56
POLÍTICA ECONOMIA EDUCAÇÃO AGRONEGÓCIO TURISMO SAÚDE SEGURANÇA TECNOLOGIA REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 30 - OUTUBRO/2010 - R$ 5,00 www.documentoreservado.com.br Mais que pesada Considerada uma das mais altas do mundo, a carga tributária brasileira vai arrecadar R$ 1,3 trilhão neste ano Discórdia na AL Os 51 projetos que o Governo Pessuti enviou à Assembleia tem sido causa de embates entre os deputados O governador eleito, Beto Richa (PSDB), e os senadores eleitos, Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB), não acreditam que o Paraná seja discriminado pela presidente Dilma Rousseff Mercado sinaliza com bons preços para a soja neste ano Paraná sem retaliações Paraná sem retaliações

Paraná sem retaliações

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Paraná sem retaliações

Citation preview

Page 1: Paraná sem retaliações

POLÍTICA ECONOMIA EDUCAÇÃO AGRONEGÓCIO TURISMO SAÚDE SEGURANÇA TECNOLOGIA

REVISTA DOCUMENTO RESERVADONº 30 - OUTUBRO/2010 - R$ 5,00www.documentoreservado.com.br

Mais que pesadaConsiderada uma das mais altas domundo, a carga tributária brasileiravai arrecadar R$ 1,3 trilhão neste ano

Discórdia na ALOs 51 projetos que o Governo Pessutienviou à Assembleia tem sido causade embates entre os deputados

O governador eleito, Beto Richa(PSDB), e os senadores eleitos,

Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião(PMDB), não acreditam que o Paraná seja

discriminado pela presidente Dilma Rousseff

Mercado sinaliza com bons

preços para a soja neste ano

Paraná sem retaliaçõesParaná sem retaliações

Page 2: Paraná sem retaliações
Page 3: Paraná sem retaliações
Page 4: Paraná sem retaliações

4Documento Reservado / Outubro 2010

Jornalista responsável e editor-chefePedro Ribeiro

Coordenação Geral e EdiçãoSilvio Oricolli

RedaçãoNorma Corrêa, Pedro Ribeiro,Silvio Oricolli e Lucian Haro

RevisãoNilza Batista Ferreira

FotosShutterstock

IlustraçõesDavidson

Projeto Gráfico e DiagramaçãoGraf Digital

ImpressãoReproset

Tiragem10.000 exemplaresImpresso em papel couché foscoLD 150 g, com verniz UV (capa)e couché fosco LD 90 g (miolo)

EndereçoRua João Negrão, n0. 731Cond. New York Building - 120. andar -sl. 1205 - CEP 80010-200 - Curitiba - PR

Telefones(41) 3322-5531 / 3203-5531

[email protected]

REVISTA DOCUMENTO RESERVADONº 30 - OUTUBRO/2010

expediente

Um naco de esperançaeditorial

ereza Assis de Lima Mendonça nasceu e vive até hoje na comunidade de pescadores deVila Fátima, na Ilha do Superagui, município de Guaraqueçaba. Ativa, aos 57 anos deidade, dona Tereza atende ao rádio amador, rema até as comunidades vizinhas de Vila

Rita e Abacateiro, para ver se tudo está em ordem e pesca o alimento do dia. Ela é agentecomunitária e principal responsável, junto com o marido, Aníbal Mendonça, e os filhosCristiano e Beto, pela realização de uma das maiores festas do nosso litoral: a Festa da NossaSenhora de Vila Fátima que reuniu, em agosto deste ano, perto de 800 pessoas na pequena vilade pescadores com apenas 12 casas e na entrada no Canal do Varadouro, divisa do Paraná comSão Paulo.

O que nos chama ainda mais a atenção é a força de vontade das pessoas da comunidade.Como não havia habitantes suficientemente para a manutenção de uma escola no local,dona Tereza e a professora voluntária, arregaçaram as mangas e reuniram 12 habitantes paraaulas diárias de alfabetização no precário postinho de saúde, onde há anos não aparece ummédico sequer.

Seo Aníbal, 67 anos, a própria dona Tereza, seo Salvador Mateus, 70 anos, e os demais,todos com idade acima de 60 anos, batem ponto diariamente na escolinha. Estão aprendendoa ler e a escrever e têm sonhos como, por exemplo, o dia em que a luz chegar à vila, poderãoter computador e navegar na internet. Hoje assistem televisão através de antenas parabólicas ecom gerador de energia. A energia é solar, portanto, não suporta uma geladeira ou umchuveiro.

Ao desembarcar, dia desses, na pequena ilha, onde a curiosidade de fotógrafo amador epescador de fim de semana me fizeram apaixonar pela vila, achei estranho o fato de nãoencontrar ninguém na beira do barranco, onde as embarcações param para a descida daspessoas. Estavam todos na aula, que começa às 14 horas e termina às 18 horas. Imediatamente,vem o seo Aníbal e, depois, dona Tereza. E a aula continuava. “Que bonito”, disse com meusbotões. Sinal de que ainda há um naco de esperança em erradicar o analfabetismo no Paraná,onde quer que ele esteja.

Bonito também é saber que vem aumentando o número de escolas em comunidades quilom-bolas do País. A exaltação do negro guerreiro é uma das características de um tipo de estabeleci-mento de ensino que só apareceu em 2004 e cresce rápido pelo Brasil: as escolas quilombolas. Àprimeira vista, são instituições comuns, com a mesma estrutura física e disciplinas das outrasescolas públicas, mas a cultura em que estão inseridas as difere em público e rotina.

Quilombola significa grupo formado por descendentes de escravos foragidos em quilom-bos. Embora o tema remeta ao passado, em termos de educação é bastante novo. O primeiroCenso Escolar do Ministério da Educação (MEC) a citar as instituições foi o de 2004, quandohavia 364 delas em todo o País. Agora, já são 1.696.

Inaugurada em 2005, a escola Maria Antonia Chules Princesa, no Vale do Ribeira, é umainstituição estadual, que fica no Quilombo André Lopes, na cidade de Eldorado (SP). Como éa única da região que oferece até o ensino médio, atende às quilombolas vizinhas de Ivaporun-duva, Pedro Cubas, São Pedro e Pilões, todas no mesmomunicípio.

Das escolas quilombolas atuais, 56% se concentramno Maranhão, na Bahia, em Minas Gerais, em Pernambucoe no Pará, mas com exceção do Acre, Amazonas e Rondô-nia, todos os Estados já possuem alguns desses estabeleci-mentos de ensino.

Pedro Ribeiro

T

Page 5: Paraná sem retaliações

5Documento Reservado / Outubro 2010

índice

08DILMA PRESIDENTEPrimeira mulher eleitapara a Presidęncia doBrasil, a petista DilmaRousseff terá de as-sumir o desafio de suceder o presidentemais popular da história do País, implemen-tar sua marca e enfrentar uma oposiçăomordida com derrotas para o PT

30LONGE DO ALVONăo é de agora que há críticas contra oresultado de pesquisas eleitorais e os insti-tutos que as realizam. Neste ano as denún-cias de manipulaçăo se acentuaram, a pon-to de deputados quererem impedir que se-jam divulgadas no Paraná

46SAÚDE EMBUTIDAAlém de saborosos, osembutidos, como ossalames, podem ga-nhar aliados que fo-mentem ainda maiso seu consumo: pesqui-sa desenvolvida no Paranádeve incorporar a utiliza-çăo de bactérias probióti-cas na formulaçăo desse alimento

17TODOS PELO PARANÁO governador Beto Richa (PSDB) e os sena-dores Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Re-quiăo (PMDB), eleitos no dia 3 de outubro,prometem empenho junto ao Governo deDilma Rousseff em benefício do Estado

18OLHOS ABERTOSA primeira senadora eleita pelo Paraná, GleisiHoffmann (PT), adianta que exigirá do pró-ximo Governo do Brasil atençăo maior aoEstado. Apesar de ser colega de partido dapresidente eleita, já avisa: “Estarei lá paracobrar também.”

22PRÁTICA CONDENÁVELCondenada em verso e prosa e combatidapela Justiça Eleitoral, a antiga prática dacompra de votos permanece viva no Brasile mostra seu poder nos períodos eleito-rais: ela se alimenta de dinheiro, favores epromessas

38GUERRA POLÍTICAEx-aliados de longa data e agora adversári-os, apesar de pertencerem ao PMDB, o ex-governador Roberto Requiăo e o atual, Or-lando Pessuti, tęm travado uma dura bata-lha, com direito a palavrőes em público

44BONS VENTOSDeixando a especulaçăo para trás, o cená-rio das commodities agrícolas deve ser pau-tado pela lei da oferta e procura na atualsafra. Isso sinaliza com melhores preços paraos grăos, especialmente para a soja

40ALÉM DA CONTAA sociedade é cada vez mais onerada coma carga tributária brasileira imposta pelaUniăo, estados e municípios, que neste anodeve chegar a R$ 1,3 trilhăo, como mostraa Fiep na cartilha “Sombra do Imposto”

51SANTA PÍLULAO urologista Sergio Bassi mostra, em artigo,os limites das pílulas contra a impotęnciasexual masculina, após enaltecer suas pro-priedades. E lembra que há casos em que sóoutros métodos garantem a “potęncia”

54FADA MADRINHAFernanda Richa, com vastohistórico de açőes sociaiscomo primeira-dama de Curi-tiba, se prepara para desem-penhar esse papel no Esta-do visando construir uma so-ciedade com melhor quali-dade de vida

34POMO DA DISCÓRDIAAté meados de outubro, o governador Or-lando Pessuti havia enviado ŕ AssembleiaLegislativa do Paraná 51 projetos. Isso ge-rou discórdia entre os atuais deputadosgovernistas e a bancada de apoio do próxi-mo governo 50

TEATRO EM CASAFim da desculpa para năo ir ao teatro por-que é caro ou por falta de tempo. Novida-de ainda no Brasil, mas já disponível emCuritiba, o e-teatro permite que as pessoasassistam, pela internet, as montagens emtempo real

Page 6: Paraná sem retaliações

6Documento Reservado / Outubro 2010

SecretariadoO governador eleito, BetoRicha (PSDB), depois dasegunda maratona políti-ca, onde acompanhou ocandidato ŕ Presidęnciada República, José Serra(PSDB), em várias cidadesdo País e no Paraná, vaiparar por 10 dias. Richaviajará com a família esomente após o dia 15 de

novembro começa a estudar os nomes para compor o secretariado. Até agora,estăo certos os nomes de Flávio Arns (Educaçăo), José Richa Filho (Administra-çăo), Gustavo Fruet (Copel ou Sanepar), Deonilson Roldo (Comunicaçăo Social) eIvan Bonilha (Procuradoria Geral do Estado).

Ansioso e inseguroSegundo ele, a impotęncia psicogęnica é uma das formas mais comuns. Além domais, a impotęncia psicogęnica se retroalimenta em um circulo vicioso: “A cadanova falha o homem fica progressivamente mais ansioso e inseguro para a próximarelaçăo sexual, sendo a ansiedade e insegurança alguns dos fatores determinantesda impotęncia.” Este fator psicológico que se retroalimenta, piorando a impotęncia,ocorre mesmo nos casos de impotęncia de origem orgânica, neste caso, adicionan-do a causa psicogęnica ao problema orgânico, a relaçăo sexual se torna pratica-mente impossível.

Broxar é normal?Quem responde é o médico Sergio Bassi: “Todo homem, em algum momento de suavida, deverá aceitar o fato de passar por algum episodio de impotęncia. Quem diz quenunca falhou, significa que ainda năo passou por um episódio deste ou está mentindo.Broxar também năo tem idade para acontecer. Devido ŕ complexa sexualidade mascu-lina, inúmeras razőes podem afetara potęncia do homem. Estresse eansiedade săo apenas alguns dosfatores mais comuns”.

Como resolverQuando mais de dois episódios

de impotęncia ocorrem emsequencia, o mais indicado é

procurar o auxilio de um profissi-onal médico especializado na

área da sexualidade masculina,geralmente um urologista.

Mesmo que o caso seja somentepsicogęnico, o simples fato de

ouvir uma opiniăo especializadairá confortar e tranquilizar o

homem, ajudando-o a perder aansiedade, insegurança e porvezes mesmo o pânico dos

próximos atos sexuais. Medica-mentos para a ereçăo, quando

bem indicados, podem ser úteispara ajudar o homem a fugir do

circulo vicioso de insegurança naimpotęncia psicogęnica.

Lei secaEm Apucarana, a Polícia Militar local

ficou uma fera, depois que teve a sede doSistema de Atendimento Móvel de Urgęn-cia atingido por tręs balaços. Em represá-lia, cassou o Alvará da Boate Fusion, quefunciona nas proximidades do móvel poli-cial restringindo o horário de funciona-mento para só até ŕs 23 horas. Como jus-tificativa, alega de-núncias da presen-ça de menores deidade frequentandoo local, se embria-gando e provocandoconfusőes.

Page 7: Paraná sem retaliações

7Documento Reservado / Outubro 2010

sintonia fina

Xô desgraçaDepois de sobreviver dentro do olho dofuracăo, com a grande mídia paranaensefungando no seu cangote, o presidenteda Assembléia Legislativa do Estado doParaná, deputado Nelson Justus (DEM),reeleito para mais um mandato parlamen-tar, respirou aliviado. Para comemorar avitória e relaxar, passou măo nos molinetes e varas de pescar e foi para oPantanal, onde se deliciou com belos exemplares de pacus, pintados edourados. Com ele, estava o coordenador geral da campanha de BetoRicha, Joăo Elísio Ferraz de Campos.

Pérola do judiciárioNa sala de Justiça, a criaturapede danos morais porque era

obrigado a andar com uma cobrade madeira na empresa. O carajuntou a cobra ao processo e a

instruçăo: “que conhece a cobrado reclamante; que já viu o

reclamante com a cobra exposta;que o reclamante andava com a

cobra ŕ vista na empresa; quetodos no setor já viram a cobra

do reclamante”. Pode!

Ferro nos bebuns

O bicho está pegando emLondres. O prefeito de Londres,Boris Johnson, quer adotar na

cidade um esquema que obrigariapessoas que cometeram crimes

quando alcoolizadas a ficarsóbrias por certos períodos de

tempo. Esses cidadăos, condena-dos por crimes associados ao

consumo de álcool, serăoobrigados a fazer o teste do

bafômetro duas vezes por dia. Sefalharem, terăo de passar 24

horas na cadeia.

Alto riscoA soma dos fatores drogas e periferias urbanas tem grande potencial pararesultar em exploraçăo sexual de pessoas com menos de 18 anos. Aavaliaçăo vem do Mapeamento dos Pontos de Exploraçăo Sexual de Crian-ças e Adolescentes nas Rodovias Federais Brasileiras, divulgado pelaPolícia Rodoviária Federal. A pesquisa levantou 1.820 pontos vulneráveisŕ exploraçăo sexual de crianças eadolescentes nas rodovias federais.Eles apresentam prostituiçăo adul-ta, tráfico ou consumo de drogas,presença constante de crianças eadolescentes e ocorręncias de ex-ploraçăo de pessoas com menos de18 anos nos últimos dois anos.

Herança políticaAlexandre Curi (PMDB), campeăo de vo-tos nesta eleiçăo, vai ser pai de gęmeos epoderá integrar a equipe de Beto Richa noGoverno. Curi, embora do PMDB, fez umacampanha silenciosa e provou a todos querealmente herdou o gene político do avôAníbal Curi. Deu de ombros para as críti-

cas – também da grande mídia – e colocou o pé na estrada. Depois deandar por praticamente todos os municípios, comemorou a vitória comperto de 150 mil votos.

Page 8: Paraná sem retaliações

8Documento Reservado / Outubro 2010

política

Um enigma Com o apoio contundente do presidente Lula,

a candidata do PT Dilma Rousseff saiu doanonimato e conseguiu ser eleita à Presidênciada República em sua primeira eleição. Agora

tem de provar que tem luz própria.

8Documento Reservado / Outubro 2010

Brasil acaba de passar por mais um grande teste dentrodo seu avançado processo de democracia que hoje, serve

de exemplo ao mundo, ao eleger pela primeira vez em sua histó-ria, uma mulher para comandar os destinos da Nação: DilmaRousseff, 62 anos, escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula daSilva e adotada pelo PT. Depois de passar pelo maior desafio desua vida, já que nunca havia disputado uma eleição, a ex-ministrada Casa Civil terá agora, o grande desafio de suceder o presidentemais popular da história política brasileira e caminhar com aspróprias pernas. Outro desafio para a presidente eleita será o deenfrentar uma oposição que vem, literalmente, mordida pela su-cessiva derrota ao PT de Lula que está no comando do País há oitoanos. Se as atuais oposições pretendem voltar ao poder em 2015,depois das eleições de 2014, têm de começar a enfrentar o Gover-no desde já. E parece que isto ficou claro até na disposição docandidato derrotado, José Serra (PSDB), que avisou: “Vou estarativo na política.” Outra liderança que manifestou oposição forteé o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). As oposi-ções governarão mais da metade da população brasileira.

Consciente de que terá oposição forte, tanto no CongressoNacional como nas lideranças partidárias nos estados e municípi-os, Dilma se antecipou e falou em conciliação, justamente parapoder governar. Em seu discurso afirmou que os interesses doPaís estão acima das desavenças partidárias ou pessoais dentro doprocesso político. O próprio Lula sempre se pautou como umconciliador e abriu o peito pedindo votos em benefício do povo.

O

Page 9: Paraná sem retaliações

9Documento Reservado / Outubro 2010

Norma Corrêa e Pedro Ribeiro

a desvendarAlém das oposições, as reformas tributá-

ria e previdenciária são pontos cruciais naadministração de Dilma Rousseff e necessári-as para que o Brasil cresça nos próximos anos.Historicamente, a questão previdenciária só éamplamente discutida no Congresso Nacionalem períodos de crise, a exemplo do que estáocorrendo atualmente em vários países naEuropa. No Brasil, o tema só entrou em pautaem 1999 e 2003, anos economicamente com-plicados. A conjuntura econômica atual favo-rável fornece argumentos contrários à refor-ma, o que sinaliza com grande desafio à equi-pe do novo governo.

Em relação à reforma tributária, ela tam-bém impõe um alto custo político à sua im-plementação. Lula foi o quarto governantederrotado pela enorme resistência em refor-mar o sistema de impostos e contribuiçõesestabelecido pela Constituição de 1988. O maiorentrave é, de longe, o Imposto sobre Circula-ção de Mercadorias e Serviços (ICMS), princi-pal fonte de receita dos estados. Receosos deperder arrecadação, os governadores fazempressão contra as tentativas de simplificaçãoou redução das alíquotas. Assim, a reformanão avança e a complexa estrutura tributáriabrasileira continua sendo pesada, pouco trans-parente e injusta.

Dilma, em seus discursos, tem demons-trado interesse e disposição para avançar nasreformas tributária e previdenciária. Não fa-lou em redução da carga, mas em simplifica-ção. A “reforma das reformas” é “prioridade”para a petista, embora ela não tenha dado

muitos detalhes de como trabalhará a ques-tão. Mas como essa proposta depende mais doCongresso do que da presidente, a concretiza-ção fica refém de sua capacidade de conquis-tar o apoio dos parlamentares.

Laranja ou luz própriaA petista Dilma Rousseff – eleita com

55.752.529 votos (56,05%), enquanto seu opo-sitor, José Serra, totalizou 43.711.388, o quecorrespondeu a 43,95% dos votos válidos –assume a Presidência da República no dia 1ºde janeiro de 2011, como um grande enigma aser desvendado. Ela terá pela frente algunsdesafios a superar, como, por exemplo, sairda sombra do presidente Luiz Inácio Lula da

Silva para construir a sua própria identidade emostrar que tem capacidade de articulação.Terá ainda a missão, já que é a primeira vezque disputa uma eleição, de esclarecer o rumoe as diferenças de seu governo, para desvincu-lar a idéia de que Lula poderá estar por trás docomando na Presidência da República.

