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Parque Natural Municipal Das Garças Estudos para Criação Uberlândia julho/2015

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Parque Natural Municipal

Das Garças

Estudos para Criação

Uberlândia julho/2015

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INTRODUÇÃO

O estudo aqui apresentado tem por objetivo submeter à sociedade, através de Consulta Pública e ampla

divulgação, a proposta de criação de uma nova Unidade de Conservação, no Município de Uberlândia, localizada

na sua área urbana, na região oeste da cidade.

A criação do Parque Natural Municipal das Garças é uma iniciativa do Poder Público Municipal, que conta com

o apoio e cooperação da inciativa privada, desde a sua concepção e nas tarefas iniciais de sua implementação.

Os estudos para a criação da nova UC, é fruto da cooperação técnica entre a Secretaria Municipal do Meio

Ambiente, que coordenou a sua realização, e a equipe de colaboradores e consultores da ITV Empreendimentos

Imobiliários, empresa sediada no Município.

Durante 2014 e 2015, foram realizadas inúmeras reuniões promovidas pela Secretaria Municipal do Meio

Ambiente, envolvendo outros setores da administração municipal, especialmente a equipe da Secretaria de

Planejamento Urbano e a Procuradoria Jurídica, muitas delas coordenadas pelo Exmo. Prefeito Gilmar Machado,

com o objetivo de viabilizar o novo Parque.

Utilizou-se como referência para a elaboração dos estudos, o “Roteiro para Criação de Unidades de Conservação

Municipais” publicado pela Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (2010), entre

outras publicações de referência e a legislação Federal e Estadual e Municipal pertinente.

No Capitulo 1. Histórico e Capitulo 2. Área Proposta para a nova Unidade de Conservação, estão descritos o

processo e a concepção desta inciativa, que foi desenvolvida durante a discussão de diretrizes para a

apresentação do processo de aprovação e licenciamento do empreendimento de parcelamento do solo da

Fazenda do Óleo, de propriedade da Delta Administração e Participação Ltda. – ITV.

Os estudos aqui apresentados para a caracterização do meio físico e biótico da área proposta, foram

desenvolvidos pela empresa Bevilaqua Ambiental & Cultura que serviram de base para a elaboração dos

capítulos correspondentes. As informações fornecidas, compilam dados secundários disponíveis em referências

bibliográficas, relatórios das pesquisas, registros documentais e depoimentos orais, além de incluírem dados

primários de levantamentos de campo realizados no período de março e abril de 2015, para a elaboração do EIA

– Estudo de Impacto Ambiental da Fazenda do Óleo, inerente ao processo de licenciamento ambiental de

empreendimento urbanístico de parcelamento de solo urbano. O seu uso foi autorizado pelos autores, sendo que

a citação ou uso das informações constantes dos Capitulo 3, 4 e 5, respectivamente Caracterização do Meio

Físico, Caracterização do Meio Biótico e Caracterização da Vegetação, quando ocorrer, deverá ser feita mediante

aviso prévio e autorização dos autores.

Além da relevância ambiental da nova Unidade de Conservação, nos demais capítulos, procurou-se ressaltar a

importância da criação do novo Parque para a população da cidade em especial para a região Oeste, a mais

populosa da cidade, bem como as medidas de proteção e gestão da área até a aprovação do Plano de Manejo

da nova Unidade de Conservação.

Por fim, o estudo além das medidas transitórias de gestão, propõe a discussão de iniciativas inovadoras de

gestão do novo Parque, que possam além de garantir uma adequada implantação, a sua gestão sustentável ao

longo do tempo e incentivar a ampla participação da sociedade civil de Uberlândia nesse processo.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................02

1. HISTÓRICO.............................................................................................................................................04

2. ÁREA PROPOSTA

2.1. Localização.....................................................................................................................................06

2.2. Composição da Área.......................................................................................................................06

2.3. Importância da Área.......................................................................................................................07

2.4. Enquadramento da Área / Categoria SNUC......................................................................................10

3. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO

3.1. Clima e Condições Meteorológicas..................................................................................................13

3.2. Geologia.........................................................................................................................................21

3.3. Geomorfologia...............................................................................................................................24

3.4. Podologia.......................................................................................................................................26

3.5. Recursos Hídricos...........................................................................................................................29

3.6. Águas Subterrâneas........................................................................................................................33

3.7. Canal fluvial e morfologia da bacia..................................................................................................35

4. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO

4.1. Caracterização da fauna silvestre....................................................................................................36

4.1.1. Herpetofauna.......................................................................................................................37

4.1.2. Aves.....................................................................................................................................37

4.1.3. Mamíferos ...........................................................................................................................44

4.2. Caracterização da Vegetação..........................................................................................................47

4.2.1. Vereda.................................................................................................................................48

4.2.2. Cerradão..............................................................................................................................48

4.2.3. Cerrado sentido restrito........................................................................................................49

4.2.4. Estrutura e florística encontradas na área proposta...............................................................49

5. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO SOCIOECONÔMICO

5.1. Aspectos demográficos do Município..............................................................................................61

5.2. Índice de Desenvolvimento Humano – Municipal (IDH-M) ..............................................................63

5.3. Caracterização do Setor Oeste........................................................................................................64

5.4. Demanda Potencial de Uso Público e Educação Ambiental..............................................................65

6. PROPOSTA DE GESTÃO DA UNIDADE DE

CONSERVAÇÃO......................................................................................................................................67

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................................................................74

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1. HISTÓRICO

A proposta de criação do PNM das Garças, por iniciativa do Poder Executivo Municipal, teve sua origem no

âmbito das discussões do processo de aprovação do empreendimento da ITV Empreendimentos Imobiliários,

localizado em glebas urbanas de sua propriedade, conhecidas como Fazenda do Óleo.

A ITV tem uma trajetória de atuação histórica no setor, que foi iniciada com a Imobiliária Tubal Vilela de

reconhecida importância na expansão urbana de Uberlândia.

Desde o início do processo, dadas as dimensões do empreendimento, as discussões com a Secretaria Municipal

do Meio Ambiente - SEMEIAM e Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e ITV Empreendimentos

Imobiliários, foram pautadas pela busca de soluções e propostas urbanísticas e ambientais, que fossem além

das condicionantes da legislação vigente e que pudessem inserir o projeto numa perspectiva de desenvolvimento

urbano sustentável.

Para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a destinação das Áreas de Preservação Permanente - APPs do

empreendimento, com 87,468 há, isoladamente, poderia ser apenas um ônus administrativo e de fiscalização

para a sua preservação.

Diante desta constatação, as equipes técnicas da SEMEIAM e do empreendedor deram início a uma série de

discussões em busca de soluções que preservassem as áreas com vegetação natural, em razão da forte

influência antrópica na área em questão.

Durante os estudos e discussões, ficou evidente que a área de APP da Fazenda Planalto conecta-se territorial e

ecologicamente com outras duas áreas protegidas e pertencentes ao Município: o Parque Natural Municipal do

Óleo, criado em 2004 e a área de APP da antiga SUDEPE, hoje incorporada ao patrimônio municipal.

Vislumbrou-se assim, por parte da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a possibilidade de consolidação das

três áreas em uma única Unidade de Conservação, o que traria significativos ganhos ambientais e de gestão.

Visto que o Parque Municipal do Óleo, criado pelo Decreto Municipal nº 9.505 de 02 de junho de 2004, nunca foi

de fato implementado, e sequer tem seus limites identificados e não é reconhecido como tal pela população do

seu entorno, o município propôs incorporar, com base na Lei 9.985 de 2000, Art. 22§ 6º, o PNM do Óleo, à nova

Unidade de Conservição, mantendo o mesmo grau de proteção e sem a redução do seu território.

Justifica-se a incorporação ao PNM das Garças, sendo este uma Unidade de Conservação da mesma categoria

que a UC incorporada, mas com maior viabilidade de implantação e com evidentes ganhos ambientais e de

gestão.

Por sua vez, a incorporação da área da Fundação de Excelência Rural de Uberlândia – FERUB, antiga SUDEPE,

justificou-se por dois fatores principais: aumentar o grau de proteção de parte da área com vegetação natural e

possibilitar a conexão da APP da Fazenda do Óleo, com a área do Parque do Óleo, ligando as duas vertentes

do Córrego do Óleo, que se conectam, na sequência, ao Parque Linear do Óleo, configurando um importante

corredor ecológico.

Além disso, e não menos importante, durante os estudos verificou-se a possibilidade de incorporar integralmente

o espelho d’agua existente na área da FERUB, que em parte já pertencia ao PNM do Óleo, ao novo Parque

Natural Municipal das Garças. A incorporação do reservatório contribuirá para a beleza cênica e será mais um

atrativo para o uso público e educação ambiental do novo Parque. Essa proposta teve o apoio e a aprovação da

Fundação de Excelência Rural de Uberlândia - FERUB. Essa inclusão também permite viabilizar o acesso da

população dos bairros Jardim das Palmeiras, Planalto, Jardim Europa e Chácaras Tubalina, Jardim Canaã,

Jardim Célia, Chácaras Panorama, Santo Antônio, Jardim Europa, Mansour, Jardim Holanda, Luizote de Freitas,

Jardim Patrícia, Jaraguá e Tubalina ampliando a interação socioambiental com a população do entorno do

Parque.

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Por fim, as equipes técnicas da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, consideraram a possibilidade de

incorporar à nova Unidade de Conservação as Áreas Dominiais, devidas pelo empreendimento da DELTA-ITV,

doação que está prevista na Lei Complementar nº 525, de 14 de abril de 2011 que dispõe sobre o Zoneamento

do Uso e Ocupação do Solo no município de Uberlândia e Lei Complementar n° 523 de 07 de abril de 2011 que

dispõe sobre o Parcelamento do Solo do Município e dos seus Distritos. O regramento municipal determina que

os loteamentos devem doar ao Município, descontadas as áreas de APP, 7% da área total do empreendimento.

No caso do empreendimento da Delta - ITV, corresponde a uma área de 27, 874 há, que será incorporada ao

novo Parque.

Após reuniões com as equipes técnicas da Secretaria de Planejamento Urbano e com a Procuradoria Jurídica

da Prefeitura, foi aprovado pelo chefe do Executivo Municipal a proposta de incorporação das Áreas Dominiais

ao perímetro da nova Unidade de Conservação, mediante encaminhamento para aprovação pela Câmara

Municipal, de projeto de Lei do Executivo autorizando a doação antecipada das Áreas Dominiais da Delta

Administração e Participação Ltda., para fins de incorporação ao novo Parque a ser criado.

As áreas dominiais incorporadas ao novo Parque permitirão, melhorar a proteção da vegetação natural das APP,

visto que poderão recepcionar as áreas de uso público intensivo como as instalações administrativas, praças de

alimentação, estacionamentos, áreas de esporte e lazer, e outros usos, que serão definidos no Plano de Manejo

do Parque, sem intervenção nas áreas naturais existentes. Com a elaboração do Plano de Manejo do Parque,

parcelas significativas dessas áreas dominiais também poderão ser destinadas à recuperação e enriquecimento

florestal e servirão de proteção aos processos erosivos que ameaçam a integridade das veredas existentes na

sua zona núcleo.

Desta forma a proposta do novo PNM das Garças resultou da consolidação de 4 (quatro) áreas, que deverão,

ser todas de domínio público municipal.

A concepção do novo Parque proposta em última instância procurou dar consequência as diretrizes do SNUC

que em seu Art.5º inciso XIII estabelece que as Unidades de Conservação:

“busquem proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades de conservação de diferentes

categorias, próximas ou contíguas, e suas respectivas zonas de amortecimento e corredores ecológicos, da

natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e recuperação dos ecossistemas.”

No caso, buscou-se integrar numa mesma Unidade de Conservação sob a mesma gestão na busca de maior

eficiência e eficácia na sua implantação e racionalização de recursos financeiros e humano.

Em resumo, este breve histórico procura resumidamente, relatar um processo bem sucedido de cooperação

público-privada para a criação de um Parque Natural Municipal. A expectativa é que essa cooperação, continue

no processo de implantação e gestão e que incorpore outros segmentos da sociedade civil uberlandense nessa

importante missão.

Para a ITV, por sua trajetória quase centenária, foi uma oportunidade de deixar um legado para a cidade, e desta

forma homenagear seu fundador, Tubal Vilela, que dedicou uma vida, sempre olhando Uberlândia pela lente do

futuro.

Para o Poder Público Municipal, a oportunidade de criação de um Parque Natural Municipal, com 136,381 há,

consolidando diversas áreas protegidas, numa visão estratégica e racional de gestão ambiental e principalmente

de poder oferecer à população de Uberlândia uma melhor qualidade de vida.

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2. ÁREA PROPOSTA

2.1. Localização

A área proposta para a criação do Parque Natural Municipal das Garças compreende o total de 136,381

há.

A área está inserida no perímetro urbano do município de Uberlândia, na região administrativa do

Triangulo Mineiro, Estado de Minas Gerais, Brasil.

Localiza-se na Zona Oeste do município (Figura 1), a mais populosa da malha urbana municipal, com

140.539 habitantes, segundo dados do censo de 2010 do IBGE.

A região caracteriza-se pela forte expansão urbana nas últimas décadas.

De acordo com o mapa de biomas brasileiros do IBGE, a área encontra-se totalmente inserida no Bioma

Cerrado.

2.2. Composição da Área

Conforme já abordado anteriormente, a definição dos limites propostos para criação do PNM das

Garças levou em consideração a oportunidade de consolidar 4 (quatro) áreas naturais contíguas, sendo

que 2(duas) já são de domínio do Poder Público Municipal, e outras 2(duas), que serão incorporadas

Figura 1: Localização do PNM das Garças no contexto do Município de Uberlândia.

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ao domínio municipal, no âmbito do processo de licenciamento de empreendimento nas glebas que

compõe a Fazenda do Óleo, de propriedade da Delta Administração e Participação Ltda, da ITV

Empreendimentos Imobiliários.

Estas áreas configuram o polígono constante no Memorial Descritivo, parte integrante do Decreto

Municipal de criação da nova Unidade de Conservação (figura 2 e 3), com área total de 136,381

hectares conforme descritas abaixo:

Figura 2 e 3: Polígono referente aos limites do Parque Natural Municipal das Garças e detalhes das áreas originárias.

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I- Área de 87,468 há correspondente à Área de Preservação Permanente das glebas da Delta

Administração e Participação Ltda., delimitada no âmbito do processo de licenciamento ambiental

pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente que serão destinadas como área de preservação ao

Município, no âmbito do processo de licenciamento do empreendimento imobiliário na Fazenda do

Óleo;

II- Área de 27,874 há, de áreas dominiais, decorrentes do processo de licenciamento acima descrito.

III- Área de 18,748 há do Parque Municipal do Óleo, criado pelo Decreto Municipal nº 9505 de 02 de

junho de 2004, que passa a incorporar a nova UC;

IV- Área de 2,291 há, Parte da área da “antiga SUDEPE”- FERUB, correspondente a Área de

Preservação Permanente.

2.3. Importância da Área

A área proposta para a criação do PNM das Garças pode ter sua importância abordada sob dois

aspectos principais: a) a relevância de seus atributos ambientais e sua importância para a conservação

da natureza e b) a importância de uma unidade de conservação da categoria PNM que possibilita a

disponibilização de área verde para o lazer e uso público pela população do entorno e do município

como um todo.

Com relação ao primeiro aspecto, importância ambiental, a área do PNM proposto apresenta

importantes fragmentos de Cerrado, em bom estado de conservação, de cerrado estrito senso,

cerradão e principalmente importantes áreas de fitofisionomia de Veredas.

Na área núcleo do Parque, além de incorporar uma nascente do PNM do Óleo, encontram-se 3 (três)

outras nascentes do Córrego do Óleo, um importante contribuinte do Rio Uberabinha, principal fonte

de abastecimento de água do Município.

Os estudos de fauna realizados indicaram que a área proposta abriga 38% das espécies da silvestres

com ocorrência registrada na área urbana de Uberlândia. No levantamento de campo da avi-fauna, os

estudos comprovaram a ocorrência de 85 espécies, que corresponde a 60% das espécies já registradas

no município.

Em relação ao grau de conservação da vegetação nativa é importante destacar que as Veredas encontram-se bem preservadas, sem evidências significativas de processos erosivos ou contaminação de recursos hídricos. As pressões predatórias são essencialmente decorrentes de ações antrópicas, como lançamento irregular de entulhos e lixo nas bordas mais próximas das ruas e caminhos próximos ao PNM das Garças. Há ocorrência de vegetação exótica invasora nas bordas da APP o que deverá ser objeto de recuperação e enriquecimento florestal e incrementar o grau de conservação da área do novo Parque. Cabe destacar que a revegetação com espécies arbóreo-arbustivas e frutíferas a serem definidas no plano de manejo para as áreas dominiais anexas à APP, é um fator contribuinte efetivo para elevar a relevância ecológica da UC e principalmente para a proteção da área núcleo representada pela fitofisionomia de Veredas, dos efeitos de borda para a vegetação e de zona buffer para os processos erosivos. De um modo geral, considerando tratar-se de uma área urbana, e ocupação consolidada, a mesma apresenta-se bem preservada e com potencialidade de incremento em sua conservação e na capacidade de suporte para o uso público.

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Ainda sob o aspecto da conservação ambiental, outra característica importante da área proposta para

a criação do PNM das Garças, é a sua conexão com o Parque Linear do Óleo, que por sua vez conecta-

se ao Parque Linear do Rio Uberabinha (Figura 4), principal fonte de abastecimento de agua do

município e a outros importantes remanescentes de vegetação natural.

Tal fato, melhor detalhado no capítulo dedicado à caracterização do meio biótico deste estudo, aumenta

a importância da nova UC na configuração de um importantíssimo corredor ecológico urbano,

provavelmente de dimensão impar entre as grandes cidades brasileiras.

Considerando o segundo aspecto relevante que caracteriza a área proposta, pode-se afirmar que a

criação do PNM das Garças possibilitará suprir de forma significativa a carência de áreas verdes e de

lazer, estruturadas como Parques Municipais na Região Oeste do Município.

O grande adensamento populacional e a tendência de crescimento futuro da região, contrapondo-se

às Unidades de Conservação já existentes no Município de Uberlândia (Figura 5 e Tabela 1),

demonstram a importância do PNM das Garças na busca de um melhor equilíbrio no município como

um todo entre a demanda da população e a oferta de espaços verdes para o lazer, a educação

ambiental e a qualidade de vida como um todo.

Figura 4: Conexão entre as várias UCs e o PMN das Garças possibilitando a existência de corredor ecológico

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Por fim, considerando-se a associação entre o aspecto locacional, os atributos ambientais e cênicos

da área estudada, a proposta de criação do Parque Natural Municipal das Garças está em perfeito

alinhamento com as diretrizes estratégicas do modelo de desenvolvimento urbano e ambiental

consignados no Plano Diretor do município, correspondendo ao compromisso do poder executivo

municipal de promover o desenvolvimento sustentável e o direito ao meio ambiente saudável a todos

os cidadãos e em todas as regiões do município.

2.4. Enquadramento da Área / Categoria SNUC

A proposta de Categoria de Manejo da nova Unidade de Conservação levou em consideração a

delimitação da Área Proposta, bem como os estudos dos meios físico e biótico, a caracterização da

vegetação e a do meio socioeconômico, que compõem os estudos aqui apresentados.

No entanto, desde o início dos estudos, ficou evidente para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente

que um Parque Natural Municipal seria a melhor alternativa para assegurar a preservação da

biodiversidade, proteger a paisagem natural e assegurar o uso público de forma sustentável.

Considerando que a área proposta está totalmente inserida no perímetro urbano e tem seus limites

imediatos cercados por bairros populosos e consolidados, avaliou-se ser inviável o manejo de uma UC

com grau de restrição maior que um Parque Natural. Por outro lado, e pela mesma razão da forte

pressão antrópica do seu entorno, praticamente se impõe uma categoria onde o uso público ordenado

seja permitido, como é o caso do Parque Natural Municipal.

Parques Municipais Categoria Área Total / ha Região/ ZONA

Parque do Sabiá Parque Municipal 184,74 Norte

Parque Distrito Industrial Parque Municipal 28,24 Norte

Parque Victorio Siquierolli Parque Natural Municipal 23,32 Norte

Parque Santa Luzia Parque Municipal 26,83 Sul

Parque Luizote de Freitas Parque Municipal 5,59 Oeste

Parque do Óleo Parque Natural Municipal 18.75 Oeste

Tabela 1 e Figura 5: Conjunto dos Parques Municipais de Uberlândia com respectivas áreas e localização

(carência atual da Zona Oeste do Município)

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A Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação

(SNUC), define Unidade de Conservação como o “espaço territorial e seus recursos ambientais,

incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo

Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração,

ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.

A unidade de conservação proposta, tem entre os objetivos definidos no Art.4º da lei do SNUC, o

propósito de:

a) Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos;

b) Contribuir para a preservação e restauração da diversidade de ecossistemas naturais;

c) Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de

desenvolvimento;

d) Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

e) Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

f) Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

g) Favorecer condições e promover a educação ambiental e interpretação ambiental, a recreação

em contato com a natureza e o turismo ecológico.

A mesma Lei define no seu Art.11, os objetivos da categoria Parque, estabelecendo que:

”Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. § 1o O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. § 2o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. § 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. § 4o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.” (grifo nosso).

Por sua vez, a Lei Estadual nº 20.922 de 2013, define no seu Art.43, item a transcrito abaixo, o conceito de Parque no Estado de Minas Gerais.

“a) parque: a área representativa de ecossistema de valor ecológico e beleza cênica que contenha espécies da fauna e da flora e sítios com relevância científica, educacional, recreativa, histórica, cultural, turística, paisagística e espiritual, em que se possa conciliar, harmoniosamente, o uso científico, educativo e recreativo com a preservação integral e perene do patrimônio natural;”

Nesse sentido, o Poder Público Municipal, considerando a legislação vigente, e as características da área proposta, considerou que a categoria Parque Natural Municipal é a mais apropriada para os objetivos propostos. A denominação do parque proposto, como Parque Natural Municipal das Garças, segue o estabelecido na Lei do SNUC e no Decreto Federal nº 4.340, capitulo I, Art.3º de 2002, que recomenda que “a denominação de cada unidade de conservação deverá basear-se, preferencialmente, na sua

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característica natural mais significativa, ou na sua denominação mais antiga, dando-se prioridade, neste último caos, ás designações indígenas ancestrais”. O nome foi escolhido em função da presença da garça-branca-grande (Ardea alba) na área do

parque, sendo ela uma ave de grande porte e de grande beleza. Em função da represa e da criação

de peixes na FERUB sua presença é cada vez maior no local.

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3. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO

3.1. Clima e Condições Meteorológicas

Para a caracterização climática da Área de Estudo foi realizado um levantamento acerca do clima em

escala regional e feita uma descrição dos principais sistemas de circulação atmosférica atuantes na

região. Foram consultados, dentre outros, os trabalhos de NIMER (1977), MONTEIRO (1973),

SANT’ANA NETO (2009), DEL GROSSI (1992), SÁ JUNIOR (2009), o Mapa de Climas do Brasil na

escala 1:5.000.000 (IBGE, 2002), além do modelo de classificação climática de Koeppen (KOEPPEN,

1948; THORNTHWAITE; MATHER, 1951; ROLIN et al., 2007, PEEL et. al., 2007). As análises também

se pautaram nas informações disponibilizadas no Zoneamento Ecológico Econômico do Estado de

Minas Gerais (2008).

