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Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS E PARQUE NACIONAL DO JAÚ
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Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS E PARQUE NACIONAL DO JAÚ
2018
3
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Paulo Henrique Marostegan e Carneiro
Diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação Luiz Felipe de Lucca de Souza
Coordenador Geral de Uso Publico e Negócios- ICMBio Pedro de Castro da Cunha e Menezes
Coordenadora de Concessões e Negócios Larissa Moura Diehl
Coordenador de Estruturação da Visitação Paulo Faria
Chefe da Divisão de Parcerias Carla Cristina de Castro Guaitanele
Coordenador Regional – CR N09/ICMBio Henrique Horn Ilha
Créditos
Responsável Interveniente Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio
Contratante Interveniente Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
Responsável pela Gestão do Parque Nacional de Anavilhanas e do Parque Nacional do Jaú Ministério do Meio Ambiente – MMA Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio
Responsável pela Elaboração Detzel Consulting – Detzel Consultores Associados S/S EPP
INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEEQUIPE DE SUPERVISÃO INSTITUCIONALFernando Ramos Mendes, Representante ICMBio / Coordenação Geral de Uso Público e NegóciosLarissa Moura Diehl, Representante ICMBio / Coordenação Geral de Uso Público e NegóciosFlavia Lopes, Representante IBAM / Gestão de ContratoSerena Turbay dos Reis, ICMBio / Coordenação Geral de Uso Público e NegóciosAretha Mesquita de Carvalho, ICMBio / Coordenação Geral de Uso Público e NegóciosMatheus Silva, ICMBio/ Coordenação Geral de Finanças e ArrecadaçãoPriscila Maria da Costa Santos, ICMBIO / Chefe do PARNA de AnavilhanasMariana Macedo Leitão, ICMBio / Chefe do PARNA do JaúDolvane Machado de Lima Filho, ICMBio / Analista Ambiental do PARNA de AnavilhanasPaula Soares Pinheiro, ICMBio / Analista Ambiental do PARNA de AnavilhanasJosângela da Silva Jesus, ICMBio / Analista Ambiental do PARNA do Jaú
COORDENAÇÃO
Coordenador Geral Valmir Augusto Detzel, Engenheiro Florestal, Me. | CREA-PR 17.516/D
Coordenadora Executiva Lorena Carmen Folda Detzel, Bióloga, Esp. | CRBio 69007/07-D
Coordenador Temático – Componente Econômico-Financeiro e Uso Público Marcelo Ling Tosta da Silva, Engenheiro Ambiental e Economista, Me. | CORECON-PR 8013
Coordenador Temático – Componente Jurídico Manoel Eduardo Alves Camargo e Gomes, Advogado, Pós-Dr. | OAB/PR 11.103
4
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
EQUIPE TÉCNICA | EXECUÇÃO
Elaboração
Adriano Camargo Gomes, Advogado, Dr. | OAB/PR 65.307 Assessoria Jurídica
Bruno Hauer Doetzer, Advogado | OAB/PR 80.550 Assessoria Jurídica
Cristiano Cit, Geógrafo –| CREA-PR 132.282/D Meio Físico e Antrópico
Daniel Thá, Economista, Me. – Estudo de Viabilidade Econômico-financeira
Dhyeisa Rossi, Socióloga, Me. | CRP 0000448/PR Socioeconomia
Lorena Carmen Folda Detzel, Bióloga, Esp. | CRBio 69007/07-D Meio Biológico, Mobilização de Atores Sociais e Moderação de Oficina Técnica Participativa
Manoel Eduardo Alves Camargo e Gomes, Advogado, Pós-Dr. | OAB/PR 11.103 Assessoria Jurídica
Marcelo Ling Tosta da Silva, Engenheiro Ambiental e Economista, Me. | CORECON PR-8013 Estudo de Viabilidade Econômico-financeira
Mario Coso, Engenheiro Florestal, Esp. | CREA-PR 111291/D Estudo de Viabilidade Econômico-financeira
Pedro Victor Mansor Soares, Eng. Civil | CREA-PR 153851/D Estudo de Viabilidade Econômico-financeira
Valéria de Meira Albach, Turismóloga, Dra. Uso Público
Cartografia
Sandy Plassmann Lamberti, Técnica em Geoprocessamento Coordenação de Mapeamento e SIG
Caroline Oksana Preima, Eng. Ambiental e Téc. Geoprocessamento Mapeamento e SIG
Equipe de Apoio
Andrielly Peruzzo Mastaler, Acadêmica de Engenharia Florestal Apoio Técnico Geral
Augusto Rodrigues de França, Engenheiro Florestal | CREA-PR 156872/D Revisão técnica e diagramação
Gabriel de Souza P. Borges, Acadêmico de Direito Pesquisa e Documentação Jurídica
Gustavo Mineto, Engenheiro Civil, Esp., Acadêmico em Ciências Econômicas Apoio Técnico Geral
Jhonnatan Porto, Geógrafo Apoio Técnico Geral
Matheus Morganti Baldim, Engenheiro Ambiental e Sanitarista Apoio Técnico Geral
Paolla Bianca Santos Coelho, Acadêmica de Engenharia Florestal Apoio Técnico Geral
Patrícia Betti, Bacharel em Turismo, Me. Esp. Uso Público
Ramon Vergara, Acadêmico de Engenharia Florestal Apoio Técnico Geral
Equipe Técnica | Administração
Caroline Fernanda Brito, Secretária Executiva Apoio Logístico e Organizacional
Maria Carolina da Leve, Administradora, MBA Apoio Financeiro e Administrativo
5
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
SUMÁRIO
SIGLAS 9
APRESENTAÇÃO 12
ENCARTE 1PANORAMA AMBIENTAL, SOCIOECONÔMICO E INSTITUCIONAL DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO E ENTORNO 13
1. INTRODUÇÃO 13
2. OBJETIVOS 14
3. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO 15
3.1 Enquadramento dos Parna de Anavilhanas e do Jaú nos âmbitos internacional, nacional e regional 15
3.2 Localização dos Parna de Anavilhanas e do jJaú 20
3.3 Acessos aos Parna de Anavilhanas e do Jaú 21
3.4 Dados de criação e institucionais dos Parna de Anavilhanas e do Jaú 23
3.5 Identificação dos instrumentos de gestão dos parques nacionais 23
3.6 Estrutura organizacional 26
3.7 Infraestrutura dos Parna de Anavilhanas e do Jaú 28
4. PANORAMA SOCIOAMBIENTAL DO PARNA DE ANAVILHANAS 30
4.1 Aspectos do meio físico do Parna de Anavilhanas 30
4.2 Aspectos do meio biótico – flora do Parna de Anavilhanas 36
4.3 Aspectos do meio biótico – fauna do Parna de Anavilhanas 42
4.4 Aspectos do meio antrópico do Parna de Anavilhanas 45
5. PANORAMA SOCIOAMBIENTAL DO PARNA DO JAÚ 52
5.1 Aspectos do meio físico do Parna do Jaú 52
5.2 Aspecto do meio biótico – flora do Parna do Jaú 58
5.3 Aspectos do meio biótico – fauna do Parna do Jaú 62
5.4 Aspectos do meio antrópico do Parna do Jaú 64
6. PANORAMA DO USO PÚBLICO NOS PARQUES NACIONAIS DE ANAVILHANAS E DO JAÚ 68
6.1 Aspectos gerais do uso público no Parna de Anavilhanas 69
6.2 Aspectos gerais do uso público no Parna do Jaú 70
6.3 Atividades de visitação e uso público nos Parques Nacionais de Anavilhanas e do Jaú 71
6.4 Avaliação dos serviços prestados nos parques ou em seu entorno para apoio à visitação 83
6.5 Identificação da satisfação do visitante por meio da reputação online 87
6.6 Identificação do envolvimento comunitário com as atividades de uso público e turismo 89
6.7 Reconhecimento da produção associada ao turismo 91
7. PROPOSTAS DE ATIVIDADES E SERVIÇOS DE APOIO À VISITAÇÃO NO ÂMBITO DAS PARCERIAS AMBIENTAIS PÚBLICO-PRIVADAS 93
7.1 Análise e dimensionamento do mercado de turismo 93
8. ORGANIZAÇÃO SOCIAL E PROBLEMÁTICA IDENTIFICADA 109
8.1 Percepção dos atores sociais sobre o turismo regional 109
9. ABORDAGEM JURÍDICA 114
9.1 Marco legal das atividades autorizadas e proibidas 115
9.2 Marco legal – parte geral 116
9.3 Marcos legais – parte especial 124
9.4 Instrumentos jurídicos aplicáveis ao PAPP 130
6
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
ENCARTE 2 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DOS MODELOS DE PARCERIA 138
1. INTRODUÇÃO 138
1.1 Objetivos 138
2. PARTICIPAÇÃO PÚBLICA NO PROJETO PILOTO PAPP PARA OS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ 139
2.1 Organização da mobilização 139
2.2 Organização da oficina técnica participativa 140
2.3 Desenvolvimento da oficina técnica participativa 141
3. MODELOS DE NEGÓCIOS, ATIVIDADES DE APOIO E PROTEÇÃO DO TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 155
3.1 Modelos de negócios 157
3.2 Atividades de apoio e proteção do turismo nos Parques Nacionais do Jaú e de Anavilhanas 168
4. ABORDAGEM JURIDICA 171
4.1 Compatibilidade das atividades atuais e propostas ao marco legal 172
4.2 Arranjos jurídicos propostos para os Parna de Anavilhanas e do Jaú 180
5. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA 198
5.1 Premissas do modelo econômico-financeiro 198
5.2 PAPP 01 – Complexo Anavilhanas aventura 201
5.3 PAPP 02 – Hotel de selva (glamping) e atividades associadas 206
6. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES 212
ENCARTE 3ARRANJOS E INSTRUMENTOS JURÍDICOS 213
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS AO ARRANJO JURÍDICO 213
1.1 Compatibilidade normativa das atividades previstas no arranjo jurídico aprovado 213
1.2 Instrumentos jurídicos 215
2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS AOS INSTRUMENTOS JURÍDICOS 220
2.1 INSTRUMENTO JURÍDICO – PARCERIA 223
Anexo 1 Termo de Referência 229
1. APRESENTAÇÃO 229
2. INTRODUÇÃO 229
3. OBJETIVO 230
4. OBJETO DO TERMO DE PARCERIA 231
5. PRAZO 231
6. CADASTRO NACIONAL DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO – RELATÓRIO PARAMETRIZADO – UC 231
7. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO 231
7.1. Enquadramento dos Parna de Anavilhanas e do Jaú nos âmbitos internacional, nacional e regional 231
7.2. Localização dos Parna de Anavilhanas e do Jaú 232
7.3. Acessos aos Parna de Anavilhanas e do Jaú 232
7.4. Instrumentos de gestão vigentes 232
7.5. Estrutura organizacional 234
7.6. Infraestrutura dos Parques Nacionais de Anavilhanas e do Jaú 235
7.7. Panorama socioambiental do Parna de Anavilhanas 235
7.8. Panorama socioambiental do Parna do Jaú 238
7
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
8. ATRATIVOS TURÍSTICOS E MELHORES PERÍODOS DE VISITAÇÃO 238
8.1. Quadro de visitações 238
8.2. Atividades de visitação 239
9. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES 255
9.1. Divulgação de informações e publicidade 255
9.2. Capacitação de atores do turismo local 257