Para a cientista política, Lúcia Hipólito,Dilma ascendeu ao poder não só por causado apoio do presidente Lula, mas tambémporque a máquina pública atuou “pesado”para ajudar a elegê-la. “Por isso, não acreditoque ela vá ser apenas um pau mandado deLula. Ela não será laranja nesse processo.Creio que deva buscar luz própria”, disse. Oprofessor Marco Antônio Villa, da Universi-

Tão logo o resultado das urnas deu a vitória de Dilma Rousseff,a militância petista saiu às ruas de todo o País para comemorar

Page 10: Paraná sem retaliações

10Documento Reservado / Outubro 2010

política

dade Federal de São Carlos (SP) faz a mesmaavaliação quanto ao desafio de Dilma de sedissociar do presidente Lula. “Mas se ela con-tinuar mantendo esses laços, mostrará que éuma criatura que age pela demanda do cria-dor. Ela precisa mostrar que não está sendoteleguiada pelo PT”, resumiu.

Segundo Lúcia Hipólito, a luz própria danova presidente brasileira será colocada à pro-va por ocasião da montagem da equipe minis-terial, quando os aliados já deram o tom decomo vão encaminhar o assunto. O PMDB dovice de Dilma, Michel Temer já avisou que narepartição do “pão” não vai aceitar ministéri-os de pouca importância e, ao que tudo indi-ca, vem com gula na distribuição de cargos.“Dilma certamente vai enfrentar uma boa brigana formação do seu ministério. Ela vai ter quecontentar e administrar os arroubos de aliadosque vai de Paulo Maluf (PP) ao José Rainha (lí-der do MST)”, disse, ao acrescentar que, umdos grandes feitos do presidente Lula foi terconseguido unir a oposição, na reta final dacampanha presidencial do segundo turno. Atéentão, na opinião da cientista política, os opo-sicionistas estavam esparsos, sem rumo e perdi-dos na função de opositores. E mais ainda, elaaposta que os senadores eleitos por Minas Ge-rais, Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS),podem despontar como as lideranças da oposi-ção no Congresso Nacional.

De acordo com Lúcia, agora começam asespeculações sobre quem vai assumir o co-mando dos 36 ministérios. E um deles é o

fortalecimento da Casa Civil, e oex-ministro da Fazenda Antônio Pa-locci seria o indicado para fazer opapel de articulador político. “Atéhá pouco tempo a Casa Civil nãotinha a relevância que tem hoje. Éuma pasta de articulação e o minis-tro atua como primeiro-ministro.No entanto, além da Casa Civil, paraos outros ministérios, existem mui-tos candidatos para poucas cadei-ras. Por isso, resta saber como vaiser o jogo de cintura de Dilma para resolveresse problema”, disse, adiantando que o chan-celer Celso Amorim e os ministros Guido Man-tega e Nelson Jobim não devem permanecerno novo governo. “Certamente será uma dis-puta muito acirrada para compor a equipeministerial e Dilma poderá fazer a partilhanegociada do Estado. Resta saber se ela terájogo de cintura suficiente para impedir o sa-que das estatais”, emendou o professor Villa.

Segundo Villa, a oposição terá uma tarefaárdua no Congresso Nacional. “A Câmara nãopoderá contar mais com Fernando Gabeira(PV ) e Gustavo Fruet (PSDB) que representa-ram papel político de fundamental importân-cia na oposição. Agora, está muito difícil iden-tificar uma liderança de oposição na Câmara,onde Dilma terá maioria. Mas, nessa maioriagovernista pode haver insatisfação na distri-buição de cargos e esses podem se insurgircontra o Governo”, avaliou.

Combate à corrupçãoHoras depois de ser considerada eleita pelo

Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no dia 31de outubro, Dilma Rousseff fez um pronunci-amento emocionado e não conseguiu seguraro choro, embora seja conhecida por seu tem-peramento forte. O discurso foi conciliadorprometendo respeitar as diferenças partidári-

as e religiosas, além de zelar pela “ampla eirrestrita liberdade de imprensa” e combater acorrupção. Ela assegurou que está sendo coe-rente com as suas idéias e princípios que de-fendia nos anos 70. “Não sucumbimos aosmodismos ideológicos. Persistimos em nossasconvicções, buscando, a partir delas, cons-truir alternativas concretas e realistas”, disse.Dilma pregou a união do País, mesmo nasdivergências e, ao agradecer os votos recebi-dos, acenou pela composição com os partidosde oposição e com os eleitores que votaramem Serra. “Estendo minha mão a eles. De mi-nha parte não haverá discriminação, privilégi-os ou compadrio”, afirmou.

Também fez um chamamento aos em-presários, às igrejas, governadores, prefei-tos e “todas as pessoas de bem” para se unirpela erradicação da miséria, compromissoassumido pelo presidente Lula, no seu pri-meiro mandato, e assegurou que essa “am-biciosa meta” não será realizada apenas pelavontade do Governo. “Não podemos des-cansar enquanto houver brasileiros comfome, enquanto houver famílias morandonas ruas, enquanto crianças pobres estive-rem abandonadas à própria sorte”, disse.Dilma também fez questão de lembrar o“apoio” do presidente Lula, admitindo queele foi o grande responsável por sua vitóriae que sempre vai recorrer ao “padrinho”quando se defrontar com dificuldades. “Ba-terei muito à sua porta e, tenho certeza, aencontrarei sempre aberta. Ter a honra de

Lula e Dilma, criador e criatura, saemvitoriosos nas eleições deste ano.Lula promete voltar em 2014

Beto Richa, governador eleito, trabalhou atéos últimos momentos pela eleição de

José Serra no Paraná e em outros estados

Page 11: Paraná sem retaliações

11Documento Reservado / Outubro 2010

seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensasabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda”, afirmou.

Momentos equivocadosLúcia Hipólito disse que o ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB) esco-

lheu os momentos errados para disputar a eleição presidencial. Segundo ela, em2002, quando os brasileiros queriam mudanças, Serra usou o discurso da continuida-de, e, em 2010, quando a população queria a continuidade, o tucano optou pordefender a mudança. “Ou seja, Serra era o homem errado na hora errada. Além domais, a oposição não foi competente, porque, numa eleição difícil de ganhar, erroumuito. E não foram poucos os erros: Lula aparecendo na propaganda do Serra; otucano demorou muito para se identificar como candidato; demorou três meses paraanunciar o vice que, a exceção do Rio de Janeiro, era um ilustre desconhecido norestante do País”, apontou. E disse ainda que, em 2014, será outro grande desafio paraa oposição, já que Lula está disposto a disputar novamente a Presidência da Repúbli-ca. “Se venceu Dilma, que era desconhecida no País e foi eleita graças a atuação deLula, imaginem como será quando Lula se colocar como candidato? A oposição temque se mexer se não quiser fazer feio nas urnas”, ensinou.

De acordo com os analistas, embora o PT sempre tenha defendido a alternânciano poder, as eleições de Lula (2002 e 2006), Dilma (2010), e a possibilidade da voltade Lula em 2014, dará ao PT 20 anos no poder. Dizem que Dilma poderá fazer ummandato tampão, uma vez que a legislação não permite mais de uma reeleição, parapreparar a volta de Lula, em 2014. Enquanto isso não acontece, o ministro PauloBernardo, do Planejamento, anunciou, pouco antes do encerramento da apuraçãodos votos na eleição do segundo turno, quando a vitória de Dilma Rousseff já estavaselada, que já está tudo pronto para a transição. E, respondendo a jornalistas sobreDilma ser “laranja” de Lula, o ministro assegurou que “ela tem luz própria e que teráseu próprio estilo de governar”.

Base aliadaOs partidos da base aliada da presidente eleita Dilma Rousseff comandarão 17

dos 27 estados brasileiros a partir de 2011: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará,Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Piauí,Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Sergipe e Mato Grosso do Sul.

OposiçãoAs legendas da oposição ficam com Alagoas, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná,

Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

No ParanáO tucano José Serra foi confirmado como o favorito dos paranaenses, também

no segundo turno: fez 55,44% dos votos, enquanto que Dilma Rousseff (PT) ficoucom 44,56%. Em Curitiba, maior colégio eleitoral do Estado, Serra ficou com 63% dosvotos e Dilma com 36%; em Londrina, Serra fez 75% dos votos e Dilma, 24%; emMaringá, Serra fez 61% dos votos e Dilma 38%; em Ponta Grossa, Serra teve 54% dosvotos e Dilma 44%; em Paranaguá, Serra fez 65% dos votos e Dilma fez 34%; em SãoJosé dos Pinhais, Serra teve 51% dos votos contra 48% de Dilma.

Estados onde Serrafoi vitorioso:

Rio Grande do SulJosé Serra – 50%

Dilma Rousseff – 49%

Santa CatarinaJosé Serra – 56%

Dilma Rousseff – 43%

ParanáJosé Serra – 55%

Dilma Rousseff – 44%

Săo PauloJosé Serra – 54%

Dilma Rousseff – 44%

Mato Grosso do SulJosé Serra – 55%

Dilma Rousseff – 44%

GoiásJosé Serra – 50%

Dilma Rousseff – 49%

Mato GrossoJosé Serra – 51%

Dilma Rousseff – 48%

RoraimaJosé Serra – 66%

Dilma Rousseff – 33%

AcreJosé Serra – 69%

Dilma Rousseff – 30%

RondôniaJosé Serra – 52%

Dilma Rousseff – 47%

Espírito SantoSerra – 50%Dilma – 49%

Confira o resultado das urnas no País

Estados onde Dilmafoi vitoriosa

Minas GeraisDilma – 58%Serra – 41%

Rio de JaneiroDilma – 60%Serra – 39%

BahiaDilma – 70%Serra – 29%

SergipeDilma – 53%Serra – 46%

AlagoasDilma – 53%Serra – 46%

PernambucoDilma – 75%Serra – 24%

MaranhăoDilma – 79%Serra – 20%

Rio Grande do NorteDilma – 59%Serra – 40%

TocantinsDilma – 58%Serra – 41%

CearáDilma – 77%Serra – 22%

ParaíbaDilma – 53%Serra – 46%

AmapáDilma – 62%Serra – 37%

AmazonasDilma – 80%Serra – 19%

PiauíDilma – 69%Serra – 30%

Distrito FederalDilma – 52%Serra – 47%

Page 12: Paraná sem retaliações

12Documento Reservado / Outubro 2010

política

Dilma Rousseff nasceu em Belo Horizonte, no dia 14 de dezembro de 1947.É economista e foi ministra-chefe da Casa Civil do Governo Lula. Nascida em família declasse média alta e educada de modo tradicional, interessou-se pelos ideaissocialistas durante a juventude, logo após o Golpe Militar de 1964. Iniciando na militân-cia, integrou organizaçőes que defendiam a luta armada contra o regime militar, comoo Comando de Libertaçăo Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada RevolucionáriaPalmares (VAR Palmares). Passou quase tręs anos presa entre 1970 e 1972, primeira-mente na Oban (onde passou por sessőes de tortura) e depois no DOPS.

Reconstruiu sua vida no Rio Grande do Sul, onde junto com o companheiro por maisde 30 anos, Carlos Araújo, ajudou na fundaçăo do Partido Democrático Trabalhista (PDT)e participou ativamente de diversas campanhas eleitorais. Exerceu o cargo de secretáriamunicipal da Fazenda de Porto Alegre no governo Alceu Collares e mais tarde foi secre-tária estadual de Minas e Energia, tanto no governo de Alceu como no de Olívio Dutra,no meio do qual se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT) em 2001.

Participou da equipe que formulou o plano de governo na área energética naeleiçăo de Luiz Inácio Lula da Silva ŕ Presidęncia da República em 2002, onde sedestacou e foi indicada para titular do Ministério de Minas e Energia. Novamentereconhecida por seus méritos técnicos e gerenciais, foi nomeada ministra-chefe da CasaCivil devido ao escândalo do mensalăo, crise que levou ŕ renúncia do entăo ministro JoséDirceu. Foi considerada pela Revista Época uma dos 100 brasileiros mais influentes doano de 2009.

Infância e início da juventudeDilma é filha do advogado e empreendedor búlgaro naturalizado brasileiro Pedro

Rousseff e da dona de casa Dilma Jane Silva. Seu pai, parente distante do escritor RanBosilek, manteve estreita amizade com a poetisa búlgara Elisaveta Bagriana, foi filiadoao Partido Comunista da Bulgária e frequentava os círculos literários nos anos 1920. Che-gou ao Brasil no fim da década de 1930, já viúvo, mas se mudou para Buenos Aires eanos depois retornou ao Brasil, fixando-se em Săo Paulo, onde prosperou.

Em uma viagem a Uberaba conheceu Dilma Jane Silva, moça fluminense de NovaFriburgo, professora de vinte anos, criada no interior de Minas Gerais, onde seus paiseram pecuaristas. Casaram-se e fixaram residęncia em Belo Horizonte, onde tiveram tręsfilhos: Igor, Dilma Vana e Zana Lúcia (morta em 1976). Pedro Roussef trabalhou para asiderúrgica Mannesmann, além de construir e vender imóveis. Vencida a resistęnciainicial da sociedade local contra os estrangeiros, passaram a frequentar os clubes e asescolas mais tradicionais. Incentivada pelo pai, Dilma adquiriu cedo o gosto pela leitura.Falecido em1962, Pedro Roussef deixou de herança por volta de 15 imóveis de valor.

De 1952 a 1954, cursou a pré-escola no colégio Isabela Hendrix e a partir de1955 iniciou o ensino fundamental no Colégio Nossa Senhora de Sion, em BeloHorizonte. Em 1964, prestou concurso e ingressou no Colégio Estadual Central (atualEscola Estadual Governador Milton Campos), ingressando na primeira série do cursoclássico (ensino médio). Nessa escola pública o movimento estudantil era ativo, especi-

Dilma Vana Rousseff

Page 13: Paraná sem retaliações

13Documento Reservado / Outubro 2010

almente por conta do recente golpe militar. Deacordo com ela, foi nesta escola que ficou “bemsubversiva” e que percebeu que o mundo năo erapara “debutante”, iniciando sua educaçăo políti-ca.

Ainda em 1964, ingressou na Política Operá-ria (Polop), uma organizaçăo fundada em 1961,oriunda do Partido Socialista Brasileiro, onde mili-tou ao lado de José Aníbal. Seus militantes logoviram-se divididos em relaçăo ao método a serutilizado para a implantaçăo do socialismo: enquan-to alguns defendiam a luta pela convocaçăo deuma assembleia constituinte, outros preferiama luta armada. Dilma ficou com o segundo grupo,que deu origem ao Comando de Libertaçăo Nacio-nal (COLINA). Foi nessa época que conheceu Cláu-dio Galeno Linhares, cinco anos mais velho, quetambém defendia a luta armada. Galeno, que in-gressara na POLOP em 1962, havia servido noExército, participara da sublevaçăo dos marinhei-ros por ocasiăo do golpe militar e fora preso na Ilhadas Cobras. Casaram-se em 1967, apenas no ci-vil, depois de um ano de namoro. Carlos Araújo foiescolhido como um dos seis dirigentes da VAR Pal-mares, que se autointitulava “uma organizaçăopolítico-militar de caráter partidário, marxista-le-ninista, que se propőe a cumprir todas as tarefasda guerra revolucionária e da construçăo do Parti-do da Classe Operária, com o objetivo de tomar opoder e construir o socialismo”. Dilma era a grandelíder da organizaçăo clandestina VAR-Palmares.Usando vários codinomes, como Estela, Luísa, MariaLúcia, Marina, Patrícia e Wanda, teria recebidoepítetos superlativos dos relatórios da repressăo,definindo-a como “um dos cérebros” dos esquemasrevolucionários.

PrisãoUma série de prisőes de militantes conseguiu

capturar José Olavo Leite Ribeiro, que se encon-trava tręs vezes por semana com Dilma. Conformeo relato de Ribeiro, após um dia de tortura, reve-lou o lugar onde se encontraria com outro militan-te, em um bar na Rua Augusta. Em 16 dejaneiro de 1970, obrigado a ir ao local acompa-nhado de policiais disfarçados, seu colega tam-bém foi capturado e, quando já se preparavam

para deixar o local, Dilma, que năo estava sendoesperada, chegou. Percebendo que algo estavaerrado, Dilma tentou sair do local sem ser notada.

Mais tarde, ela denunciou as torturas em pro-cessos judiciais, inclusive dando nome de militaresque participaram dos atos, como o capităo doExército Benoni de Arruda Albernaz, referido pordiversas outras pessoas. Ainda que tenha revela-do o nome de alguns militantes, conseguiu preser-var Carlos Araújo (que só viria a ser preso váriosmeses depois) e sua ajudante no recolhimento dasarmas, Maria Celeste Martins. Seu nome estavanuma lista, encontrada na casa de Carlos Lamar-ca, com presos a que se daria prioridade para se-rem trocados por sequestrados, mas nunca foi tro-cada e cumpriu a pena regularmente. Carlos Araú-jo foi preso em 12 de agosto de 1970. Durante operíodo em que Dilma esteve presa, Araújo teveum rápido romance com a atriz e simpatizante daorganizaçăo, Bete Mendes.

Em dezembro de 2006, a Comissăo Especialde Reparaçăo da Secretaria de Direitos Humanosdo Estado do Rio de Janeiro aprovou um pedidode indenizaçăo de Dilma e outras 18 pessoas pre-sas em dependęncias de órgăos policiais do gover-no estadual paulista na década de 1970. Em seuprocesso, foi fundamental o depoimento de VâniaAbrantes, que esteve com ela na mesma viaturapolicial em uma viagem de Săo Paulo para o Rio deJaneiro (Vânia era a companheira de Carlos Araújoquando ele e Dilma começaram seurelacionamento). Pediu ainda indenizaçăo nos es-tados de Săo Paulo e Minas Gerais, pois além deser presa em Săo Paulo, foi levada a interrogatórioem Juiz de Fora e no Rio de Janeiro. Também pediuindenizaçăo ao Governo Federal. Nos tręs esta-dos, as indenizaçőes, fixadas em lei, podem che-gar a R$ 72 mil reais. A assessoria de Dilma, afir-ma que os pedidos tęm caráter simbólico, além doque teria solicitado que os processos só fossemjulgados após seu afastamento dos cargos públi-cos.

Mudança para Porto AlegreDilma saiu do Presídio Tiradentes no fim

de 1972, com 57 kg, dez quilos mais magra e comuma disfunçăo na tireoide. Havia sido condenada

em alguns processos e absolvida em outros. Pas-sou um período com sua família em Minas Geraispara se recuperar, ficou algum tempo com uma tiaem Săo Paulo e depois mudou para Porto Alegre,onde Carlos Araújo cumpria os últimos meses desua pena. Ficou na casa dos sogros, de onde seavistava o presídio onde estava Araújo. Dilma ovisitava com frequęncia, levando jornais e até li-vros políticos, disfarçados de romances. Desati-vado o Presídio da ilha das Pedras Brancas, Araújocumpriu o restante da pena no Presídio Central.Punida por subversăo de acordo com o Decreto-lei477, considerado o AI-5 das universidades, ela foiexpulsa da Universidade Federal de Minas Gerais eimpedida de retomar seus estudos naquela univer-sidade em 1973, o que fez Dilma prestar vestibu-lar para Cięncias Econômicas na Universidade Fe-deral do Rio Grande do Sul. Graduou-se em 1977,năo tendo participado ativamente do movimentoestudantil. No ano anterior, em março, nasceu suaúnica filha, Paula Rousseff Araújo. Sua primeiraatividade remunerada após sair da prisăo foide estagiária na Fundaçăo de Economia eEstatística (FEE), vinculada ao governo do Rio Gran-de do Sul. Sobre a polęmica a respeito de sua titu-laçăo, Dilma declarou que: “Fiz o curso de mestra-do, mas năo o concluí e năo fiz dissertaçăo. Foi porisso que voltei ŕ universidade para fazer o doutora-do. E aí eu virei ministra e năo concluí o doutora-do.” A universidade informa que ela nunca se matri-culou oficialmente no mestrado.

