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PARECER PRÉVIO Nº 1016/11 Opina pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de PORTO SEGURO, relativas ao exercício financeiro de 2010. O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no artigo 75, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual e art. 1º, inciso I da Lei Complementar nº 06/91, e levando em consideração, ainda, as colocações seguintes: DA PRESTAÇÃO DE CONTAS Este processo refere-se à prestação de contas da Prefeitura Municipal de Porto Seguro, exercício financeiro de 2010, de responsabilidade do Sr. Gilberto Pereira Abade, cuja entrada neste Tribunal se deu dentro do prazo legal, em cumprimento ao art. 8º da Resolução TCM nº 1.060/05, com informação de que a documentação foi enviada à Câmara para fins de disponibilidade pública, nos termos do art. 95, § 2º, da Constituição Estadual. Foi apresentado o Edital nº 01/2011 demonstrando que as contas foram colocadas em disponibilidade pública, atendendo o prescrito nos parágrafos 3º, do art. 31, da CRFB, e 1º, do art. 63 da Constituição Estadual e os arts. 53 e 54, da Lei Complementar n.º 06/91. O processo foi instruído com o Relatório Anual de fls. 603/769, expedido com base nos Relatórios Mensais Complementados, elaborados pela Inspetoria Regional e submetido à análise das Unidades da Coordenadoria de Controle Externo, que emitiu o Pronunciamento Técnico de fls. 741/769. Distribuído por sorteio para esta Relatoria, determinou-se a conversão do processo em diligência externa, com notificação ao Gestor através do Edital nº 259/11, publicado no Diário Oficial do Estado, de 11/11/11, tendo ele se manifestado tempestivamente, nos termos do processo nº 15.524-11, anexado às fls. 901/1.158. Do Exercício Anterior 1

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PARECER PRÉVIO Nº 1016/11

Opina pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de PORTO SEGURO, relativas ao exercício financeiro de 2010.

O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no artigo 75, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual e art. 1º, inciso I da Lei Complementar nº 06/91, e levando em consideração, ainda, as colocações seguintes:

DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

Este processo refere-se à prestação de contas da Prefeitura Municipal de Porto Seguro, exercício financeiro de 2010, de responsabilidade do Sr. Gilberto Pereira Abade, cuja entrada neste Tribunal se deu dentro do prazo legal, em cumprimento ao art. 8º da Resolução TCM nº 1.060/05, com informação de que a documentação foi enviada à Câmara para fins de disponibilidade pública, nos termos do art. 95, § 2º, da Constituição Estadual.

Foi apresentado o Edital nº 01/2011 demonstrando que as contas foram colocadas em disponibilidade pública, atendendo o prescrito nos parágrafos 3º, do art. 31, da CRFB, e 1º, do art. 63 da Constituição Estadual e os arts. 53 e 54, da Lei Complementar n.º 06/91.

O processo foi instruído com o Relatório Anual de fls. 603/769, expedido com base nos Relatórios Mensais Complementados, elaborados pela Inspetoria Regional e submetido à análise das Unidades da Coordenadoria de Controle Externo, que emitiu o Pronunciamento Técnico de fls. 741/769.

Distribuído por sorteio para esta Relatoria, determinou-se a conversão do processo em diligência externa, com notificação ao Gestor através do Edital nº 259/11, publicado no Diário Oficial do Estado, de 11/11/11, tendo ele se manifestado tempestivamente, nos termos do processo nº 15.524-11, anexado às fls. 901/1.158.

Do Exercício Anterior

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cont. do P.P. nº 1016/11

A prestação de contas do exercício financeiro de 2009, de responsabilidade deste Gestor, foi aprovada com ressalvas, mediante Parecer Prévio nº 147-11, com aplicação de multas de R$ 7.000,00 e R$ 44.277,73.DOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO

O alicerce e ponto de partida para qualquer Gestão é o processo de planejamento. A ação planejada na Administração Pública tem como premissa a execução de planos previamente traçados, orientados pelos anseios e necessidades da população, reduzindo assim os riscos e otimizando os recursos do Município.

A Constituição de 1988, em seu art. 165, caput, reforça as atribuições do planejamento e de execução dos gastos públicos, preconizando através de lei de iniciativa do Poder Executivo, a elaboração do Plano Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA, os quais passarão a ser objeto de efetivo acompanhamento da gestão, servindo de subsídios para tomadas de decisões e de avaliações periódicas.

Plano Plurianual - PPA

O PPA, contemplado na Carta Magna, no art. 165, inciso I, é o planejamento estratégico das ações governamentais. Com duração de quatro anos, nele são estabelecidas de forma regionalizada, levando-se em consideração as particularidades e os potenciais de cada Município, a proposição de programas e ações, para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para os programas de duração continuada.

A Lei nº 852, de 23 de dezembro de 2009, aprovou o Plano Plurianual (PPA) para o período de 2010 a 2013.

Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO

A Lei nº 828, de 09 de setembro de 2009, aprovou as Diretrizes Orçamentárias do Município para o exercício de 2010.

Na análise da LDO ficou evidenciada que ela não contempla todos os ditames do art. 4° da LRF, porque não demonstra as normas relativas

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ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamento, bem como os critérios e a forma de limitação de empenho.Integra o projeto da LDO o anexo de Metas Fiscais, em que são estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas as receitas, despesas, resultado nominal e primário e montante da dívida pública, além da evolução do patrimônio líquido, em cumprimento ao art. 4º §§ 1º e 2º da LRF, bem como o anexo de Risco Fiscal, que demonstra os Passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem, como determina o § 3º, do art. 4º da Lei nº 101/00.

Lei Orçamentária Anual - LOA

A Lei Orçamentária nº 863, de 31 de dezembro de 2009, estimou a receita e fixou a despesa para o exercício financeiro de R$ 168.690.000,00, compreendendo o Orçamento Fiscal e da Seguridade Social nos valores de R$ 131.805.000,00 e R$ 36.885.000,00, respectivamente.

Consta nos autos a comprovação de publicação do LDO e LOA no Diário Oficial dos Municípios, em cumprimento ao art. 48 da Lei Federal nº 101/00 – LRF (Pasta tipo “a-z” - doc. 02, 03 e 08).

O art. 8° da Lei de Meios autoriza a abertura de créditos adicionais suplementares, em decorrência de superávit financeiro, excesso de arrecadação, e por anulação parcial ou total de dotações até o limite de 40% do total da despesa fixada.

Programação Financeira

Foi apresentada a Programação Financeira e o cronograma mensal de desembolso, sendo este o instrumento instituído pelo art. 8º da LRF que possibilita ao Gestor traçar um programa de utilização dos créditos orçamentários aprovados no exercício, bem como efetivar uma análise comparativa entre o previsto na LOA e a sua realização mensal, compatibilizando a execução das despesas, com as receitas arrecadadas no período (fls. 121/124).

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cont. do P.P. nº 1016/11

DAS ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS

Créditos Adicionais Suplementares

Conforme Pronunciamento Técnico foram promovidas alterações orçamentárias no montante de R$ 93.292.418,23, mas contabilizadas R$ 94.701.418,23, diferença de R$ 1.409.000,00 em descumprimento ao art. 42, da Lei Federal nº 4.320/64.

Na defesa o Gestor argumentou que teria ocorrido equívoco na análise realizada pela Coordenadoria de Controle Externo pois os valores contabilizados estariam de acordo com os decretos de abertura. Para tanto apresentou em Pasta tipo “a-z” (doc. 13) cópias dos decretos do Poder Executivo, totalizando R$ 94.701.418,23, entretanto constata-se que o Decreto nº 3.677 apresentado pela defesa no valor de R$ 8.964.801,43, difere do constante originalmente nos autos (fls. 36/40), no valor de R$ 7.555.801,43, bem como não tramitou pela Inspetoria Regional de Controle Externo e está desprovido do comprovante de publicação, comprometendo a validação por esta Relatoria.

Com relação ao apontamento constante no Pronunciamento Técnico de abertura de créditos adicionais suplementares no total de R$ 92.654.418,23, sem a devida autorização legislativa, justificou o Gestor que a Lei Orçamentária foi alterada mediante a Lei Ordinária nº 883, de 18 de junho de 2010 (com comprovante de publicação), que autorizou o Poder Executivo a abrir créditos adicionais suplementares até o limite de 70% das despesas fixadas, totalizando R$ 118.083.000,00 (Pasta tipo “a-z” - doc. 16).

Créditos Especiais

Os créditos especiais, por se referirem a despesas novas, devem sempre ser autorizados previamente por lei e abertos por decreto executivo. Conforme decreto nº 3.891 foram abertos R$ 2.047.000,00 de crédito adicional especial, por anulação de dotação, autorizado pela Lei nº 885.

Entretanto, foi identificada na análise da Coordenadoria de Controle Externo a inclusão de diversas dotações não contempladas na Lei

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Orçamentária, bem como no Quadro de Detalhamento de Despesa, constituindo-se abertura de créditos adicionais especiais, sem que conste nos autos a autorização legislativa, em descumprimento do art. 167, V, da Constituição Federal.

Na defesa o Gestor contestou este apontamento, solicitando a improcedência da questão sob diversas alegações, sustentando que a Lei Orçamentária teria fixado estas dotações nas correspondentes Unidades Orçamentárias, não constituindo, para ele, a execução de créditos adicionais especiais.

A matéria foi submetida à análise da Coordenadoria de Controle Externo, nos termos do despacho (fl. 1171), retornando os autos com o Parecer de fls. 1172/1201, indicando que entre as 29 dotações listadas no Pronunciamento Técnico com falhas neste particular, procedem as alegações do Gestor em 28, mas as alterações orçamentárias promovidas no projeto/atividade 2.162, no total de R$ 738.602,65, ocorreram através da inserção no orçamento de novas dotações (elementos de despesa 3.1.90.09.00 e 3.1.90.11.00), tendo a característica de crédito especial, e como não foram autorizadas através de lei, houve o descumprimento ao art. 167, inciso V, da Constituição Federal.