Na seqüência foram levantados os dados de estações meteorológicas presentes na área de estudo e

analisados os resultados dos parâmetros coletados. Para tanto, foram utilizadas as Normais

Climatológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 1992) e consultados o banco de dados

do INPE/CPTEC (2011), Agência Nacional de Águas (BRASIL, 2011), AGRITEMPO (BRASIL, 2011),

CENSOLAR (1993), bem como o Atlas Brasileiro de Energia Solar (CRESESB, 2011).

Clima Regional

Com base nos critérios definidos por Koppen (simplificados por Setzer, 1966), o município de

Uberlândia encontra-se em área de transição climática, onde o regime térmico e de precipitação define

as tipologias climáticas regionais. Conforme o Zoneamento Climático do Estado de Minas Gerais

proposto por Sá Júnior (2009) – apresentado na Figura 6 – a área de estudo encontra-se sob o domínio

de dois sub-tipos climáticos, descritos a seguir:

Figura 6: Classificação climática de Koppen para o Estado de Minas Gerais

Fonte: SÁ JÚNIOR, 2009

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Cwa – Clima subtropical quente com inverno seco. Predomina na maior parte da bacia, à exceção do

extremo norte e extremo sul da mesma. Este tipo de clima é caracterizado por temperaturas inferiores

a 18 ºC no mês mais frio e superiores a 22 ºC no mês mais quente. No mês mais seco, é usual a

ocorrência de totais pluviométricos inferiores a 30 mm.

Aw – Clima tropical com inverno seco. Neste tipo de clima, a temperatura média do mês mais frio é

igual ou superior a 18 ºC e a temperatura média do mês mais quente é sempre igual ou superior a 22

ºC. Em relação à distribuição das chuvas, observa-se invernos secos, quando as precipitações não

ultrapassam os 60 mm médios mensais no mês mais seco.

De acordo com a classificação climática do IBGE (2005), que leva em consideração o regime de

precipitações, a área em questão está sob o domínio de climas úmidos e semi-úmidos, que diferenciam-

se, sobretudo, em relação ao regime térmico. Observa-se a atuação do clima Quente semi-úmido, com

4 a 5 meses secos e com temperatura superior a 18 ºC em todos os meses do ano. Nessas áreas o

inverno é ameno e a sensação de frio somente se verifica em forma de ondas espasmódicas por

ocasião das invasões do anticiclone polar.

Outro tipo de clima atuante é o Subquente semi-úmido, também com 4 a 5 meses secos, porém com

temperatura média entre 15 e 18 ºC em pelo menos 1 mês do ano. Neste tipo de clima, a menor

freqüência de temperaturas elevadas no verão e temperaturas mais amenas no inverno deve-se,

principalmente, à influência da altitude.

De acordo com a classificação de Thornthwaite e Mather (1955), apresentada na Figura 7, o município

de Uberlândia encontra-se em área de transição entre o domínio do sub-tipo climático B2, onde as

Figura 7: Classificação climática do Estado de Minas Gerais segundo Thornthwaite e Mather

Fonte: DANTAS et al, 2001.

Município de

Uberlândia

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médias anuais da temperatura e da precipitação acumulada são da são da ordem de 19,0 a 20 ºC e

1500 a 1600 mm, respectivamente. Por sua vez a evapotranspiração potencial segue valores relativa-

mente mais baixos, com deficiência hídrica anual no solo agrícola da ordem de 87 mm (DANTAS et all,

2001).

De maneira geral, o que particulariza as diferenciações climáticas na região de Uberlândia é a amplitude

altimétrica, que atua como um fator de abrandamento do caráter tropical do clima. Conforme diversos

estudos clássicos da geografia física brasileira (AB’SABER, 1967; NIMER, 1979; MONTEIRO, 1973;

CONTI, 1975; SANT’ANA NETO, 2009), nenhuma outra região do Brasil sofre influência tão nítida deste

fator estático, que comanda a distribuição espacial das temperaturas e das precipitações.

No entanto, apesar da grande influência deste fator estático sobre o clima da região, além da sua

localização tropical, apenas estes fatores não permitem uma maior compreensão do clima da região.

Portanto, a seguir são descritos sucintamente os principais sistemas de circulação atmosférica.

Circulação Atmosférica

Para a caracterização sinótica do clima na região de Uberlândia foram considerados os principais

sistemas de circulação atmosférica que, por sua atuação direta, exercem um importante papel na

variação das composições climáticas do estado de Minas Gerais, e da região Sudeste de forma geral,

tanto no tempo como no espaço.

Em relação aos principais parâmetros de larga escala que comandam o regime climático diário e

sazonal, destacam-se os sistemas de alta pressão e os sistemas de frentes, que se alternam ao longo

do ano ocasionando as linhas de instabilidade (chuvas) e as condições de alta pressão (tempo bom).

O primeiro aspecto a destacar é que o clima regional é marcado pela nitidez de estações secas e

úmidas. Isto se deve aos sistemas de circulação atmosférica que determinam os tipos habituais que se

expressam pelo domínio de massas de ar. Assim, a sazonalidade marcante das precipitações se deve

a influência das massas tropicais e polares.

Durante o inverno na região do Triângulo, há resfriamento noturno com ausência de chuvas. É quando

domina na região a massa Tropical atlântica (mTa), que juntamente com a massa Polar atlântica (mPa),

lidera a circulação atmosférica nessa época do ano. A mTa, ao atingir o continente, nessa época

resfriado, sofre também resfriamento basal, tendendo a estabilizar-se. Parte de sua umidade é

condensada por efeito orográfico, ocorrendo precipitações no litoral e chegando ao interior já bem mais

seca.

Por outro lado, as precipitações produzidas no avanço da massa polar são também mais abundantes

nas proximidades do litoral, no contato mais direto com a mTa. Assim, durante o inverno, os índices

pluviométricos são advindos apenas da frente polar. Como a região de Uberlândia fica a maior parte

do tempo, nesse período, sob o domínio da mTa prevalecem as condições de estabilidade. Podem

ocorrer, no entanto, precipitações ocasionais de origem frontal durante os avanços esporádicos da

mPa.

No verão, também se observa o domínio da mTa, pois com o aquecimento do continente, enfraquece-

se o abastecimento do ar polar. Esse aquecimento provoca instabilidade na mTa que se reproduz em

precipitações. Mesmo nesta estação, as chuvas da mTa matem íntima conexão com os fenômenos da

frente polar, especialmente em decorrência da sua instabilidade pré frontal. As ondas de frio, nesse

período, são fracas e não atingem a região que, no entanto, é atingida por ondas de calor vindas do

Noroeste, provocadas pelas linhas de instabilidade tropicais que ocasionam fortes aguaceiros,

sobretudo convectivos.

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Em síntese, pode-se concluir que as condições de tempo e a típica sazonalidade climática na região

do Triângulo Mineiro, decorre da atuação dos seguintes fenômenos sinóticos:

Sistemas de alta pressão: também chamados de anticiclones, são responsáveis por estabilizar a

atmosfera e estão associados às massas de ar Subtropical Atlântica. Portanto, são denominados sobre

a latitude da área em questão, de Anticiclones Subtropical Marítimo do Atlântico Sul. Ao girarem no

sentido anti-horário, divergem o ar do centro para as suas bordas. Este sistema produz estabilidade do

tempo, provocando aumento das temperaturas e diminuição da umidade pelo efeito adiabático ao longo

de sua trajetória. Em função da rugosidade do terreno, este sistema deixa parte de sua umidade a cada

vertente a barlavento, e ao transpô-las provoca ressecamento adiabático nas vertentes a sotavento,

além de aquecimento nos vales encaixados (SANT’ANA NETO, 2009).

Sistemas de frentes: estão associados às áreas de baixa pressão, formadas a partir do encontro da

Massa Polar Atlântica e do ar úmido e quente do Brasil Central. Das Correntes Perturbadas, as que

atuam mais diretamente sobre o território do Triângulo Mineiro são as Correntes Perturbadas de Oeste

e Sul. As Correntes Perturbadas de Oeste correspondem às Linhas de Instabilidade Tropical (LIT) ou

Instabilidades Tropicais (IT), originadas na Massa Equatorial Continental. Ocorrem no interior do Brasil

entre meados da primavera a meados do outono, sendo mais freqüentes no verão. Provocam chuvas

intensas, localizadas, acompanhadas de trovoadas e algumas vezes granizo, conhecidas como chuvas

de verão.

Estes sistemas de baixas pressões giram no sentido horário, convergindo o ar quente e úmido para o

seu centro e com isso aumentam a nebulosidade e intensificam a velocidade do vento. Possuem um

raio médio horizontal em torno de 600 km. Tem a sua maior freqüência de atuação durante a primavera

e no verão. Esta condição acontece porque o núcleo do anticiclone se desloca para superfície oceânica,

permitindo o avanço da massa de ar equatorial quente e úmida responsável pelas freqüentes

ocorrências de precipitações do tipo convectiva. O mês de Dezembro é o que representa maior número

de passagens deste tipo de frente, responsável pela ocorrência dos tempos instáveis.

Em síntese, no período de primavera/verão, o anticiclone migratório polar é responsável pelo avanço

das frentes frias que atuam na região, por mecanismos de circulação superior do ar e pelo

deslocamento do equador térmico para o hemisfério norte. No outono/inverno, os bloqueios das frentes

tornam-se mais frágeis e o anticiclone polar avança para latitudes mais baixas, deixando terreno para

a evolução da massa polar, que traz episódios de temperaturas mais amenas.

Parâmetros Meteorológicos

Os dados históricos utilizados no presente diagnóstico são aqueles coletados na Estação Climatológica

do Laboratório de Climatologia e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Uberlândia, operada

Estação Uberlândia

Código A507

Latitude 18.91S

Longitude 48.25W

Responsável INMET/UFU

Operadora INMET/UFU

Altitude 869,00 m

Parâmetros Utilizados Precipitação, Umidade Relativa e Temperatura do Ar

Tabela 2: Dados relativos à Estação Climatológica A507 – Uberlândia/MG

Fonte: INMET (2014).

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em parceria com o INMET. Os dados compreendem o período entre 1981-2003 e são relativos às

médias mensais. Os dados da estação climatológica supracitada encontram-se apresentados na

Tabela 2 Estes dados foram assumidos como representativos do comportamento do regime climático

dominante na região de estudo.

Precipitação

A distribuição da precipitação, assim como de outros elementos climáticos, é bastante irregular junto à

superfície terrestre. Isso se deve, em princípio, à existência de alguns fenômenos que tendem a

modificar a normalidade de ocorrência da precipitação e conseqüentemente dos períodos de estiagem.

Na região Sudeste, a irregularidade da precipitação está diretamente relacionada com o deslocamento

de sistemas circulatórios de escala sinótica, associados à formação de linhas de instabilidades locais,

principalmente no Verão devido à oscilação da Zona de Convergência do Atlântico Sul, ZCAS. Da

mesma, forma a altitude imprime a influência do fator estático na distribuição das chuvas, que

compreendem o elemento climático de maior importância na definição do clima regional.

Nota-se, fundamentalmente, que tal distribuição implica em duas estações bem definidas: verões

chuvosos e períodos de estiagem no inverno. Quanto à época dos mínimos, ela se dá de maio a

setembro, relacionando-se à ausência quase completa de chuvas de IT, ficando a região na

dependência quase que exclusiva das instabilidades frontais representadas pelas correntes

perturbadas de sul. Por outro lado, observa-se que o trimestre dezembro-janeiro-fevereiro representam

os meses mais chuvosos, quando as precipitações ultrapassam facilmente os 170 mm mensais.

Cabe destacar, no entanto, que o mecanismo atmosférico na região de Uberlândia, e na região tropical

de forma geral, se caracteriza por sua notável irregularidade, podendo apresentar comportamento bem

distintos de um ano para o outro. Disto resulta que as precipitações em cada ano estão,

consequentemente, sujeitas a totais bem distintos, podendo se afastar grandemente dos valores

normais (NIMER, 1979).

Na Tabela 3 é ilustrada a distribuição anual das precipitações médias no município de Uberlândia.

Dado as características citadas, verifica-se que o mês de dezembro é o mais chuvoso: 318,9 mm.

Ademais, observam-se totais elevados em outubro, novembro, janeiro, fevereiro e março, quando as

alturas médias são sempre superiores a 200 mm.

Em relação ao período seco, observam-se os menores valores entre maio e setembro, sendo as

precipitações médias inferiores a 60 mm. Junho, julho e agosto são os meses mais secos (precipitações

Meses do ano Precipitação média (mm) Jan 311,6 Fev 201,0 Mar 228,2 Abr 78,7 Mai 39,7 Jun 15,3 Jul 8,7 Ago 15,5 Set 52,6 Out 110,4 Nov

203,0 Dez 318,9

Total médio anual

1.583,6

Tabela 3: Precipitação média mensal (mm). Uberlândia (A507) 1981-2003

Fonte: INMET, 2014.

Fonte: INMET, 2014.

Fonte: INMET, 2014.

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médias <30 mm), refletindo a atuação do Anticiclone Tropical Semi-fixo do Atlântico Sul que caracteriza

o sub-tipo climático “w” já descrito neste estudo.

No que diz respeito às médias anuais, verifica-se que na estação climatológica em análise alturas

médias de 1.583 mm, em acordo com as Normais Climatológicas do INMET (1992).

Em síntese, confirmar-se a sazonalidade climática típica da região, fato explicado tanto por fatores

estáticos, como a posição geográfica e a altitude, quanto por fatores dinâmicos associados à atuação

dos sistemas de circulação atmosférica.

Temperatura

Em relação às temperaturas no estado de Minas Gerais, enfatiza-se que as diferenças térmicas

regionais, assim como as pluviométricas, são extremamente diversificadas. A extensão latitudinal

associada às altitudes elevadas do relevo exercem importante papel na distribuição das temperaturas

médias anuais. A variação térmica implica temperaturas mais elevadas entre os meses de setembro a

dezembro, quando os valores médios se elevam entre 26 e 28 ºC, e temperaturas mais amenas entre

junho, julho e agosto, quando estas aproximam-se dos 14 ºC médios no sul de Minas (INMET, 1992;

NIMER, 1977).

A distribuição temporal das temperaturas médias, máximas e mínimas é apresentada na Tabela 4. A

média térmica mensal é de 22,3 ºC. De forma geral, verificam-se valores mais elevados entre outubro

e março, porém o mês mais quente é o de outubro com média de 23,9 ºC, sendo as médias máximas

de 30,7 ºC. Junho e julho são os meses mais frios, quando os valores mínimos médios apresentaram-

se na faixa dos 14 ºC.

De forma geral, verifica-se que as médias do ano exprimem bem a predominância de temperaturas

medianas a elevadas durante quase todo o ano. Entretanto, observa-se mais comumente que estas

são mais predominantes entre a primavera e o verão, quando a incidência dos raios solares se verifica

em ângulos maiores e em períodos mais prolongados. Por outro lado, no restante dos meses do ano,

principalmente entre maio e agosto, as temperaturas são mais amenas em função de diversos fatores,

os quais destacam-se a maior inclinação dos raios solares em função dos solstício de inverno, redução

da intensidade da radiação solar incidente nesta época do ano e avanços mais rigorosos das massas

de ar frio de origem polar.

Meses do ano Média Máxima média Mínima média

Jan 23,4 29,2 19,6

Fev 23,7 29,9 19,5

Mar 23,5 29,5 19,4

Abr 22,,8 29,2 18,3

Mai 20,7 27,5 15,8

Jun 19,3 26,7 14,3

Jul 19,4 27,0 14,0

Ago 21,1 29,0 15,3

Set 22,8 30,1 17,3

Out 23,9 30,7 18,9

Nov 23,6 29,8 19,3

Dez 23,5 29,1 19,4

Média mensal 22,3 28,9 17,5

Tabela 4 Temperatura média mensal, máxima média mensal e mínima média mensal (ºC). Uberlândia (A507)

1981-2003

Fonte: INMET, 2014.

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Umidade relativa do ar

A distribuição anual dos valores da umidade relativa do ar em Uberlândia é apresentada na Tabela 5.

Da mesma forma que ocorre com os totais pluviométricos, a distribuição da umidade relativa do ar

caracteriza-se pelos valores elevados durante o verão, e que decrescem durante os meses do outono

inverno em função da ausência de chuvas nesses período. Conforme os dados históricos do INMET

(1992) a umidade relativa do ar média na região varia entre 70 e 75% durante o ano, valores estes

condizentes com aqueles registrados em Uberlândia (70,5%).

De forma semelhante à distribuição dos totais pluviométricos, os meses de maior umidade

compreendem o período entre dezembro e março, com pico no mês de janeiro (80%). O mês de agosto

é o mais seco, quando observou-se valores médios de 58%.

Os meses mais úmidos estão associados à atuação dos sistemas de correntes perturbadas que

ocasionam chuvas, enquanto os meses mais secos relacionam-se à atuação dos sistemas de alta

pressão responsáveis por estabilizar a atmosfera nestas regiões do Brasil central. De toda forma, e

como já descrito anteriormente, são comuns desvios anuais em relação às normais, e períodos críticos

de úmidade já foram observados na região, quando os valores absolutos da umidade relativa do ar

permanecem abaixo dos 30% no fim da estação seca (agosto/setembro).

Dentre os motivos que explicam os valores não tão elevados da umidade do ar, quando comparados

com outras localidades do estado, destacam-se a posição latitudinal com intensa radiação solar e o

efeito de continentalidade, que diminui consideravelmente a influência das massas úmidas durante os

meses de inverno.

Meses do ano Umidade relativa do ar (%)

Jan 80

Fev 77

Mar 79

Abr 73

Mai 71

Jun 68

Jul 62

Ago 58

Set 61

Out 66

Nov 73

Dez 79

Média mensal 70,5

Tabela 5: Umidade relativa do Ar. Médias mensais (%). Uberlândia (A507) 1981-2003

Fonte: INMET, 2014.

Nível ceráunico

O nível ceráunico mede a quantidade de descargas atmosféricas em uma determinada área, avaliada

a partir do número de dias de tempestades por ano em uma região.

Em linhas gerais a formação de uma descarga atmosférica acontece quando existem nuvens

intensamente carregadas (tempestades), e massa de ar úmida, com carga negativa em parte inferior,

que cria uma descarga piloto em direção a terra. Em contrapartida um caminho ionizado inicia-se da

terra em direção a nuvem e vai se desenvolvendo até encontrar a descarga piloto. Neste momento,

forma-se um caminho completo que dá origem a primeira descarga (líder) possibilitando então a

corrente de retorno (terra para a nuvem) de maior intensidade.

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Devido à densidade de descargas atmosféricas para a terra ser expressa pelo número de raios por

quilômetro quadrado, o valor dessa densidade, para uma dada região, é função direta do número de

dias de trovoadas por ano (Nível Ceráunico).

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), através do Grupo de Eletricidade Atmosférica

(ELAT), monitora as descargas elétricas na região Centro Sul, incluindo a região de Uberlândia. De

acordo com dados disponibilizados pelo referido Instituto, a quantidade de raios no município de

Uberlândia no ano de 2013 foi de 7,08 descargas/km²/ano, para uma área de 4.130 km².

Balanço hídrico

Levando-se em conta os parâmetros meteorológicos apresentados e as respectivas distribuições ao

longo do ano, tem-se o balanço hídrico climatológico para a região de Uberlândia. Foi utilizada a

proposta metodológica de Thornthwaite e Mather (1955) e a Capacidade de Água Disponível Padrão

(CAD) de 125 mm (ROLIN et al., 2007). Os resultados são apresentados na Figura 8.

Figura 8: Balanço hídrico climatológico para a localidade de Uberlândia (CAD 125 mm)

Fonte: INMET (2014); Queiroz (2009).

O balanço hídrico climatológico, desenvolvido por Thornthwaite e Mather (1951) é uma das várias

maneiras de se monitorar a variação do armazenamento de água no solo. Através da contabilização

do suprimento natural de água ao solo, pela chuva (P), e da demanda atmosférica, pela

evapotranspiração potencial (ETP), e com um nível máximo de armazenamento ou capacidade de água

disponível (CAD) apropriada ao estudo em questão, o balanço hídrico fornece estimativas da

evapotranspiração real (ETR), da deficiência hídrica (DEF), do excedente hídrico (EXC) e do

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armazenamento de água no solo (ARM), podendo ser elaborado desde a escala diária até a mensal

(ROLLIN; SENTELHAS, 1999).

De forma geral, o período de deficiência hídrica na localidade em estudo é compatível com a distribuição

dos totais pluviométricos e atuação dos sistemas de circulação atmosférica ao longo do ano. Em

Uberlândia, o período de deficiência hídrica é observado entre abril e setembro, sendo outubro e

novembro meses de reposição. O pico de deficiência hídrica ocorre em agosto (41,1 mm).

Os meses de dezembro (198,4 mm) e janeiro (199,8 mm) são os que apresentam os maiores

excedentes.

Em síntese, apresenta-se na Figura 9 o climograma representativo do comportamento térmico e

pluviométrico na cidade de Uberlândia.

Figura 9: Climograma da cidade de Uberlândia

Fonte: INMET (2014); Queiroz (2009).

3.2. Geologia

Para a caracterização do substrato rochoso foram consultados o Mapa Geológico da Folha Goiânia

SE.22 da Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo (FARACO et al., 2004) e o Mapa Geológico do

Estado de Minas Gerais, bem como o texto explicativo deste último (COMIG, 2994).

Complementarmente, consultou-se os mapeamentos realizados pelo CETEC e artigos científicos que

versam sobre a área (SOARES, 2002; BACCARO, 1994; NISHIYAMA, 1989; DEL GROSSI, 1992).

Também foi consultado o mapeamento disponibilizado no Zoneamento Ecológico Econômico do Estado

de Minas Gerais (2008). A análise foi complementada com estudos expeditos em campo durante os

meses de setembro de 2014.

Considerando-se as Províncias Estruturais, a área de estudo (bacia hidrográfica do córrego do Óleo)

situa-se na Província Paraná, que abrange grande parte do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. A

complementação do nome Província Paraná com a designação Província Sedimentar Meridional,

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realizada por Bahia et al (2003), teve como objetivo enfatizar o estudo das bacias que a compõe, cada

qual com seu processo de formação e constituição distintos.

Esta província compreende três áreas de sedimentação independentes, separadas por profundas

discordâncias: Bacia do Paraná propriamente dita, uma área de sedimentação que primitivamente se

abria para o oceano Panthalassa a oeste (Milani e Ramos, 1998); a Bacia Serra Geral, compreendendo

os arenitos eólicos da Formação Botucatu e os derrames basálticos da Formação Serra Geral; e a

Bacia Bauru, uma bacia intracratônica.

