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Prof. Douglas Phillips Freitas www.douglasfreitas.adv.br 48 9925 6938 / 3333 2110 [email protected] [email protected] CONTRATO SOCIAL - PARTILHA E SUCESSÃO DAS COTAS SOCIAIS - Junho de 2012

Partilha e Sucessão Das Cotas Sociais

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    CONTRATO SOCIAL

    - PARTILHA E SUCESSO DAS COTAS SOCIAIS -

    Junho de 2012

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    NOES INTRODUTRIAS

    1. DIREITO DE FAMLIA

    1.1. CONCEITO DE FAMLIA

    O atual legislador atribuiu que as pessoas unidas pelo afeto tero a proteo do

    especial do Estado como prometido pelo art. 226, da Carta Magna.

    Assim, famlia para os fins desta lei, as relaes de PAI/FILHO /

    MARIDO/MULHER / ME/FILHO, entre outras.

    Outrossim, a relao de concubinato foi totalmente expurgada de direitos pela

    nova lei, onde estes no podem herdar, ser legatrios, perceber doao ou qualquer

    outro direito oriundo desta relao, o que, obviamente, no se estende prole comum.

    1.2. CASAMENTO

    a unio solene entre homem e mulher nos termos da lei. Pode ser tambm,

    entre pessoas do mesmo sexo. O casamento gratuito aos que no tiverem condies

    de custe-lo.

    So algumas questes sobre o casamento:

    1.2.1. Capacidade: 16 anos. Admite-se o casamento antes desta idade, nos casos

    previstos no art. 1520.

    1.2.2. Habilitao: Conforme Eduardo de Oliveira Leite, a habilitao o

    procedimento que consiste na apreciao dos documentos atravs dos quais se apura

    a capacidade dos nubentes e a inexistncia dos impedimentos matrimoniais, encontra-

    se guarida nos art. 1525 e seguintes.

    1.2.3. Casamento religioso: O casamento religioso com efeitos civis (arts. 1515 e

    1516), permite que a habilitao seja promovida antes ou posteriormente, desde que

    cumpridas as formalidades, cuja validade de 90 dias (art. 1532). O casamento

    religioso sendo convertido em civil, retroage os efeitos deste a data do primeiro,

    inclusive os efeitos do regime.

    1.2.4. Impedimentos: Conforme art. 1521, ocorre, nos casos previstos, infrao que

    acarreta a nulidade do casamento. regra de ordem pblica. Seus incisos so nmeros

    clausus.

    1.2.5. Causas suspensivas: Conforme art. 1523 do CC e acarretam reflexo no regime

    de bens, devendo ser o regime obrigatrio da separao total de bens (1641, I., CC). A

    causa suspensiva do casamento, infringida, no acarreta a sua nulidade.

    1.2.6. Oposio de impedimentos e causas suspensivas do casamento:

    1.2.6.1. Impedimentos: qualquer pessoa capaz at o momento da celebrao

    do casamento (1522, CC).

    1.2.6.2. Causas suspensivas: parentes em linha reta de um dos nubentes e

    pelos colaterais em segundo grau (1524, CC).

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    Parentesco Pode

    casar?

    Vivo com os consangneos em linha reta

    da sua esposa falecida No

    Viva com os consangneos em linha reta

    do seu esposo falecido No

    Sogro e nora No

    Genro e sogra No

    Madrasta e enteado No

    Padrasto e enteada No

    Vivo com a sua cunhada Sim

    Viva com o seu cunhado Sim

    (Adoo: equipare-se aos consangneos)

    1.2.7. Casamento:

    1.2.7.1. por procurao: por instrumento pblico, com poderes especiais,

    com eficcia de at 90 dias

    1.2.7.2. Nuncupativo: quando no h tempo hbil para celebrao do

    casamento, por estar o nubente em iminncia de morrer (art. 1540, CC).

    1.2.7.3. Invlido: conforme Patrcia Fontanela:1 O casamento nulo quando

    inobservados preceitos de ordem pblica, nos moldes do previsto no art. 1548 do CC,

    que prev a nulidade do casamento quando contrado com infrao aos impedimentos

    matrimoniais ou quando for contrado pelo enfermo mental sem discernimento, sendo

    imprescritvel a ao declaratria de nulidade.

    O casamento anulvel nos casos previstos no art. 1550, quais sejam: de quem

    no completou a idade mnima para casar; o menor em idade nbil, no autorizado

    pelo seu representante legal; a ocorrncia de vcio de vontade; o incapaz de

    consentir ou manifestar de modo inequvoco, seu consentimento; pelo mandatrio,

    sem que ele ou outro contraente soubesse da revogao do mandato, no sobrevindo

    coabitao entre os cnjuges; por incompetncia da autoridade celebrante. Os

    prazos para a interposio da ao anulatria de casamento variam de 180 dias a

    quatro anos, de acordo com a situao apresentada.

    1 Manual do Aprovado, 1 edio, Florianpolis: VOXLEGEM, 2006.

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    1.2.6.4. Putativo: mesmo sendo nulo ou anulvel, produz seus efeitos at a

    sentena que o invalida, quando de boa-f.

    1.2.8. Direitos e deveres: Listam-se alguns dos direitos e deveres trazidos pela nova

    lei civil:

    1.2.8.1. Patronmico: reciprocidade de utilizao e mantena do sobrenome,

    mesmo aps o divrcio, independe da culpa.

    1.2.8.2. Chefia do lar: reciprocidade entre o casal, salvo se um deles perdeu

    poder familiar ou por motivo temporrio (coma, priso, deciso judicial, ausncia, etc.

    1.2.8.3. Mantena da famlia: art. 1568, CC, prev o dever mtuo.

    1.2.8.4. Fiana e aval: necessidade da outorga marital e uxria

    1.2.8.5. Proteo da meao: havendo ilcito por um dos cnjuges, a meao

    ser resguardada por meio de embargos de terceiro.

    1.2.8.6. Alimentos: reciprocidade de pedidos. Dever em relao aos filhos.

    1.2. REGIME MATRIMONIAL DE BENS

    No havendo escolha ou por algum motivo ocorrendo a nulidade do

    casamento ou sua ineficcia, o regime ser o de Comunho Parcial de Bens.

    1.2.1. Pacto antenupcial: conveno entre os cnjuges, sendo obrigatrio

    quando escolhido outro regime que no o de comunho parcial de bens. No pode

    retirar direito, mas permite incluir. Deve ser em escritura publica e registrado no

    cartrio de registro imobilirio (art. 1657).

    1.2.2. Incio do regime de bens: no momento de sua celebrao.

    1.2.3. Mudana de regime: desde que motivado e consensual, no h bice.

    Retroage, porm, no pode fraudar terceiros.