DO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

A 26ª Inspetoria Regional de Controle Externo - IRCE exerceu a fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Município, notificando mensalmente o Gestor sobre as falhas e irregularidades detectadas no exame da documentação mensal. As ocorrências não sanadas ou não satisfatoriamente esclarecidas estão consolidadas no incluso Relatório Anual de fls. 606/ 739, destacando-se:

• 17 (dezessete) processos licitatórios sem tramitação na 26ª IRCE para análise mensal, em descumprimento à Resolução TCM 1060/05: 078/2009 – aquisição de peças para veículos e manutenção (R$ 40.000,00), 009A/10 I – passagens rodoviárias (R$ 70.000,00), 036/09 I – produções e eventos (R$ 682.616,00), 06/2010 – produções e eventos (R$ 439.300,00), 010/2010 PP – aquisição de eletrodomésticos e eletroeletrônicos para unidades

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cont. do P.P. nº 1016/11

escolares (R$ 588.357,20), 05/2010 CC – aluguel de estruturas para eventos (R$ 90.000,00), 027/10 I – serviços técnicos para planejamento, assessoria, estudo técnico, elaboração de projetos e execução de feiras de turismo (R$ 493.455,00), 57/2009 – aquisição de cestas básicas (R$ 49.164,00), 04/2010 IK – serviços médicos ultrassonografia e cirurgia ginecológica (R$ 71.400,00), 005/2010 IK – serviços médicos para exames laboratoriais (R$ 78.000,00), 009/2010 I – serviços oftalmológicos (R$ 57.000,00), 010/10 I – ultrassonografia diversas (R$ 49.440,00), 010/10 I – serviços médicos ultrassonografia ginecológica (R$ 96.000,00), 06.1.1/09 I – combustíveis (R$ 784.200,00), 41/2010 PP – aquisição de desumidificadores e ar condicionados (R$ 717.838,05), 85/2009 – contratação de seguro total da frota da secretaria municipal do trabalho (R$ 1.174.503,00), 39/2010 PP – aquisição de insumos para laboratório (R$ 592.002,00), totalizando R$ 6.073.275,25;

Na resposta à notificação anual o Gestor apresentou 23 processos licitatórios, sendo que 11 estão autenticados pela 26ª Inspetoria Regional e 12 não se encontram chancelados por aquela Unidade, conforme tabela abaixo. Entretanto, dos processos que tramitaram pela IRCE, apenas dois foram objeto de questionamento no Relatório Anual/Cientificação, quais sejam: a Carta Convite nº 05/2010 - aluguel de estruturas para eventos e a Inexigibilidade nº 06.1.1/09 - aquisição de combustíveis, no total de R$ 838.200,00, razão porque, somente estes foram considerados por esta Relatoria, permanecendo ainda o registro de 15 processos licitatórios que não tramitaram pela Regional, totalizando R$ 5.235.075,25.

Processos Vistados Processos Sem VistoPregão Presencial nº 02/2010 Shows artísticos Pregão Presencial nº

078/209 Locação de máquinas

Carta Convite nº 05/2010

Organização de eventos

Pregão Presencial nº 10/2010 Eletrodomésticos

Concorrência nº 02/2009

Serviços de engenharia

Inexigibilidade nº 027/2010

Serviços de elaboração em projetos e elaboração em feiras de turismo

Pregão Presencial nº 17/2010

Aquisição material de expediente

Pregão Presencial nº 85/2009 Seguro veicular

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cont. do P.P. nº 1016/11

Inexigibilidade nº 06.1.1/2009 Combustíveis Pregão Presencial nº

39/2010Insumos para laboratório

Inexigibilidades nºs 21/2009, 23/2009, 004/2009, 017/2009, 022/2009, 016/2009

Serviços de exames laboratoriais

Pregão Presencial nº 41/2010

Aquisição de desumidificadores

Inexigibilidades nºs 004FMS/2010, 005FMS/2010, 009FMS/2010, 010FMS/2010, 011FMS/2010

Referente a serviços médios

Pregão Presencial nº 57/2009 Gêneros alimentícios

O Gestor ao não proceder o encaminhamento dos processos licitatórios à Inspetoria Regional para análise mensal, infringiu as disposições da Resolução TCM nº 1060/05, impedindo o exercício da ação fiscalizadora desta Corte, realizada através das Inspetorias Regionais, sob a supervisão das 1ª e 2ª CCE's no exame da documentação de receita e despesa apresentada mensalmente pelos respectivos gestores, com relação aos procedimentos licitatórios realizados pelo Poder Executivo no exercício de 2010, com repercussão no mérito das contas anuais. Os recursos envolvidos nos processos licitatórios e despesas relacionadas no Relatório Anual/Cientificação, totalizam R$ 5.235.075,25.

• descumprimento de formalidades da Lei nº 8.666/93 no processamento de licitação, a exemplo de: ausência de publicação resumida do instrumento contratual na imprensa oficial; ausência de publicação na imprensa oficial do ato de Dispensa/Inexigibilidade.

Na defesa anual o Gestor apresentou os comprovantes de publicação, inclusive a Lei Municipal nº 779/2008 que dispõe sobre a criação da Imprensa Oficial do Município, sanando as falhas apontadas.

• despesas de R$ 96.138,32 com pagamento de juros e multas por atraso no adimplemento de obrigações junto ao INSS, Coelba, Embasa, Telemar, OI-TNL PCS S/A nos meses de janeiro (R$ 36.532,16), março (R$ 243,03), abril (R$ 6.711,00), maio (R$

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cont. do P.P. nº 1016/11

5.039,62), junho (R$ 1.941,64), julho (R$ 1.087,11), agosto (R$ 588,57), setembro (R$ 425,95), outubro (R$ 1.543,22), novembro (R$ 36.778,88) e dezembro (R$ 5.247,14).

Sobre este fato, alegou o Gestor que o Controle Interno já foi comunicado para adoção de providências, para que fatos desta natureza não mais aconteçam.

• ausência de critérios para concessão e uso de celulares, registrando-se por exemplo a liberação de 122 aparelhos para a Secretária de Saúde. Embora o Gestor argumente que os aparelhos já teriam sido devolvidos, apresentando os ofícios expedidos pelo Secretário Municipal de Administração solicitando os aparelhos, dos ofícios apresentados, não consta nenhum para a Secretaria de Saúde, permanecendo, os registros feitos.

• ausência de comprovação de diárias pagas a diversos servidores no mês de janeiro (R$ 8.730,00).

O Gestor apresentou a maioria dos processos com as comprovações reclamadas, remanescendo apenas os processos de nºs 78 (R$ 450,00), 80 (R$ 450,00), 81 (RS 450,00), referentes a participação em cursos de capacitação na capital, visto que não constam os certificados de participações nos respectivos cursos.

• ausência de planilha e/ou boletim de medição em janeiro referente as notas de empenhos nº 105 (R$ 385.668,78) e 723 (R$ 385.668,78). Os documentos apresentados pelo Gestor não são de porte a descaracterizar a falha apontada.

• realização de despesas em fevereiro de R$ 13.235,00 referente a pagamento de hospedagem e refeições a diretores, coordenadores e professores da Educação em participação em eventos de capacitação realizado no próprio município. Alegou o Gestor na defesa anual, sem comprovação e sem justificar o porque da concessão do benefício para a servidores que, possivelmente, residem no município, que as despesas teriam sido realizadas

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cont. do P.P. nº 1016/11

porque os custos com hospedagens e alimentação no Município de Porto Seguro estão acima dos valores das diárias concedidas pela Prefeitura

• ausência de comprovação de despesas referentes ao processo nº 2839 (R$ 10.785,78). Na defesa o Gestor juntou a comprovação das despesas referente a esse processo (fornecimento de vales transportes)

• ausência de comprovação de beneficiários que receberam vales transportes, processo nº 377002798 (R$ 5.580,20). A relação dos beneficiários, autenticada pela IRCE, foi apresentada pelo Gestor.

• pagamento em duplicidade referente a NF nº 2476, processo de pagamentos nºs 1789 (R$ 11.541,10) e 1479 (R$ 6.000,00). Os documentos apresentados não descaracterizam o registro feito.

Registre-se, por oportuno, que existem apontamentos no Relatório Anual/Cientificação que já foram objeto de lavraturas de Termo de Ocorrência, tais como:

• inobservância ao limite do valor de Dispensa de licitação para compras e serviços – aquisição de gêneros alimentícios por Dispensa nº 021/10 (R$ 495.705,55) – Termo de Ocorrência nº 93.369-10, julgado parcialmente procedente;

• contratação por inexigibilidade sem comprovação dos requisitos exigidos na Lei nº 8.666/93 para essa modalidade, a exemplo de contratação de médicos, consultoria jurídica, consultoria contábil e serviços de internet – Termos de Ocorrência nºs 93.389-10, 93.397-10, 93.387-10, pendente de julgamento;

• contratação de pessoal sem concurso público em janeiro, fevereiro, setembro – Termo de Ocorrência nº 93.370-10, julgado parcialmente procedente;

DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS - LEI nº 4.320/64

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cont. do P.P. nº 1016/11

Os Demonstrativos Contábeis foram assinados por Contabilista, devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade, sendo afixado o selo de Declaração de Habilitação Profissional – DHP, em cumprimento ao disposto na Resolução nº 871/00, do Conselho Federal de Contabilidade (Pasta tipo “a-z” - volume 02 - doc. 18).