O município de Uberlândia insere-se na Bacia Bauru, assim designada por Fernandes e Coimbra

(1998), inteiramente contida na seqüência neocretácea (Épsilon, de Soares et al. 1974) da “Bacia do

Paraná” (Milani, 1997). O seu substrato é composto pelas rochas vulcânicas da Formação Serra Geral

(Grupo São Bento). De acordo com Fernandes e Coimbra (1998, 2000) a espessura máxima das suas

rochas sedimentares sobrepostas (300 m) compõe duas unidades correlatas: o Grupo Caiuá e o Grupo

Bauru.

A seguir são descritas as áreas de ocorrência e as principais características das unidades

litoestratigráficas verificadas no município de Uberlândia, com ênfase na bacia hidrográfica do

córrego do Óleo.

Unidades

Litoestratigráficas

Litotipos Datações

(106 – anos) Idades

Qa¹

Depósitos aluvionares

Sedimentos de canais fluviais e

planícies de inundação. 1.75 – atual Quaternário

NQd

Coberturas detríticas

Depósitos colúvio-eluviais e,

eventualmente lateríticas ±1.75

Neogeno/Quaternári

o

K2m

Formação Marília

Arenitos com intercalações de

laminito arenoso ±65 Cretáceo Superior

K1βsg

Formação Serra Geral

Basalto com intercalações de

arenito e diques de diabásio ±135 – 96 Cretáceo Inferior

¹Não mapeadas na escala de trabalho.

Tabela 6: Unidades Litoestratigráficas que ocorrem na área urbana do município de Uberlândia

Fonte: FARACO et al. (2004) e COMIG (1994).

Qa – Depósitos aluvionares

Os sedimentos aluviais são inconsolidados, têm baixa capacidade de suporte, sendo constituídos por

areia fina argilosa, argila orgânica, argila siltosa e por vezes cascalhos. Os sedimentos aluviais têm

espessuras que podem superar 3 m, ocorrendo na base camadas de areias e cascalhos finos. Esses

depósitos formam planícies fluviais estreitas e descontinuas, por vezes em forma de leques, que

conformam pequenas bancos arenosos ao longo das imediações do córrego do Óleo e alguns de seus

afluentes.

NQd – Coberturas detríticas

A cobertura detrítica que recobre as superfícies de topos planos da bacia em estudo é formada por

sedimentos terciários e quaternários, de identificação contravertida. Feltran Filho (1997) considerou os

sedimentos como pertencentes ao Cretáceo, enquanto RADAMBRASIL (1983) e Nishiyama (1989)

mapearam-na como sendo composta por sedimentos do Terciário e/ou Quaternário. Para o primeiro

autor, os sedimentos encontrados recobrindo o material considerado da Formação Marília são

alterações “in situ” da própria Formação.

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De forma semelhante aos sedimentos aluviais, os sedimentos detríticos apresentam-se quase sempre

inconsolidados. Sua constituição é bastante variável, englobando desde seixos mais grosseiros de

quartzo, quartzito e sílex até areia grossa e solos argilosos de cor avermelhada.

Estes sedimentos predominam na bacia do córrego do Óleo, estando distribuídos por quase toda a sua

extensão.

K2m – Formação Marília

Como já mencionado anteriormente, a Bacia Bauru, assim chamada por Fernandes & Coimbra (1998),

é inteiramente contida na seqüência neocretácea da “Bacia do Paraná” (MILANI, 1997). Estes autores

atribuem, à Bacia Bauru, duas fases de deposição: a primeira fase compreende um trato de sistema

desértico, e a segunda, podendo ser representada também pela Formação Marília, um trato de sistema

flúvioeólico, proveniente do nordeste (FERNANDES & COIMBRA, 2000.), em bancos de espessura

média entre 1 e 2 m (NISHIYAMA, 1989).

A Formação Marília é representada por arenitos, arenitos cineríticos, conglomerados, às vezes

calcíferos, lentes de calcários, siltitos e argilitos. Entre outros, destacam-se os seguintes constituintes

mineralógicos: quartzo, sericita, plagiocásio olivina, calcita e minerais de argila (FERNANDES &

COIMBRA, op. cit.).

Os arenitos conglomeráticos e conglomerados com seixos de argilito, típicos desta formação, atestam

períodos de sazonalidade climática marcados por inundações e períodos de aridez alternados. A

estrutura das rochas remontam à um ambiente fluvial com canais anastomasados associados a leques

aluviais e planícies de inundação.

SOARES et al (1980) sugeriram que as rochas desta formação foram depositadas por correntes de alta

energia, com transporte fora de canais em extensos lençóis de escoamento; o que implica em

reconhecer a importância dos leques aluviais como ambiente de sua formação.

Na região do Triângulo Mineiro, Barcelos, Landim e Suguio (1981 apud MME, 1983) propuseram a

designação de Fácies Serra da Galga para caracterizar um pacote de sedimentos com espessura em

torno de 50-70m, constituídos predominantemente por arenitos grosseiros, feldspáticos, argilosos,

conglomeráticos, coloração vermelho rósea, com níveis cinza-esbranquiçado, grãos angulosos e

subangulosos, mal selecionados, carbonáticos, com recorrência da fácies basal (Ponte Alta)

representada por nódulos e concreções carbonáticas.

Esta Formação é distribuída nas áreas mais elevadas do município, sustentando modelados planos,

suavemente ondulados e levemente convexos. Na bacia do córrego do Óleo, os sedimentos da

Formação Marília ocorrem em sua porção centro-norte, inclusive nas áreas destinadas à criação da

nova Unidade de Conservação.

K1βsg – Formação Serra Geral

O Grupo São Bento compreende as formações Botucatu e Serra Geral, e se integra cronologicamente

ao período Jurássico/ Cretáceo Inferior (SILVA et al. 2003).

A Formação Serra Geral, de caráter vulcânico, consiste-se de derrames basálticos continentais, que

formam uma das grandes províncias ígneas do mundo (SAUNDERS et al. 1992, apud SILVA et al.

2003), quando um imenso volume de lava fora expelido através de gigantescas fissuras (NISHIYAMA,

1989). Compreende sucessão de derrames com cerca de 1.500 m de espessura, onde Leinz & Amaral

(1985) consideram 650 m como sendo a espessura média dos derrames.

As principais feições da formação indicam que os basaltos se originaram do extravasamento rápido de

lava muito fluida através de geoclases e de falhas menores. Como não há o conhecimento de produtos

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erosivos no interior da formação, deduz-se não ter havido hiatos significativos durante a atividade

vulcânica. A existência das intercalações eólicas comprova o predomínio das condições desérticas

durante o vulcanismo.

Com relação à composição petrográfica, as rochas da Formação Serra Geral apresentam-se de forma

simples, sendo constituídas, essencialmente, de labradorita zonada associada a clinopiroxênios (augita

e às vezes pigeonita). De forma associativa, ocorrem titano-magnetita, apatita, quartzo e raramente

olivina. Na área de abrangência deste estudo a Formação Serra Geral tem aspecto maciço, uniforme,

amigdaloidal, vesicular, formando espessuras variáveis de derrames, com intercalações lenticulares de

arenito. Possuem fraturas irregulares a subconchoidais.

Os derrames são constituídos por rochas de cores escuras a cinza escuro, por vezes vítreas e

granulação variando de fina a média. São afaníticas, porém, ocasionalmente porfiríticas. Adquirem

colorações vermelho amareladas quando alteradas superficialmente, com as amigdalas preenchidas

por quatzo, calcita ou minerais verdes.

Os basaltos da Formação Serra Geral encontram-se, predominantemente, no baixo curso do córrego

do Óleo, aflorando em alguns setores de seu médio curso.

3.3. Geomorfologia

A caracterização do relevo na Área de Estudo (bacia hidrográfica do córrego do Óleo) teve como

principal referência os estudos realizados por BACCARO (1991, 2004), DEL GROSSI (1992), SOARES

(2002), CARRIJO (2003), FERREIRA et al (2007) e RODRIGUES et al (2004). Também foram

consultados os mapeamentos geomorfológicos do CETEC (1982), do Laboratório de Geomorfologia e

Erosão de Solos da Universidade Federal de Uberlândia, além do Modelo Digital de Elevação do

Terreno (RSTM/NASA). Os estudos expeditos em campo complementaram a descrição apresentada a

seguir.

As formas de relevo identificadas estão descritas em detalhe a seguir.

A área proposta para a criação do novo Parque Municipal está localizada na bacia hidrográfica do rio

Uberabinha (tributário do rio Araguari), inserida no domínio morfoclimático dos Chapadões Tropicais,

recobertos por cerrados e penetrados por florestas galerias. Os relevos são caracterizados por

planaltos de estruturas complexas, capeados ou não por lateritas de cimeira e por planaltos

sedimentares (AB'SABER, 1973). Nesse Domínio ocorre clima tropical com duas estações bem

definidas.

Os planaltos apresentam interflúvios muito largos, vales bastante espaçados, níveis de pedimentos

escalonados e de terraços com cascalhos. As vertentes têm forma de rampas suaves e com muito

pouca mamelonização, que refletem uma evolução condicionada pela ação de processos

morfoclimáticos que foram responsáveis pela elaboração de níveis de aplainamento regional e recuo

das grandes escarpas, que estão sendo dissecadas pela drenagem atual.

O relevo atual da área é resultado da evolução passada e presente, condicionado pela geologia e pelos

processos morfoclimáticos. No Domínio Morfoclimático do Cerrado, em que o Triangulo Mineiro está

inserido, atualmente, a ação da água trabalha como principal agente modelador da paisagem, seja por

meio de canais de escoamento ou em forma de chuva.

Considerando-se a existência de áreas aplainadas, de relevo suave e áreas dissecadas ou rebaixadas

em função da resistência litológica, a visão de conjunto possibilitada pela correlação das informações

geomorfológicas e geológicas torna evidente a influência da estrutura geológica no processo de

formação do relevo.

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Ab’Saber (1971) salientou que após a deposição do Grupo Bauru, representado nesta área pela

Formação Marília, ocorreu uma lenta degradação e rebaixamento das superfícies anteriormente

formadas, bem como a formação de extensas crostas lateríticas, devido ao clima semi-árido ou de

savana (BACCARO, 1989). Estas lateritas em particular, formam patamares abruptos nas vertentes,

que podem manter declividades mais elevadas em relação ao restante da encosta.

A seguir, são descritos as Unidades Geomorfológicas identificadas na Área de Estudo (bacia

hidrográfica do córrego do Óleo): Planalto Tabular e Relevo Dissecado em Patamares Estruturais. Cabe

ainda salientar que, ao longo do médio e alto curso do córrego do Óleo, ocorre a presença de áreas

úmidas, que também serão descritas ao longo deste estudo.

Planalto Tabular

O Planalto Tabular é caracterizado pela baixa variação na declividade, que se apresenta inferior a 12

%, e pela ocorrência de topos amplos e com feições tabulares. Este compartimento corresponde a uma

superfície denudacional praticamente plana. Tem como processo principal na remoção dos detritos o

escoamento superficial pluvial laminar e difuso, agindo assim de forma menos intensa quando

comparado aos relevos dissecados. O relevo dessa área é predominantemente esculpido em formas

tabulares amplas, apresentando escarpas com desníveis superiores a 150 m.

Conforme a classificação de Baccaro (1991) esta área foi denominada de Áreas Elevadas de Cimeira

com topos planos, amplos e largos, entre 950 e 1050m de altitude, marcada pela baixa densidade e

ramificação da drenagem. As vertentes, sustentadas por arenitos da Formação Marília

(predominantemente recobertos por sedimentos cenozóicos), são de baixa declividade, apresentando-

se em formas retilíneas, côncavas ou convexas (FERREIRA et al, 2007).

Em continuidade aos trabalhos de Baccaro, FERREIRA (2001) denominou a área de Planalto Tabular,

aplicando a linha taxonômica de classificação de relevo proposta por Ross (1992). Os níveis altimétricos

mais elevados deste modelado estão assentados diretamente sobre arenitos cretáceos da Formação

Marília, que repousando sobre os derrames basálticos da Formação Serra Geral, constituindo

patamares em cotas em torno 800m.

Verifica-se a presença de extensas rampas coluvionares que transgridem do contato do arenito com o

basalto, marcando transições suaves. Estas rampas constituem extensos depósitos que foram

constituídos pelo retrabalhamento da superfície sulamericana no fim do Terciário e início do Cretáceo.

As formas de relevo configuram-se como modelados suavemente ondulados com declividades de 1 à

10% onde o entalhamento dos vales é de fraco à médio e a dimensão interfluvial é de grande à média.

Esse modelado abrange áreas das nascentes e médio-curso dos principais afluentes do Araguari.

Nos amplos interflúvios os vales são rasos, circundados por campos úmidos, onde ocorrem os solos

hidromórficos. Cabe ainda destacar que, em áreas depressionais de topo ainda podem ser encontradas

lagoas, hoje em processo de ressecamento, conectadas ou não à rede de drenagem.

Os cursos d’água, apresentam baixo gradiente e correm sobre as rochas sedimentares da Formação

Marília. Em algumas situações, como no caso do córrego do Óleo, os canais já apresentam algum

aprofundamento, cortando o pacote de solos hidromórficos e originando barrancas sujeitas a

desmoronamento. Salienta-se, no entanto, que grande parte dessas áreas já encontram-se alteradas

pelos processos de ocupação urbana.

Vale enfatizar que, em razão do modelado de declive suave, esta unidade é ocupada amplamente pela

mancha urbana de Uberlândia e serviu de vetor para seus sucessivos processos de expansão.

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Planalto Dissecado em Patamares Estruturais

Os processos de formação de Unidades de Relevo Dissecadas são principalmente o escoamento

superficial pluvial difuso e concentrado, e é neste compartimento que os processos erosivos se

apresentam mais agressivos. O Planalto Dissecado se caracteriza por uma maior rugosidade da

superfície, com declividades mais intensas, variando de 12 a 40 %.

Na bacia do córrego do Óleo, o Planalto Dissecado coincide topograficamente com as áreas do baixo

curso do coletor principal, já nas imediações de sua foz no rio Uberabinha. No que diz respeito à

hipsometria da região, o Planalto Dissecado se localiza entre 700 e 800 m de altitude.

Esta Unidade é caracterizada por um maior entalhamento dos canais, que se apresentam com maior

gradiente e drenagens mais ramificadas em função da composição estrutural. Os vales se apresentam

encaixados e definidos, sendo que os canais cortam os pacotes sedimentares da Formação Marília no

alto curso e correm sobre os basaltos da Formação Serra Geral.

A presença de soleiras rochosas e patamares com ondulações suaves, resultado do trabalho erosivo

nas camadas horizontalizadas dos basaltos (mais resistentes ao poder erosivo da água),

proporcionaram rupturas e formações de trechos de maior declividade, como aquelas observadas nas

imediações da foz do córrego do Óleo.

Em relação aos processos de intemperismo, vale salientar que a pedogenização dos basaltos

resultaram em solos mais férteis e mais estáveis em função dos teores elevados de argila, enquanto

que aqueles originados dos pacotes sedimentares são mais pobres, como no restante das áreas onde

predominam as litologias das Formação Marília.

Áreas Úmidas

As áreas úmidas aparecem interpenetrando as áreas de topo plano do Planalto Tabular, acentuando-

se no alto curso do córrego do Óleo. Sempre relacionadas à intensa umidade, caracterizam-se por

brejos que aparecem nas áreas deprecionais dos fundos de vale, assim como nas regiões de

nascentes. Apesar de existirem nas áreas de relevo Dissecado em Patamares Estruturais, apresentam-

se extremamente restritas às proximidades dos canais. Destaca-se que no caso em estudo, estas áreas

já encontram-se relativamente alteradas pelas dinâmicas de expansão urbana da cidade de Uberlândia.

3.4. Podologia

Para a caracterização dos solos na bacia hidrográfica do córrego do Óleo foram adotados como

referências o Mapa de Solos do Brasil, na escala 1:5. 000.000 (IBGE/EMBRAPA, 2001) e Mapa de

Solos do Estado de Minas Gerais na escala 1:650.000 (UFV, 2010).

Na Área de Estudo estão presentes as seguintes tipologias de solos, conforme apresentado na Tabela 7.

A seguir, descrevem-se as classes de solos identificadas na Área de Estudo.

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Latossolos

Compreendem solos minerais e não hidromórficos com horizonte B latossólico. Têm grande

homogeneidade de características ao longo do perfil, mineralogia da fração argila predominantemente

caulinítica ou caulinítica-oxídica, que se reflete em valores de relação Ki baixos, inferiores a 2,2, e

praticamente ausência de minerais primários e secundários pouco resistentes ao intemperismo.

Diferenciam-se principalmente pela coloração e teores de óxidos de ferro que determinaram a sua

separação em quatro classes distintas ao nível de subordem (EMBRAPA, 2006). Em geral, apresentam

capacidade de troca de cátions da fração argila baixa (<17cmolc/kg).

Correspondem a solos profundos a moderadamente profundos, porosos e com boa drenagem, o que

resulta em menor suscetibilidade à erosão devido à textura uniforme ao longo do perfil. Por outro lado,

a textura média confere macroporos preponderantes e rápida permeabilidade que, somados à baixa

capacidade adsortiva podem elevar as possibilidades de contaminação de aqüíferos, apesar da grande

espessura (OLIVEIRA, 1999).

Em geral, são solos com boas condições físicas que ocorrem em terrenos planos ou suavemente

ondulados. A principal limitação ao uso desses solos se deve à sua acidez e baixa fertilidade, que é

mais acentuada nos solos de textura média, os quais também são mais susceptíveis à erosão.

Na Área de Estudo de criação da nova UC, são encontrados latossolos distroférricos e distróficos

vermelhos, que constituem solos de coloração vermelha, geralmente com grande profundidade,

homogêneos, de boa drenagem e quase sempre com baixa fertilidade natural, necessitando de

correções químicas para aproveitamento agrícola (EMBRAPA, 2006). Distribuem-se de forma

generalizada em toda a bacia hidrográfica do córrego do Óleo, desde as áreas de topo plano

estruturadas em sedimentos da Formação Marília, até nas áreas onde predominam os basaltos, já no

baixo curso do coletor.

Argissolos

Constituem solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B textural imediatamente abaixo de

horizonte A ou E, o que possibilita uma distinta individualização dos horizontes. São solos profundos

a pouco profundos, porosos e com boa até imperfeita drenagem. A textura no horizonte A é variável

predominando a arenosa, sendo média ou argilosa no horizonte B. Este gradiente textural conduz à

maior suscetibilidade ao processo erosivo, constituindo a sua principal limitação.

Símbolo Legenda do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos – SiBCS

(2006)

LVdf2

LATOSSOLO VERMELHO distroférrico típico A moderado textura argilosa

+ ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO eutrófico típico A moderado textura

média/argilosa + CAMBISSOLO HÁPLICO eutrófico típico A chernozêmico

textura média/argilosa, fase pedregosa; todos fase cerrado e floresta

caducifólia, relevo plano e suave ondulado e ondulado.

LVd1 LATOSSOLO VERMELHO distrófico típico A moderado textura média; fase

floresta subcaducifólia, relevo plano e suave ondulado.

GMd3¹

GLEISSOLO MELÂNICO distrófico típico A proeminente + GLEISSOLO

HÁPLICO distrófico típico A moderado + ORGANOSSOLOS HÁPLICO

sáprico típicos e terricos; todos fase campestre, relevo plano.

¹Não mapeados na área de estudo.

Tabela 7: Unidades de Solos Mapeados da Área de Estudo

Fonte: EMBRAPA (2006).

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Maior relação textural entre os horizontes B e E ou A ocorrem nos Argissolos Vermelho-Amarelos,

quando comparados aos Argissolos Vermelhos, sendo os primeiros, portanto, mais suscetíveis à

erosão. Quando a mudança textural é abrupta a erodibilidade é exacerbada (OLIVEIRA, 1999). São

solos com grande diversidade de características e que ocorrem em diferentes relevos de modo que não

se podem generalizar suas qualidades e limitações para o uso agrícola.

Na Área de Estudo, identificou-se o argissolo vermelho-amarelo, que ocorre em associação com o

latossolo vermelho e cambissolo háplico. Neste solo, as cores do horizonte Bt são vermelho-

amareladas, porém no horizonte A, são sempre mais escurecidas. A profundidade dos solos é variável,

mas em geral são pouco profundos e profundos (EMBRAPA, 2006).

Cambissolos

Os Cambissolos são solos constituídos por material mineral, com horizonte B incipiente subjacente a

qualquer tipo de horizonte superficial. Comporta solos desde fortemente até imperfeitamente drenados,

de rasos a profundos, de cor bruna ou bruno-amarelada até vermelho escura, com saturação por bases

variada, bem como, de alta a baixa atividade de argilas. Podem ocorrer com e sem pedregosidade e

em diversos relevos, desde plano até montanhoso.

Apresentam sequência de horizontes A-Bi-C, transições normalmente claras entre os horizontes e

derivados de materiais relacionados a rochas de composição e natureza bastante variáveis. O

comportamento físico do horizonte Bi é muito variado, principalmente em função da natureza do

material originário. A drenagem, por exemplo, pode variar de acentuada, nos solos de textura média

com grau de floculação elevado, a imperfeita nos solos gleicos, vérticos e/ou solódicos. Com relação

ao tipo de horizonte A, no semi-árido, predomina o do tipo A fraco e A moderado e na zona úmida

costeira, o do tipo A moderado e em poucos casos A proeminente.

Ocorrem associados a latossolos vermelhos e argissolos vermelho amarelos, de forma generalizada

em toda a bacia do córrego do Óleo.

Gelissolo Melânico

São solos característicos de áreas alagadas ou sujeitas a alagamento como margens de rios, ilhas ou

grandes planícies. Apresentam cores acinzentadas, azuladas ou esverdeadas, dentro de 50 cm da

superfície. Podem ser de alta ou baixa fertilidade natural e têm nas condições de má drenagem a sua

maior limitação de uso. Na Área de Estudo, o Gleissolo tem característica Melânica, que remete à

coloração escura ou negra do solo devido à incorporação de matéria orgânica (EMBRAPA, 2006). É

encontrado próximo à calha do rio Uberabinha e ao longo do alto e médio curso do córrego do Óleo e

seus afluentes dentro da Área de Estudo.

Organossolos

São solos constituídos por material orgânico, que apresentam horizonte O ou H, com teor de matéria

orgânica maior ou igual a 0,2kg/kg de solo (20% em massa), com espessura mínima de 40cm, quer se

estendendo em seção única a partir da superfície, quer tomado cumulativamente dentro de 80cm da

superfície do solo, ou com no mínimo 30cm de espessura, quando sobrejacente a contato lítico.

Compreende solos pouco evoluídos, constituídos por material proveniente de acumulações de restos

vegetais em grau variado de decomposição, acumulados em ambientes mal a muito mal drenados, de

coloração preta, cinzento muito-escura ou marrom e com elevados teores de carbono orgânico.

Usualmente, são solos fortemente ácidos, apresentando alta capacidade de troca de cátions e baixa

saturação por bases.

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São solos muito problemáticos e ainda pouco conhecidos no que diz respeito a sua utilização como

substrato para o cultivo de lavouras, além de serem, quase sempre, parte importante de delicados

ecossistemas que se encontram naturalmente sob tênue equilíbrio.