    1.2.4. Espcies:

    1.2.4.1. Comunho parcial: bens durante a unio se comunicam, salvo:

    Art. 1.659. Excluem-se da comunho:

    I - os bens que cada cnjuge possuir ao casar, e os que lhe

    sobrevierem, na constncia do casamento, por doao ou

    sucesso, e os sub-rogados em seu lugar;

    II - os bens adquiridos com valores exclusivamente

    pertencentes a um dos cnjuges em sub-rogao dos bens

    particulares;

    III - as obrigaes anteriores ao casamento;

    IV - as obrigaes provenientes de atos ilcitos, salvo reverso

    em proveito do casal;

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    V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de

    profisso;

    VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cnjuge;

    VII - as penses, meios-soldos, montepios e outras rendas

    semelhantes.

    1.2.4.2. Comunho universal: bens durante e anteriores a unio se

    comunicam, salvo:

    Art. 1.668. So excludos da comunho:

    I - os bens doados ou herdados com a clusula de

    incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;

    II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro

    fideicomissrio, antes de realizada a condio suspensiva;

    III - as dvidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de

    despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito

    comum;

    IV - as doaes antenupciais feitas por um dos cnjuges ao

    outro com a clusula de incomunicabilidade;

    V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

    1.2.4.2. Separao de bens: os bens no se comunicam, porem, provado

    esforo mtuo, h comunicao. Observa a lei, no tocante a este regime:

    Art. 1.687. Estipulada a separao de bens, estes permanecero

    sob a administrao exclusiva de cada um dos cnjuges, que os

    poder livremente alienar ou gravar de nus real.

    Art. 1.688. Ambos os cnjuges so obrigados a contribuir para

    as despesas do casal na proporo dos rendimentos de seu

    trabalho e de seus bens, salvo estipulao em contrrio no pacto

    antenupcial.

    1.2.4.2.1. Legal: Nos casos em que a lei exige este regime (art. 1641, CC:

    pessoas que contrarem casamento com infrao s causas suspensivas do casamento;

    pessoa maior de setenta anos e de todos os que dependerem, para casar, de suprimento

    judicial).

    A separao obrigatria de bens do casal em razo de idade

    avanada pode ser estendida para unies estveis (Resp

    1090722. Rel.: Min. Massami Uyeda. DJ 15/4/10)

    Art. 1.641. obrigatrio o regime da separao de bens no

    casamento: II - da pessoa maior de setenta anos;

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    1.2.4.2.2. Convencional: Escolhido pelo casal com pacto antenupcial.

    O regime jurdico da separao de bens voluntariamente

    estabelecido imutvel e deve ser observado, admitindo-se,

    todavia, excepcionalmente, a participao patrimonial de um

    cnjuge sobre bem do outro, se efetivamente demonstrada, de

    modo concreto, a aquisio patrimonial pelo esforo comum

    (STJ. REsp 286514. Rel.: Aldir Passarinho Jr. DJ 22/10/07).

    1.2.4.3. Participao final nos aquestos: regime hbrido entre a comunho

    parcial e a separao de bens. Partilham-se somente os bens adquiridos em conjunto

    por ambos os cnjuges e a ttulo oneroso.

    IMPORTANTE: Em nenhum dos regimes se comunicam os instrumentos de

    profisso, uso pessoal, pessoalssimo, entre outros elencados na lei (art. 1659, CC).

    1.3. DISSOLUO DA SOCIEDADE E VNCULO CONJUGAL

    1.3.1. Separao de corpos: por mutuo consentimento ou por ordem judicial,

    pe fim na comunicao patrimonial.

    1.3.2. Lei 11.441/07: no havendo menores ou incapazes, assistidos por

    advogado(s), respeitado o prazo acima, podem promover este divrcio

    extrajudicialmente, em cartrio de registro civil e promover as respectivas averbaes.

    1.3.3. Divrcio: aps a Emenda Constitucional n. 66 a nica forma de

    dissoluo do casamento. Alguns entendem que possvel, aos que quiserem,

    ingressar ainda com a separao judicial, to somente.

    IMPORTANTE: No h necessidade de buscar culpados na separao para

    sua decretao luz do principio da dignidade da pessoa humana e na teoria do

    desamor.

    1.4. UNIO ESTVEL

    1.4.1. Conceito: Unio pblica, contnua e duradoura, entre homem e mulher

    (ou pessoas do mesmo sexo), com o intuito de constituir famlia (art. 1723, CC).

    1.4.2. Impedimentos: A existncia de impedimentos matrimoniais impede sua

    caracterizao, exceto s situao dos separados de fato. A existncia de causa

    suspensiva no impede a caracterizao da unio estvel, havendo a discusso na

    doutrina sobre a incidncia ou no da separao obrigatria de bens (1641, I) nesse

    caso.2

    2 FONTANELA, Patricia. Manual do Aprovado, 1 edio, Florianpolis: VOXLEGEM, 2006.

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    1.4.3. Regime de bens: Equipara-se ao casamento no regime de comunho parcial de

    bens QUANDO no h contrato dispondo de maneira diversa:

    Art. 1.725. Na unio estvel, salvo contrato escrito entre os

    companheiros, aplica-se s relaes patrimoniais, no que couber, o

    regime da comunho parcial de bens

    1.5. Algumas ponderaes sobre a partilha de bens:

    1.5.1. Previdncia Privada:

    Partilha consensual realizada, com excluso apenas do

    plano de previdncia privada. Valores depositados na

    constncia do casamento devem observar a meao.

    Previdncia (TJSP. Apelao Cvel 5432614500. Relator(a):

    Natan Zelinschi de Arruda Comarca: So Bernardo do Campo

    rgo julgador: 4 Cmara de Direito Privado Data do

    julgamento: 15/10/2009 Data de registro: 26/10/2009)

    1.5.2. FGTS:

    A conta vinculada mantida para depsitos mensais do FGTS

    pelo empregador, constitui um crdito de evoluo contnua,

    que se prolonga no tempo, isto , ao longo da vida laboral do

    empregado o fato gerador da referida verba se protrai, no se

    evidenciando a sua disponibilidade a qualquer momento, mas

    to-somente nas hipteses em que a lei permitir. - As verbas de

    natureza trabalhista nascidas e pleiteadas na constncia da

    unio estvel comunicam-se entre os companheiros. -

    Considerando-se que o direito ao depsito mensal do FGTS, na

    hiptese sob julgamento, teve seu nascedouro em momento

    anterior constncia da unio estvel, e que foi sacado durante

    a convivncia por decorrncia legal (aposentadoria) e no por

    mero pleito do recorrido, de se concluir que apenas o perodo

    compreendido entre os anos de 1993 a 1996 que deve ser

    contado para fins de partilha. Recurso especial conhecido e

    provido em parte (STJ. REsp 758548/MG. Rel.: Min. Nancy

    Andrighi. DJ 13/11/2006)

    1.5.3. Imposto e meao:

    TRIBUTRIO IMPOSTO DE TRANSMISSO POR DOAO SEPARAO JUDICIAL MEAO. 1. Na separao judicial, a legalizao dos bens da meao no est

    sujeita a tributao. 2. Em havendo a entrega a um dos

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    cnjuges de bens de valores superiores meao, sem

    indcios de compensao pecuniria, entende-se que

    ocorreu doao, passando a incidir, sobre o que ultrapassar

    a meao, o Imposto de Transmisso por Doao, de

    competncia dos Estados (art. 155, I, da CF). 3. Recurso

    especial conhecido e provido (STJ REsp 723587. DJ 06/06/05)

    1.5.4. Fixao de aluguel:

    AO DE EXTINO DE CONDOMNIO - SEPARAO

    JUDICIAL - BEM COMUM - COBRANA DE ALUGUEL -

    CABIMENTO - UTILIZAO DO BEM POR APENAS UM

    DOS CNJUGES. (TJMG. AC 2.0000.00.470591-5/000(1). DJ

    26/11/2005)

    SEPARAO JUDICIAL. BEM DO CASAL. PARTILHA.

