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Edição 445 - Ano 10 - 10 de novembro de 2017 ICMBio Reservas extrativistas da Bahia realizam 1º Encontro de Mulheres ICMBio cria quatro novos Núcleos de Gestão Integrada Voluntários fazem a diferença no combate ao incêndio em Veadeiros Equipe do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos inicia trabalho de monitoramento de aves PÁGINA 9 PÁGINA 2 PÁGINA 16 PÁGINA 4

ICMBio€¦ · do Ibura e o Parque Nacional (Parna) Serra de Ita-baiana. Juntos, o Parna e a Flona somam uma área de 8.169 hectares. ... Lucas Cabral, bolsista GEF Mar de apoio científico

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Edição 445 - Ano 10 - 10 de novembro de 2017ICMBio

Reservas extrativistas da Bahia realizam 1º Encontro de Mulheres

ICMBio cria quatro novos Núcleos de Gestão Integrada

Voluntários fazem a diferença no combate ao incêndio em Veadeiros

Equipe do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos inicia trabalho de monitoramento de aves

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ICMBio cria quatro novos Núcleos de Gestão Integrada

Instituto promove encontro de RPPNs no Amazonas

Entre o final do mês de outubro e o co-meço de novembro, o Instituto Chico Mendes criou quatro novos Núcleos de Gestão Inte-grada (NGIs), contemplando 15 unidades de conservação (UCs) situadas nos estados de Rondônia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Amazonas. Os NGIs são agrupamentos geren-ciais que propõem uma nova perspectiva de administração das UCs federais, tendo como base a conservação da biodiversidade em es-paços e paisagens mais amplos e em melhor integração com seu entorno.

De acordo com o analista ambiental da Di-visão de Gestão Estratégica e Modernização (DGEM/ICMBio), Marcelo Kinouchi, a ideia é expandir os resultados de conservação através da otimização gerencial, dos ganhos em esca-la, da maior eficiência administrativa e melhor alocação de recursos humanos. “Com os NGIs, as UCs são planejadas e geridas a partir de uma perspectiva regional, estruturando políti-cas e ações de forma mais efetiva e articulada, levando em conta as possibilidades e pressões que incidem sobre todo o território e adotan-do uma abordagem ecossistêmica na gestão do conjunto de áreas protegidas”, explica Ki-nouchi. Ainda segundo o analista, as equipes dos NGIs contam com um chefe de território e se dividem por processos de trabalho.

SOBRE OS NOVOS NGIs

No dia 26 de outubro, foram publicadas no Diário Oficial da União as Portarias nº 693 e nº 694, que instituíram o NGI Cautário-Guaporé, em Rondônia, e o NGI Humaitá, no Amazonas. O primeiro contempla a Reserva Biológica (Re-bio) do Guaporé e a Reserva Extrativista (Resex) do Rio Cautário, abarcando uma área de 691 mil hectares. O NGI Humaitá, por sua vez, é composto por nove UCs do estado do Amazo-nas, com um território de 5.633.000 hectares no total. As Portarias nº 693 e nº 694 estão dis-poníveis no link: https://goo.gl/Txii4c.

O Centro Nacional de Pesquisa e Conser-vação da Biodiversidade Amazônica (Cepam/ICMBio), em parceria com a Confederação Nacional das Reservas Particulares do Patri-mônio Natural (CPPRRN) e o Instituto Soka, realizou no dia 21 de outubro o II Encontro das Reservas Particulares do Patrimônio Na-tural do Estado do Amazonas, que teve como tema “Práticas e Fortalecimento das RPPNs”.

Ao final do encontro, foi criada a Rede de Incentivo à Conservação da Natureza em Ter-ras Privadas na Região Metropolitana de Ma-naus. A articulação terá a atribuição de me-lhorar a comunicação entre os proprietários das RPPNs e apoiar e orientar a criação de novas reservas. Dentre os próximos passos, definiu-se a necessidade de criar material in-formativo sobre as RPPNs da região, desta-cando seus atributos e potencialidades, bem como uma agenda de reuniões trimestrais.

O evento aconteceu na RPPN Daisaku Ike-da, em Manaus, e contou com a presença de proprietários de reservas, pessoas interessa-das em criar sua reserva, representantes das secretarias municipais e estaduais da região metropolitana de Manaus, além de dirigentes da CPPRRN, da Associação de RPPNs de Minas

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O DOU do dia 30 de outubro trouxe a Portaria nº 695, que criou o NGI Itabaiana-Ibura, em Sergi-pe. O núcleo contempla a Floresta Nacional (Flona) do Ibura e o Parque Nacional (Parna) Serra de Ita-baiana. Juntos, o Parna e a Flona somam uma área de 8.169 hectares. Confira o documento na ínte-gra: https://goo.gl/Zn3dA4. Já no último dia 3 de novembro, o ICMBio publicou a Portaria nº 687, instituindo o NGI Costa dos Corais, situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco. O novo ar-ranjo organizacional é composto por duas UCs: a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Co-rais e a Rebio de Saltinho, formando um território de 405 mil hectares. Saiba mais sobre o NGI Costa dos Corais no link: https://goo.gl/tNQSXK.