Através do expediente nº 14.147-11 (fls. 886/897), de 03/11/11, o Gestor solicitou a substituição do Balanço Patrimonial e da Demonstração das Variações Patrimoniais, referentes ao exercício de 2010, por haver incorreções, entretanto não podem ser acolhidos por esta Relatoria, vez que os demonstrativos contábeis após o período de disponibilidade pública não podem ser substituídos. Eventuais ajustes, caso sejam necessários, devem ser realizados no exercício subsequente, devendo constar nos demonstrativos contábeis as respectivas notas explicativas.

Registre-se que a solicitação de substituição das referidas peças ocorreu após a finalização dos exames da Coordenadoria de Controle Externo.

Balanço Orçamentário

No quadro abaixo está demonstrado o resultado orçamentário oriundo do confronto das receitas e despesas previstas com a realizada, conforme previsto no art. 102 da Lei nº 4.320/64.

RECEITA DESPESAPrevista 168.690.000,00 Fixada 168.690.000,00Realizada 143.902.072,87 Realizada 157.221,305,23

Receita Orçamentária

De acordo com o Balanço Orçamentário a arrecadação foi de R$ 143.902.072,87, inferior em 14,69% à sua previsão. As receitas correntes, destinadas a cobrir as atividades governamentais, alcançaram R$ 151.080.649,23, enquanto as receitas de capital, decorrentes de transferências de convênios foram de R$ 1.340.000,00.

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cont. do P.P. nº 1016/11

Quanto à previsão de receitas próprias, observa-se que o orçamento não contemplou critérios adequados de planejamento, inobservando a efetiva capacidade de arrecadação do Município, ocorrendo frustração de receitas nos impostos e taxas da ordem de 34,23% e 51,80%, respectivamente, em desacordo com o estabelecido nos arts. 29 e 30, da Lei Federal nº 4.320/64.

A LRF dispõe em seu art. 11, que constituem requisitos essenciais da responsabilidade fiscal a instituição, a previsão e a efetiva arrecadação de todos os tributos da competência institucional do ente da federação. Logo, as previsões de receita para fins de elaboração do orçamento devem ser feitas de acordo com normas técnicas e legais, observando a efetiva capacidade de arrecadação e a realidade financeira do Município.

Despesa Orçamentária

Quanto às despesas executadas houve uma economia orçamentária de R$ 11.468.694,77, vez que foram gastos R$ 157.221.305,23, ante uma fixação de R$ 168.690.000,00. Assim, as despesas efetivamente executadas corresponderam a 93,20% do valor autorizado.

Resultado da Execução Orçamentária

Em relação ao exercício de 2009, verifica-se que as receitas e despesas aumentaram 22,93% e 34,92%, respectivamente. Houve um deterioramento do resultado orçamentário do Município, deslocando-se de um panorama superavitário de R$ 522.523,92 para um déficit de R$ 13.319.232,36.

Descrição 2009 2010 VariaçãoReceita 117.055.696,03 143.902.072,87 22,93%

Despesa 116.533.172,11 157.221.305,23 34,92%Resultado 522.523,92 -13.319.232,36

Balanço Financeiro

Esta peça contábil tem o objetivo de evidenciar o fluxo financeiro da entidade, ilustrando a receita e despesa compreendidas na execução orçamentária, bem como os recebimentos e pagamentos de natureza extraorçamentária, conjugados com os saldos em espécie

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cont. do P.P. nº 1016/11

provenientes do exercício anterior, e os que são transferidos para o exercício seguinte.

O resultado do Balanço Financeiro foi o seguinte:

RECEITA (R$) DESPESA (R$)Orçamentária 143.902.072,87Orçamentária 157.221.305,23Extra orçamentária 50.690.242,20Extra orçamentária 28.430.399,71Saldo exerc. Anterior 5.970.104,39Saldo exerc. Seguinte 14.910.714,52

Total 200.562.419,46 Total 200.562.419,46

Do total de ingressos de R$ 200.562.419,46, são orçamentários R$ 143.902.072,87, além de R$ 50.690.242,20 de origem extraorçamentária e R$ 5.970.104,39 oriundos do exercício anterior.

Conforme Pronunciamento Técnico as receitas e despesas extraorçamentárias escrituradas neste demonstrativo, não conferem com as contabilizadas no Balancete de dezembro de 2010, apresentando uma divergência de R$ 7.512,81 e R$ 22.378.929,09, respectivamente.

Na defesa o Gestor atribuiu as divergências a lançamentos efetuados indevidamente que teriam gerado incorreções nos saldos das retenções e recolhimentos, necessitando de ajustes ao final do exercício para correção de tais fatos.

Adverte-se a Administração para que mantenha sempre atualizado os demonstrativos mensais, em obediência ao princípio contábil da oportunidade, possibilitando assim, um monitoramento pela IRCE da real situação patrimonial da entidade.

Balanço Patrimonial

Apresenta o estado patrimonial ao final do exercício, através de seus investimentos e de sua origem, representando os bens, direitos e obrigações. Conjugado com a Demonstração das Variações Patrimoniais as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, indicando o resultado do exercício.

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cont. do P.P. nº 1016/11

A situação patrimonial ao final do exercício sob análise está demonstrada abaixo:

ATIVO PASSIVO

FinanceiroDisponível 14.910.714,52 Financeiro 39.409.042,48Realizável 337.087,41

Permanente 52.847.441,99Permanente 118.355.458,98

Passivo Real Desc. 42.713.737,42Total Ativo 157.764.501,46 Total Passivo 157.764.501,46

O Resultado Patrimonial do exercício anterior foi composto por um Passivo Real Descoberto de R$ 21.948.592,76. De acordo com a Demonstração das Variações Patrimoniais - DVP, houve no exercício um Resultado Patrimonial deficitário de R$ 31.394.488,85, fato que resultaria em um Passivo Real Descoberto atual de R$ 53.343.081,61. Porém foi contabilizado no Balanço Patrimonial de 2010 um Ativo Real Líquido no valor de R$ 42.713.737,42.

Ativo

Disponibilidade de recursos

Conforme Balanço Patrimonial, as disponibilidades financeiras do Município ao final do exercício, alcançaram R$ 14.910.714,52, valor este 149,74% superior ao apresentado no exercício anterior.

Ativo Realizável

Este grupo do ativo evidenciou diversas contas totalizando R$ 337.087,41, que representam valores relevantes pendentes para ingressar no Tesouro Municipal, oriundos de consignações/antecipações e das receitas arrecadadas pela COELBA referentes à Contribuição de Iluminação Pública - CIP, devendo a Administração evitar que estas pendências perdurem nas contas subsequentes.

Ativo Permanente

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cont. do P.P. nº 1016/11

Analisando a movimentação contábil ocorrida no exercício dos bens móveis e imóveis, verifica-se divergência de R$ 602.698,31, vez que o saldo do exercício anterior (Balanço Patrimonial de 2009) foi de R$ 41.795.083,76, adicionado das aquisições de R$ 4.557.738,08, resulta num saldo de R$ 46.352.821,81, ao contrário do valor de R$ 46.955.520,12 escriturado no Balanço Patrimonial, indicando, novamente, falhas nos registros contábeis, devendo a Administração Municipal, adotar providências, objetivando a correção de tal fato, cujo reflexo deverá ficar evidenciado no balanço patrimonial do exercício subsequente.

Conta Saldo 2009 Aquisição Baixas Saldo 2010 ContabilizadoMóveis 10.674.264,27 2.542.830,55 0,00 13.217.094,82 13.199.993,99

Imóveis 31.120.819,49 2.014.907,50 0,00 33.135.726,99 33.755.526,13

Total 41.795.083,76 4.557.738,05 0,00 46.352.821,81 46.955.520,12

Adverte-se também a Administração para que observe a Resolução CFC nº 1.136/08 e as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBC T 16.9, apropriando a depreciação dos bens tangíveis pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Inicia-se a Depreciação com a colocação do uso do bem, e deve ser obrigatoriamente reconhecida pela Entidade, adotando o método que seja compatível com a vida útil econômica do ativo.

Passivo Quanto ao grupo do Passivo, integrante também do Balanço Patrimonial, estão registradas as dívidas de curto e longo prazos do Município a seguir representadas:

PASSIVO VALORPassivo Financeiro 39.409.042,48Passivo Permanente 118.355.458,98Total Passivo Real 157.764.501,46

Passivo Financeiro

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cont. do P.P. nº 1016/11

No Passivo Financeiro foram identificadas obrigações a pagar perante o INSS de R$ 4.298.156,70 (“INSS PMPS – R$ 1.473.861,28”, “INSS Empresa – R$ 730.551,03”, “INSS FUNDEB – R$ 819.438,34”, “INSS FMAS – R$ 96.077,72”, “INSS s/ Fatura – R$ 43.156,97”), oriundas de retenções de servidores, podendo caracterizar apropriação indébita por parte do Município.

Determina-se ao Gestor que promova ações efetivas para os recolhimentos devidos, porquanto deixar de repassar à Previdência Social, no prazo legal, as contribuições recolhidas dos contribuintes, caracteriza ilícito penal tipificado como “apropriação indébita previdenciária”, com as cominações previstas na Lei Federal nº 9.983, de 14 de julho de 2000.

Além disso, evidencia-se no Passivo Financeiro as contas “ISS Executivo 2004”, “IRRF FUNDEB”, “ISS FUNDEB”, “ISS FMMA”, “ISS FMT”, “IRRF FMT”, “IRRF FMAS”, “ISS FMAS”, “IRRF PAB” e “IRRF – Média Complexidade” totalizando de R$ 1.058.825,63. Esse valor constitui receitas orçamentárias do município, conforme disposto nos arts. 156, inciso III (ISS) e 158, inciso I (IRRF) da Constituição Federal, não podendo ser considerados como obrigações da Prefeitura. É salutar mencionar que o repasse tempestivo para o Município de suas receitas tem impacto direto no valor mínimo a ser aplicado na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde, em face do aumento nas receitas tributárias, beneficiando assim a população.