    CONDOMNIO. OCUPAO DE IMVEL PELO CNJUGE

    VARO. COBRANA DE ALUGUEL PELA MULHER. "Cada

    consorte corresponde aos outros pelos frutos da coisa comum.

    Na propriedade em comum, no se pode us-la em detrimento

    do direito dos demais condminos (REsp - 14.913, DJ de

    16/12/91). Recurso especial conhecido e provido." (STJ - REsp

    130.605/DF - 3 Turma -Rel. Min. Nilson Naves - DJ 1.3.1999)

    1.5.4.1. Incio da mora (citao) posio A

    Dever do condmino de concorrer para a conservao da coisa

    que, apesar de descumprido, no exclui seu direito ao

    recebimento de aluguel. Remunerao que devida desde a

    citao, ante a ausncia de prvia notificao, mas somente at

    a data da alienao da cota parte do autor co-r (TJSP. AC

    994092756827. DJ 17/03/2010).

    1.5.4.2. Incio da mora (data do fato) posio B

    Aluguel de Coisa Comum - Condomnio e ocupao exclusiva

    demonstrados - Verba devida a partir da abertura da sucesso

    descontado o perodo em que os Autores ocuparam sua cota

    parte (TJSP. AC 994030383345. DJ 17/08/2010).

    Art. 884 (CC). Aquele que, sem justa causa, se

    enriquecer custa de outrem, ser obrigado a restituir o

    indevidamente auferido, feita a atualizao dos valores

    monetrios.

    Art. 398 (CC). Nas obrigaes provenientes de ato

    ilcito, considera-se o devedor em mora, desde que o

    praticou

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    Art. 402 (CC). Salvo as excees expressamente

    previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor

    abrangem, alm do que ele efetivamente perdeu, o que

    razoavelmente deixou de lucrar.

    1.5.5. Sobrepartilha:

    APELAO CVEL. OCULTAO DE BENS NA

    PARTILHA. SOBREPARTILHA. POSSIBILIDADE. [...] 1-

    Mostra-se plenamente possvel que se processe a ao de

    sobrepartilha dos bens mveis que no constaram da descrio

    dos bens a serem partilhados nos autos do divrcio direto

    anteriormente levado a efeito. [...] Apelo parcialmente provido.

    (TJRS. AC 70020321337. DJ 09/08/2007)

    1.5.6. Cotas sociais:

    AO DE SEPARAO CONSENSUAL - PARTILHA DE

    QUOTAS DE SOCIEDADE DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

    - DETERMINAO DE TRANSFERNCIA DA METADE DAS

    QUOTAS PERTENCENTES AO VARO PARA A MULHER -

    INADMISSIBILIDADE - FORMAO APENAS DE UMA

    SUBSOCIEDADE - SITUAO QUE NO AUTORIZA A

    INCLUSO DA ADQUIRENTE COMO SCIA DA EMPRESA -

    EXISTNCIA DE CLUSULA CONTRATUAL QUE PROBE OS

    SCIOS DE TRANSFERIR SUAS QUOTAS SEM A EXPRESSA

    CONCORDNCIA DOS DEMAIS - INTELIGNCIA DOS

    ARTIGOS 334, DO CDIGO COMERCIAL E 1.388, DO CDIGO

    CIVIL (TJSC, AI. Relator: Des. Carlos Prudncio)

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    2. DIREITO DAS SUCESSES

    2.1. ESTRUTURA

    O direito das sucesses visa a transmisso do patrimnio da pessoa que

    morreu aos seus herdeiros e legatrios.

    Enquanto o sentido amplo da transmisso patrimonial regulamentado no

    Direito das Coisas, o seu sentido estrito importa na transmisso por causa mortis

    onde regulada pelo Direito das Sucesses.

    2.2. NOES INTRODUTRIAS E TERMINOLOGIA

    2.2.1. Meao: a metade de todo patrimnio do casal nos bens comuns, observado o

    tipo de regime patrimonial. Importante salientar que se havendo dois carros, no um

    carro para cada, mas, metade de cada um dos carros. Os bens sucesso apenas a

    meao e bens particulares do de cujus.

    2.2.2. Universalidade: a totalidade dos bens deixados sucesso.

    2.2.3. Legtima: da universalidade, excluda as despesas de funeral e outras dividas,

    havendo herdeiros necessrios, o 50% do patrimnio indisponvel que dever se

    transmitido a estes. O restante poder ser deixado a quem for indicado.

    2.2.4. Herdeiros necessrios: so os descendentes, ascendentes e cnjuge.

    2.2.4. Autor da herana: o de cujus. Em concurso, quando houver esta expresso,

    significa que os bens foram transmitidos por sucesso legal.

    2.2.5. Herdeiro: aquele que se beneficia da herana: descendentes, ascendentes,

    cnjuge e colaterais at 4 grau.

    2.2.2. Testador: o de cujus. Em concurso, quando houver esta expresso, significa

    que os bens foram transmitidos, pelo menos em parte, por testamento.

    2.2.7. Legatrio: o beneficiado por um legado (bem individualizado). Pode ser

    herdeiro, ou no.

    2.2.8. Testamenteiro: aquele que executa o testamento. No confundir com

    testador.

    2.2.9. Responsabilidade: os herdeiros respondem no limite da herana.

    2.3. TRANSMISSO DA HERANA/ABERTURA DA SUCESSO

    2.3.1. Momento da abertura/Causa: Todos os prazos e anlise de direitos, bem

    como de sucessores se do no momento da abertura da sucesso, que da morte do

    de cujus. Para fins sucessrios a morte pode ser:

    2.3.1.1. Morte real: demonstrada atravs do artigo 6 do Cdigo Civil como

    responsvel pelo trmino da existncia da pessoa natural. Ex.: assassinato.

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    2.3.1.2. Morte civil: de acordo com a legislao civil em ocorrendo a morte

    civil o herdeiro afastado da herana e seus direitos so transmitidos aos herdeiros.

    Ex.:Indignos.

    2.3.1.3. Morte presumida/ficta: pode ser decretada com ou sem a declarao

    de ausncia.

    No necessria declarao de ausncia quando se provvel a morte da

    vtima, como os desaparecidos em naufrgio,. Incndio, entre outros fatos que no

    possvel achar o corpo, nestes casos, faz-se a comprovao do bito por justificao

    judicial.

