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Museu de Ciências Naturais Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Iheringia Sér. Botânica Porto Alegre v. 59 n. 1 p. 1-112 jan./jun. 2004 ISSN 0073-4705 Iheringia Série Botânica

Iheringia - Rio Grande do Sul

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Museu de Ciências NaturaisFundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul

Iheringia Sér. Botânica Porto Alegre v. 59 n. 1 p. 1-112 jan./jun. 2004

ISSN 0073-4705

IheringiaSérie Botânica

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A revista lheringia, Série Botânica é editada pelo Museu de Ciências Naturais, órgão da Fundação Zoobotânica do RioGrande do Sul, entidade constituída pelo poder público na forma da Lei Estadual nº 6.497, de 20 de dezembro de 1972,vinculada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente. O periódico destina-se à publicação semestral de artigos, revisões enotas científicas originais e inéditos sobre assuntos relacionados à Botânica, em português, espanhol ou inglês.

Os trabalhos devem ser submetidos de acordo com as normas apresentadas nas páginas finais da última edição de Iheringiae enviados à Editora da revista. Serão fornecidas aos autores 50 separatas gratuitas por trabalho.

É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos da revista, desde que seja citada a fonte.Endereço para doações, permutas e correspondência à Editora: Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do

Rio Grande do Sul – Rua Dr. Salvador França 1427, Caixa Postal 1188, CEP 90690-000, Porto Alegre, Rio Grande do Sul,Brasil. Tel. (0**51) 3320-2000. Fax (0**51) 3336-3306. E-mail: [email protected]

Tiragem: 600 exemplares.Distribuição: em 118 instituições nacionais e 154 instituições estrangeiras.Impressão: Gráfica EPECÊ.

MCT

Iheringia. Sér. Botânica. v. 1, 1958Porto Alegre, RS – Brasil, Museu de Ciências da Fundação

Zoobotânica do RS, 1958.

Semestral

ISSN 0073-4705

1. Botânica – Periódicos – Brasil. 2. Trabalhos científicos –Botânica – Brasil. I. Museu de Ciências Naturais da FundaçãoZoobotânica do RS.

CDU: 58(05)

REVISTA FINANCIADA COM RECURSOS DO

Publicação indexada por: Big-Agr, Biol-Abstr, Chem-Abstr, Forest-Abstr, Plant-Breed-Abstr, Ver-Arom-and-Med-Plants,Sel-Water-Res-Abstr, Aquacult-Abstr, Aqua-Sci-and-Fish-Abstr, Environ-Sci-Poll-Mgmt, Weed-Abstr, Ver-Plant-Path,Hort-Abstr e Herb-Abstr. Periódico citado no Ulrich’s Periodicals Directory; Scientific and Tecnical Books e Serials in Print.

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Iheringia Sér. Botânica Porto Alegre v. 59 n. 1 p. 1-112 jan./jun. 2004

CONTEÚDO

FRIZZO, T. C. E. & PORTO, M. L. Zoneamento da vegetação e sua relação com a ocorrência de estruturasmineralizadas na mina Volta Grande, Lavras do Sul, RS, Brasil .............................................................................. 5

SILVA, S. R. V. F. da & CECY, I. I. T. Desmídias (Zygnemaphyceae) da área de abrangência da Usina Hidrelétricade Salto Caxias, Paraná, I: Gênero Cosmarium ........................................................................................................ 13

PEIXOTO, A. R. & COSTA, C. S. B. Produção primária líquida aérea de Spartina densiflora Brong. (Poaceae)no estuário da laguna dos Patos, Rio Grande do Sul, Brasil ..................................................................................... 27

MIRANDE, V. & TRACANNA, B. C. Fitoplâncton del rio Gastona (Tucumán, Argentina): Cyanophyta,Chlorophyta, Euglenophyta y Rodophyta .................................................................................................................. 35

SCUDELLER, V. Bignoniaceae Juss. no Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil ................ 59

ALVES-DA-SILVA, S. M. & BRIDI, F. C. Estudo de Euglenophyta no Parque Estadual Delta do Jacuí, RioGrande do Sul, Brasil. 2. Os gêneros Phacus Dujardin e Hyalophacus (Pringsheim) Pochman ............................. 75

LUDWIG, T. A. V.; FLORES, T. L.; MOREIRA-FILHO, H. & VEIGA, L. A. S. Inventário florístico das diatomáceas(Ochrophyta) de lagoas do Sistema Hidrológico do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil: Coscinodiscophyceae ....... 97

