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ANO 4 Nº 19 Goiânia, novembro/dezembro de 2009 PROJETO AMBIENTAL Numa iniciativa do Projeto Ser Natureza desenvolvido pelo MP em parceria com a sociedade, agricultores de Goianira conheceram fazenda em Hidrolândia considerada modelo na produção de alimentos orgânicos. Na propriedade, sustentabilidade não é apenas conceito; é modo de vida. [ 8 > ATUAÇÃO INSTITUCIONAL GESTÃO ESTRATÉGICA Dando continuidade à construção da gestão estratégica institucional, MP realizou em novembro seis reuniões de trabalho com o objetivo de definir as prioridades de atuação para os próximos dois anos. [ 3 Iniciado em 2008 como uma proposta de vanguarda de diálogo da instituição com a sociedade, o Programa Parceria Cidadã do Ministério Público já é desenvolvido em 17 comarcas, em sua forma pura ou em projetos com temáticas específicas, como o Parceiros da Paz. Mais do que o número de comunidades envolvidas, a iniciativa tem como balanço os resultados significativos alcançados nesta parceria inovadora com a população, como é o caso de Nerópolis, onde foi concluída a primeira etapa de revitalização do Córrego Seco (foto acima). [ 4 e 5 Parceria Cidadã colhe frutos da integração com a comunidade

Parceria Cidadã colhe frutos da integração com a comunidade · consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.” C Carlos Drummond de Andrade, Receita

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ANO 4 ��Nº 19 �� Goiâ nia, novembro/dezembro de 2009

PROJETO AMBIENTALNuma iniciativa do Projeto SerNatureza desenvolvido pelo MP em parceria com a sociedade,agricultores de Goianira conheceramfazenda em Hidrolândia consideradamodelo na produção de alimentosorgânicos. Na propriedade,sustentabilidade não é apenasconceito; é modo de vida. [8

> ATUAÇÃO INSTITUCIONAL

GESTÃO ESTRATÉGICADando continuidadeà construção dagestão estratégicainstitucional, MPrealizou em novembroseis reuniões detrabalho com o objetivo de definir as prioridades deatuação para os próximos dois anos. [3

Iniciado em 2008 como uma proposta de vanguarda de diálogoda instituição com a sociedade, o Programa Parceria Cidadã doMinistério Público já é desenvolvido em 17 comarcas, em sua formapura ou em projetos com temáticas específicas, como o Parceirosda Paz. Mais do que o número de comunidades envolvidas, ainiciativa tem como balanço os resultados significativos alcançadosnesta parceria inovadora com a população, como é o caso deNerópolis, onde foi concluída a primeira etapa de revitalização doCórrego Seco (foto acima). [4 e 5

Parceria Cidadã colhe frutosda integração com a comunidade

Informativo oficial do Ministério Público do Estado de Goiás

Rua 23 esq. c/ Av. B, qd. A-6, lts. 15-24, JardimGoiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100Telefone geral: (62) 3243-8000 ou Ligue 127E-mail: [email protected]

Procurador-Geral de JustiçaEduardo Abdon Moura

Assessor deComunicação SocialRicardo Santana - DRT 7767P

Assessora de ImprensaAna Cristina ArrudaDRT-GO 894

CoordenaçãoMac Editora e Jornalismo Ltda.

EditorMírian Tomé DRT-GO 629

ReportagemFernando Dantas DRT-GO 4895

FotografiasJoão Sérgio Araújo

DiagramaçãoNilton Oliveira

Fotolito e ImpressãoEllite Gráfica e Editora Ltda.

2 GOIÂ NIA, NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2009

Es pa ço do Cidadão

EXPEDIENTE

!! Fique Atento !!

Garantindo cidadania aos idososO Estatuto do Idoso foi sancionado pelo presidente da República,

Luís Inácio Lula da Silva, no dia 1º de outubro de 2003, após tramitarpor cinco anos no Congresso Nacional. A norma prevê como obriga-ção da família, comunidade, sociedade e do poder público assegurarao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, saú-de, alimentação, educação, cultura, es-porte, lazer, trabalho, cidadania, liberda-de, dignidade, respeito e convivência fa-miliar e comunitária. A garantia de priori-dade prevista no artigo 3º do Estatutocompreende atendimento preferencial eindividualizado nos órgãos públicos e pri-vados prestadores de serviços à popula-ção, preferência na formulação e na exe-cução de políticas sociais públicas especí-ficas e viabilização de formas alternativasde participação, ocupação e convívio doidoso com as demais gerações. O disposi-tivo legal assegura ainda direitos ligados àprevidência social, habitação, transporte ea priorização do atendimento do idosopor sua própria família, em detrimento doacolhimento em asilos, com exceção dos casos em que não há vínculofamiliar ou de famílias que careçam de condições de manutenção daprópria sobrevivência.

O Ministério Público de Goiás tem atuado para garantir esses di-reitos aos idosos antes mesmo da vigência do Estatuto do Idoso, com asações sendo pautadas à época pela Política Nacional do Idoso (Lei nº8.842/94), segundo detalha o promotor de Justiça Humberto Luiz Pucci-nelli. Com a edição do Estatuto, explica, a atuação institucional passou ater objetivos mais claros, com atribuições determinadas, como a imple-mentação de políticas públicas voltadas ao idoso, fiscalização das insti-

tuições de longa permanência para idosos (os abrigos) e defesa e prote-ção dos direitos da população com mais de 60 anos. O MP tem busca-do aprimorar esse trabalho com a implementação do Núcleo de ApoioTécnico do Idoso, dentro da estrutura do Centro de Apoio Operacional(CAO) do Cidadão. Humberto Puccinelli observa ainda que a instituição

incluiu, entre as metas traçadas no Planeja-mento Estratégico 2009/2022, a promo-ção de medidas extrajudiciais ou judiciaispara exigir do poder público a implementa-ção de programa de proteção aos idosos,nos moldes definidos no Estatuto, em todosos municípios e no âmbito estadual. Tam-bém será cobrada destinação orçamentá-rias específica à implantação de progra-mas de proteção aos idosos em todos osmunicípios e implantação dos Conselhosdos Direitos dos Idosos em todo o Estado.O MP também firmou, em junho desteano, termo de cooperação com a Ordemdos Advogados do Brasil – Seção Goiás(OAB-GO), para viabilizar um levanta-mento sobre os principais problemas dos

abrigos de longa permanência para idosos no Estado. Com isso, o Mi-nistério Público poderá definir uma linha de atuação que assegure a me-lhoria desses estabelecimentos.