HISTÓRICO

Criado em maio de 2016, o primeiro NGI do ICMBio ganhou um status diferenciado devido à dimensão e importância territorial: trata-se da Unidade Especial Avançada (UNA) de Itaituba, no Pará. Com quase 9 milhões de hectares em áreas protegidas, a UNA gerencia 12 UCs paraen-ses. Ainda em 2016, foram estabelecidos o NGI de Alcatrazes (Estação Ecológica de Tupinambás e Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Al-catrazes), em São Paulo, e o NGI Amapá Central (Flona do Amapá e Parna Montanhas do Tumu-cumaque). Por fim, em janeiro deste ano foi cria-do o NGI Noronha, contemplando a APA e o Par-que de Fernando de Noronha, em Pernambuco.

PRÓXIMOS PASSOS

Com os quatro NGIs recém-criados, o ICMBio passa a contar com um total de oito Núcleos de Gestão Integrada. Esse número, no entanto, deve ser ampliado em breve. Segundo Marcelo Kinouchi, 10 novos NGIs já estão em processo de constituição. “Além disso, existem 42 pro-postas de núcleos, que devem começar a ser implementados ao longo do próximo ano”, conclui o analista.

Gerais (ARPEMG) e da Coordenação de Cria-ção de Unidades de Conservação do ICMBio.

Durante o encontro, foram feitas atualiza-ções sobre informações das RPPNs no Ama-zonas e discutidas formas de aproximação das reservas particulares no estado com o movimento RPPNista nacional, buscando for-talecer a organização das RPPNs na região.

SAUIM-DE-COLEIRA

O evento também marcou o encerramento da Semana do Sauim-de-coleira, espécie de primata da fauna brasileira, criticamente ame-açada de extinção, constante na “Lista Nacio-nal Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção” (Portaria MMA 444/ 2014).

As RPPNs exercem um papel importante no processo de conservação desse primata, correspondendo à metade das áreas prote-gidas onde há registro de ocorrência do ani-mal. Mesmo representando uma pequena área (comparada ao tamanho do estado), as reservas são importantes para manter a co-nectividade entre os fragmentos de flores-tas que ainda existem na região.

APA Costa dos Corais, entre Alagoas e Pernambuco: UC passa a compor o NGI Costa dos Corais

Evento buscou fortalecer as RPPNs e melhorar a articulação entre proprietários

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Parna Marinho dos Abrolhos inicia trabalho de monitoramento de aves

Analistas do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave/ICMBio) estiveram recentemente no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no litoral da Bahia, para capacitar equipes locais no ma-nuseio e coleta de dados biológicos de aves marinhas e subsidiar a elaboração de um programa de monitoramento de aves na uni-dade de conservação (UC).

Foram realizadas atividades de marcação e recaptura de aves marinhas e de capacitação da equipe do parque para a coleta de dados de biometria das aves com base nos protoco-los utilizados pelo Cemave nas diversas UCs do ICMBio. As equipes também realizaram a contagem dos ninhos ativos de diversas espé-cies nas diferentes ilhas do arquipélago.

BERÇÁRIO DE ESPÉCIES

O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos é um importante berçário para diversas es-pécies de aves marinhas, com destaque para as fragatas (Fregata magnificens), atobás (Sula dactylatra e S. leucogaster) e benedi-tos (Anous stolidus), além das espécies cri-ticamente ameaçadas de extinção: grazinas (Phaeton aethereus) e rabo-de-palha-do-bi-co-vermelho (P. lepturus). Abrolhos se des-taca, ainda, por abrigar a maior colônia de grazinas-de-bico-vermelho do Brasil.

A conservação das espécies de aves mari-nhas ameaçadas é um dos objetivos de manejo do parque. Além da sua importância ecológica, essas aves são um dos principais atrativos de visitação da unidade, em que o visitante, du-rante o seu desembarque na ilha Siriba, pode contemplar os ninhos de atobás-brancos e gra-zinas, além de observar as aves durante todo o seu passeio na unidade de conservação.

De acordo com Fernando Repinaldo, che-fe da UC, os programas de monitoramento

da biodiversidade permitem um acompanha-mento de longo prazo das populações e são importantes para gerar informações bioló-gicas que forneçam subsídios para a gestão e o manejo. “A atividade proposta também soma-se ao recém publicado Programa Mo-nitora (Instrução Normativa ICMBio 03/2017), reforçando o apoio do Cemave e do Programa de Voluntariado na UC como participantes im-portantes no processo”.

A capacitação da equipe do parque, ainda se-gundo Repinaldo, “enriquece também as possi-bilidades de interpretação ambiental dentro da unidade com mais informações sobre as aves marinhas e maior engajamento de funcionários e voluntários nas atividades da UC”, afirmou.

CONSERVAÇÃO

De acordo com Patrícia Serafini, analista am-biental do Cemave, a visita reforçou a necessi-dade da continuidade e da ampliação das ações para a conservação das aves marinhas em Abro-lhos e, em especial, a necessidade do controle e manejo de espécies exóticas que afetam ne-gativamente a biodiversidade local, muitas das quais serão alvos de discussão com outros seto-res da sociedade na oficina para elaboração do Plano de Ação Nacional para a Conservação de Aves Marinhas, prevista para este mês.

Lucas Cabral, bolsista GEF Mar de apoio científico que atua no parque, considera fundamental o papel dos Centros de Pesqui-sa do ICMBio “tanto para fornecer suporte técnico/científico para a equipe da unidade quanto para padronizar protocolos de cole-ta de dados que possam ser utilizados em outras unidades”, frisou.

As atividades de capacitação contaram com o apoio financeiro do Projeto Áreas Ma-rinhas e Costeiras Protegidas do Brasil (Proje-to GEF Mar/Funbio).