Com intuito de preservar a Administração de futuros impasses judiciais frente aos credores, adverte-se o Gestor para que adote medidas para a regularização das rubricas abaixo relacionadas, no total de R$ 70.122,24, vez que não houve qualquer pagamento, comparando o exercício de 2009 com o de 2010:

Conta contábil Saldo em 2009 (R$) Saldo em 2010 (R$)Restos a pagar Proc. 2008 - PMPS 884.314,69 884.314,69

Restos a pagar Não Proc. 2007 - PMPS 1.064.014,32 1.064.014,32

Restos a pagar Proc. 2006 - FMAS 119.448,15 119.448,15

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cont. do P.P. nº 1016/11

Restos a pagar Não Proc. 2007 - FMS 1.837.716,74 1.837.716,74

Restos a pagar Proc. 2008 – FUNDEB 105.000,00 105.000,00

Restos a pagar Não Proc. 2008 - FMAS 85.164,65 85.164,65

Restos a pagar Proc. 2007 – FUNDEB 1.516.708,59 1.516.708,59

Restos a pagar Proc. 2007 – FMAS 165.044,77 165.044,77

Restos a pagar Proc. 2008 – FUNDEB 1.556.029,19 1.556.029,19

ISS Executivo – 2004 134.317,82 134.317,82

Desconto em folha - FUNDED 1.014.356,21 1.014.356,21

Retenções 2004 – FMS 143.738,49 143.738,49

Desconto em folha - FMS 848.438,33 848.438,33

Desconto em folha - FMAS 282.753,15 282.753,15

Financiamento/Conv CEF - FUNDEB 174.649,11 174.649,11

Total 9.931.694,21

Deve o Gestor regularizar essas pendências de forma a evitar a reincidência das irregularidades verificadas.

Como em quase todas peças contábeis, também há desencontros nos saldos de diversas contas do Passivo Financeiro em comparação com o saldo do exercício anterior e a movimentação ocorrida no exercício.

Renova-se a recomendação de maior cuidado na elaboração das peças contábeis, devendo a Administração promover os devidos ajustes no exercício subsequente para que sejam corrigidas as falhas.

Dívida Fundada

A análise da Dívida Fundada do Município demonstra que R$ 118.355.458,98 correspondem às dívidas com o INSS (R$ 102.481.285,90), INSS Câmara (R$ 2.941.789,93), PASEP (R$ 1.626.260,61), EMBASA (R$ 10.125.929,32), IRRF (R$ 10.781,81), TNL PCS S.A. (R$ 286.961,12), Sentenças Judiciais (R$ 134.925,73), COELBA (R$ 250.179,93), e IBAMA (R$ 497.344,63), entretanto a certidão apresentada pelo Gestor na defesa não ratifica o valor contabilizado para a Telemar Norte Leste – TNL (apresenta o total de R$ 368.717,31 – Pasta tipo “a-z” - volume 03 – doc. 44), sendo necessário que a Administração promova os devidos ajustes nas

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cont. do P.P. nº 1016/11

Demonstrações Contábeis do exercício subsequente para contemplar corretamente as obrigações a pagar de longo prazo do Município.

Dívida Ativa

No exercício a cobrança da Dívida Ativa Tributária foi de R$ 2.710.906,25, que representa 5,15% do saldo do exercício de 2009, que foi de R$ 52.629.853,36, não sendo inscritos valores neste exercício.

Sobre a Dívida Ativa não Tributária não foram inscritos nem cobrados nenhum valor neste exercício, permanecendo o saldo de R$ 2.928.494,88.

A falta de ação deixa patente a reincidente omissão do Gestor, demonstrando descaso na cobrança dos débitos inscritos na divida ativa, podendo caracterizar, renúncia de receita, conforme previsto na Lei Complementar nº 101/00, cabendo-lhe fazer anualmente a a atualização do débito e promover medidas para o ingresso dessa receita à conta da Prefeitura Municipal, como forma de elevar a arrecadação direta, bem como instaurar competente processo administrativo para as respectivas baixas dos valores cuja cobrança se demonstrem inexequíveis, sob pena de responsabilidade.

Alerta-se que o Manual da dívida ativa, instituído pela Portaria n° 564 da Secretaria do Tesouro Nacional, indica que os créditos inscritos em dívida ativa são objeto de atualização monetária, juros e multas, previstos em contratos ou em normativos legais, que são incorporados ao valor original inscrito. A atualização monetária deve ser lançada no mínimo mensalmente, de acordo com índice ou forma de cálculo pactuada ou legalmente incidente. Contudo não foi identificado qualquer lançamento contábil na Demonstração das Variações Patrimoniais que demonstre que esse procedimento esta sendo adotado pela Administração Pública Municipal.

Determina-se ao Gestor que faça a correção ou atualização do saldo da Dívida Ativa na Demonstração das Variações Patrimoniais –

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cont. do P.P. nº 1016/11

Variação Ativa – Independente da Execução Orçamentária, conforme disposto na Portaria STN nº 564, de 27/12/2004.

Outro aspecto importante a ser evidenciado é que constam no Sistema de Multas e Ressarcimentos do TCM diversos débitos imputados a ex-Gestores deste Município, e que em face da data de vencimento e não liquidados, já deveriam estar inscritos na Dívida Ativa não Tributária, entretanto não consta contabilização desta natureza no Balanço Patrimonial.

Deve o Gestor realizar os lançamentos contábeis pertinentes à Dívida Ativa não Tributária para que os Anexos exigidos pela Lei nº 4.320/64 reflitam efetivamente a real situação patrimonial do Município.

Registre-se ainda que na diligência anual o Gestor apresentou a Relação da Dívida Ativa Tributária e não Tributária, em atendimento ao item 28, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05 (Pasta tipo “a-z” - volume 03 – doc. 39).

Dívida Consolidada Líquida

O Pronunciamento Técnico indica que a Dívida Consolidada Líquida do Município obedeceu ao limite de 1,2 vezes da Receita Corrente Líquida, em cumprimento ao disposto no art. 3º, inciso II, da Resolução nº 40, de 20.12.2001, do Senado Federal.

Restos a Pagar

A Entidade reincidentemente não dispôs de recursos suficientes para quitar seus compromissos assumidos, pois as disponibilidades financeiras no final do exercício foram de R$ 14.910.714,52, e em contrapartida as dívidas de curto prazo, especificamente as consignações/retenções, despesas de exercícios anteriores e inscrição de Restos a Pagar, totalizaram R$ 39.474.846,16.

Alerta-se o Gestor de que a permanência desta situação no último ano de mandato ensejará o descumprimento do art. 42 da Lei Complementar nº 101/00 – LRF.

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cont. do P.P. nº 1016/11

Ressalte-se que no exame da Prestação de Contas anual referentes ao último ano de mandato, para fins da verificação do cumprimento do art. 42 da Lei Complementar nº 101/00 – LRF, a disponibilidade financeira será apurada levando em consideração diversos aspectos, devendo o Gestor a observar a didática adotada pela Coordenadoria de Controle Externo, conforme Pronunciamento - item 4.7, amparada na Instrução Cameral nº 05/11 deste Tribunal.

Deve o Gestor também cumprir o quanto disposto na Resolução TCM 1.060/05, art. 9º, itens 19 e 29, quanto à apresentação das relações analíticas dos elementos que compõem o Passivo Financeiro visando atender a todas as suas exigências, inclusive as que se referem aos Restos a Pagar, indicando ainda, as fontes de recursos, possibilitando, assim, verificar-se a vinculação da disponibilidade com a respectiva despesa.

Despesas de Exercícios Anteriores

No exercício financeiro de 2010 foram pagas Despesas de Exercícios Anteriores – DEA de R$ 218.897,70, o que demonstra que a Administração não está tendo um planejamento e acompanhamento das suas despesas, visto que a ocorrência deste tipo de despesa deve ser evitada.

Demonstração Das Variações Patrimoniais

A Demonstração das Variações Patrimoniais registra Variações Ativas no total de R$ 165.945.593,22 e Passivas de R$ 197.340.082,07. O Resultado Patrimonial apresentou déficit de R$ 31.394.488,85.

Encontram-se contabilizadas na Demonstração das Variações Patrimoniais superveniências ativas no total de R$ 12.094.703,82, sem que o Gestor tenha apresentado o processo administrativo correlato que teve com objetivo a sua validação, em descumprimento ao item 36, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

Adverte-se a Administração para que respeite todas as fases do ato administrativo, inclusive com as manifestações dos órgãos pertinentes, motivando e publicizando suas decisões, permitindo um maior controle e transparência sobre seus atos.

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cont. do P.P. nº 1016/11

Inventário

O Inventário Patrimonial demonstra a alocação dos bens e os números dos respectivos tombamentos e está acompanhado da Certidão atestando que todos os bens do município estão registrados no Livro de Tombo, cumprindo o quanto estabelecido no art. 9º, item 18, da Resolução TCM nº 1060/05 (Pasta tipo “a-z” em anexo).

DAS OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS

Educação - artigo 212 da Constituição Federal

De acordo com o Pronunciamento Técnico o Município não cumpriu odisposto pelo art. 212 da Constituição Federal, aplicando em educação R$ 49.459.821,59, correspondentes a 22,03% da receita resultante de impostos, quando o mínimo exigido é de 25%.

Na defesa o Gestor contestou o valor apurado pela Inspetoria Regional de Controle Externo, argumentando que por questões técnicas diversas despesas realizadas pelo Município pertinentes à manutenção e desenvolvimento do ensino, do FUNDEB, e ações e serviços públicos de saúde não teriam sido consideradas pelo SIGA. Constetou também o Gestor que a receita apurada dos impostos e das transferências apontada no Pronunciamento Técnico deveriam ser reduzidas em R$ 1.167.179,34, relativo ao percentual de 1% do FPM.