Para Humberto Puccinelli, essas ações serão fundamentais para re-duzir o número de denúncias recebidas pela instituição referentes a ques-tões de saúde, abandono do idoso, utilização indevida dos rendimentos,dificuldade na utilização do Passaporte do Idoso, entre outros. Em casodo descumprimento dos direitos previstos no Estatuto, o idoso pode pro-curar o Ministério Público e outras instituições que atuam na defesa dequem tem mais de 60 anos (veja quadro).

F a l e c o n o s c o

Telefone Geral (Goiânia):3243-8000

Para falar com o MP em todo o Estado:127

Denúncia de NepotismoPortal do MP (www.mp.go.gov.br)

Centros de Apoio Operacionais(CAOs):�CAO de Defesa do Cidadão3243-8077

�CAO de Defesa do Consumidor3243-8038

�CAO do Meio Ambiente3243-8026

�CAO do Patrimônio Público3243-8056

�CAO da Infância e Juventude3243-8029

�CAO de Combate a OrganizaçõesCriminosas3233-0049

�CAO Criminal e de Controle Externo da Atividade Policial3243-8050

Escola Superior do Ministério Público3243-8068Assessoria de Comunicação Social3243-8525/8499/8307/8498

Editorial

Avançando passo a passo“Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem demerecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente,consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.”

Carlos Drummond de Andrade, Receita de ano-novo

Chega dezembro e o clima ganha um ar especial, num misto de nostal-gia e expectativa. É a época marcada no calendário para reflexões,balanços, contabilização de resultados. Colocamos na balança as

conquistas e os reveses e olhamos o marcador: se os ganhos foram maioresque as perdas, avançamos e o saldo é azul; caso contrário, ficamos no verme-lho. Seja como for, o sentimento que prevalece é de confiança e antecipaçãopelo que virá. Mais do que o que ficou para trás, o que persiste no fim de ano éa promessa de futuro.

Com as instituições não é diferente, até porque elas só existem em razãodas pessoas que as integram. No Ministério Público, o limiar de um novoano também carrega essa disposição de prestar contas, renovar compromis-sos e caminhar em busca do que sonhamos, esteja esse amanhã logo ali em2010 ou daqui a 13 anos.

Fazendo as contas de 2009, temos muito a comemorar. Avançamos naconstrução da gestão estratégica, optando por dar um passo de cada vez. Bus-cando consolidar esse novo modelo de atuação, que prioriza os resultados emfavor da sociedade, a instituição realizou em novembro o II Workshop MP Ru-mo à Excelência, com reuniões de trabalho por área de atuação. Nestas ofici-nas, foram trabalhadas as prioridades para os próximos dois anos, conformedestaca a reportagem da página 3.

Nesta edição que marca o encerramento do ano, o Jornal MP Goiás tam-bém revela em sua principal reportagem a aposta deste novo Ministério Pú-blico na renovação e inovação na sua parceria com a sociedade, por meio doPrograma Parceria Cidadã. Desenvolvida atualmente em 17 comarcas, essanova proposta de trabalho já contabiliza seus primeiros e significativos re-sultados. Reunidos em Goiânia no terceiro módulo do curso de formação,os parceiros do MP - os articuladores sociais - demonstraram fôlego e dis-posição para continuar a jornada.

Na nova seção do jornal, a de reportagens especiais, trazemos a história deum reencontro, aquele do homem com a terra, viabilizado por meio de umaproposta que também se fundamenta na integração e no respeito: a agriculturaorgânica. Foi uma experiência propiciada aos agricultores da região de Goiani-ra pelo Projeto Ser Natureza, desenvolvido pela instituição dentro da metodo-logia do Parceria Cidadã.

Confira o nosso balanço nas páginas desta edição. Um excelente 2010 a to-dos. Que o novo ano trazer ainda mais frutos!

DENUNCIE>(62) 3243-8130é o número do MP à disposição doidoso. Denúncias também podem serfeitas pessoalmente à instituição, aosConselhos Municipal e Estadual do

Idoso ou diretamente nas delegacias depolícia, se envolver crime

“Pela segunda vez, busquei orientação e atendimento noMinistério Público. Na primeira vez, fui bem atendido econsegui auxílio para remédios que tratam um problema desaúde considerado crônico. Agora, não pensei duas vezes eretornei à instituição para tentar nova ajuda do MP.”

João Rodrigues Pacheco, pintor

“O diferencial do MP para outras entidades é aseriedade do trabalho realizado na instituição. É umareferência para a sociedade.”

Mauro Barbosa, porteiro

“Parabenizamos pela realização do evento (audiênciapública do idoso) e também pela sua organização.

Transmita para todos os funcionários que participaram daorganização o nosso abraço pelo empenho. Somentecom atitudes como esta é que o idoso terá uma melhorqualidade de vida.”Maria Nair Marques, presidente da Associação dos Idosos do

Brasil (AIB), em ofício enviado à Procuradoria-Geral de Justiça

“Está de parabéns a atuação do Ministério Público emSenador Canedo. Sabemos que enquanto tivermospromotores atuantes, a sociedade poderá estar maistranquila e segura de que aqueles que tentam ludibriar osparâmetros legais sofreram a ação contrária da Justiça...”

E-mail enviado à Procuradoria-Geral de Justiça a respeito de notícia publicada no site sobre suspensão

de concurso para a Câmara Municipal de SenadorCanedo em razão de irregularidades

Prioridades de atuação institucio-nal para os próximos dois anosnas seis principais áreas finalísti-

cas que englobam as atribuições do Mi-nistério Público. Este foi o saldo maissignificativo das seis reuniões de traba-lho realizadas ao longo do mês de no-vembro com procuradores e promoto-res de Justiça de todo o Estado, comodesdobramento do processo de cons-trução da gestão estratégica.

Os encontros integraram a progra-mação do II Workshop MP Rumo àExcelência. Para racionalizar o trabalho,eles foram divididos por área de atua-ção: no dia 12 de novembro, foram tra-tados os temas de patrimônio público efazendas públicas; no dia 13, consumi-dor, cível, família e sucessões; criminalno dia 19; área do cidadão, dia 20; dia23, meio ambiente, e, encerrando asoficinas, infância e juventude no dia 24.

As sugestões e medidas apresenta-das nas reuniões serão aproveitadastambém na elaboração dos Planos Se-toriais e Operacionais. Os primeiros en-volvem as áreas-meio da instituição, co-mo os Centros de Apoio Operacional(CAOs), Escola Superior (ESMP), Co-municação Social, Corregedoria, Ouvi-doria, Superintendências, Coordenaçãode Apoio Técnico Pericial, Engenhariae Controladoria Interna, enquanto osoperacionais referem-se à atuação naponta de Promotorias e Procuradoriasde Justiça. A previsão é que esse traba-lho seja concluído no início de 2010.