Os háplicos apresentam horizonte sulfúrico e/ou materiais sulfídricos e nem estão saturados por água

por período inferior a 30 dias consecutivos. São de constituição essencialmente orgânica, resultante de

acumulações sucessivas de restos orgânicos em ambientes de grande umidade que geralmente se

tratam de planícies de inundação de rios e córregos ou áreas deprimidas.

As cores são geralmente pretas e o lençol freático está à superfície pela maior parte do tempo.Ocorrem

em condição de relevo plano, associados aos gleissolos, no alto curso do córrego do Óleo.

3.5. Recursos Hídricos

Para a caracterização dos recursos hídricos superficiais que inclui a Área de Estudo para a criação do

Parque Municipal, foram consultados os dados consolidados da Agência Nacional de Águas – ANA -

(BRASIL/ANA, 2005; 2007a; 2007b; 2007c; 2009), e dos Resumos Técnicos ou Cadernos Regionais

da Região Hidrográfica do Paraná que subsidiaram a elaboração do Plano Nacional de Recursos

Hídricos (MMA/SRH, 2005; 2006). Também foram utilizadas as informações disponibilizadas nos

Relatórios Técnicos do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM – (IGAM, 2009; 2008; 2007) e

nos Relatórios Técnicos das Bacias Hidrográficas do rio Paranaíba (CBH/Paranaíba, 2009) e do rio

Araguari (CBH/Araguari, 2008).

As informações concentram-se em dados indicativos do enquadramento das bacias nas unidades de

planejamento e de suas características fisiográficas.

A Área de Estudo (bacia hidrográfica do córrego do Óleo) está situada na Unidade de Planejamento e

Gestão de Recursos Hídricos PN2 Rio Araguari (IGAM, 2009) – 174 (ANA, 2005), inserida na Sub-

região Hidrográfica (60) do Rio Paranaíba, que pertence à Região Hidrográfica (6) do Rio Paraná. Cabe

ressaltar que neste trabalho adotou-se a metodologia de aproximações sucessivas, considerando,

portanto, desde as características da divisão hidrográfica nacional até aquelas compatíveis com a

escala da bacia hidrográfica do rio Uberabinha e seus afluentes.

De acordo com ANA (2009), a Região Hidrográfica do Rio Paraná é dividida em 6 Subunidades

Hidrográficas 1 de Planejamento: Grande, Iguaçu, Paraná, Paranaíba, Paranapanema e Tietê.

Em consonância com a divisão nacional, na divisão hidrográfica do Estado de Minas Gerais, a bacia

hidrográfica em estudo está alocada na UPGRH do rio Paranaíba, especificamente na Subunidade de

Planejamento PN2 Rio Araguari.

A seguir, descreve-se sumariamente as bacias hidrográficas onde a Área de Estudo está inserido. A

caracterização da qualidade das águas na bacia do córrego do Óleo, bem como informações sobre a

geomorfologia fluvial serão apresentadas a seguir.

Bacia Hidrográfica do rio Araguari

O rio Araguari tem suas nascentes localizadas no município de São Roque de Minas na região da Serra

da Canastra. Afluente da margem esquerda do rio Paranaíba, sua bacia ocupa uma área de 20.186

km2, integrando parte, ou a totalidade, dos municípios de Araguari, Araxá, Campos Altos, Ibiá,

Indianópolis, Irai de Minas, Nova Ponte, Patrocínio, Pedrinópolis, Perdizes, Pratinha, Rio Paranaíba,

Sacramento, Santa Juliana, Serra do Salitre, Tapira, Tupaciguara, Uberaba e Uberlândia.

Entre seus principais formadores destacam-se os rios Quebra Anzol pela margem direita, e o

Uberabinha pela margem esquerda. Possui orientação predominante SE-NW e apresenta grande

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potencial hidrelétrico, marcado pela presença de quatro UHEs: Miranda, Nova Ponte, Capim Branco I

e CCapim Branco II.

Em relação à dinâmica fluvial e aos aspectos fisiográficos desta bacia, destaca-se que ao escavar as

rochas de diferentes litologias, o rio Araguari deixou feições por todo o vale. Uma das características

mais importantes pode ser associada às suas formas meandrantes e numerosas ilhas, muitas delas

suprimidas pelos barramentos supracitados.

Para fins de planejamento e gestão, a bacia do rio Araguari foi dividida em 18 sub-bacias, considerando,

basicamente, as áreas de drenagem, conforme apresentado na Figura 10 acima e Tabela 8 a seguir.

Com regime hídrico típico de rios tropicais, no Araguari e em seus afluentes, as cheias são observadas

no fim do período chuvoso, enquanto que as menores vazões médias são observadas no fim do período

seco, ou seja, entre os meses de agosto e setembro (ANA/HIDROWEB, 2009).

Os resultados do projeto “Revisão das séries de vazões naturais das principais bacias do Sistema

Interligado Nacional”, apresentado em ANA (2005), calculou as vazões naturais entre os principais

aproveitamentos hidrelétricos do país para o período compreendido entre os anos de 1931 e 2001. Na

Tabela 9, são apresentados os dados de vazão da sub-unidade 2 Rio Araguari.

Verifica-se que a vazão média na bacia (Qm), considerando apenas a área de drenagem na Sub-

unidade, é de 432,5 m3/s, e a vazão específica por unidade de área é de 19,99 l/s.km2. Em relação à

vazão crítica de referência (ou de estiagem), adotada como disponibilidade hídrica, observa-se que na

bacia, esta é de 180,3 m3/s.

Figura 10: Localização das sub-bacias na bacia hidrográfica do rio Araguari

Fonte: Monte Plan, 2009

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Conforme dados da ANA (2014), a irrigação agrícola responde pelas maiores vazões de retirada,

perfazendo mais de 40% do total. Em segundo plano aparece o uso urbano com aproximadamente

30% seguido pelo uso industrial e dessedentação animal. O uso rural é o menos significativo na bacia,

respondendo por apenas 2% do total.

Bacia Hidrográfica do rio Uberabinha

O rio Uberabinha é afluente da margem esquerda do rio Araguari. Possui comprimento longitudinal de

aproximadamente 142,7 km, desde suas nascentes (cota 978,00 m) no município de Uberaba até a

sua foz no remanso da UHE de Itumbiara (cota 550,00 m). Em seu alto curso, o rio Uberabinha recebe

as contribuições dos córregos do Caroço, do Roncador, Fortaleza e Beija Flor, todos pela margem

esquerda. De todo modo, o seu principal contribuinte é o ribeirão Bom Jardim, já nas proximidades do

sítio urbano de Uberlândia. Sua área de drenagem é de aproximadamente 2.188,56 km².

Na área urbana do município de Uberlândia, destaca-se as contribuições dos córregos Cajubá,

Tabocas, São Pedro (totalmente canalizados) e córregos Liso, do Óleo, Vinhedo, do Salto, Guaribas,

Bons Olhos, Cavalo e Lagoinha. Uma série de outros tributários aporta a este canal a jusante da área

urbana de Uberlândia.

Em relação à compartimentação do canal em função da orientação predominante do talvegue, observa-

se que desde a nascente o canal segue na orientação SE-NW até aproximadamente 60 km, quando

inflete para E e percorre, nesta direção, 20 km aproximadamente, até a confluência com o ribeirão Bom

Jardim. Deste ponto em diante, o canal assume novamente a orientação SE-NW até a sua foz junto ao

remanso da UHE de Itumbiara.

Código Bacia Área (km2) Perímetro (km)

01 Foz do Araguari 685,69 133,36

02 Rio Uberabainha 2.188,86 291,41

03 AHEs Capim Branco 1.178,89 161,82

04 Médio Araguari 1.744,98 352,00

05 Ribeirão das Furnas 284,67 104,47

06 Rio Claro 1.162,16 194,33

07 Baixo Quebra Anzol 2.103,91 363,95

08 Ribeirão Santa Juliana 484,56 115,34

09 Ribeirão Santo Antônio 842,95 142,27

10 Alto Araguari 3.028,15 381,02

11 Rio Galheiro 774,42 144,08

12 Rio Capivara 1.359,65 197,06

13 Ribeirão do Salitre 612,82 128,44

14 Ribeirão do Inferno 564,29 145,91

15 Alto Quebra Anzol 2.302,62 303,24

16 Ribeirão Grande 249,69 79,80

17 Rio São João 962,12 151,59

18 Rio Misericórdia 1.411,23 188,91

Tabela 8: Divisão das sub-bacias na bacia hidrográfica do rio Araguari

Fonte: Monte Plan, 2009

Sub-unidade Hidrográfica 2 Qm (m3/s) Q95 (m3/s) Q (l/s.km2)

Araguari – 174 432,5 180,3 19,99

Tabela 9: Vazão Qm, Q95 e q para a Sub-unidade Hidrográfica 2 Rio Araguari

Fonte: ANA, 2005

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Em relação aos aspectos geológicos, a bacia encontra-se assentada sob os sedimentos Mesozóicos

do Grupo Bauru (Formação Marília e Adamantina) e rochas básicas da Formação Serra Geral (Grupo

São Bento). Coberturas Holocências e Cenozóicas são observadas na maior parte da bacia, capeando

as litologias supracitadas.

O relevo da bacia é caracterizado por amplos chapadões de topo plano separados por extensos

interflúvios, particularmente no alto curso. No médio e baixo curso, observa-se áreas levemente à

intensamente dissecadas, sendo que o grau de dissecação é função das condicionantes geológicas.

O regime hídrico é caracterizado pela sazonalidade típica do clima Tropical atuante na região do

Triângulo Mineiro. A época das cheias ocorre entre dezembro e abril sendo que o restante do ano

caracteriza o período de estiagem.

No que tange aos aspectos do uso e ocupação do solo, cumpre registrar que seu processo de ocupação

acompanhou o conjunto de políticas públicas de incentivo à produção nos Cerrados, desde meados da

década de 1970. Atualmente, os relevos de topo plano localizados no alto curso do canal são

intensamente ocupados pela agricultura modernizada típica do Brasil central.

Por fim, cumpre destacar que o rio Uberabinha e seu principal afluente, o ribeirão Bom Jardim, são os

principais mananciais de abastecimento público no município de Uberlândia.

Bacia Hidrográfica do córrego do Óleo

De acordo com a compartimentação proposta no Plano da Bacia Hidrográfica do rio Araguari (Monte

Plan, 2009), a bacia hidrográfica do córrego do Óleo insere-se na Sub-bacia 03 Rio Uberabinha, que

drena uma área de aproximadamente 2.188 km².

A área de drenagem do córrego do Óleo é de cerca de 23,817 km². Possui comprimento longitudinal

de aproximadamente 6,329 km, desde suas nascentes (cota 866,00 m) no extremo oeste da mancha

urbana de Uberlândia, até a sua foz no rio Uberabinha (cota 775,00 m), a montante da travessia da BR-

365.

Na área urbana da cidade, o córrego do Óleo drena parte dos seguintes bairros: Jardim Canaã, Jardim

Célia, Chácaras Panorama, Santo Antônio, Jardim Europa, Mansour, Jardim Holanda, Jardim das

Palmeiras, Planalto, Chácaras Tubalina, Luizote de Freitas, Jardim Patrícia, Jaraguá e Tubalina.

Em função da orientação predominante do talvegue, observa-se que desde a nascente o canal principal

segue na orientação NW-SE até aproximadamente 1,877 km, onde passa a correr com orientação E.

Nesta direção percorre aproximadamente 1,676 km, quando seu canal inflete para NE, seguindo nesta

direção predominante até a sua foz.

Em seu alto curso, o córrego do Óleo recebe as contribuições de dois canais de 1ª ordem pela margem

direita e um canal de mesma ordem pela margem esquerda. Nas imediações da coordenada UTM

781400 E / 7905306 S, recebe os aporte de seu principal contribuinte através de sua margem direita.

Em relação aos aspectos geológicos, a bacia encontra-se assentada sob os sedimentos Mesozóicos

do Grupo Bauru (Formação Marília) e rochas básicas da Formação Serra Geral (Grupo São Bento).

Coberturas Holocências e Cenozóicas são observadas no alto curso da bacia, capeando as litologias

supracitadas.

O relevo da bacia é caracterizado por amplos chapadões de topo plano nas nascentes, sendo que no

restante da área observa-se relevos dissecados em função das condicionantes geológicas. Cumpre

ressaltar que no médio curso predominam formas de colinas médias/amplas, sendo que no baixo curso

as vertentes se tornam mais inclinadas dado a presença de rochas basálticas.

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O regime hídrico é caracterizado pela sazonalidade típica do clima Tropical atuante na região do

Triângulo Mineiro. A época das cheias ocorre entre dezembro e abril sendo que o restante do ano

caracteriza o período de estiagem.

Considerando as vazões específicas da bacia do rio Uberabinha, estima-se que as descargas médias

do córrego do Óleo sejam da ordem de 0,5 m³/s.

No que tange aos aspectos do uso e ocupação do solo, cumpre registrar que grande parte da bacia já

encontra-se sob condições de urbanização consolidada. Suas nascentes, apesar de posicionadas em

áreas com altos índices de permeabilidade, já apresentam características de processos

degradacionais, ocasionadas tanto por usos rurais quanto pela influência da dinâmica urbana. Na área

de estudo proposta para a criação do Parque Natural Municipal o processo de degradação é menos

intenso nas duas nascentes inseridas em seu território, bem como a qualidade das matas ciliares,

bastante preservadas, embora com pontos específicos que demandam a sua recuperação.

Embora seus afluentes recebam contribuições difusas do escoamento superficial provenientes das

áreas urbanas, as nascentes presentes na área de estudo estão totalmente inseridas e protegidas em

seu entorno imediato por áreas de alta permeabilidade, basicamente pastagens de uso extensivo.

3.6. Águas Subterrâneas

As informações sobre as águas subterrâneas na área obtidas junto ao Sistema de Informações de

Águas Subterrâneas (Siagas) do CPRM (2011), Zoneamento Ecológico Econômico do Estado de Minas

Gerais (ZEE-MG, 2014) e no Plano de Bacia do Rio Araguari (Monte Plan, 2008). Informações

complementares foram compiladas nos diagnósticos de geologia, geomorfologia e pedologia, já

apresentados neste estudo, no Sistema de Informações Ambientais do Estado de Minas Gerais (Siam,

2014), assim como na nota explicativa do Mapa de Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo

(Instituto Geológico, 2010). Destacam-se as contribuições obtidas junto ao Relatório de Monitoramento

das Águas Subterrâneas de Minas Gerais (IGAM, 2009) e do trabalho de Oliveira e Campos (2004).

A ocorrência das águas subterrâneas na bacia hidrográfica do córrego do Óleo é condicionada pela

presença de três unidades aqüíferas: sistema aqüífero Bauru, aqüífero Serra Geral e aqüífero Guarani.

Este último, apesar de ocorrer em toda a área da bacia, não apresenta afloramentos, restringindo-se a

sub-superfície. O sistema aqüífero Bauru ocorre em associação às rochas sedimentares do Grupo

geológico homônimo, que se fazem representar na área de estudo pela Formação Marília. Já o sistema

aqüífero Serra Geral condiciona-se a presença de rochas basálticas.

Na bacia do córrego do Óleo, a área de afloramento do sistema Bauru corresponde a 2,701 km², ou

seja, 11,34% da área total da bacia, localizada na porção centro norte. Admite-se, no entanto, que as

áreas capeadas por sedimentos recentes (coberturas detrito lateríticas) constituem áreas de recarga

desse sistema, o que, em conjunto, perfaz uma área de aproximadamente 23,138 km².

Já nas imediações da confluência com o rio Uberabinha, no baixo curso do córrego do Óleo, portanto,

fora da área de estudo, aflora o sistema Serra Geral que ocupa 2,85% da área da bacia (0,679 km²).

A seguir, descreve-se as unidades aqüíferas identificadas.

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Sistema Aquífero Bauru

O Aquífero Bauru é formado pelas três litofácies da Formação Bauru e pela Formação Caiuá, e constitui

uma única unidade aqüífera. Esses sedimentos do Cretáceo Superior apresentam uma ocorrência

extensiva e contínua na região do Triângulo Mineiro, daí sua grande importância como manancial.

De acordo com Oliveira e Campos (2002) O Sistema Aqüífero Bauru compreende os depósitos não

confinados de água subterrânea, associados a rochas da Formação Marília – Grupo Bauru e suas

coberturas. Apesar do caráter intergranular da porosidade, o Sistema Aqüífero Bauru é heterogêneo.

As fácies que o compõem são distintas quanto à granulometria, porosidade, condutividade hidráulica e

litotipo, e levaram à divisão do Sistema Aqüífero Bauru em dois subsistemas: Aqüífero Bauru Superior

e Inferior.

O Aqüífero Bauru Superior engloba os latossolos que formam espessas coberturas pedogenéticas

desenvolvidas in situ. Os latossolos estendem-se por grande parte da bacia do córrego do Óleo,

compondo a porção superior deste subsistema. Na base dos latossolos pode ocorrer uma camada de

couraça laterítica, em diferentes graus de degradação (pode conter concreções feruginosas).

O Aqüífero Bauru Inferior é formado pelos sedimentos do Membro Araguari. As fácies arenítica e

conglomerática do Membro Araguari estão assentadas discordantemente sobre os basaltos da

Formação Serra Geral e compõem a base do Sistema Aqüífero Bauru. Em função da paleogeografia

irregular do topo do basalto, a espessura da camada deste subsistema é variável, podendo chegar a

20 m.

A fácies conglomerática é mal selecionada com seixos de diâmetros variando entre 2 a 350 mm de eixo

maior, é clastosuportada e apresenta matriz arenosa a areno-argilosa. Mais de 90% dos seixos são

compostos por quartzito com grau de arredondamento variável, friável ou litificado (silicificado), com

características de retrabalhamento fluvial. A camada de conglomerado é encontrada em toda a área de

extensão do Sistema Aqüífero Bauru. Apesar da variação na espessura, o topo da camada é

homogêneo, e comporta-se como uma superfície plana. Exceto nas áreas marginais das chapadas,

onde há adelgaçamento da camada por erosão, a fácies conglomerática encontra-se saturada de água,

sendo que a porção não saturada do sistema ocorre sempre em materiais arenosos (Oliveira e Campos,

2004).

Como aqüífero freático, a recarga é feita diretamente pela precipitação pluvial, sendo sua base de

drenagem local o rio Uberabinha e suas malhas de afluentes em toda a área de afloramento. O aqüífero

funciona, em geral, como reservatório regulador do escoamento dessa rede fluvial. O período de

recarga dá-se, especialmente, entre os meses de fevereiro e março.

Sistema Aquífero Serra Geral

Conforme já mencionado, este sistema aqüífero ocorre em uma porção restrita da bacia, nas

proximidades da foz do córrego do Óleo com o rio Uberabinha.

O sistema Serra Geral é formado litologicamente por basaltos toleíticos da formação de mesmo nome,

com texturas microcristalinas e estrutura que refletem sua gênese através de sucessivos derrames de

lava (LEINZ & AMARAL, 2001). A composição mineralógica se dá em função da presença de

plagioclásio, seguido de augita e piogenita, além de óxidos de alumínio, ferro, cálcio, magnésio, sódio,

titânio e potássio, conforme colocado anteriormente.

Devido à suas características litológicas, apresenta pouca permeabilidade primária para o

armazenamento de grandes volumes de água, sendo que esta se faz em função dos planos de clivagem

e de descontinuidades físicas que marcadamente caracterizam esta formação geológica. Além disso,

pode ocorrer acumulação de água nas juntas e espaços inter derrames.

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Com características fissurais, este sistema se desenvolve ao longo de fraturas e descontinuidades,

compreendendo zonas amigdalodais e vesiculares de topos de derrames e zonas de disjunção

horizontal. Estas feições, quando interceptadas por zonas de fraturas, podem armazenar grandes

quantidades de água (NANNI et al, 2006).

Segundo estudos que enfocaram as características químicas do sistema Serra Geral (ROSA FILHO et

al., 2006), verifica-se que a tipologia das águas armazenadas nas rochas basálticas é

preferencialmente bicarbonatada cálcica, com baixos teores de sólidos totais dissolvidos.

Conforme Rebolças & Fraga (1988), os mecanismo de recarga deste aqüífero ocorrem

predominantemente por dois condicionamentos distintos: infiltração de águas pluviais em fraturas

recobertas por manto de alteração e infiltração de águas armazenadas nas estruturas sedimentares

sobrepostas (caso das Formações Marília e coberturas observadas na AII).

3.7. Canal fluvial e morfologia da bacia

Conforme já colocado na seção de recursos hídricos, o córrego do Óleo tem suas nascentes

localizadas em altitudes próximas 870,00 m, no extremo oeste da mancha urbana de Uberlândia, junto

ao interflúvio que separa as bacias que drenam ao rio Uberabinha, daquelas que aportam ao rio Tijuco.

De modo geral os aspectos fisiográficos da bacia do Óleo estão intimamente ligados às características geológicas e geomorfológicas regionais, importando as litologias da Bacia Sedimentar do Paraná e as rochas efusivas da Formação Serra Geral. O canal principal possui um comprimento total de aproximadamente 6,329 km, desde suas nascentes até a confluência com o rio Uberabinha. Seu gradiente vertical médio até este ponto é de cerca de 14 m/km. A dimensão da bacia de drenagem é da ordem de 23,817 km² sendo seu perímetro equivalente a 19,89 km. Seus principais contribuintes são canais de primeira de primeira ordem, que aportam diretamente ao coletor principal. Dado as condicionantes fisiográficas do alto curso da bacia, observa-se a presença de trechos deposicionais, que conformam planícies fluviais sujeitas à inundação durante a época das cheias. No baixo, no entanto, a presença de soleiras basálticas imprime maior declividade ao canal, condicionando trecho erosivo.

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4. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO

4.1. Caracterização da fauna silvestre

A caracterização da fauna silvestre (répteis, anfíbios, aves e mamíferos) inclui informações gerais da

região, do município, da área urbana de Uberlândia, e mais especificamente, da área da Fazenda do

Óleo, que inclui a área da futura UC.

Preliminarmente cumpre destacar que a composição faunística da cidade está drasticamente reduzida

em relação à biodiversidade original, em decorrência do processo de urbanização que afetou

negativamente os diversos ecossistemas e fitofisionomias, que originalmente cobriam o seu território.

Processo similar ao registrado no próprio bioma Cerrado, que abrangia mais de 23% de todo o território

brasileiro, ocupando extensas áreas contínuas dos estados da Bahia, Ceará, Goiás, Distrito Federal,

Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo e Tocantins.

Ocorria também em áreas isoladas dos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima e Paraná, com

inserções na Floresta Amazônica, Floresta Atlântica, Pantanal e Caatinga (EITEN, 1994).

Atualmente, estima-se que mais de 80% da área total do Cerrado já tenha sido alterada por ações

humanas (MYERS, 2000), sendo a região sudeste a mais altamente fragmentada e ocupada por

agricultura, pecuária e expansão urbana (CAVALCANTI; JOLY 2002). Dados do Ministério do Meio

Ambiente apontam para uma taxa anual de desmatamento do Cerrado de 6.200 Km2, no período de

2009 a 2010, uma taxa bem menor do que registrado no período 2002-2008, quando segundo a mesma

fonte, superou 21.000 Km2.

