamento acelerado da tinta
pelo sol.
Jogue-a na água em local de forte
correnteza, porque assim ela começará a
viagem mais rapidamente e não retornará à
praia mais próxima.
Use papel colorido, porque isso pode
tornar a sua garrafa mais visível na água ou
mais chamativa na praia.
Se quiser chamar ainda mais atenção
para a sua garrafa, enrole a mensagem
em papel laminado, porque ele, além de
proteger o papel, brilha um bocado.
Não nutra muitas esperanças de um
retorno. A maioria das garrafas se perde para
sempre nos oceanos. Mas, quando alguém a
encontra, a alegria é dobrada.
50 Náutica Sul Náutica Sul 51
Em 1794, um náufrago japonês enviou um pedido de socorro pelo mar. Mas ele só chegou 141 anos depois
Desde aquela época, despa-char mensagens (de amor, de filoso-fia, poéticas ou mesmo pedidos de ajuda) pelo mar tornou-se algo bem
mais comum e frequente do que os filmes de náufragos sugerem. Mesmo nos dias de hoje, como comprovam as muitas histórias (como a de Duda e Celso) que pululam na internet.
Até porque, mais tentador do que mandar uma mensagem, é encontrar outra. “É quase como achar um tesouro enterrado na areia”, de-fine um especialista no assunto, o italiano Ro-berto Regnol, que há quase dez anos se dedica a garimpar, com a ajuda de uma rede de corre-ligionários, garrafas com mensagens que vão dar nas praias da Itália e dos países vizinhos. Sua co-leção já soma 605 mensagens, todas exibidas no seu site (www.messagiodalmare.com) e captura-das apenas de 2006 para cá — o que, por si só, já dá uma boa ideia da quantidade de garrafas
com mensagens que vagueiam pelos mares. “Na era da tecnologia, ainda há românticos que con-fiam ao mar aquilo que eles não têm coragem de dizer”, filosofa Roberto, frente ao tema mais recorrente nas mensagens náuticas contempo-râneas: o amor. Tanto ao mar quanto à humani-dade ou a alguma pessoa específica.
É compreensível. O gesto de lançar uma mensagem ao mar tem mesmo algo de român-tico, além de ser deliciosamente ingênuo – em-bora alguns ecochatos já vejam nisso uma forma de agressão ao meio ambiente. Trata-se de um singelo antídoto para as formas de comunicação cada vez mais instantâneas e uma surpreenden-te maneira de unir pessoas, que, de outra forma, talvez, jamais se conheceriam.
Que o diga o canadense Harold Hackett, que há quase 20 anos só faz aumentar sua rede de amigos mundo afora graças às garrafas que ele periodicamente despacha da ilha Prince
Edwards, onde mora, com pedidos de retorno às suas mensagens. Harold calcula já ter envia-do perto de 5 000 garrafas, das quais obteve res-postas (dos Estados Unidos, da Europa, da Áfri-ca...) para mais de 3 000 delas – e sempre por carta, porque, propositalmente, ele não envia seu telefone, para, depois, ter o que mostrar aos amigos. “Adoro me comunicar da maneira an-tiga”, diz. “E nada é mais antigo do que man-dar uma mensagem pelo mar.”
No Brasil, certa vez, duas garrafas foram lan-çadas ao mar, ao mesmo tempo, no mesmo lu-gar. Uma foi dar na costa da África, outra no lado oposto, na Nicarágua. Em outro experimento, uma ONG internacional coletou cartas de crian-ças e as colocou dentro de uma espécie de boia, a título de garrafa, no meio do Atlântico. Menos de um mês depois, a “garrafa” estilizada da enti-dade foi dar na praia do Mucuripe, em Fortaleza, onde chegou a ser confundida com uma bomba
em 1914, durante a Primeira guerra mundial, o soldado
inglês Thomas Hughes lançou
uma garrafa no Canal da Man-
cha, com uma declaração de
amor à sua esposa. Dois dias
depois, ele morreu em com-
bate. 85 anos se passaram, até
que, em 1999, um pescador
achou a garrafa de Thomas
boiando no rio Tâmisa. Como
a destinatária também já havia
morrido, a mensagem foi en-
viada para a filha do soldado.
Que já somava 86 anos.
também em 1914, um ex-perimento sobre as corren-
tes marítimas lançou no mar
da Escócia 1 890 garrafas com
a mensagem de que, quem a
encontrasse, informasse o local
da descoberta. 98 anos depois,
em 2012, o pescador inglês An-
drew Leaper puxou a rede no
barco em que trabalhava e en-
controu uma das garrafas. E
foi a segunda encontrada pelo
mesmo barco — algo tão im-
provável quanto um raio cair
duas vezes sobre a mesma
casa. Até hoje, apenas 350 das
garrafas foram recuperadas.
em 1916, algumas garrafas
com emocionantes despedi-
das dos parentes surgiram na
costa da Suécia, perto de Go-
temburgo. Foram lançadas
pelos tripulantes do Zeppe-
lin alemão L19, que sucumbiu
no mar, depois de bombarde-
ar a Inglaterra. Embora locali-
zados por um barco pesquei-
ro inglês, os alemães foram
deixados no mar, até se afo-
garem. Só restaram as suas
despedidas, nas mensagens,
lançadas antes de o Zeppelin
afundar por completo.
Jeremiah Burke e nora he-garty, dois jovens primos irlan-
deses que viajavam no Titanic,
lançaram ao mar uma mensa-
gem de despedida, antes de
afundarem com o próprio na-
vio. Nela, diziam apenas “Adeus
a todos”, junto com o nome de-
les e do fatídico transatlântico.
Um ano depois, a garrafa com
a mensagem das vítimas che-
gou a uma praia da Irlanda e foi
entregue à família. Detalhe: era
a mesma garrafa que eles ha-
viam levado de casa com água
abençoada, para que nada de
ruim acontecesse na viagem.
em 1956, um desolado ma-rinheiro sueco, chamado
Ake Viking, resolveu apelar
para o mar em busca de um
amor para sempre. Escreveu
uma mensagem “para uma
jovem bonita e distante” e
lançou a garrafa ao mar. Dois
anos depois, a italiana Paolina
achou a garrafa numa praia
da Sicília e respondeu à men-
sagem. “Não sou bonita, mas
devo ter sido escolhida pelo
destino”, respondeu. Logo, os
dois estavam casados.
em 2005, um grupo de jo-vens imigrantes ilegais foi
abandonado pelos trafican-
tes num barco à deriva, ao
largo da Costa Rica. Sem ne-
nhum meio de comunica-
ção, recorreram a uma men-
sagem de S.O.S dentro de
uma garrafa e ela, milagrosa-
mente, foi recolhida por um
pescador logo em seguida,
que acionou as autoridades
do país. Todos foram salvos.
em 2006, alguns habitan-tes da República de Monte-
negro, nação então envolvida
numa luta
separatista
com a Sér-
via, dispara-
ram men-
s a g e n s
em garrafas pedindo ajuda
internacional, na esperan-
ça de que elas chegassem à
Itália, do outro lado do Mar
Adriático. Muitas, de fato,
chegaram. Como esta aqui
encontrada numa praia ita-
liana, no mesmo ano.
em 17 de abril do ano re-trasado, uma garrafa com
uma mensagem foi dar na
foz de um rio perto de Du-
brovnik, na atual Croácia. Ao
abri-la, os croatas tomaram
um susto: ela havia sido es-
crita 28 anos antes, na dis-
tante Nova Escócia, na costa
do Canadá, a mais de 7 000
quilômetros de distância, e
numa época em que nem a
própria Croácia existia como
país. Acabou no museu da
cidade.
mensagens ao marsh
ut
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Garrafas que fizeram história
flutuante, pelos jangadeiros. De lá, outra boia se-melhante foi despachada sabe Deus para onde.Mais recentemente, os moradores da pequena ci-dade de Itaqui, às margens do Rio Uruguai, na di-visa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, ficaram emocionados com uma mensagem en-contrada dentro de uma garrafa, após uma en-chente que deixou toda a região em estado de ca-
52 Náutica Sul Náutica Sul 53
lamidade. Ela havia sido atirada ao rio a mais de 500 quilômetros de distância, pelos alunos da esco-la pública do município de Palmitos e trazia uma mensagem no mínimo reconfortante (para não di-zer intrigante) para quem havia perdido tudo na enxurrada. Dizia: “ Aconteça o que acontecer, é preciso amar, apoiar, agasalhar e ajudar ao próxi-mo”. Detalhe: a mensagem na garrafa havia sido lançada no rio três anos antes daquela enchente.