9.3. Integração do planejamento do uso público dos parques com as UC do mosaico do baixo Rio Negro 260
9.4. Monitoramento das atividades de visitação 261
9.5. Operação de centro de visitantes junto aos centros de atendimento aos turistas municipais 261
9.6. Ouvidoria 262
9.7. Promoção do turismo de base comunitária 263
10. ESTIMATIVA DE RECEITAS, INVESTIMENTO E DESPESAS PARA A EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES 263
11. ESTIMATIVA DE DESPESAS E DE RECEITAS PARA A EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES 265
11.1. Receita estimada 266
11.2. Desembolsos estimados 266
11.3. Fluxo de caixa projetado 268
12. SISTEMÁTICA E CRITÉRIOS OBJETIVOS DE AVALIAÇÃO DO TERMO DE PARCERIA 269
13. OBRIGAÇÕES DO PARCEIRO PRIVADO 270
14. OBRIGAÇÕES DO PARCEIRO PÚBLICO 271
15. PENALIDADES 272
16. FISCALIZAÇÃO 273
17. RESCISÃO 273
18. ELEMENTOS DO PROGRAMA DE TRABALHO 273
19. ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA REFERENCIAL 274
19.1 Premissas do modelo econômico-financeiro 274
Anexo 2 Critério para avaliação das propostas 281Anexo 3 Modelo de procuração 282Anexo 4 Modelo de carta de apresentação dos documentos de habilitação 282Anexo 5 Modelo de declaração de inexistência de impedimento de contratar 283Anexo 6 Modelo de declaração de regularidade 283Anexo 7 Modelo de declaração de inexistência débitos fiscais ou trabalhistas 284Anexo 8 Modelo de declaração de inexistência de situação de inadimplência 284Anexo 9 Modelo de declaração de não enquadramento 285Anexo 10 Relação atualizada de associados 285Anexo 11 Minuta de extrato de publicação do edital 286Anexo 12 Modelo de solicitação de esclarecimentos 286
Anexo 13 Minuta de termo de parceria 287
2.2. INSTRUMENTO JURÍDICO – CONCESSÃO 297Anexo 1 Modelo de carta de credenciamento 318Anexo 2 Modelo de carta de apresentação dos documentos de habilitação 318Anexo 3 Modelo de declaração de ciência dos termos do edital e de ausência de
impedimento de participação na concorrência 319Anexo 4 Modelo de declaração de vistoria e de ciência das condições da área objeto
da concessão 319Anexo 5 Modelo de apresentação de proposta econômica e declaração de
elaboração independente de proposta 320Anexo 6 Modelo de procuração 321Anexo 7 Modelo de procuração para proponentes em consórcio 321Anexo 8 Modelo de procuração para proponentes estrangeiras 322Anexo 9 Modelo de declaração de inexistência de processo falimentar, recuperação
judicial, extrajudicial ou regime de insolvência 322Anexo 10 Modelo de declaração formal de expressa submissão à legislação brasileira
e de renúncia de reclamação por via diplomática 323
8
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Anexo 11 Modelo de declaração de capacidade financeira 323Anexo 12 Modelo de declaração de regularidade com relação aos artigos 149 do
código penal e 7º, XXXIII, da Constituição Federal 324Anexo 13 Modelo de declaração de equivalência de documentos estrangeiros 324Anexo 14 Modelo de declaração de inexistência de documento equivalente e de
declaração de inexistência de débitos fiscais e trabalhistas 325Anexo 15 Modelo de declaração de contratos firmados com a iniciativa privada e a
administração pública 325Anexo 16 Modelo de solicitação de esclarecimentos da concorrência 326Anexo 17 Contrato de concessão 326Anexo 18 Projeto Básico 361
1. APRESENTAÇÃO 361
2. INTRODUÇÃO 361
3. JUSTIFICATIVA 362
4. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 362
4.1. Enquadramento do Parna do Jaú nos âmbitos internacional, nacional e regional 362
4.2. Localização do Parque Nacional do Jaú 363
4.3. Acessos ao Parna do Jaú 363
5. PANORAMA SOCIOAMBIENTAL DO PARNA DO JAÚ 364
5.1. Aspectos do meio físico do Parna do Jaú 364
5.2. Aspecto do meio biótico – flora e fauna do Parna do Jaú 364
5.3. Aspectos do meio antrópico do Parna do Jaú 364
6. ATRATIVOS TURÍSTICOS E MELHORES PERÍODOS DE VISITAÇÃO 365
6.1. Quadro de visitações 365
6.2. Atrativos turísticos 365
6.2.2. Excursão de canoa 366
7. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO PARNA DO JAÚ 374
7.1. Equipe permanente do Parna do Jaú 375
8. INFRAESTRUTURA DO PARQUE NACIONAL DO JAÚ 376
9. INFORMAÇÕES INSTITUCIONAIS 376
9.1. Instrumentos de gestão do Parna do Jaú 376
10. CONCESSÃO 377
10.1. Objeto licitado 377
10.2. Prazo 377
10.4. Tipo de licitação 377
10.5. Critério de julgamento 378
10.6. Informações econômicas da concessão 378
10.7. Anteprojeto e planejamento 379
10.8. Execução 380
10.9. Cronograma de execução do objeto 381
10.10. Detalhes do empreendimento 381
10.11. Receita adicional 386
10.12. Operação dos serviços e manutenção do empreendimento 387
10.13. Estudo de viabilidade econômico-financeira referencial 389
2.3. INSTRUMENTO JURÍDICO – AUTORIZAÇÃO 397
REFERÊNCIAS 408
Apêndice A Atores Mobilizados para as Oficinas Técnicas 418
Apêndice B Atores Presentes na Oficina Técnica 423
9
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
SIGLAS
AANA Associação de Artesãos de Novo Airão
AAV Agente Ambiental Voluntário
AGU Advocacia Geral da União
AMAZONASTUR Empresa Estadual de Turismo do Amazonas
AMORU Associação dos Moradores do Rio Unini
ANAC Agência Nacional de Aviação Civil
ANATUR Associação Novoairense de Turismo
AOBT Associação dos Operadores de Barco de Turismo do Amazonas
APA Área de Proteção Ambiental
APM Arranjo de Apoio Mútuo
ASIBA Associação Indígena de Barcelos
ATFB Associação dos Taxistas Fluviais de Barcelos
ATUNA Associação de Operadores de Turismo de Novo Airão
BDI Benefícios e Despesas Indiretas
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
CAT Centro de Atendimento ao Turista
CBCa Confederação Brasileira de Canoagem
CDB Convenção para a Diversidade Biológica
CEC Comitê Especial de Concessão
CEUC Centro Estadual de Unidades de Conservação
CGEUP Coordenação Geral de Uso Público e Negócios
CGEVI Coordenação Geral de Visitação
COEST Coordenação de Planejamento, Estruturação da Visitação e do Ecoturismo
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
COMAD Coordenação de Matéria Administrativa
CONCES Coordenação de Concessão e Negócios
COOMARU Cooperativa Mista Agroextrativista do Rio Unini
CSLL Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido
CTC Capacidade de Troca de Cátions
DEMUC Departamento de Mudanças Climáticas e Unidades de Conservação
DIMAN Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação
DIREP Diretoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
EVEF Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira
FAM Fundação Almerinda Malaquias
FAS Fundação Amazonas Sustentável
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
FOMIN Fundo Multilateral de Investimentos
FUNBIO Fundo Brasileiro para Biodiversidade
FVA Fundação Vitória Amazônica
IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
INCRA Instituto de Colonização e Reforma Agrária
INFRAERO Empresa Brasileira de Infra Estrutura Aeroportuária
INPA Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia
10
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
INSS Imposto Nacional sobre Seguridade Social
IPAAM Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas
IPÊ Instituto de Pesquisas Ecológicas
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
IRPJ Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica
ISS Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza
ITEAM Instituto de Terras da Amazônia
IUGS União Internacional de Ciências Geológicas
LA Latossolo Amarelo
MANA Museu Arqueológico de Novo Airão
MANAUSCULT Secretaria de Cultura, Turismo e Eventos de Manaus
MMA Ministério do Meio Ambiente
MOSUC Motivação e Sucesso na Gestão de Unidades de Conservação Federais
MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
MPV Medida Provisória
NACIB Núcleo de Arte e Cultura Indígena de Barcelos
OMT Organização Mundial de Turismo
ONG Organização Não Governamental
OPEX Operational Expenditure
OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
OTP Oficina Técnica Participativa
PAPP Parcerias Ambientais Público-Privadas
PAREST Parque Estadual
PARNA Parque Nacional
PGF Procuradoria Geral Federal
PIC Ponto de Informação e Controle
PLV Projeto de Lei de Conversão
PM Plano de Manejo
PNA Parque Nacional de Anavilhanas
PNJ Parque Nacional do Jaú
PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
PST Pesquisa de Satisfação dos Turistas
RAT Risco de Acidente de Trabalho
RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável
REBIO Reserva Biológica
RESEX Reserva Extrativista
RL Reserva Legal
RONA Rede de Organização de Novo Airão
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural
RSC Retorno Sobre Concessão
SA Sede Administrativa
SDS Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SEMA Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SEMMA Secretaria Municipal de Meio Ambiente
SEMTUR Secretaria Municipal de Turismo de Novo Airão
SICONV Sistema de Convênios
SIG Sistema de Informação Geográfica
SINDEGTUR-AM Sindicato dos Guias de Turismo do Amazonas
11
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
SPU Serviço de Patrimônio da União
SR Superintendência Regional
TBC Turismo de Base Comunitária
TIR Taxa Interna de Retorno
TMA Taxa Mínima de Atratividade
TNT Tecido Não Tecido
UC Unidade de Conservação
UEA Universidade Estadual do Amazonas
UFAM Universidade Federal do Amazonas
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
VPL Valor Presente Líquido
WCS Wildlife Conservation Society
12
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
APRESENTAÇÃOO Projeto Piloto de Parcerias Ambientais Público-Privadas (PAPP) resulta do esforço
do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de sua instituição gestora de Unidades
de Conservação (UC) federais, o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio).