Para efeito ilustrativo, essa taxa de desmatamento anual, corresponde a praticamente três vezes o

tamanho do Parque Estadual do Pau Furado, único parque estadual do Triângulo Mineiro, localizado

às margens do rio Araguari, entre os municípios de Uberlândia e Araguari, distante cerca de 20 km do

centro da cidade de Uberlândia.

Ressalte-se ainda, que o Triângulo Mineiro é umas das regiões de Minas Gerais com as menores taxas

de cobertura vegetal original (FAGRO, 2007), e consequentemente com várias espécies da flora nativa

e fauna silvestre relacionadas em listas nacionais e internacionais de espécies ameaçadas de extinção

(IUCN, 2014).

Nesse contexto de evidente depreciação das características ambientais originais, a capacidade de

suporte ecológico à vida silvestre, nos pequenos e fragmentados remanescentes de habitats, é

reduzida e comprometida pelo uso e ocupação do solo urbano. Isto se reflete na prevalência de

espécies mais adaptadas ao ambiente urbano, também chamadas de sinantrópicas.

As aves constituem o grupo mais frequente, significativo e com a maior diversidade relativa, em função

da presença de diversos remanescentes de ecossistemas associados aos cursos d’água, da existência

de unidades de conservação, como o Parque do Sabiá, Parque Victorio Siquierolli, Parque Santa Luzia,

Parque linear do rio Uberabinha, da existência de algumas praças bem arborizadas e da própria

arborização urbana, além de veredas e áreas verdes remanescentes.

Apesar do intenso grau de antropização na mancha urbana, a criação do Parque Municipal proposto

para as veredas do córrego do Óleo, representa extrema significância ecológica, por colaborar para o

incremento de áreas naturais protegidas em um setor urbano muito carente de unidades de

conservação e áreas de lazer, o que pode colaborar para uma requalificação ambiental da cidade,

conectando-se com outras áreas de preservação e o parque linear do Uberabinha, ampliando assim,

a capacidade de suporte ecológico para a fauna silvestre.

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4.1.1. Herpetofauna

Composta pelos anfíbios e répteis, a herpetofauna está presente em praticamente todas as

comunidades terrestres. Mundialmente, são identificadas mais de 6.400 espécies de anfíbios (FROST,

2009) e mais de 8.800 espécies de répteis (UETZ et al, 2009). No Brasil, são perto de 850 espécies de

anfíbios (SBH, 2009) e 708 espécies de répteis (BÉRNILS, 2009).

A presença e diversidade de répteis, além de importante para a manutenção do equilíbrio ecológico

dos ecossistemas, pode ser um indicador biológico da qualidade das condições do ambiente. No

entanto, por serem animais arredios, de hábitos e aparência mimética, sua visualização no ambiente

natural é difícil e rara. Além disso, a identificação taxonômica também apresenta algumas dificuldades,

pois a distinção entre espécies, muitas vezes é feita após demoradas campanhas de captura e por

análise de detalhes morfológicos, aos quais só estão familiarizados os herpetólogos especializados.

De acordo com os dados bibliográficos, na região de Uberlândia há registros da presença de pelo

menos 54 espécies de anuros (rãs e pererecas), 47 espécies de cobras, 15 espécies de lagartos, 01

de quelônio (jabuti) e uma espécie de jacaré. Nos levantamentos realizados durante a elaboração do

Plano de Manejo do Parque Estadual do Pau Furado foram registradas 22 espécies de anuros e 17

espécies de répteis.

Para a área urbana do município de Uberlândia são registradas principalmente as espécies mais

comuns e adaptadas às alterações antrópicas. Dentre elas destacam-se os lagartos Calango

(Tropidurus torquatus), Lagarto-Bico-Doce (Ameiva ameiva) e Teiú (Tupinambis merianae). Dentre as

serpentes com registro comprovado na área urbana, estão a coral-verdadeira (Micrurus sp), a falsa-

coral (Erytrolamprus sp), a dormideira (Sibynomorphus sp), a jibóia (Boa constrictor), a sucuri (Eunectes

murinus), a cascavel (Crotalus durissus), a jararaca (Bothrops sp) e a caninana (Spilotes pulatus).

A seguir é apresentada a lista de espécies de répteis registrada na fazenda do Óleo (Tabela 10) durante

os levantamentos realizados para o EIA – Estudo de Impacto Ambiental.

Tabela 10: Lista de Répteis

ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR

An

ura

Hylidae

Dendropsophus cruzi (Pombal & Bastos, 1998) pererequinha-do-brejo

Dendropsophus jimi (Napoli & Caramaschi, 1999) pererequinha-do-brejo

Dendropsophus minutus (Peters, 1972) pererequinha-do-brejo

Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) perereca-cabrinha

Phyllomedusa azurea Cope, 1862 perereca-das-folhagens

Scinax fuscomarginatus (A. Lutz, 1925) pererequinha-do-brejo

Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925) perereca-de-banheiro

Leptodactylidae Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) rã-pimenta

Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 rã-cachorro

Squ

am

ata

Amphisbaenidae Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 cobra-de-duas-cabeças

Boidae Boa constrictor Linnaeus, 1758 Jibóia

Tropiduridae Tropidurus torquatus (Wied-Neuwied, 1820) Calango

4.1.2. Aves

A avifauna brasileira registra a presença de aproximadamente 1.700 espécies (MARÇAL JÚNIOR;

FRANCHIN, 2003), uma das três mais ricas do mundo. No bioma Cerrado são 837 espécies (KLINK;

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MACHADO; 2005) e em Minas Gerais, 753 (ANDRADE 1997), o que representa mais de 45% das

espécies encontradas no país (SICK, 1997).

Importantes na análise da qualidade ambiental dos ecossistemas naturais ou antropizados, as aves

estão entre os animais mais susceptíveis aos impactos ambientais provocados e pelo uso de

agrotóxicos e pela fragmentação de habitats (MACHADO, 2000, MARINI, 2001). Talvez por isso, este

grupo de animais tem buscado refúgio em ambientes urbanos, para o que contribuem as áreas

protegidas, praças, áreas de preservação permanentes às margens dos córregos e rios urbanos,

quintais e vias públicas bem arborizadas.

Regionalmente, diversos trabalhos científicos com aves já foram publicados, em especial sobre parques

urbanos, praças e áreas rurais de Uberlândia (FRANCHIN; MARÇAL JÚNIOR, 2002; 2004, VALADÃO

et al, 2006a;b, TORGA et al, 2005) e poucos realizados em áreas naturais (MELO; MARINI, 1997;

MARINI 1996). Na área urbana já foram registradas mais de 140 espécies de aves, enquanto no

diagnóstico do Plano de Manejo do Parque Estadual do Pau Furado foram registradas 162 espécies de

41 famílias. Segundo o site Wikiaves (www.wikiaves.com), 280 espécies de aves já foram fotografadas

no município de Uberlândia.

Essa diversidade é favorecida, sobretudo, pela existência das unidades de conservação, parques

lineares, córregos urbanos e também por que a área urbana é rota de voo entre locais de alimentação

e repouso localizados no “chapadão” e vales dos rios Araguari e Uberabinha.

Segue a lista das espécies de aves encontradas em Uberlândia (Tabela 11).

Tabela 11: Lista de Aves encontradas na cidade de Uberlândia, MG

Ordem Tinamiformes

Família Tinamidae

Crypturellus parvirostris (inhambu-chororó)

Nothura maculosa (codorna-amarela)

Ordem Anseriformes

Família Anatidae

Dendrocygna viduata (irerê)

Ordem Pelecaniformes

Família Phalacrocoracidae

Phalacrocorax brasilianus (biguá)

Família Anhingidae

Anhinga anhinga (biguatinga)

Ordem Ciconiiformes

Família Ardeidae

Butorides striata (socozinho)

Bubulcus ibis (garça-vaqueira)

Ardea alba (garça-branca-grande)

Syrigma sibilatrix (maria-faceira)

Egretta thula (garça-branca-pequena)

Família Threskiornithidae

Mesembrinibis cayennensis (coró-coró)

Theristicus caudatus (curicaca)

Ordem Cathartiformes

Família Cathartidae

Coragyps atratus (urubu-de-cabeça-preta)

Ordem Falconiformes

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Tabela 11: Lista de Aves encontradas na cidade de Uberlândia, MG

Família Accipitridae

Ictinia plumbea (sovi)

Rupornis magnirostris (gavião-carijó)

Buteo albicaudatus (gavião-asa-de-telha)

Família Falconidae

Caracara plancus (caracará)

Milvago chimachima (carrapateiro)

Herpetotheres cachinnans (acauã)

Falco sparverius (quiri-quiri)

Falco femoralis (falcão-de-coleira)

Ordem Gruiformes

Família Rallidae

Aramides cajanea (saracura-três-potes)

Família Cariamidae

Cariama cristata (seriema)

Ordem Charadriiformes

Família Charadriidae

Vanellus chilensis (quero-quero)

Ordem Columbiformes

Família Columbidae

Columbina talpacoti (rolinha-roxa)

Columbina squammata (fogo-apagou)

Patagioenas picazuro (pomba-asa-branca)

Patagioenas cayennensis (pomba-galega)

Zenaida auriculata (pomba-de-bando)

Leptotila verreauxi (juriti-pupu)

Ordem Psittaciformes

Família Psittacidae

Diopsittaca nobilis (maracanã-pequena)

Aratinga leucophthalma (periquitão-maracanã)

Aratinga auricapillus (jandaia-de-testa-vermelha)

Aratinga aurea (periquito-rei)

Forpus xanthopterygius (tuim)

Brotogeris chiriri (periquito-de-encontro-amarelo)

Amazona aestiva (papagaio-verdadeiro)

Ordem Cuculiformes

Família Cuculidae

Piaya cayana (alma-de-gato)

Crotophaga ani (anu-preto)

Guira guira (anu-branco)

Tapera naevia (saci)

Ordem Strigiformes

Família Tytonidae

Tyto alba (suindara)

Família Strigidae

Athene cunicularia (coruja-buraqueira)

Ordem Caprimulgiformes

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Tabela 11: Lista de Aves encontradas na cidade de Uberlândia, MG

Família Caprimulgidae

Chordeiles pusillus (bacurauzinho)

Nyctidromus albicollis (curiango)

Ordem Apodiformes

Família Trochilidae

Phaethornis pretrei (rabo-branco-acanelado)

Aphantochroa cirrochloris (beija-flor-cinza)

Chlorostilbon lucidus (besourinho-de-bico-vermelho)

Amazilia fimbriata (beija-flor-de-garganta-verde)

Heliomaster squamosus (bico-reto-de-banda-branca)

Ordem Coraciiformes

Família Alcedinidae

Megaceryle torquata (martim-pescador-grande)

Chloroceryle amazona (martim-pescador-verde)

Família Momotidae

Baryphthengus ruficapillus (juruva-verde)

Ordem Galbuliformes

Família Galbulidae

Galbula ruficauda (ariramba-de-cauda-ruiva)

Família Bucconidae

Nystalus chacuru (joão-bobo)

Ordem Piciformes

Família Ramphastidae

Ramphastos toco (tucanuçu)

Família Picidae

Melanerpes candidus (birro, pica-pau-branco)

Colaptes melanochloros (pica-pau-verde-barrado)

Colaptes campestris (pica-pau-do-campo)

Ordem Passeriformes

Família Thamnophilidae

Thamnophilus doliatus (choca-barrada)

Thamnophilus pelzelni (choca-do-planalto)

Herpsilochmus atricapillus (chorozinho-de-chapéu-preto)

Família Dendrocolaptidae

Lepidocolaptes angustirostris (arapaçu-de-cerrado)

Família Furnariidae

Furnarius rufus (joão-de-barro)

Synallaxis frontalis (petrim)

Phacellodomus ruber (graveteiro)

Hylocryptus rectirostris (fura-barreira)

Família Tyrannidae

Leptopogon amaurocephalus (cabeçudo)

Hemitriccus margaritaceiventer (sebinho-de-olho-de-ouro)

Todirostrum cinereum (sebinho-relógio)

Phyllomyias fasciatus (piolhinho)

Myiopagis caniceps (guaracava-cinzenta)

Elaenia flavogaster (guaracava-de-barriga-amarela)

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Tabela 11: Lista de Aves encontradas na cidade de Uberlândia, MG

Elaenia spectabilis (guaracava-grande)

Elaenia parvirostris (chibum)

Elaenia chiriquensis (guaracava-de-bico-curto)

Camptostoma obsoletum (risadinha)

Suiriri suiriri (siriri-cinza)

Tolmomyias sulphurescens (bico-chato-de-orelha-preta)

Myiophobus fasciatus (filipe)

Lathrotriccus euleri (enferrujado)

Cnemotriccus fuscatus (guaracavuçu)

Knipolegus lophotes (maria-preta-de-penacho)

Xolmis cinereus (primavera)

Xolmis velatus (noivinha-branca)

Gubernetes yetapa (tesoura-do-brejo)

Fluvicola nengeta (lavadeira-mascarada)

Colonia colonus (viuvinha)

Machetornis rixosa (suiriri-cavaleiro)

Myiozetetes cayanensis (bentevizinho-de-asa-ferrugínea)

Myiozetetes similis (bentevizinho-de-penacho-vermelho)

Pitangus sulphuratus (bem-te-vi)

Myiodynastes maculatus (bem-te-vi-rajado)

Megarynchus pitangua (neinei)

Empidonomus varius (peitica)

Griseotyrannus aurantioatrocristatus (peitica-de-chapéu-preto)

Tyrannus albogularis (siriri-de-garganta-branca)

Tyrannus melancholicus (siriri)

Myiarchus swainsoni (irré)

Myiarchus ferox (maria-cavaleira)

Myiarchus tyrannulus (maria-cavaleira-de-rabo-enferrujado)

Família Pipridae

Antilophia galeata (soldadinho)

Família Vireonidae

Cyclarhis gujanensis (pitiguari)

Vireo olivaceus (juruviara)

Família Corvidae

Cyanocorax cristatellus (gralha-do-campo)

Cyanocorax cyanopogon (gralha-cancã)

Família Hirundinidae

Pygochelidon cyanoleuca (andorinha-pequena-de-casa)

Stelgidopteryx ruficollis (andorinha-serradora)

Progne tapera (andorinha-do-campo)

Progne chalybea (andorinha-azul-grande)

Tachycineta albiventer (andorinha-do-rio)

Família Troglodytidae

Troglodytes musculus (corruíra)

Pheugopedius genibarbis (garrinchão-pai-avô)

Cantorchilus leucotis (garrinchão-de-barriga-vermelha)

Família Polioptilidae

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Tabela 11: Lista de Aves encontradas na cidade de Uberlândia, MG

Polioptila dumicola (balança-rabo-de-máscara)

Família Turdidae

Turdus rufiventris (sabiá-laranjeira)

Turdus leucomelas (sabiá-barranco)

Turdus amaurochalinus (sabiá-poca)

Família Mimidae

Mimus saturninus (sabiá-do-campo)

Família Coerebidae

Coereba flaveola (cambacica)

Família Thraupidae

Thraupis sayaca (sanhaçu-cinzento)

Thraupis palmarum (sanhaçu-do-coqueiro)

Tangara cayana (saíra-amarela)

Tersina viridis (saí-andorinha)

Conirostrum speciosum (figuinha-de-rabo-castanho)

Família Emberizidae

Zonotrichia capensis (tico-tico)

Ammodramus humeralis (tico-tico-do-campo)

Sicalis flaveola (canário-da-terra-verdadeiro)

Volatinia jacarina (tiziu)

Sporophila lineola (bigodinho)

Sporophila nigricollis (baiano)

Sporophila caerulescens (coleirinha)

Coryphospingus cucullatus (tico-tico-rei)

Família Cardinalidae

Saltator similis (trinca-ferro-verdadeiro)

Cyanoloxia brissonii (azulão)

Família Parulidae

Parula pitiayumi (mariquita)

Basileuterus hypoleucus (pula-pula-de-barriga-branca)

Basileuterus flaveolus (canário-do-mato)

Família Icteridae

Cacicus haemorrhous (guaxe)

Icterus cayanensis (encontro)

Gnorimopsar chopi (pássaro-preto)

Molothrus bonariensis (vira-bosta)

Família Fringillidae

Euphonia chlorotica (fim-fim)

Na sequência apresenta-se a lista de espécies de aves registrada na fazenda do Óleo durante os

levantamentos realizados para o EIA (Tabela 12).

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Tabela 12: Lista de Aves

ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR

Tinamiformes Tinamidae Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) inhambu-chororó

Galliformes Cracidae Crax fasciolata Spix, 1825 mutum-de-penacho

Suliformes Phalacrocoracidae Phalacrocorax brasilianus (Gmelin,

1789) Biguá

Pelecaniformes

Ardeidae

Butorides striata (Linnaeus, 1758) Socozinho

Ardea alba Linnaeus, 1758 garça-branca-grande

Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) maria-faceira

Threskiornithidae

Mesembrinibis cayennensis (Gmelin,

1789) coró-coró

Theristicus caudatus (Boddaert, 1783) Curicaca

Cathartiformes Cathartidae Coragyps atratus (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-preta

Accipitriformes Accipitridae

Ictinia plumbea (Gmelin, 1788) Sovi

Heterospizias meridionalis (Latham,

1790) gavião-caboclo

Charadriiformes Charadriidae Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero

Columbiformes Columbidae

Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa

Columbina squammata (Lesson, 1831) fogo-apagou

Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) Pombão

Patagioenas cayennensis (Bonnaterre,

1792) pomba-galega

Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) pomba-de-bando

Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu

Cuculiformes Cuculidae

Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato

Coccyzus melacoryphus Vieillot, 1817 papa-lagarta-acanelado

Crotophaga ani Linnaeus, 1758 anu-preto

Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira

Caprimulgiformes Caprimulgidae Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789) Bacurau

Apodiformes Trochilidae

Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre,

1839) rabo-branco-acanelado

Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura

Coraciiformes Alcedinidae Chloroceryle amazona (Latham, 1790) martim-pescador-verde

Momotidae Momotus momota (Linnaeus, 1766) udu-de-coroa-azul

Galbuliformes Galbulidae Galbula ruficauda Cuvier, 1816 ariramba-de-cauda-ruiva

Piciformes

Ramphastidae Ramphastos toco Statius Muller, 1776 Tucanuçu

Picidae

Picumnus albosquamatus d'Orbigny,

1840 pica-pau-anão-escamado

Melanerpes candidus (Otto, 1796) pica-pau-branco

Colaptes campestris (Vieillot, 1818) pica-pau-do-campo

Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) pica-pau-de-banda-branca

Cariamiformes Cariamidae Cariama cristata (Linnaeus, 1766) Seriema

Falconiformes Falconidae

Caracara plancus (Miller, 1777) Caracará

Milvago chimachima (Vieillot, 1816) Carrapateiro

Falco sparverius Linnaeus, 1758 Quiriquiri

Falco femoralis Temminck, 1822 falcão-de-coleira

Psittaciformes Psittacidae

Diopsittaca nobilis (Linnaeus, 1758) maracanã-pequena

Psittacara leucophthalmus (Statius

Muller, 1776) periquitão-maracanã

Eupsittula aurea (Gmelin, 1788) periquito-rei

Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) Tuim

Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818) periquito-de-encontro-amarelo

Amazona aestiva (Linnaeus, 1758) papagaio-verdadeiro

Passeriformes Thamnophilidae Herpsilochmus longirostris Pelzeln, 1868 chorozinho-de-bico-comprido

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Passeriformes

Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) choca-barrada

Thamnophilus pelzelni Hellmayr, 1924 choca-do-planalto

Taraba major (Vieillot, 1816) choró-boi

Dendrocolaptidae Lepidocolaptes angustirostris (Vieillot,

1818) arapaçu-de-cerrado

Furnariidae

Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro

Phacellodomus ruber (Vieillot, 1817) Graveteiro

Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 Petrim

Pipridae Antilophia galeata (Lichtenstein, 1823) Soldadinho

Rhynchocyclidae Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) ferreirinho-relógio

Tyrannidae

Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) guaracava-de-barriga-amarela

Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) maria-cavaleira

Myiarchus tyrannulus (Statius Muller,

1776) maria-cavaleira-de-rabo-enferrujado

Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi

Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) suiriri-cavaleiro

Myiozetetes cayanensis (Linnaeus,

1766) bentevizinho-de-asa-ferrugínea

Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 Suiriri

Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) lavadeira-mascarada

Gubernetes yetapa (Vieillot, 1818) tesoura-do-brejo

Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) Primavera

Xolmis velatus (Lichtenstein, 1823) noivinha-branca

Hirundinidae Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) andorinha-serradora

Troglodytidae Cantorchilus leucotis (Lafresnaye, 1845) garrinchão-de-barriga-vermelha

Polioptilidae Polioptila dumicola (Vieillot, 1817) balança-rabo-de-máscara

Turdidae Turdus leucomelas Vieillot, 1818 sabiá-barranco

Mimidae Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo

Passerellidae

Zonotrichia capensis (Statius Muller,

1776) tico-tico

Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) tico-tico-do-campo

Parulidae Myiothlypis flaveola Baird, 1865 canário-do-mato

Icteridae

Icterus pyrrhopterus (Vieillot, 1819) Encontro

Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) Graúna

Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850) polícia-inglesa-do-sul

Thraupidae

Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Cambacica

Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento

Tersina viridis (Illiger, 1811) saí-andorinha

Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) canário-da-terra-verdadeiro

Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Tiziu

Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) Baiano

Fringillidae Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim

Passeridae Passer domesticus (Linnaeus, 1758) Pardal

4.1.3. Mamíferos

Em ambientes alterados pela ação humana, os registros de mamíferos silvestres são relativamente

raros, uma vez que em geral esses animais têm hábitos noturnos e não são gregários.

Dentre os vários grupos animais, os mamíferos costumam ser considerados como indicadores do

estado de conservação de determinados ecossistemas (Soulé & Wilcox, 1980), particularmente porque

muitas espécies da mastofauna interagem dinamicamente com a vegetação, além de se mostrarem

muito vulneráveis à degradação ambiental, à caça e à captura.

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A manutenção da diversidade de árvores em áreas florestais depende em parte, da ação de mamíferos

frugívoros e herbívoros, para a dispersão e propagação de sementes (Dirzo; Miranda, 1990; Fragoso,

1994). Por outro lado, os mamíferos carnívoros, por meio da predação regulam as populações de

herbívoros e frugívoros (Emmons, 1987; Terborgh et al., 1992, Guimarães, J. F., 2009). Nas Florestas

Neotropicais, os pequenos roedores e marsupiais são considerados bons indicadores ecológicos,

influenciando na dinâmica das florestas e nas alterações de paisagem, por meio da predação e

dispersão de sementes, plântulas e fungos (Martinez-Gallardo, 1998; Pardini, Umetsu, 2006; Sánchez-

Cordero, Tabarelli et al., 2004; Vieira et al., 2003).

Além dos mamíferos terrestres, os mamíferos voadores (morcegos) também prestam serviços

ambientais importantes como o controle populacional de insetos, a polinização e a dispersão de

sementes, o que os torna muito úteis para a recuperação de áreas degradadas, tanto em áreas rurais,

quanto urbanas. Estimativas apontam que uma colônia de morcegos pode consumir cerca de seis mil

toneladas de insetos ao ano, o que os habilita como grandes predadores dessa classe de animais. Ao

comerem os insetos exercem o controle biológico de potenciais pragas que prejudicam as culturas

agrícolas, podendo contribuir com a redução dos custos de produção (Reis et al., 2007; Romano et al.,

1999; Novas, 2008).