SENNA, R. M. Adiantopsis cheilanthoides (Pteridaceae – Pteridophyta) uma nova espécie do Rio Grande doSul, Brasil ................................................................................................................................................................... 107

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Zoneamento da vegetação e sua relação com a ocorrência de estruturas mineralizadas ... 5

Zoneamento da vegetação e sua relação com a ocorrência de estruturasmineralizadas na mina Volta Grande, Lavras do Sul, RS, Brasil

Taís Cristine Ernst Frizzo1 & Maria Luiza Porto2

1 Laboratório de Ecologia de Paisagem, Departamento de Ecologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),Av. Bento Gonçalves, 9500, CEP 91540-000, Porto Alegre, RS, [email protected]

2 [email protected]

RESUMO – O conhecimento da vegetação em regiões de ocorrências minerais de cobre e ourotorna-se de grande importância para o desenvolvimento de tecnologias limpas de reabilitação deáreas degradadas pela mineração (fitorremediação) e na bioprospecção mineral. Buscou-se verificara relação entre o padrão espacial e fitossociológico das unidades e subunidades de vegetação na minaVolta Grande, Lavras do Sul, RS e a presença das mineralizações, com base em Ecologia de Paisa-gem. De acordo com os resultados obtidos, observa-se que a distribuição das unidades e subunidadesde vegetação pode estar relacionada à posição geomorfológica, à declividade e ao manejo para o usodo gado. A unidade de vegetação Schinus lentiscifolius – Heterothalamus alienus parece estar relacio-nada às ocorrências de mineralizações (filões) de cobre e ouro, sendo necessária a comparação comoutras áreas mineralizadas e não-mineralizadas para utilizar esse dado em prospecção mineral.Palavras-chave: fitossociologia, fitorremediação, bioprospecção mineral, ecologia de paisagem, me-tais pesados.

ABSTRACT – Vegetation zoning and its relation to the occurence of ores in Volta Grande mine,Lavras do Sul, RS, Brazil. The knowledge of vegetation in regions of copper and gold ore hasbecome of great importance for the development of rehabilitation of clean technologies in areasdegraded by mining (phytoremediation) and in the mineral bioprospecting. Based on LandscapeEcology studies were carried out to verify the relation between the spatial and phytosociologicalpatterns of vegetation units and subunits at Volta Grande mine, in Lavras do Sul, RS, Brazil, and thepresence of ore. According to the results, the distribution of vegetation units and subunits migth berelated to the geomorphological position, to the declivity, and to grazing. The vegetation unit Schinuslentiscifolius – Heterothalamus alienus seems to be related to the existence of copper and gold ores,being necessary to compare this area with other mineralized and non-mineralized areas in order touse such data in mineral prospecting.Key words: phytosociology, phytoremediation, mineral prospecting, landscape ecology, heavy metals.

INTRODUÇÃO

Áreas mineralizadas de cobre e ouro vêm sendoexploradas desde o final do século XVIII no RioGrande do Sul. Algumas áreas, abandonadas pelasmineradoras desde meados da década de 1980, apre-sentam uma vegetação característica que ocorre na-turalmente sobre os rejeitos das pretéritas ativida-des de mineração. O conhecimento dessa vegetaçãotorna-se de grande importância para o desenvolvi-mento de tecnologias limpas de reabilitação de áreasdegradadas pela mineração (fitorremediação) e pros-pecção mineral geobotânica e biogeoquímica.

O cobre, utilizado como micronutriente pelasplantas, pode se tornar tóxico quando em altas con-

centrações no ambiente. Algumas plantas podemtolerar determinadas concentrações desse elementono solo, podendo acumulá-lo em seus tecidos (Por-to, 1981). Becium homblei (De Wild.) Duvign. &Plancke, que faz parte da flora cuprícola africana,pode crescer em locais contaminados e acumular al-tos níveis de cobre nas folhas, mesmo em solos compequeno conteúdo desse metal na sua forma dispo-nível (Reilly et al., 1970; Howard-Williams, 1971;Reilly & Reilly, 1973; Brooks et al., 1992).

