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(45) 3097-4512 Pronto Atendimento 24h Cascavel, 8 de maio de 2020 - Ano XXIV - Nº 2.246 - R$ 3,00 [email protected] Paranhos sozinho na pista 45 99921-0456 45 3333-9999 www.hyundaivetor.com.br Oposição “desaparece” diante do protagonismo do Execuvo cascavelense na pandemia de Covid-19 e do calendário eleitoral “calça curta” O calendário eleitoral foi atropelado pelo coronavírus. A afirmação provavelmente ob- tém um raro consenso dos seis pré-candida- tos a prefeito de Cascavel. A epidemia gerou superexposição nos porta vozes governamentais: de Angela Merkel na Alemanha, passando por Trump nos EUA, Mandetta em Brasília, Doria em São Paulo e chegando a Paranhos em Cascavel. Não há outro assunto possível, por mais que leitores e eleitores da linha “Poliana Moça” tencionem as mídias a trocar de as- sunto e trazer “notícias boas”. Além de contaminar a pauta, o vírus também gerou impedimentos físicos: como o vovô Edgar Bueno - cuja carreira políti- ca é marcada pela ênfase no corpo a corpo - irá visitar outros vovôs resguardados em isolamento? Para usar um termo da caserna, o “co- mandante Corona” pôs a tropa a marcar pas- so, quando os comandados movimentam as pernas sem sair do lugar. Inteligente na estratégia - e diligente com a epidemia – Paranhos seguiu preceitos de Maquiavel (mesmo que, eventualmen- te, sem perceber): fez todas as maldades de uma vez só (fechou a cidade inteira, com exceção de raros serviços essenciais), e dis- tribuiu as bondades aos poucos, permitindo o retorno da atividade econômica em doses terapêuticas. Ninguém pode afirmar ainda se isso dará certo, ou se seremos outra Blumenau, como alertado na edição anterior. Mas de momen- to as coisas estão funcionando bem para o Paço: epidemia controlada e economia es- cancarada. Associado à estabilização do paciente, Paranhos anunciou com estardalhaço a re- tomada de obras públicas. E são muitas, em intervenções cirúrgicas, centradas princi- palmente nas principais artérias dos bairros mais populosos (R$ 80 milhões em obras). DONO DA RUA. Recentemente o Pitoco mandou uma pergunta única e redigida nos mesmos termos para cinco pré-candidatos oposicionistas: “O que você faria diferente do Paranhos no combate ao coronavirus?”. Um dos candidatos disse que responder essa questão somente ajudava o atual inqui- lino do Paço. Outro recusou-se a responder. Márcio Pacheco, posicionado para polari- zar com Paranhos, disse que o melhor a ser feito agora é somar-se aos esforços do go- verno municipal para combater a epidemia. Resposta sensata e madura, mas que de- monstra também a dificuldade da oposição em atacar o comandante em pleno combate à epidemia, em momento de insegurança e medo. Em resumo: Paranhos está sozinho na pista, é o dono da rua. O que não o impede de tropeçar em suas próprias pernas. Mas tudo, até as dúvidas mais elementares, como o dia da votação e o calendário eleitoral, con- vergem para beneficiar o projeto reeleitoral. n Imagem de vídeo em que Paranhos caminha na rua Papagaios, no populoso bairro Flores- ta, enquanto anunciava obras na prin- cipal artéria da região Norte: vírus tornou adversários invisíveis

Paranhos sozinho na pista · obra de Banksy. l A pintura do mis-terioso artista de rua apareceu em um hospi-tal no Sul da Inglaterra, na última quarta-feira. “É um pano de fundo

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Page 1: Paranhos sozinho na pista · obra de Banksy. l A pintura do mis-terioso artista de rua apareceu em um hospi-tal no Sul da Inglaterra, na última quarta-feira. “É um pano de fundo

(45) 3097-4512

Pronto Atendimento24h

Cascavel, 8 de maio de 2020 - Ano XXIV - Nº 2.246 - R$ 3,00

[email protected]

Paranhos sozinho na pista

45 99921-045645 3333-9999

www.hyundaivetor.com.br

Oposição “desaparece” diante do protagonismo do Executivo cascavelense na pandemia de Covid-19 e do calendário eleitoral “calça curta”

O calendário eleitoral foi atropelado pelo coronavírus. A afirmação provavelmente ob-tém um raro consenso dos seis pré-candida-tos a prefeito de Cascavel.