Carreira políticaCom o fim do bipartidarismo, Dilma participou

junto com Carlos Araújo, dos esforços de LeonelBrizola para a recriaçăo do Partido TrabalhistaBrasileiro (PTB). Após a perda da sigla para o gru-po de Ivete Vargas, participou da fundaçăodo Partido Democrático Trabalhista (PDT). Araújofoi eleito deputado estadual em 1982,1986 e 1990. Foi também duas vezes candidatoa prefeito de Porto Alegre, perdendo para ospetistas Olívio Dutra, em 1988, e Tarso Genro,em 1992. Dilma conseguiu seu segundo empregona primeira metade dos anos 1980 como assesso-ra da bancada do PDT na Assembleia Legislativa doRio Grande do Sul.

Page 14: Paraná sem retaliações

14Documento Reservado / Outubro 2010

política

Secretária Municipal da FazendaAraújo e Dilma dedicaram-se com afinco na

campanha de Alceu Collares ŕ prefeitura de PortoAlegre, em 1985, sendo que em sua casa foi pre-parada grande parte da campanha e do programade governo. Eleito prefeito, Collares a nomeoutitular da Secretaria Municipal da Fazenda, seuprimeiro cargo executivo. Collares reconhece ainfluęncia de Araújo na indicaçăo, mas ressaltaque também contribuiu a competęncia de Dilma.Ali ela permaneceu até 1988, quando se afastoupara se dedicar ŕ campanha de Araújo ŕ prefeiturade Porto Alegre. Enquanto Collares lembra da ges-tăo de Dilma como exemplo de competęncia etransparęncia, Políbio Braga discorda, lembrandoque “ela năo deixou sequer um relatório, e a secre-taria era um caos”.

A derrota de Araújo na candidatura a prefeitoalijou o PDT dos cargos executivos. Em 1989,contudo, Dilma foi nomeada diretora-geral da Câ-mara Municipal de Porto Alegre, mas acabou de-mitida do cargo pelo presidente da casa, vereadorValdir Fraga, porque chegava tarde ao trabalho.Conforme Fraga, “eu a exonerei porque houve umproblema com o relógio de ponto”.

Secretária Estadual de Energia,Minas e Comunicações

Em 1990, Alceu Collares foi eleito governa-dor, indicando Dilma para presidente da Fundaçăode Economia e Estatística, onde ela estagiarana década de 1970. Permaneceu ali até o fimde 1993, quando foi nomeada Secretária de Ener-gia, Minas e Comunicaçőes, sustentada pela influ-ęncia de Carlos Araújo e seu grupo político. Ficouno cargo até final de 1994, época em que seurelacionamento com Araújo chegou ao fim. Depoisreconciliaram-se e permaneceram juntos até 2000,quando Dilma foi morar sozinha em um apartamen-to alugado. Em 1995, terminado o mandato deAlceu Collares, Dilma afastou-se dos cargos políti-cos e retornou ŕ FEE, onde foi editora darevista Indicadores Econômicos. Foi nesse inter-valo que se matriculou oficialmente no curso dedoutorado da Unicamp, em 1998.

Em 1998, o petista Olívio Dutra ganhou aseleiçőes para o governo gaúcho com o apoio do

PDT no segundo turno, e Dilma retornou ŕ Secre-taria de Minas e Energia. Na sua gestăo, a capaci-dade de atendimento do setor elétrico aumentou46%, devido a um programa emergencial de obrasonde participaram estatais e empresas privadas.

Ministra de Minas e EnergiaOs assuntos relacionados ŕ área de minas e

energia na plataforma do candidato Lula eram dis-cutidos em reuniőes coordenadas pelo físico e en-genheiro nuclear Luiz Pinguelli Rosa. Outro desta-que do grupo era Ildo Sauer, sendo ambos total-mente contrários ŕs privatizaçőes no setor, que emsua visăo eram as responsáveis pelos problemasenergéticos que o País passava. Dilma foi convi-dada por Pinguelli a participar do grupo em junhode 2001, onde chegou tímida para integrar umaequipe com vários professores, mas logo se so-bressaiu com sua objetividade e bom conhecimen-to do setor. Para todos no grupo, contudo, eraevidente que Pinguelli seria o ministro de Minas eEnergia, caso Lula vencesse a eleiçăo em 2002.Foi grande a surpresa quando Lula, eleito, esco-lheu Dilma para titular da pasta. Teria pesado mui-to a simpatia que Antonio Palocci nutria por Dil-ma, reconhecendo que teria trânsito muito maisfácil junto ao setor privado do que Pinguelli, alémde ter apoiado a Carta aos Brasileiros, concordan-do com as mudanças no partido.

Sua gestăo no Ministério foi marcada pelorespeito aos contratos da gestăo anterior, pe-los esforços em evitar um novo apagăo e pelaimplantaçăo de um modelo elétrico menos con-centrado nas măos do Estado, diferentementedo que queriam Luiz Pinguelli Rosa e Ildo Sauer.Quanto ao mercado livre de energia, Dilma năosó o manteve como o ampliou. Convicta de queinvestimentos urgentes em geraçăo de energiaelétrica deveriam ser feitos para que o País năosofresse um apagăo já em 2009, Dilma travousério embate com a ministra do MeioAmbiente, Marina Silva, que defendia o em-bargo a várias obras, preocupada como desequilíbrio ecológico que poderiam causar.José Dirceu, na época ministro-chefe da CasaCivil, teve que criar uma equipe de mediadoresentre as ministras para tentar resolver as dispu-

tas. Amigo de Lula, Pinguelli foi nomeado presi-dente da Eletrobrás e protagonizou grandes di-vergęncias com a ministra, chegando a colocaro cargo ŕ disposiçăo. Ironizava as oscilaçőes dehumor de Dilma.

Ministra-Chefe da Casa CivilQuando José Dirceu saiu do ministério por causa

do escândalo do mensalăo, ao invés de ficar en-fraquecida, Lula surpreendeu a escolhendo para achefia da Casa Civil. O Consulado dos EstadosUnidos em Săo Paulo encaminhou ao Departamen-to de Estado, logo após a posse de Dilma na CasaCivil, um dossię traçando seu perfil detalhado,falando de seu passado como guerrilheira, gostose hábitos pessoais e características profissionais,sendo descrita como técnica prestigiada e deta-lhista, com fama de workaholic e com grande ca-pacidade de ouvir, mas com falta de tato político,dirigindo-se ŕs vezes, conforme relatos de um as-sessor graduado, diretamente aos técnicos ao in-vés de seus superiores. Por causa do escândalodos cartőes corporativos, que eclodiu em janeirode 2008, atingindo o governo federal e causandoa demissăo da ministra de Políticas de Promoçăoda Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, a oposiçăoentrou com um pedido para a instalaçăo deuma Comissăo Parlamentar de Inquérito para in-vestigaçőes mais aprofundadas.

Em 22 de março de 2008, uma reportagempublicada pela revista Veja, afirmou que o Paláciodo Planalto montou um dossię que detalhava gas-tos da família de FHC. A matéria diz que os docu-mentos estariam sendo usados para intimidar aoposiçăo na CPI dos Cartőes Corporativos. A CasaCivil negou a existęncia de tal dossię, apresentan-do no espaço de 15 dias tręs versőes diferentessobre o assunto, todas depois desmentidas pelaimprensa. Em 28 de março, o jornal Folha de S.Paulo publicou uma reportagem afirmando que asecretária-executiva da Casa Civil, Erenice AlvesGuerra, deu a ordem para a organizaçăo do dossię.Em entrevista coletiva em 4 de abril, Dilma reco-nheceu a feitura do banco de dados, mas descar-tou a conotaçăo política do mesmo. Disse que ovazamento de informaçőes e papéis federais écrime e que uma comissăo de inquérito interna iria

Page 15: Paraná sem retaliações

15Documento Reservado / Outubro 2010

Programas SociaisManter e aprofundar a principal marca do governo Lula - seu olhar social -, ampliando programascomo o Bolsa Família e implantando novos programas com o propósito de erradicar a miséria nadécada que se inicia.

Educação de QualidadePriorizar a qualidade da educaçăo, contemplando medidas como o treinamento e a remuneraçăo deprofessores; bolsas de estudo e apoio para que os alunos năo sejam obrigados a abandonar aescola; e salas de aula informatizadas e com acesso ŕ banda larga.Proteger as crianças e os mais jovens da violęncia, do assédio das drogas e da imposiçăo dotrabalho em detrimento da formaçăo escolar e acadęmica. E, simultaneamente, oferecer aosjovens a oportunidade de começar a vida com segurança, liberdade, trabalho e a perspectiva derealizaçăo pessoal.Ampliar e disseminar pelo Brasil a rede de creches, pré-escolas e escolas infantis.

Saúde Para TodosAprimorar a eficácia do sistema de saúde, garantindo mais recursos para o SUS, reforçando asredes de atençăo ŕ saúde e unificando as açőes entre os diferentes níveis de governo; dedicandouma atençăo ainda maior aos hospitais públicos e conveniados, as novas Unidades de ProntoAtendimento (UPAs), ao SAMU e a programas como o Saúde da Família, o Brasil Sorridente e aFarmácia Popular.

Reforma UrbanaColocar todo o empenho do Governo Federal, junto com estados e municípios, para promoveruma profunda reforma urbana, que beneficie prioritariamente as camadas mais desprotegidasda populaçăo.Melhorar a habitaçăo e universalizar o saneamento. Implantar transporte seguro, barato e eficien-te. E reforçar os programas de segurança pública.

Meio AmbienteFortalecer a proteçăo ao meio ambiente, reduzindo o desmatamento e impulsionando a matrizenergética mais limpa do mundo; mantendo a vanguarda nacional na produçăo de biocombustíveise desenvolvendo nosso potencial hidrelétrico; e cumprindo as metas voluntárias assumidas naConferęncia do Clima, haja ou năo acordo internacional.

Indústria, Agricultura e InovaçãoAprofundar os avanços da política industrial e agrícola, enfatizando a inovaçăo, o aperfeiçoamen-to dos mecanismos de crédito e o aumento da produtividade.Agregar valor a nossas riquezas naturais e produzir tudo o que pode ser produzido no Brasil.Continuar mostrando ao mundo que é possível compatibilizar o desenvolvimento da agriculturafamiliar e do agronegócio. Assegurar crédito, assistęncia técnica e mercado aos pequenos produ-tores e, ao mesmo tempo, apoiar os grandes produtores, que contribuem decisivamente para osuperávit comercial brasileiro.

TransparênciaManter a transparęncia dos gastos públicos e aperfeiçoar seus mecanismos de controle. Combatera corrupçăo, utilizando todos os mecanismos institucionais.Concretizar, junto com o Congresso, as reformas institucionais que năo puderam ser completadasou foram apenas parcialmente implantadas, como a reforma política e a tributária.Aprofundar a postura soberana do Brasil no mundo, defendendo intransigentemente a paz mundiale uma ordem econômica e política mais justa.

Manter o equilíbrio fiscal, o controle da inflaçăo e a política de câmbio flutuante.

Programa de Governo

apurar o fato. Em 7 de abril, a Polícia Federal (PF)decidiu investigar o caso. Em 7 de maio, em audi-ęncia na Comissăo de Infraestrutura do SenadoFederal, respondeu questőes relativas ao dossię.As investigaçőes da PF concluíram que o respon-sável pelo vazamento foi o funcionário da CasaCivil José Aparecido Nunes, subordinado de Ereni-ce Guerra entăo secretária executiva de DilmaRousseff. Ele enviou passagens do dossię para oassessor do senador Álvaro Dias, AndréFernandes, confirmando que o dossię existiu.

Caso VarigEm junho de 2008, a ex-diretora

da Anac (Agęncia Nacional de Aviaçăo Civil) De-nise Abreu afirmou em entrevista ao jornal O Es-tado de S. Paulo, que a Casa Civil favoreceu avenda da VarigLog e da Varig ao fundo norte-americano Matlin Patterson e aos tręs sócios bra-sileiros. Denise, que deixou o cargo em agosto de2007, sob acusaçőes feitas durante a CPI doApagăo Aéreo, relatou que a ministra Dilma Rous-seff e a secretária-executiva da Casa Civil, Ere-nice Guerra, a pressionaram a tomar decisőesfavoráveis ŕ venda da VarigLog e da Varig. Se-gundo ela, Dilma a desestimulou a pedir docu-mentos que comprovassem a capacidade finan-ceira dos tręs sócios (Marco Antônio Audi, LuísEduardo Gallo e Marcos Haftel) para comprar aempresa, já que a lei proíbe estrangeiros de pos-suir mais de 20% do capital das companhias aé-reas. Dilma negou as acusaçőes e Denise Abreunăo apresentou nenhum documento ou prova quesustentasse suas acusaçőes.

Programa de Aceleração doCrescimento

Dilma Rousseff é considerada pelo governoa gerente do Programa de Aceleraçăo deCrescimento (PAC). Lula também a chamou de“măe” do PAC, designando-a responsável peloprograma em todo o país e informando que apopulaçăo deve cobrar dela o andamento dasobras. Quanto ao ritmo das obras, Dilma alegouque o País năo tem o elevado grau de eficięnciada Suíça, mas tem conseguido acelerar os mai-

ores projetos.

Page 16: Paraná sem retaliações

16Documento Reservado / Outubro 2010

Page 17: Paraná sem retaliações

17Documento Reservado / Outubro 2010

Pedro Ribeiropolítica

Foco no Paranágovernador eleito, Beto Richa (PSDB),não acredita em retaliação do Gover

no Federal ao Paraná. Logo após a confirma-ção da vitória de Dilma Rousseff para a Presi-dência da República, disse que vai continuarsendo um soldado do partido e, sempre quefor chamado, estará à disposição. Ele lem-brou que, assim como havia prometido, ocandidato do partido à sucessão do presi-dente Lula, José Serra, mais que dobrou osseus votos no Paraná.

“Como prefeito de Curitiba, sempre tivebom relacionamento com o governo federal.No Governo do Estado, espero que o relacio-namento seja o mesmo. Mas é evidente que,com o Serra presidente, a história seria dife-rente, pois temos afinidades políticas e umaamizade pessoal. E ainda teríamos o mesmopartido no poder no Estado e no GovernoFederal. Além de tudo isso, o Serra já demons-trou em inúmeras oportunidades sua identi-dade com nosso Estado”, disse.

Richa garantiu que não vai fazer o papelde oposição, porque essa postura cabe aoCongresso Nacional. “Parece que a sociedadebrasileira não entendeu as propostas de Serra.

Richa diz que terá posturaque beneficie o Estado;

Requião e Gleisiprometem empenho paraobter mais atenção em

favor do Paraná

Além do mais, o presidente Lula, que tem umapopularidade gigantesca, pediu, e muito, vo-tos para Dilma, dando à sua candidata vanta-gem grande no Norte e Nordeste do País, eapesar do aumento da votação de Serra noSul, não foi suficiente para reverter os votosdo Norte e Nordeste”, avaliou.....

Também o ex-governador e senador elei-to, Roberto Requião (PMDB), prometeu defen-der o Estado junto ao Governo Federal. Como

aliado de Dilma Rousseff, ele acredita que orelacionamento será bom. Ele, no entanto,condicionou seu apoio ao governador BetoRicha desde que ele não privatize a Copel emantenha a política de educação para o Esta-do, adotada por seu irmão, Maurício Requião.A mais contundente em relação às defesas doParaná foi a senadora eleita, Gleisi Hoffmann,que também prometeu cobrar, no Senado Fe-deral, integral apoio para o seu Estado.

O

Page 18: Paraná sem retaliações

18Documento Reservado / Outubro 2010

política

A senadora eleita pelo Paraná,Gleisi Hoffmann, e os cientistaspolíticos, Luiz Domingos Costa

e Ricardo Oliveira, nãoacreditam que a presidente

eleita, Dilma Rousseffdiscrimine o Paraná, por causa

da escolha dos paranaensespor José Serra.

Pelo contrário, eles apostamque a petista deve destacar oseu governo realizando obras,até para que os eleitores doEstado mudem de opinião

O Paraná

Page 19: Paraná sem retaliações

19Documento Reservado / Outubro 2010

Norma Corrêa

leita a primeira mulher presidente dahistória do Brasil, a mineira Dilma

Rousseff (PT) vai estender ao Paraná as açõesde Governo desenhadas para o País, embora oseu adversário, José Serra (PSDB) tenha venci-do as eleições no Estado, com O apoio deter-minado do governador eleito no primeiro tur-no, Beto Richa (PSDB). A garantia foi dadapela senadora eleita, Gleisi Hoffmann (PT).Segundo ela, sem paixões partidárias, o Esta-do vai receber os mesmos investimentos pre-vistos para todos os estados brasileiros. “Dil-ma tem as definições bem claras de seu proje-to de governo, e os compromissos assumidosem campanha serão implementados no País.O Paraná não será deixado de lado porque ooutro candidato venceu aqui. Não acreditoque ela (Dilma) discrimine o Estado”, assegu-ra. Até porque a própria Gleisi estará atentano Senado para que o Paraná seja atendidoem suas necessidades. “Estarei lá para cobrartambém”, diz, contando, bem humorada, queo seu marido, Paulo Bernardo, ministro doPlanejamento, disse que “agora” depois de elei-ta senadora a petista vai “incomodar” mais.

Entre as ações pretendidas estão a cons-trução de 500 unidades de Pronto Atendimen-to, 6 mil creches e pré-escolas e 2 milhões decasas populares. De acordo com a senadora,Dilma deve também concretizar os programasem andamento, como o PAC 2, que prevê umgrande volume de ações na área de habitação,

com o Minha Casa, Minha Vida; obras de sane-amento; a concretização do consórcio de saú-de envolvendo 18 municípios de Curitiba eRegião Metropolitana; no setor de educação,com a construção de mais 16 Institutos Fede-rais Tecnológicos – já existem 14 e a intençãoé de que o Paraná tenha 30 unidades. Na áreade infraestrutura, Gleisi garante que o Estadoserá beneficiado com diversas ações, citandoa reforma do terminal rodoviário de Foz doIguaçu e a construção da segunda ponte, queliga o Brasil ao Paraguai. Sobre a construçãodo metrô, em Curitiba, a senadora eleita disseque o PAC 2 tem recursos reservados para otransporte urbano, para atender as 12 cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014. “Os recur-sos estão lá. Mas, a definição sobre a constru-ção ou não do metrô cabe à comissão encar-regada de preparar a cidade para receber acompetição. Esta comissão é composta porrepresentantes da Prefeitura de Curitiba e doGoverno do Estado, que estarão encarregadosde decidir o que é melhor para a cidade”,explica.

Além de trabalhar por recursos e obraspara o Paraná, Gleisi diz que vai atuar comfirmeza para que a reforma política saia dopapel e, também, para atrair o interesse dasmulheres para a política. “Dilma disse certavez uma frase que acho muito importante eque deve ser multiplicada: “eu também pos-so.” As mulheres precisam saber que também

Dilma: “Eu também posso”, paramostrar que as mulheres podem serpresidente, deputadas, senadoras...

E

não será preteridopodem ser presidentes, deputadas, senadoras.Elas precisam despertar o interesse para essarealidade”, ensina.

Relação administrativaO cientista político, Luiz Domingos Costa,

Page 20: Paraná sem retaliações

20Documento Reservado / Outubro 2010

política

Em quase 8 anos de mandato,O presidente Lula não teve nenhuma relação de animosidade comgovernadores, garantem cientistas políticos

também é da mesma opinião da senadora Glei-si: o Paraná sempre manteve relação adminis-trativa com os presidentes da República. “Nãoacredito em discriminação porque a maioriados eleitores do Estado escolheu Serra. Dilmanão fará isso. Até porque, os governantes nãopriorizam a relação política em detrimento dorelacionamento administrativo. Ninguém fazisso”, diz, citando como exemplo o presidenteLula, “que não tem relação de animosidadecom nenhum governante”.

Segundo Costa, o Paraná também não serápreterido porque o governador que assumeem 2011 é de um partido de oposição. “O fatode a maioria dos paranaenses terem escolhidoJosé Serra, e de o governador (Beto Richa) serde um partido oposicionista não vai refletirno tratamento que a presidente eleita (DilmaRousseff ) dispensará ao Paraná. Acredito atéque esse fato pode ter efeito inverso. É possí-vel que a petista procure enfatizar o GovernoFederal com obras. E, numa tentativa de ree-leição, as obras realizadas podem ter peso su-ficiente para reverter o quadro, que foi negati-vo agora”, pontua.