O princípio da utilização de plantas na pros-pecção de depósitos minerais se baseia na sua habi-lidade de absorver e tolerar altas concentrações demetais em mineralizações de certa profundidade

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(Cannon, 1960). O padrão de distribuição da vege-tação pode fornecer informações da variação domeio e dos recursos potenciais em uma determinadaárea, pois reflete as características ambientais e ahistória do ecossistema (Neldner & Howitt, 1991).Nesse sentido, espécies de plantas e comunidadesvegetais vêm sendo investigadas quanto à possibili-dade de indicarem a ocorrência de mineralizações(Malyuga, 1964; Ernst, 1974; Porto, 1981; Brooks,1983; Lima e Cunha, 1983). Wild & Bradshaw(1977) analisaram a vegetação na Rodesia, ÁfricaCentral, verificando a existência de uma zonagraminosa central, onde estavam os mais altos teo-res de cobre. Ao seu redor, sobre um solo com me-nor conteúdo de cobre, constataram a presença deassociações de geófitos e arbustos baixos, incluindoformas anãs de árvores que ocorrem naturalmenteem solos não-tóxicos. Babalonas et al. (1997) rela-cionaram a mudança na fisionomia e a diminuiçãona riqueza das diferentes comunidades vegetais aosfatores do solo que tornavam o ambiente desfavorá-vel, principalmente pela presença de cobre e chum-bo em quantidades tóxicas. Ernst (1974), ao revisara literatura mundial a respeito de plantas e comuni-dades vegetais relacionadas aos depósitos minerais,verificou que não havia estudos com o cobre naAmérica do Sul. Após essa data, alguns trabalhosforam realizados. Porto (1981, 1983, 1986), ao in-vestigar áreas de mineração no sul do Brasil, verifi-cou mecanismos de resistência e tolerância aos me-tais pesados em plantas, denominando essa vegeta-ção de “savana metalófila”.

As formações vegetais abertas têm sido muitoinvestigadas na região, relacionadas à atividade pe-cuária (Boldrini, 1997; Girardi-Deiro et al., 1994;Girardi-Deiro, 1999) e à presença de metais pesa-dos no substrato (Porto, 1981; 1983; 1986; Lima eCunha, 1982; 1988; Girardi-Deiro, 1999; Dal Piva,2001, Zocche, 1989; 2002; Zocche & Porto, 1993;2000; 2001; 2002; Frizzo, 2002; Frizzo & Porto,2001; 2002; Sippel & Porto, 2002; Sippel, 2003). Amaioria dos trabalhos apresenta considerações me-nos detalhadas sobre as formações florestais.

Partindo dessas considerações, no presente tra-balho, pressupunha-se que a distribuição espacial efitossociológica das unidades e subunidades de ve-getação estaria relacionada à influência de metaispesados, em especial do cobre, no local de estudo.A partir dessa hipótese, objetivou-se reconhecer erelacionar a distribuição das unidades e subunidadesde vegetação à ocorrência das mineralizações

(filões), fornecendo, assim, subsídios aos estudos dereabilitação de áreas degradadas pela mineração ede prospecção mineral na região.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

A mina Volta Grande localiza-se no municípiode Lavras do Sul, RS, entre as coordenadas UTM228500 a 230500 E e 6588000 a 6584000 N. O cli-ma na região caracteriza-se por temperaturas entre16 e 19ºC e precipitações entre 1.300 e 1.600 mm,bem distribuídas ao longo do ano (Macedo, 1984).As rochas predominantes são lavas e piroclásticasandesíticas (Nardi & Lima, 1985). Ocorremmineralizações de ouro e cobre primárias e secun-dárias, estas últimas em coluviões (Kaul, 1990). Orelevo se apresenta dissecado em formas de colinas,com altitudes entre 180 e 353 m. Ocorrem soloslitólicos distróficos e eutróficos e solos podzólicos,além de planossolos eutróficos associados às vár-zeas (Porcher & Lopes, 2000). As formações vege-tais abertas predominam na região, ocorrendo man-chas florestais no entorno dos corpos d’água ou emforma de capões nos topos das coxilhas.

Estudo da vegetaçãoRealizaram-se levantamentos fitossociológicos

em oito tipos de manchas de vegetação homogê-neas, nos anos de 2000 e 2001. Utilizou-se aamostragem estratificada sistemática (Matteucci &Colma, 1982). Optou-se pelo Método de Pontos(Levy & Maden, 1933 apud Mantovani & Martins,1990) com uso de agulha isolada (Eden & Bond,1945 apud Mantovani & Martins, 1990) naamostragem das manchas com vegetação herbácea(campos) e herbáceo-arbustiva (savanas) e pelo Mé-todo de Parcelas Contíguas (Mueller-Dombois &Ellenberg, 1974) nas manchas de vegetação arbóreae arbustivo-arbórea (florestas), ambos modificadose adaptados às condições da vegetação na área. Aunidade amostral considerada estatisticamente en-globou o levantamento de 10 pontos nas manchasde vegetação herbácea e de 4 pontos nas de vegeta-ção herbáceo-arbustiva. Nas manchas de vegetaçãoarbórea e arbustivo-arbórea, utilizou-se como uni-dade amostral a parcela de 100 m2. As unidadesamostrais foram dispostas linearmente no centro decada mancha de vegetação amostrada.