O PAPP conta com o apoio financeiro do Fundo Multilateral de Investimentos
(FOMIN), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Caixa
Econômica Federal e de outros parceiros nacionais e visa, de modo geral, apoiar
as UC por meio do estabelecimento de modelos de gestão fundamentados na
proposição de arranjos institucionais e modelos de parcerias público-privadas.
A operacionalização dos trabalhos de consultoria para concepção dos PAPP de
diversas Unidades de Conservação no país, está sob a responsabilidade executiva
do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM).
O desenvolvimento de modelagens de PAPP para o Parque Nacional de
Anavilhanas (PARNA de Anavilhanas) e para o Parque Nacional do Jaú (PARNA
do Jaú), localizados no estado do Amazonas, foi delegado à empresa Detzel
Consulting por meio de seleção pública de propostas realizada pelo IBAM em
dezembro de 2017 e prevê o desenvolvimento do projeto na condição de piloto
para estabelecer alicerces à constituição de política de formação de parcerias que
possa ser replicada para outras UC nacionais.
O resultado dos estudos que compõe este documento atendeu ao previsto nos
Termos de Referência (PAPP – BR – M1120) e, para efeito de organização, está
apresentado em 3 encartes correspondentes aos seguintes conteúdos:
• Encarte 1: diz respeito ao Produto 1 contemplando o Panorama Ambiental, Socioeconômico e Institucional das UC e Entorno. Destaca-se que foram
abordados, além de um panorama social, econômico e ambiental do território
abrangido pelas UC alvo do estudo e sua região de influência, aspectos
relacionados à organização e atuação institucional do ICMBio e de organizações
vinculadas às UC, além de avaliações de potenciais e desafios relativos ao
estabelecimento de parcerias com indicações dos instrumentos jurídicos
necessários para sua efetivação.
• Encarte 2: diz respeito ao Produto 2 contemplando a Análise de Viabilidade Econômica e Financeira dos Modelos de Parceria. Destaca-se que foram
abordados relatos sobre a participação pública no processo de elaboração
do PAPP para fins de coleta de subsídios às análises, uma abordagem jurídica
relacionada aos arranjos institucionais passíveis de aplicação para fins de
consolidação de parcerias público privadas e as análises econômica e financeira
sobre as alternativas de parceria elencadas como prioritárias às duas Unidades
de Conservação.
• Encarte 3: diz respeito ao Produto 3 contemplando o Projeto Básico de Concessão, além de um panorama social, econômico e ambiental do
território abrangido pela UC alvo do estudo e sua região de influência,
aspectos relacionados à organização e atuação institucional do ICMBio e de
organizações vinculadas à UC, avaliações de potenciais e desafios relativos
ao estabelecimento de parcerias com indicações dos instrumentos jurídicos
necessários para sua efetivação.
13
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
ENCARTE 1
PANORAMA AMBIENTAL, SOCIOECONÔMICO E INSTITUCIONAL DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO E ENTORNO
1. INTRODUÇÃOAs áreas protegidas, incluindo as Unidades de Conservação, são usualmente
financiadas pelo Estado, conforme suas esferas administrativas (governos federal,
estaduais ou municipais). Apesar de muitas vezes o custo da conservação de
uma área ser relativamente baixo, ao se considerar o custo oportunidade e a
composição de diversas áreas sob responsabilidade de esfera administrativa
única, as despesas podem se tornar onerosas nos orçamentos públicos. Isto
ocorre, principalmente, quando a demanda das responsabilidades sociais do
Estado são prioridades na alocação de recursos orçamentários governamentais,
como, por exemplo, a necessidade e priorização de investimento nos setores
de saúde, educação e outros serviços essenciais. Quando isso acontece, os
orçamentos disponíveis tornam-se insuficientes para a operacionalização destes
espaços.
Em uma perspectiva global, um estudo do Banco Mundial (1994) demonstra
que, apesar de promoverem a qualidade de vida da população e ter relevante
importância ecológica e econômica, grande parte dos parques naturais e
áreas protegidas existentes no mundo historicamente não geram rendimentos
financeiros suficientes para cobrir seus custos de manutenção. No Brasil, a
tendência se confirma. De acordo com a Fundação Brasileira para a Biodiversidade
e o Ministério do Meio Ambiente (FUNBIO, 2009), em 2008 o dispêndio realizado
pelo Governo Federal para manutenção do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza – SNUC foi de R$ 316,6 milhões, sendo cerca de R$ 16
milhões advindos de outras fontes. As demais fontes de recursos financeiros
advém de cooperações internacionais, compensações ambientais, geração
própria de recursos financeiros.
Evidencia-se a necessidade da desoneração do Estado através do
aproveitamento das potencialidades dessas áreas, aliando a monetização de
seus atributos ambientais à preservação ambiental e ao desenvolvimento
sustentável. A Convenção para a Diversidade Biológica – CDB (UN - UNITED
NATIONS, 1992), integrante do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e homologada pelo Brasil, estabelece como primordial e necessário
que as áreas protegidas se apropriem de formas de gestão e modelos para
geração de recursos próprios que custeiem suas manutenções. O CDB
aponta, ainda, que os mecanismos utilizados para gerar recursos à criação
e operacionalização dessas áreas devem aproveitar as oportunidades
econômicas da exploração sustentável dos recursos naturais e assim atingir a
sustentabilidade financeira necessária à sua preservação.
A captação de recursos através da conservação, preservação e usos de áreas
protegidas possui grande dependência e relação com suas aptidões. Cada área
protegida possui particulares características físicas, biológicas e antrópicas, assim
como singulares atrativos naturais e importância ecológica. A exploração e
conservação dessas aptidões são regulamentadas pelo conjunto de normas que
regem áreas protegidas e que também devem ser colocadas em pauta durante a
análise de suas viabilidades.
A visitação em UC é a principal forma de obtenção de recursos alternativos para a
sustentabilidade destas unidades territoriais (SEMEIA, 2014). Os Parques Nacionais,
conforme estabelece o SNUC, possibilitam a realização de atividades de recreação
em contato com a natureza, em seu estado mais conservado, turismo ecológico,
de aventura, entre outros. A permissão à visitação possibilita para esta categoria
de UC a implementação de modelos de negócios que podem se tornar geradores
de receitas, auxiliando a suprir seus custos de manutenção e promovendo
benefícios à comunidade.
14
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Nesta perspectiva, os projetos pilotos para Parcerias Ambientais Público-Privadas
buscarão estabelecer alicerces à constituição de política de formação de parcerias
para a ampliação dos processos de visitação em Parques Nacionais, através de
arranjos institucionais e modelos de gestão inovadores que possibilitem a inclusão
socioprodutiva e a sustentabilidade financeira das Unidades de Conservação.
2. OBJETIVOS Constitui-se objetivo principal deste trabalho elaborar estudo para delegação
de uso de bem público à realização de atividades e serviços de apoio à visitação
no Parque Nacional de Anavilhanas e no Parque Nacional do Jaú, bem como,
“formular e fomentar a aplicação de modelos de parcerias ou alianças ambientais
público-privadas voltadas para o aproveitamento sustentável das potencialidades
econômicas das referidas UC com vistas à melhoria da gestão e da conservação
da biodiversidade e, ainda, à geração de benefícios sociais e econômicos para as
populações residentes e do entorno”, conforme preconiza o Termo de Referência que
norteia este trabalho.
O presente estudo deverá cumprir, ainda, os seguintes objetivos específicos, de
acordo com o Termo de Referência:
• Identificar a potencialidade de exploração comercial e econômica sustentável do território, a partir dos ativos ambientais e da vocação local, com análise
da relação custo-benefício com base em Estudo de Viabilidade Econômico-
Financeira que deverá ser elaborado;
• Identificar parcerias formais e informais existentes e potenciais capazes de viabilizar uma operação sustentável e de padrão internacional, incluindo a
participação da comunidade local e do entorno das referidas UC.
15
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
3. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDOEste item trata dos aspectos gerais das áreas alvo do estudo, relativos ao
seu enquadramento nos âmbitos internacional, nacional e regional, às suas
localizações, acessos, bem como dos dados legais e institucionais referentes às
suas criações e gestões.
3.1 ENQUADRAMENTO DOS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ NOS ÂMBITOS INTERNACIONAL, NACIONAL E REGIONAL
A seguir apresenta-se uma breve contextualização do PARNA de Anavilhanas e
do PARNA do Jaú conforme seus enquadramentos nos âmbitos internacional,
nacional e regional, com enfoque à importância de ambos nos respectivos
cenários mencionados.
3.1.1 ENQUADRAMENTO INTERNACIONAL
No âmbito mundial, visando a conservação da biodiversidade e o
desenvolvimento sustentável, os PARNA de Anavilhanas e do Jaú estão incluídos
na Reserva da Biosfera da Amazônia Central; o PARNA de Anavilhanas está incluído
na Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional (Sítio Ramsar); e, ambos
incluídos no Complexo de Conservação da Amazônia Central, sítios do Patrimônio
Mundial Natural do Brasil, reconhecido pela UNESCO.