A matéria foi submetida à análise da Coordenadoria de Controle Externo, nos termos do despacho (fl. 1171), retornando os autos com o Parecer de fls. 1172/1201, pela procedência parcial das alegações do Gestor, indicando que foram efetivamente realizadas despesas com a manutenção e desenvolvimento de ensino de R$ 55.070.301,90, correspondendo à aplicação do percentual de 24,56%, ainda assim em descumprimento ao art. 212 da Constituição Federal..

FUNDEB – Lei Federal nº 11.494/07

Após análise das justificativas do Gestor e do exame realizado pela Coordenadoria de Controle Externo nos termos do Parecer de fls. 1172/1201, constata-se que o Município cumpriu o art. 22 da Lei

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cont. do P.P. nº 1016/11

Federal n.º 11.494/07, que instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação - FUNDEB, aplicando 72,19% dos recursos, correspondentes a R$ 34.131.735,31, na remuneração de profissionais em efetivo exercício do magistério, quando o mínimo exigido é de 60%. Conforme informação da Secretaria do Tesouro Nacional, a receita do Município proveniente do FUNDEB foi de R$ 47.279.398,80.

Em obediência ao art. 31 da Resolução TCM nº 1.276/08, foi apresentado o Parecer do Conselho Municipal de Educação, conforme documento anexado em Pasta tipo “a-z” - “Fundos Especiais”.

Despesas do FUNDEB – art. 13 § único da Resolução TCM nº 1.276/08

Conforme Parecer da Coordenadoria de Controle Externo, anexado às fls. 1172/1201, foi observado o limite de 5% para aplicação dos recursos do FUNDEB no primeiro trimestre do exercício subsequente àquele em que se deu o crédito, mediante abertura de crédito adicional nos moldes do art. 13, § único da Resolução TCM nº 1.276/08.

Glosa deste exercício

Foram glosadas pela Inspetoria Regional despesas de R$ 1.234.405,22, por caracterizarem desvio de finalidade do FUNDEB.

Na defesa o Gestor comprovou a regularidade dos processos nº 372000524, 372000845, 372001165, 372001170, e 372001173, no total de R$ 481.836,59, restando desta maneira R$ 752.568,63 que devem ser restituídos com recursos municipais, em até oito parcelas, mensais, iguais e sucessivas, com remessa da comprovação a esta Corte de Contas, sob pena de responsabilidade e comprometimento de contas futuras.

Débitos pendentes do FUNDEF e FUNDEB

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cont. do P.P. nº 1016/11

Os Pareceres Prévios nº 747-01, 824-07, 848-08, e 147-11, atinentes às Contas da Prefeitura Municipal, relativas aos exercícios de 2000, 2006, 2007, e 2009, determinaram a restituição às contas correntes do FUNDEF (R$ 1.875.538,87) e FUNDEB (R$ 766.837,01) de recursos municipais de R$ 2.642.375,88, decorrentes de despesas glosadas, por terem sido constatados desvio de finalidade, sem que o Gestor tenha comprovado a sua regularização. Na defesa o Gestor apresentou as mesmas justificativas apresentadas na Prestação de Contas de 2009. Argumentou que estaria regularizando esta pendência no menor espaço de tempo possível, obedecendo uma programação financeira que não prejudique o desenvolvimento das atividades educacionais do Município, mas não adotou medidas efetivas para a sua regularização.

Deve o Gestor fazer retornar com recursos municipais o total de R$ 2.642.375,88, especificamente R$ 1.875.538,87 e R$ 766.837,01 às contas correntes do FUNDEF e FUNDEB, em cinco parcelas mensais, iguais e sucessivas, a contar do trânsito em julgado do presente processo, com remessa da comprovação a esta Corte de Contas, sob pena de responsabilidade e comprometimento de contas futuras.

Aplicação Mínima em Ações e Serviços Públicos de Saúde – art. 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Após análise das justificativas do Gestor e do exame dos documentos de despesas realizado pela Coordenadoria de Controle Externo nos termos do Parecer de fls. 1172/1201, ficou evidenciado que o Município cumpriu o art. 77, inciso III, § 1º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, pois as aplicações realizadas em ações e serviços públicos de saúde foram de R$ 10.464.397,56, correspondentes a 15,39% do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, I, alínea b e § 3º, da Constituição Federal, com a exclusão de 1% (um por cento) do FPM, de que trata a Emenda Constitucional nº 55/07, quando o mínimo exigido é de 15%. O Parecer do Conselho Municipal de Saúde não foi apresentado pelo Gestor, descumprindo ao art. 13, da Resolução TCM nº 1.277/08.

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cont. do P.P. nº 1016/11

Transferência de Recursos ao Poder Legislativo – art. 29-A da C.F.

Embora o valor fixado no Orçamento para a Câmara Municipal tenha sido de R$ 7.063.000,00, o valor efetivamente repassado foi de R$ 3.700.291,20, de acordo com os parâmetros estabelecidos no art. 29-A, da Constituição Federal.

SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS

A Lei Municipal nº 783 fixou os subsídios do Prefeito em R$ 12.299,37, os do Vice-Prefeito em R$ 6.149,69 e os dos Secretários Municipais em R$ 5.269,32, depreendendo-se das informações contidas no Pronunciamento Técnico neste particular que os valores percebidos pelo Prefeito e Vice-Prefeito obedeceram aos parâmetros legais estabelecidos.

Com relação aos subsídios dos Secretários Municipais, foram identificados pela Coordenadoria de Controle Externo pagamentos superiores ao limite estabelecido na Lei Municipal nº 783 aos Secretários Srs. George Augusto S. Jones, Lauro Costa Setúbal, Dilza dos Reis e Luiz eugênio F. De C. Alves, conforme tabela abaixo:

Secretário (a) Mês Valor pago (R$)Lauro Costa Setúbal abril a setembro/10 6.469,32 cada mêsDilza Silva dos Reis julho e dezembro/10 8.079,56 e 7.113,21, respectivamenteGeorge Augusto S. Jones dezembro/10 5.789,32Luiz Eugênio F. de C. Alves dezembro/10 7.668,33

Na defesa o Gestor argumentou que os valores recebidos a maior já teriam sido devidamente regularizados, apresentando recibos de pagamento e ficha financeira demonstrando os descontos feitos nos subsídios destes agentes políticos. Entretanto deles não constam nenhuma autenticação bancária comprovando o pagamento, tampouco assinatura do Gestor, comprometendo a validação por esta Relatoria (Pasta tipo “a-z” - volume 39 – doc. 57).

Diante do exposto, determina-se ao Gestor o prazo de 60 (sessenta) dias a contar do trânsito em julgado deste processo para remessa dos referidos documentos que demonstrem efetivamente a restituição dos

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cont. do P.P. nº 1016/11

subsídios pagos a maior aos Secretários Municipais Srs. Lauro Costa Setúbal, Dilza Silva dos Reis, George Augusto S. Jones, e Luiz Eugênio F. De C. Alves, ficando a competente Coordenadoria de Controle Externo incumbida da realização das apurações devidas e caso seja verificada a existência de irregularidades, lavrar Termo de Ocorrência.

CONTROLE INTERNO

O Relatório Anual de Controle Interno reincidentemente não atende às preconizações do art. 74, incisos I a IV, da Constituição Federal e do art. 90, incisos I a IV da Constituição Estadual, vez que é omisso na avaliação do cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual e a execução dos Programas de Governo, além de não analisar os resultados quanto à economia, eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira, patrimonial e operacional da entidade (Pasta tipo “a-z” - doc. 69).

Nele não constam informações e elementos de análise que evidenciem a avaliação das metas previstas em confronto com as realizadas, a análise dos programas em execução, dos aspectos legais e a avaliação dos resultados da ação municipal envolvendo as diversas funções em exercício, através das unidades elencadas, especificamente quanto aos aspectos da eficiência, eficácia e efetividade, ficando o Prefeito ciente que a reincidência em contas futuras poderá incidir negativamente no seu mérito, com a consequente cominação prevista em lei.

Fica o Gestor advertido para o cumprimento da Resolução TCM nº 1.120/05 e legislação pertinente.

DAS EXIGÊNCIAS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

Pessoal

Conforme Pronunciamento Técnico a despesa realizada com pessoal não obedeceu ao limite de 54% definido pelo art. 20, inciso III, alínea “b”, da Lei Complementar nº 101/00, aplicando R$

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cont. do P.P. nº 1016/11

90.092.159,14, correspondentes a 67,21% da Receita Corrente Líquida de R$ 134.043.466,36.

Argumentou o Gestor na defesa que diversos processos relativos a terceirização de mão de obra não se refeririam à substituição de servidores e empregados públicos, mas mesmo assim, teriam sido incluídos pela IRCE como despesa pessoal com fundamento no § 1º, do art. 18 da LRF, apresentando para análise diversos processos colacionados em Pasta tipo “a-z” - doc. 61, 62, 63, tendo sido esta matéria reexaminada pela Coordenadoria de Controle Externo (fls. 1172/1201) e constatada procedência parcial das alegações, totalizando R$ 1.046.117,06, que foram deduzidos do total de R$ 90.092.159,14 registrado no Pronunciamento Técnico.

O Gestor também comprovou através dos Demonstrativos Contábeis que a Receita Corrente Líquida apurada em dezembro foi de R$ 142.562.072,87, ao contrário do valor de R$ 134.043.466,36 consignado no Pronunciamento Técnico no item 6.1.2.10.1.

Mesmo após análise das justificativas do Gestor, constata-se que a despesa realizada com pessoal não obedeceu ao limite de 54% definido pelo art. 20, inciso III, alínea “b”, da Lei Complementar nº 101/00, aplicando R$ 89.046.042,08, correspondentes a 62,46% da Receita Corrente Líquida de R$ 142.562.072,87, conforme quadro abaixo:

Registre-se que no exercício de 2009, o percentual aplicado correspondeu a 63,30% da Receita Corrente Líquida.