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A partir dos dados coletados em campo, calcu-lou-se a densidade relativa para cada espécie, emcada unidade amostral. Esses dados, agrupados emintervalos de classe (adaptado de Daubenmire, 1968e de Oliveira, 1998), foram submetidos a análisemultivariada com o auxílio do “software” MULVAversão 5L (Wildi & Orlóci, 1996). Primeiramente,realizou-se análise de “outliers”, eliminando-se doconjunto de dados as unidades amostrais com essascaracterísticas. Os dados foram, então, utilizadospara construir-se uma matriz de semelhança basea-da no cálculo do coeficiente de correlação. Para oreconhecimento das unidades e subunidades de ve-getação essa foi submetida a uma análise de agrupa-mentos a partir do método de ligação completa. Paraa verificação da nitidez da estrutura dos grupos pro-cedeu-se a análise de concentração. As espécies queapresentaram distribuição uniforme nas diferentesmanchas foram utilizadas para definir as unidadesde vegetação. As espécies diferenciais ou diagnósti-co de grupo, de ocorrência restrita ou preferencial aum tipo de mancha de vegetação, serviram para adenominação das subunidades de vegetação.

Elaboração do mapa temáticoPara a elaboração do mapa das unidades e

subunidades de vegetação e de ocorrências mineraisconhecidas, utilizou-se carta topográfica (BRASIL,1975) e fotogramas preto e branco do Ministério doExército Brasileiro (BRASIL, 1996a; 1996b). Rea-lizou-se a fotointerpretação com auxílio de este-reoscopia. Esses dados, associados aos resultadosda análise fitossociológica, serviram de base parao zoneamento da vegetação. Utilizaram-se os“softwares” de geoprocessamento Carta Linx versão1.2 (Clark Labs, 1999) e Arc View versão 3.2(Applegate, 1999), digitalizando-se o mapa de es-truturas mineralizadas do Manifesto de Mina nº 190/35 da Companhia Riograndense de Mineração(CRM) na escala 1:10.000. Sobrepôs-se este aomapa das unidades e subunidades de vegetação,para verificar as relações entre as mineralizaçõese os grupos de espécies delineadas na análisefitossociológica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No levantamento fitossociológico ocorreram 106espécies, distribuídas em 79 gêneros e 31 famílias.Os gêneros que apresentaram os maiores númerosde espécies formam Baccharis L., com cinco espé-cies, Celtis L. e Paspalum Linn., com quatro espécies

cada e Axonopus P. Beauv., Eugenia L., Schinus L. eXylosma G. Forst., com três espécies cada. As famí-lias que apresentaram os maiores números de espé-cies foram Poaceae (21 espécies), Asteraceae (18espécies) e Myrtaceae (10 espécies).

Os resultados da análise de agrupamentos indi-caram a presença de cinco grupos de unidadesamostrais e cinco grupos de espécies. A partir dosdendrogramas obtidos construiu-se um quadroestruturado dos grupos de unidades amostrais e gru-pos de espécies (Fig. 1), no qual podem ser observa-dos os valores de densidade relativa de cada espé-cie, de acordo com o intervalo de classe utilizado.Na análise de concentração obteve-se um qui-qua-drado (χ2) de 1012,165 e um valor do coeficiente decontingência baseado no quadrado médio obtido (C)de 0,417, indicando uma boa estrutura de grupo(Wildi & Orlóci, 1996).

Foram reconhecidas as seguintes unidades esubunidades de vegetação: unidade de vegeta-ção Eugenia uniflora – Scutia buxifolia, comsubunidades Eugenia uniflora – Cupania vernalis eEugenia uniflora – Allophylus edulis; unidade devegetação Schinus lentiscifolius – Heterothalamusalienus; unidade de vegetação Eryngium horridum– Saccharum angustifolium, com subunidadeEryngium horridum – Piptochaetium montevidensee unidade de vegetação Axonopus affinis – Paspalumpumilum.