3.1.1.1 Reserva da Biosfera da Amazônia Central
Localizada no interior do estado do Amazonas, a Reserva da Biosfera da Amazônia
Central tem como composição de seu território o conjunto de áreas protegidas
contínuas formado pelo Parque Nacional de Anavilhanas, pelo Parque Nacional
do Jaú, pelas Reservas Ecológicas do Rio Negro, Javari-Solimões e de Juami-
Japurá, pela Reserva Biológica de Uatumã, pela Floresta Nacional de Tefé e pelas
Reservas de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá e Amanã, além de outras
UC de menor extensão territorial (MaB UNESCO, sem data), conforme apresenta a
ilustração de mapa na Figura 3.1.
Tem como principal objetivo a conservação dessas áreas de cobertura vegetal
que guardam grande biodiversidade e, também, a importante iniciativa
de patrocínio de apoio ao reconhecimento da importância estratégica da
sabedoria das populações tradicionais dessa região, para o conhecimento da
referida biodiversidade biológica bem como de seus usos terapêuticos e de
outras finalidades. Voltado a promover a exploração econômica dos produtos
madeiráveis dessa área, pelo manejo sustentável de suas Florestas Nacionais,
apoia as atividades à conservação da biodiversidade para o fortalecimento da
bioprospecção, da biotecnologia e de bionegócios (MaB UNESCO, sem data).
16
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Figura 3.1 Reserva da Biosfera da Amazônia Central.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018.
17
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
3.1.1.2 Sítio Ramsar
A Lista Ramsar, conhecida também como Lista de Zonas Úmidas de Importância
Internacional, é uma ferramenta adquirida pela Convenção Ramsar (tratado
intergovernamental) com a finalidade de alcançar o cumprimento dos objetivos
firmados entre países, visando a conservação e o uso racional de áreas úmidas no
mundo. Os países engajados nessa cooperação conjunta da Convenção, devem
indicar zonas úmidas de seu território, para integrar a Lista, a qual será reconhecida
como Sítio Ramsar, após análise e aprovação (OECO, sem data).
Sob esse status, as áreas úmidas passam a ser objetos de compromissos e
beneficíos que devem ser cumpridos e adquiridos pelo país. Esses benefícios
podem ser financeiros ou podem estar relacionados à assessoria técnica
para ações de proteção. Este título confere às áreas úmidas o privilégio na
implementação de políticas governamentais e reconhecimento público,
fortalecendo sua proteção (MMA, sem data).
O Brasil estabeleceu que as áreas úmidas para indicação à Lista Ramsar
correspondam à Unidades de Conservação, favorecendo a adoção dos
compromissos firmados pelo país na Convenção. Desde então, o Brasil adicionou à
lista vinte e duas Unidades de Conservação, estando entre elas, o Parque Nacional
de Anavilhanas, reconhecido em 2017 (MMA, sem data).
3.1.1.3 Complexo de Conservação da Amazônia Central
Localizado na região de encontro entre os rios Negro e Solimões, o Complexo
de Conservação da Amazônia Central é considerado um dos sítios de Patrimônio
Mundial Natural do Brasil reconhecido pela UNESCO. Inscrito desde o ano 2000,
inicialmente contava apenas com a área do PARNA do Jaú quando, então, em
2003, passou a abranger as áreas de outras três Unidades de Conservação: o
PARNA de Anavilhanas, na época enquadrado na categoria Estação Ecológica, de
responsabilidade do ICMBio, e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável de
Amanã e de Mamirauá, ambas de responsabilidade estadual (WHC, s.d.).
O Complexo corresponde a uma das áreas mais ricas do planeta em
biodiversidade e possui uma extensão com mais de 6 milhões de hectares, sendo
a maior área protegida da bacia amazônica. Suas dimensões são relevantes
para a manutenção de importantes processos ecológicos na região e protegem
conjuntos significativos de fauna e flora (UNESCO, sem data).
As vegetações inundadas, o arquipélago e demais formações vegetais formam
ecossistemas únicos, mosaicos aquáticos que abrigam a maior variedade de peixes
elétricos do mundo. Também abrigam 60 % das espécies de aves encontradas na
região da Amazônia, com a presença de diversas delas sendo endêmicas (WHC,
sem data).
O complexo protege espécies animais notáveis, como o peixe-boi-da-amazônia,
ou manati Trichechus inunguis, o piracuru Arapaima gigas e os botos vermelho
Inia geoffrensis e tucuxi Sotalia fluviatilis (WHC, sem data). De acordo com o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) (sem data), o
complexo também abriga 17 sítios arqueológicos, dentre eles, esculturas de
pedras que são indícios do início da ocupação humana local.
3.1.2 ENQUADRAMENTO NACIONAL E REGIONAL
Os PARNA de Anavilhanas e do Jaú, juntamente com outras dez Unidades de
Conservação, compõem o Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro,
que visa manter a conservação e a biodiversidade da região, bem como prover
recursos naturais às populações tradicionais que residem nas proximidades ou
dentro dessas áreas.
3.1.2.1 Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro
Em 2006, com o apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA),
estabeleceu-se o processo de criação e fortalecimento do Mosaico do Baixo Rio
Negro (Figura 3.2), localizado no estado do Amazonas na região do baixo rio
Negro, com uma área de aproximadamente 7.292.113 ha. Na região do mosaico,
abrangendo os municípios de Manaus, Manacapuru, Novo Airão, Iranduba e
18
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Barcelos, estão as áreas protegidas alocadas neste projeto (IPE, sem data).
Reconhecido pela Portaria MMA nº 483, de 14 de dezembro de 2010, o Mosaico
do Baixo Rio Negro abrange doze UC, dentre elas, sob a gestão federal do
ICMBio, estão: o Parque Nacional de Anavilhanas, o Parque Nacional do Jaú e a
Reserva Extrativista do Rio Unini, assim como as suas zonas de amortecimento.
As demais UC estão sob a gestão da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas e a gestão da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Manaus (ALMEIDA, 2014).
3.1.2.2 Integração das Gestões de Unidades de Conservação na Região de Estudo
Agrupamentos de áreas protegidas possibilitam maior efetividade de conservação
da biodiversidade e ao uso sustentável dos recursos naturais (ICMBio, 2016).
A integração de várias UC próximas, favorece a gestão conjunta, permitindo
colaborações mútuas, composição de ações, assim como compartilhamento de
esforços e resultados (ICMBIO, 2017).
O conjunto de UC na região de estudos (Figura 3.2), mesmo que de
responsabilidades institucionais diferentes (federal e estadual), favorece a
aplicação de princípios de integração de gestão considerando aportes que se
aplicam ou favorecem mais de uma UC ao mesmo tempo. Mais do que isto,
possibilita também a integração de ações e atividades externas de iniciativa
privada ou comunitária de forma a contemplar um conjunto de Unidades
de Conservação, em associação ou não com outras áreas de interesse locais,
propiciando potencialização de oportunidades e resultados.
19
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Figura 3.2 Mosaico de áreas protegidas do baixo Rio Negro.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018.
20
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
3.2 LOCALIZAÇÃO DOS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ
O PARNA de Anavilhanas localiza-se no estado do Amazonas, nos municípios de
Novo Airão e Manaus (pontos extremos situados em 2°00’44” de latitude Norte,
3°02’01” de latitude Sul, 60°21’21” longitude Leste, e 61°12’53” longitude Oeste).
O PARNA do Jaú localiza-se nos municípios de Novo Airão e Barcelos (pontos
extremos situados em 2°40’24”S de latitude Norte, 2°54’17” de latitude Sul,
61°17’28” de longitude Leste, e 64°06’14” de longitude Oeste) (Figura 3.3).
Figura 3.3 Localização dos Parques Nacionais de Anavilhanas e do Jaú.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018.
21
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
3.3 ACESSOS AOS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ
Conforme já mencionado, o PARNA de Anavilhanas está localizado nos municípios
de Manaus e Novo Airão, enquanto o PARNA do Jaú, por sua vez, localiza-se nos
municípios de Novo Airão e Barcelos. Vindo de outras regiões do país, a cidade de
grande porte mais próxima é Manaus, capital do estado do Amazonas. O acesso à
capital pode ser realizado por via aérea, terrestre ou fluvial.
Por via aérea, meio de chegada mais utilizado por visitantes nacionais e
estrangeiros, Manaus é atendida pelas principais companhias aéreas do país. O
Aeroporto Internacional de Manaus (Aeroporto Eduardo Gomes) localiza-se a
13 km do centro da cidade, e a 15 km da rodovia AM 070, estrada de acesso ao
município de Novo Airão.
Por via terrestre, as capitais mais próximas são Boa Vista (RR), cujo acesso se dá
pelas rodovias BR 174 e BR 432, a aproximadamente 782 km; e Porto Velho (RO),
cujo acesso se dá pela rodovia BR 319, a aproximadamente 888 km. Por via fluvial,
os rios da bacia Amazônica ligam Manaus às principais capitais do entorno, Boa
Vista (RR), Porto Velho (RO), Macapá (AM) e Belém (PA).
A partir de Manaus, o acesso à sede do município de Novo Airão, limítrofe aos
PARNA de Anavilhanas e do Jaú, pode ser realizado com o fretamento de um
hidroavião e pouso no rio Negro, uma vez que Novo Airão não possui aeroporto.
Também é possível o pouso de helicópteros em áreas descampadas das
comunidades, em bases do PARNA de Anavilhanas e na sede de Novo Airão. Nas
duas primeiras é preciso prévia autorização.
Por via terrestre, o acesso à Novo Airão pode ser realizado com veículo próprio,
táxi-lotação ou ônibus executivo. A partir de Manaus, por meio da avenida Brasil,
localizada na porção sudoeste do município, tem-se o acesso à rodovia AM 070
que, percorrendo aproximadamente 89 km, encontra-se com o entroncamento
desta com a rodovia AM 352, à direita, após ponte sobre o rio Negro. A partir
da rodovia AM 352, o percurso até Novo Airão é de aproximadamente 97 km.