D E S P E S A C O M P E S S O A L Receita Corrente Líquida R$ 142.562.072,87 Limite máximo – 54% (art. 20 LRF) R$ 76.983.519,34 Limite Prudencial – 95% do limite máximo (art. 22) R$ 73.134.343,38 Limite para alerta – 90% do limite máximo (art. 59) R$ 69.477.626,22 Despesa realizada com pessoal R$ 89.046.042,08 Percentual da Despesa na Receita Corrente Líquida 62,46%

De acordo com Parecer da Coordenadoria de Controle Externo não foi eliminado pelo menos 1/3 do percentual excedente nos dois quadrimestres subsequentes ao exercício de 2009 (fls. 1172/1201),

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cont. do P.P. nº 1016/11

em descumprimento ao art. 23 da LRF, tendo em agosto de 2010 totalizado as despesas de pessoal em R$ 81.523.690,28, correspondente a 60,28% da Receita Corrente Líquida, quando o mínimo exigido seria de 60,20%.

Deve o Gestor eliminar o percentual excedente das despesas com pessoal imediatamente até o mês de abril de 2011, para que não ultrapasse os limites definidos no art. 20 da LRF, adotando as medidas inscritas nos incisos I a V, do art. 22, da Lei Complementar nº 101/00, e as providências contidas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição, sob pena de responsabilidade e comprometimento de contas futuras.

O descumprimento a esta norma constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas, nos termos do art. 5º, inciso IV, da Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, punível com a sanção pecuniária prevista no § 1º do mesmo artigo, correspondente a 30% de vencimentos anuais do gestor, e que em caso de reincidência poderá comprometer o mérito das contas anuais.

Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal

Publicidade - arts. 6º e 7º, da Resolução TCM nº 1.065/05

Foi apresentada pelo Gestor a comprovação de publicidadedos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal, correspondentes aos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º bimestres e 1º, 2º e 3º quadrimestres (fls. 549/600 e Pasta tipo “a-z” - volume 64 – doc. 65), entretanto os documentos referentes ao 3º bimestre e ao 1º quadrimestre foram divulgados após o prazo legal (16/09/10 e 01/06/10), em descumprimento aos arts. 52 e 55, § 2º, da Lei Complementar nº 101/00 e 6º e 7º, da Resolução TCM nº 1.065/05.

O descumprimento a esta norma constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas, nos termos do art. 5º, inciso I, da Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, punível com a sanção pecuniária de 30% dos seus vencimentos anuais, prevista no § 1º do mesmo artigo.

Remessa dos Dados – arts. 1º e 2º, da Resolução TCM nº 1.065/05

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cont. do P.P. nº 1016/11

O Sistema LRF-Net registra o descumprimento do art.1º, da Resolução TCM nº 1.065/05, que institui a obrigatoriedade da remessa a este Tribunal, por meio eletrônico, dos demonstrativos com os dados dos Relatórios de Gestão Fiscal e Resumidos da Execução Orçamentária, de que trata a Lei Complementar nº 101/00 – LRF, vez que foram enviadas em atraso as informações referentes ao 1º e 2º quadrimestre e 1º, 2º, 3º e 4º bimestres.

Audiências Públicas

Ainda que tenham sido encaminhadas as Atas de Audiências Públicas para demonstrar e avaliar o cumprimento das metas fiscais dos três quadrimestres do exercício de 2010, não foi cumprido o § 4º, do art. 9º, da Lei Complementar nº 101/00, vez que a sessão relativa ao 2º quadrimestre foi realizada após o prazo determinado neste dispositivo legal.

Na defesa o Gestor justificou que preliminarmente a sessão foi marcada para o dia 30 de setembro de 2010, mas que por falta de quorum no Plenário da Câmara de Vereadores foi necessário remarcar a data para o dia 05/10/10, como fazem provas a Certidão do Presidente do Legislativo atestando os fatos, cópia da publicação no Diário Oficial do Edital estabelecendo a data da sessão, e memorandos notificando o secretariado municipal para comparecimento (Pasta tipo “a-z” - doc. 66 e 67).

DAS RESOLUÇÕES DO TRIBUNAL

ROYALTIES - Resolução TCM nº 931/04 e CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE – Resolução TCM nº 1.222/05

Conforme Pronunciamento Técnico o Município recebeu recursos oriundos do Royalties/Fundo Especial e da CIDE no montante de R$ 354.789,56 e R$ 201.202,37, respectivamente, não tendo sido no exercício glosadas despesas desta natureza.

Alerta-se ao Gestor que segundo o Sistema de Informações e Controle de Contas (SICCO) permanece a pendência de restituição à

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cont. do P.P. nº 1016/11

conta específica da CIDE, com recursos municipais, de R$ 116.063,00, devendo ser restituído imediatamente este valor, com remessa da comprovação a esta Corte de Contas.

Repasse de Recursos a Entidades Civis - Resolução TCM nº 1.121/05

Conforme Pronunciamento Técnico a Prefeitura Municipal repassou R$ 400.000,00 para as entidades civis abaixo relacionadas, sem constar dos autos as respectivas prestações de contas, bem como a autorização por lei específica, em descumprimento aos arts. 26, da Lei Complementar n.º 101/00 e 4º e 5º, da Resolução TCM nº 1121/05.

Entidade Valor R$ASSOCIACAO DE LUTAS INTEGRADAS SUL DA BAHIA R$ 18.000,00

ASSOCIACAO DE MAES EDUCADORAS - AME R$ 22.400,00

ASSOCIACAO SOCIEDADE DOS MUSICOS DE EUNAPOLIS-SOME R$ 100.000,00

CASA DE APOIO A CRIANCA CARENTE DE PORTO SEGURO R$ 49.500,00

CENTRO DE RECUPERACAO EVANGELICO MAANAIM CREEM R$ 28.000,00

LIGA DE FUTEBOL DE PORTO SEGURO R$ 175.000,00

SPORT KLUB VERAO LIGHT-SKVL R$ 7.100,00

Total R$ 400.000,00

Foram apresentados na diligência final os documentos constitutivos das prestações de contas das entidades - Associação de Lutas Integradas Sul da Bahia, Sport Verão Light, Liga de Futebol de Porto Seguro, Casa de Apoio a Criança Carente de Porto Seguro, Associação de Mães Educadoras – AME, Associação Sociedade dos Músicos de Eunápolis – SOME, Centro de Recuperação Evangélico Maanaim Creem, anexados em cinco pastas tipo “a-z” - doc. 71, volumes 65, 66, 67, 68, 69, que devem ser retirados deste processo e autuados em separado, com fins à competente Coordenadoria de Controle Externo – CCE, para análise.

RESOLUÇÃO TCM nº 1.060/05

Demonstrativo dos Resultados Alcançados

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cont. do P.P. nº 1016/11

Foi encaminhado o Demonstrativo dos Resultados alcançados pelas medidas adotadas na forma do art. 13 da Lei Complementar nº101/00, contemplando as ações de combate a evasão no exercício, atendendo ao item 30, do art. 9º da Resolução TCM nº 1.060/05 (fls. 825/847).

Relatório de Projetos e Atividades

Consta às fls. 848/853 o Relatório firmado pelo Prefeito quanto aos projetos e atividades concluídos e em conclusão, em cumprimento ao item 32, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05 e parágrafo único, do art. 45, da Lei Complementar nº 101/00 – LRF.

RESOLUÇÃO TCM nº 1.282/09

Como o Pronunciamento Técnico não faz qualquer registro dos dados informados pelo Ente jurisdicionado no Sistema Integrado de Gestão e Auditoria - SIGA, e de seus respectivos relatórios, relativos aos gastos do Poder Executivo Municipal com obras e serviços de engenharia, servidores nomeados e contratados, bem como o total de despesa de pessoal confrontado com o valor das receitas no semestre e no período vencido do ano, além dos gastos com noticiário, propaganda ou promoção, no exercício 2010, conforme disposto nos inc. I, II e III, do §2º, combinado com o §3º, ambos do art. 6º da Resolução TCM nº 1.282/09, de 22/12/2009, deixa esta Relatoria de se manifestar sobre estas questões, sem prejuízo de exame e julgamento em eventuais questionamentos.

MULTAS E RESSARCIMENTOS PENDENTES

O Sistema de Informações sobre Multas e Ressarcimentos deste Tribunal registra as seguintes pendências de responsabilidade de ex-gestores do Município, sendo duas multas e um ressarcimento de responsabilidade do Sr. Gilberto Pereira Abade, conforme tabela abaixo:

