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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 1 Simpsons versus Banksy. Arte e crítica invadem o desenho animado. 1 Elisa Fonseca QUARESMA 2 Newton Souza CORREA 3 Laís Cardoso da SILVA 4 Luciano Castro de JESUS 5 Otacílio Amaral FILHO 6 Resumo O presente artigo tem por objetivo analisar a natureza estética dos novos formatos de obras de arte, especificamente do desenho animado, que passa a ser atravessado por uma conduta crítica e subversiva dentro do espaço midiático, característica das artes urbanas, a exemplo do grafite. Constata-se que na contemporaneidade os conceitos e valores que antes norteavam o campo da estética, hoje são postos em debate. Partindo disso, utilizaremos como objeto o vídeo de abertura do 3º episódio da 22ª temporada do seriado Os Simpsons, o qual foi produzido em parceria com o polêmico artista urbano Banksy, buscando estudar a legitimidade dessa produção enquanto obra de arte. Palavras-chave: Comunicação; estética; desenho animado; arte urbana. Introdução Vivemos em um tempo incerto. Um momento marcado pela constante presença do novo que nos causa, simultaneamente, deslumbre e assombro. Um termo muito discutido por inúmeros estudiosos, a contemporaneidade se apresenta à sociedade, e à academia, como processo ainda em curso. Quando nem mesmo chegamos a conclusão do que seria a modernidade, já sentimos os efeitos da pós-modernidade: palco de grandes rupturas nas instituições e narrativas tradicionais, nas relações sociais, no tempo e até mesmo no espaço. A questão estética se desenrola neste cenário. Na pós-modernidade, o campo da arte sofre inúmeras rupturas; o conceito de arte, segundo Rancìere (2002) acaba se tornando um “tipo de status metamórfico. As obras de arte do passado podem adormecer e parar de 1 Trabalho apresentado na Divisão Temática Estudos Interdisciplinares, da Intercom Júnior X Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Estudante de Graduação 5º Semestre do curso Comunicação Social Publicidade e Propaganda da UFPA. Email: [email protected] 3 Estudante de Graduação 5º Semestre do curso Comunicação Social Publicidade e Propaganda da UFPA. Email: [email protected] 4 Estudante de Graduação 5º Semestre do curso Comunicação Social Publicidade e Propaganda da UFPA. Email: [email protected] 5 Estudante de Graduação 5º Semestre do curso Comunicação Social Publicidade e Propaganda da UFPA. Email: [email protected] 6 Orientador do trabalho. Doutor e Docente do Curso de Comunicação social da UFPA. Email: otací[email protected]

Banksy e Os Simpsons

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análise da abertura do programa de desenho animado norte americano e a contribuição deste renomado artista urbano

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  • Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXXVII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao Foz do Iguau 2 a 5/9/2014

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    Simpsons versus Banksy. Arte e crtica invadem o desenho animado.1

    Elisa Fonseca QUARESMA2

    Newton Souza CORREA3

    Las Cardoso da SILVA4

    Luciano Castro de JESUS5

    Otaclio Amaral FILHO6

    Resumo

    O presente artigo tem por objetivo analisar a natureza esttica dos novos formatos de obras

    de arte, especificamente do desenho animado, que passa a ser atravessado por uma conduta

    crtica e subversiva dentro do espao miditico, caracterstica das artes urbanas, a exemplo

    do grafite. Constata-se que na contemporaneidade os conceitos e valores que antes

    norteavam o campo da esttica, hoje so postos em debate. Partindo disso, utilizaremos

    como objeto o vdeo de abertura do 3 episdio da 22 temporada do seriado Os Simpsons,

    o qual foi produzido em parceria com o polmico artista urbano Banksy, buscando estudar a

    legitimidade dessa produo enquanto obra de arte.

    Palavras-chave: Comunicao; esttica; desenho animado; arte urbana.

    Introduo

    Vivemos em um tempo incerto. Um momento marcado pela constante presena do

    novo que nos causa, simultaneamente, deslumbre e assombro. Um termo muito discutido

    por inmeros estudiosos, a contemporaneidade se apresenta sociedade, e academia,

    como processo ainda em curso. Quando nem mesmo chegamos a concluso do que seria a

    modernidade, j sentimos os efeitos da ps-modernidade: palco de grandes rupturas nas

    instituies e narrativas tradicionais, nas relaes sociais, no tempo e at mesmo no espao.