Para o cientista político Ricardo Oliveira,“ninguém se coloca contra um presidente daRepública, se quiser o desenvolvimento doseu estado, da sua cidade”. Segundo ele, quem

faz oposição ao Governo central são os repre-sentantes no Senado e na Câmara Federal, etambém a imprensa. “É claro que Dilma teráuma relação amistosa com Beto (Richa, o go-vernador eleito) e com o Paraná, mas quepoderia ser muito diferente caso o eleito fosseJosé Serra. A relação deve ser republicana,porque faz parte do jogo político. Nenhumgovernante se coloca contra o presidente daRepública, da mesma forma que nenhum pre-feito é contra o governador, porque há inte-resses”, completa.

Estareilá paracobrar

também.Gleisi Hoffmann

“Mais trabalho”O governador eleito do Paraná, Beto Ri-

cha (PSDB), já pressentia o resultado dasurnas pouco antes de votar em Curitiba, nofinal da manhã do dia 31 de outubro, noColégio Estadual Amâncio Moro, no JardimSocial. Em entrevista à Agência Estado, otucano admite que, com a eleição de DilmaRousseff (PT) para a Presidência da Repúbli-ca, ele terá “um pouco mais de trabalho” naadministração do Estado do que se José Ser-ra fosse o vencedor. Mas, Richa assegura queestá preparado. “Fui prefeito de Curitiba porquase cinco anos e meio, também com oGoverno Federal do PT, sendo perseguidopelo Governo do Estado. No entanto, conse-guimos com nosso esforço, com grande equi-pe, fazer um bom trabalho”, observa. Paraele, a eleição de Serra seria “excepcional”para o Estado. “Ia me ajudar muito nas trans-formações que queremos para o Estado, aju-dar a implantar boas, importantes e consis-tentes propostas”, avalia.

Page 21: Paraná sem retaliações

21Documento Reservado / Outubro 2010

Page 22: Paraná sem retaliações

22Documento Reservado / Outubro 2010

política

Mercadoxistem os votos ideológicos (em que oeleitor vota pela ideologia partidária),

os votos pessoais (quando se vota no político,pela pessoa e não pelo partido ou ideologia)ou os votos circunstanciais (eleitores que even-tualmente votam em um determinado candi-dato atendendo pedido de alguém, por seramigo, conhecido, etc.). Nos últimos anos,porém, somam-se a estes, mais uma diversida-de eleitoral: os votos comprados. Comprar evender voto são os piores e os mais perigososdos crimes praticados no Brasil, uma vez queos seus efeitos são devastadores, capazes deenvenenar e destruir uma sociedade inteirasem se importar com o respeito ao próximo.Há quem compare a ação destruidora do co-mércio de voto como algo semelhante aos ven-davais, que fazem desaparecer cidades inteirasem pouco tempo. Este é um problema queestá sendo comparado a um mercado persa,quando, neste panorama escancarado e semqualquer resquício de honestidade, troca-sevoto por remédios, sapatos, materiais de cons-trução, iluminação para uma rua, alvará deconstrução, material escolar, e houve casos,nas eleições deste ano, de troca de voto por

do votoE uma pedra de crack. Também, no comércio

de votos encontra-se com facilidade pessoasdispostas a trocar seu voto por dinheiro vivo,por dentaduras, por botinas, por falsas e enga-nosas promessas de emprego, enfim, por tudoque forma o conjunto das necessidades ime-diatas de um povo carente de civismo e maleducado politicamente. Essas práticas, a cadaano que passa, estão cada vez mais enraizadasno tecido social do brasileiro e cujo diagnós-tico, aos poucos, vem sendo revelado, escan-dalizando os cidadãos de bem.

Nos primeiros dias de outubro, tão logo aAssembleia Legislativa do Paraná voltou à ati-vidade, depois do recesso branco, propostopara que os deputados pudessem garimparvotos Estado afora, as denúncias de aliciamentode cabos eleitorais pipocaram no plenário.Não foram poucos os deputados que se quei-xaram da dificuldade de conquistar o eleitor,para o qual já havia promessa financeira deoutro político. E nem poderia dizer que setratava de chororô de perdedores, de deputa-dos que não se elegeram e que, agora, diziamque houve compra de votos e, por isso, nãoforam eleitos. Nada disso. Até mesmo os que

se saíram bem nas urnas contaram casos de“interferências financeiras” em seus redutoseleitorais. O deputado Luiz Cláudio Roma-nelli (PMDB), que diz ter sua base eleitoralno Norte Pioneiro, reclamou das interven-ções de candidatos na sua região, dificultan-do o seu trabalho junto aos eleitores, denun-ciando a prática de abuso de poder econô-mico. Ele contou que “soube” de deputadoque gastou quase R$ 10 milhões para se ele-ger. Por outro lado, o deputado Élio Rusch(DEM), líder da oposição na Casa, repetiu omantra da “necessidade da reforma política”no País. “Não é possível convivermos com 40partidos. Não é possível que se faça coliga-ção por interesses pessoais e não ideológi-cos. Isso precisa ser revisto. Criar um parti-do político é mais fácil que abrir boteco deesquina. Espero que o novo Congresso Naci-

do voto

Page 23: Paraná sem retaliações

23Documento Reservado / Outubro 2010

Norma Corrêa

O jogo pesado do poder econômico está cada vez mais ousado no comércio dacompra e venda de voto: Troca-se voto por remédios, sapatos, materiais de

construção, iluminação para uma rua, alvará de construção, material escolar, e houvecasos, nas eleições deste ano, de troca por uma pedra de crack. Há quem prefere

dinheiro ou ainda aceita dentaduras, botinas e até por promessas de emprego

onal analise essa situação, que está ficandoinsustentável”, reagiu. O deputado Dobrandi-no da Silva (PMDB), também se queixou dodesequilíbrio da disputa com o poder econô-mico ditando as regras em Foz do Iguaçu. Alémdisso, o número expressivo de candidatos àAssembleia Legislativa dificultou ainda mais acaptura de votos, não para ele, que não con-correu, mas para seu filho, Sâmis da Silva(PSDB), que disputou uma cadeira no Legisla-tivo paranaense. Para o deputado StephanesJúnior (PMDB), as eleições deste ano supera-ram todas as expectativas no que diz respeitoao abuso do poder econômico. “Em compa-

ração com as eleições passadas (2006), esteano o jogo financeiro foi pesado. Não foi fácilconquistar os votos”, lamentou.

Histórias que se multiplicamAs reclamações, porém, não ficaram res-

tritas aos deputados estaduais paranaenses. Emtodos os cantos do País, as histórias se reno-vam, com detalhes picantes, hilariantes e que

chegam a envergonhar. No Amazonas, o sena-dor Arthur Virgílio (PSDB) denunciou ao Mi-nistério Público Federal (MPF) um esquema“maquiado” de pagamentos a cerca de 100 milcabos eleitorais no interior do estado, no va-

Page 24: Paraná sem retaliações

24Documento Reservado / Outubro 2010

política

Cartaz do Ministério Público Federal é item da campanha contra a compra e venda de voto

lor de R$ 600,00 ou R$ 1,2 mil cada. À revistaIstoÉ Dinheiro, Virgílio disse que “os benefici-ados com os cartões seriam os coordenadoresdas compras de votos, que ficariam com R$100 ou R$ 200, e seriam encarregados de com-prar entre 10 e 20 votos pelo valor de R$ 50cada”. Para o senador tucano, esses cabos elei-torais talvez sejam pessoas que já recebem uma

bolsa, por meio de cartão bancário do Brades-co, no programa Bolsa Floresta, administradopela Fundação Amazonas Sustentável, umaparceria do Governo do Estado com a institui-ção financeira.

Na Paraíba, um juiz denunciou à PolíciaFederal a compra e venda de votos por pe-dras de crack, no município de Solânea, a

140 quilômetros da capital João Pessoa. Deacordo com o juiz, o esquema tem a partici-pação de políticos e cabos eleitorais, queusam o serviço de moto-táxi para a distribui-ção da droga. Segundo ele, políticos partici-pam do esquema e consumidores são usadoscomo cabos eleitorais no processo de trocade votos pelo crack. Também um eleitor in-dignado, de João Pessoa, escolheu uma for-ma inusitada para protestar contra a corrup-ção que domina as campanhas eleitorais. Elecolocou um anúncio no “Mercado Livre”, umdos mais procurados meio de comércio ele-trônico, para vender o seu voto nas eleiçõesdeste ano. A notícia, publicada no jornal Di-ário de Natal, dizia que, pela tabela, o votodo paraibano custava R$ 20. E não foi o úni-co a ter essa ideia curiosa. Em outro jornal, aFolha Vitória, no Espírito Santo, destacoumatéria de um eleitor carioca, declaradamenteindeciso, mas que tinha total disposição paravender o seu voto por meio daquele site,postando preço, prazo e condições de paga-mento definidos: R$ 550, que poderiam serdivididos em até 12 parcelas, em cartão decrédito. No mesmo “Mercado Livre” outroeleitor, morador da região de Porto Alegre,no Rio Grande do Sul, também se dispunha avender o seu voto: “Se alguém tiver interesseestou vendendo meu voto. É muito mais ba-rato que ficar colocando cartazes na rua egastando com publicidade! É um voto garan-tido! Não me importo com política e nãotenho partido, logo, para mim, tanto faz quemestá no poder, e esta é minha garantia”.

Essa prática, embora criminosa, parececomum aos olhos do cidadão? Um fato corri-queiro? Tudo indica que sim. Pelo menos é oque aponta uma pesquisa feita pelo Ibope,sob encomenda da Associação dos Magistra-dos Brasileiros (AMB), e que traça um perfildo eleitor brasileiro. A pesquisa foi realizadaentre os dias 18 e 21 de agosto deste ano,com 2002 pessoas, de 140 cidades do País. De

Page 25: Paraná sem retaliações

25Documento Reservado / Outubro 2010

Stephanes Júnior: “Em comparação com as eleições passadas (2006), este ano o jogo financeiro foi pesado”

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) denunciou esquema “maquiado” de pagamentos de 100 mil caboseleitorais, no valor de R$ 600,00 ou R$ 1,2 mil cada

acordo com o levantamento, a região Nor-deste é campeã na incidência de compra evenda de votos, com 21% de casos confirma-dos. Isso quer dizer que lá, um em cada cin-co eleitores admite aceitar benefícios em tro-ca de voto. A pesquisa mostra, ainda que 43%dos entrevistados dizem ter conhecimento decompra e venda de votos e, desses, 57% pos-suem nível escolar superior; 41% disseramque conhecem alguém que já vendeu o votoe 13% admitem que podem vender o voto.Com relação a denuncias, 54% disseram quenão denunciariam a venda e compra de vo-tos, 14% falaram que não sabem para quemdenunciar e 43% afirmaram que denunciari-am à Justiça Eleitoral. Ninguém lembrou doMinistério Público. A pesquisa revelou que acompra e venda de votos atinge todas as clas-ses sociais e está presente em todas as regiõesdo País, como se fosse uma praga que se es-palhou pelo Brasil.

Para a advogada especialista em DireitoEleitoral, Carla Karpstein, esse fenômenotem as suas causas e suas explicações, e adificuldade em punir corruptores e corrup-tos está na apresentação de provas. “Esse éo grande problema para a impunidade da

compra e venda de voto. Usar apenas depo-imento de testemunhas não é suficiente, aJustiça Eleitoral não aceita como prova paracassação. Por isso, o conselho é para que aspessoas filmem, tirem foto, consigam docu-mentos que possam comprovar o crime”,ensinou. Segundo ela, essa é uma prática de

grupos políticos formados há muitos anos eque vêm brigando entre si, e cada um usa asarmas que tem para conquistar o voto doeleitor. “E, nesse jogo, ganha aquele quepaga mais e melhor. Mas, a população tam-bém tem grande parcela de culpa. E nãoadianta as campanhas do Tribunal SuperiorEleitoral (TSE) de conscientização contra avenda do voto. Esse apelo chega ao ouvidoda população, que prefere não ouvir e acre-ditar que está sendo ‘esperta’ ao trocar oseu voto por qualquer coisa que seja. Temmuita gente que espera os períodos de elei-ção e, na cara dura, fazem as suas ‘reivindi-cações’ aos candidatos. É uma vergonha oque se vê por aí”, constata e avisa que senada for feito, num breve espaço de tempo,a tendência é a situação piorar e o custo dovoto ficar cada vez mais caro. A advogadadiz que, enquanto se pratica a corrupção, oBrasil continua caindo no ranking das na-ções, como o último colocado no atendi-mento à educação e penúltimo em saúde,“porque os políticos que compram votos

Page 26: Paraná sem retaliações

26Documento Reservado / Outubro 2010

política

O ex-governador do Maranhão, Jackson Lago, teve seu mandato cassado pelo TSE, por compra devotos em Imperatriz

O ex-governador do Tocantins, Marcelo Miranda, foicassado em 2009, pelo TSE, por promessa de vanta-gens a eleitores, preenchimento de cargos públicosde forma irregular, distribuição de bens custeadospelo serviço público, uso indevido de meios de comu-nicação e doações de 14 mil cheques-moradia

querem o benefício próprio e não se com-prometem com o bem estar da população”.

Já para o cientista político e professor daUniversidade Federal do Paraná (UFPR), Ri-cardo Oliveira, a saída para acabar com essetipo de crime eleitoral é uma ampla reformapolítica, que pregue o voto distrital misto,políticas mais rígidas para controle de gastosem períodos eleitorais, financiamento públi-co de campanha e escolha de políticos pelaideologia. Segundo ele, o brasileiro é conside-rado o povo mais mal informado sobre a po-lítica e suas implicações (despolitizado) e, porisso, é mais fácil de ser enganado e comprado.“Esse tipo de situação, dentro de um regimedemocrático, pode provocar danos irrepará-veis, com atrasos desordenados no crescimentointelectual e moral”, disse.

Punições por compra de votosNas eleições de 3 de outubro, o Tribunal

Superior Eleitoral (TSE) divulgou os núme-ros de ocorrências de infração à legislaçãoeleitoral em todo o País: 103 casos registra-dos até as 11 horas do do dia das eleições,dos quais 42 terminaram em prisão. Ao todo,13 pessoas foram presas por compra de votos(corrupção eleitoral, artigo 299 do CódigoEleitoral). Embora São Paulo seja o maiorcolégio eleitoral do País (30,3 milhões de elei-tores, segundo o TSE), foi registrado apenasum caso de infração, mesmo assim, sem pri-são. O desrespeito eleitoral praticado pelopaulistano foi a divulgação de propaganda.Minas Gerais foi o campeão de ocorrências:20 no total (12 com prisão), seguido por MatoGrosso do Sul, com 15 registros de infração

(2 prisões); Distrito Federal, 14 casos (11 pri-sões); Paraná, 10 ocorrências (4 prisões), eo Rio de Janeiro, com 10 registros (3 comprisão). Em ordem decrescente, os princi-pais registros de infração foram: divulgaçãode propaganda (14 com prisão; 39 sem pri-são); boca de urna (11 com prisão; 7 semprisão); compra de votos (13 prisões); trans-porte ilegal de eleitores (3 prisões e um casosem prisão); uso de auto-falantes, amplifica-dores ou realização de comissões e carreatas(apenas dois registros sem prisão).

A lei nº 9.840, de 28 de setembro de 1999,a Lei Eleitoral, diz que o candidato que ofe-recer qualquer benefício em troca de votospoderá ser punido com multa de até R$ 50mil e cassação do mandato. Foi com basenessa lei que, a exemplo da Lei Ficha Limpa,também existe graças à mobilização popular(reuniu 1 milhão de assinaturas de eleitoresde todo o Brasil para aprovação de lei noCongresso Nacional), mais de 900 políticosperderam os seus mandatos por arrecadar

Page 27: Paraná sem retaliações

27Documento Reservado / Outubro 2010

Na Bahia, a forma mais comum de compra de voto é trocando por asfalto

O ex-governador da Paraíba,Cássio Cunha Lima, foi cassado

pelo TSE, em 2008, por abusode poder econômico, político

e compra de votos

votos ilegalmente, desde 2000 até o ano pas-sado. Somente no período compreendidoentre o final de 2008 e março de 2009, 357prefeitos, vice-prefeitos e vereadores foramcassados nas eleições de 2008. Em 2000, fo-ram 15; e, em 2004, o número subiu para 73.Nos últimos anos, o MPE tem se mostradomais atento com a prática da compra de vo-tos exercida por parte de postulantes a car-gos públicos no período eleitoral, e a Justiçatem dado mostras de que a punição para oscasos comprovados pode chegar ao seu últi-mo grau, com a perda de mandato e dosdireitos políticos de quem a cometeu. De2008 para cá, três governadores e 457 prefei-tos foram cassados após comprovação decaptação ilícita de votos, segundo dados doTribunal Superior Eleitoral (TSE).

O ex-governador da Paraíba, Cássio Cu-nha Lima (PSDB) e o vice, José Lacerda Neto(DEM), foram cassados pelo TSE, em 20 denovembro de 2008, por abuso de poder eco-nômico e político e compra de votos. Antes,contudo, em julho de 2007, o ex-governador eseu vice já haviam sido cassados sob a acusa-

ção de terem distribuído 35 mil cheques àpessoas carentes durante a campanha eleito-ral de 2006. Também acusados por compra de

votos, em 3 de março de 2009, o ex-governa-dor do Maranhão Jackson Lago (PDT), e seuvice, Luiz Carlos Porto (PPS), tiveram seusmandatos cassados pelo TSE. O ministro ErosGrau, afirmou, na época, que foi comprovadaa compra de votos no município Imperatriz,com a prisão de eleitores e a apreensão de R$17 mil com o motorista de um vereador aliadode Lago. A lista de cassação de mandatos degovernadores encerra com o ex-governadordo Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB). Em26 de junho de 2009, o TSE cassou, por unani-midade, os mandatos do peemedebista e deseu vice, Paulo Sidnei Antunes (PPS), tambémpor abuso de poder político. Entre as acusa-ções contra Miranda estão a promessa de van-tagens a eleitores, preenchimento de cargospúblicos de forma irregular, distribuição debens custeados pelo serviço público, uso in-devido de meios de comunicação e doaçõesde 14 mil cheques-moradia.

Page 28: Paraná sem retaliações

28Documento Reservado / Outubro 2010

Page 29: Paraná sem retaliações

29Documento Reservado / Outubro 2010

Page 30: Paraná sem retaliações

30Documento Reservado / Outubro 2010

política

“Para mais ou

ual é o caminho que os eleitores usampara escolher os seus candidatos? Essa

é uma questão que incomoda e desafia cientis-tas políticos e marqueteiros de todas as hos-tes. Muitos, se não milhares, de eleitores brasi-leiros apostam naqueles candidatos que ocu-pam a ponta da tabela, aqueles que estão nafrente das pesquisas eleitorais, para formar oconjunto de motivações da sua preferênciapolítica. É para essa grande parcela da popu-lação que os institutos de pesquisa atuam. Es-sas empresas agem com maior desenvolturaem períodos eleitorais, porque co-letar informações sobre a inten-ção de voto do eleitor brasileirovirou obsessão, e uma fonte delucro. No primeiro turno das elei-ções deste ano, Ibope, Datafolha,Sensus, Vox Populi, todos erraramnas suas previsões. O Ibope errouaté na pesquisa de boca de urna –feita no dia da eleição quando osentrevistadores abordam os elei-

Todos os institutos depesquisas erraram os

levantamentos feitos paramedir a preferência doeleitorado brasileiro, no

primeiro turno

tores e perguntam em quem ele votou. Se aspesquisas tivessem acertado, a candidata doPT, Dilma Rousseff, teria vencido a disputa

para a Presidência da Repúblicano primeiro turno, e a corridaao Palácio Iguaçu, no Paraná, te-ria ido para o segundo turno.Não é de hoje que a credibilida-de dos institutos de pesquisa estáem xeque. No segundo turno,

porém, os “erros” foram menores, mas po-dem ser considerados dentro da margem pre-vista pelos próprios institutos, em torno de 2%a 3%. No dia 31 de outubro, a pesquisa deboca de urna do Ibope dava vantagem de 16pontos percentuais para Dilma Rousseff (58%a 42% para José Serra). Quando as urnas fo-ram abertas a diferença entre a petista e otucano foi de 12% - Dilma fez 56,05% dos vo-tos, e José Serra 43,95%.