É certo que a maioria das mensa-gens se perdem na imensidão dos oceanos ou ficam dando voltas sem fim ao redor dos setes mares, levadas pelas correntezas,
sem que ninguém as encontre. Mas quem lança ao mar uma garrafa com um bilhete sempre nutre a esperança de que – quem sabe, um dia? – ele seja lido. Mesmo que, às vezes, tardiamente.
Reza a lenda que o caso mais famoso do gê-nero teria acontecido em 1935, quando uma ve-lha garrafa com pedaços de casca de coco escul-pidas com ideogramas japoneses dentro foi dar numa praia de Hiraturemura, no Japão. Ela re-velava a triste saga de um pescador chamado
As mensagens em garrafas são bem mais comuns do que parece. Só o italiano Roberto já achou 605 delas
rei das mensagensO italiano Roberto Regnol, dono de um site dedicado apenas a mensagens trazidas pelo mar: “É como achar um tesouro”, diz o curioso especialista
mensagens ao mar
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ler
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Chunosuke Matsuyama, cujo barco naufragara perto de algumas ilhas do Pacífico.Teria sido um final feliz para aquele infortúnio não fosse a data gravada em uma das cascas: 1794 – 141 anos antes de aquela garrafa ser encontrada!
Se for verdade, é bem possível que a garrafa com o pedido desesperado daquele pescador te-nha passado muito tempo presa a algum obstá-culo (pedras, baías fechadas ou parcialmente so-terrada na areia), antes de ser libertada por um fenômeno natural, como aconteceu, dois anos atrás, com a mensagem enviada pela adolescen-te americana Sidoney Fery, em 2001. A garrafa de Sidoney ficou retida nos destroços do furacão Sandy por anos a fio e reapareceu praticamente na mesma praia de onde fora lançada pela me-nina – que, no entanto, já havia morrido, vítima de um acidente. A garrafa foi, então, entregue à mãe da menina, que chorou de emoção ao ler o bilhete. “Foi como uma mensagem dela, trazida pelo mar”, disse, entre lembranças e lágrimas.
Apesar da famosa história da mensagem tar-dia do náufrago japonês, o Livro dos Recordes não a reconhece como a mais antiga mensa-gem em garrafa já encontrada. O mérito, segun-do a entidade, cabe a uma garrafinha que foi dar numa praia do Mar Báltico em 8 de abril do ano passado, com a mensagem de um jovem alemão, chamado Richard Platz, pedindo que quem a encontrasse entrasse em contato. E ter-minava com a data: 17 de maio de 1913, 101 anos antes de ela ser, finalmente, encontrada.
Por onde a garrafa de Platz passou durante mais de um século no mar jamais se saberá. Mas são justamente as dúvidas que recheiam o fascínio das mensagens desse tipo. E quem já não teve von-tade de fazer o mesmo que atire a primeira garrafa!
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Até hoje restam dúvidas sobre a expedição do francês Binot Paulmier de Gonneville ao litoral de Santa Catarina, 511 anos atrás, que teria levado um índio brasileiro para a Corte francesa e dado origem a uma curiosa história. E que, agora, está voltando à tona, por conta de uma regata
penas quatro anos após o descobrimento oficial do Brasil, uma nau francesa, comandada pelo navegador Binot Paulmier de Gonneville,
teria chegado ao litoral de Santa Catarina e permanecido por seis meses na atual Baía da Babitonga, a mesma de São Francisco do Sul, não por acaso considerada a terceira cidade mais antiga do Brasil. Ali, os franceses teriam criado estreitos laços de amizades com os índios carijós, que habitavam a região. Tanto que, ao retornar à França, Gonneville teria levado consigo um jovem índio brasileiro, chamado Iça-mirim, a pedido do próprio pai do menino (e também cacique da tribo), que queria que ele aprendesse algumas virtudes bélicas dos franceses, para, depois, ensinar aos guerreiros da tribo. Só que Iça-mirim, ou “Essomericq”, como o seu nome fora interpretado pelos franceses, jamais retornou ao Brasil. Teria vivido em um castelo francês até os 96 anos de idade, depois de instruir-se (o que o tornaria o primeiro legítimo brasileiro a ser alfabetizado, entre outros pioneirismos), casar-se com a filha do próprio Gonneville e com ela ter nada menos que 14 filhos (e um incontável número de descendentes), dando início a um clã tão curioso quanto praticamente desconhecido por aqui — além de polêmi-co, já que alguns pesquisadores colocam em dúvida a existência da tal ex-pedição de Gonneville ao litoral de Santa Catarina e, por consequência, do próprio índio catarinense que teria virado um quase nobre na elegante corte da França do século 16. E esta história, agora, está voltando à tona, por con-ta de uma regata francesa que chegará a Itajaí ainda este ano, depois de atra-vessar o Atlântico. Como, mais ou menos, teria feito Gonneville, 511 anos atrás.
O pioneiro catarinense?
A
POR RAquEl CRuz
Náutica sul 57
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Náutica sul 59
HISTÓRIA
Na França, o jovem índio Iça-mirim virou “Essomericq” e teria constituído família, com descendentes até hoje
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ça-mirim significa “formiga pe-quena”, na língua indígena dos carijós de antigamente. Mas, se a
versão sobre a primeira expedição entre a Fran-ça e o Brasil for verdadeira, esta expressão re-presenta bem mais do que isso — designa um extraordinário pioneiro, que, no entanto, a his-tória do Brasil praticamente ignorou.
A história teria começado em 1503, quando o aventureiro e navegador francês Binot Paulmier de Gonneville, que vivia em Honfleur, no norte da França, convenceu alguns comerciantes locais a fi-nanciar uma expedição até as Índias Orientais. A partida teria sido no dia 24 de junho daquele ano, mas, a exemplo de outras expedições do gênero, que deixaram a Europa no mesmo período, o des-tino do francês foi bem diferente. A bordo da nau L’Espoir (“A Esperança”, em francês), Gonnevil-le e seus 60 marinheiros, segundo consta, foram surpreendidos por fortes ventos na costa africana e, por causa deles, desviado a rota. Na sequência, for-tes correntes marítimas teriam empurrado a em-barcação até uma região do outro lado do Atlân-tico, que hoje se acredita ser a Baía da Babitonga, no litoral norte catarinense, onde fica São Francis-co do Sul, uma das cidades mais antigas do país.
A viagem teria durado quase sete meses, até que, em janeiro de 1504, franceses e índios brasi-leiros fizeram seu primeiro encontro amistoso da história. Em terras catarinenses, Gonneville e seus homens teriam ficado cerca de seis meses, tempo suficiente para criar uma relação amistosa com o líder da tribo carijó da região, o pajé Arouca, que, por isso mesmo, no momento da partida, pediu ao
capitão francês que levasse um de seus filhos, o pequeno Iça-mirim, então com cerca de 14 anos.
A intenção do pajé era que o menino fosse instruído nas terras que havia do outro lado do mar e que aprendesse a usar as armas de fogo que tanto encantaram os indígenas, para, depois do ciclo de “vinte luas” (como os carijós contavam o tempo), fosse trazido de volta à tribo.
Gonneville concordou, mas o que o líder indígena não sabia era que, ao ver a nau fran-cesa sumir no horizonte da Baía da Babitonga, nunca mais teria notícias de seu filho. Porque Iça-mirim jamais retornou ao Brasil.
No caminho de volta à França, quase tudo
58 Náutica sul
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cinco séculos atrásO busto de Gonneville (no alto) decora um dos jardins da cidade de Honfleur, de onde sua expedição teria partido para “acidentalmente” dar no então inexplorado litoral de Santa Catarina, onde ele teria ficado meses, antes de retornar à França, levando consigo um jovem índio que depois faria história. Há fortes indícios, mas nunca houve certeza disso
São CHICo TERIA nASCIDo DISSo?
m 2004, a prefeitura da cidade de São
Francisco do Sul comemorou os 500
anos da chegada do navegador francês
Binot Paulmier de Gonneville à Baía da Babitonga,
com uma certeza (de que aquela expedição existiu de
fato) e muita festa, porque, para boa parte da munici-
palidade, aquela data marcou, também, os 500 anos
da criação da própria cidade — que, por isso mesmo,
seria a terceira mais antiga do país. Na ocasião, até
um monumento que simboliza o “descobrimento” da
cidade e mostra a nau de Gonneville estilizada, foi as-
sentado no centro de São Chico, como a cidade é cari-
nhosamente chamada por seus admiradores.