A unidade de vegetação Eugenia uniflora –Scutia buxifolia corresponde às formações florestaisna mina Volta Grande. A subunidade de vegetaçãoEugenia uniflora – Cupania vernalis ocorreu nasplanícies junto aos cursos d’água, onde é, muitasvezes, invadida pelo arroio. Os solos variam de pou-co a muito profundos (Sippel, 2003). Em direção auma maior declividade, essa é substituída pelasubunidade Eugenia uniflora – Allophylus edulis,que ocorreu nas partes menos íngremes das encos-tas das coxilhas e também isoladamente nos topos.De acordo com Sippel (2003), os solos nesses locaissão rasos. Um aspecto importante a considerar é ofato de que essas florestas sofreram grande interfe-rência causada pela abertura de estradas, quandoa mina estava em atividade. Atualmente, sofremcom o gado que penetra na floresta em busca de som-bra, pisoteando o estrato inferior de herbáceas e ar-bóreas em regeneração. Nesse sentido, a subunidadeEugenia uniflora – Allophylus edulis parece sera mais degradada, por ser de mais fácil acesso. Asubunidade Eugenia uniflora – Cupania vernalis

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parece ser menos invadida, provavelmente por selocalizar no fundo dos vales, entre coxilhas muitoíngremes. Esses fatores são refletidos na composi-ção florística e estrutura da vegetação, já que sãoinúmeras as clareiras que ocorrem nessas florestas,podendo ser observado um grande número de indi-víduos jovens.

A unidade de vegetação Schinus lentiscifolius –Heterothalamus alienus (savanas) ocorreu nasencostas, muitas vezes alcançando os topos dascoxilhas. Os solos nesses locais variam de rasos apouco profundos (Sippel, 2003). Apresenta dois es-tratos bem distintos: o inferior, composto de herbá-ceas, e o superior arbustivo-arbóreo.

Fig. 1. Quadro estruturado de grupos de unidades amostrais e grupos de espécies (as espécies utilizadas para definir as unidades esubunidades de vegetação aparecem sublinhadas). Dados coletados em 2000 e 2001 na mina Volta Grande, Lavras do Sul, RS.

|--------------------------------------------------------------------------------------- | RELEVE NO. |1 1 11 11 | | | | |0909009009|989898998888887778|55657776657666667766| | |4736109528|260847539543216870|92761039044845365221| |--------------------------------------------------------------------------------------- | RELEVE GROUP NO. |1111111111|222222222222222222|33333333333333333333| |--------------------------------------------------------------------------------------- |63 Zanthoxylum rhoifolium 1| | 22 12 2 12 | | |50 Schinus polygamus 1| | 21 12 | | |47 Quillaja brasiliensis 1| 22 | 112222122| | | 2 Allophylus edulis 1|2 2 | 21 22 222322222| | |40 Myrsine coriacea 1| | 122 1 1| | |13 Celtis sellowiana 1| | 222 | | |27 Gochnatia polymorpha 1| | 21 1 | | |11 Blepharocalix salicifolius 1| | 22 1222| | |62 Xylosma prockia 1| | 2 | | |39 Myrrhinium artropurpureum 1| | 1 1 | | |30 Iodina rhombifolia 1| | 1 1 | | |35 Matayba elaeagnoides 1| 2 2223 | 2222| | |33 Lithraea brasiliensis 1|22 | 22222| | |61 Vitex megapotamica 1|2 2 | | | |14 Celtis spinosa 1|22 | 12 2 | | |42 Parapiptadenia rigida 1| 2 2| | | |38 Myrcianthes gigantea 1| 22 2 2| | | |34 Luehea divaricata 1|2 23 2222| | | |21 Cupania vernalis 1|223233232 | | | |53 Sebastiania commersoniana 1|2 2 2223| 12 | | |25 Eugenia schuechiana 1|2232 222| | | |41 Ocotea puberula 1| 23 22 2|22 1 2 1| | |18 Citharexylum montevidense 1| | 222 | | |15 Celtis tala 1| |221 | | |52 Scutia buxifolia 1|222 222222|2233344442232231 | | |26 Eugenia uniflora 1| 2 222 22|223233232232332223| | | 1 Acanthosyris spinescens 1| | 1 2 | | |--------------------------------------------------------------------------------------| |29 Hyptis mutabilis 2| | | 2222 2| |12 Briza subaristata 2| | | | |23 Eryngium horridum 2| | | 2 | |22 Saccharum angustifolium 2| | |32 322322 2 22 | |51 Schizachyrium microstachyum 2| | | 22 22 2 | | 3 Aristida filifolia 2| | | | |16 Centrosema virginianum 2| | | | |--------------------------------------------------------------------------------------- |48 Rhynchospora sp. 3| | | | |31 Juncus capillaceus 3| | | | | 5 Axonopus compressus 3| | | | |58 Steinchisma hians 3| | | | |57 Sporobolus indicus 3| | | | |45 Paspalum pumilum 3| | | | | 4 Axonopus affinis 3| | | | |43 Paspalum notatum 3| | |2222 2 | |--------------------------------------------------------------------------------------- |56 Smilax campestris 4| | | 2 22 | |37 Mimosa ramulosa 4| | | 3233| |28 Heterothalamus alienus 4| | | 2334222323322 23 2| |10 Baccharis trimera 4| | |2222222 2 2 2322222| |49 Schinus lentiscifolius 4| | | 2 3223333442342| | 8 Baccharis coridifolia 4| | |222 22 2222 2 2| | 7 Baccharis articulata 4| | |2222 32 2 | |44 Paspalum paniculatum 4| | |22 2 2 | | 9 Baccharis dracunculifolia 4| | | 2 22 | |--------------------------------------------------------------------------------------- |60 Trifolium polymorphum 5| | | | |46 Piptochaetium montevidense 5| | | 222 222 | |54 Senecio brasiliensis 5| | | 2 2| |32 Juncus cf. microcephalus 5| | | | |59 Stipa filifolia 5| | | | |24 Eryngium pristis 5| | | | |20 Conyza blackei 5| | | | |55 Setaria parviflora 5| | | | | 6 Axonopus siccus 5| | | | |19 Coelorhachis selloana 5| | | | |17 Chevreulia sarmentosa 5| | | | |36 Mikania cynanchifolia 5| | | 2 2 | |---------------------------------------------------------------------------------------