Todo o trajeto de Manaus à Novo Airão é realizado por pista simples e asfaltada
(atualmente o asfalto encontra-se danificado em alguns trechos que necessitam
de manutenção e, ainda, apresentando sinalização precária).
Por via fluvial, barcos de recreio (tipo gaiola) saem do Porto de São Raimundo, em
Manaus, para Novo Airão, com tempo de viagem de aproximadamente 9 horas,
com partidas nas noites de terça e sexta-feira. Há também opções como o barco
expresso, no qual a viagem dura de 3 a 4 horas, com partida do Porto de São
Raimundo, e lanchas alugadas em Manaus que fazem o percurso em 3 horas.
Em relação ao PARNA do Jaú, o acesso mais rápido se dá por hidroavião ou
helicóptero, com tempo médio de 45 a 70 minutos. A sede do PARNA do Jaú fica a
aproximadamente 200 km em linha reta, a partir de Manaus. A UC não é acessível
por via terrestre, sendo a sede municipal de Novo Airão, a área urbana mais
próxima, cujo acesso foi descrito anteriormente.
A partir de Novo Airão, o trajeto até o PARNA do Jaú se dá por aproximadamente
115 km de navegação pelo rio Negro, com duração média de três horas de viagem
de lancha ou até dezoito horas de viagem com barcos comuns.
Uma ilustração representativa de mapa indicando os principais acessos aos PARNA
de Anavilhanas e do Jaú, bem como as respectivas distâncias e localizações,
encontra-se na Figura 3.4.
22
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Figura 3.4 Representação gráfica do mapa de acessos e distâncias aos Parques Nacionais de Anavilhanas e do Jaú.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018.
23
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
3.4 DADOS DE CRIAÇÃO E INSTITUCIONAIS DOS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ
Embora os estudos para a criação de áreas estratégicas para a conservação na
Amazônia tenham iniciado anos antes, os PARNA de Anavilhanas e do Jaú são
Unidades de Conservação federais que foram criadas na década de 1980. A
princípio, ambas foram propostas em categorias diferentes das atuais e, devido
à sua relevância ecológica e o seu caráter turístico, foram recategorizadas para
Parques Nacionais. A seguir apresenta-se o panorama histórico desde a criação
dessas áreas protegidas, sua estruturação, até a atual composição. Um breve
histórico sobre a criação dos PARNA de Anavilhanas e do Jaú está apresentado nos
subitens a seguir.
3.4.1 CRIAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS
Em 1974, a Secretaria do Meio Ambiente, juntamente com outras instituições,
estabeleceu locais prioritários para a criação de áreas protegidas na Amazônia a
partir de sobrevoos realizados na região, dentre eles o arquipélago de Anavilhanas.
Nos anos seguintes, esforços foram feitos para analisar a situação fundiária local.
Então, em 1981, o Serviço de Patrimônio da União (SPU) cedeu à Secretaria Especial
do Meio Ambiente (SEMA) o arquipélago de Anavilhanas e, na sequência, junto ao
Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), discutiu-se o reassentamento
dos habitantes do interior da área (NOGUEIRA-NETO, 1991 apud ICMBIO, 2017).
Assim, criada pelo Decreto nº 86.061 de 02 de junho de 1981, em uma área
de 350.469,79 ha nos municípios de Manaus e Novo Airão foi estabelecida,
inicialmente, a Estação Ecológica de Anavilhanas (ICMBIO, 2017). A unidade de
conservação manteve essa categoria por 27 anos até que, em 2008, após diversas
mobilizações, através da Lei nº 11.799 de 29 de outubro, sua categoria foi alterada
para Parque Nacional. Essa alteração foi necessária em razão do potencial turístico
que o local apresentava, por sua localização geográfica estratégica e como reflexo
do potencial de contribuição para o fluxo econômico da região (ICMBIO, 2017).
3.4.2 CRIAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DO JAÚ
Segundo a FVA/IBAMA (1998) a partir da década de 1970, baseados em estudos
realizados por Haffer (1969) diversos pesquisadores analisaram os dados de
distribuição geográfica de organismos para selecionar áreas de prioridade para
conservação, incluindo o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal,
IBDF (atual IBAMA). Em 1976, o IBDF recebeu uma carta do Instituto Nacional
de Pesquisa Amazônica (INPA), se propondo a colaborar nos estudos das áreas
potenciais para conversão em reservas biológicas na Amazônia. Este aceitou
a proposta, sugerindo três áreas, dentre elas a do Jaú, e também sugeriu que
fosse realizada uma avaliação não apenas dos recursos naturais e biológicos,
mas também de áreas ocupadas e extensão do local, prevendo um decreto para
criação da área protegida (WETTERBERG, 1977 apud FVA/IBAMA, 1998).
Com base nos estudos, que então se iniciaram no ano de 1977, bem como em
informações locais, a área do Jaú foi proposta para a criação em 1979 da Reserva
Biológica (REBIO) do Jaú. Porém, a unidade de conservação teve a sua categoria
alterada para Parque Nacional em 1980 pelo Decreto nº 85.200 publicado em 24
de setembro de 1980. A alteração de categoria se deu também em função do
potencial turístico apresentado em sua região de abrangência. Na época de sua
criação, era considerada a maior unidade de conservação federal com uma área de
2.367.333,44 ha e, hoje, ocupa a segunda posição (FVA/IBAMA, 1998).
O PARNA do Jaú tem a finalidade de preservar os ecossistemas naturais, servindo
para pesquisas, educação, recreação e cultura (BRASIL, 1980).
3.5 IDENTIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DOS PARQUES NACIONAIS
Após criação de uma unidade de conservação a lei preconiza que instrumentos
de gestão sejam elaborados por estudos adequados e legalmente instituídos de
modo a garantir melhoria na gestão. Os instrumentos de gestão estabelecidos
24
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
para as UC alvo deste estudo com um breve histórico e análise, estão
apresentados nos subitens a seguir.
3.5.1 PLANO DE MANEJO DO PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS
Plano de manejo é um documento estabelecido pelo SNUC (Lei nº 9.985, de 18
de julho de 2000) e que serve como instrumento norteador para a gestão de
Unidades de Conservação, o qual determina as normas de uso e manejo dos
recursos naturais provenientes dessas áreas protegidas.
Conforme já mencionado, o atual Parque Nacional de Anavilhanas foi instituído
como Unidade de Conservação em 1981, inicialmente na categoria de Estação
Ecológica, igualmente de proteção integral. Nos anos 1997 a 1999, realizaram-se os
estudos e levantamentos para a elaboração do Plano de Manejo da então Estação
Ecológica de Anavilhanas porém, este veio a ser publicado apenas em 2002. Desde
a criação deste documento, já se observava necessária uma recategorização da
área, tendo em vista o caráter turístico e de uso público que se apresentava na
região, limitados pela categoria de manejo na época (ICMBIO, 2017).
A alteração de categoria da UC determinou a necessidade de revisão do Plano
de Manejo da antiga Estação Ecológica, visto que, as novas atribuições exigiam
um plano de uso público estabelecendo normas para a visitação na área (ICMBIO,
2017). Com a necessidade de ordenamento da visitação até que fosse elaborada
a revisão do plano de manejo, foi publicada a portaria ICMBio nº 47, de 09 de abril
de 2012 para o Parque Nacional de Anavilhanas (ICMBIO, 2017).
Então, a partir de 2014 iniciou-se a revisão do Plano de Manejo, tendo sido
finalizada e publicada a versão revisada em 19 de maio de 2017, por meio
da portaria ICMBio nº 352. A nova versão foi organizada em três volumes:
Diagnóstico do PARNA de Anavilhanas; Planejamento Estratégico; e, Plano de
Uso Público.
O documento apresenta de forma detalhada o contexto e o histórico da unidade
de conservação, a descrição biológica e física de sua área, bem como diagnósticos
socioeconômicos e das atividades permitidas no Parque, estipulando objetivos,
permissões e normas para uso e gestão da área.
3.5.2 PLANO DE MANEJO DO PARQUE NACIONAL DO JAÚ
Embora os PARNA de Anavilhanas e do Jaú tenham quase o mesmo tempo de
criação, o Plano de Manejo do PARNA do Jaú teve sua elaboração e publicação na
década de 1990, vigorando até o presente. Em 1993, o IBAMA firmou convênio de
cooperação com a Fundação Vitória Amazônica, para a elaboração do Plano de
Manejo e, no decorrer de cinco anos seguintes, esse documento foi produzido,
tendo sido publicado em 1998 (FVA/IBAMA, 1998).
O instrumento apresenta levantamentos de dados bióticos, abióticos e
socioeconômicos locais, obtidos por meio de estudos com dados primários e
secundários e também a partir de um processo participativo com representantes
de diversos segmentos. De acordo com a FVA (1998) sua estrutura baseou-se
nas diretrizes estabelecidas no Roteiro Metodológico para o Planejamento de
Unidades de Conservação de Uso Indireto (IBAMA,1996).
O plano de manejo atual é composto por seis encartes. Os dois encartes iniciais
apresentam o contexto onde está inserida a área protegida. Os encartes 3, 4 e 5
mostram os resultados das pesquisas e levantamentos efetuados pela Fundação e
o encarte 6 propõe as diretrizes de planejamento para a gestão do PARNA do Jaú
(FVA/IBAMA, 1998).
Em outubro de 2016, o Parque completou 36 anos de existência e, em
comemoração, foi realizado o Seminário Jaú 36 anos. Nesse evento anunciou-se
o início dos trabalhos para a revisão do Plano de Manejo do Parque Nacional do
Jaú (ICMBIO, 2017). A previsão é que a versão revisada do documento seja enviada
para análise e publicação até agosto de 2018.
3.5.3 CONSELHOS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Conforme o SNUC, as Unidades de Conservação devem ser geridas por equipe
25
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
de gestores sob comando de um chefe, auxiliados por conselhos, oportunizando
e facilitando a participação e integração da sociedade. Conselhos são fóruns
de discussão, negociação e gestão de UC, eventualmente estendendo sua
atuação a áreas de influência. Normalmente devem ser paritários e formados por
representantes de órgãos públicos e da sociedade civil (ICMBIO, 2014; MMA, 2018).