Mas, nem todos concordaram com as home-
nagens, porque não há provas concretas de que a
nau francesa L’Espoir, de Gonneville (cuja réplica
também ocupa um lugar de destaque no prestigia-
do museu náutico da cidade), tenha frequentado as
águas que banham São Francisco do Sul bem antes
de elas serem visitadas pelo barco do espanhol Juan
Días de Solís, em 1515, como ficou registrado nos li-
vros gerais de história (depois, em 1658, o povoado foi alçado a con-
dição de “vila”, por conta do português Manoel Lourenço de Andra-
de, que se fixou naquelas terras — isto, sim, é certo)
O historiador local Carlos da Costa Pereira Filho é um dos que
não concordam nem um pouco com a suposta relação entre fran-
ceses e a cidade. Para ele, a tão falada visita de Gonneville à região
não passa de uma “lorota histórica”, usada para atrair os turistas. E
ele rebate veementemente todas as indicações contrárias.
Verdade ou não, o fato é que, com ou sem Gonneville, São
Francisco do Sul é uma gracinha de cidade e atraente aos visitan-
tes do mesmo jeito.
Eo que poderia dar errado em uma expedição ma-rítima aconteceu com Gonneville. Primeiro, par-te da tripulação morreu depois de contrair uma peste, incluindo um índio incumbido pelo pajé para acompanhar Iça-mirim, como uma espécie de pajem do menino. E, depois, os sobreviventes foram atacados por piratas, em pleno canal da Mancha, a poucas milhas da França.
uando, finalmente, o L’Espoir atracou de volta no porto de Honfleur, quase um ano depois
da eventual partida de Santa Catarina, só me-tade da tripulação de Gonneville havia sobre-vivido à longa e tumultuada viagem. Mas, entre eles, estava o jovem índio brasileiro, que logo chamou muita atenção na cidade.
Na França, Iça-mirim virou “Essomericq”, por conta do carregado sotaque francês, e vi-rou membro da família de Gonneville. Logo em seguida, aprendeu a ler e a escrever e ga-nhou título de nobreza, ao casar-se com uma das filhas do próprio capitão, com quem teria tido uma prole de 14 filhos — o que teria gera-do uma incalculável quantidade de herdeiros, até os dias de hoje.
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SerÁ que foi aSSim?réplica da nau de Gonneville, em exposição no museu náutico de São francisco do Sul: até hoje a cidade se divide sobre a origem da própria história
Se for verdade, entre outros pioneirismos, aquele índio catarinense teria se tornado o primeiro brasileiro a ser alfabetizado, o que não deixa de ser outro fato curioso
HISTÓRIA
ais de 500 anos depois da polêmica expedição do ca-pitão Gonneville, cerca
de 100 novos aventureiros, quase todos france-ses, se preparam para refazer aquela viagem rumo ao litoral catarinense, no final deste ano. Será mais uma edição da regata Jacques Va-bre, nome de uma tradicional marca francesa de café, que, por isso mesmo, sempre leva os competidores da França até algum local pro-dutor da bebida nas Américas. No Brasil, a honra já coube a Salvador por três vezes, no passado, e, na última edição, dois anos atrás, à mesma Itajaí, que, este ano, pela segunda vez consecutiva, sediará a chegada da regata.
O trajeto não é exatamente o mesmo da
lá vÊm eles, de novoA chegada dos barcos da Jacques Vabre a Itajaí, dois anos atrás, coincidiu com a tradicional festa da Marejada e gerou 20 dias de alegria na cidade. Este ano, a história se repetirá
Náutica sul 6160 Náutica sul
expedição de Gonneville (até porque, segun-do consta, ele só chegou ao Brasil por aciden-te), mas, coincidentemente, ligará a costa noroes-te da França (a partida será de Le Havre, cidade quase vizinha a Honfleur, de onde partiu o ex-plorador francês) ao litoral catarinense — Itajaí, em vez de São Francisco do Sul, como ficou re-gistrado na história. Ao longo do percurso, os cer-ca de 50 barcos competidores, cada um com ape-nas dois tripulantes, como manda o regulamento, navegarão mais de 5 400 milhas náuticas, ou qua-se 10 000 quilômetros, sem escalas, até a linha de chegada, em Itajaí, onde deverão começar a che-gar por volta do dia 5 de novembro — apenas dez dias depois de partirem da França, já que este ano participarão barcos bem maiores e bem mais ve-lozes, de até 100 pés de comprimento.
Na última edição, a chegada dos barcos a Itajaí coincidiu com a mais tradicional fes-ta da cidade, a Marejada, o que levou mais de 200 000 visitantes à Vila da Regata, como foi batizada a área anexa na qual os barcos fica-ram em exposição, após a chegada. Desta vez, a festança se repetirá, durante quase 20 dias, com muita música, comidas típicas e ativida-des para toda a família, entre os dias 3 e 22 de novembro — uma ótima razão para ir até lá e ver, também, os barcões em ação, já que este
UmA REgATA no RASTRo DA HISTóRIA511 anos depois, os franceses se preparam para voltar a Santa Catarina. Agora, com a regata Jacques Vabre
Mano ainda haverá uma regata de curta dura-ção, entre Itajaí e Itapema, no litoral catari-nense, para todos os barcos que participaram da travessia do Atlântico, em data a ser defini-da. Um motivo a mais para os catarinenses — em especial, os moradores de Itajaí — come-morarem a chegada dos barcos franceses ao Brasil, como, talvez, tenha sido no desembar-que de Gonneville por ali, 511 anos atrás.
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m século depois, alguns deles te-riam localizado, na própria Hon-fleur, documentos que narravam
a viagem de Gonneville e a chegada à França de seu exótico passageiro. Mas, com o tempo, esses documentos teriam desaparecido. Essomericq te-ria vivido, na França, até perto dos 100 anos de idade e experimentado uma improvável vida de nobreza para um índio brasileiro.
Desde então, a história de Iça-mirim já foi pesquisada por vários franceses e brasileiros, mas nem todos concordam que a região descrita no suposto relato de Gonneville seja mesmo a baía catarinense. O primeiro a contestar isso foi o francês Jacques Pontharouart, no livro Paulmier de Gonneville — Sua viagem imaginária, cujo tí-tulo já diz tudo. Para ele, a expedição do francês sequer existiu, já que os documentos que com-provariam isso nunca mais foram localizados.
Pontharouart, assim como outros historiado-res franceses e brasileiros, dedicaram um bom tempo às pesquisas sobre a curiosa história do índio catarinense nas cortes francesas, mas ne-nhum deles foi capaz de afirmar, com absoluta certeza, se ela é falsa ou verdadeira. Mas que é uma boa história, ah, isso ninguém contesta.
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Náutica Sul 63
Corria o ano de 1991 e eu, mesmo sendo parana-ense, morava em Porto Alegre. Lá, como piloto de caça, voava nos supersônicos F-5E, da FAB, e nas horas vagas, como velejador, ia para o clu-be Veleiros do Sul, o mesmo frequentado por
um colega da Aeronáutica, o Capitão Aviador Nivaldo Luiz Rossato, que mesmo sendo gaúcho e visitante assíduo do lu-gar, não velejava. O meu barco era o Jambock III, um velei-ro de 32 pés todo reformado, pelo qual eu sentia um misto de respeito e gratidão pela sobrevivência nos embates com os temporais pirotécnicos típicos do Rio Grande do Sul.
Tempos depois, decidi deixar a Força Aérea e mon-tar uma empresa de táxi aéreo, no Paraná, após ter a apro-
vação de minha “superior hierárquica”, como as esposas eram carinhosamente chamadas no meio militar. Resolve-mos, então, mudar para lá. Mas, e o barco? Como levá-lo? Decidi ir navegando com ele até Guaratuba, no litoral pa-ranaense, que passaria a ser a nova “base” do bravo Jambo-ck III. Mas minha mulher se recusava a ir junto a bordo. O mar a assustava, especialmente a costa gaúcha, famosa pelo mau humor dos seus ventos fortes e pelo cemitério de barcos que eles já geraram. Onde encontrar um tripulante para me acompanhar naquela travessia? Nos clubes náuti-cos de Porto Alegre, os marinheiros pediam o equivalente a um dólar por milha navegada, o que, para mim, na épo-ca, representava um gasto considerável.
do ar para o marO novo Comandante-Geral da Aeronáutica, Nivaldo Rossato (abaixo) começou sua vida náutica com uma terrível travessia até Florianópolis (ao lado). Mas ele tirou de letra e, na volta, até comprou um barco. Quem sabe comandar, comanda qualquer coisa
Foi durante uma complicada travessia de Porto Alegre a Florianópolis que o recém-empossado novo Comandante-Geral da Aeronáutica, o gaúcho Nivaldo Rossato, mostrou a um experiente velejador do Paraná sua capacidade para comandar até o que ele mal conhecia: um barco
Firme ao leme, comandante!