    A questo esttica se desenrola neste cenrio. Na ps-modernidade, o campo da

    arte sofre inmeras rupturas; o conceito de arte, segundo Rancere (2002) acaba se tornando

    um tipo de status metamrfico. As obras de arte do passado podem adormecer e parar de

    1 Trabalho apresentado na Diviso Temtica Estudos Interdisciplinares, da Intercom Jnior X Jornada de Iniciao Cientfica em Comunicao, evento componente do XXXVII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao.

    2 Estudante de Graduao 5 Semestre do curso Comunicao Social Publicidade e Propaganda da UFPA. Email: [email protected]

    3 Estudante de Graduao 5 Semestre do curso Comunicao Social Publicidade e Propaganda da UFPA. Email: [email protected]

    4 Estudante de Graduao 5 Semestre do curso Comunicao Social Publicidade e Propaganda da UFPA. Email: [email protected]

    5 Estudante de Graduao 5 Semestre do curso Comunicao Social Publicidade e Propaganda da UFPA. Email: [email protected]

    6 Orientador do trabalho. Doutor e Docente do Curso de Comunicao social da UFPA. Email: [email protected]

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    ser arte, podem ser despertadas e adquirir uma nova vida de maneiras variadas. (Ibid.

    p.17). A concepo clssica de arte no se sustenta nos dias atuais. O poder dos crticos de

    decidir o que ou no uma obra legtima perde fora em detrimento da voz coletiva da

    sociedade. Cada vez mais os indivduos reclamam o direito de fazer arte ou de us-la em

    servio dos prprios interesses. Passamos por uma revoluo esttica, tal como escreve

    Rancere, onde arte, poltica e sociedade se intercruzam. Para ele, a revoluo humana

    derivada do paradigma esttico (Ibid. p, 8). Na era dos mass media, a arte migra dos

    grandes sales e museus para a vida cotidiana, invade a televiso, o rdio, a internet e as

    ruas.

    O street art, ou arte urbana, um exemplo disso. Rompendo com a ideia de uma

    arte estritamente contemplativa, a arte urbana, a exemplo do grafite, contesta e pe os

    debates da sociedade em questo. Para Pallamin, a arte urbana:

    So processos de estetizao contemporneos, sintetizando uma reflexo

    sobre prticas artsticas e suas relaes com as transformaes qualitativas

    dos espaos pblicos. A arte urbana enfocada enquanto um modo de

    construo social dos espaos pblicos, expondo e mediando suas

    conflitantes relaes sociais. Mtua influncia entre a arte e o urbano.

    (PALLAMIN, 2000, p.11)

    No caso do grafite, a discusso a respeito da sua autenticidade artstica ainda no

    est encerrada. Visto, ora como entretenimento ora como vandalismo, foi somente na

    dcada de 60 que o grafite passou a ser popularizado em importantes cidades, a exemplo de

    Nova York e Londres.

    Nesse artigo procuramos debater a natureza esttica das artes urbanas - enquanto

    expresses artsticas presente no desenho animado, utilizando como objeto de anlise o

    vdeo de abertura do terceiro episdio da 22 temporada do seriado americano Os Simpsons,

    cuja produo assinada pelo artista urbano Banksy.

    Nos estudos de Rancere, em A revoluo esttica e seus resultados (2002),

    encontra-se a definio do Sensvel heterogneo (2002, p.15), segundo o qual, para uma

    obra ser considerada arte preciso dizer mais do mundo e da vida do que sua aparncia,

    seu formato e sua superfcie possam sugerir. Ou seja, segundo o filsofo, para um objeto

    ser considerado arte ele precisa contar uma histria, fazer referncia a outro mundo, ainda

    desconhecido, que poder ser descoberto atravs do sensorium, ou melhor, da experincia

    esttica. A partir disso, levando em considerao o carter crtico defendido pela srie Os

    Simpsons e o posicionamento crtico-satrico notado no vdeo de abertura assinado por

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    Banksy, analisamos e respondemos os seguintes questionamentos: a) Levando em

    considerao o vdeo de abertura assinado por Banksy para Os Simpsons e o estilo satrico

    notado na srie, podemos considerar o desenho animado uma obra de arte? b) De que forma

    o carter crtico, fortemente defendido pelos movimentos artsticos ps-modernos, podem

    ser notados no vdeo de abertura do terceiro episdio da 22 temporada de Os Simpsons?

    Banksy: Arte e crtica invadem as ruas.

    importante apontar que as obras de Banksy, especificamente os grafites,

    possuem uma marca forte e irreverente, essncia formada por um profundo teor crtico e

    esttico. Questionador do sistema e do modo de vida da sociedade ocidental, Banksy nunca

    vendeu a sua imagem. Foi dessa maneira, annimo e liberto, que o nome do artista ficou

    mundialmente famoso. A preservao da sua identidade se d pela no celebrao da

    imagem, pelo no julgamento do artista, mas sim da sua arte. O anonimato de Banksy o

    permite cometer crimes em nome da arte e favorece o seu questionamento provocativo.