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ICMBio em Foco - nº 445www.icmbio.gov.br06 07

Audiência pública discute Corredor Ecológico Urbano do Sauim-de-coleira

No dia 20 de outubro, data instituída pelo decreto municipal nº 8101/05 como Dia do Sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) em Ma-naus (AM), o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Amazônica (Cepam/ICMBio) realizou uma audiência pú-blica na Câmara Municipal de Manaus, como parte da programação da Semana do Sauim--de-coleira 2017. Essa espécie de primata da fauna brasileira é considerada criticamente ameaçada de extinção.

A audiência proposta pelo Cepam contou com o apoio das Comissões de Meio Ambien-te e de Obras e Serviços da Câmara Municipal. O intuito do evento foi apresentar e discutir com a sociedade civil a proposta de criação do Corredor Ecológico Urbano do Sauim-de-co-leira, entregue pelo Grupo de Assessoramen-to Técnico (GAT) do Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação do Sauim à Prefeitura de Manaus em 2015. Além disso, a audiência abordou os resultados alcançados no 1° Ciclo

do PAN (2011-2017) e os novos objetivos tra-çados para o 2º Ciclo, que terá vigência por mais cinco anos (2018-2023).

Além dos integrantes do GAT, o evento con-tou com a presença de servidores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Pri-matas Brasileiros (CPB/ICMBio), membros das Comissões de Obras e Serviços e de Meio Am-biente do município de Manaus, representan-tes de instituições do ensino superior público e privado, organizações não-governamentais que atuam no Amazonas, representantes de órgãos públicos federais, estaduais e muni-cipais, gestores das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) do Amazonas e membros da sociedade civil organizada.

CORREDORES ECOLÓGICOS

A criação de corredores ecológicos é conside-rada prioritária para atacar algumas das princi-pais ameaças ao sauim-de-coleira: perda e frag-

Evento aconteceu na Câmara Municipal de Manaus (AM)

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mentação de habitat. Estudos e propostas de criação de corredores ecológicos urbanos e ru-rais, na área de distribuição da espécie, foram re-alizadas com o apoio do ICMBio, que agora tenta articular com o município de Manaus e com o estado do Amazonas formas de implementá-los.

Para o analista ambiental do Cepam e co-ordenador executivo do PAN Sauim, Diogo Lagroteria, a criação de corredores ecológicos é importante não só para a conservação do sauim-de-coleira, mas por trazer benefícios para outras espécies e para a sociedade em geral. “Acreditamos que os corredores ecoló-gicos, além de ajudarem o sauim, facilitando a circulação dos animais e diminuindo os ris-cos de atropelamentos e eletrocussões, traz benefícios diretos para a sociedade, já que teremos mais áreas verdes, limpas, sombrea-das e protegidas, cumprindo um importante papel ecológico e social”, diz o analista.

GRUPO DE TRABALHO

No final do evento, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, oficializou a criação de um Grupo de Trabalho Técnico, que terá a mis-são de, em um prazo de 120 dias, discutir e propor as diretrizes e o traçado do Corredor do Sauim-de-coleira, que interligará alguns dos principais parques de Manaus (Parque do Mindu, Parque Sumaúma e Reserva Ducke). De acordo com Diogo Lagroteria, a criação do GT é um avanço, mas por si só não garante a sobrevivência da espécie. “Precisamos que novos corredores ecológicos e unidades de conservação para a espécie sejam propostos e efetivados, se quisermos de fato salvá-la. O sauim-de-coleira é uma espécie criticamente ameaçada e que não conta com nenhuma UC de proteção integral em sua área. Isso precisa urgentemente ser solucionado”, completou.

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Travessia no Parque Nacional do Itatiaia celebra 10 anos do ICMBio

Reservas extrativistas da Bahia realizam 1º Encontro de Mulheres

O Parque Nacional do Itatiaia (RJ) reali-zou, no último final de semana de outubro, a 7ª travessia comemorativa dos 10 anos do Instituto Chico Mendes. O evento foi pre-cedido, na sexta-feira (27), por um seminá-rio que discutiu a implementação da Trilha Transmantiqueira, um percurso que atraves-sará a Serra da Mantiqueira.

A travessia da Serra Negra, além de fazer par-te das comemorações de aniversário do ICMBio, também serviu para começar o mapeamento da trilha e dar o pontapé inicial no projeto da Transmantiqueira. O trajeto será um dos trechos do futuro trekking transmantiqueiro, que terá aproximadamente 750 km.

A TRAVESSIA

A travessia, que durou dois dias (cerca de 30 km), começou na portaria da parte alta do parque e terminou na cidade de Maringá (RJ). O caminho inclui atrativos como o Cir-cuito Cinco Lagos, as cachoeiras do Aiuruo-ca e da Santa Clara, além das montanhas e belas paisagens características da serra. No ponto mais elevado de todo o percurso, a mais de 2.500 metros de altitude, é possível ter uma visão panorâmica de toda região, localizada na divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Cerca de 20 pessoas fizeram a travessia, que contou com a participação de diversos servi-dores e gestores do ICMBio. Entre eles, esta-vam o chefe do parque, Gustavo Tomzhinski; o coordenador geral de Uso Público e Negó-cios, Pedro Menezes; a chefe da Divisão de Fomento a Parcerias, Carla Guaitanele; e a coordenadora de Concessões e Negócios, La-rissa Moura Diehl. Representantes de outros órgãos ambientais também participaram da caminhada, assim como montanhistas da re-gião e voluntários da Trilha Transcarioca (RJ).