Por Luiz NogueiRa gaLetto
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64 Náutica Sul Náutica Sul 65
ma previsão de ventos favo-ráveis para o trecho seguinte, meu companheiro regressou a Porto Alegre e eu fiquei in-cumbido de monitorar o tem-po e avisá-lo tão logo a previsão estivesse de acordo com o ce-nário que tínhamos planejado.
Alguns dias depois, uma frente fria se aproximou do Uru-guai, e, avisado, o Rossato che-gou rápido e entusiasmado, em plena madrugada. Na mesma hora, fizemos uma tentativa de sair para o mar, mas as condi-ções na barra de Rio Grande ainda eram adversas demais. Re-tornamos ao iate clube, mas for-talecidos pelo desafio, já que, como pilotos, adrenalina era algo que apreciávamos bastante.
No dia seguinte, o ven-to acalmou e rondou para uma direção mais adequada. Parti-
mos e tomamos o rumo nordes-te, que nos afastaria rapidamente do tenso litoral gaúcho. No ca-minho, cruzamos com vários na-vios e fomos brindados com um pôr do sol magnífico. Mas, em seguida, levamos um tremen-do susto: uma inesperada rajada de vento colocou o nosso barco quase na horizontal em relação ao mar.
Resolvi dividir minha angústia com o colega aviador Rossato, que, para minha surpresa,
não pensou duas vezes e dispa-rou: “Tô nessa, tchê!” — mes-mo sem jamais ter ido além do Guaíba nos seus passeios de bar-co como convidado. Começa-mos, na hora, a fazer os planos de navegação, que, obviamen-te, compreendiam a travessia da nem sempre tranquila Lagoa dos Patos, em direção a Rio Grande, onde aguardaríamos a passagem de uma frente fria para termos ventos favoráveis na travessia até Florianópolis. Lá, ele desembar-caria e eu faria o restante da via-gem em solitário. E assim ficou combinado.
O comportamento sólido nas decisões sempre foi uma das características que eu mais ad-mirava no Capitão Rossato e, ao decidir, de imediato, ir junto naquela travessia, ele mais uma vez comprovou isso. Na data marcada, uma ensolarada ma-nhã de abril, desatracamos do Veleiros do Sul e partimos. Para o amigo Rossato era uma espé-cie de batismo náutico.
O trecho até Rio Gran-de exigiu bastante de nós dois. Logo que entramos na Lagoa dos Patos, anoiteceu e começou
a chover e ventar forte. Naque-la época, GPS ainda era sonho e a nossa navegação era feita na base da estimada, mas conferida com um rádio navegador ADF e um sextante para navegação as-tronômica. Para ficar ainda mais emocionante a velejada, fomos brindados com muitas boias lu-minosas apagadas e faroletes da lagoa inoperantes, sem falar que eles ainda estavam fora da posi-ção marcada nas cartas naúticas!
Para Rossato, um avia-dor acostumado às pre-cisões da Aeronáutica, navegar daquele jei-
to não estava sendo nada fácil. Mas, com inteligência e aten-ção, ele se empenhava em en-tender, interpretar e aplicar corretamente as técnicas da na-vegação náutica, de forma que o nosso barco se mantivesse no rumo, apesar das adversidades. “Firme ao leme!” passou a ser o seu bordão, quando assumia o comando do barco. E ele repeti-ria isso a todo instante. No fun-do, o Rossato estava (como eu descobriria mais tarde) desen-volvendo uma nova e profunda paixão pelo mundo náutico.
Em dois dias, muito cansa-dos, chegamos a Rio Grande. Mas, como não havia nenhu-
Corremos para o con-vés, arriamos todas as velas e acionamos o motor, que passou a
nos empurrar a não mais que 5 nós. Foi uma boa decisão, to-mada de comum acordo, por-que, em seguida, o vento voltou ainda mais forte. Por segurança, abrimos ainda mais o rumo, na direção do mar aberto, a fim de evitar qualquer risco de sermos atirados contra a costa.
Com o vento forte, as ondas se agigantaram e passaram a lan-çar espumas sobre nós. Como era noite, perdemos também a visibilidade. E para completar o cenário nada animador, co-meçou uma chuva forte. Vesti-mos roupas impermeáveis, co-lete salva-vidas com cinto de segurança e estabelecemos tur-nos de quatro horas ao leme, que eram bem cansativos, por-que o barco sempre teimava em sair do rumo. Mas nada disso ti-
rava o empenho do Rossato, que seguia repetindo o mantra “Fir-me ao leme!”. E lá fomos nós.
Até que, de repente, uma onda anormal praticamente dei-tou o Jambock na água. Eu es-tava dentro da cabine e fui ar-remessado de encontro a uma antepara. Quase perdi os senti-dos e ganhei um baita hemato-ma na cabeça. O Rossato, que viu tudo lá de fora, berrou (o ba-rulho do vento impedia qual-quer conversa em tom normal) para que eu ficasse na cabine e me recuperasse, enquanto ele conduzia o barco em mais um turno consecutivo.
Zonzo pela pancada, concordei, embora pre-ocupado com as horas extras que o meu ami-
go teria que fazer. Mas ele me tranquilizou, gritando: “Firme ao leme!”. Daí, apaguei. Quan-do acordei, horas depois, o Ros-sato seguia firme na condução do barco, apesar do cansaço. Descobri, então, outras duas ca-racterísticas positivas do meu parceiro: a persistência e a per-feita compreensão do necessário para a eficácia de uma atividade.
O mau tempo, que depois se transformou em um forte vento Carpinteiro (aquele que “prega os barcos na costa”), típi-co do litoral gaúcho, durou até a nossa chegada à entrada sul da ilha de Santa Catarina, assusta-doramente chamada de Ponta dos Naufragados. Ali, as grandes ondulações não davam descanso ao timoneiro.
Surfamos como se o nos-so veleiro, de seis tone-ladas, fosse uma sim-ples prancha, mas
entramos com segurança. Se-guimos, então, para o trapiche do Veleiros da Ilha e, de lá, di-reto para o restaurante, onde pedimos um gigantesco filé e uma cerveja gelada. Por conta do mau tempo na travessia, que durara mais de três dias, come-mos apenas biscoitos e laranjas com casca e tudo, porque nin-guém arriscaria manusear uma faca naquele sobe e desce que nunca acabava. A sensação era que as ondas queriam partir o Jambock ao meio. Mas ele re-sistiu bravamente. Bem como o meu companheiro.
Mesmo assim, ao me des-pedir do Rossato e iniciar a per-na final da viagem em solitário, como combinado, pensei: de-pois de uma estreia dessas ele nunca mais pensará em velejar de novo. Que nada! Pouquíssi-mo tempo depois, o Rossato já tinha o seu próprio barco e até se revelou um campeão de re-gatas, atividade que, agora, tal-vez, passe a desenvolver no lago Paranoá, em Brasília, pois aca-ba de ser nomeado, pela pre-sidenta Dilma, Comandante-Geral da Aeronáutica, cargo máximo da entidade.
Nada mais merecido. Pelo que vi naquela pioneira travessia marítima dele, tenho certeza de que o comando da Aeronáutica brasileira está em boas mãos.
Firme ao leme, comandante! Como sempre.
travessia
“ Com o vento forte, as ondas se agigantaram e, como era noite, perdemos a visibilidade. Mas nada desanimava o Rossato
antes e dUranteA partida, em Porto Alegre (Rossato está ao centro) e o início da travessia, driblando os navios do porto de Rio Grande: depois foi só pauleira, na primeira travessia marítima do novo homem forte da Aeronáutica
Não deu tempo. Com velas içadas e o motor ligado, para apressar o caminho de volta à barra, um estrondo ecoou no escuro da noite e uma grande onda desabou sobre a popa do barco. Romildo saiu correndo da cabine, assumiu o leme e acelerou tudo à frente. Agora, ele pelo menos sa-bia de onde as ondas poderiam vir e precisava posicionar o barco para melhor enfrentá-las. Após alguns segundos avan-çando sobre o rastro da onda que passara, girou totalmente o leme, ficando de proa para as outras ondas que porventura viessem. E elas vieram. Duas. Tão altas quanto a primeira.