O MP está programando ainda arealização de capacitação para utilizaçãodo Sisplan, uma ferramenta de infor-mática que vai auxiliar na elaboração eexecução dos planejamentos setoriais eoperacionais. O sistema está em desen-volvimento, sob a coordenação do Es-critório de Projetos.

Com essas etapas, o MinistérioPúblico pretende estruturar sua atua-ção de forma que as ações de cada ór-gão estejam alinhadas ao Plano Estra-tégico institucional, permitindo umaatuação conjunta e direcionada na bus-ca de resultados efetivos e mensurá-veis para a sociedade.

Segundo a superintendente de Pla-nejamento e Gestão do MP, Lara Gar-cia Borges, a expectativa é que 2010 sejaum ano marcado pela gestão estratégicae implementação do Sisplan em todasas promotorias e procuradorias, alémda realização do monitoramento e

mensuração dos resultados e cenáriosprospectivos definidos no Plano Estra-tégico institucional, que contempla me-tas de atuação até 2022.

PROCESSOSEm outubro, o MP havia realizado

uma outra etapa de desdobramento doPlano Estratégico, com a elaboração eaprovação do Mapa Estratégico institu-cional, com as prioridades para o biênio2010/2011 e que foram apresentadasdurante o II Workshop. A equipe queassessora o planejamento e a Procura-doria-Geral de Justiça validaram o ma-pa e os indicadores estratégicos em reu-nião realizada entre 6 e 8 de outubro,no Senai, em Goiânia. De acordo comLara Borges, o plano e o mapa estraté-gico institucional são importantes ins-trumentos para o fortalecimento inter-no e determinantes para definição dosrumos prioritários da instituição. “A ela-

boração do plano e mapa estratégicospermitiu uma discussão institucionalprofunda a respeito da atuação efetiva,bem como tem permitido maior inte-gração entre as pessoas, como pode-mos observar nos encontros”, ressalta.

Ela informa que houve um avançoda instituição com a estruturação deuma unidade específica para a condu-ção dos projetos institucionais, intitula-da Escritório de Projetos, e de uma árearesponsável pelo mapeamento e me-lhoramento dos processos administrati-vos da organização, o Escritório deProcessos.

Com parte das etapas previstas noplanejamento já desenvolvidas, é possí-vel perceber benefícios tangíveis e in-tangíveis, acrescenta Lara. Além da im-plementação de modernas ferramentasde gestão pelo MP, cita ela, a instituiçãoconseguiu atuar de forma mais alinha-da, com todas as áreas perseguindo ob-jetivos comuns, integrados e factíveis.

Os benefícios também são senti-dos pelos colaboradores e pela popu-lação, avalia a superintendente. “O co-laborador ganha ao saber que cadauma de suas ações está vinculada a umobjetivo maior e que contribui para osresultados institucionais. A populaçãoganha sempre, pois todos os projetose todas as melhorias visam, em últimainstância, instrumentalizar cada áreapara que a missão constitucional doMP, de busca pela justiça social, sejaefetivamente cumprida.”

GOIÂ NIA, NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 20093PLANEJAMENTO>

CONSTRUÇÃO DE UM NOVO MP>Elaboração do Plano EstratégicoElaboração do Mapa Estratégico e indicadoresElaboração dos Planos Setoriais e Planos OperacionaisMonitoramento dos indicadores estratégicosAcompanhamento, análise crítica e divulgação dos indicadores e resultadosCapacitação dos envolvidosAlinhamento com o Plano Plurianual e Lei Orçamentária AnualElaboração do Processo de monitoramento estratégico para a atualizaçãocontínua do Plano.

Veja as etapas previstas no Planejamento Estratégico:

Encontro aponta caminhospara fortalecer gestão estratégica

Assessor administrativo Juliano de Barros Araújo faz exposição no II Workshop; grupo discute metas para a saúde

Projeto doMP de GoiásconquistaInnovare

O Programa de Atenção Inte-gral ao Louco Infrator (Paili), idea-lizado pelo promotor HaroldoCaetano da Silva e desenvolvido hámais de três anos pelo MinistérioPúblico de Goiás, foi um dos ga-nhadores do Prêmio Innovare. Apremiação visa identificar e disse-minar práticas pioneiras bem-suce-didas e que estejam contribuindopara a modernização, desburocrati-zação, melhoria da qualidade e efi-ciência dos serviços da Justiça, MP,Defensoria Pública e advocacia .

O Paili foi o projeto vencedorna categoria Ministério Público doprêmio, que está em sua sexta edi-ção. A solenidade de entrega daspremiações aconteceu no dia 17de dezembro, na sede do SupremoTribunal Federal, em Brasília. Noportal eletrônico do Prêmio Inno-vare (www.premioinnovare.com.br), épossível acessar o vídeo produzidosobre o Paili, que também está dis-ponível no site do Ministério Pú-blico (www.mp.go.gov.br).

SAÚDE PÚBLICAO projeto do Paili é fundamen-

tado nas disposições do CódigoPenal, da Lei de Execução Penal eLei Antimanicomial e representauma mudança no tratamento dochamado louco infrator – o porta-dor de distúrbios mentais que co-mete um crime–, que deixa a reclu-são em cadeias para receber ade-quado tratamento com profissio-nais especializados em saúde men-tal. O acompanhamento dos casosé feito até a cessação da relação dolouco infrator com a Justiça, visan-do à não reincidência do ato infra-cional e sua reinserção social.

De acordo com o promotor, oque ele considera ser o diferencialdo programa é a quebra de para-digma proposta, na qual o loucoinfrator deixa de ser uma questãode segurança pública e passa a sertratado no âmbito da saúde públi-ca. Ele acrescenta ainda que a pre-miação é também um reconheci-mento do Ministério Público co-mo instituição que trabalha para aconstrução da cidadania.

4 GOIÂ NIA, NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2009

> ATUAÇÃO INSTITUCIONAL

Resultados consolidam propostainovadora do Parceria CidadãUm curso d’água a caminho da re-

vitalização em Nerópolis. A co-leta seletiva do lixo implantada

nas escolas da rede municipal de CaldasNovas. Uma mineradora com suas ativi-dades adequadas à noção de sustentabili-dade e em sintonia com a comunidade emSilvânia. Estes são apenas alguns dos rele-vantes resultados alcançados em poucomais de um ano e seis meses de atuaçãopelos membros da comunidade mobiliza-dos pelo Ministério Público em 17 co-marcas do Estado (veja quadro) para inte-grar uma proposta pioneira e inovadorade diálogo organizado da sociedade comos poderes constituídos, o chamado Pro-grama Parceria Cidadã.