MULTAS

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cont. do P.P. nº 1016/11

Processo Multado Cargo Venc. Valor R$ Divida Ativa

Execução Fiscal

09439-10 GILBERTO PEREIRA ABADE

PREFEITO 02/06/2011 R$ 7.000,00 N N

09439-10 GILBERTO PEREIRA ABADE

PREFEITP 02/06/2011 R$ 44.277,73 N N

12444-06 UBIRATAN BITTENCURT OLIVEIRA SILVA

EX-PREFEITO 29/06/2008 R$ 3.000,00 N N

12280-06 JOSÉ UBALDINO ALVES PINTO JUNIOR

EX-PREFEITO 04/08/2008 R$ 1.500,00 N N

08620-07 HELIO CARLOS OLIVEIRA DE PAULA

PRESIDENTE DA CAMARA

03/07/2008 R$ 3.000,00 N N

07364-08 HELIO CARLOS OLIVEIRA DE PAULA

PRESIDENTE DA CAMARA

21/12/2008 R$ 800,00 N N

92857-09 JÂNIO NATAL ANDRADE BORGES

EX-PREFEITO 20/12/2009 R$ 5.000,00 N N

07440-08 JÂNIO NATAL ANDRADE BORGES

PREFEITO 17/12/2009 R$ 5.000,00 N N

92666-07 JÂNIO NATAL ANDRADE BORGES

PREFEITO 15/11/2009 R$ 2.000,00 N N

92925-07 JÂNIO NATAL ANDRADE BORGES

EX-PREFEITO 06/05/2010 R$ 5.000,00 N N

07355-08 JANIO NATAL ANDRADE BORGES

PREFEITO 13/11/2009 R$ 14.500,00 N N

93186-09 GILBERTO PEREIRA ABADE

PREFEITO 28/06/2010 R$ 1.200,00 N N

93228-08 JÂNIO NATAL ANDRADE BOPRGES

EX-PREFEITO 10/04/2010 R$ 7.000,00 N N

92883-09 JÂNIO NATAL ANDRADE BORGES

EX-PREFEITO 28/06/2010 R$ 1.000,00 N N

08417-09 HÉLIO CARLOS OLIVEIRA DE PAULA

PRESIDENTE DA CAMARA

18/06/2010 R$ 2.000,00 N N

93230-08 JÂNIO NATAL ANDRADE BORGES

EX-PREFEITO 05/07/2010 R$ 2.000,00 N N

09612-10 CARLITO MARTINS PEREIRA

PRESIDENTE DA CAMARA

12/12/2010 R$ 500,00 N N

92962-09 JÊNIO NATAL ANDRADE BORGES

PREFEITO 25/04/2011 R$ 20.000,00 N N

08440-09 JANIO NATAL ANDRADE BORGES

PREFEITO 15/05/2011 R$ 30.852,00 N N

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cont. do P.P. nº 1016/11

93368-10 CARLITO MARTINS PEREIRA

PRESIDENTE 27/08/2011 R$ 5.000,00 N N

RESSARCIMENTOS

Processo Responsável(eis) Cargo Valor R$ Divida Ativa

Execucao Fiscal

11394-10 GILBERTO PEREIRA ABADE R$ 2.690,88 N N

05649-97 JOÃO CARLOS MATTOS DE PAULA

PREFEITO R$ 6.035,56 N N

04913-98 CARLOS ALBERTO DE SOUZA PARRACHO

PRESIDENTE CÂMARA

R$ 8.095,87 N N

04913-98 APARECIDO DOS SANTOS VIANA

VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 ANTONIO MIGUEL BALLEJO VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 BENEDITO PEREIRA ALVES VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 ELIAS DANTAS BARBOSA VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 EUCLIDES SENA SOBRINHO VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 JOÃO PINTO NOBRE VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 JORGE MANOEL MACIEL DA SILVA

VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 JUDSON AGOSTINHO PIOL VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 LILIANE ACCIOLY DE ANDRADE

VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 MANOEL RAIMUNDO ALVES VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 NILMAN DA SILVA COSTA VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 ROBINSON LEÃO VINHAS VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 ROMALI MOURA DOS SANTOS

VEREADOR R$ 5.322,07 N N

04913-98 VALTER DA SILVA CARDOSO VEREADOR R$ 5.322,07 N N

08670-00 MANOEL RAIMUNDO ALVES PRESIDENTE R$ 14.007,40 N N

07113-99 JOSÉ UBALDINO ALVES PINTO JÚNIOR

PREFEITO R$ 285.803,37

N N

00762-04 JOSÉ UBALDINO ALVES PINTO JÚNIOR

EX-PREFEITO

R$ 34.543,53 N N

00762-04 MARCUS VINÍCIUS PINTO VIANA

EX-SECRETÁRIO

R$ 34.543,53 N N

10459-05 ULDORICO ALVES PINTO SECRETÁRIO

R$ 1.760,40 N N

10459-05 ESMERALICE ANDRADE DE ASSIS

SECRETÁRIA R$ 1.712,70 N N

10459-05 ARLINDO PEIXOTO NUNES SECRETÁRI R$ 1.712,70 N N

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cont. do P.P. nº 1016/11

O

10459-05 EUCLIDES GONÇALVES SENA SOBRINHO

SECRETÁRIO

R$ 1.712,70 N N

12444-06 UBIRATAN BITTENCOURT OLIVEIRA SILVA

EX-PREFEITO MUNICIPAL

R$ 15.842,70 N N

08620-07 HÉLIO CARLOS OLIVEIRA DE PAULA

PRESIDENTE R$ 1.051,52 N N

07364-08 HÉLIO CARLOS OLIVEIRA DE PAULA

PRESIDENTE R$ 7.528,38 N N

11394-10 JANIO NATAL ANDRADE BORGES

R$ 22.295,09 N N

11394-10 UBIRATAN BITTENCOURT OLIVEIRA SILVA

R$ 1.814,03 N N

Na defesa o Gestor apresentou apenas as Guias de Arrecadação e os comprovantes de depósito em 05/12/11 relativo ao pagamento da 1ª parcela das multas e do ressarcimento - Processos TCM nº 19439-10 e 11.394-10, de sua responsabilidade, que devem ser desentranhados dos autos e encaminhados à Coordenadoria de Controle Externo para que realize os registros devidos (Pasta tipo “a-z” - Volume 71 – doc. 81 e 83).

Através do Processo nº 15.636-11 (fls. 1166/1170), o Gestor comprovou o pagamento das multas de R$ 500,00 e R$ 5.000,00 – Processos TCM nº 9612-10 e 93368-10, de responsabilidade do Sr. Carlito Martins Pereira.

Assim, os documentos comprobatórios de pagamento relativos aos processos acima mencionados devem ser desentranhados dos autos e encaminhados à Coordenadoria de Controle Externo para que realize os registros devidos.

Com relação às outras imputações de débito, o Gestor encaminhou na defesa as notificações administrativas feitas contra ex-gestores do Município, entretanto todas as peças são datadas de 02/12/11, o que demonstra que a Administração só tomou as medidas cabíveis 12 meses após o encerramento do exercício em análise, e após a notificação desta prestação de contas relativa ao exercício de 2010 (Pasta tipo “a-z” - volume 71 – doc. 82).

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cont. do P.P. nº 1016/11

Registre-se que o Gestor tem por obrigação adotar medidas efetivas de cobrança, inclusive judiciais, das multas e ressarcimentos impostos pelo TCM a agentes políticos municipais, sob pena de responsabilidade, promovendo a sua inscrição na dívida ativa, daqueles que ainda não o foram, já que as decisões dos tribunais de contas, por força da estatuído no artigo 71, § 3º da constituição da república, das quais resulte imputação de débito ou multa, têm eficácia de título executivo.

Ressalte-se que em relação às multas, a cobrança tem de ser efetuada antes de vencido o prazo prescricional, “sob pena de violação do dever de eficiência e demais normas que disciplinam a responsabilidade fiscal”. A omissão do gestor que der causa à sua prescrição resultará em lavratura de Termo de Ocorrência para ressarcimento do prejuízo causado ao Município. Caso não concretizado, importará em ato de improbidade administrativa, pelo que este TCM formulará Representação junto à Procuradoria Geral da Justiça.

DAS DENÚNCIAS/TERMOS DE OCORRÊNCIA/PROCESSOS

Decisões Anexadas Aos Autos

Acha-se às fls. 337/345, Voto e Deliberação nº 924/11, decorrentes do Processo TCM nº 93.370/10, de responsabilidade do Sr. Gilberto Pereira Abade, sobre a contratação de pessoal sem concurso público, julgado com fundamento no artigo 1º, inciso XX, da Lei Complementar nº 06/91, combinado com os arts. 3º e 10, § 2º, da Resolução TCM nº 1.225/06, pelo conhecimento e procedência parcial, com imputação de multa de R$ 3.000,00, ainda pendente de pagamento.

Da mesma forma, encontra-se às fls. 346/355, Voto e Deliberação nº 951/11, decorrentes do Processo TCM nº 93.369-10, também de responsabilidade do Sr. Gilberto Pereira Abade, sobre irregularidades na contratação da empresa para fornecimento de gêneros alimentícios Porto Import Distribuidora de Alimentos Ltda, julgado com fundamento no artigo 1º, inciso XX, da Lei Complementar nº 06/91, combinado com os arts. 3º e § 1º do art. 10, da Resolução TCM nº 1.225/06, pelo conhecimento e procedência parcial, com imputação de multa de R$ 1.300,00.

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cont. do P.P. nº 1016/11

Encontra-se também anexada às fls. 873/883 Ofício nº 289/2011 do Ministério Público Estadual, protocolado neste Tribunal sob o nº 93218/11, solicitando da 26ª Inspetoria Regional cópia da Concorrência Pública nº 02/2011, bem como das licitações realizadas posteriormente e todos os empenhos e processos de pagamentos e notas fiscais que tenha como beneficiária a empresa Consórcio Porto Seguro, do período de janeiro a setembro de 2011. Após instrução processual empreendida pela Assessoria de Demanda Externa deste Tribunal, foi o processo encaminhado ao Gabinete da Presidência desta Corte com informação de que a Prefeitura de Porto Seguro, quando do encaminhamento da prestação de contas mensal, não apresentou o referido processo licitatório, o que foi comunicado ao douto Ministério Público.Em 23/11/2011, atendendo despacho da Presidência deste Tribunal foi o processo encaminhado a esta Relatoria, através da Secretaria Geral, para que fosse anexado aos autos da prestação de contas. Todavia, como o processo licitatório aqui tratado não se refere ao exercício sob exame, determina-se o seu desentranhamento e remessa à Coordenadoria de Controle Externo para anexar e proceder as verificações necessárias nas contas do exercício de 2011, quando aqui ingressarem.