A segunda onda foi abordada da maneira correta, com o barco indo de encontro a ela — e não o con-trário, como involuntariamente aconteceu no primeiro caso. Mas era tão violenta que empurrou o casco para trás e o fez atravessar na frente da onda seguinte, a ter-ceira e mais fulminante de todas. O Vagabundo ficou, então, na pior posição possível: de lado e impotente,
Em julho de 1982, um acidente no mar, envolvendo o veleiro gaú-cho Vagabundo, deu o que fa-lar no Rio Grande do Sul. Na-
quela ocasião, o experiente comandante Romildo Santos, dono do barco, partiu de Rio Grande, na companhia do filho, Newton, e de um amigo, Luiz Louren-ço, ambos ainda jovens velejadores, rumo a Montevidéu, onde iriam buscar novos equipamentos comprados para o barco — fato que, mais tarde, seria interpreta-do pela sensacionalista imprensa gaúcha como uma espécie de contrabando, em-bora tivesse sido importado legalmente. Mas o mau tempo fez com que eles tives-sem de esperar um bocado antes da partida, já que tanto a barra de Rio Grande quan-to o mar do extremo sul do Rio Grande do Sul merecem respeito. Até que, na fria noi-te de 13 de julho, as condições pareceram adequadas à travessia, apesar do frio cor-tante e do vento gelado. Partiram por volta da meia-noite e, logo após a saída da barra, Newton assumiu o leme, enquanto seu pai desceu à cabine, para preencher o diário de bordo. E foi de lá que ele deu o alerta, depois de sentir correr pelo corpo aquilo que os dois jovens tripulantes lá fora mal notaram: um grande volume de água passara repentinamente sob o casco, feito uma onda submersa — uma “crescente”, no jargão dos escaldados velejadores do litoral gaúcho.
— Vamos voltar! — disse o comandante.
diante da onda que se aproximava, no breu daquela noi-te gelada. Não deu tempo de fazer nada. O vagalhão colheu o costado em cheio, cuspiu seus tripulantes na água e virou o Vagabundo de cabeça para baixo.
Por sorte, as ondas pararam após aquela terceira mu-ralha d’água, e quando os três voltaram à tona, estavam ao lado do casco emborcado. E ali ficaram, agarrados. Até que o barco desvirou sozinho, por conta do peso da quilha, que gera o chamado efeito joão-bobo nos cascos. Os três, então, voltaram a bordo, quase congelados de frio. E com um sé-rio problema a resolver: a quebra do mastro, sem falar na completa inundação do barco, o que exigiu muita rapi-dez da tripulação para o Vagabundo não ir a pique de vez.
Newton entrou na cabine com água pelos joelhos, e tentou mandar um pedido de socorro, pelo rádio. Nada. A antena ficava no topo do mastro e ele, agora, jazia submer-so, pendurado apenas pelos cabos de aço. Tentou, também, ligar as bombas de esgotamento do casco, mas as baterias já estavam submersas e o máximo que ele conseguiu foi a ameaça de um curto-circuito na água dentro da cabine.
Pelo menos, o barco ainda flutuava, apesar de ter per-dido a capacidade de locomoção a motor. A decisão do comandante Romildo foi sábia: esperar o dia clarear e improvisar uma mastreação, com a vela pre-sa ao pau do spinakker, para ten-tar chegar a Rio Grande. Uma hora e meia depois de ter comu-nicado isso ao filho, ele curvou o corpo sob o leme e, sem nenhum aviso, caiu duro no cockpit, ful-minado por um ataque cardíaco.
Ninguém sabia que Romildo era cardíaco, nem ele deveria sa-ber que o contato com a água ge-lada comprime as artérias e au-menta barbaramente o risco de infarto. Mas, agora, isso pouco im-portava. Ele estava morto, den-tro do barco, e nem o filho nem o amigo podiam sequer parar de tirar água de dentro da cabine, para não terem o mesmo destino.
Era a luta pela vida, com a morte bem explícita ao lado. Uma situação angustiante, para não dizer traumatizante.
Mesmo assim, Newton juntou forças para manter o barco à tona até a manhã seguinte, como seu pai dissera que fariam. Quando amanheceu, ele concluiu que o Vagabundo estava cerca de
dez milhas da praia do Cassino e resolveu mudar os planos originais do pai. Fez, sim, o mastro improvisado, mas mu-dou o destino do barco: em vez de retornar a Rio Grande, arremessaria o veleiro de encontro à praia. Por dois motivos: isso abreviaria o sofrimento de ter que navegar com o cadá-ver do pai ao lado e porque se lembrara que ele sempre di-zia que gostaria de morrer no mar, mas o Vagabundo, que ele mesmo construíra, teria que morrer junto, porque não deveria ser de mais ninguém. Arremessar o barco na praia era a última coisa que qualquer comandante faria. Mas, na-quela situação, era o melhor a ser feito. E Newton fez.
Apesar da manobra suicida, o Vagabundo chegou in-teiro, até encalhar na areia. Newton e o amigo baixaram o corpo de Romildo para a praia, que já reunia alguns curio-sos, e pediram para chamar a polícia. Na manhã seguinte,
o Vagabundo já não passava de escom-bros espalhados na beira da praia, depois de ter sido esquartejado, a golpes de ma-chado, pelos saqueadores de barcos, du-rante a madrugada. Mas isso agora pouco importava. Ao contrário, apenas concreti-zava a vontade do comandante Romildo, que queria acabar junto com o seu bar-co — e que, por fim, morreu como que-ria: no mar, a bordo do veleiro que tanto amava. A pedido do filho, ele foi sepul-tado ainda com água salgada no corpo.
Uma semana depois, no dia da missa de Sétimo Dia, Newton saiu da igreja e foi direto comprar outro veleiro: o pequeno Tahiti, antigo barco da família, também construído pelo comandante Romildo e que fora vendido para custear a obra do Vagabundo. E, com ele, Newton navega até hoje, guiado pelas lembranças e ensi-namentos do pai, seu eterno comandante.
Atirar o barco na praia era a última coisa que um comandante faria. Mas, naquela situação, era o melhor a ser feito. E ele fez
os dois juntosO velho Comandante Romildo e o Vagabundo, que ele mesmo construiu, morreram juntos, mas por motivos diferentes. Como, aliás, ele queria que fosse
33 anos depois, o filho de um velho velejador e capitão que morreu no mar, depois de praticamente salvar o barco de um iminente naufrágio, decide trazer à tona a verdadeira história da morte do Comandante Romildo e do veleiro Vagabundo , que tantas polêmicas geraram no meio náutico do Rio Grande do Sul, na década de 1980. O que aconteceu, segundo ele, está aqui, mais de três décadas depois
A herAnçA de um nAufrágio
fot
os
ar
qu
ivo
pe
sso
al
Barcos foram feitos para a água. Portanto, é natu-ral que sofram com a umidade do meio em que vi-vem. Mesmo os barcos com casco de fibra de vidro
contêm muitos metais (cunhos, guarda-mancebos, eixos, etc. etc.) e nem todos eles são suficientemente fortes para lutar contra a nefasta combinação de água + oxigênio, os dois elementos que dão início ao processo de corrosão em qualquer material.
No caso de água salgada, a situação é pior ainda. O sal potencializa o processo de corrosão, que se manifesta até nos ambientes do barco sem contato direto com a água — bastam os efeitos da maresia ou da falta de neutraliza-ção da corrosão nas partes submersas do casco, por exem-plo. Portanto, nem sempre é apenas desleixo do dono do barco. A oxidação em ferragens de aço inox pode apare-cer até em barcos extremamente bem cuidados, porque o ambiente marinho costuma ser um agressor implacável e particularmente feroz em itens como acoplamentos de alumínio e aço inox, bastante comuns em motores e pro-pulsores, provocando estragos bem maiores do que uma simples aparência enferrujada.
Mas, se não há como impedir que a corrosão aconte-ça, há, sim, como prevenir ou, pelo menos, evitar que o problema se alastre de vez. No combate contra a prolife-
Você e seu barcoComo evitar este problemão
Foto
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CorrosãoNos barcos, não é nada fácil evitar a ferrugem e a corrosão. Mas, mesmo quando as manchas começam a aparecer, nem tudo está perdido. Veja aqui o que fazer
por OttO AquinO
2
4
Embora os dois termos sejam
largamente usados como
sinônimos — não! —, não são
a mesma coisa. Por definição,
“corrosão” é um processo que
provoca desgaste em uma
liga metálica qualquer, como,
por exemplo, o aço inox, que é
uma mistura de quatro metais
d i ferentes . Já a “ ferrugem”
designa os casos específicos de
corrosão no ferro. A rigor, barcos
de passeio nem deveriam usar
a expressão “ferrugem” (e sim
“oxidação”), porque ferro é o que
eles menos têm.
