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Paróquia São Pedro Apóstolo
Pedra de Guaratiba
Curso de Formação Paroquial
Módulo: MARIOLOGIA
07/12 – Aspectos introdutórios
14/12 – A pessoa de Maria
21/12 – A centralidade do culto mariano na Igreja
Palestrante: ARTHUR TORRES
2017
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Mariologia - Escritura, Dogma, Liturgia e Piedade1
“Quando chegou a plenitude dos tempos, mandou o seu Filho,
nascido de mulher… para que recebêssemos a adoção de filhos”
(Gl 4,4-5).
Constantemente na história da salvação, Deus manifesta o
seu amor de Pai junto a seu povo. O amor é revelado por meio de
uma eleição: uma jovem é separada para que por meio dela o Filho
de Deus pudesse assumir a humanidade decaída com o pecado.
Assim como por meio de uma mulher (Eva), o pecado “entrou” no
mundo, Deus separa uma mulher para que por meio dela chegue a
Salvação: dá-se uma nova criação. Há um novo Adão e, do seu
lado é tirada a mulher, a nova Eva; um novo povo é constituído.
Maria é a Mulher do sim. O sim dado ao Amor. A
obediência dada por amor. A entrega dada no amor. Desta
maneira, Maria tem uma grande importância na história da salvação e na vida de muitos cristãos e
sua figura é tradicionalmente reconhecida na Igreja Católica.
1. MARIA NO ANTIGO TESTAMENTO
No Antigo Testamento, há muitos textos sobre a promessa de nossa salvação no Messias, o Cristo.
Destacamos três importantes textos que relacionam a Mãe com a missão salvífica do seu Filho:
Gênesis, Isaías e Miquéias
Gn 3,15 - após o pecado Deus, promete restaurar a amizade com o homem através da mulher e sua
descendência. Esta mulher no sentido pleno do termo é Maria, a nova Eva (mãe da vida – Gn 3,20).
Quanto à descendência da mulher, são os homem que não pactuam com o diabo e o pecado; em
sentido pleno, porém, tal descendência é Jesus Cristo, o filho da mulher por excelência, que
realmente esmagou a cabeça da serpente. O predicado mulher retorna em JO 2,4 e 19, 26s,
atribuído a Maria, que é a mulher do Gênesis por excelência. Há que pensam uma pejoratividade
neste termo, mas não é pois isto realça a dignidade da mulher.
Is 7,14 - o termo hebraico diz que uma “almah”, jovem (sem especificação de virgindade ) dará à
luz um filho chamado Emanuel (= Deus conosco) ou o Messias. A tradição judaica entendeu que
essa jovem s eria virgem, de tal odo que, quando os judeus em Alexandria no séc IIIa.C. traduziram
a Bíblia dio hebraico para o grego (LXX), puseram parthénos (= virgem) em lugar de almah. Ora
Mt 1,23 ao citar a profecia de Isaías, cita-a conforme o texto dos LXX e não conforme o hebraico.
Desta maneira, a mãe do Messias era apresentada pela tradição judaica como mãe e virgem, t[ítulos
que o Evangelho confirma.
1 Texto do Pe. Jair Cardoso Alves Neto. Disponível em: http://www.presbiteros.com.br/site/sintese-de-mariologia.
Porém, este texto recebeu o acréscimo de Arthur J. Torres com o item “Maria no Antigo Testamento” que foi extraído
das pesquisas de Dom Edson de C. Homem e Dom Estevão T. Bettencourt (cf. bibliografia).
3
Mq 5, 1-4 – trinta anos posterior ao de Is 7,14 Miquéias menciona “aquela que deve dar à luz” ou a
Mãe do Messias, aludindo possivelmente à “almah” de Isaías. Note-se que em Is 7,14 não há
menção do Rei-pastor, da estirpe de Davi, anunciado em Mq 5,3
2. MARIA NO NOVO TESTAMENTO
Certamente, a Virgem tem na Bíblia um lugar discreto. Ela aí é
representada toda em função de Cristo e não por si mesma. Mas sua
importância consiste na estreiteza de seus laços com Cristo.
Maria está presente em todos os momentos de importância
fundamental na história da salvação: não somente no princípio (cf. Lc
1 – 2) e no fim (cf. Jo 19,27) da vida de Cristo, mistérios da
Encarnação e da morte redentora, mas na inauguração de seu
ministério (cf. Jo 2) e no nascimento da Igreja (cf. At 1,14). Presença discreta, na maior parte das
vezes, silenciosa, animada pelo ideal de uma fé pura, e de um amor pronto a compreender e a servir
aos desejos de Deus e dos homens (cf. Lc 1,38-39.46-56; Jo 2,3).
Esta presença revela seu sentido total, e com toda a Escritura se a recolocarmos nos grandes
quadros e correntes da teologia bíblica onde eles se situam, Maria aparece no término da história do
povo eleito como correspondente de Abraão: Ela se apossa, pela fé, da promessa que ele havia
recebido na fé. Ela é o ponto culminante onde o povo eleito dá nascimento a seu Deus e se torna a
Igreja. Se alagarmos a perspectiva da história de Israel à história cósmica, segundo as insinuações
de João e de Lucas, se compreendermos que Cristo inaugura uma nova criação, Maria aparece no
início da salvação, como restauração de Eva: Ela acolhe a promessa de vida onde a primeira mulher
havia acolhido a palavra de morte e se torna perto da nova árvore da vida a mãe dos vivos
(LAURENTIN, 1965).