--------------------------------------------------------| | | 32221| 5533431 1 13 11 43444433334554455212221121224| 03519|74637531743941222815535524197860838610287686007949| --------------------------------------------------------| 44444|55555555555555555555555555555555555555555555555555| --------------------------------------------------------| | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | --------------------------------------------------------| | 2332 2 3232 | | 22 22 2 2| 222|32322232242232233432222232332233322222436433423332| |344534232233342443344232223223222 22 | | 2222 2 2 232223 2422222 2 | | 22 2 2 22 222 | | 2 2 2 | --------------------------------------------------------| 2 2 | 22222 2 2 323232 | 3332 | 32323 22 2222 2222 | | 22222 2 | 222 2| | 2 2| | 22232| 2 2 | 33233| 22 2 22 4323 | 222 2| 2 22 2 222 2 2 22 2 2| --------------------------------------------------------| | | | | | 3 2 | 2| 2 2 2 22 22 22 22 2 | | 233342 | 2 | 2 2 2 3232222 22 22| | 2222 | | | | | --------------------------------------------------------| 2 | 2 22 22 | 2| 23 2 2 2 2 22 | |33222 2| | 2 2 2 | | 2 22 2 2 2| | 222 | | 2 2 2 2| | 22 | | 2 2 2 | | 2 2 | 22 | 2 | | | --------------------------------------------------------|

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O estrato inferior é floristicamente semelhan-te às manchas de vegetação herbácea (campos),sendo formado por gramíneas como Axonopusaffinis Chase, Saccharum angustifolium Trin.,Schizachyrium microstachyum (Desv.) Roseng., B.R. Arril. & Izag. e espécies de Aristida L., BrizaL., Paspalum, Piptochaetium J. & C.Presl eStipa Linn., asteráceas como Senecio brasiliensisLess., Achyrocline satureioides DC. e espéciesde Baccharis L., fabáceas como Trifoliumpolymorphum Poir. e Desmodium incanum DC. eespécies de Oxalis Linn. (oxalidáceas), entre outras,com a presença marcante de Eryngium horridumMalme. Isso pode ser verificado também no municí-pio de Bagé, onde Girardi-Deiro et al. (1992) regis-traram espécies dos gêneros Aristida e Briza, alémde Saccharum angustifolium, Eryngium horridum ePaspalum notatum Fluegge como as mais freqüen-tes nos campos limpos e nos campos com dois estra-tos de vegetação.

No estrato superior notou-se, marcadamente, apresença de três espécies: Schinus lentiscifoliusMarch., Heterothalamus alienus Kuntze e Mimosaramulosa Benth.