“Serra derrotou as pesquisas manipuladase o exército de manipulação e mentira”, disseo senador Álvaro Dias (PSDB), ao analisar oresultado do dia 3 de outubro. E o governador

Pereira: “os institutosextrapolaram de novo,insistindo na mentira”

Q

Page 31: Paraná sem retaliações

31Documento Reservado / Outubro 2010

Norma Corrêa

para menos”

eleito do Paraná, Beto Richa (PSDB), fez ques-tão de salientar que, no primeiro turno “seanunciava uma inundação da onda vermelha,mas essa onda está morrendo na praia”. ParaSerra, “os resultados das pesquisas passaramvexame no primeiro turno, inclusive do Ibo-pe, que errou até na pesquisa de boca de urna”.Já o deputado Élio Rusch (DEM), líder da opo-sição na Assembleia Legislativa, os erros “gri-tantes” dos institutos de pesquisas abre a pos-sibilidade de as pessoas avaliarem como bementenderem os números divulgados pelos le-vantamentos. “Se formos avaliar a metodolo-gia dos institutos, ninguém pode garantir com

segurança que o presidente Lula tenha mesmoesse percentual de aprovação popular, con-forme informam os institutos de pesquisas.Essa mesma metodologiaque foi questionada porBeto Richa e sua coligação,que pediu impugnação daspesquisas porque encon-traram falhas. E nós sabe-mos que a Justiça jamaisaceitaria um pedido de im-pugnação se as falhas nãoexistissem”, disse, ao afir-mar que as pesquisas indu-

zem o eleitor ao erro.“Existe eleitor que pensaque não adianta votar nocandidato ‘a’ porque eleestá em segundo lugar naspesquisas, e aí vota nocandidato ‘b’, que apare-ce na frente. É assim queo eleitor comete erro. Soucontra publicação de pes-quisa em período eleito-ral”, argumentou.

O deputado Reni Pe-reira (PSB) também concorda que deve sercolocado um freio nos institutos de pesquisa.“As pesquisas sérias deixaram de existir hámuito tempo. A partir do momento em que oresultado foge da margem de erro, passa a sermentira. E, no primeiro turno dessa eleição,os institutos extrapolaram de novo, insistindona mentira. Não se pode falar em democraciaquando se induz o eleitor a erro”, atirou. Pe-reira é um entre os deputados paranaensesque pretende engrossar o movimento daque-

les que defendem o fimdas pesquisas eleitoraisno País. “Infelizmente,hoje, as pesquisas se pres-tam apenas para atenderquem paga por elas, des-merecendo a opinião doeleitor”, disse, ao anun-ciar que pretende se ali-ar ao deputado federaleleito, Rubens Bueno

Carla: “As pesquisasinterferem, sim,

no processo político”

Richa: “No primeiro turno seanunciava uma inundação da onda

vermelha, mas essa onda estámorrendo na praia”

Page 32: Paraná sem retaliações

32Documento Reservado / Outubro 2010

política

(PPS), que pretende pro-por projeto de lei impe-dindo a divulgação depesquisas três meses an-tes das eleições para nãoinduzir o eleitor ao erro.

O deputado federalGustavo Fruet (PSDB),que perdeu uma das duas vagas no Senado –os eleitos foram Gleisi Hoffmann (PT), emprimeiro, e o ex-governador Roberto Requião(PMDB), que era apontado como o preferidodos eleitores paranaenses - o deputado tucanotambém questionou a seriedade das pesquisase deve atuar junto à direção nacional do PSDBna formulação do pedido de investigação queo partido pretende fazer sobre os institutos depesquisa.

Situação críticaNa opinião da advogada especialista em

Direito Eleitoral, Carla Karpstein, a situaçãodas pesquisas é crítica e já passou da hora dea Justiça Eleitoral promover mudanças no sis-tema. Para ela, os levantamentos que avaliamo comportamento do eleitor diante dos candi-datos que disputam uma eleição não podemser considerados irrelevantes. “Pelo contrário,as pesquisas interferem, sim, no processo po-lítico, facilitando ou dificultando doações,formação de palanques eleitorais, gerandonotícia positiva ou negativa e, fazendo partedo jogo político, quando aponta para os elei-tores qual candidato pode sair vitorioso”, ava-liou. Segundo ela, as pesquisas já são muitocaras e, para não encarecê-las mais, os institu-tos acabam por não atender alguns requisitosexigidos pela Lei Eleitoral, como o intrincadosistema de estratificação dos levantamentos,que pede o mesmo número de homens e mu-lheres com o mesmo grau de instrução, igualfaixa etária, mesma camada social, entre ou-tros detalhes que encarecem, conforme Carla,

a pesquisa. “São situaçõescomo estas que levam àimpugnação de pesquisas,e com razão, porque a pes-quisa acaba manipulandoo eleitor. Os políticos sa-bem disso e muitos delesas usam como forma de

manipular a decisão do eleitor. E, como a mai-oria do eleitorado brasileiro é despolitizada, émuito fácil a manipulação”, explicou.

O diretório nacional do PSDB tem se colo-cado como um crítico ácido quanto aos levan-tamentos feitos pelo Vox Populi, especialmentedepois de uma pesquisa, ainda no primeiro tur-no, indicando uma diferença de 12 pontos en-tre Dilma e Serra (51% a 39%). Alvaro Dias acu-sou a empresa mineira detrabalhar para o PT. “O VoxPopuli, de forma perversa,martelou diariamente quenão teríamos segundo tur-no. Isso foi demolidor, masmesmo assim avançamos”,disse. Em entrevista no dia19 de outubro, o senadorSérgio Guerra, presidentenacional do PSDB, classi-ficou o levantamento divulgado pelo Vox Po-puli “de pesquisa sem-vergonha” e afirmouque o instituto promove uma “poderosa” açãocombinada para interferir na intenção de voto.Segundo ele, o Vox Populi errou e teria mani-pulado os dados, quando indicou que a ex-ministra Dilma Rousseff venceria no primeiroturno. “Não dá para acreditar que foi um erro.Foi uma safadeza, uma falta de respeito pelasinstituições brasileiras”, acusou. ”Não leva-mos em consideração a pesquisa do Vox Popu-li, porque sabemos que é um instituto de com-provada falta de credibilidade, que maquiouos resultados durante todo o primeiro turno”,emendou Serra.

Na mídiaUma nota “apimentada” publicada no blog

do Jornal da Mídia ( JM), de Salvador, Bahia,diz que o Vox Populi, de propriedade de Mar-cos Coimbra, já esteve à beira da falência, masrenasceu com força no petismo. “Ele trabalhapara e com o PT, embora suas pesquisas e elepróprio sejam vistos em certas áreas, só emcertas áreas, como isentos. Coimbra é colunis-ta de uma revista petista (Carta Capital) e es-creve também no Correio Braziliense, como‘cientista social’, é claro”, alfinetou, tambémcolocando uma nuvem cinzenta sobre a credi-bilidade do Instituto Sensus, que faz, costu-meiramente, pesquisa para a ConfederaçãoNacional dos Transportes (CNT). “A empresa(Sensus) é presidida pelo dublê de empresá-

rio e político Clésio Andra-de. É aquele instituto queme encanta particularmen-te por sua precisão decimal.No dia 29/09, Dilma teria54,7% dos votos; Serra,29,5%, e Marina, 13,3%. Aprevisão não ficou para Ri-cardo Guedes, diretor téc-nico do instituto, mas parao ‘especialista’ Clésio:

“Num período de quatro dias, é muito difícilreverter essa vantagem”. Ok, errou, paciência,certo? Mais ou menos. Carlos Augusto Monte-negro, depois de fazer uma previsão temeráriahá alguns meses assegurando a vitória de Ser-ra, passou a asseverar a vitória de Dilma noprimeiro turno com a mesma convicção. E atéchegou a sugerir que a oposição estava fazen-do baixa exploração dos escândalos e não res-peitava a democracia. São comportamentosinaceitáveis”, completa a nota, no blog do siteJM, cujo editor responsável é Antônio Raimun-do da Silveira.

O jornalista Fernando Rodrigues, na Fo-lha Online, também tratou do assunto, afir-

Oliveira: “nenhuma pesquisapode ser 100% perfeita, mas todasapontam para um mesmo cenário,

mostrando as tendências”

Álvaro: “Serra derrotou as pesquisasmanipuladas e o exército de

manipulação e mentira”

Page 33: Paraná sem retaliações

33Documento Reservado / Outubro 2010

O deputado Elio Rusch (DEM), líderda oposição na Assembleia Legislativa, eo deputado Stephanes Júnior (PMDB),apresentaram no dia 26 de outubro, umprojeto de lei que proíbe a divulgação depesquisas eleitorais no Paraná. De acordocom a matéria, a proibição se estende atodos os órgãos de imprensa, e compre-ende o período eleitoral entre a data limi-te de registro de candidaturas e/ou a di-vulgação dos registros dos candidatos peloTribunal Regional Eleitoral (TRE), até ofinal da votação. As pesquisas estariam li-beradas apenas para análise interna departidos e candidatos.

Rusch garantiu que não se tra-ta de censura, por entender que os elei-tores decidam em quem votar tomandopor base as propostas dos candidatos

Pelo fim da divulgação de pesquisas eleitoraisapresentados nos veículos de comunicação enão pelos resultados das pesquisas. “Os elei-tores não podem ser induzidos por pesqui-sas. A opinião das pessoas deveser formada a partir das pro-posições apresentadas peloscandidatos”, argumentou.

O parlamentar disseque, com frequência, muitoseleitores preferem votar naque-le candidato que está na frentepara não perder o voto. Combase nas últimas eleições, Rus-ch colocou em dúvida a parci-alidade de alguns institutos.“Está ocorrendo há algum tem-po uma verdadeira farra daspesquisas. As pesquisas divul-gadas nas últimas eleições er-

raram feio. Neste ano, para presidente,todas apontavam a vitória de determina-do candidato no primeiro turno, o que

não aconteceu. No Paraná,o caso mais crítico foi emrelação ao Senado. Gusta-vo Fruet poderia ter sidoeleito, caso fosse levadoem conta as pesquisas in-ternas. Os levantamentosapresentaram uma discre-pância com o resultado fi-nal”, justificou.

A proposta dos deputa-dos do DEM e do PMDB se-gue para a Comissão deConstituição e Justiça (CCJ)para que seja analisada a suaconstitucionalidade.

Rusch: “ninguém pode garantircom segurança que o presidente

Lula tenha, mesmo, essepercentual de aprovação popular”

mando que o Vox Populi foi contratado peloPT e pela campanha de Dilma Rousseff, e queos resultados ajudaram “a turbinar a campa-nha petista”, embora tenha sido o instituto depesquisa que mais se distanciou da realidadedas urnas no primeiro turno. E, para terminara nota, Rodrigues deu uma pitada de bomhumor ao emaranhado de interrogações quan-to à credibilidade dos institutos. “Não dá paradeixar de relatar a piada que circulou em Bra-sília, quando saiu a pesquisa Vox Populi, de-pois do segundo turno. Um gaiato que acom-panha a política há décadas disparou: “Vocêviu? O Vox Populi está dizendo que a Dilmaganhou no primeiro turno”.

O senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB)também ficou indignado com erros superio-res a dez pontos percentuais nas pesquisas elei-torais no primeiro turno da eleição para aPresidência da República. Ele defendeu que asempresas responsáveis por esses levantamen-

tos sofram algum tipo de puniçãoda Justiça. Já o senador GeraldoMesquita Júnior (PMDB-AC) criti-cou, em entrevista à Agência Sena-do, o que considerou uma tentati-va de manipulação da opiniãopública pelos institutos de pesqui-sa e pelo Governo Federal durantea campanha. Para ele, é inaceitá-vel que essas empresas “ganhemmilhões de reais, errem e tudo fique por issomesmo”. Segundo ele, os “enormes erros” dasempresas enganam o eleitor, que é induzido aerrar; a imprensa, que faz a divulgação, e ospróprios candidatos, que agem de acordo comos resultados.

Já o professor da Universidade Federal doParaná (UFPR) e cientista político, RicardoCosta Oliveira, pensa o contrário, ao afirmarque as diferenças no resultado das urnas, alvoda reclamação da maioria dos políticos, estão

dentro da margem de erro. Masadmitiu que a divulgação dos re-sultados pode influenciar o votodo eleitor, principalmente o in-deciso, que prefere embarcar “novoto útil”. Oliveira avaliou que oeleitor pode, na última hora,mudar de opinião, o que influen-cia no resultado das pesquisas.“Pesquisa não ganha eleição.

Quem acha que pesquisa influencia resultadosão os candidatos derrotados, que jogam emcima das pesquisas as suas derrotas”, afirmou.Segundo ele, mais que avaliar a opinião públi-ca, as pesquisas mostram as tendências, comoqual o candidato que está subindo na prefe-rência do eleitorado, e quem está descendo.“Nenhuma pesquisa pode ser 100% perfeita,mas todas apontam para um mesmo cenário,mostrando as tendências, ainda que o resulta-do das urnas seja diferente”, avaliou.

Serra: “passaram vexameno primeiro turno, inclusivedo Ibope, que errou até napesquisa de boca de urna”

Page 34: Paraná sem retaliações

34Documento Reservado / Outubro 2010

política

Cabo de Guerra

34Documento Reservado / Outubro 2010

ramitam na Assembleia Legislativa doEstado do Paraná (Alep) 51 projetos de

lei enviados pelo Governo do Estado, que tra-tam dos mais diversos assuntos. O númeroexcessivo de mensagens tem criado proble-mas e muita discussão entre os deputados daatual bancada governista e da bancada de opo-

sição e futura base do Governo Beto Richa(PSDB). Há quem enxergue aí “vingança” dogovernador Orlando Pessuti (PMDB), paramostrar que é capaz de fazer muito mais emnove meses do que o ex-governador RobertoRequião (PMDB) fez em sete anos e meio demandato. Tanto que não é mais segredo para

ninguém que os dois, hoje, são ex-amigos.Mas também há pessoas que acreditam quetanto projeto, que pode comprometer finan-ceiramente o futuro Governo, pode ser umamaneira para atrapalhar a futura administra-ção do Estado, pois Richa assumiria, em tese,um Estado endividado. Porém, não faltam

T

Foto

: N

ani

is

Projetos enviados pelo Governo do Estado esquentaram osdebates nas sessões plenárias da Assembleia Legislativa

Page 35: Paraná sem retaliações

35Documento Reservado / Outubro 2010

Norma Corrêa

As dezenas de projetos do Governo do Paraná transformaram-se no pomo da discórdiaentre os deputados pró-Pessuti e favoráveis a Beto Richa, que assume em janeiro

35Documento Reservado / Outubro 2010

deputados que justificam a postura de Pessutidizendo que ele não pode “fechar” o Estado“só porque existe um governador eleito”.

E, nesse cabo de guerra, de um lado estãoos que pedem cautela nas ações governistas e,do outro, está a justificativa da governabilida-de. E, no meio, o Paraná, que precisa de açõesque atendam a sua população. O deputadoAdemar Traiano (PSDB), apontado como líderdo futuro Governo na Alep, fala da “voracida-de” que o governador Pessuti está tendo aotomar algumas decisões que, em sua visão,pode comprometer o futuro Governo do Pa-raná. E diz que tem suas razões para acreditarnisso. “As decisões que o governador vemtomando, no apagar das luzes do governo,nos preocupa. A 60 dias de encerrar o manda-to, ele propõe a mudança de dois membrosdo conselho da Sanepar, talvez com o perigo-so objetivo de proteger algumas empresas quevêm pleiteando recursos na Justiça”, avalia. Ediz ainda que se a pressão continuar, o novogovernador, Beto Richa, deve tomar posiçõesdrásticas sobre a situação.

Traiano se refere às informações “cantadasem verso e prosa” pelo deputado Nereu Moura(PMDB), relator do Orçamento, que tramita naAlep, que, em 2011, o orçamento será aperta-do. “A Casa concedeu inúmeros benefícios àdiversas categorias do serviço público, teremosque implantar as mensagens já aprovadas e, seo governador continuar agindo dessa forma,certamente vamos ter sérios problemas no anoque vem. Por isso, creio que decisões drásticasprecisam ser tomadas para estancar a voracida-de do governador”, acrescentou.

O futuro líder governista citou, uma poruma, as propostas que podem causar situaçõesincômodas em 2011. Falou sobre a negociaçãoque Pessuti começou com a Caixa EconômicaFederal (CAIXA) e que, segundo ele, compro-

mete a folha de pagamento deaposentados e pensionistas. Elecontou que o contrato entre aCAIXA e a ParanaPrevidênciavence em janeiro de 2011 e nãohá justificativa para que o docu-mento seja “negociado” a me-nos de dois meses para termi-nar o mandato do governador.Por isso, sugere, o que conside-ra como o caminho mais sensa-to, a prorrogação dos contratose não a renovação como pre-tende o Governo. “Acho muitobaixo o valor de R$ 30 milhõesoferecidos pela CAIXA para ge-rir uma folha de pagamento de R$ 260 milhões.Comentava-se que existe a possibilidade de obanco aumentar para R$ 90 milhões a oferta.Mas, ainda assim é irrisório. Vejam, a Universi-dade Estadual de Londrina (UEL) fez uma licita-ção e o Banco Itaú, vencedor da concorrência,comprou a folha de pagamento (que é de R$ 10milhões) da instituição por R$ 10 milhões. Auniversidade não vai perder nada com isso. Maso Governo vai perder se continuar insistindonisso”, compara. Segundo ele, essa negociaçãopoderia chegar a R$ 150 milhões. “Não pode-mos permitir esse imenso prejuízo ao erário. Éuma irresponsabilidade. O dinheiro públiconão pode ser lançado na vala comum”, atira.

Para o deputado Valdir Rossoni (PSDB), osdeputados estão alertando os paranaenses etodos aqueles que estão negociando com oEstado. “É bom que saibam que, a partir dejaneiro, vamos tomar atitudes firmes e con-tundentes contra o que pretendem (o atualGoverno). Não vamos deixar que eles gover-nem o nosso governo. É bom que saibam queestão perdendo o tempo nessa correria parapropor projetos de lei e renovação de contra-

tos, porque não vamos permitir. Podem atéfazer, mas tudo será revogado depois. Comopode o Governo renovar o contrato com aempresa que fornece a alimentação dos pre-sos? O certo seria a prorrogação, para que ofuturo governo faça uma licitação para esco-lher quem vai prestar esse serviço”, atira. ETraiano emenda: “Esse Governo está com umafome louca para fazer o que não fez em oitoanos e agora, em quatro meses, estão venden-do o Paraná.” Porém, do outro lado da corda,está o deputado Caíto Quintana (PMDB), líderdo Governo na Casa, puxando pela defesa doatual Governo, ao assegurar que o discursotucano não faz o menor sentido, dando umrecado, curto e grosso, a Rossoni: “Nem penseem revogar contratos, porque não revoga. Éum documento juridicamente perfeito.”

