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parte 1 escritura de dissertação
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“Não há fora do texto.”Jacques Derrida
PARTE 1. ESCRITURA
Neste capítulo, partimos da hipótese que ao optar por uma posição de
indeterminação, tanto a performance quanto a desconstrução, voltam-se para uma
alteridade radical que representa a própria condição de movimento do desejo de fluxo
constante que nunca se estabelece numa margem ou outra, no “eu” ou “outro”, vida ou
arte porque, do contrário, se extinguiria.
Já há algum tempo [...] diz-se 'linguagem' por ação, movimento, pensamento, reflexão, consciência, inconsciente, experiência, afetividade etc. Há agora, a tendência a designar por 'escritura' tudo isso e mais alguma coisa. (DERRIDA, 1999, p.10)
Tendo em vista as mudanças que o conceito de linguagem tem
sofrido nos últimos anos, principalmente no que diz respeito a sua
condição de expressão de um pensamento metafísico, o deslocamento do
conceito de escrita para o campo da performance, nos leva a uma noção
de texto mais abrangente, enquanto tudo o que pode dar lugar a uma
inscrição em geral, seja ele literal ou não. Texto que nas expressões
cênicas pós-modernas, resultantes da operação apropriativa, se
configuram enquanto significante integrado a um complexo
comunicativo.
Aliado a isso, partimos do princípio que a análise teórica da
performance, apesar de anárquica e, por princípio, fugir a qualquer
definição se caracteriza por ser uma expressão cênica. Como bem coloca
o encenador e teórico brasileiro Renato Cohen (2002, p.28) “um quadro
sendo exibido para uma plateia não caracteriza uma performance; alguém
pintando esse quadro, ao vivo, já poderia caracterizá-la”.
Performance que, como coloca ainda em seu prefácio a teórica
norte-americana Roselee Goldberg (2006), ao tratar do aumento do
número de performers e dos espaços dedicados à sua realização no fim do século XX,
Desconstrução: Operação própria ao funcionamento do pensamento baseado na lógica do deslocamento incessante e inarredável.
Margem: Lugar de transbordamento. Não prescreve um limite porque este se perde, é continuidade fluida.
Texto: Complexo comunicativo que abrange elementos os mais diversos como sons, imagens, palavras, gráficos, objetos, sujeitos que funcionam como significantes integrados que constituem um sistema textual que sempre está em relação a outro.
pode ser vista como o meio de expressão escolhido para a articulação da diferença nos
discursos sobre multiculturalismo e globalização. Ou, como coloca o pesquisador inglês
Nick Kaye:
A razão pela qual a performance serve particularmente à experiência pós-moderna, é que ela compartilha com o Pós-Modernismo a recusa de ser estabilizada, vacilando entre presença e ausência, entre deslocamento e reinstalação. (apud CARLSON, 2009, p.155)
Esse caráter desestabilizante da pós-modernidade e que encontra eco na expressão artística performance pode ser considerado como reflexo das mudanças pelas quais vem passando a forma como concebemos o pensamento.