A unidade de vegetação Eryngium horridum –Saccharum angustifolium ocorreu nas planícies úmi-das das baixadas, que são freqüentemente alagadas.Nesse local, segundo Sippel (2003), os solos sãomuito profundos. A subunidade Eryngium horridum– Piptochaetium montevidense, por outro lado, ocor-reu em áreas de grande declividade, nas encostas dascoxilhas, onde o solo é muito raso (Sippel, 2003) ebem drenado, podendo ser visualizados, inclusive,afloramentos de rocha. Em áreas de mineraçãode carvão a céu aberto, Zocche & Porto (1993) en-contraram, em área de campo natural, as comunida-des vegetais (unidades diferenciais) Axonopus –Andropogon e Axonopus – Piptochaetium. A primei-ra ocorreu em baixadas úmidas e a segunda em áre-as de topos de coxilhas, onde o solo é bem drenadoe arenoso. Nas áreas mineradas, a comunidadePiptochaetium – Axonopus purpusii estava associa-da às encostas e a comunidade Piptochaetium –Cynodon ocorreu nas baixadas.

A unidade Axonopus affinis – Paspalumpumilum ocorreu nos topos das coxilhas sobre solospouco profundos (Sippel, 2003) e mal drenados enas baixadas sobre solos freqüentemente alagados.Pode ser verificada uma grande dissimilaridade tan-to fitossociológica quanto estrutural dessa associa-ção em relação às demais unidades de vegetação das

formações abertas na área. Um fator de grande im-portância a ser considerado é a presença do gadoovino, que utiliza essa área como pouso, permane-cendo grande parte do tempo em atividade depastejo, o que configura essa unidade de vegetação.É muito comum nessa região o manejo pelo corte deespécies lenhosas e a queima da vegetação, no intui-to de ampliar a área para utilização com animais. Deacordo com Boldrini (1997), o grande problema dacriação de ovinos é o fato de este tipo de animal sermuito seletivo, além de pastejar muito junto ao solo,o que pode eliminar os pontos de crescimento dasespécies preferenciais, provocando sua redução oueliminação. Essa prática interfere na expressão dascomunidades naturais e, se for utilizada uma lota-ção animal superior à indicada para o local, aumen-tará progressivamente a área de solo descoberto,podendo tornar irreversível a sua recuperação(Boldrini, 1997). Girardi-Deiro (1999) verificou, nomunicípio de Bagé, a presença de comunidades dePaspalum notatum nas áreas onde as espécies le-nhosas eram cortadas para o uso do gado. Nas áreasqueimadas, as comunidades mudaram ao longo dosanos, após cada distúrbio. No primeiro ano predo-minaram comunidades de Solidago chilensis Meyen,sendo substituídas por associações de Eragrostislugens Nees e, em seguida, de Axonopus affinis.

Além do gado ovino, restrito, em grande parte, aesse tipo de campo, existe a presença dos bovinosem toda a área da mina Volta Grande. As práticas deeliminação da vegetação arbustiva pelo corte e quei-ma dos campos pôde ser observada no verão. Asmanchas de vegetação herbácea (campos) e herbá-ceo-arbustiva (savanas) são as mais afetadas. Assim,os fatores ambientais (clima, altitude, solo, entreoutros) e as alterações antrópicas na área devem serconsiderados em relação à configuração da vegeta-ção. Para Braun-Blanquet (1979), o homem tornou-se um fator tão importante quanto o clima e o solona conformação das comunidades vegetais.

A organização espacial dessas unidades esubunidades de vegetação e a ocorrência de mi-neralizações podem ser visualizadas na Figura 2.Dos 22 filões conhecidos, 12 coincidem totalmentecom a unidade de vegetação Schinus lentiscifolius –Heterothalamus alienus, 3 com a unidade de vege-tação Axonopus affinis – Paspalum pumilum e 2 coma subunidade Eryngium horridum – Piptochaetiummontevidense. Além disso, 2 filões coincidem par-cialmente com as unidades de vegetação Schinuslentiscifolius – Heterothalamus alienus e Axonopus