    Nos casos de ausncia a sucesso provisria e definitiva regulada conforme

    o respectivo instituto (art. 26 em diante).

    2.3.1.4. Morte simultnea ou comorincia: prevista no artigo 8 do Cdigo

    Civil dispondo que se duas ou mais pessoas naturais falecerem na mesma ocasio no

    se podendo precisar qual faleceu primeiro, presumem-se mortos simultaneamente. Ex:

    morrem juntos em acidente de automvel.

    2.3.2. Objeto: o patrimnio do de cujus, em todos seus direitos e deveres.

    2.3.3. Lugar: o lugar da abertura da sucesso o de ltimo domiclio do de cujus.

    2.3.4. Tratamento: Sucesso aberta considerada bem imvel (art. 80, CC), indivisa

    at a partilha e sujeita as regras do condomnio.

    passvel de alienao/registro (art. 1.793, CC).

    2.3.5. Cesso da herana: Por termo judicial ou escritura Pblica.

    No se admite cesso de herana futura, pois no se admite contrato de

    herana de pessoa viva.

    2.4. PETIO DE HERANA

    Novo instituto legal trazido pelo cdigo civil de 2002. Basicamente, permite o

    reconhecimento sucessrio de herdeiros desconhecidos e que no foram chamados a

    tempo.

    Seus efeitos so bastante gravosos. A lei impe o dever de restituio de parte

    ou totalidade da herana (contra herdeiro ou quem a possua), menos os frutos (1826),

    em sendo de boa-f.

    O prazo para petio de herana de 10 anos, uma vez que no se trata de

    direito imprescritvel (art. 205, Cdigo Civil, c/c, Smula 149, STF)

    2.5. CAPACIDADE

    Conforme art. 1787, CC, a capacidade para:

    2.5.1. Testador: a partir de 16 anos se pode testar.

    2.5.2. Autor da herana: deve ser nascido com vida.

    2.5.3. Herdeiros e legatrios: Pessoas nascidas poca da abertura da sucesso (art.

    1798), prole eventual; ainda no concebidos (indicados por testamento) so capazes

    de suceder.

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    Os indignos, deserdados e o(a) concubino(a) no podem ser herdeiros ou

    legatrios (no caso de indignidade e deserdao admissvel retratao e prova de que

    houve o perdo por parte do de cujus).

    2.6. INDIGNIDADE / DESERDAO:

    Ambos tem o mesmo fim, porm, a indignidade a lei que prev a pena (art.

    1814), enquanto a deserdao o autor da herana quem pune o responsvel por

    testamento (art. 1961).

    No atual cdigo, os testamentos devem ter a justificao da deserdao.

    Terceiros podem imputar a indignidade (art. 3, CPC).

    O indigno considerado como se fosse morto. Sua quota transmitida aos

    seus herdeiros.

    2.7. ACEITAO E RENNCIA DA HERANA:

    2.7.1. Aceitao: irrenuncivel, expressa ou tcita, total e sem condies.

    2.7.2. Renuncia: Igual a aceitao, porm, somente pode ser de forma expressa. No

    h renuncia tcita.

    Deve ser feita em termo judicial ou por escritura pblica.

    Um renunciante por representar a sucesso de outro (art. 1856)

    Havendo credores do renunciante, estes, podem represent-lo na sua quota e

    buscar para si a satisfao da dvida no limite da dvida e da quota.

    Na renuncia de todos herdeiros, declara-se vacncia.

    2.7.3. Importante: Pode haver renuncia e aceitao se as naturezas dos bens forem

    diversas. Ex.: aceitar a herana e renunciar o legado.

    2.8. REPRESENTAO:

    Est regulado nos art. 1851 a 1856. As principais questes do instituto so:

    a) Linha reta descendente (nunca ascendente); b) Transversal (somente

    sobrinhos); c) Renunciante pode representar outrem; d) No transmite o bem aos

    herdeiros de renunciante, salvo todos herdeiros da mesma classe renunciarem.

    2.9. HERANA JACENTE E VACANTE:

    Est regulado nos arts. 1819 a 1823.

    2.10. SUCESSO CASAMENTO E UNIO ESTVEL

    Todos os bens da legtima (parte indisponvel, quando h herdeiros

    necessrios), ou que no podem ser transmitidos por testamento, uma vez que o

    mesmo, em todo ou em parte nulo, caduco, ineficaz ou inexistente, a sucesso se d

    pela ordem de vocao hereditria (e no sendo casado, o companheiro tambm

    herda, porm, de forma distinta ao cnjuge)

    O atual cdigo causou um pouco de dvida quanto a quais e quem herda na

    concorrncia sucessria.

    2.10.1. Descendentes com:

    2.10.1.1. Cnjuge com comunho universal de bens: no concorre o cnjuge

    sobrevivente.

    2.10.1.2. Cnjuge com separao de bens - legal: no concorre o cnjuge

    sobrevivente.

    2.10.1.3. Cnjuge com separao de bens convencional: REGRA DA LEI: concorre o cnjuge sobrevivente em todos os bens

    deixados pelo de cujus.

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    13

    ATUAL INTERPRETAO DO STJ:

    No remanesce, para o cnjuge casado mediante separao de bens,

    direito meao, tampouco concorrncia sucessria, respeitando-se

    o regime de bens estipulado, que obriga as partes na vida e na morte.

    Nos dois casos, portanto, o cnjuge sobrevivente no herdeiro

    necessrio. Entendimento em sentido diverso, suscitaria clara

    antinomia entre os arts. 1.829, inc. I, e 1.687, do CC/02, o que geraria

    uma quebra da unidade sistemtica da lei codificada, e provocaria a

    morte do regime de separao de bens. Por isso, deve prevalecer a

    interpretao que conjuga e torna complementares os citados

    dispositivos (STJ. REsp 002749. Min.: Nancy Andrighi. DJ 05/02/10).

    2.10.1.4. Cnjuge com comunho parcial de bens: no concorre o cnjuge

    sobrevivente nos bens comuns do de cujus (a meao do de cujus), j nos bens

    particulares (aqueles que no faziam parte da meao), concorre com os descendentes.

    IMPORTANTE: Nos casos em que h concorrncia entre o cnjuge

    sobrevivente e os descendentes, sendo estes filhos (ou descendentes) tambm do

    cnjuge sobrevivente (filhos bilaterais), divide-se os bens em igualdade, reservado o

    mnimo de para o cnjuge sobrevivente. Ex.: at trs filhos, cada um fica com a

    mesma quota do cnjuge. Se houver quatro filhos ou mais, fica para o cnjuge e o

    restante dividido em igualdade entre os filhos.

    Caso os filhos no sejam do cnjuge sobrevivente (filhos unilaterais), no

    importa a quantidade de filhos em concorrncia com o cnjuge sobrevivente, todos os

    bens concorridos dividem-se em igualdade, sem mnimo para o cnjuge.

    Quando h alguns filhos bilaterais e outros unilaterais, por no haver esta

    previso na lei, adota-se a regra dos filhos bilaterais, ou seja, todos filhos (e

    descendentes) do de cujus so considerados como do cnjuge tambm.