    Por conta disso, Banksy foi procurado durante anos pela justia, como vndalo, e at

    mesmo alcunhado de criminoso.

    servindo-se deste tipo de anonimato provocativo - alheio norma,

    priso da identidade localizvel, do sujeito identificado e fichado - em

    complemento a uma postura artstica e esttica por si s combativa e

    poltica (...) que Banksy criou uma marca inconfundvel pelos muros

    britnicos durante a ltima dcada, utilizando-se da arte marginal e

    mundana que o grafite (...) para incutir na cidade seus traos, seu rastro, em uma ao que remete aos primrdios da humanidade e sua

    necessidade em registrar, expressar e comunicar; descrevendo uma

    trajetria que vai das profundezas das cavernas colorida efervescncia de

    nossas metrpoles super povoadas. (DIGENES, 2011, p.5).

    Mas embora a identidade do artista seja oculta, suas obras continuam estampando

    prdios, muros, fachadas, caladas e paisagens da vida urbana cotidiana, oferecendo-se de

    bom grado a qualquer passante, insinuando-se ao olhar de qualquer transeunte, provocando

    os sentidos e instigando o pensamento (Ibid. p.6).

    O legado de Banksy marcado pela constante oposio aos padres legitimados da

    sociedade ocidental, principalmente no campo artstico. A opresso da arte erudita sobre a

    chamada "arte marginalizada" restringe qualquer tipo de expresso artstica no legitimada.

    Em uma sociedade onde o sistema da arte pautado pelo sistema de produo da arte como

    capital, ou por conceitos fechados e por museus exclusivos a determinados pblicos,

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    Banksy leva suas obras, e seus pensamentos, rua, onde cada um pode interagir e tirar suas

    prprias concluses.

    Banksy popularizou a tcnica do estncil7, que consiste num recorte em papel ou

    outro material formando desenhos, nmeros e dentre outras formas pensadas pelo artista.

    Quando Banksy comeou a usar o estncil, esta tcnica ainda era bem incomum. O estncil

    permite rapidez e uma grande propagao de um nico desenho. Ver Figura 1.

    Figura 1

    Banksy foi protagonista de eventos picos, como quando exps suas obras em

    museus sem prvia autorizao ou quando grafitou no Muro da Cisjordnia (2005)

    causando polmica por conta dos conflitos que l acontecem. Em 2006, instalou na

    Disneylndia um boneco representando os prisioneiros torturados na priso de Guantnamo,

    Estados Unidos. Banksy tambm dirigiu o documentrio Exit through the gift shop - Sada

    pela loja de presentes, em portugus - (2010), narrando parte da histria das artes urbanas,

    tendo Thierry Guetta, um videomaker francs que vive em Los Angeles, como referncia

    para a realizao do documentrio.

    Em Outubro de 2010, Banksy convidado pela 20th Century Fox para participar

    da produo de animao do terceiro episdio da 22 temporada do seriado Os Simpsons. A

    parceria chamou a ateno da audincia mundial. Ao passo que Banksy questiona a

    estrutura social do ocidente atravs da arte urbana, especificamente atravs do grafite e do

    estncil, o seriado Os Simpsons o faz atravs do desenho animado. Embora no legitimada,

    reconhecemos, enquanto espectadores, o carter artstico da obra de Banksy. Todavia, nota-

    7 O estncil uma das formas mais antigas de impresso. Era comumente utilizado no Egito durante o tempo das

    pirmides e na China, quando a Grande Muralha foi construda. [...] Aps a Revoluo Russa, Ivan Maliutin criou ao

    menos uma dzia de psteres polticos, no incio dos anos de 1920, para o departamento de educao poltica sovitico,

    usando estnceis e guache. Ao mesmo tempo, Vladimir Mayakovsky estava produzindo psteres similares com estnceis

    para a ROSTA, a agncia telegrfica sovitica. Os textos e imagens, claros e simplificados, eram impressos sob a forma de

    psteres utilizando-se matrizes, e usados para levar notcias a uma populao em grande parte iletrada. (MACPHEE, 2004.

    Apud. DIGENES, 2011, p.11).

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    se a resistncia dos espectadores e dos crticos em considerar o desenho animado, enquanto

    produto da indstria do entretenimento, uma arte.