2.1 Maria no Evangelho de Marcos
O Evangelho de Marcos se constitui em duas questões fundamentais: Quem é Jesus de Nazaré?
Como ser discípulo de Jesus, o Cristo? Questões que Maria, mãe de Jesus, como todos de sua
família e todos da comunidade cristã, inclusive Marcos buscam entender.
No Evangelho de Marcos a pessoa de Maria aparece em duas passagens: Mc 3,31-35 e Mc 6, 3-4.
Nestes textos Maria é a mãe biológica de Jesus que busca entender o filho juntamente com seus
familiares. A mulher maternalmente solícita pela sorte do filho. Mas, que também é convocada a ser
discípula na busca de compreender Jesus e sua missão e acolher sua proposta. Ela também podia
estar entre os primeiros a nutrir preocupações ainda muito humanas pela missão e a obra de Jesus.
Marcos indica que a verdadeira família de Jesus não é a de ordem carnal e que a ela pertencem
todos os filhos do Reino. Assim, Maria, Mãe de Jesus é fundamental testemunho dos verdadeiros
laços que criam comunhão com Jesus. Depois de ter levado Jesus, seu filho no ventre, era preciso
que ela o gerasse no coração, cumprindo a vontade de Deus (cf. Mc 3,35), que se manifestava
naquilo que Jesus dizia e realizava. Neste sentido, a figura de Maria “mãe” se harmoniza e se
completa com a figura da “discípula” (SERRA, 1995).
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2.2 Maria no Evangelho de Mateus
No Evangelho de Mateus a pessoa de Maria aparece em dois momentos: nos relatos da infância (cf.
Mt 1-2) e no ministério apostólico de Jesus ( cf.Mt 12,46-50; 13,54-58). O primeiro é composto por
relatos próprios de Mateus; o segundo está em dependência de Marcos, mas Mateus toma diante
dele tal liberdade que é capaz de transformar seu sentido e seu ensinamento (ALVAREZ, 2005).
No Evangelho da Infância em Mateus, Jesus, como todos os meninos, não chega ao mundo sem um
pai e uma mãe. Mateus fala de José, esposo de Maria (cf. Mt 1,16) e de Maria esposa de José (cf.
Mt 1,24). Maria, por sua vez não tem existência sem José, do qual é esposa, e sem Jesus, do qual é
mãe. Maria é aquela que gera e é mãe, ao passo que José é somente o pai legal.
Mt 1,3 fala sobre a concepção de Jesus, diz que esta se realizou “para que se cumpra o oráculo do
Senhor, por meio do profeta [...]” e cita Is7, 14, aplicando a Jesus a realidade do “Emanuel” e a
Maria a de “virgem”. (Mateus quando) Ao falar do nascimento de Jesus, Mateus recorrendo ao
texto de Isaías, não somente assume a interpretação dos LXX, mas ele mesmo interpreta
teologicamente esse nascimento: Jesus é o Emmanuel e nasce de Maria Virgem. Neles dois se
realiza plenamente o oráculo do profeta: Jesus é o Messias, e Maria é a Mãe-Virgem e, este fato
maravilhoso somente pode ser entendido como a obra do Espírito Santo (ALVAREZ, 2005).
A união de Maria com seu Filho é, então, íntima, total e permanente. Desde a concepção virginal,
Maria está expressamente unida a Jesus e é inseparável dele. Por isso, os escritores eclesiásticos
aprofundam nesta realidade, dizendo que não podemos entender Jesus sem Maria e entender Maria
sem Jesus.
Podemos notar, finalmente, como que um contraste nas expressões de Mateus: Enquanto Jesus é o
Emmanuel de Deus, Deus – conosco, Maria é a Mãe que está sempre junto do seu Filho. Ela é a
resposta permanente à presença sempre atual do Senhor na história.
Quanto ao ser discípulos de Jesus significa cumprir a vontade do Pai no céu, realizar seu plano. Para
Mateus, o discípulo integra, então, a escuta da Palavra e sua ação (cf. Mt 5,19;Mt7,24-25), o estar
junto de Jesus e sob a sua proteção (cf. Mt 12,49-50). E Maria, com perfeita discípula e “família
dele” em um nível muito mais forte e firme do que o dos laços físicos de geração (ALVAREZ,
2005).
Portanto, o Evangelho de Mateus nos fala que Maria está intimamente ligada ao seu Filho Jesus
Cristo, desde antes do nascimento e, uma vez nascido para o mundo, está unida a ele nos momentos
fundamentais de sua vida e de seu ministério. Assim, Maria aparece, mesmo sem palavras, como
testemunha da graça abundante de Deus para seu povo, mas também como mãe que cuida e
acompanha o Filho de suas entranhas (ALVAREZ, 2005).