    2.10.1.5. Companheiro (unio estvel): o companheiro s concorre na outra

    meao. Nos bens particulares, no concorre com os descendentes.

    Caso o descendente seja bilateral, na concorrncia da outra meao (a lei diz:

    bens adquiridos onerosamente na constncia do casamento), divide-se em igualdade,

    sem qualquer mnimo reservado ao companheiro.

    Nos casos de concorrncia da outra meao com descendentes s do cnjuge,

    o que cabe a cada um, somente metade caber ao companheiro.

    IMPORTANTE: A diferena no tratamento do companheiro em relao ao

    cnjuge, quanto queles de regime de comunho parcial de bens visto como

    inconstitucional por parte da doutrina e dos tribunais estaduais, sendo matria

    controversa. O STJ entende que constitucional a previso.

    2.10.2. Ascendentes com:

    2.10.2.1. Cnjuges: Por cabea, sendo o mnimo de 1/3 para o cnjuge.

    2.10.2.2. Companheiros: 1/3 para o companheiro, o restante ao(s)

    ascendente(s).

    2.10.3. Colaterais com:

    10.3.1. Cnjuges: havendo cnjuge, os colaterais no herdam.

    10.3.2. Companheiros: 1/3 para o companheiro, o restante ao(s) colaterais.

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    IMPORTANTE: somente no caso de no haver outros parentes sucessveis,

    que o companheiro herda a totalidade dos bens.

    2.10.4. Noo de cnjuge sobrevivente: Para os fins da lei, cnjuge sobrevivente

    aquele que no separado judicialmente ou de fato h mais de 2 anos antes da morte

    do de cujus. Porm, se no caso dos separados de fato h mais de 2 anos, a separao

    se deu por culpa do de cujus, para fins de lei, continua ser cnjuge.

    2.11. SUCESSO TESTAMENTRIA

    D-se por disposio de ltima vontade. A capacidade de testar encontra-se no art.

    1861, enquanto de ser legatrio, no art. 1787.

    As disposies sobre o testamento encontram-se nos art. 1897 a 1911, sendo

    importante salientar:

    Pode testar livremente, somente 50% da legtima (havendo herdeiros necessrios)

    So tipos de testamentos: ordinrio (pblico em cartrio/ cerrado em cartrio e cosido/ particular sem publicidade) e especiais (aeronutico, martimo e militar).

    2.12. CODICILO:

    So as doaes de pequenos presentes e montas, como jias no muito

    valiosas, sufrgio pela alma, enterro, etc. No revestido de maiores formalidades.

    2.13. LEI 11.441/2007

    Permitiu que o inventrio e partilha se desse quando no houver menores ou

    incapazes, sendo consensual e as partes assistidas por advogado(s), serem feitos

    extrajudicialmente em cartrio de registro e aps, promover as respectivas

    averbaes.

    O prazo para inventrio, por fora da lei, foi prorrogado para 60 dias.

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    3. DIREITO DE EMPRESA

    3.1. O Empresrio:

    O novo Cdigo Civil rompeu com a tradio iniciada com o Cdigo

    Comercial de 1850, que designava de comerciante aquele que exercia a mercancia,

    assim entendida a atividade econmica tendente produo ou circulao de bens e

    servios, enumeradas no art. 19 do Regulamento n. 737 de 1850.

    Agora se chama empresrio a pessoa que se exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de

    servios (art. 966 do CC). A alterao no foi apenas terminolgica. Na verdade, o

    uso do termo comerciante, empregado no Cdigo Comercial, limitado atividade de compra e venda de mercadorias para revenda. J o termo empresrio bem mais

    amplo, incluindo-se alm daqueles que se dedicam compra e venda de mercadoria

    para revenda, tambm aqueles se embrenham na indstria e na prestao de servios.

    Por outro lado, aqueles que exercem a profisso intelectual, ainda que

    utilizem o concurso de auxiliares, no so considerados empresrios. A regra que o

    exerccio das profisses regulamentadas no caracteriza a atividade como empresria,

    mas, sim, atividade intelectual, que pode ser de natureza cientfica, artstica ou

    literria, como disposto no pargrafo nico do art. 966 do CC.

    Este mesmo critrio foi utilizado pelo Cdigo Civil para distinguir a

    sociedade empresria da sociedade simples (no empresria), como prev o art. 982

    do CC.

    Enquanto pessoa fsica o empresrio exerce a atividade mercantil atravs de

    firma individual, ou seja, pratica os atos inerentes a atividade empresarial em seu

    prprio nome. A conseqncia mais importante e imediata de se praticar atos

    mercantis em seu prprio nome a responsabilidade patrimonial, uma vez que todo o

    patrimnio do empresrio responde ilimitadamente pelos atos praticados, inclusive

    por atos de seus empregados e prepostos engajados do negcio.

    Da mesma forma, o patrimnio do profissional liberal (no empresrio),

    tambm responde ilimitadamente em decorrncia dos atos que pratica no exerccio de

    sua profisso, porm, como no considerado empresrio, no necessita inscrever-se

    no Registro Pblico das empresas, bastando sua inscrio no rgo regulador de sua

    profisso.

    A mercancia exerccio da atividade empresarial - pode ser exercida pelo empresrio ou pela sociedade empresarial especialmente constituda para este fim. O

    mesmo vale para o profissional liberal que pode optar em constituir uma sociedade

    simples (arts. 997 e seguintes do CC)3, associando-se a colegas para prestar servios.

    Noo de grande relevncia a distino entre sociedade empresarial e

    empresa. Enquanto a sociedade um ente abstrato, constituda na pessoa jurdica, que

    tem origem em um contrato social, no qual so estabelecidas as condies de sua

    existncia (art. 997), tendo como objetivo a realizao de determinadas atividades

    previamente estabelecidas, sendo, portanto, um instituto meramente jurdico, a

    empresa toda organizao econmica, civil ou comercial, instituda para a explorao de um determinado ramo de negcio4. Esta organizao composta por um conjunto de bens que pode ser administrado por uma sociedade empresria ou um

    3 No regime do Cdigo Civil de 1916 denominava-se de sociedade civil, uma vez que o seu objeto no era

    comercial. 4 De Plcido e Silva, Vocabulrio Jurdico, Vol. II, 11

    a ed. Rio de Janeiro: Forense, 1989, pag. 158.

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    empresrio, pessoa fsica. Note-se que empresa no um instituto jurdico, mas sim

    econmico.

    O termo empresa rene trs fatores que so inseparveis, quais sejam: a

    habitualidade, que diz respeito continuidade dos negcios; o objetivo de lucro,

    pois se no houve o intuito de lucro no haver empresa, em seu sentido econmico5

    e, por fim, a habitualidade e o lucro devem compor uma organizao estvel. Assim,

    em relao ao aspecto econmico, o profissional liberal (no empresrio) e a

    sociedade simples (no empresria), podem constituir-se em empresa, na medida em

    que contarem com um capital organizado em uma estrutura estvel, que realiza

    negcios de forma habitual e objetivando lucro.