    Os Simpsons: Entretenimento e crtica invadem a televiso.

    Os Simpsons uma srie cmica de desenho animado norte-americana criada por

    Matt Groening8 para a Fox Broadcasting Company, emissora de televiso com sede nos

    Estados Unidos. Foi ao ar pela primeira vez em 1989 e j est em sua 25 temporada, sendo

    considerada pelos crticos televisivos como uma das sries de maior durao da televiso

    estadunidense. A srie se passa na cidade fictcia de Springfield e mostra o cotidiano dos

    moradores que l residem. A histria gira em torno da famlia Simpson, formada por Homer

    Jay Simpson, mais conhecido por Homer, o chefe da famlia, casado com Marjorie

    Bouvier Simpson, a Marge. O casal tem trs filhos: Bartholomew Simpson, o Bart, o filho

    mais levado e preguioso; Elisabeth Marie Simpson, mais conhecida por Lisa, a inteligente

    e artista da famlia, e Margareth Simpson, a Maggie, a filha caula.

    Muito conhecida por seu contedo satrico, a srie Os Simpsons surge na televiso

    norte americana, e logo em seguida no mundo, como um programa de entretenimento

    voltado crtica do estilo de vida da sociedade ocidental chegando a fazer menes, s

    vezes de forma direta, cultura americana. Para Chantal Herskovic, autor do texto

    Chegando a Springfield: humor e stira na srie Os Simpsons (2011), Os personagens da

    srie esto inseridos na cultura da mdia e de forma satrica mostram a importncia dada

    pela sociedade aos programas de televiso. Segundo esse autor:

    A srie Os Simpsons inaugurou uma nova etapa para o seriado televisivo,

    na forma de um seriado animado de comdia de situaes, tendo como

    foco uma audincia juvenil adulta. (...) Conhecida por ser subversiva, ao

    contrrio de outras que a precederam, a srie Os Simpsons vai alm do

    humor espirituoso e apresenta uma crtica e stira da sociedade ocidental.

    (...) Ela capaz de citar a si mesma, sua prpria indstria de

    entretenimento e a frmula de comdias de situaes, utilizando diversos

    recursos, como a pardia, a stira, a intertextualidade e a metalinguagem.

    (HERSKOVIC, 2011, p.103)

    8 Matthew Abram Groening nasceu em 15 de fevereiro de 1954 em Portland, Oregon, EUA. Conhecido mundialmente como criador e diretor executivo de Os Simpsons e Futurama, Matt sempre gostou de desenhar, comeou sua carreira

    artstica em 1978 quando suas tirinhas Life In Hell foram publicadas na revista americana Wet. Seu trabalho chamou a ateno de James L. Brooks, diretor da Fox que o convidou a desenhar pequenas vinhetas para o Tracey Ullman Show. Foi

    a partir da que nasceu a famlia Simpson, com o sucesso alcanado as aberturas de cada bloco acabaram virando o seriado

    Os Simpsons, que estreou na FOX em dezembro de 1989 e est no ar at hoje. (Matt Groening. Disponvel em: Acesso em 20 de Junho, 2014).

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    Embora o gnero desenho animado seja comumente relacionado ao pblico

    infanto-juvenil e relegado funo de educar e divertir a audincia, afinal, a influncia da

    televiso no pensar e no agir do telespectador proporcional ao seu envolvimento com

    aquilo que ela oferece, evidenciando duas condies: ingenuidade e educao (FILHO,

    2008, p.1), o seriado Os Simpsons apresenta um debate, cmico e satrico sobre/para a

    sociedade ocidental, questiona o modo de vida americano, aborda e ataca, nas entrelinhas,

    temticas e instituies que fazem relao ao sistema de governo norte-americano, ao

    sistema de sade pblico e privado e s corporaes telefnicas e a indstria de energia

    nuclear, alm das artes (HERSKOVIC, 2011, p.109)

    Atravs de roteiros bem desenvolvidos, a srie consegue atingir diversas

    camadas sociais e faixas etrias, e tambm diferentes audincias, trazendo

    a superfcie temas como corrupo poltica e violncia urbana, ao mesmo

    tempo em que aborda assuntos como homossexualidade, os sistemas de

    sade, pblico e privado, e o sistema de ensino deficitrio. Alm de fazer

    uma leitura mais crtica da vida em famlia, com seus conflitos emocionais

    e desavenas, (em) Os Simpsons nenhum personagem perfeito, e uma

    grande parte vive como indivduos autocentrados e alienados dos

    acontecimentos a sua volta. (...) Aborda assuntos cotidianos e at mesmo

    sequestro por aliengenas, partindo da cultura ocidental crtica ao

    preconceito em suas diversas formas, da pop art arte conceitual. (Ibid. p.