Reunidos no início de dezembro emGoiânia, para o terceiro módulo do cursode formação, os cerca de 200 articuladoressociais - nome recebido pelos integrantesdesses grupos de trabalho formados den-tro das comunidades - fizeram um balançodesse período e trocaram experiências, re-novando a disposição para novos desafiose novas empreitadas em 2010. Na avalia-ção de um dos participantes sobre o even-to, conforme pesquisa aplicada pela Esco-la Superior do MP (ESMP), “o entusias-mo contagia o outro e as experiências tro-cadas contribuem para o melhor desen-volvimento do trabalho”.

A motivação foi tanta que a equipesistêmica do MP que dá apoio ao progra-ma teve de refazer o calendário de ativida-des de 2009, para realizar ainda em de-zembro reuniões de trabalho num ritmode caravana itinerante. Foram visitadas oi-to comarcas em nove dias, entre 11 e 22.

Alguns grupos, como o de Iporá eMineiros, ficaram apreensivos com a saí-da dos promotores de Justiça, que assu-mirão outras comarcas no próximo ano.Nas visitas, ficaram acertadas algumasmedidas para a transição, mas algunspontos ainda serão discutidos pela equi-pe de apoio do MP.

No evento, promotores e articulado-res puderam, na definição de uma das in-tegrantes da equipe sistêmica, promotoraRúbian Coutinho, ‘beber a água da fonte’,tendo em vista a oportunidade que todostiveram de assistir à palestra da consultora

Maria José Esteves de Vasconcellos, daEquipSIS de Belo Horizonte (MG), e par-ticipar do espaço de diálogo e construção,também coordenado por ela. A psicólogaé autora das obras sobre teoria sistêmicanovo paradigmática que embasam o de-senvolvimento da metodologia do Parce-ria Cidadã. A teoria foi abordada por Ma-ria José Vasconcellos na conferência“Empoderamento da Sociedade – VisãoSistêmica”. Conforme reiterou, o pensa-mento sistêmico constitui uma forma dediálogo social, em que a sociedade e asinstituições se reúnem e são responsáveispor avaliar seus problemas, carências, ne-cessidades e potencialidades.

TROCA DE EXPERIÊNCIAOs grupos de trabalho formados du-

rante o evento proporcionaram um inter-câmbio diferenciado entre os articulado-res sociais, que foram reunidos de acordocom a semelhança entre os temas das de-mandas trabalhadas nas comarcas. A ava-liação sobre a aplicabilidade da teoria sis-têmica no âmbito da atuação do MP foifeita, assim como tratadas as formas decontribuição dos promotores para a pro-moção de autonomia dos grupos. Trocade experiências e relatos de ações bem-su-cedidas, bem como as dificuldades en-frentadas, também foram destaque no es-paço conversacional. Intensificação dodiálogo, persistência e divulgação das con-

quistas foram metas instituídas para 2010.Prova de que o empoderamento da

sociedade é possível esteve presente na fa-la do procurador-geral, na abertura doevento, quando ele fez a acolhida dos par-ticipantes. A importância desse discursofoi reconhecida na avaliação final de umdos articuladores que registrou, ao serperguntado sobre suas impressões do en-contro: “Destaco a palestra do Dr. Eduar-do, que nos deu segurança e coragem paraacreditar que somos importantes.”

INSTITUCIONALIZAÇÃOA intenção em 2010 é sistematizar a

verificação dos resultados alcançadoscom a metodologia sistêmica aplicada noprograma. Com o monitoramento e ava-liação de resultados, o MP pretende insti-tucionalizar o programa, que terá comovantagens sua inclusão e estruturação noorganograma do órgão, com alocação derecursos financeiros, humanos e materiais,formação continuada para os núcleos dearticulação e cursos de formação para no-vos adeptos.

Mesmo sem ter realizado o monito-ramento completo das ações promovidasdesde 2008, o programa já conquistou re-sultados positivos em diversas regiões doEstado. Um dos exemplos, além de Neró-polis, Caldas Novas e Silvânia, está em Fa-zenda Nova. A comunidade local sofriacom a má qualidade do transporte escolar.

Segundo relata a psicóloga Maria JoséSoares, também da equipe do MP, os mo-radores resolveram se mobilizar para en-contrar a solução para a questão, atuandovoluntariamente como articuladores so-ciais. “Esse grupo procurou o MP paratrabalhar a metodologia aplicada no Par-ceria Cidadã. Foram feitas três rodas deconversação e o resultado foi a busca deparcerias junto ao poder público”, desta-ca. Maria José reforça ainda que o promo-tor de Justiça da comarca teria total auto-nomia para resolver o problema, pormeio de termo de ajuste de conduta ouação civil pública, mas que assim o proje-to não alcançaria seus objetivos. “Quería-mos a mobilização da comunidade parafazer valer seus direitos e conseguir umasolução para o transporte escolar na re-gião”, explica.

Já em Silvânia, havia a reclamaçãoconstante da população sobre os transtor-nos causados por uma mineradora na re-gião, como poeira e ruídos. Por meio daarticulação de representantes da comuni-dade local, foi feita uma reunião com osempresários para avaliar medidas que po-deriam resolver os problemas. “Os trans-tornos foram solucionados quase 100%,porque ainda há algumas questões que in-terferem na vida da comunidade. Mas nãoforam feitas mais reclamações”, ressaltaMaria José. Em Nerópolis, a recuperaçãodo Córrego Seco já tem retorno positivo.

Distribuído em três etapas, o trabalho derecuperação teve sua primeira fase con-cluída, em relação às áreas adjacentes ànascente. O grupo agora vai desenolver asações relativas às outras etapas.

Para a procuradora de Justiça Mariada Conceição Rodrigues dos Santos, outradas integrantes da equipe sistêmica, o re-flexo das ações implementadas pelo Par-ceria Cidadã mostra que o MP está à fren-te das outras instituições, ao procurar des-pertar a consciência da comunidade parasolucionar seus problemas e passar de ob-jeto a sujeito de transformação social.“Essa experiência de quase dois anos detrabalho demonstrou que estamos no ca-minho certo. Foi importante para sair dovelho processo, em que apenas o promo-tor era o dono do poder, somente ele po-deria resolver os problemas. Com o proje-to, o artista passou a ser o membro da co-munidade, que conhece as dificuldades dasua região e que, melhor que ninguém,pode apontar soluções”, reflete.

A adesão ao programa é feita pelopromotor de Justiça, que solicita o apoioda equipe sistêmica para o trabalho com acomunidade. Como é um ato voluntário,os responsáveis pela metodologia fazemquestão de ressaltar aqueles que acredita-ram na metodologia em sua fase embrio-nária: os 17 promotores engajados nas co-marcas onde o programa vem sendo de-senvolvido.