    Se o empresrio desejar instituir filial ou agncia em outro Estado, sujeito

    jurisdio de outro Registro Pblico de Empresas Mercantis, dever tambm inscrev-

    la naquele Registro de Empresas, com a prova da inscrio original (art. 969),

    devendo-se averbar a inscrio secundria no Registro Pblico de Empresas

    Mercantis em que a empresa tem sede.

    Em relao ao empresrio rural e ao pequeno empresrio, lhe assegurado

    tratamento favorecido, diferenciado e simplificado quanto inscrio e aos efeitos

    decorrentes (Art. 970).

    O empresrio, aqui entendido como o produtor rural, cuja principal profisso

    seja a atividade rural, pode requerer sua inscrio no Registro Pblico das Empresas

    Mercantis, ficando equiparado ao empresrio, nos termos do art. 968 e 971, ambos do

    CC. O mesmo se aplica a sociedade rural (art. 984)

    3.2. A Sociedade:

    O Cdigo Civil, em seu art. 981, define sociedade como o contrato entre pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou servios, para o

    exerccio de atividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados. As sociedades se classificam em personificadas e no personificadas,

    empresrias ou no. Entre as sociedades no personificadas tem-se, por exemplo, a

    sociedade comum e a sociedade em conta de participao. Entre as sociedades

    personificadas arroladas pelo Cdigo temos, por exemplo: a sociedade simples que

    considerada no empresria e que substitui sociedade civil regulada pelo Cdigo Civil

    revogado, e serve de modelo para as demais espcies de sociedades contratuais,

    sociedade em nome coletivo; sociedade em comandita simples; sociedade limitada6,

    j a sociedade por aes e a sociedade em comandita por aes7, que so sociedades

    estatutrias, so reguladas pela Lei n 6.404/76, e a sociedade cooperativa regulada

    pela Lei n 5.764/71.

    Por fim, cumpre anotar que a sociedade somente adquire personalidade

    jurdica aps a sua inscrio no registro prprio, na forma da lei, de seus atos

    constitutivos. Assim, se a sociedade for empresria dever inscrever seus atos

    constitutivos no Registro Pblico de Empresas Mercantis e se for simples (no

    empresria), no Cartrio de Registro de Pessoas Jurdicas (art. 985 do CC).

    3.2.1. Do Contrato Social: O Cdigo Civil estabeleceu em seu art. 982 que se

    considera sociedade empresria aquela que tem por objeto o exerccio de atividade

    5 Neste caso pode ser uma entidade filantrpica, que utiliza de seu patrimnio para prover renda para obra de

    assistncia. 6 A sociedade limitada uma sociedade de capital.

    7 Estas sociedades tambm so sociedade de capital

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    econmica organizada para a produo ou circulao de bens ou de servios. Em

    sentido contrrio, o Cdigo no mesmo art. 982 determina que as sociedades que no

    exercem atividade econmica de produo ou circulao de bens ou servios so

    consideradas sociedades simples8, aplicando-se o disposto nos arts. 997 e seguintes do

    CC. Convm salientar que as sociedades simples so designadas por denominao

    social, composta por expresses ligadas atividade da sociedade, ou um nome

    qualquer, que o nome da sociedade.

    importante notar que a expresso sociedade simples refere-se a sociedade que tenha por objeto uma atividade intelectual de natureza artstica, literria

    ou cientfica, como tambm se refere a um tipo especfico de sociedade, assim, como

    as demais modalidade de sociedades previstas no Cdigo Civil.

    Esta sociedade constitui-se mediante contrato escrito, passando a ter

    existncia desde logo, porm dever ser levado inscrio no Registro Civil das

    Pessoas Jurdicas.

    Qualquer pacto entre os scios realizado em separado e em contrrio ao

    disposto no contrato social ser ineficaz em relao a terceiros (pargrafo nico do

    Art. 997).

    O contrato social, alm de outras clusulas, necessariamente dever

    mencionar o disposto no art. 997: I - nome, nacionalidade, estado civil, profisso e

    residncia dos scios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominao, nacionalidade

    e sede dos scios, se jurdicas; II - denominao, objeto, sede e prazo da sociedade; III

    - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer

    espcie de bens, suscetveis de avaliao pecuniria; IV - a quota de cada scio no

    capital social, e o modo de realiz-la;V - as prestaes a que se obriga o scio, cuja

    contribuio consista em servios; VI - as pessoas naturais incumbidas da

    administrao da sociedade, e seus poderes e atribuies; VII - a participao de cada

    scio nos lucros e nas perdas; VIII - se os scios respondem, ou no,

    subsidiariamente, pelas obrigaes sociais.

    O art. 999 do CC veio por fim controvrsia a respeito das deliberaes por

    maioria do capital (50% mais 1) nas sociedades eminentemente de pessoas, tais como

    na sociedade simples. Por esta regra, as modificaes do contrato social que tenham

    por objeto a matria indicada no art. 997, transcrito acima, dependem do

    consentimento de todos os scios. As demais matrias, que no esto includas no art.

    997 do CC podem ser objeto de deliberao por maioria absoluta de votos, isto se o

    contrato no estipular a necessidade de que a deliberao seja por unanimidade.

    No caso de constituio de filial, sucursal ou agncia, dever ser anotado no

    Registro Civil das Pessoas Jurdicas da sede da sociedade, bem como no Registro

    Civil da circunscrio da filial, sucursal ou agncia.

    3.2.2. Dos Direitos e Obrigaes dos Scios: As alteraes das funes que

    os scios exercem na sociedade devem ser expressas no contrato social, devendo,

    sempre que houver alteraes, ser alterado o contrato, uma vez que o scio no pode

    ser substitudo nas suas funes, por se tratar de sociedade de pessoas. Ainda, estas

    alteraes devem ser deliberadas em consentimento com os demais scios (art. 1.002

    do CC). O administrador que for nomeado por instrumento em separado que no conste do contrato social deve averb-lo margem da inscrio da sociedade,

    8 A sociedade simples possui como objeto o exerccio de atividade intelectual de natureza artstica,

    literria ou cientfica.

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    18

    respondendo pessoal e solidariamente com a sociedade pelos atos que praticar antes

    do registro (art. 1.012).

    A administrao da sociedade, se o contrato no dispuser a respeito, cabe a

    cada um dos scios separadamente. Sendo vrios os administradores cada um pode

    obstaculizar a operao pretendida por outro, devendo os scios se reunir e decidir por

    maioria. Se um dos administradores realizar operaes sabendo ou devendo saber que

    agia em desacordo com a maioria, responde por perdas e danos perante a sociedade.

    O art. 1.001 do CC estabelece que as obrigaes dos scios comeam

    imediatamente com o contrato, se este no fixar outra data e terminam aps a

    liquidao da sociedade, quando se extinguirem as responsabilidades sociais. Esta

    regra mera decorrncia lgica, visto que as obrigaes sociais tm incio com a

    constituio da sociedade e somente se extinguem com a dissoluo e liquidao do

    passivo social.