A diversidade biológica do Brasil é considerada uma das maiores do planeta, contribuindo com

aproximadamente 10% da biota mundial (Mittermeier et al., 1998; Myers et al., 2000; Lewinsohn e

Prado, 2002). No que se refere aos mamíferos, são mais de 530 espécies descritas no país, com

possibilidades reais de que novas espécies sejam descobertas (Reis, N.L. et al., 2006).

Somente no estado de Minas Gerais estão descritas 243 espécies de mamíferos terrestres e voadores,

número elevado, que provavelmente se justifica pela presença de vários biomas no estado, o que

amplia a complexidade estrutural do ambiente e a riqueza da fauna (Machado et al., 1998).

Segundo os dados secundários disponíveis para a região de Uberlândia, existem 26 espécies de

mamíferos terrestres e 55 espécies de morcegos descritas, contudo, de um modo geral, apenas as

mais comuns e bem adaptadas às condições adversas impostas pela antropização, podem ser

encontradas regularmente no perímetro urbano.

Como já mencionado anteriormente, a existência de unidades de conservação e áreas naturais

relativamente preservadas às margens dos córregos e do rio Uberabinha, no perímetro urbano de

Uberlândia favorecem a sobrevivência das espécies de mamíferos registradas. Destacam-se dentre

elas, o sagüi-de-tufos-pretos (Callithrix penicillata), o macaco-prego (Cebus apella), a Capivara

(Hydrochoerus hydrochaeris), o preá (Cavia aperea), os ratos-silvestres do gênero Calomys sp, o

cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), o gambá (Didelphis albiventris), o tatu-peba (Euphractus

sexcinctus), a irara (Eira barbara), o quati (Nasua nasua), o mão-pelada (Procyon cancrivorus), o

tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), sendo

que os dois últimos figuram na lista de espécies ameaçadas de Minas Gerais, sob a classificação de

em perigo.

A seguir apresenta-se a lista de mamíferos terrestres registrados em Uberlândia (Tabela 13).

Tabela 13: Lista de Mamíferos terrestres encontrados em Uberlândia, MG

Ordem Carnívora

Família Canidae

Pseudalopex vetulus

Cerdocyon thous

Chrysocyon brachyurus

Família Felidae

Puma yagouaroundi

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Tabela 13: Lista de Mamíferos terrestres encontrados em Uberlândia, MG

Lepardus pardalis

Puma concolor

Família Mustelidae

Eira bárbara

Lontra longicaudis

Família Procyonidae

Nasua nasua

Procyon cancrivorus

Ordem Cingulata

Família Dasypodidae

Euphractus sexcicntus

Dasypus sp.

Cabassous unicinctus

Ordem Pilosa

Família Myrmecophagidae

Myrmecophaga tridactyla

Tamandua tetradactyla

Ordem Artiodactyla

Família Tayassuidae

Pecari tajacu

Família Cervidae

Mazama americana

Mazama gouazoubira

Ordem Primates

Família Cebidae

Cebus apela

Callithrix penicillata

Ordem Rodentia

Família Cuniculidae

Cuniculus paca

Família Dasyproctidae

Dasyprocta azarae

Família Erethizontidae

Coendou prehensilis

Família Hydrochaeridae

Hydrochaeris hydrochaeris

Ordem Didelphimorphia

Família Didelphidae

Didelphis albiventris

Ordem Lagomorpha

Família Leporidae

Sylvilagus brasilensis

A seguir segue a lista de mamíferos registrados na fazenda do Óleo durante os levantamentos

realizados para o EIA (Tabela 14).

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Tabela 14: Lista de Mamíferos / fazenda Óleo

ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME

POPULAR

Cingulata Dasypodidae Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) tatu-peba

Dasypus novencinctus Linnaeus, 1758 tatu-galinha

Pilosa Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758 tamanduá-

bandeira

Didelphimorphia Didelphidae Didelphis albiventris (Lund, 1840) Gambá

Primates Callithrichidae Callithrix penicillata (É. Geoffroy, 1758) mico-estrela

Carnivora Procyonidae Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798) mão-pelada

Artiodactyla Cervidae Mazama gouazoubira (G. Fischer, 1814) veado-

catingueiro

Rodentia Hydrochaeridae Hydrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) Capivara

4.2. Caracterização da Vegetação

O município de Uberlândia insere-se no Bioma Cerrado, um dos três biomas presentes no Estado de

Minas Gerais, representando mais da metade do território mineiro, reconhecido internacionalmente por

sua grande riqueza biológica e alta pressão antrópica a que vem sendo submetido (MYERS et al. 2000).

Compreendido como um complexo vegetacional, que possui relações ecológicas e fisionômicas com

outras savanas da América tropical e de continentes como África e Austrália (Beard, 1953; Cole, 1958;

Eiten 1972, 1994; Allem & Valls, 1987), o Cerrado ocorre em altitudes que variam de cerca de 300 m,

a exemplo da Baixada Cuiabana (MT), a mais de 1600m, na Chapada dos Veadeiros (GO). Abrange

como área contínua os estados de Goiás, Tocantins e o Distrito Federal, parte dos estados da Bahia,

Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo, além

de ocorrer em enclaves nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e em pequenos

fragmentos no Paraná.

A flora do Cerrado é característica e diferenciada dos biomas adjacentes, embora muitas fisionomias

compartilhem espécies com outros biomas (Heringer et al, 1977; Rizzini, 1979; Prado & Gibbs, 1993;

Oliveira Filho & Ratter, 1995). Além do clima, que segundo Eiten (1994) tem efeitos indiretos sobre a

vegetação, pois age sobre o solo (intemperismos), a química e a física do solo, a disponibilidade hídrica

e de nutrientes, a geomorfologia e a topografia condicionam a composição da flora. A sua distribuição

é ainda condicionada pela latitude, freqüência de queimadas, profundidade do lençol freático, pastejo

e inúmeros fatores antrópicos, como mineração, agricultura, pecuária, silvicultura e queimadas.

A sazonalidade climática típica do interior da região sudeste do Brasil, também influencia na distribuição

das formações florestais (florestas estacionais), formações savânicas (cerradão e cerrado sentido

restrito) e campestres do Cerrado (RIBEIRO; WALTER, 2008).

Na área da unidade de conservação proposta estão presentes fragmentos das fitofisionomias Vereda,

Cerrado senso restrito e cerradão.

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4.2.1. Vereda

A Vereda é um tipo de vegetação com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa (buriti) emergente, em meio

a agrupamentos mais ou menos densos de espécies arbustivo-herbáceas (RIBEIRO & WALTER,

2008). As Veredas são circundadas por campos típicos, geralmente úmidos, e os buritis não formam

dossel (cobertura contínua formada pela copa das árvores) como ocorre no Buritizal. Na Vereda os

buritis adultos possuem altura média de 12 a 15 metros e a cobertura varia de 5% a 10%. Se

consideradas somente a ‘borda’ e o ‘meio’, a cobertura arbórea pode ser próxima de 0%. Se

considerado o ‘fundo’, a cobertura sobe para porcentagens acima de 50% em alguns trechos, com uma

vegetação densa de arbustos e arvoretas, efetivamente impenetrável em muitos locais (IVANAUSKAS

et al., 1997).

As Veredas ocorrem em solos argilosos e mal drenados, com alto índice de saturação durante a maior

parte do ano. Geralmente ocupam os vales pouco íngremes ou áreas planas, acompanhando linhas de

drenagem mal definidas, quase sempre sem murundus (microrrelevo, em forma de montículo, típico na

região das nascentes do rio Uberabinha). Também são comuns numa posição intermediária do terreno,

próximas às nascentes (olhos d’água), ou nas bordas das cabeceiras de Matas de Galeria (ROCHA et

al., 2005).

A ocorrência da Vereda condiciona-se ao afloramento do reservatório subterrâneo de água (lençol

freático), decorrente de camadas de permeabilidade diferentes em áreas de deposição de sedimentos

(ROCHA et al., 2005). As veredas exercem papel fundamental na distribuição dos rios e seus afluentes,

na manutenção da fauna do Cerrado, funcionando como local de pouso para a fauna de aves, atuando

como refúgio, abrigo, fonte de alimento e local de reprodução para a fauna terrestre e aquática (SILVA

et al., 2009).

Apesar desta importância, as Veredas têm sido progressivamente pressionadas em várias localidades

do bioma Cerrado, devido às ações agrícolas, pastoris e urbanização. Além disso, têm sido

descaracterizadas pela construção de pequenas barragens e açudes, por estradas, pela agricultura,

pela pecuária e até mesmo por queimadas excessivas. O simples pisoteio do gado pode causar

processos erosivos e compactação do solo, que afetam a taxa de infiltração de água que vai alimentar

os mananciais.

4.2.2. Cerradão

O Cerradão é a uma formação florestal do bioma Cerrado com características esclerófilas (grande

ocorrência de órgãos vegetais rijos, principalmente folhas) e xeromórficas (com características como

folhas reduzidas, suculência, pilosidade densa ou com cutícula grossa que permitem conservar água

e, portanto, suportar condições de seca) (RIBEIRO & WALTER, 2008). Caracteriza-se pela presença

preferencial de espécies que ocorrem no Cerrado sentido restrito e também por espécies de florestas,

particularmente as da Mata Seca Semidecídua e da Mata de Galeria não-Inundável. Do ponto de vista

fisionômico é uma floresta, mas floristicamente se assemelha mais ao Cerrado sentido restrito.

O Cerradão apresenta dossel contínuo e cobertura arbórea que pode oscilar de 50 a 90%, sendo maior

na estação chuvosa e menor na seca. A altura média da camada de árvores varia de oito a 15 metros,

proporcionando condições de luminosidade que favorecem a formação de camadas de arbustivas e

herbáceas diferenciadas.

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4.2.3. Cerrado sentido restrito

O cerrado sentido restrito caracteriza-se pela presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com

ramificações irregulares e retorcidas, e geralmente com evidências de queimadas (RIBEIRO &

WALTER, 2008). Os arbustos e subarbustos encontram-se espalhados, com algumas espécies

apresentando órgãos subterrâneos perenes (xilopódios), que permitem a rebrota após queima ou corte.

Na época chuvosa as camadas subarbustiva e herbácea tornam-se exuberantes, devido ao seu rápido

crescimento.

Os troncos das plantas lenhosas em geral possuem cascas com cortiça espessa, fendida ou sulcada,

e as gemas apicais (responsáveis pelo crescimento dos vegetais) de muitas espécies são protegidas

por densa quantidade de pelos (BRANDÃO et al., 1992). As folhas em geral são rígidas e com

consistência de couro. Esses caracteres indicam adaptação a condições de seca (xeromorfismo).

Todavia é bem relatado na literatura que as árvores não sofrem restrição de água durante a estação

seca, pelo menos aquelas espécies que possuem raízes profundas.

O cerrado sentido restrito denso é um subtipo de vegetação predominantemente arbóreo, com

cobertura de 50% a 70% e altura média de cinco a oito metros. Representa a forma mais densa e alta

de Cerrado sentido restrito. As camadas de vegetação de arbustos e ervas são menos adensados,

provavelmente devido ao sombreamento resultante da maior cobertura das árvores. Ocorre

principalmente nos solos dos tipos Latossolos Vermelho e Cambissolos.

4.2.4. Estrutura e florística encontradas na área proposta

As áreas de vegetação nativa da Fazenda do Óleo são veredas, cerrado sentido restrito e cerradão. As

veredas estão localizadas ao longo dos cursos d’água presentes na propriedade, que constituem o

córrego do Óleo. As áreas de cerrado sentido restrito estão localizadas em pequenas áreas associadas

às veredas. Os fragmentos de cerradão estão localizados isolados, principalmente ao longo do limite

sul e sudeste da propriedade. Todas as áreas com vegetação nativa estão incluídas na área de estudo

para a criação da nova unidade de conservação.

A seguir são descritas a estrutura e florística, bem como o estado de conservação das fitofisionomias

de cerrado encontradas na área de estudo.

Vereda

As veredas da Fazenda do Óleo, todas incluídas na área do novo Parque, encontram-se em bom

estado de conservação, embora apresentem evidências de degradação provocada por incêndios,

predação ou pontos de lançamento clandestino de entulhos. Elas ocorrem em topografias mais planas

o que condiciona o alagamento do terreno, com solo classificado como Gleissolo, típico de áreas

inundadas. Os dados florísticos das veredas estudadas durante a elaboração do EIA, estão expostos

na Tabela 15.

Em boa parte das Veredas estudadas, encontra-se uma alta diversidade de espécies, apresentando

uma comunidade densa na maior parte de sua extensão, com apenas alguns indícios pontuais de

degradação (Erro! Fonte de referência não encontrada.).

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Figura 11: Vista de Vereda bem conservada, com alta densidade de espécies e cerca (A). Aspecto de

fragmentos de Vereda mais rala (B). Registro de Mauritia flexuosa (buriti) regenerando (C) e ponto

de lançamento clandestino de entulhos próximo à Vereda (D).

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Tabela 15: Lista de espécies amostradas nas veredas da Fazenda do Óleo, em Uberlândia, MG.

FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME-POPULAR HÁBITO SD

Alismataceae

Echinodorus sp. chapéu-de-couro herbáceo Auto

Sagittaria sp. sagitária herbáceo Auto

Anacardiaceae

Tapirira guianensis Aubl. pau-pombo arbóreo Zoo

Annonaceae

Xylopia aromatica (Lam.) Mart. pimenta-de-macaco arbóreo Zoo

Xylopia emarginata Mart. pindaíba-d'água arbóreo Zoo

Apocynaceae

Aspidosperma tomentosum Mart. peroba-do-cerrado arbóreo Anemo

Odontadenia sp. flor-de-veado liana Zoo

Aquifoliaceae

Ilex cerasifolia Reissek congonha arbóreo Zoo

Araliaceae

Schefflera macrocarpa (Cham. & Schltdl.)

Frodin morototó arbóreo Zoo

Arecaceae

Mauritia flexuosa L.f. Buriti arbóreo Zoo

Asteraceae

Acanthospermum australe (Loefl.) Kuntze. carrapicho-rasteiro arbustivo Zoo

Ageratum fastigiatum (Gard.) King & H.

Rob. matapasto arbustivo Anemo

Baccharis dracunculifolia DC. dente-de-dragão arbustivo Zoo

Elephantopus sp. erva-de-colégio herbáceo Anemo

Mikania sp. guaco liana Anemo

Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker pau-de-fumo arbóreo Anemo

Vernonia ferruginea Less. assa-peixe arbustivo Anemo

Vernonia sp assa-peixe arbustivo Anemo

Bignoneaceae

Arrabidae sp. cipó-uma liana Anemo

Boragenaceae

Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud. freijó arbóreo Zoo

Bromelia sp. gravatá arbustivo Zoo

Burseraceae

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand almecega arbóreo Zoo

Cannabaceae

Trema micrantha (L.) Blume grandiuva arbóreo Zoo

Caryocaraceae

Caryocar brasiliense Cambess. pequi arbóreo Zoo

Celastraceae

Maytenus floribunda Reissek cafezinho arbóreo Zoo

Chloranthaceae

Hedyosmum brasiliense Mart. ex Miq chá-de-bugre arbóreo Zoo

Clusiaceae

Calophyllum brasiliense Cambess. guanandi arbóreo Zoo

Clusia sp. clúsia arbóreo zoo

Combretaceae

Terminalia glabrescens Mart. capitão arbóreo Anemo

Cyperaceae

Cyperus sp. tiririca herbáceo Anemo

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Tabela 15: Lista de espécies amostradas nas veredas da Fazenda do Óleo, em Uberlândia, MG.

FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME-POPULAR HÁBITO SD

Eleocharis sp. junco herbáceo Anemo

Dicksoniaceae

Dicksonia sp samambaiaçu arbóreo Anemo

Euphorbiaceae

Croton urucurana Baill. sangra-d'água arbóreo Zoo

Ricinus communis L. mamona arbustivo Zoo

Fabaceae

Poincianella pluviosa (DC.) L.P.Queiroz sibipiruna arbóreo Auto

Copaifera langsdorffii Desf copaíba arbóreo Zoo

Leptolobium dasycarpum (Vogel) Yakovlev colher-de-pedreiro arbóreo Anemo

Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit leucena arbóreo Anemo

Machaerium barsiliense Vogel pau-sangue arbóreo Anemo

Mimosa caesalpiniifolia Benth sansão-do-campo arbustivo Anemo

Mimosa setosa Benth. unha-de-gato arbustivo Anemo

Schizolobium parahyba (Vell.) S. F. Blake guapuruvu arbóreo Anemo

Icacinaceae

Emmotum nitens (Benth.) Miers sôbro arbóreo Anemo

Malvaceae

Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna paineira arbóreo Anemo

Luehea divaricata Mart. & Zucc. açoita-cavalo arbóreo Anemo

Melastomataceae

Miconia albicans (Sw.) Triana azulinho arbustivo Zoo

Miconia chamissois Naudin beira-rio arbustivo Zoo

Miconia ferruginata DC. pixirica arbustivo Zoo

Miconia theizans (Bonpl.) Cogn. micônia arbustivo Zoo

Microlicia sp microlicia arbustivo Zoo

Meliaceae

Cabralea canjerana (Vell.) Mart. canjarana arbóreo Zoo

Moraceae

Ficus arpazusa Casar. figueira arbóreo Zoo

Myristicaceae

Eucalyptus sp eucalipto arbóreo Anemo

Onagraceae

Ludwigia elegans (Camb.) Hara cruz-de-malta arbustivo Anemo

Pinaceae

Pinus sp pinheiro arbóreo Anemo

Piperaceae

Piper aduncum L. falso-jaborandi arbóreo Zoo

Piper amalago L. pariparoba arbustivo Zoo

Piper corintoanum Yunck. capeba arbustivo Zoo

Piper arboreum Aubl. jaborandi arbustivo Zoo

Primulaceae

Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze pororoca arbóreo Zoo

Myrsine umbellata Mart. arbóreo Zoo

Poaceae

Andropogon sp. capim-rabo-de-burro herbáceo Anemo

Bambusa sp. bambu herbáceo Anemo

Echinolaena inflexa (Poir.) Chase capim flexinha herbáceo Zoo

Urochloa decumbens (Stapf) R.D.Webster capim braquiária herbáceo Anemo

Rubiaceae

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Tabela 15: Lista de espécies amostradas nas veredas da Fazenda do Óleo, em Uberlândia, MG.

FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME-POPULAR HÁBITO SD

Coussarea hydrangeafolia (Benth.)

Müll.Arg. bugre-branco arbóreo Zoo

Guettarda viburnoides Cham. & Schltdl. veludo-branco arbóreo Zoo

Salicaceae

Casearia sylvestris Sw. guassatonga arbóreo Zoo

Sapindaceae

Matayba guianensis Aubl. camboatá arbóreo Zoo

Serjania sp. cipó-uva liana Zoo

Sapotaceae

Pouteria guianensis Aubl abiurana arbóreo Zoo

Pouteria torta (Mart.) Radlk. guapeva arbóreo Zoo

Styracaceae

Styrax camporum Pohl laranjinha-do-campo arbóreo Zoo

Styrax ferrugineus Nees & Mart. laranjinha-do-campo arbóreo Zoo

Urticaceae

Cecropia pachystachya Trécul embaúba arbóreo Zoo

Vochysiacaea

Vochysia tucanorum Mart. pau-de-tucano arbóreo Anemo

Zingiberaceae

Hedychium coronarium Koehne lírio do brejo herbáceo Anemo

Cerrado sentido restrito Os fragmentos remanescentes de cerrado sentido restrito da propriedade estão localizadas ao norte

da pista que corta a fazenda, entre as Veredas, onde ocorre isolamento por cerca nos limites com a

rodovia e as veredas. Os dados florísticos das áreas de cerrado sentido restrito amostradas estão

expostos na Tabela 16.

O cerrado sentido restrito ocorre em solo com cascalho pedregoso (Erro! Fonte de referência não

encontrada.). A comunidade arbórea é formada em sua maior extensão por poucos indivíduos

arbóreos esparsos com dossel descontinuo, atingindo alturas entre 5 e 10 metros. As principais

espécies arbóreas registradas foram: Ouratea hexasperma (folha-de-serra), Myrcia variabilis (cambuí),

Davilla elliptica (lixeirinha), Diospyros hispida (fruta-de-boi), Xylopia aromatica (pimenta-de-macaco),

Tachigali aurea (carvoeiro-borão), Miconia ferruginata (pixirica), Dalbergia miscolobium (jacarandá-d-

cerrado), Handroanthus chrysotrichus (ipê-amarelo), Vochysia rufa (pau-doce), Caryocar brasiliense

(pequi) e Kielmeyera coriacea (pau-santo). As espécies subarbustivas mais frequentes foram Bauhinia

rufa (pata-de-vaca), Solanum lycocarpum (lobeira) e Byrsonima intermedia (murici).

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Tabela 16. Lista de espécies amostradas nos remanescentes de cerrado sentido restrito e cerradão da Fazenda do

Óleo, em Uberlândia, MG. SD = síndrome de dispersão.

FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME-POPULAR HÁBITO SD CERRADÃO CERRADO

Acanthaceae

Ruellia sp. viuvinha arbustivo Zoo X

Anacardiaceae

Tapirira guianensis Aubl. pau-pombo arbóreo Zoo X

Annonaceae

Annona crassiflora Mart. araticum arbóreo Zoo X

Figura 12: Solo com cascalho pedregoso (A) no cerrado sentido restrito. (B) Ouratea hexasperma (folha-de-

serra). (C) Diospyros hispida (fruta-de-boi). (D) Handroanthus chrysotrichus (ipê-amarelo). (E)

Dalbergia miscolobium (jacarandá-d-cerrado). (F) Davilla elliptica (lixeirinha). (G) Kielmeyera coriacea

(pau-santo).

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Tabela 16. Lista de espécies amostradas nos remanescentes de cerrado sentido restrito e cerradão da Fazenda do

Óleo, em Uberlândia, MG. SD = síndrome de dispersão.

FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME-POPULAR HÁBITO SD CERRADÃO CERRADO

Cardiopetalum

calophyllum Schltdl. imbirinha arbóreo Zoo X

Xylopia aromatica (Lam.)

Mart. pimenta-de-macaco arbóreo Zoo X X

Apocynaceae

Aspidosperma

macrocarpon Mart. peroba arbóreo Anemo X

Aspidosperma

tomentosum Mart. peroba-do-cerrado arbóreo Anemo X

Himatanthus obovatus

(Müll.Arg.) Woodson leiteiro arbustivo Anemo X

Araliaceae

Schefflera macrocarpa

(Cham. & Schltdl.) Frodin morototó arbóreo Zoo X

Asteraceae

Aspillia sp. bem-me-quer arbustivo Anemo X

Baccharis dracunculifolia

DC. dente-de-dragão arbustivo Zoo X

Piptocarpha rotundifolia

(Less.) Baker pau-de-fumo arbóreo Anemo X X

Vernonia ferruginea Less. assa-peixe arbustivo Anemo X

Bignoneaceae

Handroanthus

chrysotrichus (Mart. ex

DC.) Mattos

ipê-amarelo arbóreo Anemo X

Handroanthus ochraceus

(Cham.) Mattos ipê-amarelo arbóreo Anemo X X

Zeyheira digitalis (Vell.)