Maria José Soares, com grupo de Rubiataba: retomada Articuladores participam de 3º módulo do curso de formação

GOIÂ NIA, NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 20095PASSO A PASSO>

Confira as etapas de desenvolvimento do programa

� Realização de audiências públicas para apresentar ametodologia do projeto à comunidade local;

� Mobilização social e consolidação dos núcleos de articulação

com a sociedade;� Planejamento de ações, promoção de cursos e oficinas, eavaliação das demandas de cada município;

� Busca de soluções para os problemas de cada comunidade;� Monitoramento e avaliação de resultados.

Projeto Ser Natureza – temáticaambiental; vem sendo realizado em 10 comarcas:

BELA VISTA DE GOIÁSBalanço – Proposta do grupo foi aimplantação da coleta seletiva de resíduossólidos (lixo). A separação e coleta do lixoreciclável foi iniciada pelo Centro Histórico, com o engajamento dosmoradores. Recolhimento é feito todas as quintas-feiras, regularmente.Articuladores sociais buscam agora integrar a iniciativa do SerNatureza ao projeto da administração municipal para toda a cidade.

CALDAS NOVASBalanço da primeira ação – Primeira proposta de trabalho dosarticuladores foi a implantação da coleta seletiva em três escolas darede municipal de ensino e na comunidade da região. A coletaseletiva foi deflagrada pelas escolas da rede municipal e, até fevereirode 2010, serão adquiridos e construídos 39 Postos de EntregaVoluntária (PEVs).Balanço da segunda ação – Resolvida a primeira demanda, o grupopartiu para outra proposta, a de reativar a construção e revitalizar apraça de esporte e lazer existente no Setor Itaici II. A mobilização e aparticipação da comunidade viabilizaram o compromisso do poderpúblico municipal de executar a obra conforme projeto definido naroda de conversa realizada em 18 de junho.

GOIANIRABalanço – Proposta foi a revitalização da área de preservaçãopermanente (APP) no Jardim Imperial I e II. Os lotes que estão dentroda APP foram desapropriados, a área foi demarcada e cercada e foirealizado plantio de espécies nativas. Os articuladores vêm seengajando em ações complementares, como o projeto de arborizaçãoda cidade, a mobilização para criação da associação dos horticultoresorgânicos, além de iniciativas com foco na educação ambiental.

IPORÁBalanço – Articuladores resolveram trabalhar a revitalização danascente da Vertente Rica. O estudo técnico já foi realizado e grupoestá em negociação com empresários e poder público paradesenvolver o projeto de recuperação.

ISRAELÂNDIABalanço – Demanda é a readequação da coleta de resíduos sólidos.Os articuladores dividiram a cidade em quatro regiões e visitaram osmoradores de porta a porta, conversando sobre a realização dacoleta seletiva. A aquisição do local para armazenar o materialreciclável está em negociação com o poder público municipal.

MINEIROSBalanço – Grupo escolheu agir pela revitalização da nascente daMatinha do Monjolo. Estudo técnico foi realizado e articuladorestiveram conversa porta a porta com as comunidades vizinhas.

NERÓPOLISBalanço – Proposta ambiental focou a revitalização do Córrego Seco,cuja nascente estava degradada. A primeira etapa da revitalização,

que abrange as áreas adjacentes à nascente, foiconcluída, com as seguintes medidas: isolamento da áreadas nascentes dos principais fatores que impactam o meioambiente, por meio do cercamento; realização de curvasde níveis; plantio de espécies para recuperação da matanativa; eliminação dos competidores naturais eregularização do uso da água pelos produtores rurais.Proprietários das áreas que circundam a nascente até

receberam um certificado do MP, pelo empenho e disposição derevitalizar as áreas degradadas.

RUBIATABABalanço – Articuladores optaram pela adequação da coleta de lixo,com o lema “Cidade limpa, responsabilidade de todos”. Foideflagrada a coleta seletiva por bairros e adquiridos um galpão dearmazenamento e um caminhão para o trabalho.

SILVÂNIABalanço – Proposta de trabalhofoi a de garantir a sustentabilidadeambiental da atividade deextração mineral realizada pelaMineradora Calcário Quilombo.Articuladores conseguiramnegociar as soluções com aempresa, que cumpriusatisfatoriamente os acordos assumidos com a comunidade, com aconstrução do galpão para moagem das pedras, implantação dovaral de micro-aspersão, reflorestamento das áreas abertas eelaboração do plano de evacuação para controle de explosões. Ogrupo, agora, partiu para a resolução de uma nova demanda: aestruturação da coleta seletiva no município. Decidiram começar pelaintegração da proposta aos projetos de reciclagem das escolas darede pública de ensino.

VIANÓPOLISBalanço – Dermanda é a adequação da coleta, transporte e destinodos resíduos sólidos do município.

Ações incidentaisSENADOR CANEDOBalanço – Proposta foi a inclusão de crianças e adolescentes comnecessidades especiais na rede regular de ensino. Crianças eadolescentes hoje estão incluídos; Conselho Municipal de Educaçãoeditou resolução, há postura de acolhimento, transporte adequado edisponível e uma equipe multiprofissional para atender os alunos.

RIALMABalanço – Surgida no segundo semestre de 2009, demanda é a

inclusão e integração nasescolas de adolescentesresponsabilizados por atosinfracionais. Estão sendorealizadas as primeirasrodas de conversa, paraformação do grupo dearticuladores sociais.

Projeto RegionalizadoARAÇUBalanço – Grupo definiu como objetivo a recuperação do Córrego Salobro.Estudo técnico foi realizado e projeto de recuperação está em andamento.

FAZENDA NOVABalanço da primeira ação – Ideia foi a de melhorar as condições dotransporte escolar do município. Os veículos utilizados atualmenteestão em boas condições e as principais vias dos trajetos percorridospara transportar os estudantes foram recuperadas. Balanço da segunda ação – Proposta é a adequação da coleta edestinação dos resíduos sólidos. Está em andamento a implantaçãode um aterro coletivo por meio de consórcio entre os municípios deJussara, Novo Brasil e Fazenda Nova.

FAINA (GOIÁS)Balanço – Articuladores optaram pela ação de recuperação do Riodo Peixe I e II. O trabalho foi desdobrado em três etapas. Estudotécnico da primeira etapa foi efetuado e o projeto de recuperaçãoestá em elaboração.

ITAPIRAPUÃBalanço – Tendo em vista a percepção da comunidade sobre oelevado índice de consumo de álcool e drogas ilícitas por crianças,adolescentes e jovens da cidade, a demanda escolhida foi a deestruturar opções de lazer saudável para este público. Os articuladoresjá realizaram o mapeamento dos espaços de esporte, cultura e lazerexistentes no município. Em apoio ao grupo, os agentes do ProgramaSaúde da Família (PSF) realizam levantamento das famílias compessoas que têm dependência química.