Em geral os conselhos podem ser consultivos ou deliberativos e suas
competências estão previstas no Decreto nº 4.340/2002 (artigo 20). O conselho
consultivo tem como finalidade estabelecer análise e pronunciamentos sobre
questões ambientais, sociais, econômicas, culturais e políticas, podendo
desenvolver pareceres ou opiniões sobre demandas das UC ou de terceiros
que tenham potencial impacto à elas. Conselhos consultivos são normalmente
vigentes na gestão de Florestas Nacionais e Unidades Conservação de Proteção
Integral e não tem autonomia de decisão sobre as diretrizes e políticas vigentes
estabelecidas pelo órgão de gestão direta da UC. Já o conselho deliberativo possui
jurisdição para analisar, propor, deliberar e mesmo intervir na gestão da UC e
em políticas setoriais, como ocorre na gestão de Unidades de Conservação de
Uso Sustentável como as Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento
Sustentável e, também, na gestão de Reservas da Biosfera (ASCOM/IDEMA, 2013;
ICMBIO, 2014). A seguir estão apresentados os Conselhos constituídos para os
PARNA de Anavilhanas e do Jaú.
3.5.3.1 Constituição do Conselho Consultivo do Parque Nacional de Anavilhanas
O Conselho Gestor do PARNA de Anavilhanas é de caráter consultivo, tendo
sido criado em 2006, através da Portaria IBAMA nº 101, de 19 de dezembro,
com 22 representantes, dentre eles, comunidades do entorno, organizações
governamentais e sociais. Atualmente, possui 4 setores com 20 componentes no
total, conforme organograma apresentado na Figura 3.5 (ICMBIO, 2017).
Figura 3.5 Organograma do Conselho Consultivo do Parque Nacional de Anavilhanas.
Nota: A Associação Novoairãoense de Turismo – ANATUR, está passando por processo de alteração de sua razão social
e CNPJ, não tendo neste momento, também, instituído o seu presidente. Fonte: Elaboração do Autor, 2018.
3.5.3.2 Constituição do Conselho Consultivo do Parque Nacional do Jaú
O Conselho Consultivo do PARNA do Jaú foi criado em 18 de março de 2008,
através da Portaria ICMBio nº 14, contando inicialmente com 32 representantes.
Porém, em 2013, houve uma modificação do conselho, de acordo com a Portaria
ICMBio nº 225, de 5 de setembro. Atualmente, o Conselho Consultivo é composto
por 23 representantes de organizações governamentais e organizações da
sociedade civil, conforme pode ser observado no organograma apresentado na
Figura 3.6.
26
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Figura 3.6 Organograma do Conselho Consultivo do Parque Nacional do Jaú.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018.
3.6 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é uma autarquia
em regime especial, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, tendo como
responsabilidade executar as ações do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza, com as tarefas de propor, fiscalizar, implantar,
normatizar, gerir, proteger e monitorar as Unidades de Conservação instituídas
pela União. Também é sua função o estímulo à pesquisa, à proteção, à preservação
e conservação da biodiversidade e dos recursos naturais (ICMBIO, sem data). O
ICMBio é composto por 5 instâncias (Figura 3.7):
• Órgão colegiado Comitê Gestor;
• Órgão de assistência direta e imediata ao Presidente do Instituto Chico Mendes Gabinete;
• Órgãos seccionais Procuradoria Federal Especializada Auditoria Interna e Diretoria de Planejamento, Administração e Logística;
• Órgãos específicos singulares Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação, Diretoria de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em
Unidades de Conservação e Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento
da Biodiversidade;
• Unidades descentralizadas Coordenações Regionais, Unidades de Conservação, Unidade Especial Avançada, Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação,
Centro de Formação em Conservação da Biodiversidade e Unidades Avançadas
de Administração e Finanças.
Cada componente dessas esferas possuem funções específicas, de acordo com
Decreto da Presidência da República nº 8.974, de 24 de janeiro de 2017 (BRASIL,
2017). O órgão colegiado é responsável, dentre outras funções, por assessorar a
presidência do ICMBio auxiliando na tomada de decisões na gestão ambiental
federal. Ao órgão de assistência direta e imediata ao Presidente cabe a assistência,
o planejamento, a coordenação e a execução de atividades de interesse do
ICMBio.
27
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Figura 3.7 Organograma da estrutura organizacional do ICMBio.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018 adaptado de ICMBIO, 2017.
Os órgãos seccionais são responsáveis pelo âmbito jurídico, por auditorias internas,
pelo planejamento e administração, de acordo com suas atribuições, conforme
previstas por decreto.
Os órgãos específicos singulares são compostos por três diretorias com as
mais diversas ações que vão desde o planejamento para criação de Unidades
de Conservação, à estruturação destas, como a elaboração dos instrumentos
de gestão, a regularização das áreas, o monitoramento e as estratégias para a
conservação da biodiversidade, entre outras.
Além dos órgãos já mencionados, há também, as unidades descentralizadas. Essas
unidades, entre diversas funções, são responsáveis pela representação institucional
e gestão local da biodiversidade, em regiões e Unidades de Conservação
específicas. O órgão responsável pelas capacitações referentes às Unidades de
Conservação e à biodiversidade, bem como os centros de pesquisa também estão
nessa esfera.
As coordenações regionais estão inseridas como unidades descentralizadas e
atuam nas reuniões de diagnóstico e planejamento participativo e, também,
na elaboração e execução de programas e projetos nas áreas de abrangência.
Os Parques Nacionais de Anavilhanas e do Jaú estão vinculados à coordenação
regional em Manaus - AM, chamada CR – 2.
3.6.1 EQUIPE PERMANENTE DO PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS
A equipe permanente do Parque Nacional de Anavilhanas possui 3 analistas
ambientais: a Chefe da UC (geógrafa); uma bióloga; e um ecólogo. Também há
três colaboradores que são auxiliares administrativos (auxiliar de serviços gerais -
limpeza e manutenção) e um técnico ambiental.
O Parque conta ainda, com dezessete funcionários do serviço terceirizado sendo
que, deste total, dezesseis são vigias e um é auxiliar de serviços gerais (ICMBIO,
2017), conforme apresentado na Figura 3.8.
Figura 3.8 Organograma da estrutura organizacional do Parque Nacional de Anavilhanas
Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de ICMBio, 2017.
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Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
3.6.2 EQUIPE PERMANENTE DO PARQUE NACIONAL DO JAÚ
Conforme informações obtidas junto aos gestores do PARNA do Jaú, a atual
equipe é composta por 4 analistas ambientais, servidores do ICMBio em atividade,
incluindo a chefe da UC e uma analista que encontra-se em regime de licença
para capacitação (mestrado); 1 técnico administrativo; 8 vigias do serviço
terceirizado que são responsáveis pela guarda do patrimônio físico, ou melhor,
pelas estruturas existentes nas bases I e II do Parque (trabalhando em escala
de 15 dias de serviço por 15 dias de folga); e 3 colaboradores provenientes do
projeto Motivação e Sucesso na Gestão de Unidades de Conservação Federais –
MOSUC, em parceria com o Instituto Pesquisas Ecológicas – IPÊ, sendo 1 auxiliar
administrativo, 1 auxiliar de manutenção e 1 auxiliar operacional de campo,
conforme apresentado na Figura 3.9.
Figura 3.9 Organograma da estrutura organizacional do Parque Nacional do Jaú.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de ICMBio, 2017.
3.7 INFRAESTRUTURA DOS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ
Ambos os Parques possuem e utilizam a mesma Sede Administrativa
(SA), localizada no município de Novo Airão/AM, na rua Antenor Carlos
Frederico, nº 69, bairro Nossa Senhora Auxiliadora (Coordenadas Geográficas
2°37’8,25”S/60°56’57,29”W).
O escritório existente na SA possui um sistema que é compartilhado com gestores
de três Unidades de Conservação: Parque Nacional do Jaú; Parque Nacional
de Anavilhanas e Reserva Extrativista do Rio Unini. Ao lado desse escritório
encontram-se um ancoradouro e um alojamento que abriga, atualmente, 6
pessoas em camas. Além das estruturas de uso comum, cada UC possui suas
respectivas bases operacionais conforme detalhamento a seguir.
3.7.1 INFRAESTRUTURA DO PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS
De acordo com contato estabelecido com gestores do PARNA de Anavilhanas, ao
todo, a UC possui 4 bases operacionais, quais sejam: Base I - Lago do Prato; Base II –
Apuaú; Base III – Ancoradouro; e Base IV – Baependi. Esta última foi desativada em
2015 devido a problemas de contrato de vigilância, sendo deslocada para a Base I.
A primeira, constitui-se de uma estrutura avançada flutuante, com a finalidade de
apoio às atividades da UC, pesquisadores, vigilância e visitação. Localiza-se logo
na entrada do Lago do Prato, centralizada no arquipélago de Anavilhanas (Figura
3.10). Seu acesso, a partir de Novo Airão, é fluvial com percurso de 32 km, com
duração de aproximadamente 50 minutos por meio de voadeira, descendo o rio
Negro (Coordenadas Geográficas: 2º43’10”S / 60º45’19”W).
A Base II também é avançada, porém em terra firme (Figura 3.10), constituída por
uma casa, banheiro externo (para uso de visitantes), espaço de redário (para uso
de visitantes) e um píer flutuante, com a finalidade de auxiliar na logística de carga
e descarga. A base apoia diversas atividades da UC, abrigando pesquisadores
e vigias. Situa-se próxima à foz do rio Apuaú, a 29 km de Novo Airão e o trajeto
fluvial pode ser feito em 40 minutos utilizando-se voadeira como meio de
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Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
transporte, cruzando o rio Negro (na margem oposta do rio) (Coordenadas
Geográficas: 2º32’5,77”S/60º50’9,75”W). Próximo ao local há uma trilha de turismo,
sendo frequentemente utilizada.
E, por fim, a Base III (Figura 3.10) que constitui-se em uma garagem flutuante de
embarcações, estabelecida no rio Negro, na margem direita, junto à orla de Novo
Airão, em frente ao escritório, usufruída também pelas UC do APM Baixo Rio Negro
(02°37’6.40”S/60°56’55.81”W) (ICMBIO, 2017).