    A cesso de quotas, total ou parcial, do capital de sociedade simples, no tem

    eficcia em relao aos demais scios nem em relao sociedade, sem que haja o

    consentimento dos demais scios e sem que haja a correspondente alterao no

    contrato social.

    A exigncia do consentimento dos demais scios para que haja cesso de

    quotas decorre do fato de que nesta espcie de sociedade a affectio societatis um

    requisito especfico para a manuteno da sociedade, por se tratar de uma sociedade

    de pessoas.

    Por esta razo, que foi introduzida a regra prevista no art. 1.027 do CC, que

    dispe que os herdeiros do cnjuge do scio, ou mesmo o cnjuge que se separou

    judicialmente, no podem exigir a parte que lhes cabe na quota social, mas to

    somente concorrer diviso peridica dos lucros, at que se liquide a sociedade. Isto

    se justifica porque na sociedade simples, que uma sociedade de pessoas, os scios

    no podem ser obrigados a aceitar os sucessores do cnjuge do scio ou o cnjuge do

    scio separado como scios da sociedade, pois o que predomina para manuteno da

    sociedade so as qualidades pessoais de cada scio.

    Por outro lado, uma vez operada a cesso de quotas, o scio cedente

    responde solidariamente com cessionrio, perante a sociedade e terceiros, pelas

    obrigaes que tinha como scio, pelo prazo de dois anos (pargrafo nico do art.

    1.003). Cumpre salientar que cedente e cessionrio respondem perante a prpria

    sociedade, vale dizer que ambos so solidariamente responsveis pelas obrigaes que

    o cedente tinha enquanto scios, como, por exemplo, a integralizao do capital

    social, pela eventual prestao de contas devidas pelo cedente sociedade, ou ainda,

    em relao a eventual prejuzo causado sociedade pelo cedente.

    Em relao a terceiros tanto o cedente como o cessionrio, tambm, so

    responsveis solidariamente.

    Entretanto, a responsabilidade do cessionrio limitada s obrigaes que o

    cedente tinha na qualidade de scio. Assim, no significa que o cessionrio ser

    responsvel por todas as dvidas da sociedade ou por dvidas particulares do cedente.

    O cessionrio ser responsvel apenas pelas dvidas que o cedente tenha contrado,

    em nome prprio, na qualidade de scio, ou decorrentes de ato que tenha praticado e

    do qual decorra responsabilidade pessoal do scio. Como exemplo podemos ainda

    citar a hiptese de recebimento de distribuio de lucro ilcitos ou fictcios, que

    acarreta a responsabilidade dos scios que os receberam. Neste caso, o cessionrio

    solidrio com o cedente (art. 1.009). Cumpre notar que o cedente no responde pelas

    obrigaes contradas pelo cessionrio enquanto scio. A vinculao do pargrafo

    nico do art. 1.003 do CC em relao ao cedente aquele que est deixando a

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    19

    sociedade que fica responsvel pelos seus atos pelo prazo de dois anos depois de averbada a alterao contratual.

    A principal obrigao de qualquer scio contribuir para a formao do

    capital social, integralizando sua quota parte na forma e prazo previsto nos estatutos

    sociais. O scio remisso, ou seja, o scio que deixa de integralizar sua participao no

    capital social como estabelecido no contrato dever ser notificado pela sociedade para

    que cumpra sua obrigao no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena ser responsabilizado

    por dano emergente da mora. A esta obrigao, como mencionado acima, estar

    sujeita o scio cessionrio, mesmo que tenha pago integralmente sua participao ao

    scio cedente.

    Caso o scio permanea em mora, a maioria (50% mais 1) dos demais scios

    poder escolher entre a indenizao decorrente do dano emergente da mora, a

    excluso do scio remisso, ou mesmo reduzir a quota do scio faltante ao montante

    correspondente aos valores j integralizado (art. 1004, pargrafo nico). No caso de

    excluso ou reduo do valor da quota o capital social sofrer a correspondente

    reduo, salvo se os demais scios suprirem o valor da quota.

    O scio que integralizar sua quota social atravs da transmisso de domnio,

    posse ou uso, de bem mvel ou imvel, responde pela evico, bem como pela

    solvncia do devedor se integralizar sua quota com ttulo de crdito (art. 1005).

    O art. 1006 do CC estabelece a possibilidade de haver scio que no

    contribua com capital, mas sim com servios. A regra dispe que o scio que se

    obriga a contribuir para a sociedade com seus servios, no pode empregar-se em

    atividade estranha sociedade, sob pena de ser privado de seu lucro e at mesmo dela

    ser excludo, salvo ser for convencionado em contrrio. Uma observao necessria,

    que a contribuio em forma de servios feita sociedade, no pode transformar-se

    em contribuio ao capital social, uma vez que o trabalho no capital e, portanto, a

    contribuio ao capital social no pode dar-se atravs de servios.

    Os arts. 1.007 e 1.008 so consectrios do prprio conceito de sociedade

    estabelecida no art. 981, ou seja, os scios se obrigam a contribuir para o exerccio da

    atividade econmica com a expectativa de partilhar o resultado. Assim, a participao

    nos lucros e nos prejuzos deve ser proporcional ao valor das respectivas quotas do

    capital. O scio indstria aquele que somente contribui com servios - no participa dos prejuzos, participa apenas dos lucros na proporo da mdia do valor das quotas

    (parte final do art. 1.007 do CC).

    O scio que contribui com servios no participa do capital social, por isso

    no participa dos prejuzos. Assim, como no participa do capital social, tambm no

    pode receber distribuio de lucros proporcional ao capital social.

    O art. 1.008 estabelece regra tradicional segundo a qual nula a estipulao

    que exclua qualquer scio de participar dos lucros e das perdas, salvo a exceo do

    scio indstria, j mencionada acima.

    O art. 1.009 estabelece inovao no direito societrio, na medida em que

    determina que a distribuio de lucros ilcitos ou fictcios acarreta responsabilidade

    solidria dos administradores. Em relao aos demais scios que os receberam, a

    responsabilidade depende do conhecimento ou do dever de conhecer a respeito da

    ilegitimidade do lucro distribudo.

    3.2.3. Da Administrao: A administrao da sociedade realizada pelo

    administrador, que tem amplos poderes de gesto do negcio. Os scios podem

    deliberar pela nomeao de um administrador que no seja scio, como faculta o

    pargrafo nico do art. 1.019 do CC. Entretanto, em decorrncia de lei ou do contrato,

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    pode haver determinadas situaes que o poder de deciso do administrador depende

    de deliberao dos scios. Nestes casos, as decises sero tomadas por maioria de

    votos, computados segundo o valor das quotas de caso scio (art. 1.010). Para

    formao da maioria absoluta necessrio mais da metade do capital. No caso de

    houver empate, em uma deliberao social, deve prevalecer deciso tomada pelo

    maior nmero de scios (pessoas), persistindo o embate o assunto dever ser decidido

    pelo Juiz. Os scios que tiverem interesses particulares, que contrarie os interesses da

    prpria sociedade, respondem por perdas e danos perante a sociedade, caso esta

    delibere contra o seu prprio interesse, por influncia e em razo do voto do scio

    beneficirio da deliberao.