    104).

    Alm das crticas direcionadas sociedade e cultura ocidental dominante, o

    seriado faz autocitaes, ataca a prpria indstria, criando em seus episdios metatextos

    atravs tanto da Intermidialidade quanto da Intertextualidade, a apropriao de elementos

    de outras obras com o objetivo de satirizar, parodiar, ironizar ou homenagear determinados

    autores, gneros e estilos (Ibid. p.104).

    A metalinguagem uma das formas de linguagem caracterstica dos movimentos

    artsticos ps-modernos, a exemplo do pop art e do dadasmo, que ao mesmo tempo em que

    direcionavam suas crticas ao paradigma das instituies sociais tradicionais, citavam tanto

    a alta cultura quanto as subculturas, como a cultura de massa e cultura de mdia. (Ibid.

    p.109). neste mesmo cenrio em que se encontra o desenho animado. Segundo Paul

    Wells:

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    A animao, desde os seus primrdios, tem priorizado a animao temporal, predominando o modo cmico, e uma forma libertadora de expresso frente institucionalizao dos principais meio de comunicao

    live-action (...) O desenho animado fez muito para sustentar o modo

    anrquico que recusa o discurso ortodoxo, e se abre para mltiplas

    estruturas atravs da formulao da gag. No meramente ela define, promove e abraa a cultura popular, mas tambm subestima a arte enquanto se apropria de muitos de seus elementos grficos e qualidades

    estticas. (WELLS, 1998 apud. HERSKOVIC, 2011, p.104).

    Os diretores, produtores e roteiristas da srie Os Simpsons fazem parte da dcada

    de 1970, gerao marcada por uma conscincia poltica, viso crtica da sociedade e

    contestadora de valores e do sistema poltico (Ibid. p.105). Logo, a formao dos

    desenvolvedores do seriado se reflete na criao e produo dos roteiros da srie que so

    sempre bem desenvolvidos e inteligentes, apontando diversas referncias textuais, atravs

    da crtica social, da stira, da pardia e do pastiche.

    O vdeo de abertura: arte e crtica invadem o seriado Os Simpsons.

    Debater o carter esttico do desenho animado, especificamente do seriado Os

    Simpsons, nos coloca diante de uma questo: o campo da esttica passa por conflitos e

    rupturas na era ps-moderna, vrios tericos buscaram, e ainda buscam, dar uma resposta s

    mudanas enfrentadas pelo campo artstico na ps-modernidade. Levando em considerao

    o vdeo de abertura assinado por Banksy para Os Simpsons e o estilo satrico notado na

    srie, podemos considerar o desenho animado uma obra de arte?

    As revolues pelas quais a sociedade ocidental passou nos sculos XVIII e XIX

    os avanos da indstria, da urbanizao, o surgimento dos grandes centros comerciais, dos

    meios de comunicao e da elevao dos nveis de vida com base no incentivo ao consumo

    de bens colocados no mercado (GOMES & CASTRO, 2007, p.3) transformaram a vida

    social nas interaes no espao e no tempo. Percebemos hoje a capacidade que as

    mercadorias possuem de falar sobre a vida, tal como o faz as obras de artes. Ao se

    tornarem obsoletos, indisponveis para o consumo dirio, qualquer mercadoria ou artigo

    familiar fica disponvel para a arte enquanto corpo que codifica uma histria (RANCERE,

    2002, p.18). Na sociedade de consumo9, a espetacularizao em torno das mercadorias

    9 Conceito defendido pelo socilogo Zygmunt Bauman, cuja ideia de que a sociedade atual vive atravs do consumo.

    Para o autor consumir questo social, a aquisio das mercadorias est relacionada diretamente com a incluso do

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    coloca os produtos consumveis, fteis e prosaicos10

    , no lugar antes ocupado

    exclusivamente pelas grandes obras de arte.

    Consideramos, portanto, que o desenho animado enquanto produto da indstria do

    entretenimento, no caso o seriado Os Simpsons, possui a capacidade de reproduzir em si

    mesmo as marcas da sociedade e do seu tempo, quer seja falando sobre um determinado

    momento da histria, do mesmo modo que uma pintura e/ou escultura, ou criticando o

    regime social, como na obra de Banksy. Alm disso, o desenho alegoriza a realidade, as

    imagens fictcias possibilitam a formao de um imaginrio coletivo em torno da histria

    contada, da mesma forma como acontece com a obra de arte. Alexandre filho descreve no

    texto Desenho animado como habitus esttico televisual (2008), que o desenho animado

    uma forma de poder simblico, j que a sua estrutura grfico-visual expressa atravs da

    simbolizao de um mundo imaginrio (p.6).