2.3 Maria no Evangelho de Lucas
De todos os Evangelhos, Lucas é o que mais nos fala de Maria. Primeiramente nos relatos da
infância, onde ela tem um papel mais ativo do que o que vimos em Mateus; em seguida, no marco
da atividade apostólica de Jesus, com quatro textos, dois dos quais coincidem com as tradições de
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Marcos e de Mateus (cf. Lc 4,16-30 e 8,19-21) e outros dois que pertencem à tradição própria de
Lucas (cf. Lc 3,23 e 11,27-28); por último, no começo dos Atos dos Apóstolos, quando se inicia a
história da Igreja (cf. At 1,14) (ALVAREZ, 2005).
A primeira coisa que temos de afirmar, ao entrar na análise dos textos lucanos sobre Maria, dentro
do chamado Evangelho da infância (Lc1-2), é que os textos são fundamentalmente cristológicos e
mariológicos. Maria não tem uma identidade e uma vocação própria, mas dentro e a serviço da
cristologia. Ela é tudo para Jesus e se transforma e se enriquece plenamente por e para Jesus. Para
isto, temos alguns títulos que ilustram esta tão grandiosa discípula: Filha de Sião, Virgem e Mãe,
Cheia de Graça, Morada de Deus, Cheia do Espírito, Serva e mulher de fé e Portadora da santa
presença. Temos também textos bíblicos que falam da sua experiência como Mãe do Salvador: Lc1,
26-28 (o anúncio do Anjo); Lc1-39-45 (a visita a Isabel); Lc1, 46-55 (o cântico da libertação).
Assim sendo, Maria surge em Lucas como a primeira mensageira do Evangelho de Deus: leva a
Notícia da paz, da felicidade e da salvação, desde a Galiléia até a região de Judá. Mas Maria é a
primeira mulher que acolhe o Evangelho e o comunica a seus irmãos, trazendo-lhes o gozo
escatológico, quer dizer, a alegria e a segurança da salvação definitiva (cf. Lc 1,44) (ALVAREZ,
2005).
Em Lucas percebemos a participação e a cooperação de Maria no plano da salvação, desde a
anunciação até o início da Igreja: “todos estes unânimes, perseveravam na oração com algumas
mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus, e com seus irmãos” (At 1,14) (ALVAREZ, 2005).
Portanto, no Evangelho de Lucas vimos que Maria é apresentada como a Mãe do Salvador e esta em
Atos exerce a função de Mãe da comunidade, pois, ela se encontra reunida com esta comunidade
nascente para receber em oração a Promessa do Espírito; com esta comunidade reunida com os seus
para orar e esperar de seu Filho o presente dos tempos novos. É, finalmente, irmã na comunidade e
discípula do Senhor exaltada, que permanece em Jerusalém em cumprimento da Palavra do Mestre
(cf. At 1,5-8) (ALVAREZ, 2005).
2.4 Maria no Evangelho de João
O quarto Evangelho oferece-nos a história de Cristo, num esforço de “memória viva” que parte da
fé pascal (cf. Jo 2,17.22;12,16;13,7;20,9) e é realizada por obra do Espírito, o Paráclito, que é
testemunha fiel e o hermeneuta qualificado da vida e da obra do Cristo joânico (cf. Jo 14,15-
17;15,26;16,7-11.13.15). O quarto Evangelho é do final do século I e expressa a situação de duas
igrejas, primeiro na Síria e depois na Ásia Menor (ALVAREZ, 2005).
A figura de Maria aparece no quarto Evangelho em duas ocasiões, no começo e no final do
Evangelho. Em ambas, Maria é chamada “a Mãe de Jesus” (cf. Jo 2,1.3.5;19,26), e em ambas a
palavra do Mestre vai dirigida a ela com o nome de “mulher” (cf. 2,3;19,26), mas nunca aparece o
nome próprio de Maria. No Evangelho de João Maria é chamada por dois nomes: “Mãe de Jesus” e
“Mulher”. Enquanto a expressão “Mãe de Jesus” é um título que contrasta com a outra afirmação,
“filho de José”, o termo “mulher” é comum em Jesus para dirigir-se às mulheres (cf. Mt15, 28;
Lc13, 12; Jo4, 21; 8,10; 20,13). Contudo aqui, dito à sua Mãe tem uma conotação especial: o termo
“mulher” dirigido por Jesus é um termo joânico que aparece em duas ocasiões (em Caná e na cruz)
e forma uma espécie de inclusão. A mulher está presente no começo e no fim da vida pública, no
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momento em que o Messias inicia suas obras e na hora da morte, quando consuma sua obra
(ALVAREZ, 2005).
Maria aparece no Evangelho de João, sobretudo em 2,1-12 como intercessora e evangelizadora.
Como intercessora Maria apresenta simplesmente a Jesus, a necessidade dos que participam da festa
de bodas: “Não há mais vinho” (Jo 2,3). Já como evangelizadora, a segunda palavra de Maria que
encontramos no quarto Evangelho é significativa não só pelo que diz, mas também por aqueles aos
quais a diz: “Fazei o que ele disser” (Jo 2,5) (ALVAREZ, 2005).