Açoite nos neogovernistasAproveitando a deixa, Quintana soltou o

verbo contra os neogovernistas. Começou fa-lando das denúncias contra a ParanaPrevidên-cia que, segundo técnicos do Tribunal de Con-tas do Estado (TCE), haveria um “furo” de

Foto

: A

rquiv

o

Traiano: “decisões drásticas precisam ser tomadaspara estancar a voracidade do governador”

Page 36: Paraná sem retaliações

36Documento Reservado / Outubro 2010

36Documento Reservado / Outubro 2010

política

R$ 3 bilhões. Segundo ele, os parlamentares,que hoje são oposição, estão “assombrando”os aposentados, quando divulgam o que eleassegura “não ser correto”. “Estão dando a im-pressão de que vai faltar dinheiro para paga-mento das aposentadorias. E isso não é verda-de. A ParanaPrevidência não está quebrada enão há qualquer risco de não pagar os apo-sentados”, afirma. Mas o líder da oposição naAlep, deputado Élio Rusch (DEM), rebate asdeclarações do governista. “Nunca falamos quea ParanaPrevidência está falida. O que sempreafirmamos é que o Governo do Estado nãotem repassado os valores devidos ao institutoprevidenciário e que isso poderá comprome-ter a saúde financeira da ParanaPrevidência,colocando em risco o pagamento das aposen-tadorias e pensões daqui a alguns anos”, afir-ma, ao explicar que quando foi aprovada a leique criou a ParanaPrevidência ficou determi-nado que, a partir de 2005, o Estado pagariauma parcela mensal para capitalizar o fundoprevidenciário. “Essa parcela nunca foi paga eo valor em atraso já beira R$ 1 bilhão. O Esta-do deve ainda mais de R$ 2 bilhões em razãode ativos não incorporados ao instituto”, pon-tua Rusch.

Quintana defende a renovação do contratocom a CAIXA e com a empresa que fornecealimentação para os presos, cujos contratos ter-minam, em janeiro do ano que vem. O pee-

medebista diz que o banco público tem umahistória de parceria com o Governo e que issoestá pesando, e muito, para a renovação docontrato com a ParanaPrevidencia. “O progra-ma trator solidário é fruto dessa parceria, e ofinanciamento de casas populares, também é”,destaca. Para Rossoni o Governo não pode ficará mercê de um banco. “O Governo não poderenovar um contrato para que o banco dê aqui-lo que dá de graça a outros estados. Precisamosavisar o Pessuti que ele tem apenas dois mesesde governo e não tente fazer nesse período oque não foi feito em oito anos”, rebate. “Nóstermos que pagar para eles financiarem casaprópria para os paranaenses? Isso não existe! Oprograma trator solidário é financiado e quemcompra paga juro. Estamos, isto sim, discor-dando de muitas atitudes do governador Pessu-ti, com essa sua volúpia em apresentar projetose mais projetos, às portas de terminar o Gover-no. Vamos ter cautela”, dispara, lançando umdesafio a Quintana: “Atravesse a rua, Caíto, eleve essa cautela ao governador.”

A deputada Rosane Ferreira (PV ), parecenão ter entendido “muito bem” o que o Traianodisse, mas defende o governador Pessuti, aoenfatizar que esse “Governo que aí está sabe dassuas responsabilidades. Não posso acreditar queele (Pessuti) esteja irresponsável. Também nãoacredito que essas mensagens enviadas peloExecutivo tenham segundas intenções”, acres-

centa. Outro deputado que parece que tambémnão entendeu a discussão em torno da renova-ção ou prorrogação de contratos, foi o deputa-do Tadeu Veneri (PT). Por isso, bate na tecla deque o governador precisava “prorrogar” os con-tratos para que os presos pudessem se alimen-tar. “Ora, é exatamente esse o ponto que esta-mos defendendo: a prorrogação dos contratose não a renovação deles, como o Governo fez.E no caso da CAIXA a renovação é por cincoanos”, reage Rossoni.

CautelaDesde que voltaram do recesso branco,

no dia 4 de outubro, os deputados oposicio-nistas pedem cautela na aprovação de proje-tos na Assembleia Legislativa. Os parlamen-tares propõem que as matérias fiquem para apróxima legislatura, para que o novo Gover-no possa se adequar à realidade. Um delesque está gerando polêmica é o projeto doGoverno do Estado que cria a DefensoriaPública no Paraná. Na opinião de Traiano, areivindicação do governador Orlando Pessu-ti esbarra na Lei de Responsabilidade Fiscal(LRF), que diz que o atual governador nãopode deixar dívidas para o próximo. Segun-do o deputado, a matéria prevê gastos compessoal que ultrapassam em mais de 120% dolimite previsto no orçamento de 2011. Ele dizque o projeto determina a criação de 407cargos e, de acordo com a tabela que deter-mina os valores relativos às funções, serão300 cargos para defensores públicos e outros27 cargos em comissão, que despenderão R$42 milhões por ano. “No orçamento, há umaprevisão anual de R$ 28 milhões para a De-fensoria. Deste total, R$ 19 milhões estão re-servados para os gastos com pessoal. O pro-jeto não informa de onde virá o restante dodinheiro para cobrir essa diferença”, alertaTraiano. “Isso somente comprova que temosque ter cautela na análise das mensagens queestão sendo enviadas aos montes à Assem-

Foto

: N

ani

is

Rossoni: “podem atéfazer, mas tudo serárevogado depois”

Page 37: Paraná sem retaliações

37Documento Reservado / Outubro 2010

37Documento Reservado / Outubro 2010

bleia, pelo Governo, no apagar das luzes.Não vamos permitir que sejam colocados ale-atoriamente na pauta projetos que causemimpacto no orçamento”, emenda, acrescen-tando ainda que o projeto determina a con-tratação de outros 80 funcionários, mas nãoinforma os valores correspondentes e nem aforma de contratação, se por indicação oupor concurso.

“Votamos aumentos para o funcionalismopúblico e que vão gerar problemas para a suaimplantação. Serão necessários R$ 600 milhõespara implantar a totalidade das propostas apro-vadas aqui. Espero que, nem nós que seremosoposição, e nem os senhores, que serão go-vernistas, impeçam a implantação do que foiaprovado aqui, pela ampla maioria dos se-nhores. Agora é lei e deverá ser implementa-da. E nós estaremos aqui para cobrar isso e apromessa de Beto Richa de aumentar em 26%os salários dos professores. Os policiais mili-tares, os advogados do Estado, o pessoal daEmater, em maio, todos eles estarão cobrandoaplicação dos reajustes, aprovados aqui, nafolha. Eu não estarei aqui para criticar a apli-cação da lei, mas estarei aqui cobrando a apli-cação da lei”, avisou Quintana.

“Nada temos a esconder”Enquanto o tempo esquenta na Assembleia

Legislativa, no Palácio das Araucárias, o gover-nador Orlando Pessuti tenta acalmar os âni-mos, com “uma boa conversa”. No dia 26 deoutubro, o peemedebista reuniu os deputa-dos estaduais para um almoço, com a inten-ção de pedir agilidade na tramitação dos pro-jetos de lei de iniciativa do Governo. O gover-nador assegurou, na oportunidade, que estáfazendo de tudo para entregar o Governo, aoseu sucessor, em situação melhor do que orecebeu em março deste ano. “Entregar oGoverno do Paraná com os seus compromis-sos em dia não é apenas uma obrigação cons-titucional, mas uma questão de honra paramim. Da mesma forma como o presidenteNelson Justus (presidente da Assembleia Le-gislativa) quer entregar a Casa ao seu próximopresidente em condições melhores do que aencontrou, ao assumir”, disse, dando um re-cado ao ex-governador Roberto Requião. Foidaí que alguns deputados tiraram a conclusãode que a “enxurrada” de projetos enviados àAlep é uma resposta à Requião.

Aos deputados, Pessuti garantiu que ogovernador eleito Beto Richa terá participa-

ção nas decisões que serão tomadas nos doisúltimos meses de Governo, ao revelar queele e Richa têm conversado regularmente.“Nada temos a esconder e nada será feito semconversarmos com o próximo Governo e aequipe de transição”, disse. Ele contou quejá iniciou discussões sobre a lei do IPVA, queentrará em vigor no ano que vem, e sobre asituação da ParanaPrevidência com o gover-nador eleito. “Desde que fui empossado, de-terminei que a situação da ParanaPrevidên-cia fosse avaliada com rigor”, garantiu. Ain-da segundo ele, os projetos que estão emanálise na Assembleia Legislativa não são pes-soais, mas são propostas antigas, “que refle-tem o desejo da população paranaense. É ocaso da criação da Secretaria de Estado daMulher, tema que fez parte do plano de go-verno, em 2002, mas que efetivamente foiencaminhada apenas recentemente”.

Pessuti também comentou sobre a polê-mica gerada em torno da criação e estrutura-ção da Defensoria Pública. “É um compromis-so que tem 21 anos, que está previsto na Cons-tituição Estadual. Não é coisa de final de man-dato, houve um amplo debate na sociedade.Se é oportuno implementá-la neste momentoé a Assembleia que decide”, disse. Tambémdurante o almoço com os deputados, o gover-nador prestou conta sobre o andamento dasobras que estão em desenvolvimento no Esta-do, como as clínicas da mulher e da criança,as escolas e bibliotecas cidadãs, além da for-malização da Universidade Estadual do Para-ná. Pessuti ressaltou a importância de o Exe-cutivo e o Legislativo trabalharem em sintoniano período que antecede a posse do governa-dor eleito. “Juntos, com a ajuda e compreen-são dos deputados, vamos terminar melhoresta gestão”, afirmou.

Foto

: R

obert

o C

orr

adin

i

Foto

: N

ani

is

Quintana: “é um documentojuridicamente perfeito”

O governador Orlando Pessuti tentaacalmar os ânimos com “uma boa conversa”durante almoço com deputados

Page 38: Paraná sem retaliações

38Documento Reservado / Outubro 2010

política

Vergonhapolítica

38Documento Reservado / Outubro 2010

guerra política, com forte dose de bai-xaria, travada entre o senador eleito

Roberto Requião (PMDB) e o governador doEstado, Orlando Pessuti (PMDB), tem reveladopobreza de espírito de duas das principais lide-ranças políticas, com mais de 30 anos de expe-riência no poder público e envergonhado oseleitores paranaenses, principalmente os habi-tuais ouvintes de programas de rádio e leitoresde jornais. A cena mais patética foi protagoniza-da por Requião durante uma entrevista à rádioCBN de Foz do Iguaçu, onde disse, em bomtom, que “companheiro é companheiro, filhoda puta é filho da puta. E eu trabalho com oscompanheiros e tenho compromisso com oseleitores que acreditaram em mim”. O endere-ço dessa vergonhosa frase, de briga de trânsito,era justamente o governador Pessuti.

Dessa vez, Pessuti não levou desaforo paracasa e, também em entrevista a uma rádio,mas da capital, disse que concordava com afrase e acrescentou: “Agora, é importante dizerquem, na política do Paraná, é consideradocompanheiro e companheira e quem é consi-derado filho da puta. Eu concordo com a fraseque ele disse, só que me coloco na classifica-ção de companheiro e espero que os compa-nheiros do Pessuti saibam quem é o verdadei-ro filho da puta da política do Paraná”, con-cluiu. A irritação do governador tem a sua

razão de ser, conforme ele mesmo disse, jáque o ex-governador não mede palavras paraagredir. Pessuti adiantou que quem deverá ava-liar a postura do senador eleito é a Comissãode Ética do PMDB.

Carta denúnciaOs aliados de Requião, principalmente de-

putados do PMDB, sustentam que o ex-governa-dor já tem pronto, em sua gaveta, uma carta dedenúncias, que irá divulgar logo após as elei-ções do segundo turno. Pela avaliação do pes-

”Companheiro é companheiro,filho da puta é filho da puta.

Roberto Requião

A

Page 39: Paraná sem retaliações

39Documento Reservado / Outubro 2010

Pedro Ribeiro

soal chegado a Requião, o “tempo vai esquen-tar ainda mais”. A petulância do senador nãopára aí e foi motivo de risos dentro da ala tuca-na do governador eleito, Beto Richa, quandomandou recado dizendo que só apoiará o go-vernador do Paraná se ele prometer manter a“mesma política da Secretaria de Educação”,onde seu irmão, Maurício Requião, foi secretá-rio e “não privatizar a Copel”. Caso contrário,abriria guerra contra Richa, em Brasília.

Na entrevista à Rádio CBN de Foz do Igua-çu, o polêmico ex-governador disse exatamen-te o que pensa dos seus opositores, inimigos,detratores e até daqueles que já foram amigos.Ou melhor: com todas as letras, xingou, usan-do palavrões. A entrevista foi gravada e as in-serções da chamada para a matéria, entre aprogramação da rádio, chamou a atenção epercorreu o Paraná, pela internet, por causado conteúdo. Foi a primeira vez que Requiãofalou realmente o que pensa do seu sucessor,o governador Pessuti.

Em um dos trechos da entrevista, Requiãodisse: “Precisamos do apoio do governador[Beto Richa] e da rápida saída do Pessuti doGoverno do Estado”. Para o ex-governador,ex-companheiros e a questão partidária noParaná e no Brasil, “estão uma porcaria”. Elefalou da época em que ocupou o Palácio Igua-çu e se queixou dos puxa-sacos. “Tinha genteque puxava tanto o saco, a ponto de me arra-nhar o saco, numa tentativa de conseguir umcargo. Jamais coloquei esses puxa-sacos numcargo público. Então, por que eles (Pessuti)tentaram transformar o Estado numa espéciede poleiro de puxa-saco?”, questionou, ao cri-ticar, com veemência algumas atitudes do go-vernador no comando do Estado.

O grande perdedorPessuti imprimiu novo estilo de governar,

mudando muitos dos secretários escolhidospor Requião. Embora afirme que não tem ini-mizade pessoal com ninguém, o ex-governa-dor disse que tomou algumas atitudes (agres-sões ao Pessuti) por causa da população. “Ele(Pessuti) saiu da linha sim, e se transformounum governador transgressor”, assegurou.Disse que faz política por compromisso e nãopor profissão. “Existem dois tipos de políti-cos: Quem vive da política e quem vive para apolítica. Eu assumo compromisso e, por isso,vivo para a política, porque grande parte daminha vida foi na vida pública”.

Pessuti, por sua vez, disse que “essa éuma posição costumeira de Requião que,quando não tem nada pra fazer, fica bus-cando espinafrar e acusar companheiros ealiados. Ele normalmente escolhe para ata-car os seus companheiros. Normalmente,ele escolhe falar mal daqueles que o aju-dou. O governador lembrou que o senadorOsmar Dias (PDT) teria sido um dos alvos

do destempero de Requião. “Vocês lembramdo Osmar Dias? Ele foi um dos mais fiéisescudeiros do governador Roberto Requião,quando era secretário da Agricultura. Eletambém coordenou sua campanha (de Re-quião) e, logo depois, passou a ser critica-do e condenado pelo ex-governador”, con-tou, lembrando das eleições deste ano, quan-do Requião e Dias voltaram a subir no mes-mo palanque, dando a entender que as di-vergências de anos já haviam sido contor-nadas. Mas Pessuti criticou a postura do ex-amigo. “Depois, sem nenhum constrangi-mento, com a maior cara de pau, e com omaior volume de peroba na cara, ele (Re-quião) se submeteu, de novo, a apoiar oOsmar Dias. Eu acredito que mais que apoi-ar, ele atrapalhou a eleição de Osmar. Pelomenos é o que eu escuto por aí afora. Se oOsmar tivesse deixado o Requião de lado etivesse acompanhado a Gleisi, o OrlandoPessuti, ou aqueles que sempre foram osseus verdadeiros companheiros, ele (Osmar)teria um êxito maior”, acrescentou.

Espero que oscompanheiros

do Pessutisaibam quem é

o verdadeirofilho da putada políticado Paraná.

Orlando Pessuti

Page 40: Paraná sem retaliações

40Documento Reservado / Outubro 2010

economia

Tributação chega ao limite do carga tributária brasileira, incluindoimpostos e taxas pagos à União, Estados

e Municípios, chegará a R$ 1,3 trilhão neste ano.Fardo pesado, “insuportável e insustentável”,reclama o empresário Edson Campagnolo, vice-presidente da Federação das Indústrias do Para-ná (Fiep), coordenador da campanha “Sombrado Imposto”, lançada pela entidade para alertare levar ao conhecimento das pessoas o sistematributário brasileiro. “Hoje, uma empresa tra-balha cinco meses por ano só para pagar tribu-tos”, observa o empresário do setor de confec-ções que sente na carne o estrago que o impos-to faz àqueles que trabalham na formalidade. Oindustrial, o comerciante, o prestador de servi-ços, o produtor rural, sabe quanto desembolsade imposto por mês nas suas empresas, ao con-trário do cidadão comum, que pouco sabe oquanto paga para o governo, a não ser a famige-rada mordida do “Leão” do Imposto de Renda,diz Campagnolo.

A carga tributária no Brasil é uma das maisaltas do mundo e representa perto de 40% doPIB. Ao todo, contabilizam-se 80 tipos de tri-butos. São perto de R$ 100 bilhões de arreca-dações por mês e R$ 2, 525 bilhões por dia.Hoje, cada brasileiro paga em média, R$ 6 milpor ano só em impostos. A arrecadação de

tributos em setembro aumentou 17% em rela-ção ao valor recolhido no mesmo período de2009. Segundo Campagnolo, o aumento tem,como uma das causas, os próprios mecanis-mos de controle e fiscalização do governo,cada vez mais eficientes. Prova disso é a NotaFiscal Eletrônica. Entre os produtos mais tri-butados, estão a bebida – por exemplo, nopreço dos destilados estão embutidos 60% deimpostos -, cigarros, perfumes e combustíveis.

InvestimentosPagar imposto é um dever do cidadão. Os

recursos são investidos em obras, equipamen-tos e serviços, que dão sustentação à manu-tenção do Estado, que é responsável por apli-car os recursos arrecadados para o bem co-mum. O dinheiro dos tributos, portanto, pagapela manutenção de escolas e hospitais públi-cos, segurança, asfalto etc. Esses serviços não

são nenhum favor dos governos. Em 2010,,,,, osbrasileiros devem pagar mais de R$ 1,3 trilhãoem impostos, o que corresponde a 37% detudo o que o País produz. É como se cadabrasileiro desse R$ 6 mil para bancar os servi-ços públicos. Cada brasileiro paga em média40% de sua renda em impostos. É como setrabalhássemos cinco meses do ano somentepara pagar os tributos.

A campanha “Sombra do Imposto” temcomo objetivo aumentar o conhecimento dapopulação sobre o sistema tributário brasilei-ro e defender a reforma tributária. Serão dis-tribuídas, numa primeira etapa, 1,2 milhão decartilhas através do Sistema Fiep, da Federa-ção das Associações Comerciais e da Associa-ção Comercial do Paraná. Com informaçõessobre quanto o brasileiro paga em tributos esobre como os recursos públicos são utiliza-dos, o documento percorrerá todo o Estado,

A

Campagnolo:“Queremos mobilizar a

sociedade e sensibilizaros congressistas sobre

o pesado fardo dostributos no Brasil”

Page 41: Paraná sem retaliações

41Documento Reservado / Outubro 2010

Pedro Ribeiro

insuportável e insustentávelFiep lança cartilha “Sombra do Imposto” para orientar o cidadão sobre o

sistema tributário que, neste ano, embolsará R$ 1,3 trilhão dos brasileiros

O que dá para fazerCom R$ 1,3 trilhão de tributos, pode-se ccccconstruir 48.994.527 casas populares de 40 m2, ou construir 83.698.984 salas de aula equipadas,

ou construir 12.554.848 quilômetros de redes de esgoto, ou ainda asfaltar 1.004.388 quilômetros de estradas, ou pagar 1.969.387.849 saláriosmínimos, ou fornecer 8.369.898.357 Bolsas Família, ou comprar mais de 4.853.287.281 cestas básicas, ou adquirir 14.348.397 ambulânciasequipadas, ou construir mais de 21.369.953 postos policiais equipados, pagar por 151 meses a conta de luz de todos os brasileiros ou, ainda,plantar 251.096.950.701 árvores.

Fonte: Impostômetro

principalmente na rede de ensino como ins-trumento de cidadania. “Queremos que todaa sociedade brasileira saiba o quanto paga-mos de impostos e como eles são distribuí-dos. Nossa intenção é chamar a atenção doscongressistas para que isso se torne uma ban-deira nacional. Não contra impostos, mas queos recursos arrecadados sejam efetivamentebem aplicados e com transparência”, ponderaCampagnolo.

Para o coordenador da cartilha, trata-se deum movimento de cidadania, onde todos te-nham conhecimento sobre a distribuição darenda, fruto de trabalho de todos e não para seraplicada em assistencialismo ou apenas em pro-jetos sociais que visam frutos eleitoreiros.