A epidemia gerou superexposição nos porta vozes governamentais: de Angela Merkel na Alemanha, passando por Trump nos EUA, Mandetta em Brasília, Doria em São Paulo e chegando a Paranhos em Cascavel.

Não há outro assunto possível, por mais que leitores e eleitores da linha “Poliana Moça” tencionem as mídias a trocar de as-sunto e trazer “notícias boas”.

Além de contaminar a pauta, o vírus também gerou impedimentos físicos: como o vovô Edgar Bueno - cuja carreira políti-ca é marcada pela ênfase no corpo a corpo - irá visitar outros vovôs resguardados em isolamento?

Para usar um termo da caserna, o “co-mandante Corona” pôs a tropa a marcar pas-so, quando os comandados movimentam as pernas sem sair do lugar.

Inteligente na estratégia - e diligente com a epidemia – Paranhos seguiu preceitos de Maquiavel (mesmo que, eventualmen-te, sem perceber): fez todas as maldades de uma vez só (fechou a cidade inteira, com exceção de raros serviços essenciais), e dis-tribuiu as bondades aos poucos, permitindo

o retorno da atividade econômica em doses terapêuticas.

Ninguém pode afirmar ainda se isso dará certo, ou se seremos outra Blumenau, como alertado na edição anterior. Mas de momen-to as coisas estão funcionando bem para o Paço: epidemia controlada e economia es-cancarada.

Associado à estabilização do paciente, Paranhos anunciou com estardalhaço a re-tomada de obras públicas. E são muitas, em intervenções cirúrgicas, centradas princi-palmente nas principais artérias dos bairros mais populosos (R$ 80 milhões em obras).

DONO DA RUA. Recentemente o Pitoco mandou uma pergunta única e redigida nos mesmos termos para cinco pré-candidatos oposicionistas: “O que você faria diferente

do Paranhos no combate ao coronavirus?”.

Um dos candidatos disse que responder essa questão somente ajudava o atual inqui-lino do Paço. Outro recusou-se a responder. Márcio Pacheco, posicionado para polari-zar com Paranhos, disse que o melhor a ser feito agora é somar-se aos esforços do go-verno municipal para combater a epidemia.

Resposta sensata e madura, mas que de-monstra também a dificuldade da oposição em atacar o comandante em pleno combate à epidemia, em momento de insegurança e medo.

Em resumo: Paranhos está sozinho na pista, é o dono da rua. O que não o impede de tropeçar em suas próprias pernas. Mas tudo, até as dúvidas mais elementares, como o dia da votação e o calendário eleitoral, con-vergem para beneficiar o projeto reeleitoral.

n Imagem de vídeo em que Paranhos caminha na rua Papagaios, no populoso bairro Flores-ta, enquanto anunciava obras na prin-cipal artéria da região Norte: vírus tornou adversários invisíveis

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02 l [email protected]

EXEMPLO

8 de maio de 2020

Solidariedade em dose dupla

Clipping News Agência de Notícias CNPJ 73.205.239/0001-71

F. 45 3037-5020 - 45 99113-1313Rua Souza Naves 3896 - 2° andar - centro

CEP 85.810-070 Cascavel - PRwww.pitoco.com.br

Editor: Jairo Eduardo e-mail: [email protected] Comercial: Reginald Armstrong

R M Armstrong e Cia. Ltda.CNPJ 09.644.192/0001-43

F. 45 99972 7845 e-mail: [email protected]

Fundadores: Laidir Dalberto, Jairo Eduardo e Antonio Santos da Luz

Para os assinantes Meire Cristiane Ferreira da Cunha, Mar-cos Fontana, Fernanda Zachet, Rafael Candido da Silva, Edson Zorek, Marilei Martins, Valdinei Rodrigues, Manoel Pereira Góes

e Elton Rogério Lunardelli.

Aquele abraço45 3038-2255

nutricard.com.brO seu cartão de benefícios.