Se em Caná, Jesus lhe disse que ainda não havia chegado sua “Hora” e iniciou seus sinais, aqui, na
cruz, na Hora da Páscoa, Jesus realiza seu último e definitivo sinal da salvação, a morte por todos e
a entrega do Espírito (cf. Jo 19,30). Assim, Maria é chamada novamente com dois títulos de Caná: a
Mãe de Jesus e a Mulher. Maria também é a testemunha por excelência da Páscoa de Jesus diante
da comunidade (cf. Jo 19,35; 21, 24). E esta comunidade, ao entender o gesto de seu Senhor, a
recebe entre seus bens mais preciosos: Maria passa a ser um bem precioso com que Jesus Cristo
presenteia a Comunidade, um dom da Páscoa de inapreciável valor; mas também a Mãe de todos
acolhida como tal (ALVAREZ, 2005).
A visão do quarto Evangelho é nitidamente teológica contribui para realçar o papel de Maria no
mistério de Jesus. Assim, o Evangelho de João articula os três elementos, Maria – Mãe de Jesus,
Maria – Mulher e Maria – Mãe dos discípulos, segundo uma graduação teológica: partindo de Maria
– Mãe de Jesus para chegar a Maria – Mãe dos discípulos, com uma maternidade nova.
3. OS DOGMAS MARIANOS
Os quatro dogmas marianos: “Maternidade Divina” = “Mãe de Deus” (Theotókos), e “Maria
Virgem” = Virgindade, são antigos e estão estreitamente ligados entre si e inseparáveis da fé em
Jesus Cristo e a sua formulação histórico- dogmática. Os dogmas da “Imaculada Conceição” e
“Assunção de Maria” são mais recentes e estão baseados na dignidade e no significado de Maria
Virgem e Mãe de Deus.
3.1 A Maternidade Divina
Julga-se que o título Theotókos, Mãe de Deus, aparece pela primeira vez, na literatura cristã, nos
escritos de Orígenes (†250). Foi solenemente proclamado pelo Concílio de Éfeso (431)
(BETTENCOURT, 2004).
Em que sentido Maria é a Mãe de Deus? Toda mãe é mãe de uma pessoa. A Pessoa que nasce de
Maria é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que dela assumiu a carne humana. Maria, porém,
não é mãe apenas da carne humana, mas de toda a realidade do seu Filho, o Verbo encarnado. Daí
dizer-se que Maria é Mãe de Deus, mas enquanto Deus feito homem.
Deus escolheu Maria, por benevolência ou gratuidade, para ser Mãe Santa. Portanto, encheu-a de
graça. Maria correspondeu fielmente ao dom de Deus, dizendo-se e fazendo-se a serva do Senhor
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(cf. Lc 1,38. 44). Maria foi escolhida como filha de Sião ou como membro de um povo chamado a
gerar o Messias. Isto quer dizer que o Sim de Maria é o Sim de uma coletividade; é o Sim de todo o
gênero humano, chamado a se prolongar na Igreja através dos séculos (BETTENCOURT, 2004).
Maria concebeu o Filho de Deus de maneira livre e generosa. Para isto, devia ter certo
conhecimento do dom e da missão que lhe eram propostos (não se tratava de conhecimento pleno;
(cf. Lc 2,50). Maria é privilegiada, mas ela se intitula “servidora de Deus e dos homens” (cf. Lc
2,38. 48). O próprio Jesus ensinou que “o maior deve ser como aquele que serve” (cf. Lc 22,26; Jo
12,13-15).
3.2 A Virgindade de Maria
Desde remota época a Igreja professa que Maria é sempre virgem (no sentido físico). Esta verdade
pertence ao patrimônio da fé, como declarou, em conformidade com a Tradição, o Papa Paulo V
(aos 7/08/1555): “A bem-aventurada Virgem Maria foi verdadeira Mãe de Deus, e guardou sempre
íntegra a virgindade, antes do parto, no parto e constantemente depois do parto” (DS 1880 [993]).
A doutrina da concepção virginal de Maria começa a ter sentido quando abordada de modo
contemplativo no contexto da encarnação. As narrativas da infância de Mateus e Lucas são as
únicas fontes que falam da concepção virginal de Jesus. Elas testemunham que Maria concebeu
Jesus pelo poder da sombra do Espírito Santo sem intervenção masculina (cf. Lc 1,26-38; Mt 1,18-
25). Os dois autores estão indicando o interesse na concepção virginal como sinal de escolha e
graça divinas. A descrição extraordinária do nascimento de Jesus entra no discernimento
cristológico de que Jesus é Filho de Deus, o Messias, desde o nascimento.
Assim, a doutrina da virgindade de Maria é indicativo das origens de Jesus no mistério de Deus que
não se explicita apenas por ascendência humana, mas pela iniciativa criadora de Deus. Maria é
virgem e mãe. Maria Virgem porque se guardou íntegra para Deus. Virgem por guardar íntegra a
Palavra de Deus: “Faça-se em mim…”. Por isso é também a “sempre virgem Maria”: avançou
íntegra na “penumbra da não-visão”; avançou em “peregrinação de fé” (LG 58).