Mulheres das Reservas Extrativistas (Resex) de Corumbau, Cassurubá, Canavieiras e Baía do Iguape se reuniram nos dias 19 e 20 de outubro no município de Nova Viçosa, sul da Bahia. O objetivo do encontro foi fortalecer a organiza-ção das mulheres extrativistas e sua participa-ção nos espaços de representação. Além disso, o evento proporcionou troca de experiências sobre saúde e bem-estar da mulher pescadora, suas atividades produtivas e sua luta pela con-quista de direitos e acesso a políticas públicas.

Tanto a organização quanto a condução do encontro foram realizadas pela Rede de Mulheres de Comunidades Extrativistas Pesqueiras da Bahia, entidade que desenvolve diversas ações voltadas para a inserção das mulheres em políticas públicas e para o fortalecimento da organização feminina nas Resex da Bahia e também de outras regiões.

PROGRAMAÇÃO

Ao todo, 40 mulheres de diversas faixas etá-rias estiveram presentes na reunião. A programa-ção do evento incluiu rodas de conversa, grupos de trabalho e facilitação gráfica, criando um es-paço que buscou acolher e respeitar o modo de vida das extrativistas. Pedrina Reis, marisqueira na Resex Canavieiras, ressaltou a importância da participação social e da união comunitária. “Se a gente não participar dos conselhos e dos espa-ços, a gente não se empodera. Precisamos nos unir, lutar por direitos e fazer com que nossa luta se torne visível”, argumentou.

Durante o encontro, questões relativas à saúde foram tratadas com destaque, uma vez que muitas mulheres adquirem doenças ocupacionais no processo de pesca (alergias, problemas de coluna, lesões por esforço repe-titivo, entre outros). Além das doenças causa-das pelas atividades de pesca, as participan-tes também falaram sobre a importância dos exames preventivos, levando em considera-ção o fato de que muitas extrativistas residem em comunidades afastadas, o que dificulta o acesso a serviços de saúde.

80 ANOS

Além de comemorar os 10 anos do ICMBio, o evento fez parte da agenda de aniversário do Parque Nacional do Itatiaia, que em junho completou 80 anos de existência. O parque é a unidade mais antiga do país e um dos ber-ços do montanhismo brasileiro. A inclusão da UC no calendário de travessias, portanto, não foi uma escolha ao acaso.

“O uso público é uma ferramenta impor-tante para trazer as pessoas para dentro das unidades e fazer com que elas se apropriem e tenham orgulho delas. Isso ajuda a alavancar recursos, apoio e traz a sociedade para defen-der os parques”, disse Tomzhinski, que acredita ainda que as trilhas de longo curso que conec-tam várias áreas protegidas são uma excelente forma de aprofundar esse contato dos visitan-tes com a natureza.

ATIVIDADES PRODUTIVAS

As experiências relacionadas às atividades produtivas enriqueceram ainda mais a progra-mação. A Resex Baía do Iguape apresentou os resultados obtidos no projeto de criação de ostras, que vem sendo desenvolvido com o apoio de parceiros locais. Já a Resex Canaviei-ras abordou a produção de óleo de coco na UC e compartilhou informações sobre a pro-dução de farinha a partir da casca do cama-rão. Além de gerar renda, o trabalho com a casca do camarão ajuda a reduzir os resíduos. “A atividade está apenas começando. Precisa-mos de apoio para estudos sobre os valores nutricionais da farinha”, ressalta Pedrina Reis.

“Nesse encontro, pudemos perceber quão transformadora a articulação feminina pode ser dentro das Resex e dos diferentes movi-mentos relativos à pesca. As mulheres orga-nizadas participam de maneira mais ativa da gestão das UCs e trazem mudanças signifi-cativas para suas comunidades tradicionais”, afirma Rejane Andrade, consultora do Projeto GEF Mar, que apoiou a realização do evento. A equipe local do ICMBio e do Centro do Na-cional de Pesquisa e Conservação da Sociobio-diversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais (CNPT/ICMBio) também marca-ram presença e apoiaram o 1º Encontro de Mulheres das Resex da Bahia.

Travessia também fez parte das comemorações dos 80 anos do parque

Evento buscou fortalecer a organização das mulheres extrativistas

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Concessionária conclui obras no Parque Nacional do Iguaçu

Instituto promove seminário sobre parcerias ambientais

No dia 1º de novembro, a sede do Parque Na-cional do Iguaçu (PR) foi palco de uma reunião entre representes do ICMBio e da concessioná-ria Cataratas do Iguaçu S/A. Na ocasião, foram assinados os termos de entrega e recebimento de parte das obras realizadas pela empresa na área do parque. Como representantes das ins-tituições, assinaram os documentos o gerente geral da Cataratas S/A, Adélio Demeterko, o chefe do Parna do Iguaçu, Ivan Carlos Baptiston, e o chefe da UAAF 5, Eduardo Monteiro.

A entrega das obras representa o cumpri-mento de parte das obrigações assumidas pela concessionária em relação aos investimentos propostos no 3º Termo Aditivo, celebrado em 2008. A ação foi resultado do esforço conjun-to de servidores da UAAF 5 e do parque, que, conforme proposta elaborada pela Diplan, ini-ciaram em fevereiro deste ano um grupo de trabalho para realizar minuciosa análise dos contratos assinados com a concessionária. O grupo buscou identificar possíveis erros, omis-sões ou vícios sanáveis, propondo providências para restabelecer a regularidade contratual.