Como são cobradosAs três esferas de governo - União, estados

e municípios - cobram impostos. Os tributossão cobrados em produtos e serviços de for-ma indireta, e de forma direta, sobre a propri-edade de bens, por exemplo. A União tambémrecolhe contribuições, que podem incidir so-bre produtos, operações financeiras, saláriosetc. Veja alguns dos principais impostos e con-tribuições. No total, são mais de 80 tributos,taxas e contribuições no Brasil.

IPI - IPI - IPI - IPI - IPI - É um tributo federal cobrado sobre

o que é produzido pela indústria. A alíquotavaria de acordo com o produto. Em uma má-quina de lavar, por exemplo, o imposto é de20%. Um carro 1.0 paga 7%.

ICMS - ICMS - ICMS - ICMS - ICMS - É um imposto administrado pe-los estados e que é aplicado sobre produtosvendidos no comércio e sobre serviços essenci-ais, como telefonia e energia elétrica. A alíquo-ta varia de acordo com o produto e o estado emque é cobrado. No Paraná, por exemplo, osalimentos da cesta básica têm alíquota de 7%,enquanto na energia elétrica ela é de 29%.

Imposto de RendaImposto de RendaImposto de RendaImposto de RendaImposto de Renda - Este tributo é co-brado diretamente pelo governo federal e in-cide sobre rendas, como salários, aplicaçõesfinanceiras e imobiliárias. No caso do salário,estão isentas as pessoas que ganham até R$1.499,15 por mês. Acima disso e até R$ 2.246,75,a alíquota é de 7,5%. Na faixa seguinte, até R$2.995,70, o imposto é de 15%. Depois, a alí-quota é de 22,5% para salários até R$ 3.743,16.A partir desse valor, passa a ser de 27,5%.

IPVIPVIPVIPVIPVA - A - A - A - A - O imposto é administrado pelosestados, que cobram alíquotas variadas. NoParaná, os veículos de passeio pagam 2,5% aoano sobre o valor de mercado.

IPTU - IPTU - IPTU - IPTU - IPTU - É cobrado pelas prefeituras, comalíquotas variáveis e que são aplicadas todosos anos sobre o valor dos imóveis.

Quanto é gastoNeste ano, o setor público vai gastar mais de

R$ 1,4 trilhão. São R$ 1,3 trilhão arrecadado comimpostos e outros R$ 100 bilhões emprestados.

Isso significa que o governo tem déficit, ou seja,gasta mais do que arrecada.

Quem gastaGoverno federal ............................ R$ 800 bilhõesEstados ........................................... R$ 400 bilhõesMunicípios ..................................... R$ 200 bilhões

PrioridadesVeja quais os itens que mais consomem recursos

públicos no Brasil - incluindo a conta previdenciá-ria e todos os níveis da administração:

Previdência ..................................................... 28%Saúde ............................................................... 15%Educação ........................................................ 13%Juros ............................................................. 12,8%Administração ............................................... 5,7%Transportes .................................................... 3,7%Segurança ...................................................... 3,7%Assistência social ........................................... 3,5%Outros .......................................................... 14,6%

Page 42: Paraná sem retaliações

42Documento Reservado / Outubro 2010

Tamandaré A administraçăo municipal de Almirante Tamandaré continua

qualidade de vida da populaçăo, a Prefeitura tem feito um esforço

1. CENTRO DA JUVENTUDE(Obras em andamento)

Localizado numa área de 20.000 m2, desapropri-ada pela Prefeitura Municipal para a construçăodo novo Centro Administrativo (já em funciona-mento), o Centro da Juventude comporá um gran-de complexo de prédios públicos que atenderăo apopulaçăo da regiăo da Grande Cachoeira. A áreadestinada ao Centro da Juventude é de 8 mil me-tros quadrados. O local contará com área de lazer,piscina, teatro ao ar livre, quadras esportivas,pista de skate e um prédio com salas de informá-tica, auditório, salas de estudo, entre outros es-paços que atenderăo jovens de 12 a 18 anos.

2. PAVIMENTAÇÕESPAVIMENTAÇÕES DE RUAS EM AREIAS

(Obras concluídas)A Prefeitura Municipal pavimentou tręs ruas da

Regiăo de Areias: Bortolo Muraro, Otilia de SouzaFerrarini e Nilo Cropolato Matias. A obra, orçadano total de R$ 498 mil, foi totalmente custeadacom recursos próprios do Município e a extensăototal das pavimentaçőes é de 800 metros.

PAVIMENTAÇÃO DE RUA NO TANGUÁ(Obra concluída)

Mais uma obra de pavimentaçăo concluída pelaPrefeitura - a Rua Roberto Dreschler, na qualestá localizada a Escola Municipal Clair do RocioSandri e a Escola Estadual Professor AlbertoKrause, no bairro Tanguá.

O trecho pavimentado é de 220 metros lineares(correspondentes a 1.763 m2) e a obra custoucerca de R$ 132 mil, que foram pagos com re-cursos próprios do Município.

PAVIMENTAÇÃO DE RUA NO TANGUÁ- Vila Marta(Obra em andamento)

Através do Plano Comunitário, está sendo execu-tada a pavimentaçăo da Rua Machado de Assis,com aproximadamente 650 metros de extensăo.

PAVIMENTAÇÕES DE RUAS EM TRANQUEIRA(Obra em andamento)

Em Tranqueira também estăo acontecendo obrasda Prefeitura Municipal. com aproximadamente1.000 metros, as ruas que estăo sendo pavi-mentadas săo: Rogério Gulin, Francisco Cardosoe José Luiz Keep.

As obras, que se iniciaram em agosto, estăoorçadas em cerca de R$ 422 mil e estăo sendoexecutadas com recursos próprios do Município.

PAVIMENTAÇÃO DAAVENIDA VER. WADISLAU BUGALSKI

(Obra em funcionamento)

A obra de pavimentaçăo desta via de 7 quilôme-tros, está dividida em dois Lotes (1 e 2). O pri-meiro Lote, da Regiăo do Jardim Buenos Airesaté a Ponte do Taboăo (divisa com Curitiba), jáestá com os serviços de drenagem, execuçăo demeio fio e regularizaçăo de base das calçadaslaterais da pista já concluídas. Já foi iniciada aaplicaçăo de capa asfáltica (1Ş. camada) na pis-ta (próximo ao acesso principal da Escola Esta-dual Tancredo Neves).O outro trecho (Lote 2) já está com o contratocom a empresa vencedora da licitaçăo assinadoe os trabalhos preliminares, já autorizados pelaPrefeitura, deverăo ser iniciados no início denovembro e o prazo para execuçăo total é de180 dias. Este Lote liga a sede do Municípioaté o Jardim Buenos Aires (cerca de 3,5 Km).

Page 43: Paraná sem retaliações

43Documento Reservado / Outubro 2010

em Obras trabalhando em benefício da cidade. Para a melhoria da com a execuçăo de obras em várias regiőes da cidade. Confira:

PAVIMENTAÇÃO DE RUA NO MONTE SANTO(Obra em andamento)

As obras de pavimentaçăo da Rua Săo Ben-to, localizada no Jardim Monte Santo, com280 metros de extensăo (acesso ŕ EscolaMunicipal Lourenço Ângelo Busato e Ginásiodo Jardim Monte Santo) estăo orçadas emR$ 222 mil.

3. US JARDIM ROMA – AMPLIAÇÃO(Obra em andamento)

A Unidade de Saúde do Jardim Roma, cuja Or-dem de Serviço foi assinada em 16 de junho,está com suas obras de ampliaçăo de mais 90m2 em estágio avançado. Orçada em R$ 106mil, que serăo pagos com recursos do FUNASAe com contrapartida do Município, a obra estáem fase de acabamentos interno e externo e aprevisăo de entrega da obra ŕ populaçăo é para ofinal do męs de novembro.

4. CONSTRUÇÃO DO CREAS –Centro de Capacitação

de Adolescentes(Obra em andamento)

Com Ordem de Serviço assinada em 26 de julhode 2010, as obras de construçăo do Centro deCapacitaçăo de Adolescentes – Programa deMedidas Sócio-Educativas de Almirante Taman-daré estăo em fase de acabamentos interno eexterno.

Localizado na Rua Joăo Cândido de Siqueira,no Centro, funcionará ao lado do Centro deAtendimento Psicossocial Osmar Jopert. Asnovas instalaçőes, com aproximadamente 88m2, contarăo com salas de múltiplo uso, salade informática e banheiros. O investimentototal para a construçăo é de R$ 110 mil, comrecursos do Fundo da Infância e Adolescęn-cia (FIA) e uma pequena contrapartida da Pre-feitura.

5. EDIFÍCIO SEDE DA PREFEITURA(CENTRO) – OBRAS DE

RECUPERAÇÃO DA FACHADA(Obra em andamento)

A obra, orçada em torno de R$ 70 mil, estáem fase de finalizaçăo da recuperaçăo da sa-cada (que estava com a estrutura danificadapor infiltraçőes) e parte do edifício já foi pin-tada.Na cobertura foram substituídas telhas e madei-ramento e todas as floreiras foram impermeabi-

lizadas. Estăo sendo substituídas as portas devidro (para vidro temperado) e será colocado pisode granito em parte de saguăo (onde está danifi-cado). A Previsăo de conclusăo da obra é para omęs novembro.

6. ILUMINAÇÃO DA RUAAGRIMENSOR NICOLAU WALKIR

NETO (MONTERREY)(Obra concluída)

A Prefeitura executou a iluminaçăo completa daRua Agrimensor Nicolau Walkir Neto localizadano Jardim Monterrey.A retificaçăo do traçado e pavimentaçăo da via,uma antiga reivindicaçăo da comunidade, foi an-teriormente executada pelo Município em parce-ria com o Governo do Estado. A iluminaçăo com-pletou a obra.

Page 44: Paraná sem retaliações

44Documento Reservado / Outubro 2010

agronegócio

Mercado favorávelPara se beneficiar do bom momento vivido pela soja, o agricultor tem de planejar as vendas

Já aguardando a chegada do fenômenoLa Niña e tendo noção do risco que as plan-tações correm, os produtores paranaensestêm se preparado de diversas formas, paranão serem prejudicados pela estiagem. Oagricultor Neudi Mosconi, produtor de grãosem Cascavel e Vera Cruz, no Oeste do Para-

Plantioná, vai apostar no plantio escalonado e naaplicação de aminoácidos nas sementes, paraproteger os mais de 700 hectares de feijão e250 hectares de soja que cultiva.

Segundo ele, a técnica do plantio escalo-nado, de acordo com o ciclo de desenvolvi-mento de cada cultura, preserva a produção

final, caso haja uma temporada com poucaschuvas. “Plantando os grãos em diferentes pe-ríodos do ano, com intervalos de tempo ca-racterísticos de cada planta, a chance de per-dermos a safra é menor, já que sabemos queficaremos na dependência da chuva”, disse.

Mosconi vai utilizar também, a aplicação

iferente do que os agricultores passa-ram na safra 2009/2010, onde as cota-

ções da soja foram influenciadas por fatoresespeculativos, a tendência para 2010/11 é queos preços dos grãos sejam fundamentados nalógica da oferta e da demanda. Esta é a avalia-ção do economista e diretor técnico da áreade oleaginosas do Grupo Safras, Flávio Rober-to de França Júnior, ao sinalizar que as proje-ções para o atual período agrícola mostramvariáveis distantes das que predominaram nes-se ano e apresentam margens mais apertadasaos produtores.

Mas o cenário não é de todo ruim. Duran-te o “Seminário de Tendências do Agronegó-cio - Cenários para 2011”, promovido pelaOrganização das Cooperativas Brasileiras(OCB) em parceria com o Sindicato e Organi-zação das Cooperativas do Paraná (Ocepar),no dia 19 de outubro, em Curitiba, FrançaJúnior adiantou que o mercado internacional,em compensação, estará mais favorável à co-mercialização. “O preço da soja na Bolsa de

D

Page 45: Paraná sem retaliações

45Documento Reservado / Outubro 2010

Lucian Haro

de aminoácidos para fortificar e garantir odesenvolvimento do feijão e da soja. “Esta-mos utilizando, também, aminoácidos juntoàs sementes, para ativar o poder radiculardas plantas e elevar, assim, entre 30% e 40%as chances de ocorrer o enraizamento nosolo”, afirmou.

Chicago (CBOT) ficou engessado ao longo de2010, entre US$ 9 e US$ 10 o bushel, e só subiupara US$ 12, em setembro, quando boa parteda colheita brasileira já havia sido vendida. Aperspectiva é de que esse patamar se mante-nha na venda da safra 2011, mas com a dife-rença de que não haverá especulação, ou seja,os preços serão mais firmes e consistentes”,previu. Para ele, os “ares” favoráveis aos pro-dutores em 2011, estão relacionados, também,aos prêmios de exportação, que devem semanter, em média, entre US$ 0,40 e US$ 0,50 obushel no Porto de Paranaguá.

Sobre a inesperada valorização da soja na

CBOT, ocorrida no segundo semestre desteano, o analista disse que o aumento na de-manda veio embalado por uma mudança nocomplexo grãos: como o trigo e o milho, quesofreram um enxugamento na Europa e, porisso, foram mais procurados no Brasil. “A rela-ção da soja com os outros grãos está direta-mente ligada à demanda do mercado de con-sumo de ração e também à produção dos Esta-dos Unidos. Com o milho custando US$ 5 asaca e o trigo custando US$ 7 a saca, é pratica-mente impossível a soja ficar abaixo dos US$10,50, US$11”, explicou.

Já quanto aos fatores que podem compro-meter o sucesso da próxima safra, o econo-mista afirmou que o perfil climático será gran-de motivo de preocupação. Tudo isso, porqueestá prevista a ocorrência do fenômeno LaNiña, de intensidade moderada a forte, noCentro-Sul do País. “O fenômeno se diferenciado El Niño, que ocorreu no ano passado, epode causar períodos severos de seca, interfe-rindo no cultivo e no desenvolvimento dosgrãos. O clima não apenas preocupa, comoprovoca mudanças no perfil das plantações,tanto que o plantio no Centro-Oeste do Brasiljá está atrasado”, afirmou França Júnior.

Mesmo com as boas perspectivas para ocenário da comercialização em 2011, a reco-

França Junior: “fundamentada nalógica da oferta e da demanda”

mendação do analista para os produtores é ade aproveitarem a boa fase oferecida pelomercado. Mas sem pressa em se desfazer daprodução. “O meu conselho é vender a safra,mas sem ser agressivo. Não dá para deixar deaproveitar os bons preços, mas é bom seguiruma linha conservadora até o final deste ano,afinal, 2010 é um ano de margens apertadas, ea expectativa é que os preços melhorem de10% a 15%, só na época das primeiras colhei-tas”, alertou.

De acordo com o agrônomo Otmar Hubner,do Departamento de Economia Rural (Deral) daSecretaria Estadual da Agricultura e do Abasteci-mento, os agricultores paranaenses ti-nham plantado soja em cer-ca de 4,5 milhões dehectares até setembro.A produção estimadada oleaginosa é de 13,7milhões de toneladas.

Soja no Paraná

Otmar Hubner

Um plantioescalonado

para protegera produção.

Neudi Mosconi

“”

Um plantioescalonado

para protegera produção.

Neudi Mosconi

“”

Page 46: Paraná sem retaliações

46Documento Reservado / Outubro 2010

agronegócio

Saborosoe saudável

ovas descobertas científicas sobre ali-mentos e substâncias que desempe-

nham funções benéficas ao corpo humanointeressam a qualquer um que queira ter uma“saúde de ferro”. Ainda em fase de testes, masjá apresentando resultados promissores, a no-vidade do setor é a utilização de bactérias pro-bióticas em produtos embutidos, como sala-mes, para tornar mais funcional o poder des-ses alimentos no organismo.

O nome pode parecer estranho, mas osprobióticos já são velhos conhecidos da po-pulação. Eles estão presentes em bebidas lác-teas, leites fermentados, sucos, barras de cere-ais e cremes vegetais e, segundo especialistas,são ótimas ferramentas na prevenção de do-enças, proteção dos órgãos e tecidos e manu-tenção das reações básicas do corpo. Em car-nes, a utilização dessas substâncias ainda éincipiente, mas, levando em consideração quequanto mais nutritivo for o alimento, mais“turbinado” à saúde ele se torna, o avançoparece ser bastante promissor.

Um grupo de pesquisadores paranaensestestou, recentemente, a incorporação dessasbactérias em salames - a iniciativa pode terdado origem a uma versão mais saudável do

N

Page 47: Paraná sem retaliações

47Documento Reservado / Outubro 2010

Lucian Haro

Pesquisa com probióticos no Paranápode ter dado origem a salame com

propriedades benéficas ao organismo

São incorporadosfrequentemente aoutros alimentos.

Renata Emlund Freitas de Macedo

produto. De acordo com a coordenadora doprojeto, Renata Emlund Freitas de Macedo,pesquisadora da Pontifícia Universidade Cató-lica do Paraná (PUC-PR) e também vice-presi-dente da Sociedade Brasileira de Ciência eTecnologia de Alimentos - Regional Paraná(SBCTA-PR), a tentativa de agregar os benefíci-os dos probióticos às propriedades naturais

Foto

: João B

org

es

dos alimentos cárneos, surgiu para tentar po-tencializar a funcionalidade dessas substânci-as, quando ingeridas. “Os probióticos são co-nhecidos por melhorarem o equilíbrio micro-biano intestinal, facilitando a digestão, preve-nindo o câncer de cólon e reduzindo os níveisde colesterol sanguíneo, por isso são incorpo-rados frequentemente a outros alimentos”,afirma.

Segundo a pesquisadora, os microorga-nismos precisam ser consumidos vivos parafuncionarem e para que se mantenham noambiente, é necessário, porém, que estejamem uma matéria-prima que não sofra aqueci-mento durante a produção e que permaneça

Alguns produtoscom probióticos

Fermentados:Yakult, Actimel, Chamyto,Batavito, Vigor Club etc.

Iogurte:Activia, Biofibras e Nesvita

Page 48: Paraná sem retaliações

48Documento Reservado / Outubro 2010

agronegócio

Sila: “produz benefícios à saúde, ao bem estar”

Probióticos x PrebióticosÉ comum ainda que muitas pessoas confundam a funçăo dos microorganismos probióticos com a

dos prebióticos. Mais do que uma letra no nome, a diferença entre elas está, também, nas açőes quedesempenham no corpo humano. A nutricionista Sila Ferreira, explica que os dois tipos de bactériasatuam juntos no sistema digestivo mas assumem papéis diferentes. “Os prebióticos podem ser defini-dos como fibras alimentares năo digeríveis pelo organismo e funcionam como estimuladores seletivosdo crescimento e ou atividade de um número limitado de bactérias úteis ao cólon. Essas substânciasnăo săo digeridas pelo estômago e săo aproveitados pelos probióticos, garantindo os efeitos positivosno organismo”, esclarece.

Ainda de acordo com a nutricionista, os prebióticos evitam a proliferaçăo de bactérias “ruins” nointestino grosso, pois produzem ácidos graxos de baixo peso molecular (AGCC – acetato, propianatoe butirato), além de facilitarem a absorçăo do cálcio, magnésio, ferro e zinco pelo organismo.

Funções dos probióticosAtuam no intestino grosso como inibidores da proliferaçăo de bactérias intestinais indesejáveis. Aose fixarem na parede intestinal promovem a imunidade humoral e celular;Melhoram a resposta imunológica do organismo, pois aumentam a síntese de imunoglogulinas (IgA)e ativaçăo de linfócitos T e B provocando barreira protetora no intestino;Os lactobacilos presentes nos probióticos produzem a enzima beta-galactosidase, que facilita adigestăo da lactose;produzem substâncias que inibem a açăo dos agentes causadores de toxinfecçăo alimentar. OsLactobacillus spp, por exemplo, produzem substâncias bactericidas como peróxido de hidrogęnioque inibe a açăo da Salmonella sp;a presença das Bífidobactérias é capaz de sintetizar algumas vitaminas do complexo B e enzimasdigestivas;as Bífidobactérias reduzem, também, o colesterol total pela diminuiçăo do colesterol LDL e,aumento de colesterol HDL.

refrigerada – por isso a escolha do salame. Apesquisadora explica ainda, que depois de terescolhido a base para as experimentações, foipreciso testar algumas linhagens bacterianaspara ver qual delas se adaptaria melhor à car-ne. “Durante o estudo, utilizamos os Lactoba-cillus casei, paracasei e rhamnosus, mistura-dos à massa de salame e avaliados quanto àviabilidade durante o processamento do pro-duto e também quanto às alterações que po-deriam causar nas características do produto,como textura, aparência e gosto. No fim, veri-ficamos que os probióticos mantiveram-se vi-áveis no salame, em quantidade superior àmínima necessária para obtenção dos efeitosprobióticos no organismo e sem gerar altera-ções”, diz.