    Ao exibir um desenho animado criana, a TV inculca, efetivamente, um

    arbitrrio cultural esttico porque a sua narrativa j possui um enunciado

    ideolgico, lingustico e artstico. Assim, tambm a televiso competente

    em produzir algo semelhante ao efeito esttico e passar isso ao usurio

    infantil de televiso, na perspectiva da ao pedaggica, como algo que se

    estrutura objetivamente sobre a subjetividade. Desse modo, atua, na

    criana, como estruturante, possvel, ento, de a televiso agir na recepo

    esttica de forma sensorial e comunicacional. Todavia, essa possibilidade

    realizvel atravs do desenho animado quando a estrutura subjetiva da

    criana subscreve a influncia simblica. (FILHO, 2008, p.7)

    Portanto, medida que o seriado Os Simpsons questiona as estruturas da sociedade

    ocidental e aborda, de forma satrica, a realidade da sociedade contempornea, podemos

    consider-lo sim uma obra de arte tal como a arte urbana representada nos trabalhos de

    Banksy possuindo em si mesma a capacidade de relatar sobre o tempo atual atravs da

    narrativa miditica e a esttica do desenho animado. Vejamos de que forma isso sugerido

    no vdeo de abertura do 3 episdio da 22 segunda temporada do seriado.

    A abertura padro de Os Simpsons comea geralmente com o nome do programa

    (em lettering, escrito em ingls: The Simpsons) que surge em meio a nuvens. A cena corta

    para uma imagem aberta da cidade de Springfield cidade onde se passa a histria

    individuo na sociedade. Os membros da sociedade de consumidores so eles prprios mercadorias de consumo, e aquela qualidade de mercadoria de consumo que os torna membros autnticos dessa sociedade. Tornar-se e continuar

    sendo mercadoria vendvel o mais poderoso motivo de preocupao do consumidor, mesmo que em geral latente e quase

    nunca conscientes. (BAUMAN, 1925, p. 76). 10 (RANCERE, 2002, p.17).

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    mostrando um enquadramento dinmico de diversos pontos da cidade como: uma usina

    nuclear, casas e uma escola. Nesta ltima cena, podemos perceber atravs da janela da sala

    de aula Bart Simpson, que aparece escrevendo em um quadro negro alguma frase inmeras

    vezes, a cena sugere que Bart esteja cumprindo algum castigo (a frase muda de acordo com

    o episdio). Na cena seguinte ouve-se um som, como se fosse um sinal escolar e, sem

    terminar o que estava fazendo, Bart vai embora da escola montado em um skate. Na

    prxima cena, Homer aparece na usina nuclear da cidade, local onde trabalha, manipulando

    o que parece ser uma barra de urnio; ao toque de um sinal, Homer larga o aparelho que

    est usando para manipular a barra e vai embora, sem perceber que a barra de urnio est

    presa na parte de trs da sua roupa. A cena corta para um supermercado onde vemos Marge

    Simpson lendo uma revista, enquanto o atendente do supermercado, sem prestar ateno,

    passa Maggie Simpson no leitor de cdigo de barras. Maggie posta numa sacola e Marge

    a procura e suspira quando a encontra. Na cena seguinte, Lisa Simpson est tocando

    saxofone em uma sala cheia de outras crianas, quando de repente sai tocando para fora da

    sala (a msica tocada por Lisa tambm varia de acordo com o episdio). Logo em seguida,

    aparece a cena do Homer dirigindo o seu carro e ele percebe que a barra de urnio est

    presa em sua roupa, jogando-a na rua, onde Bart est andando de skate na calada. Ele

    passa ziguezagueando pelas pessoas at cruzar com o carro de Marge onde Maggie brinca

    com um volante de brinquedo no assento de passageiros. Em seguida, mostrado

    rapidamente todos os integrantes da famlia Simpson chegando a casa onde buscam logo

    sentar no sof, como se fossem assistir televiso.

    A partir da ltima cena, com os personagens entrando na casa para assistir a

    televiso, o seriado sempre apresenta um couch gag11

    , ou seja, a cada episdio da srie a

    cena final muda, mostrando diversas formas e estilos de os personagens sentarem no sof.

    No h um motivo especfico para que a abertura do seriado ganhe sempre um couch gag

    diferente. Em alguns casos, a abertura modificada por inteiro, ganhando novas cenas,

    cenrios e personagens. Como no caso do episdio assinado por Banksy ou o episdio

    temtico de Halloween, em que a abertura assinada pelo cineasta Gillermo Del Toro.