3.3 Imaculada Conceição
O dogma da Imaculada Conceição significa que, no primeiro instante de sua conceição, a Bem-
aventurada Virgem Maria foi, por graça e privilégio singulares de Deus onipotente e em vista dos
méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, preservada de toda mancha da culpa original
(DS 2803 [1641]).
Esta verdade, solenemente definida por Pio IX em 08/12/1854, foi aos poucos aflorando à
consciência da Igreja. Durante muito tempo, os teólogos perguntavam como poderia Maria ter sido
salva por Jesus Cristo se nunca tivesse pecado. Finalmente, João Duns Scoto, O.F.M. (†1308)
propôs a fórmula decisiva: “pertence à perfeição do Redentor não somente purificar do pecado, mas
preservar do pecado a mais dileta dentre as criaturas” (BETTENCOURT, 2004, p.06).
Maria, portanto, foi isenta do pecado original em previsão dos méritos de Cristo; assim, ela foi
remida de maneira mais perfeita do que as outras criaturas.
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Maria nunca contraiu pecado pessoal, nem a mais leve culpa. A razão pela qual o Senhor Deus quis
outorgar tal privilégio a Maria, se deriva da graça da maternidade divina: não convinha que aquela
mulher chamada a ser tabernáculo do Altíssimo ou Mãe de Deus feito homem estivesse, por um
momento sequer, sujeita ao domínio do pecado e de Satanás. O anjo declarou Maria “cheia de
graça” (Lc 1,26) – o que sugere que desde o início da sua existência ela gozou da plenitude do favor
divino.
A riqueza de graças em Maria não impediu que ela vivesse de fé e de esperança, em meio a lutas e
dores. A sua fé inspirou-lhe a obediência incondicional a Deus, que lhe pedia cada vez mais
generosa. Maria não compreendeu desde o início a grandeza da obra que Deus nela realizaria;
também se sentiu perplexa, mais de uma vez, diante do procedimento de seu Filho (cf. Lc 2,49s),
mas abandonou-se a Deus sem reservas.
3.4 Assunção de Maria
Desde remota época (séculos IV e V), os autores cristãos julgaram que Maria teve um fim de vida
terrestre singular; em seus sermões e em escritos apócrifos, professaram a glorificação corporal de
Maria, logo após a sua morte na terra. Esta crença foi-se transmitindo até que o Papa Pio XII em
1950 houve por bem proclamá-la solenemente como dogma de fé (FIORES, 1995).
Com efeito, Maria, que não esteve sujeita ao império do pecado para poder ser a santa Mãe de
Deus, não podia ficar sob o domínio da morte que entrou no mundo através do pecado (cf. Rm
5,12). Por isto, não conheceu a deterioração da sepultura, mas foi glorificada não somente em sua
alma, mas também em seu corpo (FORTE, 1985).
A carne da mãe e a carne do filho são uma só carne. Por isto, a carne de Maria
devia tocar a mesma sorte que tocou a carne de Jesus: ambas foram glorificadas
no fim desta caminhada terrestre. Existe uma tendência a empalidecer o
significado da glorificação corporal de Maria mediante a tese da ressurreição de
todo indivíduo logo após a morte: o caso de Maria seria um entre outros pares
(BETTENCOURT, 2004).
A Assunção da Virgem Maria é uma participação singular na Ressurreição de seu Filho e uma
antecipação da ressurreição dos outros cristãos (CIC 966).
4. MARIA NOS DOCUMENTOS DO VATICANO II: LUMEN GENTIUM E
MARIALIS CULTUS
A figura de Maria foi de suma importância para o Vaticano II: o Papa João XXIII abriu o Concílio
na festa da Maternidade Divina de Maria (11 de outubro de 1962) e o Papa Paulo VI o concluiu na
vigília da Imaculada Conceição (07 de dezembro de 1965). O Concílio, todavia, abre perspectivas
de um novo tempo, nos deixando o “Capítulo VIII” da Lumem Gentium. Depois do Concílio
Vaticano II, temos a exortação de Paulo VI (02 de fevereiro de 1974) (FURLANI, 2005).
4.1 Maria no Capítulo VIII da Lumen Gentium
9
O capítulo VIII da Lumem Gentium integra o mistério da Mãe de Deus no mistério de Cristo e da
Igreja. Este documento dá destaque à fundamentação bíblica e tradicional da doutrina mariana,
levando em conta a exegese recente, os Padres da Igreja e dos teólogos posteriores.
No seu conteúdo, representa a doutrina clássica em termos modernos: Maria, a Mãe de Deus e tipo
de Igreja é vista como pessoa que se oferece livre e conscientemente à graça de Deus.
A devoção aparece como incentivo para a fé e amor de Jesus. E favorece ao diálogo ecumênico,
assumido no Concílio. O Papa Paulo VI na promulgação da Constituição Lumem Gentium,
terminou sua alocução proclamando Maria Mãe da Igreja, título que não aparece no documento
conciliar, mas foi acrescido às “Ladainhas lauretanas” (FIORES, 1995).