Outra confusão bastante
comum é entre os termos
“corrosão” e “oxidação”, que
t a m b é m n ã o d e s i g n a m a
mesma coisa. “Oxidação” é uma
reação química, na qual um
material ou elemento se une ao
oxigênio, formando um novo
composto — um óxido. E nem
toda oxidação gera corrosão.
E la só ocorre quando esta
reação química provoca a perda
de material de uma das partes
envolvidas.
Mas, seja “ferrugem”, “corro-
são” ou “oxidação”, o fato é que
todos eles são um problemão.
Ferrugem ou corrosão?
1A corrosão ataca mais no mar? Sim. Além do sal, o mar contém cloro natural, o que acelera
a corrosão, porque transforma a água em um eletrólito mais
eficiente, aumentando sua condutividade elétrica — e eletricidade
acentua a corrosão em qualquer metal. Isso faz com que ela avance
bem mais depressa do que na água doce.
Onde a corrosão costuma atacar mais?Nas ferragens do convés, especialmente nos guarda-
mancebos, âncora e escadinha de popa. Mas as partes
metálicas submersas, como eixos, rabetas, hélices e lemes, também
estão sujeitas à corrosão acentuada, embora com menos intensidade,
já que existem os anodos de sacrifício para evitar isso.
Aço inoxidável também oxida?Sim, dependendo da qualidade do aço e dos cuidados do dono do barco. Alguns fabricantes usam ligas mais baratas,
que resistem menos à corrosão — daí o problema. Os aços mais recomendados são os com especificação ABNT 316, que têm alto teor de cromo e suportam bem mais o cloro do mar.
Existe receita caseira para prevenir a corrosão?Sim. Lavar bem as ferragens com água e sabão depois dos
passeios — tanto no mar quanto em água doce — é a mais
simples e eficiente maneira. O polimento com cera também blinda
bem contra a corrosão nos metais. Mas — atenção! — não use cloro
nem água sanitária neles, porque isso só aumenta o problema.
Em qual estágio a ferrugem ainda tem cura?Bem antes de perfurar as partes afetadas. Se a ferrugem
atacar eixos e propulsores, é bem provável que o
funcionamento deles já esteja comprometido — portanto, tarde
demais. Na maioria das peças de aço inox, basta um simples
polimento para resolver o problema. Já parafusos enferrujados devem
ser trocados, porque não vale a pena tentar salvá-los.
3
5
As cinco dúvidas mais comuns que quase todo mundo tem sobre este eterno problema
Bê-á-Bá da corrosão
ração da corrosão, o melhor remédio costuma ser o mais simples e o mais caseiro de todos: sempre lavar bem o bar-co e as ferragens com água e sabão depois dos passeios (es-pecialmente no mar), além de polir regularmente as par-tes mais suscetíveis à corrosão com cera náutica. Outro recurso muito útil é manter sempre em dia os anodos de sacrifício, que, como o próprio nome diz, existem para se oxidar no lugar das partes mais nobres do barco.
Vale tudo nesta guerra contra um inimigo que corrói tudo nos barcos. Até a paciência dos donos.
68 NáutiCa sul NáutiCa sul 69
Você e seu barco
No aço iNox
Em cunhos,
guarda-mancebos,
escadinhas e
ferragens em
geral, use gel à
base de ácido
nítrico, que elimina
o óxido do inox. Os
melhores são os
das marcas Avesta
e Amazônia.
Primeiro, lave bem
a peça com água
e sabão. Depois,
dilua o gel em
um recipiente,
com um pouco
d’água e aplique
a solução. Deixe
agir por uns 15
minutos, esfregue
novamente
com sabão e
enxágue. Pronto:
o metal voltará a
brilhar. Mas, para
protegê-lo contra
futuros pontos de
oxidação, use cera
náutica polidora,
com frequência.
Nas
ferrageNs
Quando a limpeza
de rotina não for
suficiente nas
peças de inox, faça
uma solução de
gesso, bicarbonato
de sódio e álcool
e aplique com
um pano. Jamais
use vinagre para
tirar manchas das
ferragens (embora
funcione!), porque
deixa as superfícies
pegajosas e isso
aumenta a aderência
do sal do mar.
Na fiação
Use apenas fios de
cobre estanhados e
certificados, que não
corroem. Se eles
forem protegidos
apenas por capinhas
de plástico, “pinte”
os terminais com
borracha líquida,
para vedar contra a
umidade. E nunca
deixe fios expostos
ao sol, porque
isso os resseca e
facilita a entrada de
umidade, gerando
corrosão futura.
No porão
Sempre esgote
toda a água do
porão e jamais
deixe objeto algum
molhado dentro
dele, mesmo que
apenas úmido. Além
disso, mantenha
portas, gaiutas
e vigias sempre
abertas quando o
barco estiver fora
de uso, para ventilar
— e secar bem — os
ambientes internos.
No paiNel
Barcos nunca estão
livres de respingos
de água no painel
— seja da chuva ou
dos borrifos durante
a navegação. Para
evitar infiltrações
e problemas de
corrosão nas fiações
e terminais, cheque
constantemente
a vedação das
borrachas do painel
e dos instrumentos.
Na lavagem
Após lavar o
casco, seque o
barco inteiro. Até
as porcas, mesmo
as de inox, estão
sujeitas à corrosão,
se ficarem molhadas
por muito tempo.
Deixar o barco secar
ao sol não é uma
boa ideia.
Nas baterias
Baterias emitem gases
corrosivos e, como
costumam ficar nos
porões dos barcos,
vivem sujeitas a
contatos com a água.
Sempre evite que isso
aconteça. O certo é
colocá-las em locais
arejados e protegidos
da água.
No motor
de popa
Após “adoçar” o
motor com água
limpa, pulverize
silicone nos seus
mecanismos
internos. Ele protege
que é uma beleza.
Nas coNexôes
Use micro-óleos ou
graxas (mas não
as corrosivas!) em
todas as conexões
de partes metálicas
e elétricas. E faça
isso periodicamente.
Lavou o barco? Seque cada cantinho. Especialme nte os parafusos, que corroem com muita facilidade
onde ela costuma atacarAlgumas dicas para deixar o barco mais protegido contra a corrosão
Nos
parafusos
Mesmo nos
parafusos de
aço inox, aplique
selantes especiais,
como Sikaflex,
para mantê-
los isolados da
umidade. Lembre-
se: parafusos
enferrujam fácil, fácil.
Na correNte
elétrica
A fuga de corrente
elétrica para
partes metálicas
submersas do casco
pode dissolver
rapidamente
qualquer metal.
Desconfie,
portanto, se algum
equipamento
elétrico parar
de funcionar
repentinamente.
Você e seu barco
alguns produtos que podem evitar... ...e os que apenas ajudam a tratar
Nxt geNeratioN
Polidor automotivo
com um poderoso
abrasivo, que dá
brilho às peças
metálicas poucos
minutos depois de
aplicado. Além disso,
forma uma película
protetora e, o que é
melhor ainda, retira
todos os pontos
superficiais de
ferrugem.
Wurth metal
polish
Outro polidor, embora
mais líquido. Trata bem
os metais, formando
uma camada
protetora. Mas o
resultado é melhor nos
cromados, pois não
deixa as peças com
aspecto azulado, como
acontece no alumínio.
Komatherm 600
Protetor fabricado
pela Brascola, que
garante boa proteção
aos metais, desde
que aplicado com
regularidade — como
os demais produtos
do gênero, por sinal.
Sua secagem leva
cerca de uma hora,
mas a proteção dura
quase duas semanas.
corrosioNx hd
Produto bem
eficiente, porque
estabiliza a corrosão
— algo raro, já que é
bem difícil conter este
processo depois de
iniciado. Costuma ser
aplicado em carretas
náuticas, que sofrem
um bocado com o
contato constante
com a água.
graxa braNca
Ao contrário da
tradicional graxa
preta, é impermeável
e oferece alguma
proteção contra
o surgimento de
corrosão em partes
metálicas. Mas resseca
rápido, não isola
completamente a
superfície da umidade
nem dura tanto
quanto os produtos
específicos.