    Em 10 de outubro de 2010 foi transmitido pela emissora de televiso 20th Century

    Fox o terceiro episdio da vigsima segunda temporada da srie animada Os Simpsons

    11 Expresso dada as alteraes feitas pelos produtores do seriado Os Simpsons nas cenas finais da abertura, que

    geralmente sempre vm retratando alguma referncia do cinema, da msica, da arte etc; ou assinada por algum artista

    famoso, como no caso do episdio produzido por Banksy.

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    que teve a abertura dirigida pelo artista urbano Banksy. A princpio, a cena de abertura

    assinada pelo artista espantou os telespectadores, pois ele utilizou esse espao para criticar a

    prpria 20th Century Fox, acusada de financiar o trabalho exploratrio na Coreia do Sul.

    A metalinguagem foi o recurso utilizado por Banksy para representar como a srie

    e seus produtos licenciados so produzidos por trabalhadores sul-coreanos em condies

    anlogas escravido, alm disso, no decorrer do vdeo h referncias s intervenes

    urbanas feitas por ele mesmo como mostram as Figura 2 e a Figura 3.

    Figura 2

    Figura 3

    Banksy deixou de lado as ruas, local tpicos das suas iniciativas artsticas, para usar

    a televiso como meio de protesto, o que proporcionou uma extensa visibilidade do seu

    trabalho, algo que talvez no fosse possvel na rua, assim como:

    A transmisso eletrnica de informaes em imagem som prope uma

    maneira diferente de inteligibilidade, sabedoria e conhecimento, como se

    devssemos acordar algo adormecido em nosso crebro para entendermos

    o mundo atual, no s pelo conhecimento fontico silbico das nossas

    lnguas, mas pelas imagens sons tambm. (ALMEIDA, 2004, p.16).

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    A primeira parte do vdeo bem semelhante abertura padro do seriado, salvo

    algumas cenas especficas, como a em que Bart est de castigo na escola e por isso precisa

    escrever repetidas vezes na lousa a frase: I must not write all over walls (em traduo livre

    significa Eu no devo escrever por todas as paredes). (Ver figura 4). Ironicamente, esta

    frase foi inscrita na lousa e nas prprias paredes da sala de aula, o que pode sugerir o

    conceito de arte pregado pelo Banksy, a apropriao de lugares atpicos para realizar suas

    intervenes artsticas, neste caso, as paredes e muros.

    Figura 4

    A partir dos 37 segundos do vdeo que a crtica do artista torna-se mais ntida, a

    trilha sonora original do seriado substituda por uma trilha melanclica que condiz com a

    atmosfera mrbida da cena, as cores vivas do cenrio nas primeiras cenas tambm so

    substitudas por um cenrio escuro e misterioso, at mesmo a expresso facial dos

    personagens no incio do vdeo, que eram alegres, so trocadas por expresses tristes e

    sofrveis. Nota-se que atravs destas pequenas disparidades que o artista ressalta as

    diferenas de realidades: Springfield e Coreia do Sul.

    Na cena seguinte mostrado um tipo de galpo repleto de trabalhadores,

    supostamente asiticos, fazendo referncia denncia de explorao de mo-de-obra barata

    na Coreia do Sul pela 20th Century Fox. Nesta cena, os trabalhadores realizam

    manualmente a colorizao dos frames que compem as cenas do seriado. A cena avana e

    enquadra em uma criana que leva algumas folhas, pintadas pelos trabalhadores, at um

    barril onde h, supostamente, produtos qumicos; percebemos inclusive, uma placa

    alertando os telespectadores sobre o risco de poluio ambiental (ver Figura 5). A criana

    est sem nenhum equipamento de segurana. Neste trecho ntida a crtica ao trabalho

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    infantil e maneira incorreta com que os produtos qumicos so manuseados em indstrias

    desse tipo. H tambm ossos espalhados pelo local, assim como ratos, dando a impresso de

    que o ambiente no saneado.

    Figura 5

    Aos 1 minuto e 3 segundos do vdeo, so exibidos gatos sendo inseridos em uma

    mquina que remove os plos para preencher bonecos do personagem Bart. Esses bonecos

    so transportados, em outra cena, por uma panda que recebe chicotada de um dos

    funcionrios da empresa. Outro funcionrio usa a cabea de um golfinho, que tem a

    lngua pra fora, para lacrar caixas que possuem o selo do seriado Os Simpsons. O que nos

    leva a entender de que alm da explorao de trabalhadores e crianas, a 20th Century Fox

    tambm estaria utilizando animais para a produo dos produtos licenciados dos Os

    Simpsons.