RELATÓRIO DO GT

No relatório produzido no mês de julho

Tendo em vista o advento da nova legisla-ção que regulamenta as parcerias entre a ad-ministração pública e as organizações da so-ciedade civil em regime de mútua cooperação, o Instituto Chico Mendes realizou o Seminário Alianças Ambientais – Capacitação no Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC). O evento aconteceu entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro, no au-ditório do Parque Nacional do Itatiaia (RJ).

A capacitação tratou especialmente do MROSC através da Lei 13019/14 e do Decreto Federal 8726/16, onde são explicitadas as novas regras para a formalização de Acordos de Cooperação, Termos de Colaboração e Termos de Fomento.

A chefe da Divisão de Parcerias do Instituto, Carla Guaitanele, explica que houve um aumen-to da demanda pela formalização de parcerias e, consequentemente, foram surgindo muitas dúvidas relativas a instrumentos (a exemplo do chamamento público), doações e relação entre ICMBio e entidades com e sem fins lucrativos. “O objetivo da capacitação foi sanar as princi-pais dúvidas, permitindo que as Coordenações Regionais passem a orientar melhor as unidades de conservação”, frisou Guaitanele.

pelo GT foram sugeridas medidas de correção das falhas encontradas, bem como melhorias relacionadas à execução desses contratos, entre elas o devido recebimento da obra de reforma e ampliação do Centro de Visitantes, porta de entrada do Parque do Iguaçu, segun-da unidade de conservação federal mais visi-tada do país. De acordo com dados do ICM-Bio, mais de 1,5 milhão de turistas passaram pelo parque somente no ano de 2016.

OBRAS CONCLUÍDAS

Na reunião, foram assinados os termos de entrega e recebimento definitivo de obras que incluem, além da revitalização do Centro de Visitantes, a finalização do auditório para eventos e a construção de parada de ônibus em frente ao Hotel das Cataratas. Na ocasião, os representantes da concessionária se com-prometeram a entregar todos os arquivos e plantas impressos para composição do acervo do Parque Nacional do Iguaçu, em obediência à legislação vigente.

No total, cerca de 7 milhões de reais foram investidos pela Cataratas S/A, que é detentora da concessão e explora importantes serviços na área de uso público do parque desde 1998.

Além das CRs, participaram do encontro representantes da Procuradoria Federal Espe-cializada (PFE), Coordenação de Concessões, Coordenação de Compensação Ambiental, Divisão de Recursos Externos do Estado de Santa Catarina (Fundação do Meio Ambiente – Fatma), Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Universidade de Caxias do Sul e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, além de or-ganizações da sociedade civil, como o Institu-to de Pesquisas Ecológicas (Ipê), a Fundação Mais Cerrado e a Associação Amigos do Par-que Nacional da Tijuca.

PAPP

A capacitação foi realizada no âmbito do Projeto Parcerias Ambientais Público-Privadas – PAPP, que prevê a disseminação do conhe-cimento acerca das parcerias como forma de fortalecer não apenas o ICMBio, mas também os parceiros com os quais o Instituto se re-laciona. A coordenação da capacitação ficou sob a responsabilidade da Divisão de Parce-rias, vinculada à Coordenação Geral de Uso Público e Negócios (CGEUP/Diman). Todo o material da capacitação será disponibilizado no site do projeto: papp.org.br.

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Durante o evento, presidente do ICMBio lançou o Guia de Licenciamento Tartarugas Marinhas

Representantes do ICMBio e da Cataratas S/A assinaram os termos de entrega e recebimento das obras

Participantes do seminário no Parque Nacional do Itatiaia

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Soavinski defende ampliação do número de parques nacionais com serviços de visitação

O presidente do Instituto Chico Mendes, Ricardo Soavinski, defendeu na manhã da última terça-feira (7), na abertura da quarta edição do evento Parques do Brasil, em São Paulo, a ampliação e a melhoria dos parques nacionais, unidades de conservação (UCs), que têm como um dos principais objetivos oferecer recreação na natureza.

“Nosso desafio é aumentar o número de parques com serviços de visitação, melhoran-do a qualidade e a experiência dos visitantes, além de diversificar as oportunidades recrea-tivas. Estamos trabalhando para ganhar esca-la e aumentar a visitação nos parques nacio-nais”, declarou Soavinski.

O evento Parques do Brasil é promovido pelo Instituto Semeia e reúne iniciativa priva-da, órgãos públicos e organizações não go-vernamentais (ONGs). Este ano, a proposta temática central girou em torno das “Novas Fronteiras da Gestão de Parques”. Fundado em 2011, o Instituto Semeia é uma organiza-ção sem fins lucrativos que busca promover a articulação entre os setores público e privado, com vistas ao desenvolvimento e à aplicação de modelos de gestão inovadores e sustentá-veis em parques no Brasil.

PARCERIAS

Soavinski reafirmou a necessidade de par-cerias para superar os desafios de adminis-trar as 324 UCs federais, que correspondem

a 9% do território nacional. Abordou as boas experiências de concessões com a iniciativa privada em quatro parques nacionais (Iguaçu, Tijuca, Fernando de Noronha e Jericoacoara), que são os mais visitados e oferecem boa es-trutura para o visitante.