Wd-40
Além de soltar peças
enferrujadas com
facilidade, serve como
preventivo contra
a corrosão. Ou seja,
dispensa outro produto
para proteger a peça,
depois de soltá-la
para reparos. Mas tem
cheiro forte e muitos
navegadores suspeitam
que resseque as
borrachas — embora o
fabricante afirme que
isso não acontece.
boat shiNe
Destrava e desenferruja
rapidamente peças de
metal, além de lubrificá-
las. Mas não previne
contra a ferrugem
futura e cheira a óleo
de cozinha velho.
Em compensação, o
fabricante jura que ele
não danifica plásticos
nem borrachas, se
atingidos pelos borrifos.
Óleo
Nautispecial
Solta peças enferrujadas
facilmente e é bom,
também, para lubrificar
e eliminar a ferrugem
que já exista nelas.
O fabricante garante
que não agride outros
materiais. Seu odor é
bem mais agradável
que o dos concorrentes,
o que o torna
especialmente indicado
para uso dentro das
cabines dos barcos.
limpa costado
Nautispecial
Este produto promete
remover manchas de
ferrugem escorridas
em cascos de fibra de
vidro. Deve ser aplicado
diretamente sobre a
superfície afetada e,
depois, enxaguado com
água doce. Depois, uma
camada de cera náutica
líquida, para proteger
de futuras oxidações,
também cai bem.
semoriN
Este tradicional produto,
usado por donas de casa
para remover manchas
de ferrugem das roupas
lavadas, também vai
bem nos barcos. Mas,
como é muito ácido,
pode gerar manchas no
costado, além de deixar
a superfície sem brilho,
se for usado com muita
frequência e em excesso.
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Você e seu barco
o Boi de piranha dos BarcosO anodo de sacrifício existe para enferrujar no lugar do barco inteiro
O anodo de sacrifício
é o componente
mais relevante para
a conservação de todas as
partes metálicas que ficam
debaixo d’água — como
rabetas, eixos e hélices,
por exemplo. Não fosse
ele, qualquer sistema de
propulsão teria uma vida
útil bem mais curta, por
causa da corrosão gerada
pelo contato direto com a
água. Como o seu próprio nome diz, a função
do anodo é se sacrificar pelo restante do barco: ele se
deixa corroer no lugar de peças mais valiosas, graças a
um fenômeno físico-químico chamado “galvanização”,
uma espécie de “reação” que ocorre entre dois metais
dentro d´água. Como o anodo é feito de um metal mais
“fraco”, no caso o zinco, ele corrói no lugar do outro
material com o qual estiver em contato direto.
É, portanto, um mártir. Uma espécie de boi de
piranha náutico. E fundamental em qualquer barco.
Até os veleiros precisam dele, pois, no caso de falta de
aterramento do mastro (que quase sempre é de metal),
a oxidação pode se estender a outras ferragens,
como os guarda-mancebos e as gaiutas. Para evitar
isso, é preciso que mesmo as partes metálicas “secas”
estejam conectadas a uma placa de metal no fundo do
casco e esta a um anodo.
A rigor, a durabilidade do anodo depende do tempo
em que o barco ficar na água. Mas, em rios e represas
de água doce, a velocidade da corrosão dele é mais
lenta do que no mar. De qualquer forma, quando a
corrosão atingir a metade do anodo, sua capacidade de
proteção começará a diminuir drasticamente — e será a
hora de trocá-lo por um novo. Na média, o anodo deve
ser verificado a cada seis meses e trocado uma vez por
ano — ou quando a corrosão atingir 60% de sua área.
Mas não é nada que exija um grande investimento, já
que um anodo custa pouco. Mas, atenção: o anodo
jamais deve ser pintado, porque a tinta impedirá a
galvanização deste poderoso combatente da oxidação e
que só existe para enferrujar mesmo.
Se a oxidação já corroeu 60% do anodo do motor, é hora de trocá-lo por um novo. Senão, a ferrugem tomará conta do barco inteiro
incêndios são a causa número 1 da perda de barcos. e eles quase
sempre têm origem na parte elétrica. veja aqui onde mora o perigo a bordo
shu
tt
er
sto
ck
Com fios Não se briNCa
Você e seu barcoVocê e seu barcoVocê e seu barco
InfIltração dE água no paInElBarcos com comando aberto nunca estão livres de respingos d’água
— seja na navegação ou na lavagem do casco. E esse contato com a
água pode gerar pontos de ferrugem nas conexões das fiações, além de
comprometer a durabilidade dos cabos. A única maneira de evitar isso
é checar periodicamente as vedações de borrachas no painel e, no caso
de vazamento crônico, não molhá-lo demais ao lavar o barco.
tErmInaIs E conExõEs Em mau Estado
O “coração” das instalações elétricas são os terminais e as conexões,
principalmente da bateria. Se eles estiverem frouxos, podem superaque-
cer e derreter os cabos. Para evitar isso, faça um check-up completo,
tanto na fiação quanto nos seus complementos, uma vez por ano.
EquIpamEntos Em contato com a água
O inversor deve ficar sempre o mais próximo possível das
baterias, para evitar quedas de tensão. Porém, é importante também
instalá-lo sempre o mais alto possível no porão, para evitar contato
com a água que ali empoça, o mesmo valendo para qualquer outro
equipamento elétrico. Energia e água não combinam!
EquIpamEntos quE não dEslIgam
Se o seu barco tiver guincho elétrico ou bow thruster, verifique
periodicamente o estado do sensor de acionamento desses
equipamentos. Como esses aparelhos consomem altas correntes, a
quebra do sensor pode fazer com que eles funcionem ininterruptamente,
sem você perceber. E isso gera superaquecimento na fiação.
Instalar EquIpamEntos dIfErEntEs
Certifique-se de que o automático das bombas é compatível com a cor-
rente elétrica. Instalar um modelo errado pode fazer com que a bomba
não funcione na hora em que você mais precise dela. Da mesma forma,
tome cuidado com certos acessórios, como forno micro-ondas e secador
de cabelos, que puxam bastante energia e podem superaquecer a fiação.
Sobrecargas e maus contatos são prenúncios de tragédias
gamBiarras? nem pensar
use apenas fios de cobre estanhados e certificados, para evitar corrosão.
sele os terminais e as pontas dos fios com silicone, para vedar a entrada de ar entre o cobre e o plástico que reveste os cabos.
os terminais dos cabos da bateria de-vem ser prensados e não soldados. A sol-da enrijece os cabos, tornando-os sujeitos a quebras.
use disjuntores termomagnéticos, que protegem contra sobrecargas e curtos. Mas, atenção: há disjuntores que não fun-cionam em correntes contínuas.
Fusíveis em circuitos de alta corrente costumam criar quedas de tensão. Se isso acontecer com baterias fracas, pode dificul-tar a partida do motor.
Para não tombar com o balanço do bar-co, a bateria deve ser bem presa, mas com cintas ou cabos que não contenham par-tes de metal.
em hipótese nenhuma, qualquer fiação deve passar perto de alguma mangueira de combustível.
A fiação deve ser fixada a cada 25 centí-metros ao longo do casco. Mas não muito esticada, para não romper com os trancos, o que é bem frequente nos barcos.