Em face do exposto,

R E S O L V E:

Emitir Parecer Prévio pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de PORTO SEGURO, exercício financeiro de 2010, constantes do processo TCM-8501/11, com base no art. 40, inciso III, c/c o art. 43, da Lei Complementar nº 06/91, de responsabilidade do Sr. Gilberto Pereira Abade, pelos seguintes motivos:•descumprimento do art. 212 da Constituição Federal aplicando em educação R$ 55.070.301,90, correspondentes a apenas 24,56% da receita resultante de impostos, quando o mínimo exigido é de 25%;•inserção no orçamento de novas dotações através de decreto, totalizando R$ 738.602,65, tendo a característica de crédito especial,

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cont. do P.P. nº 1016/11

mas sem autorização legislativa, em descumprimento ao art. 167, inciso V, da Constituição Federal

•descumprimento da Lei nº 8.666/93 em decorrência da não tramitação na 26ª Inspetoria Regional de 15 (quinze) processos licitatórios para análise mensal, com infringência à Resolução TCM nº 1060/05, impedindo o exercício da ação fiscalizadora desta Corte, realizada através das Inspetorias Regionais, sob a supervisão das 1ª e 2ª CCE's no exame da documentação de receita e despesa apresentada mensalmente pelos respectivos gestores, com repercussão no mérito das contas anuais. Os recursos envolvidos nos processos licitatórios e despesas relacionadas no Relatório Anual/Cientificação, totalizam R$ 5.235.075,25.

As conclusões consignadas nos Relatórios e Pronunciamentos técnicos submetidos à análise desta Relatoria levam a registrar, ainda, as seguintes ressalvas:

•alterações orçamentárias de R$ 1.409.000,00 sem respectivo decreto do Poder Executivo que as autorizaram, em descumprimento ao art. 42, da Lei Federal nº 4.320/64;

•descumprimento do limite da despesa com pessoal, estabelecido no art. 20, inciso III, “b”, da Lei Complementar nº 101/00, tendo gasto 62,46% de despesa com pessoal;

•descumprimento do art. 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, em face não eliminação de pelo menos 1/3 do percentual excedente do limite do total das despesas de pessoal nos dois quadrimestres subsequentes ao exercício de 2009;

•reincidência no descumprimento de determinação deste Tribunal em face da falta de restituição de R$ 1.875.538,82 e R$ 766.837,01, às contas correntes do FUNDEF e FUNDEB, relativos a exercícios anteriores;

•despesas de R$ 752.568,63 realizadas indevidamente com recursos do FUNDEB, em desvio de finalidade;

•reincidência na omissão da cobrança da dívida ativa;

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•reincidência na indisponibilidade financeira para adimplemento das obrigações pactuadas constantes no Passivo Financeiro;

•reincidência na apresentação de deficiente Relatório do Sistema de Controle Interno;

•divergências detectadas nos valores registrados nos Anexos exigidos pela Lei nº 4.320/64 que compõem esta Prestação de Conta, que afetam o resultado da Execução Orçamentária e Patrimonial do exercício, demonstrando reincidente descontrole na elaboração das peças contábeis;

•existência de déficit orçamentário, demonstrando que o Município gastou mais do que arrecadou;

•orçamento elaborado sem critérios adequados de planejamento;

•publicação em atraso dos Relatórios Resumidosde Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal referentes ao 3º bimestre e 1º quadrimestre;

• descumprimento da Resolução TCM nº 1.277/08, em decorrência da ausência do Parecer do Conselho Municipal de Saúde;

•descumprimento do prazo estipulado na Resolução nº 1.065/05, relativo ao atraso nas remessas dos demonstrativos com os dados do Relatório Resumido da Execução Orçamentária;

•omissão na cobrança de multas e ressarcimentos imputados a agentes políticos do Município;

•outras ocorrências consignadas no Relatório Anual expedido pela CCE, a exemplo de despesas de R$ 96.138,32 com pagamento de juros e multas por atraso no adimplemento de obrigações junto ao INSS, Coelba, Embasa, Telemar, OI-TNL PCS S/A; ausência de critérios para concessão e uso de celulares; realização de despesas em fevereiro de R$ 13.235,00 referente a pagamento de hospedagem e refeições sem respaldo legal; pagamento em duplicidade referente a NF nº 2476, processo de pagamentos nºs 1789 (R$ 11.541,10) e 1479 (R$ 6.000,00).

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cont. do P.P. nº 1016/11

Por estas ressalvas, aplica-se ao Gestor, com arrimo no art. 71, I da Lei Complementar nº 06/91, multa de R$ 32.000,00 (trinta e dois mil reais), além do ressarcimento de R$ 96.138,32 (noventa e seis mil, cento e trinta oito reais, e trinta e dois centavos), referente ao pagamento de juros e multas por atraso no adimplemento de obrigações. Subsidiariamente, em razão da publicação em atraso do Relatório de Gestão Fiscal do 1º quadrimestre e em decorrência da falta de execução de medidas para a redução do montante da despesa total com pessoal que excedeu ao limite máximo estabelecido no art. 20 da LRF, aplica-se ao Gestor multa de R$ 44.277,73 (quarenta e quatro mil reais duzentos e setenta e sete reais, e setenta e três centavos), correspondentes a 30% dos seus vencimentos anuais, com fulcro no art. 5º, inciso I e IV, § 1º, da Lei nº 10.028, de 19/10/2000.

Determinações ao Gestor:

1 - Adotar medidas urgentes concernente aos recolhimentos realizados e não repassados ao INSS de R$ 4.298.156,70, porquanto deixar de repassar à Previdência Social, no prazo legal, as contribuições recolhidas dos contribuintes, caracteriza ilícito penal tipificado como “apropriação indébita previdenciária”, com as cominações previstas na Lei Federal nº 9.983, de 14 de julho de 2000;

2 - Adotar as medidas previstas nos incisos I a V, do art. 22, da Lei Complementar nº 101/00, entre outras, as providências contidas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição Federal, para que as despesas com pessoal não ultrapassem o limite de 54% da receita Corrente Líquida imposto pelo art. 20 da mesma Lei Complementar, sob pena de responsabilidade e comprometimento de contas futuras.

3 - Restituir com recursos municipais R$ 116.063,00 à conta corrente da CIDE, com remessa da comprovação a esta Corte de Contas;

4 - Adotar medidas efetivas de cobrança das multas e ressarcimentos relacionados acima, aplicadas a agentes políticos do Município, sob pena de responsabilidade, promovendo a sua inscrição na dívida ativa, daqueles que ainda não o foram, inclusive com promoção de ação executiva judicial, já que as decisões dos Tribunais de Contas,

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cont. do P.P. nº 1016/11

por força da estatuído no artigo 71, § 3º da Constituição da República, das quais resulte imputação de débito ou multa, têm eficácia de título executivo.

5 - Encaminhar no prazo de 60 (sessenta) dias a contar do trânsito em julgado deste processo para remessa dos documentos que demonstrem efetivamente a restituição dos subsídios pagos a maior aos Secretários Municipais Srs. Lauro Costa Setúbal, Dilza Silva dos Reis, George Augusto S. Jones, e Luiz Eugênio F. De C. Alves;

6 - Proceder os devidos ajustes no exercício financeiro subsequente, com fins de demonstrar de forma correta os saldos das contas no Balanço Patrimonial e demais anexos exigidos pela Lei nº 4.320/64, devendo acompanhar as Demonstrações Contábeis notas explicativas sobre o assunto para exame quando de sua apreciação;

7 – Restituir à conta do FUNDEB, o valor de R$ 752.568,63, relativo a despesas realizadas em desvio de finalidade no exercício de 2010, em até oito parcelas, mensais, iguais e sucessivas, devendo a CCE acompanhar o cumprimento desta determinação;

8 - Restituir às contas do FUNDEF e FUNDEB, os valores de R$ 1.875.538,82 e R$ 766.837,01, respectivamente, referentes a exercícios anteriores, em até cinco parcelas iguais e sucessivas, devendo a CCE acompanhar o cumprimento desta determinação, ficando o Gestor advertido que o não cumprimento da determinação dos estornos, conforme acima consignado, poderá comprometer o mérito de suas contas futuras;

Determinações à CCE

•Analisar a regularidade nos repasses de recursos feitos pelo Município para entidades civis a título de subvenção social;

•Examinar a legalidade dos subsídios pagos aos Secretários municipais, e, se constatadas irregularidades, lavrar Termo de Ocorrência.

Determinações à SGE:

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•Extrair os documentos anexados em Pasta tipo “a-z” - volume 71 (doc. 81 e 83) e substituir por cópia, relativos ao pagamento da 1ª parcela da multa – Processo TCM nº 9439-10 e do ressarcimento – Processo TCM nº 11.394-10, e encaminhar para a Diretoria de Controle Externo competente para fins de registro;

•Devem ser desentranhados os documentos anexados nas pastas tipo “a-z” - volumes 65, 66, 67, 68, e 69 (doc. 70), referentes às prestações de contas das entidades Associação de Lutas Integradas Sul da Bahia, Sport Verão Light, Liga de Futebol de Porto Seguro, Casa de Apoio a Criança Carente de Porto Seguro, Associação de Mães Educadoras – AME, Associação Sociedade dos Músicos de Eunápolis – SOME, Centro de Recuperação Evangélico Maanaim Creem, e autuados em separado, com fins à competente Coordenadoria de Controle Externo – CCE, para análise.

•Determina-se o desentranhamento e remessa à Coordenadoria de Controle Externo do Processo nº 93218/11, Ofício nº 289/11, para anexar e proceder as verificações necessárias nas contas do exercício de 2011, quando aqui ingressarem.

Encaminhe-se o presente processo à Assessoria Jurídica desta Casa, a fim de ser formulada representação ao Ministério Público Estadual, para as providências que entender cabíveis, face o descumprimento da Lei nº 8.666/93, conforme relatado neste pronunciamento.

SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS, em 28 de dezembro de 2011.

Cons. PAULO MARACAJÁ PEREIRA – Presidente

Cons. PAOLO MARCONI – Relator

Este documento foi assinado digitalmente conforme orienta a resolução TCM nº01300-11. Para verificar a autenticidade deste, vá na página do TCM em www.tcm.ba.gov.br e acesse o formato digital assinado eletronicamente.

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