Parceiros da Paz – temática socialGOIÂNIABalanço – O projeto está sendo realizado inicialmente na RegiãoSudeste da capital, envolvendo as comunidades de 13 bairros. Osarticuladores escolheram como demanda a integração das crianças eadolescentes da região, por meio de atividades culturais, de esporte elazer, numa estratégia preventiva para reduzir os índices de violência.As rodas de conversa realizadas pelo grupo, incluindo uma específicacom os jovens, definiram como ação inicial o resgate do projetoestrutural do Parque Acalanto, com elaboração de projeto esportivo epara os campos de futebol da região.

Bem Educar – temas relativos à comunidade escolarAPARECIDA DE GOIÂNIABalanço – Inicialmente, o projeto está voltado para sete escolas públicas,instaladas em região considerada problemática do município. Das audiênciaspúblicas, surgiram quatro demandas principais: a) construindo a paz comrespeito na escola, como resposta à violência vivenciada no ambiente; b)melhoria da infraestrutura escolar; c) a família na escola, e d) valorização dosprofissionais da educação e potencialização da comunidade escolar, comoforma de enfrentar a baixa qualidade do ensino e a evasão. Em relação àsdemandas “a” e “c”, as iniciativas estratégicas ainda estão em construção.Para trabalhar a demanda “b”, os articuladores estão realizandolevantamento da situação documental das escolas. Já para a demanda “d”,foi priorizada a Escola Estadual Pedro Neca para início das ações do grupo eas necessidades estão sendo levantadas por meio de um questionário.

Aliança social

O CAO do Consumidortem atuado em todo o Estadopara coibir abusos em em-préstimos consignados paraservidores públicos. Esse é oprincipal projeto do CAO?

É o primeiro dos projetos desen-volvidos pelo CAO do Consumidor.Constatamos que hoje há um proble-ma sério de superendividamento doservidor público por causa dos em-préstimos consignados. Existe umamídia forte das empresas que realizamos empréstimos oferecendo créditosde forma desmedida. O CAO do Con-sumidor pretende realizar uma campa-nha a favor do crédito consciente,combatendo o excesso e prevenindo osuperendividamento.

A campanha terá comoalvo apenas os servidorespúblicos?

O ideal é que ela atinja o públicoem geral. Mas, claro, teremos que fazeruma triagem, porque o endividamentoatinge um percentual muito elevado dapopulação. Por ser um trabalho de na-tureza educativa, pretendemos atingirprimeiramente os adultos endividados

e estudantes que estão no ensino fun-damental e médio.

Que outras ações estãoprevistas neste projeto?

Firmamos, em julho, um termo deajustamento de conduta (TAC) com aPrefeitura de Goiânia, que beneficiaaproximadamente 43 mil servidoresmunicipais. Já que não há uma legisla-ção específica que trata do assunto, oTAC servirá para regularizar a situaçãodos empréstimos consignados na capi-tal goiana. Este acordo está servindode referência para o trabalho em outrascomarcas e a ideia é estendê-lo ao go-verno estadual, alcançando mais de150 mil servidores. Hoje, há uma ver-dadeira indústria do excesso em deter-minadas instituições financeiras, queutilizam artifícios ilícitos para tirar van-tagem na questão dos consignados.

Que outros projetos in-tegram o planejamento es-tratégico do CAO do Consu-midor?

Temos o projeto do controle dahigiene hospitalar. Estamos ainda nacoleta dos indicadores da situação atual

para estabelecer os ajustamentos deconduta com os hospitais. A intençãoé que se faça cumprir as determinaçõesda Agência Nacional de Vigilância Sa-nitária (Anvisa) quanto à higienizaçaoem hospitais, com a finalidade de evitara contaminação por infecções hospita-lares. Essa iniciativa conta com o apoiodo CAO Cidadão. Há também um tra-balho, ainda em fase de elaboração, pa-ra o combate à venda casada, que en-volverá os segmentos de bancos, lojase supermercados. Além disso, existemos trabalhos de rotina, como a verifica-ção da qualidade do transporte coleti-vo, empresas de telefonia, planos desaúde, e combate à publicidade enga-nosa. Neste ano, conseguimos fazerum pacto com as concessionárias de

veículos de Goiânia para evitar a mídiafalsa, que tem como finalidade apenasatrair o consumidor.

Também há um projetoem relação à qualidade dosalimentos comercializadosem Goiás?

Queremos desenvolver uma cam-panha para controle de agrotóxicos,que envolve os segmentos de super-mercados, indústrias e as Centrais deAbastecimento (Ceasa). O projetoconsiste na identificação dos produto-res de hortifrutigranjeiros, primeira-mente de Goiânia e, em seguida, do in-terior do Estado. A ideia é produzircartilhas e folders educativos para osprodutores, por meio da Agrodefesa

nos municípios do interior. Está pro-gramada ainda a coleta de produtospara avaliação da quantidade de agro-tóxicos. A intenção é celebrar um ter-mo de ajustamento de conduta com osegmento dos supermercados e Ceasa,para que possam cobrar a identificaçãodos produtores de hortifruti. Assim,poderemos saber quem produziu oproduto, quais estão com excesso deagrotóxico ou com agrotóxico ilegal.

Qual a situação atual des-tes projetos?

Alguns projetos estão em anda-mento e outros em fase de elaboração.O projeto dos consignados tem algu-mas ações realizadas. Já os projetos doagrotóxico e da higiene hospitalar ain-da vão se iniciar. Os projetos para ga-rantir os direitos quando se trata deplanos de saúde e das empresas de te-lefonia são rotineiros.

Quem são os parceiros doMP nestas iniciativas?

Temos projetos com os governosestadual e municipais, instituições deensino, entre outros. Trabalhamossempre com os Procons nunicipais e oEstadual. Aliás, outro projeto do CAOdo Consumidor é a estruturação e for-talecimento dos Procons municipais.Está sendo feito um levantamento pa-ra identificar o número de Procons emGoiás, que acredito ser de 23 no total,bem como sobre as cidades em que háa necessidade de uma unidade. Comesse mapeamento, poderemos traba-lhar pela instalação de Procons nas ci-dades com mais de 25 mil habitantes.

6 GOIÂ NIA, NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2009

> ENTREVISTA ~ ÉRICO DE PINA CABRAL

Atuando em defesa do consumidorR egularizar a concessão de empréstimos consignados em Goiás, fiscalizar a

higienização nos hospitais, identificar o uso abusivo ou ilegal de agrotóxicosnos produtos hortifrutigranjeiros e instalar novos Procons em municípios

com mais de 25 mil habitantes. Esses são alguns projetos que o coordenador doCentro de Apoio Operacional (CAO) do Consumidor, Érico de Pina Cabral,pretende desenvolver à frente do órgão auxiliar, que ele assumiu em abril deste ano.Nesta entrevista, ele fala um pouco mais sobre os projetos, parcerias e a estrutura àdisposição do trabalho de proteção ao consumidor goiano.