L.B. Sm. & Sandwith bolsa-de-pastor arbustivo Anemo X

Bixaceae

Bixa orellana L. urucum arbóreo Auto X

Boraginaceae

Cordia trichotoma (Vell.)

Arráb. ex Steud. louro-pardo arbóreo Anemo X

Burseraceae

Protium heptaphyllum

(Aubl.) Marchand almecega arbóreo Zoo X

Caryocaraceae

Caryocar brasiliense

Cambess. pequi arbóreo Zoo X X

Celastraceae

Cheiloclinium cognatum

(Miers.) A.C.Sm. bacupari arbóreo Zoo X

Plenckia populnea

Reissek macieira arbóreo Zoo X

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Tabela 16. Lista de espécies amostradas nos remanescentes de cerrado sentido restrito e cerradão da Fazenda do

Óleo, em Uberlândia, MG. SD = síndrome de dispersão.

FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME-POPULAR HÁBITO SD CERRADÃO CERRADO

Salacia crassifolia (Mart.

ex Schult.) G.Don bacupari-do-cerrado arbóreo Zoo X

Clusiaceae

Kielmeyera coriacea

Mart. & Zucc. pau-santo arbóreo Anemo X X

Combretaceae

Terminalia argentea

(Cambess.) Mart. capitão-do-campo arbóreo Anemo X X

Terminalia glabrescens

Mart. capitão arbóreo Anemo X

Connaraceae

Connarus suberosus

Planch. ruiva arbóreo Zoo X X

Rourea induta Planch. chapeudinha arbustivo Zoo X

Cyperaceae

Cyperus sp tiririca herbáceo Anemo X

Dilleneaceae

Curatella americana L. lixeira arbóreo Anemo X X

Davilla elliptica A.St.-Hil. lixeirinha arbóreo Zoo X X

Ebenaceae

Diospyros hispida A.DC. caqui-bravo arbóreo Zoo X X

Erythroxylaceae

Erythroxylum daphnites

Mart. mercurio-da-mata arbustivo Zoo X

Erythroxylum deciduum

A.St.-Hil. fruta-de-sagui arbustivo Zoo X

Erythroxylum suberosum

A.St.-Hil. muxiba-curta arbustivo Zoo X

Erythroxylum tortuosum

Mart. muxiba-comprida arbustivo Zoo X

Euphorbiaceae

Maprounea guianensis

Aubl maprunea arbóreo Zoo X

Phyllanthus sp filantus herbaceo Zoo X X

Fabaceae

Andira vermifuga (Mart.)

Benth. angelim arbóreo Zoo X X

Bauhinia sp pata-de-vaca arbóreo Zoo X

Bauhinia rufa (Bong.)

Steud. pata-de-vaca arbóreo Zoo X X

Bowdichia virgilioides

Kunth sucupira-preta arbóreo Anemo X

Copaifera langsdorffii

Desf. óleo-de-copaíba arbóreo Zoo X

Crotalaria sp chiquechique herbaceo Auto X

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Tabela 16. Lista de espécies amostradas nos remanescentes de cerrado sentido restrito e cerradão da Fazenda do

Óleo, em Uberlândia, MG. SD = síndrome de dispersão.

FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME-POPULAR HÁBITO SD CERRADÃO CERRADO

Dalbergia miscolobium

Benth. caviúna arbóreo Anemo X X

Dimorphandra mollis

Benth. faveiro arbóreo Auto X X

Enterolobium

gummiferum (Mart.)

J.F.Macbr.

tamboril arbóreo Auto X X

Inga sessilis (Vell.) Mart. ingá-amarelo arbóreo Zoo X

Leptolobium dasycarpum

(Vogel) Yakovlev colher-de-pedreiro arbóreo Anemo X

Machaerium opacum

Vogel jacarandá arbóreo Anemo X

Mimosa setosa Benth. unha-de-gato arbustivo Anemo X

Pterodon pubecens

(Benth.) Benth. sucupira-preta arbóreo Anemo X

Stryphnodendron

adstringens (Mart.) Cov. barbatimão arbóreo Auto X

Vatairea macrocarpa

(Benth.) Ducke amargosão arbóreo Zoo X

Tachigali aurea Tul. carvoeiro-borão arbóreo Zoo X

Lauraceae

Ocotea corymbosa

(Meisn.) Mez canela-miúda arbóreo Zoo X

Ocotea minarum (Nees &

Mart.) Mez canelinha arbóreo Zoo X

Malpighiaceae

Byrsonima coccolobifolia

Kunth murici-vermelho arbóreo Zoo X

Byrsonima intermedia murici arbustivo Zoo X

Byrsonima pachyphylla

A.Juss. murici arbóreo Zoo X

Byrsonima verbascifolia

(L.) DC. murici arbóreo Zoo X

Malvaceae

Eriotheca gracilipes

(K.Schum.) A.Robyns paineira-do-cerrado arbóreo Anemo X

Luehea divaricata Mart.

& Zucc. açoita-cavalo arbóreo Zoo X

Melastomataceae

Miconia albicans (Sw.)

Triana azulinho arbustivo Zoo X X

Miconia ferruginata DC. pixirica arbustivo Zoo X

Miconia pohliana Cogn. pixirica arbustivo Zoo

Meliaceae

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Tabela 16. Lista de espécies amostradas nos remanescentes de cerrado sentido restrito e cerradão da Fazenda do

Óleo, em Uberlândia, MG. SD = síndrome de dispersão.

FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME-POPULAR HÁBITO SD CERRADÃO CERRADO

Cabralea canjerana

(Vell.) Mart. cedro-bravo arbóreo Zoo X

Guarea guidonia (L.)

Sleumer marinheiro arbóreo Zoo X

Moraceae

Brosimum gaudichaudii

Trécul mama-cadela arbóreo Zoo X

Myristicaceae

Virola sebifera Aubl. virola arbóreo Zoo X

Myrtaceae

Blepharocalyx salicifolius

(Kunth) O.Berg araçá arbóreo Zoo

Campomanesia velutina

(Cambess.) O.Berg veludinho arbóreo Zoo X

Eucalyptus sp eucalipto arbóreo Anemo X

Eugenia dysenterica DC. pitanga arbóreo Zoo X

Eugenia florida DC. guamirim arbóreo Zoo X

Eugenia punicifolia

(Kunth) DC. pitanga arbóreo Zoo X

Myrcia splendens (Sw.)

DC. goiabeira-do-campo arbóreo Zoo X

Myrcia variabilis DC goiabeira-do-cerrado arbustivo Zoo X

Psidium acutangulum

DC. araçá-pêra arbóreo Zoo X

Nyctaginaceae

Guapira graciliflora

(Mart. ex Schmidt)

Lundell

guapira arbóreo Zoo X X

Guapira noxia (Netto)

Lundell maria-mole arbóreo Zoo X X

Neea theifera Oerst. caparosa arbóreo Zoo X X

Ochnaceae

Ouratea hexasperma

(A.St.-Hil.) Baill. oratea arbóreo Zoo X X

Piperaceae

Piper sp falso-jaborandi arbustivo Anemo X

Poaceae

Andropogon sp capim-rabo-de-burro herbaceo Anemo X X

Echinolaena inflexa

(Poir.) Chase capim flexinha herbaceo Zoo X X

Urochloa decumbens

(Stapf) R.D.Webster capim braquiária herbaceo Anemo X X

Proteaceae

Roupala montana Aubl. carne-de-vaca arbóreo Anemo X X

Rubiaceae

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Tabela 16. Lista de espécies amostradas nos remanescentes de cerrado sentido restrito e cerradão da Fazenda do

Óleo, em Uberlândia, MG. SD = síndrome de dispersão.

FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME-POPULAR HÁBITO SD CERRADÃO CERRADO

Cordiera sessilis (Vell.)

Kuntze marmelada-de-cachorro arbóreo Zoo X

Palicourea rigida Kunth bate-caixa arbustivo Zoo X

Psychotria sp psicótica arbustivo Zoo X

Rutaceae

Zanthoxylum riedelianum

Engl. mamica-de-porca arbóreo Zoo X

Zanthoxylum rhoifolium

Lam. mamica-de-porca arbóreo Zoo X

Salicaceae

Casearia sylvestris Sw. guassatonga arbóreo Zoo X X

Sapindaceae

Matayba guianensis

Aubl. camboatá arbóreo Zoo X

Sapotaceae

Pouteria ramiflora

(Mart.) Radlk guapeva arbóreo Zoo X

Pouteria torta (Mart.)

Radlk. guapeva arbóreo Zoo X

Solanacea

Solanum lycocarpum

A.St.-Hil. lobeira arbustivo Zoo X X

Styracaceae

Styrax camporum Pohl laranjinha-do-campo arbóreo Zoo X

Styrax ferrugineus Nees

& Mart. Laranjinha-do-cerrado arbóreo Zoo X

Symplocaceae

Symplocos pubescens

Klotzsch ex Benth. sete-mentiras arbóreo Zoo X

Urticaceae

Cecropia pachystachya

Trécul embaúba arbóreo Zoo X

Vochysiaceae

Qualea grandiflora Mart. pau-terra arbóreo Anemo X X

Qualea multiflora Mart. pau-terra-de-folha-miúda arbóreo Anemo X X

Qualea parviflora Mart. fígado-de-galinha arbóreo Anemo X X

Vochysia tucanorum

Mart. pau-de-tucano arbóreo Anemo X

Vochysia rufa Mart. pau-doce arbóreo Anemo X

Cerradão

Os remanescentes de cerradão estão concentrados ao sul da propriedade e ocorrem em solos

profundos, bem drenados, de média e baixa fertilidade, ligeiramente ácidos. A comunidade arbórea

forma dossel contínuo com indivíduos atingindo alturas entre oito e 15 metros. Em sua maior extensão,

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os fragmentos de Cerradão da comunidade possuem um intenso efeito de borda, havendo maior

adensamento de indivíduos nas áreas nucleares destes fragmentos, bem como menor frequência de

clareiras (Erro! Fonte de referência não encontrada.). Os dados florísticos dos fragmentos de

cerradão estudados estão expostos na Tabela 16.

Nessas áreas nucleares foram alocadas as parcelas para os estudos fitossociológicos. As principais

espécies arbóreas que compõem do dossel são: Xylopia aromatica (pimenta-de-macaco), Copaifera

langsdorffii (copaíba), Pterodon pubescens (sucupira-branca), Qualea grandiflora (pau-terra-grande),

Pouteria ramiflora (curriola), Ocotea minarum (canela-vassoura), Protium heptaphyllum (almecega) e

Vatairea macrocarpa (amargosão) (Erro! Fonte de referência não encontrada.).

Figura 13. (A) Borda do fragmento de cerradão com alta densidade de trepadeiras e (B) clareira

no interior do fragmento.

Figura 14. Espécies comuns no cerradão. (A) Xylopia aromatica (pimenta-de-macaco). (B) Qualea

grandiflora (pau-terra-grande). (C) Copaifera langsdorffii (copaíba). (D) Protium

heptaphyllum (almecega). (E) Pouteria ramiflora (curriola).

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5. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO SOCIOECONÔMICO

5.1. Aspectos demográficos do Município

Nas Tabelas 18, 19 e 20 estão sintetizados os aspectos mais relevantes relacionados ao crescimento

populacional de Uberlândia, que teve um ritmo acelerado no período de 1996 a 2000, com um incremento

superior a 14% no período, que representa uma taxa anualizada de 3,31%. Entre 2000 e 2010, verifica-se

um arrefecimento das taxas de crescimento, todavia com maior incremento relativo de população, com

crescimento acumulado de 20,5% e taxa anual de 2,051%.

O atual quadro das características demográficas do município de Uberlândia é semelhante ao panorama

encontrado na maior parte do país, caracterizando-se por um processo de aceleração e generalização do

fenômeno urbano. Nos últimos quarenta anos, foram significativas as mudanças na dinâmica demográfica

que podem ser verificadas através da análise da evolução das taxas de crescimento populacional, do grau

de urbanização e dos índices de densidade populacional.

Tabela 18 - Evolução da População do Município de Uberlândia – 1996 a 2010

Crescimento Populacional/Ano

Área 1996¹ 2000² 2001³ 2002³ 2003³ 2004³ 2005³ 2006³ 20104

Urbana 431.744 488.982 505.167 521.888 539.162 556.133 570.982 585.719 587.266

Rural 7.242 12.232 12.637 13.055 13.487 13.909 14.280 14.649 16.747

Total 438.986 501.214 517.804 534.943 552.649 570.042 585.262 600.368 604.013

Fonte:IBGE/Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano

Nota: 1. Contagem populacional/IBGE/1996.

2. Censo Demográfico/IBGE/ 2000

3. Estimativa Populacional

4. Censo Demográfico/IBGE/2010

Tabela 19 – Evolução da Densidade Demográfica do Município de Uberlândia – 1996 a 2010

Densidade Demográfica

Área Superfície

(km²)

Habitantes / km²

1996¹ 2000² 2001³ 2002³ 2003³ 2004³ 2005³ 2006³ 20104

Urbana 219,00 1.971,43 2.232,79 2.306,70 2.383,05 2.462,00 2.539,42 2.607,22 2.674,51 2.681,57

Rural 3.896,82 2,85 3,13 3,24 3,35 3,46 3,57 3,66 3,76 4,29

Total 4.115,82 106,66 121,77 125,80 129,97 134,27 138,50 142,20 145,87 142,71

Fonte: IBGE

Nota: ¹Contagem Populacional/IBGE - 1996

²Censo Demográfico/IBGE - 2000

³Estimativa Populacional

4. Censo Demográfico/IBGE/2010

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O fato mais marcante do processo de urbanização é dado pelos movimentos migratórios, ou seja, saída da

população das pequenas cidades da região, saída da população do campo em razão da modernização

agropecuária e pela chegada de imigrantes de outros estados.

A pirâmide etária da população mostra que o município apresenta alteração na forma piramidal típicas das

regiões em desenvolvimento econômico acentuado, ou seja, a base da pirâmide apresenta totais

populacionais inferiores as faixas etárias subsequentes o que denota um arrefecimento do crescimento

vegetativo desses municípios. Por outro lado, melhores condições de atendimento a saúde e acesso de

melhores condições de moradia, prolongam expectativa de vida e acentua a participação das faixas etárias

do topo da pirâmide, conforme Figura 15.

Figura 15 – Pirâmide etária do município de Uberlândia – MG.

Fonte: Censo Demográfico/IBGE/2010.

Tabela 20 – Crescimento Populacional em Uberlândia (1996-2010)

Censo Taxas de Crescimento

20001 20102 Anual Período

501.214 604.013 2,051% 20,5% Fonte: IBGE

Nota: 1. Censo Demográfico/IBGE – 2000.

2. Censo Demográfico/IBGE – 2010

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5.2. Índice de Desenvolvimento Humano – Municipal (IDH-M)

O IDH-M é um indicador sintético, de utilização mundial, que permite a avaliação simultânea de algumas

condições básicas de vida da população de uma dada localidade, abrangendo uma síntese dos índices de

longevidade, educação e renda para caracterizar o seu grau de desenvolvimento humano dessas

localidades.

Além do IDH-M para os municípios, obteve-se o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH do Estado de

Minas Gerais para comparação da situação dos municípios frente ao Estado, conforme observado nas

Tabelas 21 e 22.

Tabela 21 - Comparativo do Índice de Desenvolvimento Humano de Uberlândia (MG) com o

Estado de Minas Gerais e Brasil – 1970/2010

Índice - IDH

Município de Uberlândia Estado Brasil

1970 1980 1991 2000 2010 2010 2010

Total 0, 567 0, 746 0, 777 0, 830 0,789 0, 731 0, 727

Renda 0, 587 0, 954 0, 726 0, 768 0,776 0, 730 0, 739

Longevidade 0, 490 0, 600 0, 758 0, 802 0,885 0, 838 0, 710

Educação 0, 625 0, 683 0, 848 0, 920 0,716 0, 638 0, 637

Ranking no

Brasil - - 76º 134º 71° 9º -

Ranking no

Estado 3º 1º 3º 7º 3° - -

Fonte: IPE, Ministério do Planejamento, 2010. Org.: Michelotto, 2014.

Tabela 22 - Evolução dos indicadores componentes do IDH-M de Uberlândia (MG) – 1970/2010

Componentes do IDHM

Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal

1970 1980 1991 2000 2010

0, 567

0, 756

0, 778

0,830

0,789

Esperança de vida ao nasce (em anos) 54,38 61,01 70,45 73,11 78,09

Taxa de alfabetização de adultos (%) 91,5 94,55 95,87

Taxa Bruta de Frequência Escola (%) 71,31 86,97 89,98

Renda per capita (em R$ de 2000) 306,29 389,32 1001,45

Índice de longevidade (IDHM-L) 0, 490 0, 600 0, 758 0, 802 0,885

Índice de educação (IDHM-E) 0, 625 0, 683 0, 848 0, 920 0,716

Índice de renda (IDHM-R) 0, 587 0, 954 0, 728 0, 768 0,776

Classificação em Minas Gerais 3º 7º 3°

Classificação no Brasil 73º 131º 71°

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013. Org.: Michelotto, 2014.

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Em 2000, Uberlândia com IDH-M de 0,83, alcançou o índice relativo às localidades com alto

desenvolvimento humano (0,800 a 1,000) apresentando, inclusive, índice superior à média do Estado de

Minas Gerais (0,766).

Em 2010, Uberlândia ocupava a 71a posição no ranking dos municípios brasileiros e a 3a posição entre

os municípios mineiros, com IDH-M de 0,789.

5.3. Caracterização do Setor Oeste

A área proposta para a criação do PNM das Garças insere-se na zona oeste do município de Uberlândia,

composta por 19 bairros e grande extensão territorial, considerada com um eixo vetorial de crescimento

da cidade. Atualmente, é ocupada basicamente por bairros populares.

O Setor Oeste de Uberlândia, segundo dados do IBGE de 2010, elaborados pela Diretoria de Pesquisas

Integradas da Secretaria de Planejamento Urbano possui uma população de 140.539 habitantes, sendo o

mais populoso da cidade, seguido do Setor Leste com 137.000, Setor Sul com 125.842, Setor Norte com

93.267 3 Setor Central com 84.903 habitantes.

Neste setor da cidade a infraestrutura é satisfatória, com eixos comerciais nas principais avenidas, centros

de compras, equipamentos públicos e empreendimentos privados diversificados de comércio e serviços.

É notável a densidade populacional dos bairros Luizote de Freitas, Jardim Patrícia, Dona Zulmira e

Planalto.

Com relação aos Parques Municipais, como demonstrado no item 2.1 deste estudo, o Setor Oeste, apesar

de dois Parque Municipais existentes atualmente, ambos de pequeno porte, pela sua importância

demográfica, carece de um novo Parque aberto ao uso público.

Para a caracterização da infraestrutura de serviços sociais e equipamentos comunitários na região do novo

Parque, foram realizados estudos expeditos em campo e consulta ao Banco de Dados Integrados do

Município de Uberlândia.

A região do novo PNM das Garças, especificamente o setor oeste da cidade, na qual os futuros moradores

poderão ter acesso a esse novo equipamento público, caracteriza-se por uma média densidade em

instituições públicas de serviços. O novo parque agrega um importante diferencial à região que conta com

apenas duas unidades de esportivas de uso comunitário, o Grêmio Esportivo e Cultural dos Funcionários

Públicos do Município de Uberlândia e o Poliesportivo Tancredo Neves e duas praças publicas de porte,

Morum Bernardino e Theodora Santos.

O novo PNM das Garças, com 157 há e grandes áreas destinadas ao uso público seguramente trará um

grande incremento na qualidade de vida da população da Zona Oeste.

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Com relação a acessibilidade da população ao novo Parque, a área onde está localizado é bem provida

de transporte coletivo com 09 linhas de ônibus, que passam pelas suas imediações.

5.4. Demanda Potencial de Uso Público e Educação Ambiental

No âmbito deste trabalho de criação da nova Unidade de Conservação não foi possível quantificar a

demanda de uso público e educação ambiental, com base nas informações disponíveis, o que deverá

ser avaliado com melhor precisão durante a elaboração do Plano de Manejo.

Mesmo assim, por meio de entrevistas e com base nos dados demográficos da região Oeste da cidade

é possível inferir que a nova UC cumprirá uma importante função com relação a estes objetivos, não

somente em relação à Zona Oeste como também na complementariedade com os demais Parque

Municipais.

Em linhas gerais pode ser constatado que a população de Uberlândia tem uma cultura de uso dos

parques públicos, bastante importante e que há uma preocupação do município com a gestão e

ampliação desses espaços. Foi possível identificar também a complementariedade dos parques

existentes em relação as suas vocações e usos.

Parque do Sabiá: basicamente voltado ao uso público de lazer e atividades esportivas, inserido na

área mais consolidada da cidade e com função paisagística de destaque. No entanto, sua capacidade

de suporte com relação à visitação pública, segundo informações coletadas, está praticamente no

limite, principalmente nos finais de semana quando é visitado por pessoas de todas as regiões da

cidade. O Novo Parque seguramente contribuirá para reduzir essa pressão.

Parque Victorio Siquierolli: o seu uso é de natureza distinta do Parque Sabiá, basicamente voltado

para a conservação, educação ambiental e pesquisa em biodiversidade do cerrado. É muito bem

estruturado quanto aos seus objetivos, em especial a qualidade do Museu do Cerrado. Conta com

parcerias com a UFU e convênios com o Ministério do Meio Ambiente. O parque é frequentado

basicamente por escolas e não tem vocação, nem espaço, para atender a demanda de usuários mais

interessados em lazer e atividades esportivas. O novo Parque, também uma Unidade de Conservação

de Proteção Integral, poderá estabelecer inúmeras sinergias e cooperação com o Parque Siqueiroli e

principalmente aumentar a oferta de espaço para educação ambiental.

Parque Linear Rio Uberabinha: localizado na região mais central da cidade, protege as margens do

rio responsável pelo abastecimento da cidade e que recebeu importante obra de despoluição. Os

equipamentos disponíveis no parque linear são limitados a atividades de caminhadas e exercícios

físicos.

Parque Linear do Óleo: está em implantação, na mesma região da Fazenda do Óleo. Essa situação

é muito favorável para o futuro PNM das Garças, e para a população, visto que poderá integrar

atividades de uso público, caminhadas, ciclovias, etc., ao novo Parque.

Na Zona Oeste, considerando apenas as Escolas Municipais, atualmente existem 55.765 estudantes

matriculados. Sendo: 8.158 em creches, 10.711 em pré-escola, 35.490 no 1º grau, 62 pessoas com

deficiência e 1344 em educação para jovens e adultos. Somando-se os 1.510 alunos de escola

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particulares e mais 10.138 das Escolas Estaduais, apenas na região Oeste tem-se um contingente de

67.413 de crianças e jovens que terão uma nova possibilidade de espaço para educação ambiental e

lazer nas proximidades dos equipamentos de ensino.