“Ainda temos 18 parques em estudo de via-bilidade para a concessão de alguns serviços para a iniciativa privada”, explicou. Nesta lis-ta, estão, entre outros, os parques de Brasíla, Chapada dos Veadeiros, Pau-Brasil, Caparaó, Aparados da Serra, Jaú, Serra da Bocaina, Ca-nela e São Joaquim.

O presidente também citou a experiência com o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, que tem gestão compartilha-da com o Insitituto Ekos, além das 12 unidades de conservação apoiadas pela Fundação SOS Mata Atlântica e 72 que contam com a colabo-ração do Programa Áreas Protegidas da Ama-zônia (Arpa), do Ministério do Meio Ambiente.

Soavinski disse que, dos 73 parques na-cionais, 50 têm Plano de Manejo e 11 estão com o documento em fase de elaboração. O presidente também ressaltou a gestão parti-cipativa das UCs e afirmou que 280 unidades contam com conselhos gestores. Soavinski destacou, ainda, a parceria de voluntários que ajudam a cuidar e preservar as unidades de conservação. O ICMBio tem hoje 1.700 voluntários em 133 UCs.

O presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski, durante o evento Parques do Brasil, em São Paulo

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Gestores e extrativistas discutem produção sustentável de caranguejo

O Instituto Chico Mendes, em parceria com o Projeto Manguezais do Brasil, promoveu, nas duas últimas semanas, oficinas com ges-tores e extrativistas de diversas unidades de conservação de todas as regiões brasileiras. A primeira oficina, ocorrida entre 31 de outubro e 1º de novembro, em Brasília, foi um proces-so participativo sobre o marco regulatório do caranguejo-uçá. O objetivo foi ouvir a comu-nidade que atua na cadeia produtiva.

O caranguejo-uçá é uma das espécies mais consumidas e também uma das mais ameaçadas, possuindo regulamentação própria durante a “andada”, época de reprodução. A captura é uma importante atividade econômica na área costeira do Brasil, especialmente para comunidades que vivem próximas aos manguezais brasileiros.

“Os manguezais são ecossistemas muito importantes, quer seja do ponto de vista so-cial – pois milhares de famílias vivem da co-leta de crustáceos e moluscos diretamente nos mangues ou da pesca artesanal próxima e dependente deles – quer seja pela ecolo-gia – pois é fundamental nos ciclos de vida de muitas espécies costeiro-marinhas, como, por exemplo, juvenis que se abrigam e se ali-mentam nos mangues”, explica o diretor de Ações Sociambientais e Consolidação Territo-rial, Claudio Maretti.

“Com a oficina, pudemos ter contato com outras comunidades, aprender as práticas, com-partilhar conhecimento e construir o marco re-gulatório com diálogo”, enfatizou João Lima, comunitário da Reserva Extrativista (Resex) Ma-rinha São João da Ponta, no Pará. Os extrati-vistas tiveram a oportunidade de sinalizar aos representantes do ICMBio quais eram as prin-cipais técnicas utilizadas, como o laço e a tapa.

SERVIÇOS ECOLÓGICOS

Na terça-feira (7), o ICMBio finalizou a ofici-na de Protocolo de Valoração dos Passivos da

Carcinicultura em Manguezais com gestores e comunitários. A ideia foi avaliar a importância de bens e serviços ecológicos prestados pelos manguezais e o grau de severidade dos impac-tos causados neste ecossistema. Por meio da moderação de pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, os participantes pu-deram trabalhar num protocolo de valoração dos passivos da carcinicultura em manguezais.

Este protocolo considera um possível cenário de afetação do ecossistema e os eventuais pre-juízos que extrativistas poderiam ter. Conside-rando as curvas de recuperação do caranguejo ano a ano até o crescimento comercial (em tor-no de 6 a 7 centímetros), os participantes ava-liaram, em termos ecológicos e econômicos, os impactos de um empreendimento que afetaria a perda de indivíduos numa determinada área. O cálculo leva em conta o número de indivídu-os que deixariam de existir em estoque, o início da tomada de ações de mitigação dos danos e o começo efetivo da recuperação.

Também foi considerado o valor unitário de caranguejo em determinado período e os custos com aparatos e equipamentos para a coleta dos crustáceos. “O cálculo serve para demonstrar o impacto de empreendimentos para a renda de uma comunidade que depen-de da coleta de caranguejos”, explicou o pro-fessor Ronaldo Seroa da Mata, pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) que conduziu a metodologia.

Assim, esse protocolo servirá para o caso de desmontar ‘fazendas de carcinicultura’ ir-regulares, apoiar avaliações para autorização ou não da instalação da atividade e eventu-ais processos administrativos e jurídicos asso-ciados à atividade. “A expectativa do ICMBio é fortalecer mecanismos para as melhores avaliações e decisões possíveis em favor da conservação da natureza, em defesa das po-pulações tradicionais e em prol do desenvolvi-mento sustentável”, concluiu Maretti.

Oficinas trataram do marco regulatório do caranguejo-uçá

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IMPORTÂNCIA DAS UCs

As unidades de conservação (UCs) são de grande valor para a produção sustentável de pescado e frutos do mar. Embora o Brasil te-nha um grande desafio de proteção na zona marinha, áreas de manguezais apresentam ní-veis de proteção satisfatórios, sendo as UCs grandes responsáveis por esta proteção.