    O inesperado acontece quando vemos um trabalhador furando os discos de DVDs

    no chifre de um unicrnio, fazendo aluso aos sonhos da era capitalista, geralmente

    associados ao acumulo de bens materiais, ou ento, os sonhos destrudos desses

    trabalhadores, especialmente das crianas.

    A utilizao de elementos fantasiosos no vdeo estimula o imaginrio do

    telespectador, mesclando uma realidade dura de ser aceitvel com personagens associados

    ao misticismo, mitos e lucidez. O imaginrio um reservatrio de imagens, sentimentos e

    experincias, vises do real e lembranas que sedimentam um modo de pensar o mundo

    (MOREIRA, 2005). Dessa forma, Banksy utiliza personagens fantasiosos fazendo o pblico

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    acreditar que, na verdade, eles fazem parte de uma indstria que os explora sobre condies

    precrias.

    Por fim, o vdeo se encerra com o que seria a fachada da empresa, uma imagem da

    logo da 20th Century Fox com uma aparncia desgastada e no meio de vrios prdios

    industriais, lembrando o aspecto de um centro de concentrao, demonstrando que a

    produtora do seriado proprietria daquela empresa, assim sendo a responsvel pelas

    condies sub-humanas as quais os operrios mostrados so submetidos. Contudo, no h

    dados concretos que comprovem as denncias sobre explorao de mo-de-obra barata na

    Coreia do Sul, contudo, sabe-se que esta realidade visvel em pases asiticos.12

    Nota-se que o crtico Banksy torna-se parte daquilo que um dos alvos de suas

    crticas: a cultura mercadolgica capitalista, e atravs dela que o seu protesto realizado.

    Adorno afirma que o crtico da cultura no est satisfeito com a cultura, mas deve

    unicamente a ela o seu mal-estar. Ele fala como se fosse o representante de uma natureza

    imaculada ou de um estgio histrico superior, mas necessariamente da mesma forma

    essncia daquilo que pensa ter a seus ps.

    Concluses.

    O presente artigo buscou atravs da anlise do vdeo de abertura de um dos

    episdios do seriado Os Simpsons, que conta com a parceria do polmico artista britnico

    Banksy, abordar a questo esttica em torno dos desenhos animados. A temtica abordada

    nos instigou pelo fato de que ainda h certa resistncia em considerar produtos da indstria

    capitalista obras de arte, resultado de inmeros estudos de diversas reas que contestam os

    efeitos causados pela globalizao Cultural.

    Mostramos neste trabalho que na ps-modernidade os modelos legitimados, que

    antes norteavam o campo da arte, foram e esto sendo rompidos em detrimento de uma

    revoluo esttica, tal como nos mostrou Rancere (2002), mais humanizada. Podemos

    12 De acordo com um levantamento feito por Arlindo Pinto, missionrio comboniano: As principais empresas multinacionais so responsveis em grande parte pelo trabalho infantil. Muitas crianas esto empregadas nas grandes

    plantaes de bananas, ch, caf e de tantos outros produtos consumidos especialmente pelos pases ricos do Norte do

    mundo. Todos conhecemos, por exemplo, uma das maiores firmas do mundo de calado desportivo: a Nike. Na realidade,

    esta empresa no produz nada diretamente. A Nike desenha o calado e entrega a sua produo a firmas geralmente de

    pases asiticos, como a Coreia do Sul, China, Indonsia e Tailndia que usam mo-de-obra infantil. A Nike gasta mais em

    publicidade do que em salrios. PINTO, Arlindo. No nos deixam brincar. Disponvel em: acesso em: 18 Jun. 2014,

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    concluir a partir desse estudo que a arte est nas mos da sociedade, ou pelo menos assim

    que os indivduos defendem, a exemplo das manifestaes artsticas urbanas e miditicas,

    tal como o grafite de Banksy, que cada vez mais ganham adeptos, defensores e

    espectadores. Presenciamos hoje um cenrio onde o desenho animado, no caso Os

    Simpsons, antes visto como para o entretenimento, reclama o seu direito de questionar

    sobre a sociedade e sobre o sistema social dentro do seu prprio terreno, no caso a cultura

    miditica. Estamos vivendo um tempo onde percebemos as fronteiras da arte se romperem,

    sintoma que indica, tal como afirma Walter Benjamin13

    , a promessa de um Futuro.

    Referncias Bibliogrficas.

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