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affinis – Paspalum pumilum e 2 com a unidade devegetação Schinus lentiscifolius – Heterothalamusalienus e a subunidade Eryngium horridum –Piptochaetium montevidense. Um dos filões, ainda,atravessa as unidades de vegetação Schinuslentiscifolius – Heterothalamus alienus e Axonopusaffinis – Paspalum pumilum e a subunidade Eugeniauniflora – Cupania vernalis. A unidade de vegeta-ção Schinus lentiscifolius – Heterothalamus alienuscorresponde a 63,32% da área total da mina VoltaGrande, cobrindo mais da metade das ocorrênciasminerais conhecidas, o que pode sugerir uma rela-ção entre essa associação e a as mineralizações decobre e ouro. Porto (1981, 1983, 1986, 1989) e Limae Cunha (1980, 1982, 1988) afirmaram que essa re-lação existe, tendo sido comprovada em trabalhosrealizados em minas localizadas em Lavras do Sul,RS, em grande parte no período em que havia ativi-dade de mineração. Recentemente, Zocche (2002)concluiu que as concentrações de cobre no solo enas folhas de Schinus lentiscifolius se mostraramindependentes, evidenciando ausência de correlação

estatisticamente significativa na área analisada namina Volta Grande.

Por outro lado, a unidade de vegetação Axonopusaffinis – Paspalum pumilum e as subunidadesEryngium horridum – Piptochaetium montevidensee Eugenia uniflora – Cupania vernalis tambémestão localizadas em áreas de ocorrência conhecidade filões. Esse fato poderia ser explicado consi-derando-se que não apenas a presença dos metaispesados, mas também aspectos relacionados àgeomorfologia (principalmente declividade), ao solo(drenagem, pH, nutrientes, processos de erosão elixiviação, entre outros) e ao uso do mesmo esta-riam influenciando na configuração das unidades esubunidades de vegetação. Além disso, para que hajauma resposta da vegetação aos metais pesados,esses devem estar disponibilizados no horizonte dosistema radical das plantas, possibilitando a absor-ção (Malyuga, 1964; Brooks, 1983). Dessa maneira,são importantes avaliações mais específicas noscompartimentos planta, solo e rocha para verificar ocomportamento do cobre nesses ecossistemas.

Fig. 2. Mapa das unidades e subunidades de vegetação e estruturas mineralizadas de cobre e de ouro na mina Volta Grande,Lavras do Sul, RS.

228000

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CuCu

NA

NA

NA

NA

NA

Cu

Autora: Taís C. E. FrizzoLab. Ecologia de Paisagem - UFRGS

0 500 1000 metros

N

e reservas não-avaliadas (NA). Fonte: CRM [19--] .

Legenda

Axonopus af fin is - Paspalum pumilumUnidade

Eryngium horridum - Saccharum angust ifo liumUnidadeSchinus lentiscifolius - Heterothalamus a lienusUnidade

Vegetação arbustiva-herbácea e herbácea

Eugenia un iflora - Allophylus edulisSubunidade

Unidade Eugenia un iflora - Scutia buxifoliaVegetação arbórea e arbustiva-arbórea

SombraCorpos d'água

Solo descobertoÁreas construídas e pavimentadasÁrea de beneficiamento de minérios

Ocupação antrópica

Estruturas minera lizadas (filões) de cobre (Cu), ouro (Au)

Eryngium horridum - Piptochaetium montevidenseSubunidade

Eugenia un iflora - Cupania vernalisSubunidade

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CONCLUSÕES

Na área da mina Volta Grande foram reco-nhecidas e mapeadas as seguintes associaçõesvegetais: unidade de vegetação Eugenia uniflora –Scutia buxifolia, com subunidades Eugeniauniflora – Cupania vernalis e Eugenia uniflora –Allophylus edulis; unidade de vegetação Schinuslentiscifolius – Heterothalamus alienus; unidadede vegetação Eryngium horridum – Saccharumangustifolium, com subunidade Eryngium horridum– Piptochaetium montevidense e unidade de vegeta-ção Axonopus affinis – Paspalum pumilum. A orga-nização espacial dessas na área parece estar relacio-nada, principalmente, à sua posição geomorfológica,à declividade e ao manejo para uso do gado. Aunidade de vegetação Schinus lentiscifolius –Heterothalamus alienus pode estar ligada às ocor-rências de mineralizações (filões) de ouro e cobrena mina Volta Grande, sendo necessária uma com-paração com outras áreas mineralizadas e não-mineralizadas no Rio Grande do Sul para utilizaresse dado em prospecção mineral.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico (CNPq) e à Fundação Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessãode bolsa e apoio financeiro, respectivamente, e à CompanhiaRiograndense de Mineração (CRM), por disponibilizar omapa de localização das ocorrências minerais na mina VoltaGrande.

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Trabalho submetido em 13.IX.2002. Aceito para publicação em 07. I. 2004.