NáutiCa sul 75
causa da corrosão gerada
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Sedna SF 38 2004. 2 X Mercedes 400 HP cada. R$ 599 mil. Tel. 47/9976.4757 c/ Daniel
Focker 222. 2005. Evinrude E-Tec 250HP. R$ 63.500,00. Tel. 11/7002.1958 c/ Adriano
Ventura V 330. 2014. 2 motores Mercruiser 5.7 300 Rabeta Bravo III. R$ 435 mil. Tel. 11/99693.5944 c/ Marcio
Ventura 195 Comfort. 2008. Mercury Optimax 135. R$ 59 mil. Tel. 19/99928.2288 c/ Eduardo
Striker - Real Power Boats. 1994. Mariner 225 HP. R$ 25 mil. Tel. 21/99998.6082 c/ Wilson
Solara 31. 2012. Motor Mercury.R$ 360 mil. 20 horas de uso. Tel. 16/99602.7287 c/ Danielly
Jet Boat Challenger. 2010. 430 hp. R$ 140 mil. Tel. 11/3052.0344 c/ Cavalo de Fogo
Lancha toda revisada e pronta para uso. 2004. 2 mwm. R$ 200 mil. Tel. 71/8836.9896 c/ Fernando
Focker 222. 2007. R$ 49 mil. Motorboat. Tel. 11/94878.5307 c/ Daniela
Focker 205. 2013. Mercury Pro XS 115 HP. R$ 78 mil. Tel. 21/2610.0337 c/ Nathanael
Phantom 300. 2010. Dois motores Volvo D3 200.R$ 310 mil. Tel. 21/99858.7618 c/ Rodrigues
Tecnomarine 40.1992. 2 Volvo 480HP. R$ 300 mil. Tel. 11/2480.4448 c/ Francisco
Axtor 46. 2010. Volvo Penta D6 (370HP cada). R$ 750 mil. Tel. 11/99964.4366 c/ Guilherme
Beneteau GT 38 Francesa. 2010. 2 x Volvo D4 Diesel 300 hp. R$ 800 mil. Tel. 11/99602 5297 c/ Thomas
Focker 200. 2008. Mercury Optmax 150 hp. R$ 58 mil. Tel. 16/98107.2407 c/ Rainer
Angra 30. 1995. 2 x 200HP Yamaha. R$ 75 mil. Tel. 51/9113.5032 c/ Rubem Andrade
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76 Náutica Sul
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• IateClubePontaldoSulTel. 41/3455-1145/3264-1153
• MarinaAragãoTel. 41/3455-1392
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78 Náutica Sul Náutica Sul 79
Marinas cruzadas Náuticas
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TAPeS
• ClubeNáuticoTapenseTel. 51/3672-1209www.nauticotapense.com.br
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• RioGrandeYachtClubTel. 53/3232-7196www.rgyc.com.br
SÃO LOUReNçO
• IateClubeSãoLourençodoSulTel. 53/3251-3606www.icsls.com.br
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1 Apêndice afilado da quilha, existente em embarcações de uma só hélice, em que o leme tem de girar afastado do cadaste, com o pé da madre apoiado
nesse apêndice • 2 A continental é a parte do relevo submarino próximo ao litoral, de largura variável e com profundidade média de 200 m • 3 (Náut.) Cada
uma das velas auxiliares quadrangulares usadas em vento largo e em bom tempo por navios de vela • 4 A capital mineira, com a famosa lagoa da Pampulha
• 5 Tubo para descarregar os resíduos da combustão do motor de combustão interna • 6 violento vórtice de vento • 7 Cidade paranaense da região de
Paranaguá, no sul do estado, divisa com Santa Catarina • 8 Terreno pantanoso das margens de lagoas e desaguadores de rios; constitui a base da cadeia
alimentar dos oceanos • 9 Bandeirola de uma ou duas pontas para sinalizações ou para ser usada como emblema • 14 Conjunto de cabos usados para
prender uma embarcação • 15 Toucinho frito em pequenos pedaços • 20 (Fig.) Aumento grande e súbito • 21 Profundidade • 22 Ancorado • 24 estrado para
carga e descarga • 26 Pequeno barco, robusto, de duas proas, usado para serviço nos portos, praticagem e pesca • 27 Alavanca de marchas de um veículo.
1 A construção que permite a passagem de uma margem a outra sobre um curso de água • 3 Ato de dar a pressão de ar
adequada a um pneu ou câmara de ar • 6 País da Oceania cuja capital é Nuku’alofa • 10 Tornar a preencher (bateria, dispositivo eletrônico etc.) com o que
é indispensável ao seu funcionamento • 11 Representação gráfica da direção de uma embarcação na carta náutica • 12 Peixe das águas tropicais, com cerca
de 1,5 m de comprimento, de corpo prateado com dorso azul • 13 O céu • 16 Dimensão vertical considerada de cima para baixo • 17 O local onde se
guardam as peças de tecido de uso diário • 18 O creme cosmético usado para tratar o cabelo • 19 Um processo de transmissão e reprodução do som
a distância, por meio de fios, cabos ou ondas eletromagnéticas • 23 Material usado para montagem de caixas, capas de livro, pastas etc. • 25 Lagoa próxima
à capital alagoana, famoso ponto turístico • 28 Mecanismo usado para levantar grandes pesos • 29 Nos guindastes e outros aparelhos de força, cilindro em
que se enrola ou desenrola o cabo • 30 Grande baleia dentada encontrada em todos os oceanos e mares do mundo, de cabeça enorme e formato
quase quadrangular • 31 Aquele que põe uma canoa ou caiaque em movimento • 32 Doce de milho verde, açúcar, leite e coco, envolto nas folhas de milho.
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Náutica Sul 81
“Nossa casa é um barco”
Ogaúcho Fernando Maciel e sua mulher Marta le-vam a vida que muita gente sonharia em ter: eles vivem num barco, navegando sempre que dá von-
tade, geralmente na companhia da filha, Vitória, que só agora passará um tempo em terra firme, por conta da facul-dade. Mas, por outro lado, justamente por viverem a bor-do de um barco, eles costumam ser vistos com certa perple-xidade, porque isso ainda não é algo tão comum por aqui, quanto, por exemplo, é na Europa. Por isso, já se habitua-
ram a responder a verdadeiros interrogatórios de quem ja-mais pensou que um barco pudesse virar, também, casa. “A curiosidade das pessoas sobre o tipo de vida que levamos é grande, porque elas associam barcos com riscos, mas não é nada disso”, garante Fernando, que tomou a decisão de vi-ver a bordo de um pequeno veleiro, o Planeta Água (que já está na segunda unidade e indo para a terceira), nove anos atrás e, junto com a mulher, jamais se arrependeu disso, como ele conta neste rápido bate-papo.
Nove anos atrás, o gaúcho Fernando Maciel decidiu ir morar num barco com sua família e jamais se arrependeu disso. Muito pelo contrário
1 2 3“‘Não é perigoso?’ quase sempre é o
primeiro comentário, porque as pessoas
associam o mar com tempestades,
naufrágios etc. e tal, e ignoram a liberdade
que viver em um barco traz. Você pode ir
mudando de lugar, mas sempre levando
a sua casa junto, o que nenhuma casa
convencional permite. Depois, quase
sempre as pessoas querem saber como
conseguimos viver no espaço tão pequeno
de um barco. Mas, quando ficam sabendo
que ele tem sala, cozinha, banheiro e três
‘quartos’, se surpreendem, apesar de o
nosso veleiro ter apenas 12 metros de
comprimento. Para ajudá-los a entender
melhor como é a vida a bordo de um
barco, costumo fazer analogia com um
motor-home. Explico que um barco é como
um motor-home na água. E esta tem sido
a nossa ‘casa’ nos últimos nove anos. A
melhor casa que já tivemos, por sinal.”
“Acha que somos malucos... (rindo).
É que, além de serem leigos no assunto,
como praticamente todo mundo, ainda
se preocupam bastante com a nossa
segurança, o que é natural em qualquer
família. Mas, se eles experimentassem a vida
num barco e vissem como ela é divertida
e tranquila, talvez também não quisessem
mais voltar para terra firme, como aconteceu
comigo e com a Marta. Quando estamos
no Planeta Água, praticamente todos os
dias saímos para passear em praias e
ilhas, que, de outra forma, talvez sequer
conheceríamos. Não existem segundas-feiras
para quem mora num barco, embora a rotina
da manutenção a bordo seja constante, o
que me leva a trabalhar bastante.
Mas no ambiente que eu gosto. Muitas
pessoas sonham com uma vida assim, mas
poucas têm coragem de perseguir o sonho
até o fim. Nós fizemos isso.”
“Sim, como todo mundo, embora,
talvez, já estejamos vivendo o futuro de
muita gente. Queremos trocar o nosso
barco por outro um pouco maior, de 41
pés, tamanho que oferece mais espaço e
conforto, mas ainda permite ser navegado
por apenas duas pessoas, e ir navegando,
sem pressa, até o Caribe, onde queremos
ficar um tempo, parando de ilha em ilha.
Talvez no final deste ano já consigamos
trocar de barco, mas não temos pressa
alguma em partir, porque, do jeito que está,
já está bom demais. Nosso barco está em
uma marina de Angra dos Reis e é nela que
moramos. Por enquanto... Entre esperar a
velhice chegar para tentar realizar nossos
sonhos e correr atrás deles bem antes
disso, optamos pela segunda opção. E não
nos arrependemos nem um pouco da
decisão de ter trocado nossa casa por um
barco, nove anos atrás.”
O que as pessoas dizem quando vocês falam que moram num barco?
E o que o restante da família acha disso?
Vocês têm planos para o futuro?
ar
qu
ivo
pe
sso
al
3 perguntas
82 Náutica sul