“Uma unidade de conservação federal per-mite a possibilidade de regulamentação das espécies marinhas e coíbe a captura de espé-cies sob risco sem gerar prejuízo de estoque”, avalia a pesquisadora da Nature Viva Mangue, Rosimeire Dantas, que monitora a região nor-te do Rio Grande do Norte, estado considera-do o berço da carcinicultura no país. Dantas conta que, em áreas não protegidas, fica mais difícil implementar a produção sustentável da carcinicultura, como já existe nas UCs.

A atuação das UCs é imprescindível também no contexto de mitigação das condições climáticas, como no sequestro e manutenção do estoque de carbono e proteção das áreas marinho-costeiras. Apesar de grande parte dos manguezais do Bra-sil estar protegida em unidades de conservação, pelo novo Código Florestal, aparentemente ain-da há um volume significativo de conversão de habitats (desmatamento, transformação etc.), nos próprios mangues e no seu entorno.

“Estudos ainda em andamento apontam que a carcinicultura é o principal vetor dessa conver-são, sobretudo no Nordeste, fora de unidades de conservação, em áreas de proteção ambien-tal e no entorno de reservas extrativistas. Há ca-sos de áreas legalmente estabelecidas, mas ou-tras provavelmente irregulares ou mantidas por liminares da Justiça”, afirma Maretti.

PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL

Antes de o sol raiar, os coletores de caran-guejos já estão nos manguezais onde ficam três ou quatro dias, a depender da maré. Cen-tenas de milhares de extrativistas dependem dessa atividade para sustentar suas famílias. Em unidades como a Resex Mocapajuba, em São Caetano de Odivelas, no Pará, os caran-guejos são a principal atividade econômica.

Na Reserva Extrativista de São João da Pon-ta, aproximadamente 270 pessoas vivem da coleta de caranguejo, dentre elas 23 mulhe-res. “Muitas são chefes de família e utilizam a renda para o sustento de seus filhos”, conta a extrativista Raimunda Moura, que vive do caranguejo há 30 anos.

Devido à importância dessa atividade, o ICMBio tem apresentado resultados positivos em parceria com as comunidades locais na produção sustentável de caranguejo, de for-ma que o animal não desapareça dos man-gues brasileiros.

Uma das inovações é a técnica das basque-tas. São cestas plásticas que substituem os sa-cos de tecido, diminuindo a mortalidade dos animais. “Conseguimos um maior valor agre-gado, o caranguejo partiu de R$ 0,40 para R$2,00, mas a expectativa é atingir R$3”, infor-mou João Lima, da Resex São João da Ponta. Paralelamente, as comunidades têm aprendido mais técnicas, se aprimorado mais, obtendo selo de origem e procedência e aumentando ainda mais a qualidade dos produtos.

“Estamos com a esperança de aprovação de projetos para beneficiar e agregar mais valor aos produtos, qualificar mais os pescadores e nos engajarmos ainda mais na produção sus-tentável”, anunciou o extrativista Ronaldo Go-mes, da Reserva Extrativista de Mocapajuba.

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Voluntários fazem a diferença no combate ao incêndio em Veadeiros

Um quadro de avisos na base aérea de Alto Paraíso mostrava o apoio da comunidade local a quem estava na linha de frente combatendo o incêndio que atingiu o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, entre os dias 10 e 31 de outubro. Voluntários espremiam o nome de mais um colaborador no quadro de agradeci-mentos: o número já passava de 40. Empre-sas, proprietários de terra da região e cidadãos comuns apoiaram a operação fornecendo ali-mentos, combustível, transporte e outros itens imprescindíveis para apoio de campo. O grupo ganhou um nome: Rede Contra Fogo.

PROGRAMA DE VOLUNTARIADO

Serena é uma das participantes do Programa de Voluntariado do Parque Nacional da Chapa-da dos Veadeiros. Ela começou oferecendo al-gumas palestras sobre técnicas de massagem, mas acabou se envolvendo com as equipes que foram a campo e passou a oferecer mas-

sagens de recuperação para os combatentes. Quando soube que estava fazendo a diferen-ça, Serena decidiu fazer mais. “A necessidade surgiu e algo precisava ser feito”, lembra. As-sim, ela mobilizou alguns amigos e vizinhos da vila onde vive e juntos montaram a “Central de Apoio”, que funcionou em sua própria casa. Além de estrutura com internet e telefone, a casa foi disponibilizada para organizar os do-nativos e distribuí-los às equipes em campo.

O trabalho do grupo de Serena foi coorde-nado por Maria Carolina Camargos, respon-sável pelo Programa de Voluntariado da UC. Entre outras atividades, os voluntários organi-zavam o material era enviado a campo. Por dia, foram produzidos aproximadamente 120 kits de lanche, que serviam como complemento às refeições disponibilizadas aos brigadistas.

“Este ano fizemos as coisas com um pouco mais de pressa por causa da urgência da situa-ção”, afirma a professora de ioga Maria Beatriz Lamartine. “Ano que vem queremos nos orga-nizar mais, colocando alimentos mais naturais e com melhor descarte na natureza”, completa a voluntária.

ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE

O grupo também criou um crowdfunding (como são chamadas as “vaquinhas” na Inter-net) para angariar fundos a fim de comprar equipamentos e fortalecer o combate dos bri-

Voluntária preenche mural de agradecimentos àqueles que colaboraram durante o incêndio

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gadistas no parque e nas regiões adjacentes. “Passado esse evento do fogo, acreditamos que os equipamentos que foram adquiridos possam contribuir no processo de estruturação e capacitação da comunidade da Chapada dos Veadeiros para lidar melhor com as questões do fogo futuramente”, afirmou o chefe da uni-dade, Fernando Tatagiba.