Com a pandemia de Covid-19, toda a população passou a ser afetada de alguma forma, po-rém alguns estão passando por dificuldades maiores. Dentre estes, os produtores da agricul-tura familiar de Cascavel, que diminuíram suas vendas e pas-saram a ter produtos perecíveis em abundância no estoque. Por outro lado, a falta de alimentos é a realidade vivida por muitas pessoas, inclusive trabalhadores que estão parados por conta do isolamento.

Foi este cenário que moveu o Fórum Sindical de Cascavel para

Sindicatos compram alimentos da agricultura familiar e doam para instituições, ligando as pontas entre setores afetados pela epidemia

Lucas Monteiro - estagiário

uma ação de solidariedade, que ligasse as duas pontas. “Identi-ficamos a dificuldade de algumas pessoas que perderam o emprego por conta da pandemia e resol-vemos ajudar”, conta Laerson Vidal Mathias, coordenador do Fórum Sindical de Cascavel.

Mais de quatro toneladas de

alimentos foram custeadas pelo Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal e pelo Sindi-cato dos Professores Municipais de Cascavel e entregues na últi-ma semana para a Cooperativa de Trabalhadores Catadores de Material Reciclável e Pastoral da Criança das Paróquias do Santa Cruz e Santo Antônio.

n Pastoral da Criança recebe alimentos orgâ-nicos produzi-dos pela agri-cultura familiar: ação liga pontas e une o útil ao necessário.

“Essas entidades têm os cadastros e sabem exatamen-te quais são as fa-mílias que neces-sitam receber este auxílio”, enfatiza Laerson.

Entre os produtos doados es-tão milho verde, mandioca, bata-ta doce e abóbora, todos alimen-tos produzidos sem agrotóxicos pelos produtores.

“Fazer este tipo de ação, pelo menos nos dá um alento que estamos conseguindo ajudar as pessoas com mais necessidade a passar por este momento de pan-demia”, concluiu o coordenador.

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Ele falou “Liberdade é o direito de fazer

tudo o que as leis permitem.”

[email protected] l 03

UMAS & OUTRAS

(Mauricio Bunazar, mestre e doutor em Direito Civil pela USP)

8 de maio de 2020

‘’Washington- Mestre de Carnes

VENHA CONHECERe se surpreenda!!

Rua Jorge Lacerda, 885

Heroína de brancol Entre bonecos de

Batman e do Homem--Aranha, menino es-colhe uma enfermeira com super-heroína para brincar em uma nova obra de Banksy. l A pintura do mis-

terioso artista de rua apareceu em um hospi-tal no Sul da Inglaterra, na última quarta-feira. “É um pano de fundo inspirador para parar e refletir nesta época sem igual”, disse a diretora do hospital.

Pensata em tempos de pandemia

Difícil apontar o que é mais horrendo:a) Torcer que morra mais gente para des-

gastar político; b) Ignorar a dor das mortes para defender

político.Ambos são sintomas de uma sociedade ado-

ecida pelo vírus do ódio e da idolatria política.

(Montesquieu, político, filósofo e escritor francês)

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[email protected] l 05

FAKE NEWS

8 de maio de 2020

Caminhava eu entre as gôndolas do Mercado Remonatto, no bairro Aclimação, quando sou aborda-do pelo amigo Ademir, gente boa que empresta o sobrenome ao estabelecimento.

- Pitoco, você que está por dentro da confusão, diz aí: é ver-dade que estão enterrando cai-xão vazio para ganhar dinheiro com o coronavirus?

- Muito calma nesta hora, respondi ao Ademir. – Vou che-car e depois lhe confirmo ou não.

Pois é. A história começou com dona Valdete. Ela é minei-ra de Belo Horizonte. E gravou um vídeo dizendo que em BH os cemitérios estavam recebendo caixões recheados de pedras e paus. E que não havia cadáveres neles. Até por tétrica, a história se espalhou. Logo depois de aler-tado do episódio grotesco pelo Ademir Remonatto, vi “gente boa” da alta sociedade de Cas-cavel compartilhando aquilo em grupos de zap.

Era a prova definitiva de que o coronavirus é uma fraude. Logo na sequência surgiu uma outra lista, supostamente pro-duzida a partir de consultas em cartório, também a sustentar que a epidemia não existe. Por essa versão, a pandemia foi inventada para prejudicar o ídolo político.