4.2 Marialis Cultus
A Exortação Apostólica do Papa Paulo VI (02/02/ 1974), parte da renovação litúrgica, decidida pelo
Concílio Vaticano II, para explicar o lugar de Maria no ciclo geral e o sentido das festas
propriamente marianas (FIORES, 1995).
A Exortação segue o que orienta o Concílio: [...] promovam generosamente o culto, sobretudo o
litúrgico, para com a Bem-Aventurada Virgem Maria; dêem grande valor às práticas e aos
exercícios de piedade recomendados pelo magistério [...] (LG 67). Neste ensinamento, Paulo VI
articula a questão da cultura e da inculturação do culto devido a Maria, como a Mulher que soube
viver no seu contexto e inserir-se no mistério de Cristo, porque foi uma mulher que acreditou
naquilo que o Senhor lhe disse.
A Exortação especifica as características e evidencia elementos teológicos e espirituais do culto e de
uma devoção mariana para o nosso tempo. Portanto, no seu conteúdo doutrinal, o mistério de Maria
deve ser compreendido como um mistério trinitário, cristológico, pneumatológico e eclesial; em
relação à devoção mariana deverá seguir quatro orientações: “bíblica, litúrgica, ecumênica e
antropológica, para tornar mais vivo e mais inteligível o vínculo que nos une a mãe de Cristo e mãe
nossa na comunhão dos santos” (MC 29).
O cunho bíblico em toda forma de culto é princípio e fato reconhecido pela piedade cristã e também
pela piedade mariana. O conteúdo bíblico, portanto é referencial para alimentar o amor para com
Maria e o culto que a ela se presta (MC 30).
Na característica antropológica, mostra que o mundo moderno requer uma nova imagem de Maria.
Os cristãos devem fazer ver em Maria o modelo de pessoa humana, da mulher responsável e co-
responsável, em conformidade com a realidade bíblica e levando em conta as exigências do
fenômeno da libertação da mulher e do reconhecimento dos seus direitos na sociedade moderna
(MC 35).
Na questão do ecumenismo a Marialis Cultos orienta que se mantenham os sentimentos de unidade
de todos os cristãos pois: “[...] todos aqueles que confessam abertamente que o filho de Maria é o
Filho de Deus e Senhor nosso, Salvador e único Mediador (cf. 11Tm 2,5), são chamados a serem
uma só coisa entre si, com Ele e com o Pai, na unidade do espírito Santo” (MC 32).
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O lugar de Maria na liturgia se insere na celebração da obra salvífica do Pai: o Mistério de
Cristo. Neste mistério inseriu-se a memória de Maria como Mãe de Cristo, celebrando-se de forma
explícita a íntima ligação que a Mãe tem com o Filho de Deus (MC 3-4). Na celebração dos eventos
dos mistérios da salvação, Maria aparece associada ao Filho em primeiro lugar na Celebração
Eucarística, quando se invoca a memória da “sempre Virgem Maria, Mãe de Deus e Senhor Jesus
Cristo” (Oração Eucarística I) e as memórias incorporadas pela liturgia da Igreja e aquelas que
nascem da experiência de fé das comunidades cristãs. Da tradição perene e viva da fé da Igreja
colhem-se as mais significativas expressões da piedade e devoção marianas (MC 9-15).
4. O CULTO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM NA IGREJA
Lumen Gentium – Concílio Vaticano II Natureza e fundamento do culto 66. Exaltada por graça do Senhor e colocada, logo a seguir a seu Filho, acima
de todos os anjos e homens, Maria que, como mãe santíssima de Deus, tomou
parte nos mistérios de Cristo, é com razão venerada pela Igreja com culto
especial. E, na verdade, a Santíssima Virgem é, desde os tempos mais
antigos, honrada com o título de «Mãe de Deus», e sob a sua proteção se
acolhem os fiéis, em todos os perigos e necessidades (191). Foi sobretudo a
partir do Concílio do Éfeso que o culto do Povo de Deus para com Maria
cresceu admiravelmente, na veneração e no amor, na invocação e na
imitação, segundo as suas proféticas palavras: «Todas as gerações me
proclamarão bem-aventurada, porque realizou em mim grandes coisas Aquele que é
poderoso» (Luc.1,48). Este culto, tal como sempre existiu na Igreja, embora inteiramente singular,
difere essencialmente do culto de adoração, que se presta por igual ao Verbo encarnado, ao Pai e ao
Espírito Santo, e favorece-o poderosamente. Na verdade, as várias formas de piedade para com a
Mãe de Deus, aprovadas pela Igreja, dentro dos limites de sã e reta doutrina, segundo os diversos
tempos e lugares e de acordo com a índole e modo de ser dos fiéis, têm a virtude de fazer com que,
honrando a mãe, melhor se conheça, ame e gloria fique o Filho, por quem tudo existe (cfr. Col. 1,
15-16) e no qual «aprouve a Deus que residisse toda a plenitude» (Col. 1,19), e também melhor se
cumpram os seus mandamentos.