“A participação da comunidade é gratifican-te para o nosso trabalho, pois estamos vendo a mobilização da sociedade civil para proteger

o parque”, avalia Maria Carolina Camargos. Ainda segundo a coordenadora, o perfil de vo-luntários do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é de estudantes e turistas. O fato de tantas pessoas terem se mobilizado animou Carolina para o futuro do Programa de Volun-tariado. O evento movimentou bastante o e--mail do programa, que ficou lotado de pes-soas querendo contribuir, de alguma forma, para a extinção do fogo no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

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Oficina define ações de conservação para espécies do Cerrado e Pantanal

Caparaó recebe equipamentos para melhoria da infraestrutura de visitação

Especialistas em peixes, anfíbios, répteis e primatas reuniram-se na Acadebio para definir ações de conservação para as espécies amea-çadas desses grupos taxonômicos que ocorrem no Cerrado, Pantanal e bacia Tocantins-Ara-guaia. A oficina para elaboração do Plano de Ação Nacional para a Conservação das Espé-cies Ameaçadas de Extinção da Ictiofauna, Her-petofauna e Primatas do Cerrado e Pantanal (CerPAN) foi organizada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfí-bios (RAN/ICMBio) e parceiros.

O evento contou com a presença de repre-sentantes de diversas instituições, entre univer-sidades, órgãos federais e estaduais de meio ambiente, ministérios públicos estaduais, orga-nizações não governamentais e empresas pú-blicas de pesquisa energética e agropecuária, totalizando 42 participantes. Durante a ofici-na, foram elencados cinco objetivos específi-cos que deverão ser alcançados nos próximos

No último sábado (4), o Centro de Visitantes do Parque Nacional do Caparaó foi palco da ce-rimônia de entrega de diversos equipamentos para melhoria da infraestrutura da unidade de conservação (UC): mobiliário, equipamentos de manutenção e aparelhos de informática. Os itens entregues são provenientes de uma emenda par-lamentar do deputado federal Givaldo Vieira. A emenda tem como objetivo principal oferecer melhores serviços aos milhares de turistas que o Parque do Caparaó recebe durante todo o ano.

cinco anos. Além disso, foram estabelecidas 33 ações de conservação, que envolvem a incor-poração da proteção das espécies-alvo e seus habitats em políticas públicas, a redução da perda e degradação de habitats, a diminuição da retirada de indivíduos da natureza, bem como a geração e divulgação de conhecimen-to. A partir de agora, o RAN e parceiros vão desenvolver esforços no sentido de concretizar as ações do CerPAN, de modo que elas possam reduzir o risco de extinção das espécies-alvo e as ameaças aos seus habitats.

Especialistas reunidos na Acadebio, em Iperó (SP)

Cerimônia de entrega aconteceu no Centro de Visitantes Evento reuniu estudantes e agricultores de Cachoeiro de Itapemirim

Flona de Pacotuba promove Encontro de Agricultura Familiar

No dia 25 de outubro, a Escola Família Agrí-cola de Cachoeiro de Itapemirim (ES) sediou o 2º Encontro de Agricultura Familiar e Saber Agroe-cológico (2º EnCASA). O encontro foi promovido pela Floresta Nacional de Pacotuba em parceria com o Instituto Capixaba de Pesquisa, a Assistên-cia Técnica e Extensão Rural (Incaper), a Escola Família Agrícola de Cachoeiro de Itapemirim, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e associações de agricultura familiar da região. O evento pos-sibilitou que estudantes e agricultores familiares debatessem sobre políticas públicas e práticas de agroecologia e agricultura orgânica, apontando caminhos para o desenvolvimento de estratégias de organização da agricultura familiar e da agro-ecologia com o apoio das instituições públicas e movimentos sociais atuantes no município.

O 2º EnCASA contou com a presença de 120 pessoas, que incluíram, ainda, representantes da Secretaria de Estado da Agricultura, Abaste-cimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo (Seag), Secretaria de Agricultura e Abastecimen-to (Semag) de Cachoeiro de Itapemirim, e Institu-to de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf). Durante o encontro, aconteceram mesas redondas, relatos de experiências e fei-ra de saberes. Entre os principais resultados do evento, destacam-se a criação da “Rede de Agro-ecologia de Cachoeiro de Itapemirim” e a defi-nição de ações para promoção da agroecologia que devem ser realizadas até o próximo EnCASA, previsto para o segundo semestre de 2018.

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ICMBio em Foco - nº 445www.icmbio.gov.br20 21créditos: Paulo de Araújo/MMA

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ICMBio em FocoRevista eletrônica

EdiçãoNana Brasil

Projeto Gráfico Bruno Bimbato

Narayanne Miranda

Diagramação Celise Duarte

Supervisora da DCOMMárcia Muchagata

Colaboraram nesta edição

Graziela Balassa – Cepam; Thalma Velôso – APA do Mamanguape; Lara Côrtes – RAN; Iris Alves – Cepam; Elmano Cordeiro – DCOM; Ramilla Rodrigues – DCOM; Carla Guaitanele – CGEUP/Diman; Heber Eller – Parna do Caparaó; Francielle Pracidelli – UAAF Foz do Iguaçu; Carla Oliveira – DCOM; Fernando Repinaldo – Parna Marinho dos Abrolhos.

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