“Há uma verdadeiraindústria do excesso emdeterminadas instituiçõesfinanceiras, que utilizamartifícios ilícitos para tirar vantagem”

O Ministério Público de Goiáslançou no dia 22 de dezembro, no au-ditório do edifício-sede, a CampanhaNota Fiscal Show de Bola – FutebolPremiando a Saúde. O projeto temcomo objetivo envolver a comunida-de numa ação em benefício da área desaúde por meio do esporte. Idealizadapelo coordenador do Centro deApoio Operacional do Cidadão, pro-

motor Marcelo Celestino, a iniciativaconta com as parcerias da SecretariaEstadual da Fazenda e da FederaçãoGoiana de Futebol (FGF).

Conforme o regulamento, a ideiaé premiar as unidades de saúde comequipamentos e produtos hospitala-res, a partir de um ranking formadopela indicação dos torcedores, quefarão a opção ao trocar suas notas

fiscais por ingressos para jogos doCampeonato Goiano de Futebol de2010, o Goianão.

As unidades de saúde a serem be-neficiadas terão de se cadastrar previa-mente. Somente poderão participarhospitais públicos, do Estado ou mu-nicipais, e os filantrópicos sem fins lu-crativos que tenham pelo menos 70%dos seus leitos cadastrados no Sistema

Único de Saúde (SUS). As unidadestambém deverão estar sediadas em ci-dades cujos clubes disputarão o Goia-não 2010: Goiânia, Anápolis, Itum-biara, Senador Canedo, Trindade,Morrinhos, Santa Helena e Catalão.

Ao fazer a troca das notas fiscaispor ingressos, os torcedores indica-rão, entre os credenciados, o hospital

que desejam ver contemplado com oprêmio. As indicações dos torcedo-res valerão pontos. O ranking seráatualizado quinzenalmente pelaFGF. O resultado final será conheci-do em 3 de maio do próximo ano.Os seis primeiros colocados recebe-rão produtos (insumos de saúde) ad-quiridos pela federação.

Campanha idealizada pelo MP utilizafutebol para premiar unidades de saúde

GOIÂ NIA, NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 20097GIRO MP>

SEMINÁRIO SOBRE FUNDEBMOBILIZA MAIS DE 300 PARTICIPANTESPromovido pelo Centro de ApoioOperacional da Infância, Juventudee Educação do Ministério Público deGoiás, o Seminário Estadual doFundo de Manutenção eDesenvolvimento da EducaçãoBásica e de Valorização dosProfissionais da Educação (Fundeb)lotou no dia 11 de dezembro oauditório do edifício-sede do MP e ohall, onde foi instalado um telãopara transmissão simultânea (foto).O evento, realizado em parceria com o Conselho Estadual doFundeb, reuniu mais de 300 participantes, entre promotores,secretários de educação, conselheiros, diretores, professores da rede pública de ensino ecomunidade em geral. Na ocasião, foi feito o lançamento do Manual de Orientação –Fundeb. Elaborado em conjunto pelos CAOs da Infância e Juventude e do PatrimônioPúblico e pela Escola Superior do MP, a publicação traz orientações práticas sobre o tema,com esclarecimentos sobre as principais dúvidas relativas ao fundo, além de sugestões emodelos de peças e a legislação aplicável ao tema. “Preparamos um instrumento deapoio técnico a todos os gestores da educação”, destacou o coordenador do CAOInfância, promotor Everaldo Sebastião de Sousa.

Acatando pedido feito pelo MinistérioPúblico, o juiz Marcus Vinícius Ayres Barretocondenou a Celg Distribuidora S/A a indeni-zar o dano moral coletivo, no valor de R$ 500mil, bem como dano patrimonial individualacarretado aos consumidores de Catalão, Ou-vidor, Davinópolis e Três Ranchos. Segundodestacado pelo promotor Fábio SantessoBonnas, autor da ação, os consumidores fo-ram lesados por causa de interrupções do for-necimento de energia elétrica ocorridas entreas 23 horas do dia 8 de fevereiro de 2007 atéas 13 horas do dia seguinte, e também entre as18 horas do dia 26 de abril até as 15h30 do dia

27. Relatório da Agência Goiana de Regula-ção, Controle e Fiscalização e Serviços Públi-cos (AGR), que instrui a ação, atesta que as in-terrupções se deram exclusivamente por faltade manutenção preventiva da linha de trans-missão pela concessionária.

A condenação a título de dano moralcoletivo deverá ser revertida entre os muni-cípios das comunidades prejudicadas.Quanto aos danos individuais, os consumi-dores deverão ser ressarcidos mediante ha-bilitação em oportuna apuração em liquida-ção de sentença, conforme prevê o Códigode Defesa do Consumidor.

APAGÕES NO SUL DE GOIÁS LEVAM JUSTIÇA ACONDENAR CELG EM R$ 500 MIL DE INDENIZAÇÃO

Acolhendo pedido feito pelo Ministério Público em ação proposta em 2004, o juiz Jonas NunesResende determinou que o Estado construa um novo presídio em Goianésia, observando todas as exi-gências da Lei de Execução Penal, com espaço e quantidade de vagas suficientes para a demanda da co-marca, com planejamento para os próximos anos. De acordo com a ação do MP, a cadeia pública domunicípio não atende às mínimas condições legais para a manutenção dos presos.

Além da falta de infraestrutura e de segurança, o local abriga presos provisórios e condenados, cri-minosos eventuais e de alta periculosidade em um ambiente que em nada propicia a reeducação dos de-tentos. Outro aspecto apontado foi a constante ameaça de fuga, agravada pela facilidade de os presosescavarem as paredes. As grades também não oferecem condições adequadas de segurança e as celas es-tão sempre mofadas, com infiltrações e sem a ventilação necessária. O presídio também não conta comlocal para o banho de sol e ainda com o agravante de ser localizado no Centro da cidade.

Viabilizada por meio de um termo deajuste de conduta entre a prefeitura e oMinistério Público, a Casa de AbrigoTemporária (CAT) de Rio Verde foiinaugurada no dia 20 de novembro. Oespaço vai acolher crianças até 11 anose também adolescentes de 12 a 17anos em situação de risco, contandocom 23 cômodos e capacidade para45 internos. O acordo com o municípiofoi negociado pela promotora Karina D’Abruzzo Barbosa, que participou dasolenidade de inauguração (foto). As verbas para a obra se originaram de umatransação penal entre a empresa Perdigão e o promotor Mário Henrique CardosoCaixeta, da 7ª Promotoria. Segundo Karina D’Abruzzo, o espaço era umareivindicação antiga da comunidade e dos órgãos que atuam na área da infânciae juventude, pois os abrigos não dispunham de vagas para adolescentes. Apopulação se mobilizou para concretizar a obra, principalmente entidades dasociedade civil organizada, que contribuíram com doações.