A chegada do produto ao mercado aindanão está prevista, muito menos foi estipulado ovalor comercial que teria, mas Renata garanteque o salame não custaria caro nem para osprodutores e nem para os consumidores, com-parado com os benefícios que o consumo doalimento traria à saúde.

Ainda sobre as vantagens do consumodos probióticos, a nutricionista e professorada Universidade Federal do Paraná (UFPR),Sila Mary Ferreira, diz que esses microorga-nismos, quando ingeridos frequentemente eem uma quantidade suficiente para funcio-narem, assumem um papel importante noorganismo. Segundo ela, as bactérias maisconhecidas por exercerem essa função são asLactobacillus spp, Streptococus thermophi-lus, Bifidobacterium sp, presentes principal-mente em leites fermentados e alguns iogur-tes. “Um alimento com probióticos incorpo-ra microorganismos vivos (lactobacilos, bífi-dobactérias) e, se consumido de forma con-tínua, produz benefícios à saúde, ao bem es-tar, além dos efeitos nutricionais, como pro-teção do intestino grosso (cólon) e equilí-brio da flora intestinal”, afirma.

Page 49: Paraná sem retaliações

49Documento Reservado / Outubro 2010

Page 50: Paraná sem retaliações

50Documento Reservado / Outubro 2010

cultura

Cultura de graçaCom transmissões ao vivo pela internet, expectadores

não precisam mais sair de casa para ir ao teatro

Da Redação

á se foi o tempo em que era precisoenfrentar filas para comprar ingressos

de alguma peça de teatro, desembolsarum bom dinheiro para ver um artista emcartaz ou ter que sair de casa uma horaantes do início do espetáculo para nãose atrasar. Tudo isso foi substituído ago-ra, pela internet, que passou a transmitiras montagens em tempo real e o melhorde tudo, de graça.

A técnica do e-teatro, como é chama-da, ainda é novidade no Brasil, mas já fun-ciona em Curitiba desde junho desse ano.As exibições são realizadas, unicamente,pelo teatro Reikrauss, que é o único espa-ço da América Latina a dispor dessa tecno-logia de maneira independente e sem cus-tos ao público.

Segundo o diretor do teatro, Rei-krauss Benemond, o objetivo da compra do equipamento paratransmissão simultânea das peças em cartaz, é divulgar a culturapara as pessoas que, por algum motivo, não podem assistir àsproduções no teatro e para proporcionar, também, o acesso àsmontagens do Reikrauss em todo o mundo. “Mais do que umainovação, O e-teatro trata da disseminação da cultura curitibana ebrasileira pelo mundo e do livre acesso à cultura por aqueles quenão podem ir ao teatro, seja pela distância, falta de tempo ou dedinheiro”, diz.

Para Benemond, a novidade tem tudo para dar certo, aindamais se levado em consideração o aumento no número de acessos

à internet, registrados pelos brasileiros– segundo o Ibope, o País já é o quintodo mundo em conexões à rede mundial.Ele diz ainda que os teatros não corremo risco de ficar vazios. “Dificilmente aexperiência de assistir a uma peça de te-atro ao vivo será substituída. Espera-se,inclusive, que a prática on-line incentiveas pessoas a irem ao teatro, hábito aindaincomum em mais da metade da popula-ção brasileira”, acrescenta.

Desde o começo das transmissões,já foram exibidas na internet 15 peças,entre produções locais e de outras cida-des brasileiras. O próximo passo do e-teatro é disponibilizar um telão, que ro-dará em alguns pontos da cidade, trans-

mitindo os espetáculos.

SERVIÇOInformaçőes pelo site

www.teatroreikrauss.com.br

J

“O Avarento”, umas das peças que foitransmitida simultaneamente pela internet

Benemond: “disseminação gratuita da culturacuritibana e brasileira pelo mundo”

Page 51: Paraná sem retaliações

51Documento Reservado / Outubro 2010

artigo

A ”onda azul”. O milagre não existeSergio Bassi *

á 12 anos, após anos de pesquisas, aindústria internacional da bioenge

nharia farmacêutica colocou à disposição doshomens deste planeta, aquilo que se poderiachamar de “o milagre da potência eterna”.

A milagrosa pílula da potência veio paraficar. E ficou. Criou raízes e se expandiu portodos os cantos do planeta. O conhecimentode sua existência e a curiosidade sobre seusefeitos foram de tal forma importantes que“Viagra”, o nome comercial patenteado que aPfeizer deu ao produto, passou a ser sinônimode “remédio para impotência”.

Foi a época da euforia. Adeus àquelas téc-nicas de injeções no pênis inventadas pelomeu amigo e professor em Paris, o Dr. RolandVirag. Adeus às Próteses Penianas que eram,na época, o símbolo da solução definitiva daimpotência. Os mais ricos mundo afora, per-mitiam-se “mimos sofisticados” como o im-plante de próteses infláveis (com botão de ati-vação sob a pele da bolsa escrotal) que au-mentavam até em comprimento e espessuraquando infladas.

Foi nesta época que eu realmente me per-guntei! “De que valeu meu tempo gasto nosEUA com os mestres e amigos Montague, Mul-cahy, Dabwalla, aprendendo a instalar cirur-gicamente traquitanas tão sofisticadas, se ago-ra elas estavam prestes a cair no ostracismo?De que valeu meu tempo viajando por tantospaíses das Américas e da Ásia, operando juntocom colegas médicos interessados em apren-der sobre tais traquitanas se elas estavam pres-tes a ser extintas, esmagadas pela “onda docomprimido azul”?

O tempo passou, a fofoca continuou, a cu-riosidade também. Muitos falaram mal. Atémesmo “matar do coração” o comprimido foi

H

*Sergio Bassi é médico urologistae presidente do Hospital Griffon

acusado. Muitos mais falaram bem. Novos pri-mos, com outras cores e nomes surgiram paraaumentar a famosa e tão desejada família dos“remédios de impotência”. Quem não conheceos termos Levitra, Cialis, Helleva e atualmentetantos similares e genéricos decorrentes da aber-tura da patente do “comprimido azul”?

A ponderação veio com o tempo. A reali-dade dos fatos foi demonstrada pela ação sé-ria de pesquisa da Medicina. Estes são verda-deiramente medicamentos revolucionáriospara a qualidade de vida dos homens. Elimi-naram definitivamente qualquer indicação deuso das famigeradas injeções penianas do meuquerido Dr. Virag. São medicamentos que fun-cionam muito bem para melhorar uma potên-cia normal naqueles dias de maior empolga-ção. Funcionam ainda muito bem nas impo-tências de origem psicogênica, não somentepermitindo ao homem retomar imediatamen-

te sua vida sexual, mas recobrando nele a au-toconfiança, tão essencial nestes casos parapermitir o retorno de uma atividade sexualnatural (não auxiliada por medicamentos).Estes medicamentos funcionam também emcasos de impotência orgânica de origem vas-cular e/ou neurológica leve ou moderada,trazendo a baixa performance para um nívelmais natural de desempenho sexual.

Enganam-se, no entanto, aqueles que achamque tudo pode ser resolvido no comprimido.As próteses penianas sobreviveram à euforia doscomprimidos. Elas continuam sendo a opçãomais sensata, prática, segura e definitiva para asimpotências mais severas, que respondem pou-co aos medicamentos em baixas doses. O paci-ente diabético, ou com doença neurológica in-capacitante, aquele homem com impotência porsequela cirúrgica, são candidatos perfeitos a umimplante de Prótese Peniana. O remédio deveficar de uso restrito aos outros casos mais levesde disfunção erétil.

Uma coisa, no entanto, a euforia, a sensa-ção do milagre da ciência, trouxe de bom paranossa ainda ingênua humanidade. Nunca sefalou com tanta naturalidade sobre sexo comodepois do surgimento do comprimido azul. Otabu caiu! O pavor de ficar impotente tornou-se apenas medo. A “Idade das Trevas” se foi, a“Inquisição” sobre o sexo e a sexualidade hu-mana acabou e com o comprimido azul veioo “Renascimento” da sexualidade humana noapagar das luzes do Século XX .

Parabéns ao comprimido azul. Viva o Re-nascimento. Fim do Século XX . Sem milagres.Felizmente somos humanos.

Page 52: Paraná sem retaliações

52Documento Reservado / Outubro 2010

agenda

Eventos

Encontro de MáquinasO Pavilhăo de Exposiçőes do Parque Barigui vai funcionar, nos dias 13 e 14 de novembro, como garagem para as máquinas do 3ş Encontro Brasil Hot RodsCuritiba Roadsters. O evento reunirá mais de 200 carros antigos, além de 40 estandes de empresas e marcas do setor automotivo nacional. Informaçőes:www.encontrobrasilhotrods.com.br

Neurocięncia Aplicada ŕ EducaçăoNos dias 18 e 19 de novembro, o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP) realiza o 1ş Workshop de Neurocięncia Aplicada ŕ Educaçăo, dentroda programaçăo do 1ş Simpósio de Neurocięncia Aplicada ŕ Psiquiatria. O Workshop abordará temas atuais que afetam crianças e adolescentes em períodoescolar. Os encontros serăo realizados na sede do Conselho Regional de Medicina do Paraná. Informaçőes: www.pelepequenoprincipe.org.br.

Comércio InternacionalPromovido pelo Instituto de Pesquisas em Comércio Internacional e Desenvolvimento, pela Escola de Direito e Relaçőes Internacionais e pelo Programa deMestrado em Direito das Faculdades Integradas do Brasil (UNIBRASIL), será realizado no dia 26 de novembro, o Encontro Brasileiro de ComércioInternacional 2010. O evento tem como objetivo discutir aspectos jurídicos práticos envolvidos nas transaçőes comerciais internacionais, assim como asperspectivas da economia brasileira e a sua correlaçăo com o comércio exterior. Informaçőes: www.ebcinter.com.br

Salăo do AutomóvelO Expotrade Convention Center recebe entre os dias 20 e 28 de novembro a 14ş ediçăo do Salăo do Automóvel, realizado pela Agęncia J.A Produçőes eEventos. Na ediçăo de 2010, o maior evento automotivo do Brasil trará novidades da área náutica, motocicletas de alta cilindrada, veículos esportivos,hot rods, customizados e fora de série. Informaçőes: www.twitter.com/salaodecuritiba

52Documento Reservado / Outubro 2010

Exposições

Retratos da música curitibanaO Quintana Café & Restaurante abriga até o dia 19 de novembro a exposiçăo “Retratos da música curitibana”, do fotógrafo Paulo Rick. A mostra tem comotema o trabalho das bandas curitibanas. A visitaçăo pode ser feita de segunda a sábado: das 11h30 ŕs 18h e aosdomingos, das 12h ŕs 16h. Informaçőes: (41) 3078-6044.

Desenhos no BRDEAté o dia 24 de novembro, a exposiçăo “Desenhos Cobertos de Tintas”, do artista plástico Júlio Manso Vieira, pode servista no Espaço Cultural BRDE. A mostra é um diálogo entre o desenho e a serigrafia e traz como tema imagensinspiradas na Serra do Mar do Paraná, local que resgata a relaçăo do artista com a natureza. Exposiçăo fica aberta desegunda a sexta-feira, das 12h30 ŕs 18h30. Informaçőes: (41) 3219-8056.

TranseuntesA fotógrafa Alessandra Haro expőe, até o dia 27 de novembro, o resultado artístico das pesquisas que realizou duranteo mestrado em Fotografia Artística, feito na Espanha. A exposiçăo “Transeuntes” está montada no Museu Guido Viaro, em Curitiba e a entrada é gratuita.informaçőes pelo (41) 3018-6194 ou no www.museuguidoviaro.org.

Os Modernos BrasileirosAté o dia 28 de novembro, estarăo expostas no Museu Oscar Niemeyer (MON), obras de designers e arquitetos renomados como Oscar

Niemeyer, Gregori Warchavchik e Lasar Segall, nunca vistas pelo público. A mostra chamada de “Os ModernosBrasileiros + 1”, reúne 58 peças originais, que até hoje săo referęncia para o design. Informaçőes: (41) 3350-4400.

Panoramas ParanaensesA exposiçăo “Panoramas Paranaenses”, da artista plástica Ane Serpa Cazamajou fica aberta para visitaçăoaté o dia 10 de dezembro, no Hotel Blue Tree Towers Curitiba. A mostra reúne 18 obras com uma perspectivabastante peculiar e intimista da artista sobre as paisagens do Estado. Informaçőes: (41) 3017-1090.

“Espreguiçadeira comBalanço”, de Oscar

Niemeyer, década de 70

Page 53: Paraná sem retaliações

53Documento Reservado / Outubro 2010

53Documento Reservado / Outubro 2010

Shows

Teatro

Circo do “Zé Priguiça”Até o dia 11 de dezembro, a populaçăo é convidada a visitar, gratuitamente, o Circo da Cidade “ZéPriguiça”, no Alto Boqueirăo. As apresentaçőes circenses contam com participaçăo da Cia. La Arena, deBuenos Aires, trazida a Curitiba pela companhia Imă.circo e pela Aspart. A intençăo dos organizadoresé gerar um intercâmbio entre artistas argentinos e criadores curitibanos e promover, também, oficinasde artes para alunos das escolas da rede municipal de ensino. O circo está montado na Rua BenedictoSiqueira Branco, s/n – Alto Boqueirăo. Informaçőes: (41) 3287-5307.

Alice no País das MaravilhasA montagem do espetáculo infantil “Alice no País das Maravilhas” fica em cartaz no Teatro Regina Vogue, até o dia 14 de novembro, sempre aos sábadose domingos, ŕs 16 horas. Informaçőes: (41) 2101-8292

Feche os olhos para OlharFica em cartaz até o dia 21 de novembro no Teatro Cleon Jacques o espetáculo “Feche os olhos para Olhar”, da desCompanhia de dança. O espetáculo tratado olhar que se faz no toque, na relaçăo, nos sentidos e acima de tudo na percepçăo. Entrada franca. Informaçőes: (41) 3313-7190.

Norah JonesNo dia 12 de novembro, a cantora e pianista norte-americana Norah Jones faz única apresentaçăo no Grande Auditório doTeatro Positivo. A artista inicia sua turnę no Brasil para apresentar seu mais recente trabalho “The Fall”. Valor dosingressos: de R$ 104 a R$ 244. Informaçőes: (41) 3317-3000.

MillencolinTambém no dia 12, a banda sueca de Punk rock Millencolin retorna ao Brasil, para agitar o Curitiba Master Hall. Os ingressos estăo ŕ venda pelo DiskIngressos. Informaçőes: (41) 3248-1001 / 3315-0808.

Joăo Neto e FredericoJá para quem prefere uma balada sertaneja, a dupla Joăo Neto e Frederico se apresenta no Curitiba Master Hall, dia 19 de novembro. A dupla goiana traza Curitiba sucessos do disco “Vale a Pena Sonhar”, que incluem “Revelaçăo”, “Tô Sofrendo por Paixăo” e “Marmiteiro”. Os ingressos custam de R$ 35a R$ 65. Informaçőes: (41) 3248-1001.

SandyApós encerrar uma carreira de 17 anos ao lado do irmăo, a cantora Sandy vem ŕ Curitiba paralançar seu CD solo, “Manuscritos”. O álbum tem treze faixas, todas de autoria de Sandy. O showserá no dia 19 de novembro, no Teatro Positivo. Os ingressos já estăo a venda e podem seradquiridos pelo Disk-ingressos.

Filhos da MúsicaNos dias 26 e 27 de novembro, o guitarrista Bem Gil (filho de Gilberto Gil), o pianista Donatinho (filho de Joăo Donato) e a pianista Bianca Gismonti (DuoGisbranco, filha de Egberto) se encontram no Teatro Paiol, dentro do projeto Filhos da Música, que tem como objetivo celebrar o DNA musical e mostrarque as influęncias da música já nascem no berço. Nos dias 3 e 4 de dezembro, é a vez André Vasconcellos (filho de Ricardo Vasconcellos), Joăo e Max Vianna(filhos de Djavan) se encontrarem e encerrarem a programaçăo. Informaçőes: (41) 3213-1340.

Paz e HumorNo dia 2 de dezembro, o humorista gaúcho Paulinho Mixaria estreia seu novo show “Paz e Humor” no Grande Auditório do Teatro Positivo. O humor sem palavrăoé a marca registrada do artista, que leva a platéia ao riso através de causos e piadas do cotidiano das pessoas. Mixaria sobe ao palco junto com o irmăo JorgeBarttira e fará, ainda, o lançamento do DVD “Ói As Cunversa”. Ingressos a venda pelo Disk Ingressos e na bilheteria do Teatro. Informaçőes: (41) 3315-0808.

Page 54: Paraná sem retaliações

54Documento Reservado / Outubro 2010

Fernanda Richaperfil

a Vila Parolim, uma das mais perigosasfavelas de Curitiba, Fernanda Richa,

esposa do governador eleito, Beto Richa, jo-gou bolinha de gude com as crianças e é umaespécie de madrinha da Associação dos Mora-dores do bairro. Encara todas as situações ehá quem sustente que ela teve papel funda-mental na vitória do então candidato ao Go-verno do Estado. Foi vitoriosa também nasduas campanhas que elegeram o marido aprefeito da capital paranaense.

Assumiu a Fundação de Ação Social combraço forte e, hoje, é uma das mais respeita-das dentro das comunidades carentes de Curi-tiba. Citar seus feitos não a elogia, porquesempre diz que nada mais faz do que a obriga-ção do cargo público e o prazer em podercontribuir para uma sociedade com melhorqualidade de vida.

Embora tenha nascida em berço de ouro,neta do banqueiro Avelino Vieira, que mon-

tou um dos mais complexos sistemas financei-ro do País, Fernanda Richa estudou na Suíça,é de gosto simples e normalmente veste jeanstanto nas imersões da promoção social, comoem um jantar ou almoço nos clubes mais so-fisticados da capital.

Seus discursos na área social são rechea-dos de esperança e nunca de promessas. E elasó se compromete com o que, efetivamente,possa vir a cumprir. Sua comunicação com omundo da periferia está pautada no diálogo,onde suas palavras lotam associações de bair-ros, levando um naco de esperança às pessoascarentes, principalmente às crianças.

Mãe e esposa dedicada, é capaz de inter-romper qualquer agenda para atender aos trêsfilhos: Marcello, André e Rodrigo. Eles sãoprioridades absolutas. Fernanda Richa é for-mada em direito, nasceu em Curitiba, em 1963.Ainda muito jovem, perdeu o pai, Tomas Ed-son Vieira, em um acidente de avião que co-moveu o País.

Talvez, por ter sofrido a perda do pai, ajovem passou a se dedicar nas ações sociais,impulsionada pelo marido, o ex-prefeito egovernador eleito, Beto Richa que tambémherdou do pai, o ex-governador José Richa, ocarinho e a atenção especial para com os

mais carentes.

Por Pedro Ribeiro

N

Foi assim todos os dias de primeira-dama domunicípio de Curitiba e deverá ser assim comoprimeira-dama do Estado onde, provavelmente, as-sumirá a presidência do Provopar para ampliarseus conhecimentos e suas ações no combate àmiséria em todo o Paraná.

Page 55: Paraná sem retaliações

55Documento Reservado / Outubro 2010

Page 56: Paraná sem retaliações

56Documento Reservado / Outubro 2010