Pois bem, intimada pela po-lícia, dona Valdete declarou: “Reconheço humildemente o

O caixão da ValdeteTransitou em seu zap o “sepultamento” de caixões vazios em Belo Horizonte?

erro e peço perdão ao município de Belo Ho-

rizonte, ao ilustre pre-feito e a to-dos quan-

tos foram atingidos pelo equí-voco que cometi”. O pedido de desculpas da tia do Zap não irá livrá-la de responder por denun-ciação caluniosa, difamação e contravenção penal por gerar tu-multo e pânico. As penas soma-das chegam a nove anos de cana. Lógico que ela não será presa por isso, mas vai se incomodar.

Dona Valdete, por ingenui-dade ou contágio político, é mais uma a desafiar o corona. É mais um fake news, como tan-tos outros, compartilhados nos grupos por gente supostamente esclarecida.

O corona não precisa de cai-xão recheado para se afirmar. O corona não precisa provar mais nada para ninguém. Ele já ma-tou mais de 260 mil no planeta, quase 10 mil brasileiros. Defini-tivamente, o problema do corona não é sobrenotificação (quando se notifica mais do que é). E sim o oposto, subnotificação, quando se registra a menos. Dona Valde-te vai pensar duas vezes antes de postar um novo vídeo. E vai levar essa para o caixão...

l Em tempo: a história dos cartórios também é inventada. E seu Remonatto, ao pôr em dúvi-da a mensagem do zap, mostra que o eleitor está mais atento a mentiragem da internet.

Jairo Eduardo - editor do Pitoco

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8 de maio de 2020 06 l [email protected]

ENSAIOANÁLISE

Cotovelos de aço

Jairo Eduardo - editor do Pitoco

n Bolsonaro e Pujol em Porto Ale-gre: com os cotovelos

Cotovelo não é uma área exa-tamente admirada no corpo hu-mano. Se apoiá-los em uma su-perfície plana, como uma mesa, podemos segurar o rosto entre as mãos e produzir uma careta, ou a cara fofinha daquele emoji novo com almofada de coração embaixo do braço.

Cotovelo – até o nome é feio – também serve para aquele cen-troavante malicioso vingar-se discretamente do zagueirão que bate no tornozelo sem o juiz ver. (isso antes do advento do árbitro de vídeo).

Cotovelos voltaram à cena ao substituir as mãos nos cumpri-

mentos entre nós. Em recente solenidade em Porto Alegre, o presi-dente Bolsonaro rece-beu cotovelos em troca quando ofertou a mão em cumprimento ao co-mandante do Exército, general Pujol.

Podemos ficar restritos aos fatos visualmente observados, e dizer que se trata de apenas um cuidado dos militares, pos-sivelmente implementado como norma nos quartéis, onde a sau-dação mais comum não inclui o toque de mãos. Não é preciso tocar em mãos para prestar con-tinência.

Mas também tem um “quê” simbólico. O militar negou tocar com a mão, a mão do presidente. Colocou o protocolo na frente da gentileza, da retribuição ou mes-mo da hierarquia. O gesto envia sinais para quem desenvolveu a capacidade de ler nas entrelinhas

com o cuidado de não incorrer em teorias conspiratórias.

No “Café com Pitoco” de agosto do ano passado - evento temporariamente suspenso em razão da pandemia - o general Roberth Eickhoff, então co-mandante da 15º Brigada de In-fantaria, disse que há militares no governo, mas o Exército não está no governo, e o governo não está no Exército.

As Forças Armadas são uma instituição de Estado, e sua bús-sola é o “livrinho”, a Constitu-ção. Reflexo de doutrina militar adotada no novo milênio em

substituição àquela que vigorou na guerra fria, entre EUA e União So-viética, peleia enterra-da no aterro sanitário da história.

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e

Silva, referendou as palavras de Eickhoff logo após a recente ma-nifestação em Brasília que pedia ditadura militar com Bolsonaro no poder.

Em outras palavras, a nova geração das Forças Armadas não vai aderir a aventuras golpistas. E o único golpe, aqui, é o coto-velaço dos generais na queixa-da das velhas e novas viúvas da ditadura.

“A mais barulhenta das de-mocracias é melhor que a mais serena das ditaduras”, disse o professor Leandro Karnal. O povo venezuelano que o diga...

“A mais barulhenta das democracias é melhor que a mais serena das ditaduras” (Leandro Karnal)