Espírito da pregação e do culto 67. Muito de caso pensado ensina o sagrado Concílio esta doutrina católica, e ao mesmo tempo
recomenda a todos os filhos da Igreja que fomentem generosamente o culto da Santíssima
Virgem, sobretudo o culto litúrgico, que tenham em grande estima as práticas e exercícios de
piedade para com Ela, aprovados no decorrer dos séculos pelo magistério, e que mantenham
fielmente tudo aquilo que no passado foi decretado acerca do culto das imagens de Cristo, da
Virgem e dos santos. Aos teólogos e pregadores da palavra de Deus, exorta-os instantemente a
evitarem com cuidado, tanto um falso exagero como uma demasiada estreiteza na
consideração da dignidade singular da Mãe de Deus. Estudando, sob a orientação do magistério,
a Sagrada Escritura, os santos Padres e Doutores, e as liturgias das Igrejas, expliquem como convém
as funções e os privilégios da Santíssima Virgem, os quais dizem todos respeito a Cristo, origem de
toda a verdade, santidade e piedade. Evitem com cuidado, nas palavras e atitudes, tudo o que
possa induzir em erro acerca da autêntica doutrina da Igreja os irmãos separados ou
quaisquer outros. E os fiéis lembrem-se de que a verdadeira devoção não consiste numa
emoção estéril e passageira, mas nasce da fé, que nos faz reconhecer a grandeza da Mãe de
Deus e nos incita a amar filialmente a nossa mãe e a imitar as suas virtudes.
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Marialis Cultus – Papa Paulo VI 56. O culto à Virgem Santíssima tem raízes profundas na Palavra revelada e, conjuntamente,
sólidos fundamentos dogmáticos: a singular dignidade de Mãe de Deus, sua santidade imaculada e
cheia de graça, sua participação na obra da nossa redenção, seu lugar na Igreja e na comunhão dos
santos, sua intercessão junto a Deus por nós, sua plenitude de glória no céu, o amor que Deus
mostra por ela.
As características e as formas de culto O papa Paulo VI sintetiza na Marialis cultus (24-39) sete princípios que caracterizam o culto
à N. Sra.. São as seguintes dimensões: trinitária, cristológica, eclesial, bíblica, litúrgica, ecumênica
e antropológica. A LG 66 e MC 22 destacam quatro modos pelos quais manifestamos nosso
culto (e devoção) a Maria: estudo, veneração, imitação e invocação que unidos as dimensões se
destacam, como indica o Papa, a Saudação angélica e o Santo Rosário (MC 40-55).
O culto à Santíssima Virgem Catecismo da Igreja Católica
971. «Todas as gerações me chamarão bem-aventurada» (Lc 1, 48): «a piedade da Igreja para com
a santíssima Virgem pertence à própria natureza do culto cristão» (MC 62). A santíssima Virgem
«é com razão venerada pela Igreja com um culto especial. E, na verdade, a santíssima Virgem é,
desde os tempos mais antigos, honrada com o título de "Mãe de Deus", e sob a sua proteção se
acolhem os fiéis implorando-a em todos os perigos e necessidades [...]. Este culto [...], embora
inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração que se presta por igual ao
Verbo Encarnado, ao Pai e ao Espírito Santo, e favorece-o poderosamente» (LG 66); este culto
encontra a sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus (SC 103) e na oração
mariana, como o santo rosário, «resumo de todo o Evangelho» (MC 42).
LITURGIA
“No ciclo anual, a Igreja, celebrando o mistério de Cristo, venera também com
particular amor a Santa Virgem Maria, Mãe de Deus" IGMR - NALC,8
MISSA SACRAMENTOS LITURGIA DAS HORAS
Cantos
“Em comunhão com toda a Igreja,
veneramos a sempre Virgem
Maria, Mãe de nosso Deus e
Senhor Jesus Cristo”
Batismo
Ato de entrega filial
“consagração”
Hinos
Antífona Mariana nas Completas
“Pela inclinação se manifestam a reverência e a honra que se atribuem às próprias pessoas ou aos seus
símbolos [...]. Faz-se a inclinação de cabeça quando se nomeiam juntas as três Pessoas Divinas, ao
nome de Jesus, da Virgem Maria e do Santo em cuja honra se celebra a Missa”. IGMR, 275
SOLENIDADES FESTAS
08/12 – Imaculada Conceição
01/01 – S. Maria, Mãe de Deus
25/03 – Anunciação do Senhor
15/08 – Assunção de Maria
12/10 – N. Sra. Aparecida (particular)
02/02 – Apresentação do Senhor
31/05 – Visitação de Maria
08/07 – Natividade de Maria
12/12 – N. Sra. de Guadalupe (particular)
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MEMÓRIA OBRIGATÓRIA MEMÓRIA FACULTATIVA
11/02 – N. Sra. de Lourdes
Imaculado Coração de Maria (sábado após a
festa do SC. de Jesus)
13/05 – N. Sra. de Fátima
16/07 – N. Sra. do Carmo
05/08 – Dedicação da Basílica de S. Maria
Maior
15/09 – N. Sra. das Dores
07/10 – N. Sra. do Rosário
21/11 – Apresentação de N. Sra.