Figura 3.10 Bases Operacionais do Parque Nacional de Anavilhanas.
Nota: vista parcial da estrutura de apoio da Base I (Lago do Prato), à esquerda; vista parcial da estrutura principal na
Base II (Apuaú), ao centro; vista parcial da Base III, à direita. Fonte: Registro do Autor, 2018.
3.7.2 INFRAESTRUTURA DO PARQUE NACIONAL DO JAÚ
Conforme dados fornecidos por gestores do PARNA do Jaú, ao todo, o Parque é
composto por três bases operacionais, sendo elas: Base I – Rio Jaú; Base II – Rio
Unini; e Base Tiaracá (Figura 3.11). Essas bases não são utilizadas para pernoite
de visitantes, contudo, a Base Tiaracá é utilizada por alguns condutores que
pernoitam com grupos em sua varanda.
A Base I (Coordenadas Geográficas: 1º54’17,74”S/61º25’48,58”W), é a principal do
Parque, utilizada para diversas atividades, tanto por pesquisadores e parceiros
autorizados pelos gestores da UC, quanto por visitantes que estão de entrada e
saída do rio Jaú (recepção de visitantes). Possui ponto de internet e é estruturada
em madeira, sobre terra firme, contendo auditório, escritório, dormitório com 9
camas, copa e sanitários, com dois flutuantes (Figura 3.11):
• o denominado Base Carabinani, estabelecido à frente, contém dois quartos com 4 camas, cozinha equipada, sala de recepção para visitantes, escritório do
vigia e sanitário;
• o outro, estabelecido nos fundos, serve como alojamento para os vigias em atividade contendo três quartos, um depósito, uma sala e um sanitário, além
de uma plataforma de ancoragem das embarcações e um pequeno flutuante,
utilizado como depósito.
A Base II (Rio Unini), flutuante, está localizada na margem direita do Rio Unini
(Coordenadas Geográficas: 1º40’22,06”S/61º46’43,74”W). É constituída por dois
quartos, uma sala, cozinha, escritório e sanitário, sendo utilizada por vigias, pessoas
em trabalho de campo, pesquisadores e parceiros autorizados pelos gestores
da UC. Esta base também é utilizada de forma compartilhada com a Reserva
Extrativista do Rio Unini – Resex Rio Unini (Figura 3.11).
Enfim, a Base Tiaracá apresenta estrutura de alvenaria e localiza-se na comunidade
Seringalzinho, na margem esquerda do rio Jaú (Coordenadas Geográficas:
1º49’56.92”S/61º35’55.05”W). Possui sala, cozinha, três quartos, banheiro
interno e externo e uma varanda. É utilizada para abrigar equipes de pesquisa,
monitoramento e outras atividades de gestão da UC. Todavia, necessita de reforma
pelas más condições estruturais que apresenta (Figura 3.11).
Figura 3.11 Bases Operacionais do Parque Nacional do Jaú.
Nota: vista parcial externa da Base I (flutuante Carabinani), à esquerda; vista parcial externa da Base II (Rio Unini), ao
centro; vista parcial externa da Base Tiaracá, à direita. Fonte: Registro do Autor, 2018.
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Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
4 PANORAMA SOCIOAMBIENTAL DO PARNA DE ANAVILHANAS
No presente item estão apresentados os aspectos a título de caracterização dos
meios físico, biótico e antrópico, bem como o aspecto institucional da região em
que situa-se o Parque Nacional de Anavilhanas.
4.1 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO DO PARNA DE ANAVILHANAS
As características componentes do meio físico, aqui apresentadas, tratam de
forma individual e integrada os aspectos referentes à climatologia, geologia,
geomorfologia, pedologia e hidrografia, possibilitando o entendimento acerca do
panorama físico da região do PARNA de Anavilhanas. Para tanto, foram levantados
dados secundários, de modo a compor a caracterização da área e seu entorno
imediato, garantindo diagnóstico fidedigno e compreensão dos fenômenos
presentes na área estudada, disponível no Plano de Manejo (ICMBIO, 2017) e em
outras fontes.
4.1.1 CLIMATOLÓGICOS
O clima na Amazônia se deve a uma combinação de fatores e dentre os mais
importantes está a disponibilidade de energia solar, por meio do balanço de
energia. Entre os meses de setembro e outubro ocorre maior radiação, enquanto
que entre os meses de dezembro e fevereiro são os de menor radiação (FISCH;
MARENGO; NOBRE, 2014).
Conforme a classificação climática de Köppen, o Parque pertence ao tipo Af
(Clima Tropical Úmido ou Superúmido). Esse clima é característico da região
devido à ausência de estação seca (1 ou 2 meses secos), alta porcentagem de
umidade e precipitação. Conforme Mapa de Climas do Brasil (IBGE, 2002) (Figura
4.1), enquadra-se como Clima Equatorial Quente, onde a média de temperatura
é maior que 18 °C em todos os meses e a variação de temperatura é mínima ao
longo do ano. A amplitude térmica varia em torno de 1 a 2 °C, com temperaturas
médias entre 24 e 26 °C (FISCH; MARENGO; NOBRE, 2014). Conforme dados das
décadas entre 1960 e 1990, a variação da temperatura medial anual foi de 26 °C
e 26,7 °C, com máximas de 31,4 °C e 31,7 °C e mínimas entre 22,0 °C e 23,3 °C
(DNPM, 1992 apud FVA/IBAMA, 1998).
A pluviosidade da região está na faixa de 1.750 e 2.500 mm ao ano, conforme
dados obtidos da estação meteorológica de Manaus (estação mais próxima) para a
série histórica entre as décadas de 1960 e 1990. Os altos valores resultam em uma
elevada umidade relativa do ar, com médias anuais entre 85 e 95 %. O balanço
hídrico da região de Manaus, segundo Thornthwaite e Matter (1955, apud MOTA;
MEDEIROS, sem data), referente ao período de 1971 a 2000, indicou que os meses
de maior precipitação foram entre dezembro e maio, com um total 1.730 mm,
correspondendo em 66,9 % de toda a precipitação anual. Em um estudo de
comparação realizado por Mota e Medeiros, averiguou-se que a região de Manaus
apresenta dois períodos distintos: um chuvoso (novembro a junho) e outro de
menores intensidades pluviométricas (julho a setembro).
4.1.2 GEOLÓGICOS
A região da Amazônia possui, em sua maior totalidade, a unidade
cronoestratigráfica Cenozoica, segundo subdivisões temporais da International
Stratigraphic Chart publicada pela IUGS/UNESCO, em 2000. Apesar de ocupar a
maior extensão do Brasil (32,4 %), o Cenozoico é a era geológica menos conhecida
do país. Seus terrenos emersos são de origem continental e, na maioria, de difícil
datação por se tratarem de afossilíferos ou desprovidos de fósseis-índices (CPRM,
2003).
A cidade de Manaus está situada na região Cenozoica, assim como a área do
PARNA de Anavilhanas, a qual possui depósitos e florações como: Cobertura
Detrito-Laterítica Paleogênica, Formação Alter do Chão, Aluviões Holocênicos e
Grupo Trombetas (Figura 4.2), descritos na sequência.
31
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Figura 4.1 PARNA de Anavilhanas sobreposto ao Mapa de Climas do Brasil.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de IBGE, 2006.
Figura 4.2 Síntese do mapeamento de geologia do Parque Nacional de Anavilhanas.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de IBGE, 2015.
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Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
4.1.2.1 Cobertura Detrito-Laterítica Paleogênica
A Cobertura Detrito-Laterítica Paleogênica representa a menor porção da região,
localizada ao norte do Parque, sendo de origem sedimentar pós-cretácica, com
ocorrências conglomeráticas basais, recobertas por camadas ou níveis de arenitos,
argilitos, que compõem mantos de intemperismo profundos com latossolos
vermelhos (SILVA, 2010).
As coberturas detrito-lateríticas são representadas por lateritos autóctones com
carapaça ferruginosa, podendo ocorrer sobre qualquer tipo de substrato. São
características de climas tropicais e estão favoráveis à concentração de ouro,
manganês, alumínio e outros metais menos solúveis, presentes no substrato
(FUNATURA, 2012).
4.1.2.2 Formação Alter do Chão
A Formação Alter do Chão representa uma das coberturas mais jovens da bacia
do Amazonas, com espessura máxima de 1.250 m, localizada na porção centro-
leste do PARNA de Anavilhanas. Conforme Petri & Fúlfaro (1988 apud SILVA &
BONOTTO, 2000), situa-se numa planície de dissecação que desde o início do
período Terciário vem sofrendo movimentos positivos. É uma formação composta
por arenitos grossos, friáveis de coloração variada, conglomerados e brechas
intraformacionais, atribuídos a sistemas fluvial e lacustre/deltaico (DAEMON 1975
apud TAVARES et al., 2017), com pouca composição de fósseis representados por
plantas dicotiledôneas na região de Monte Alegre e vértebras de dinossauros
(DINO et al.,1999 apud MENDES et al., 2012).
4.1.2.3 Aluviões Holocênicos
Os Aluviões Holocênicos são depósitos aluvionares que acompanham os
cursos-d’água da Planície Amazônica e estão dispostos com maior abrangência
como ilhas no rio Negro, havendo porções ao norte e próximas ao rio Bariuaú.
Constituem-se por sedimentos inconsolidados, principalmente arenosos,
representados por areias, com níveis de cascalhos, conglomerados, material
silto-argiloso e turfa. Estes depósitos estão estabelecidos em terraços de planícies
antigas de inundação, nos quais é possível verificar a evolução da rede de
drenagem na região (MARINHO & CASTRO, sem data; MEDONÇA, 2011; ICMBIO,
2015).
Há uma diferenciação entre os aluviões, podendo ser separados em atuais e
indiferenciados antigos, estes com distribuição descontínua representando os
diferentes comportamentos deposicionais (PY-DANIEL, 2007).