ESTADO TERÁ DE CONSTRUIR CADEIA EM GOIANÉSIA

PRESÍDIO INAUGURADO EM TRINDADE SEGUE MODELO HUMANIZADOR

Inauguradas em 16 de dezembro, as novas instalações do Centro deInserção Social (CIS) de Trindade, localizado a 5 quilômetros do Centroda cidade, seguem um modelo considerado inovador. O projetoarquitetônico prioriza a humanização no cumprimento da pena,atendendo aos requisitos da Lei de Execução Penal. Além disso, aunidade, que poderá abrigar até 350 detentos, tem condições de oferecermais oportunidades de ressocialização. A obra é fruto de parceria entreMinistério Público, Judiciário, advocacia, prefeituras de Trindade e deCampestre e comunidade, conforme salienta o promotor Eudes LeonardoBomtempo, um dos idealizadores do projeto. O prédio foi adaptado apartir das instalações do Centro de Excelência de Recuperação deDependentes Químicos, construído em 2004, mas que nunca foi utilizado.A adequação foi determinada pelo juiz Éder Jorge, a partir do pedido dopromotor. Executada pelos próprios detentos, a obra custou cerca de R$270 mil, viabilizados por recursos das prefeituras e verbas oriundas daaplicação de penas alternativas pela 2ª Vara de Trindade.

RIO VERDE JÁ CONTA COM ABRIGO PARA CRIANÇASE ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO

Alaor Félix/TJ-GO

Prefeitura de Rio Verde

> REPORTAGEM ESPECIAL

8 GOIÂ NIA, NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2009

“O grão que cai é o direito da terra.A espiga perdida – pertence às avesque têm seus ninhos e filhotes a cuidar.Basta para ti, lavrador,o monte alto e a tulha cheia.

Deixa a respiga para os que não plantam nem colhem- O pobrezinho que passa.- Os bichos da terra e os pássaros do céu”

Poema do Milho, Cora Coralina

Da terra se faz o homem

Cristiani Honóriode Hidrolândia

Aagricultura orgânica é um modo deviver, conforme diz Adib FranciscoPereira, presidente da Associação

para o Desenvolvimento da Agricultura Orgâ-nica (Adao). A afirmação comprova que, maisdo que um modismo, o sucesso da forma pro-dutiva está nos resultados obtidos com a inte-gração homem, animais e plantas.

O respeito à natureza, aos ciclos de pro-dução e reprodução, ao clima e às estações doano e a não interferência no processo de infil-tração das águas no solo são retribuídos na co-lheita de produtos sadios (foto 8), na preserva-ção das espécies e dos mananciais; enfim, re-fletem-se no equilíbrio ecológico.

Em Goiás, a agricultura orgânica, pelasmãos da Adao, e com o apoio de outras ins-tituições, tem conquistado a cada dia, desdeseu surgimento em 1999, mais adeptos. Énuma dessas “conquistas” que se insere oMinistério Público, mais especificamente a2ª Promotoria de Goianira.

Naquela cidade, a promotora SuelenaCarneiro Jayme desenvolve, junto com a co-munidade local, o Projeto Ser Natureza, quese propõe a resolver, com o envolvimento dasociedade, demandas ambientais. Os articula-dores sociais elegeram como a primeira delas a

revitalização da área de preservação per-manente dos loteamentos Jardim

Imperial I e II. O grupo

também trabalha em outras duas frentes: apromoção da educação ambiental e o incenti-vo à produção orgânica.

No caso dos orgânicos, foram realizadaspalestras sobre o tema e programadas visitas apropriedades. Assim, em outubro, um ônibuslotado de agricultores de Goianira, Braza-brantes e Santo Antônio de Goiás partiu paraHidrolândia com a missão de conhecer a Fa-zenda Nossa Senhora Aparecida, modelo naprodução de alimentos orgânicos, de proprie-dade do professor da UFG e membro daAdao, Paulo Marçal.

A VISITABastou passar para dentro dos limites da

fazenda para que os convidados (foto 3) pudes-sem sentir um clima mais ameno, perceber ocanto das variadas espécies de pássaros e aexuberância das matas intocadas, que convi-vem em harmonia com os canteiros produti-vos. Não poderia ser diferente, já que a pro-priedade mantém 40% do Cerrado nativopreservado, além das áreas exigidas por lei.

A surpresa ficou por conta da produçãodos alimentos em si. Isso porque, quando sefala em orgânicos, a referência, geralmente,são canteiros de hortaliças. Mas não é assimna fazenda do professor Marçal. Lá, parte doespaço é destinado às pastagens, que alimen-tam cerca de 300 cabeças de gado de corte. Orestante fica para grandes lotes onde são plan-tados feijão, arroz e milho (foto 5), a maioria apartir de sementes crioulas (sementes puras,sem modificações genéticas, utilizadas por co-

munidades tradicionais), além do tomate ras-teiro (plantado ao ar livre, em consórcio comoutras culturas). Também há espaço para asestufas, atualmente ocupadas por tomates (fo-tos 1, 2 e 8). A horta existe, igualmente orgâni-ca, mas é de responsabilidade dos trabalhado-res e destinada ao consumo interno.

A fazenda tem 15 hectares certificados co-mo orgânicos e, a partir de março de 2010, to-da a área estará certificada, o que incluirá a pro-dução animal e vegetal. Em 2008, ela produziu7 toneladas de arroz, 2 de feijão, 10 de tomate,gergelim (foto 7) e amendoim de estufa, além deoutras tantas de tomate rasteiro (foto 8).

Marçal explica (foto 4) que o mais impor-tante na cultura orgânica é o planejamento. Épreciso numerar as áreas, definir os rodízios,estudar o solo e fazer o preparo adequado.Adubos químicos e agrotóxicos passam lon-ge. Tudo o que o solo precisa é tirado da pró-pria fazenda, até o adubo e os preparados pa-ra combate às pragas e outros invasores, feitoscom produtos naturais. Daí a importância dosanimais – as reses, galinhas e porcos e o mi-nhocário são fornecedores principais da ma-téria-prima dos insumos. O que se procura égastar o mínimo possível na aquisição de pro-dutos externos. Em 2009, foram gastos ape-nas R$ 2 mil para suprir as necessidades doscerca de 200 hectares produtivos.

O tratamento aos trabalhadores tam-bém respeita o princípio da sustenta-bilidade: eles têm carteira assina-da, salário digno e participa-ção nos lucros.

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