Sábados
Outras particularidades
5. A PIEDADE À BEM-AVENTURADA VIRGEM NA IGREJA
Cada qual é chamado a ser um outro Cristo configurado à imagem de Cristo
(Rm 8,29). Quanto mais se assemelha a Cristo, tanto mais toma consciência de ser filho
de Maria; em consequência, conceberá verdadeiro amor filial À Mãe do céu. Desta
maneira é evidente que a devoção a Maria não somente não desvia de Cristo; mas é, de
certo modo, natural e obrigatória para o cristão.
O Documento de Aparecida em seus artigos 258 a 272, acentua a piedade
popular como lugar de encontro com Jesus Cristo e sua Mãe, Maria Santíssima. A
piedade popular, destaca o documento, reflete uma sede Deus que somente os pobres e
simples podem conhecer e também uma maneira legítima de confessar e viver a fé no
Deus vivo que atua na história e porque encontram a sua ternura e amor no rosto de Maria, um
modo de se sentir parte da igreja e de ser missionários. Maria que fala e e pensa com a Palavra de
Deus ajuda a manter vivas as atitudes de atenção, serviço, entrega, gratuidade que devem distinguir
os discípulos de seu Filho.
Na Mariologia, o culto que prestamos à Virgem Maria às vezes se confunde com a
piedade que lhe devotamos. Para tanto, é preciso esclarecer que o culto é mais objetivo pois
diz respeito às qualidades da pessoa a quem cultuamos. Santo Tomás de Aquino define como
ato (s) pelos quais expressamos o reconhecimento da dependência (de Deus) e pelos quais
elevamos (a ele) nossa mente. A devoção ou piedade popular possui um aspecto subjetivo e diz
respeito a nossa inclinação, o nosso amor (piedade), afeto, dedicação e carinho que se
expressam em gestos corporais e simbólicos, orações aprovadas pela Igreja, cantos, imagens,
lugares, peregrinações e tempos. A devoção a Nossa Senhora, supõe, portanto, uma
experiência pessoal, a de que Maria é minha mãe, minha intercessora. Uma experiência que me
faz arder em amor e gratidão e que nasce da fé, dos fundamentos e raízes que estão na base do culto
e da minha devoção. De fato, os fiéis entendem facilmente a ligação vital que une o Filho à Mãe.
Sabem que o Filho é Deus e que ela, a Mãe, é também a mãe deles. Intuem a santidade imaculada
da Virgem, e embora venerando-a como rainha gloriosa no céu, estão porém certos de que Ela,
cheia de misericórdia, intercede em favor deles, e, por isso, imploram com confiança a sua proteção.
Particularmente os mais pobres a sentem próxima. Sabem que ela foi pobre como eles, que sofreu
muito, que foi paciente e mansa. Sentem compaixão pela sua dor na crucificação e morte do Filho,
alegram-se com Ela pela ressurreição de Jesus. Celebram com alegria as suas festas, participam com
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prazer das procissões, fazem romarias aos santuários, gostam de cantar em sua honra, oferecem-lhe
dons votivos. Não toleram que alguém a ofenda e desconfiam de quem não a respeita.
“Maria é a escola da fé destinada a nos conduzir e a nos fortalecer no caminho que conduz ao
encontro com o Criador.” Bento XVI, 12/05/2007 – Aparecida do Norte.
PRÁTICAS DE PIEDADE MARIANAS
1. O sábado
2. Tríduos, Setenários e Novenas
3. Meses Marianos
4. Angelus Domini e o Regina caeli (1560)
5. Rosário (1656)
6. Ladainhas (Séc. XII)
7. Ato de entrega filial - “consagração” (1716)
8. Escapulário do Carmo (1251)
9. Medalhas (1830)
10. Hino “Akathistos”
11. Invocações: “A vossa proteção” (Séc. III),
“Ave Maria” (1568), “Lembrai-vos” (1153),
“Salve Rainha” (Séc. XI).
(datas em que foram fixadas)
Referências Bibliográficas ALVAREZ, Carlos G. Maria Discípula e Mensageira do Evangelho. São Paulo: Paulus, 2005. (Coleção do Celam).
BETTENCOURT, Estevão Tavares. Escola “Mater Ecclesiae”: curso de iniciação teológica por correspondência. –
Rio de Janeiro.
DENZIGER, Hünermann. Compêndio dos Símbolos, definições e declarações de fé e moral. São Paulo:
Paulinas/Loyola,2007.
FORTE, Bruno. Maria, a mulher ícone do Mistério. São Paulo, Paulinas, 1985.
FURLANI, Maria Aparecida. Apostila de Mariologia”: “ad usum studentium”.- Várzea Grande, MT,2006.
Lumen Gentium. In: Documentos do Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulus, 1997.
HOMEM, Edson de Castro. Maria da nossa fé. São Paulo: Paulinas, 2007.
PAULO VI, Papa. Marialis Cultus. In Documentos de Paulo VI. São Paulo: Paulus, 1997.