4.1.2.4 Grupo Trombetas
O grupo trombetas é uma estratificação desigual sobre uma rocha metamórfica
ou ígnea, na qual apresenta grande ocorrência de fósseis (DERBY, 1898
apud RADAMBRASIL, 1978). Aflora em ambos os flancos, em faixas estreitas
compreendidas entre o alto de Gurupá e Purus. A espessura na porção central
da bacia, Médio Amazonas, é em torno de 1.000 metros. Essa formação pode ser
subdividida em quatro membros da base para o topo: Membros Autaz-Mirim,
Nhamundá, Pitinga e Manacapuru (BEZERRA, 2014). Este grupo está localizado na
porção norte do Parque.
4.1.3 GEOMORFOLÓGICOS
Quanto aos aspectos morfoestruturais, a região do PARNA de Anavilhanas é
classificada como pertencente à unidade morfoestrutural do Planalto Dissecado
do Rio Trombetas - Rio Negro. Esta unidade limita-se ao interflúvio do baixo curso
dos rios Negro e Trombetas, tendo como principal característica o dissecamento
fluvial acentuado nos interflúvios, onde localizam-se preservadas as superfícies
recortadas que compõem o topo das áreas denominadas como platôs (planalto)
(BRANDT, 2000 apud GUAPINDAIA, 2008).
Os relevos que constituem a unidade referida possuem altimetria em média de 150
metros (ICMBIO, 2017). No entanto, a área de maior abrangência possui entre 50 e
62,5 metros, localizada ao norte central, contornada por relevo de 37,5 a 50 metros.
No extremo norte do Parque os relevos são superiores a 70 metros (Figura 4.3).
33
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Figura 4.3 Hipsometria do Parque Nacional de Anavilhanas.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de INPE, 2008.
Os afluentes, como os rios Baependí, Apuaú, Cuieiras e os igarapés Tarumã-mirim
e Tarumã-açú, que alimentam o rio Negro, apresentam foz afogada que caracteriza
lagos alongados com poucos recortes (FVA/IBAMA, 1998).
Já os afluentes da margem direita do rio Negro nessa unidade de relevo, nascem
no próprio planalto, à medida em que os mais extensos, posicionados à Oeste,
nascem no Planalto Rebaixado da Amazônia Ocidental. Ambos os rios possuem
padrão dendrítico de drenagem, com desembocaduras afogadas formando
lagos (FVA/IBAMA, 1998). Nas áreas em que o rio Negro faz parte do Planalto
referido, as margens são escarpadas originando falésias, havendo poucas áreas de
acumulação, propiciando desníveis de 5 a 10 metros, aproximadamente.
O padrão do rio Negro é denominado como anastomosado e sua deposição
alternada de sedimentos originou um enredado de ilhas, lagos e canais, os quais
possuem como componente principal partículas de silte, agregadas entre si e em
partículas de argila (FVA/IBAMA, 1998).
No entanto, as ilhas acima do rio Branco se diferem destas, pois a sua superfície
é maior do que a dos lagos, com planície fluvial em sua margem esquerda e
escarpada na margem direita. A presença de ilhas alongadas desviam o fluxo-
d’água em vários canais, comportando-se como lagos com profundidades de 1 a
20 metros (FVA/IBAMA, 1998).
Na UC, as áreas mais elevadas localizam-se na porção nordeste, com altitudes em
torno de 125 m acima do nível do mar. As áreas mais baixas localizam-se próximas
à confluência do rio Apuaú com o rio Negro, em uma altitude em torno de 37 m
acima do nível do mar (Figura 4.3).
4.1.4 PEDOLÓGICOS
Associado à bacia sedimentar, ao clima, ao relevo e à evolução da paisagem, os
solos da Amazônia possuem características como: extrema pobreza em fósforo;
34
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
acidez elevada; baixa CTC1; pobreza em macro e micronutrientes; densidade
elevada; e susceptibilidade à compactação e erosão.
A distribuição das classes de solos também está baseada nos fatores de formação,
seguindo-se em ordem decrescente de área ocupada os Latossolos, Argissolos,
Plintossolos e Espodossolos, predominando o caráter distrófico (JÚNIOR, 2011). No
PARNA de Anavilhanas, predomina em terra firme o Latossolo Amarelo, seguido
da presença de Espodossolo Humilúvico, Argissolo Vermelho-Amarelo e Gleissolo
Háplico no extremo norte da região e em planícies, conforme Figura 4.4.
Os Latossolos Amarelos (LA) normalmente desenvolvem-se a partir de sedimentos
do Grupo Barreiras (Plio-pleistoceno) e Formação Alter do Chão (Cretáceo)(KER,
1997). São solos profundos, amarelos, uniformemente em profundidade, assim
como o teor de argila. A textura predominante é a argilosa ou muito argilosa,
variando de 15 a 95 %. São solos que apresentam boas condições físicas de
retenção de umidade e boa permeabilidade (OLIVEIRA et al., 1992; RODRIGUES,
1996 apud KER, 1997).
Uma das características mais notáveis dos Latossolos Amarelos é a elevada coesão
dos agregados estruturais manifestada entre os horizontes A e B. Porém, em LA
da Amazônia, é possível que o excesso de umidade não permita a manifestação
do caráter coeso. Os LA de Manaus são muito argilosos, visto que no segundo
horizonte a argila encontra-se praticamente toda floculada (ALMEIDA et al., sem
data).
1 Capacidade de troca de Cátions.
Figura 4.4 Pedologia do Parque Nacional de Anavilhanas.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de IBGE, 2015.
35
Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Os Espodossolos são solos constituídos por material mineral, apresentando
horizonte B espódico, logo abaixo de horizonte E ou A. Pertencente a subordem,
está o Espodossolo Humilúvico, qual possui a presença significante de matéria
orgânica e alumínio no horizonte B espódico, podendo estar isoladamente ou
sobrepostos a outros tipos de horizontes (espódicos ou não espódicos) (SIBCS,
2013).
Os Argissolos Vermelho-Amarelos apresentam horizonte de acumulação de argila,
B textural (Bt), com cores vermelho-amareladas devido à presença da mistura
dos óxidos de ferro hematita e goethita. São solos profundos e muito profundos,
bem estruturados e bem drenados, com sequência de horizontes A, Bt; A, BA, Bt;
A, E, Bt, havendo predominância do horizonte superficial A, do tipo moderado e
proeminente. Sua textura é média/argilosa, podendo apresentar algumas vezes a
textura média/média e média/muito argilosa. Apresentam também baixa a muito
baixa fertilidade natural (SILVA & NETO, sem data).
Os Gleissolos são considerados solos hidromórficos, constituídos por material
mineral, que possuem horizonte glei dentro dos primeiros 150 cm da superfície
do solo, logo abaixo de horizontes A ou E, ou de horizonte hístico com espessura
inferior a 40 cm. Estes solos encontram-se periodicamente saturados por água,
resultando na forte gleização. Os Gleissolos Háplicos apresentam-se nas partes
relativamente mais baixas da planície aluvial, podendo apresentar características
como: presença de carbonato de cálcio, tanto baixa como alta fertilidade, assim
como argila de baixa ou alta atividade e teores elevados de alumínio, conforme a
divisão dos grandes grupos (ALMEIDA et al., sem data; SIBCS, 2013).
4.1.5 HIDROGRÁFICOS/RECURSOS HÍDRICOS
A Região Hidrográfica Amazônica envolve sete estados da federação (Acre,
Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá, Pará e Mato Grosso), ocupando uma vasta
área de aproximadamente 45 % do território nacional. A grande abundância de
água se deve à extensa rede de rios, sendo os mais conhecidos: Amazonas, Xingu,
Solimões, Madeira e Negro (ANA, 2017).
Dentre as bacias que compõem a Região Hidrográfica Amazônica, o PARNA de
Anavilhanas está inserido na Bacia do Rio Negro, precisamente no baixo Rio Negro.
Este rio percorre pelo menos 1.700 km e é conectado fluvialmente aos sistemas
de rios do norte, oeste, leste e nordeste da referida bacia. No rio Negro, o nível das
águas varia conforme a estação, resultante da distribuição espacial e temporal das
chuvas, e pela forte influência do Rio Solimões-Amazonas. No entanto, a variação
anual entre o nível de água mais baixo e o mais alto é de 9 a 12 m (ZEIDEMANN,
2001).
Próximo à Manaus a velocidade da corrente de água é de aproximadamente 1
metro por segundo, que equivale a 3,6 km por hora (ZEIDEMANN, 2001).
A largura do rio Negro possui em torno de 1 a 3 km, nas regiões ausentes de
ilhas, podendo aumentar significativamente sua dimensão próxima à foz. As
profundidades do canal principal oscilam demasiadamente, ficando em torno de 5
e 20 m na vazante e nos períodos de cheia, entre 15 e 35 m (ZEIDEMANN, 2001).
O rio Negro possui um canal de drenagem claramente definido, todavia, possui
extensas planícies aluviais que são inundadas sazonalmente. Os afluentes que
limitam o Parque na margem esquerda são os rios Baependi e Apuaú, e mais a
jusante há a presença do rio Cuieiras, no entanto, localiza-se nos limites externos
do Parque (ZEIDEMANN, 2001; FVA/IBAMA, 1998).
A região de influência do rio Negro possui ampla área de floresta conservada,
a qual resulta da baixa densidade demográfica, pois a população ribeirinha
está distribuída esparsamente ao longo do canal principal e seus afluentes
(ZEIDEMANN, 2001).
Conforme descrito no item 4.1.3 (aspectos geomorfológicos), no PARNA de
Anavilhanas o rio Negro encontra-se anastomosado, com presença de várias ilhas
fluviais (Figura 4.5).
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Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú
Figura 4.5 Hidrografia do Parque Nacional de Anavilhanas.
Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de IBGE, 2015.
4.2 ASPECTOS DO MEIO BIÓTICO – FLORA DO PARNA DE ANAVILHANAS
O bioma Amazônia corresponde à maior extensão territorial do país e, em termos
de espécies florestais, possui um terço de toda a madeira tropical do mundo
possuindo uma parcela relevante da biodiversidade brasileira (MMA, sem data).
Os patrimônios naturais representados pela flora e a fauna da região onde se
insere o PARNA de Anavilhanas, certamente correspondem a uma importante
amostra da mega biod