Os números acima, sem considerar os benefícios para a população em geral, já são suficientemente

convincentes dos benefícios que o novo Parque trará para a oferta de espaço para a atividades de

educação ambiental, atividades esportivas e de lazer ao ar livre e contemplação da natureza.

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6. PROPOSTA DE GESTÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

Considerando-se a legislação vigente que disciplina os processos de gestão e implantação de Unidades Federais,

nos âmbitos municipal, estadual e federal, bem como a experiência acumulada pelos órgãos gestores destas

áreas protegidas, pode-se afirmar que a elaboração de Proposta de Gestão de uma Unidade de Conservação

não pode desconsiderar alguns elementos fundamentais a saber: a) qual o modelo de gestão a ser utilizado,

considerando-se a categoria da UC, o tipo de uso que se pretende, a nível de envolvimento da população local,

dentre outros, b) quais as ferramentas de planejamento e gestão das ações, projetos e programas voltados

para a implantação e consolidação da UC, c) definição de programas emergenciais a serem implementados até

que que elabore e aprove o Plano de Manejo da UC e d) os mecanismos de financiamento que garantam a

consecução das metas estabelecidas para a implantação, manutenção e consolidação da UC.

a) Modelo de Gestão:

a.1) No Brasil, a grande maioria das Unidades de Conservação (cerca de 1800 UCs) instituídas pelos governos federal, estaduais e municipais, são geridas pelas próprias estruturas governamentais que proveem todos os recursos necessários à gestão. Predominam as estruturas da administração direta, autarquias e as fundações públicas, todas em regime jurídico especial do setor público, que tem reconhecidamente, graves limitações do ponto de vista gerencial e disputam os escassos recursos orçamentários com outras prioridades como saúde, educação, segurança pública, etc.

Nos últimos anos, esse modelo de gestão de UC, quase único no Brasil, vem sendo alvo de um intenso debate no âmbito governamental e na sociedade civil. São evidentes as dificuldades do setor público de cumprir de forma adequada as suas atribuições, especialmente as de proteção da biodiversidade e outros atributos pelos quais estas UC foram criadas, ao mesmo tempo em que se verifica o crescente interesse de participação da sociedade civil e mesmo de empresas privadas interessadas em explorar economicamente os atrativos e espaços públicos existentes nas UC. Como buscamos mostrar a seguir, na própria Lei do SNUC e principalmente no Decreto Federal nº 4.340 de 2002, que a regulamentou, estão previstas possibilidades legais para que os órgãos gestores procurem formas alternativas de gerenciamento das UC e do financiamento dos recursos necessários para o seu custeio e investimentos. No Decreto Federal nº 4.340 de 2002, já estão previstas alternativas e possibilidades de gestão compartilhada das UC. Está estabelecido que:

”Art. 30. As unidades de conservação podem ser geridas por organizações da sociedade civil de interesse público com objetivos afins aos da unidade, mediante instrumento a ser firmado com o órgão responsável por sua gestão”.

Sendo que a gestão compartilhada de unidade de conservação por OSCIP é regulada por termo de parceria firmado com o órgão executor, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999 e as condições detalhadas no Capitulo VI do SNUC, estabelecendo as condições e demais regramentos para esta alternativa.

Todavia, mesmo com a previsão legal para a gestão e financiamento alternativos, muito pouco se avançou nessas possibilidades.

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São poucas e recentes as experiências implantadas nas UC federais e estaduais. Com o intuito de subsidiar essa discussão, recentemente, o Instituto Semeia, instituição sem fins lucrativos, que tem como missão “transformar as áreas protegidas em orgulho para todos os brasileiros” e ser “uma referência na articulação entre os setores público e privado para o desenvolvimento e aplicações de modelos de gestão inovadores, que valorizem a conservação, o uso público e a sociodiversidade do entorno das áreas protegidas, com foco em parques”, publicou um alentado estudo denominado “Modelos de Gestão Aplicáveis às Unidades de Conservação do Brasil” (Instituto Semeia, 2015,59p.). Nesse estudo, são discutidos os diversos modelos de gestão possíveis de serem adotados pelas UC, e foram separados em: Estatais: estruturas da administração direta; estruturas da administração indireta (autarquias e fundações públicas); estruturas da administração indireta (empresas públicas e sociedades de economia mista); e, Não Estatais: estruturas do terceiro setor (OS e OSCIP); ONGS e organizações colaborativas e estruturas de mercado- concessões (concessões não prestacionais, concessões prestacionais, concessões integradas e PPP). Para cada tipo de estrutura, foram analisados os prós e contras com relação a: responsabilidade pelos investimentos na UC, administração de riscos, eficiência na gestão da UC e controle de resultados e fiscalização, perfil dos funcionários, além da legislação de referência. Embora não caiba, no espaço deste estudo de criação do PNM das Garças, discutir detalhadamente cada uma das possibilidades de gestão levantadas pelo trabalho do Instituto Semeia, fica a recomendação da Secretaria do Meio Ambiente de promover no âmbito do Conselho Consultivo do novo parque e de forma ampliada com as demais representações da sociedade civil de Uberlândia a discussão do modelo de gestão que queremos construir em busca da excelência e sustentabilidade do novo Parque e que o ato de criação da nova UC tenha a previsão de sua gestão considerando as possibilidades previstas em lei. Como recomendação, vale registrar a principal conclusão do estudo do Instituto Semeia: “Na verdade não existe um modelo único a ser utilizado para as UC do Brasil, permanecendo uma miríade de opções que devem se adequar, em maior ou menor escala, as características de cada situação concreta que as autoridades responsáveis pela gestão das Unidades de Conservação vierem a enfrentar”.

a.2) Outra questão a ser reafirmada é a imposição de um modelo de gestão que garanta, de forma

efetiva, a real e permanente participação de todos os segmentos interessados na implantação eficaz da unidade de conservação, de modo a garantir o cumprimento de seus objetivos.

A Lei do SNUC que os Parque Naturais Municipais devem constituir um Conselho Consultivo da UC, presidido pelo representante do órgão responsável por sua administração e composto por representantes de órgãos públicos e representações da sociedade civil. O Decreto Federal 4.340 de 2002, no seu Capitulo V, abaixo transcrito, regulamenta as linhas gerais da composição, atribuições e funcionamento dos Conselhos da UC.

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“Art. 17. As categorias de unidade de conservação poderão ter, conforme a Lei no 9.985, de 2000, conselho consultivo ou deliberativo, que serão presididos pelo chefe da unidade de conservação, o qual designará os demais conselheiros indicados pelos setores a serem representados. § 1° A representação dos órgãos públicos deve contemplar, quando couber, os órgãos ambientais dos três níveis da Federação e órgãos de áreas afins, tais como pesquisa científica, educação, defesa nacional, cultura, turismo, paisagem, arquitetura, arqueologia e povos indígenas e assentamentos agrícolas. § 2° A representação da sociedade civil deve contemplar, quando couber, a comunidade científica e organizações não-governamentais ambientalistas com atuação comprovada na região da unidade, população residente e do entorno, população tradicional, proprietários de imóveis no interior da unidade, trabalhadores e setor privado atuantes na região e representantes dos Comitês de Bacia Hidrográfica. § 3° A representação dos órgãos públicos e da sociedade civil nos conselhos deve ser, sempre que possível, paritária, considerando as peculiaridades regionais. § 4° A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP com representação no conselho de unidade de conservação não pode se candidatar à gestão de que trata o Capítulo VI deste Decreto. § 5° O mandato do conselheiro é de dois anos, renovável por igual período, não remunerado e considerado atividade de relevante interesse público. § 6° No caso de unidade de conservação municipal, o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, ou órgão equivalente, cuja composição obedeça ao disposto neste artigo, e com competências que incluam aquelas especificadas no art. 20 deste Decreto, pode ser designado como conselho da unidade de conservação. Art. 18. A reunião do conselho da unidade de conservação deve ser pública, com pauta preestabelecida no ato da convocação e realizada em local de fácil acesso. Art. 19. Compete ao órgão executor: I - convocar o conselho com antecedência mínima de sete dias; II - prestar apoio à participação dos conselheiros nas reuniões, sempre que solicitado e devidamente justificado. Parágrafo único. O apoio do órgão executor indicado no inciso II não restringe aquele que possa ser prestado por outras organizações. Art. 20. Compete ao conselho de unidade de conservação: I - elaborar o seu regimento interno, no prazo de noventa dias, contados da sua instalação; II - acompanhar a elaboração, implementação e revisão do Plano de Manejo da unidade de conservação, quando couber, garantindo o seu caráter participativo; III - buscar a integração da unidade de conservação com as demais unidades e espaços territoriais especialmente protegidos e com o seu entorno; IV - esforçar-se para compatibilizar os interesses dos diversos segmentos sociais relacionados com a unidade; V - avaliar o orçamento da unidade e o relatório financeiro anual elaborado pelo órgão executor em relação aos objetivos da unidade de conservação;

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VI - opinar, no caso de conselho consultivo, ou ratificar, no caso de conselho deliberativo, a contratação e os dispositivos do termo de parceria com OSCIP, na hipótese de gestão compartilhada da unidade; VII - acompanhar a gestão por OSCIP e recomendar a rescisão do termo de parceria, quando constatada irregularidade; VIII - manifestar-se sobre obra ou atividade potencialmente causadora de impacto na unidade de conservação, em sua zona de amortecimento, mosaicos ou corredores ecológicos; e IX - propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e otimizar a relação com a população do entorno ou do interior da unidade, conforme o caso”.

Assim, considerando o regramento acima descrito, propõe que a Secretaria do Meio Ambiente, tome as inciativas necessárias para que o Conselho Consultivo seja constituído no prazo de 90 dias, a contar do ato de criação do PNM das Garças. Tais inciativas devem garantir a ampla divulgação junto à sociedade civil, especialmente nos bairros do entorno da nova UC e entidades representativas com atuação na zona Oeste do Município, bem como nos órgãos públicos federais, estaduais e municipais, órgãos de pesquisa, universidades, Comitê de Bacia Hidrográfica, etc. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente deve estabelecer as regras para a representação das entidades da sociedade civil com antecedência apropriada para sua divulgação e debate público. A representação do setor público deve ser equilibrada entre os três níveis da Federação e contemplar a participação dos organismos ambientais. O Conselho Consultivo deverá ter composição paritária entre os órgãos governamentais e representações da sociedade civil.

b) Ferramentas de Planejamento e Gestão:

O SNUC define no Cap.1, Art.2º, XVII o plano de manejo como o “documento técnico mediante o qual,

com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento

e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação

das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade”

Mais adiante, o diploma legal detalha os alcances e condições para a elaboração do plano de manejo.

“Art. 27. As unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo. § 1o O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas. § 3o O Plano de Manejo de uma unidade de conservação deve ser elaborado no prazo de cinco anos a partir da data de sua criação”.

O regramento estabelece ainda que: “Art. 28. São proibidas, nas unidades de conservação, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos.

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Parágrafo único. Até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades e obras desenvolvidas nas unidades de conservação de proteção integral devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos que a unidade objetiva proteger, (...)”.

O Decreto Municipal que propõe a criação do Parque Natural Municipal do Córrego do Óleo, determina que o Plano de Manejo da nova Unidade de Conservação seja desenvolvido num prazo de 18 (dezoito) meses a partir da sua criação, sob a responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente, órgão da administração municipal designado para a sua gestão.

c) Normas transitórias até a aprovação do Plano de Manejo:

No Estado de Minas Gerais, a Lei Estadual nº 20.922 de 2013, no seu Art.44. § 1º, que:

“O ato de criação de Unidade de Conservação estabelecerá as regras de transição para o uso dos recursos naturais da área demarcada, válidas até a aprovação do plano de manejo”.

Os estudos desenvolvidos, principalmente aqueles que analisam as principais ameaças à integridade dos recursos naturais que a nova UC se propõe proteger, sugerem a necessidade de estabelecer normas transitórias, até a aprovação do plano de manejo. As medidas abaixo foram ajustadas entre as equipes da Secretaria do Meio Ambiente e da ITV Empreendimentos Imobiliários, como parte do acordo de cooperação para a criação do novo Parque.

a) No prazo de 18 (dezoito) meses, promover o isolamento físico, através do cercamento adequado, das Áreas de Preservação Permanente - APP e áreas úmidas, desmembradas das glebas da Fazenda do Óleo, que compõe a nova unidade de conservação. A sua implementação será de responsabilidade da ITV Empreendimentos Imobiliários, mediante estudo técnico coordenado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente;

b) No prazo de 12 meses, promover a sinalização dos limites da unidade de conservação nos pontos

de maior pressão antrópica, especialmente, naqueles em que a deposição de lixo é mais crítica;

c) Estabelecer a proibição da visitação e uso público das áreas de APPs, exceto as de caráter científico e previamente autorizadas pelo gestor da unidade de conservação,

d) Implementação imediata de medidas básicas de fiscalização e vigilância da área da unidade de conservação, sendo que o os proprietários das glebas da Fazenda do Óleo ficarão com a obrigação de fazer a vigilância das área de APPs e dominiais incorporadas na criação do novo PNM. A vigilância ficaará a cargo da ITV Empreendimentos Imobiliários se dará pelo prazo de 5 (cinco) anos a partir da criação do, sob supervisão do órgão gestor da unidade de conservação.

e) Implementar, no prazo de 12 (doze) meses, sob coordenação da Secretaria do Meio Ambiente do

município, campanha de divulgação e conscientização da população do entorno do novo Parque, sobre seus objetivos e a necessidade e importância da participação da sociedade civil.

Além das medidas transitórias acima descritas, em função da área proposta estar totalmente inserida no perímetro urbano foi sugerido o regramento básico da Zona de Amortecimento da nova UC, no ato de sua criação.

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O SNUC no Art. 2º. XVIII – define zona de amortecimento como “o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”. No Art.25 §1º do SNUC diz que todas as Unidades de Conservação, exceto Área de Proteção Ambiental (APA) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), devem possuir uma zona de amortecimento, cujas normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento (e dos corredores ecológicos), serão estabelecidas pelo órgão responsável pela administração da unidade. Assim, considerando que:

a) A área da nova unidade de conservação, bem como o seu entorno, já está inserido no perímetro urbano do município, e portanto não há como contrariar o Parágrafo Único do Art.49 do SNUC, que estabelece que a zona de amortecimento das unidades de conservação uma vez definida formalmente não pode ser transformada em zona urbana;

b) A UC proposta está integralmente localizada numa região totalmente urbanizada, com vários bairros já consolidados nos limites da nova Unidade de Conservação, e que,

c) O Art.25. §2º do SNUC estabelece que “os limites da zona de amortecimento e corredores

ecológicos e as respectivas normas de que trata o § 1º poderão ser definidas no ato de criação da unidade ou posteriormente”; (grifo nosso)

A Secretaria do Meio Ambiente propõe definir no Decreto de criação do PNM das Garças, sem prejuízo da sua discussão mais aprofundada quando da elaboração do Plano de Manejo, que a zona de amortecimento do PNM das Garças fique delimitada pelas vias marginais a serem implantadas no seu entorno imediato e às demais vias públicas já estabelecidas, respeitadas as normas estabelecidas pela legislação municipal de zoneamento, uso e parcelamento do solo.

d) Mecanismos de Financiamento:

Quanto aos recursos para a implantação e gestão das UC o mesmo Decreto prevê que regulamenta o SNUC aponta para a possibilidade das UC buscarem outras fontes de recursos, que não sejam do orçamento do poder público.

“Art. 34. Os órgãos responsáveis pela administração das unidades de conservação podem receber recursos ou doações de qualquer natureza, nacionais ou internacionais, com ou sem encargos, provenientes de organizações privadas ou públicas ou de pessoas físicas que desejarem colaborar com a sua conservação. Parágrafo único. A administração dos recursos obtidos cabe ao órgão gestor da unidade, e estes serão utilizados exclusivamente na sua implantação, gestão e manutenção”.

Outra forma, prevista no mesmo Decreto Federal, de financiar os recursos necessários à gestão das UC é a de concessão para a exploração de serviços desde que previstas no Plano de Manejo da unidade de conservação.

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Essa possibilidade também está detalhada no CAPÍTULO VII - DA AUTORIZAÇÃO PARA A EXPLORAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS

“Art. 25. É passível de autorização a exploração de produtos, subprodutos ou serviços inerentes às unidades de conservação, de acordo com os objetivos de cada categoria de unidade. Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, entende-se por produtos, subprodutos ou serviços inerentes à unidade de conservação:

I. aqueles destinados a dar suporte físico e logístico à sua administração e à implementação das atividades de uso comum do público, tais como visitação, recreação e turismo;

II. a exploração de recursos florestais e outros recursos naturais em Unidades de Conservação de Uso Sustentável, nos limites estabelecidos em lei.

Art. 26. A partir da publicação deste Decreto, novas autorizações para a exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços em unidade de conservação de domínio público só serão permitidas se previstas no Plano de Manejo, mediante decisão do órgão executor, ouvido o conselho da unidade de conservação. Art. 27. O uso de imagens de unidade de conservação com finalidade comercial será cobrado conforme estabelecido em ato administrativo pelo órgão executor. Parágrafo único. Quando a finalidade do uso de imagem da unidade de conservação for preponderantemente científica, educativa ou cultural, o uso será gratuito. Art. 28. No processo de autorização da exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços de unidade de conservação, o órgão executor deve viabilizar a participação de pessoas físicas ou jurídicas, observando-se os limites estabelecidos pela legislação vigente sobre licitações públicas e demais normas em vigor. Art. 29. A autorização para exploração comercial de produto, subproduto ou serviço de unidade de conservação deve estar fundamentada em estudos de viabilidade econômica e investimentos elaborados pelo órgão executor, ouvido o conselho da unidade. Art. 30. Fica proibida a construção e ampliação de benfeitoria sem autorização do órgão gestor da unidade de conservação”. Assim, mediante as possibilidades legais acima descritas, espera-se que o Parque Natural Muncipal das Garças, possa com o apoio da sociedade civil de Uberlândia encontrar o seu caminho inovador de gestão sustentável, que garanta o cumprimento dos objetivos pelos quais foi criado.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Roteiro para Criação de Unidades de Conservação Municipais. Brasília- 2010.

MINAS GERAIS. Lei nº 20.922, de 16 de outubro de 2013.Dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade no Estado. UBERLÃNDIA. Lei complementar nº 432 de 19 de outubro de 2006.Aprova o plano diretor do município de Uberlândia, estabelece os princípios básicos e as Diretrizes para sua implantação, revoga a lei Complementar nº 078 de 27 de abril de 1994 e dá outras providências. UBERLÂNDIA. Lei complementar nº 525, de 14 de abril de 2011. Dispõe sobre o zoneamento do uso e ocupação do solo do município de Uberlândia e revoga a Lei Complementar nº 245, de 30 de novembro de 2000 e suas Alterações posteriores. SEMEIA. Modelos de Gestão Aplicáveis às Unidades de Conservação do Brasil. São Paulo, 2015.

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8. LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1: Localização do PNM das Garças no contexto do Município de Uberlândia.

Figura 2 e 3: Polígono referente aos limites do Parque Natural Municipal das Garças e detalhes das áreas

originárias.

Figura 4: Conexão entre as várias UCs e o PMN das Garças possibilitando a existência de corredor ecológico

Figura 5: Conjunto dos Parques Municipais de Uberlândia com respectivas áreas e localização (carência atual

da Zona Oeste do Município)

Figura 6: Classificação climática de Koppen para o Estado de Minas Gerais

Figura 7: Classificação climática do Estado de Minas Gerais segundo Thornthwaite e Mather

Figura 8: Balanço hídrico climatológico para a localidade de Uberlândia (CAD 125 mm)

Figura 9: Climograma da cidade de Uberlândia

Figura 10: Localização das sub-bacias na bacia hidrográfica do rio Araguari

Figura 11: Vista de Vereda bem conservada, com alta densidade de espécies e cerca (A). Aspecto de fragmentos

de Vereda mais rala (B). Registro de Mauritia flexuosa (buriti) regenerando (C) e ponto de

lançamento clandestino de entulhos próximo à Vereda (D).

Figura 12: Solo com cascalho pedregoso (A) no cerrado sentido restrito. (B) Ouratea hexasperma (folha-de-

serra). (C) Diospyros hispida (fruta-de-boi). (D) Handroanthus chrysotrichus (ipê-amarelo). (E)

Dalbergia miscolobium (jacarandá-d-cerrado). (F) Davilla elliptica (lixeirinha). (G) Kielmeyera

coriacea (pau-santo).

Figura 13. (A) Borda do fragmento de cerradão com alta densidade de trepadeiras e (B) clareira no interior do

fragmento.

Figura 14. Espécies comuns no cerradão. (A) Xylopia aromatica (pimenta-de-macaco). (B) Qualea grandiflora

(pau-terra-grande). (C) Copaifera langsdorffii (copaíba). (D) Protium heptaphyllum (almecega). (E)

Pouteria ramiflora (curriola).

Figura 15 – Pirâmide etária do município de Uberlândia – MG.

Tabela 1: Conjunto dos Parques Municipais de Uberlândia com respectivas áreas e localização (carência atual

da Zona Oeste do Município)

Tabela 2: Dados relativos à Estação Climatológica A507 – Uberlândia/MG

Tabela 3: Precipitação média mensal (mm). Uberlândia (A507) 1981-2003

Tabela 4 Temperatura média mensal, máxima média mensal e mínima média mensal (ºC). Uberlândia (A507)

1981-2003

Tabela 5: Umidade relativa do Ar. Médias mensais (%). Uberlândia (A507) 1981-2003

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Tabela 6: Unidades Litoestratigráficas que ocorrem na área urbana do município de Uberlândia

Tabela 7: Unidades de Solos Mapeados da Área de Estudo

Tabela 8: Divisão das sub-bacias na bacia hidrográfica do rio Araguari

Tabela 9: Vazão Qm, Q95 e q para a Sub-unidade Hidrográfica 2 Rio Araguari

Tabela 10: Lista de Répteis

Tabela 11: Lista de Aves encontradas na cidade de Uberlândia, MG

Tabela 12: Lista de Aves

Tabela 13: Lista de Mamíferos terrestres encontrados em Uberlândia, MG

Tabela 14: Lista de Mamíferos / fazenda Óleo

Tabela 15: Lista de espécies amostradas nas veredas da Fazenda do Óleo, em Uberlândia, MG.

Tabela 17. Lista de espécies amostradas nos remanescentes de cerrado sentido restrito e cerradão da Fazenda

do Óleo, em Uberlândia, MG. SD = síndrome de dispersão.

Tabela 18 - Evolução da População do Município de Uberlândia – 1996 a 2010

Tabela 19 – Evolução da Densidade Demográfica do Município de Uberlândia – 1996 a 2010

Tabela 20 – Crescimento Populacional em Uberlândia (1996-2010)

Tabela 21 - Comparativo do Índice de Desenvolvimento Humano de Uberlândia (MG) com o Estado de Minas

Gerais e Brasil – 1970/2010

Tabela 22 - Evolução dos indicadores componentes do IDH-M de Uberlândia (MG) – 1970/2010