    O art. 1.011 estabelece que o administrador da sociedade deve agir com

    diligncia e como se dirigisse seu prprio negcio, aplicando-se a regra, no que

    couber, relativa ao mandato. dever do administrador gerir as finanas da sociedade,

    aplicando os crditos em proveito desta, sob pena de ser compelido a restituir o valor

    sonegado ou mal aplicado (art. 1.017 c/c 1.016), devendo prestar contas justificadas

    de sua administrao, apresentar anualmente o inventrio, balano patrimonial e de

    resultado econmico nos termos do art. 1.020, podendo os demais scios, a qualquer

    tempo, examinar os livros e documentos da sociedade, bem como o estado do caixa,

    conforme dispe o art. 1.021. Ainda, no pode o administrador fazer-se substituir no

    exerccio de suas funes, porm, pode constituir mandatrios, nos limites de seu

    poder e desde que seja especificado no instrumento os atos e operaes que podero

    praticar (art. 1.018).

    O 1o do art. 1.011 estabelece que no podem ser administradores, as

    pessoas condenadas a pena que vede o acesso a cargos pblicos, por crime falimentar,

    de prevaricao, corrupo ou suborno, concusso, peculato, crimes contra a

    economia popular, contra o sistema financeiro, contra as normas de defesa da

    concorrncia pblica, relaes de consumo, a f pblica ou propriedade, enquanto

    perdurarem os efeitos da condenao.

    Se o administrador for nomeado em instrumento separado do contrato social,

    como, por exemplo, ata de assemblia de scios, dever averb-se margem da

    inscrio da sociedade, respondendo pessoalmente e solidariamente com a sociedade,

    pelos atos que praticar antes de proceder inscrio.

    Se o contrato social no dispuser quem ser seu administrador, a

    administrao caber separadamente a cada um dos scios. Se a administrao

    competir a mais de um scio separadamente, cada um deles poder impugnar a

    operao pretendida pelo outro, cabendo a deciso ser tomada por maioria,

    observando-se o disposto no 2 do art. 1.010 do CC. O administrador que realizar

    operaes sabendo ou devendo saber agir em desacordo com a maioria, responde por

    perdas e danos perante a sociedade.

    O art. 1.014 estabelece que nos atos de competncia conjunta de vrios

    administradores necessrio o concurso de todos, ressalvado os casos urgentes, em

    que a omisso ou retardo das providncias necessrias possa ocasionar dano

    sociedade. Esta norma, porm, no pode ser utilizada com a inteno de abolir a

    representao da sociedade por mais de um dos scios administradores, sobretudo em

    relao a terceiros, que sempre podem objetar que a sociedade no se encontra bem

    representada.

    O contrato social poder dispor que para a prtica de determinados atos se

    faz necessrio deliberao da maioria, como, por exemplo, para a contratao de

    funcionrios para preenchimento de determinadas vagas. Ainda, dispe o art. 1.015 do

    CC que se a sociedade no possui como objeto social compra de venda de imveis,

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    21

    a venda de bens imveis depende de deliberao da maioria. O excesso de poder do

    administrador somente pode ser oposto perante terceiros em trs casos: a) a limitao

    de poder estiver averbada ou inscrita no registro prprio da sociedade; b) provando-se

    que a limitao era conhecida do terceiro; e c) tratando-se de operao evidentemente

    estranha aos negcios sociais.

    Os administradores no respondem pelos atos de gesto no exerccio regular

    de suas funes, nos termos do art. 1.011, mas responde por culpa no desempenho de

    suas atribuies. Havendo mais de um administrador estes respondem solidariamente

    perante a sociedade e perante terceiros prejudicados.

    O art. 1.019 estabelece que so irrevogveis os poderes do scio

    administrador que fora investido na administrao por clusula expressa no contrato

    social. A irrevogabilidade dos poderes do administrador nomeado no contrato social

    decorrente da regra do art. 999 do CC, que dispe que as alteraes no contrato social

    dependem do consentimento de todos os scios, portanto, se o administrador tiver

    sido nomeado no contrato social, somente poder ser destitudo por alterao neste

    mesmo contrato, o que depende do consentimento de todos os scios, nos termos do

    art. 999 do CC. Para que seja destitudo da administrao dever haver justa causa

    reconhecida judicialmente, a pedido de qualquer scio. Em outras palavras, o

    administrador somente poder ser demitido se houver justa causa, sendo que esta deve

    ser devidamente provada, para que possa ser reconhecida pelo judicirio. Assim, no

    bastam indcios de m administrao, necessrio que haja prova da m gesto.

    Diferentemente, se a nomeao do administrador se der em ato separado ao

    contrato social, seja ele scio ou no, seus poderes so revogveis a qualquer tempo

    (pargrafo nico do art. 1.019).

    3.2.4. Das Relaes com terceiros: Se os bens da sociedade no lhe cobrirem

    as dvidas, ou seja, se seu ativo for inferior ao seu passivo, estando em estado de

    insolvncia, os scios, nesta modalidade societria, respondem, pelas dvidas sociais,

    na proporo em que participem das perdas sociais. Clusula inserida no contrato

    social pode estabelecer solidariedade entre os scios no caso de insolvncia da

    sociedade, ou mesmo no caso de impossibilidade de manter pagamentos.

    importante salientar que o patrimnio da sociedade no se confunde com o

    de seus scios, no podendo, em regra, o patrimnio destes responder por dvidas

    daquela. Contudo, se o patrimnio social for negativo (passivo maior que ativo), os

    credores podero exigir seus crditos dos scios, porm, a estes assegurado o direito

    de benefcio de ordem, ou seja, o patrimnio dos scios somente atingido aps ter-se

    exaurido o patrimnio social (art. 1.024).

    O art. 1.023 do CC estabelece que a responsabilidade dos scios nas

    sociedades simples ilimitada, na medida em que os patrimnios dos scios

    respondem pelas obrigaes sociais a descoberto, possibilitando os credores da

    sociedade irem buscar no patrimnio pessoal bens que suportem o adimplemento de

    seu crdito. Entretanto, como no h solidariedade entre os scios, a responsabilidade

    de cada um proporcional a sua quota. Portanto, pode-se dizer, com firmeza, que a

    responsabilidade dos scios em uma sociedade simples ilimitada, porm a

    responsabilidade de cada scios considerado isoladamente, sofre uma limitao, pois

    cada um responde, pelo saldo, proporcionalmente as quotas que possui.

    Neste diapaso, o scio admitido em sociedade simples j constituda no se

    exime das dvidas anteriores sua admisso. Esta regra importante, sobretudo nos

    casos de sucesso e responsabilidade por crditos de naturezas tributria, trabalhista e

    outros. Na verdade, aquele que deseja ser admitido em sociedade j constituda deve

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    22

    averiguar a sua situao de solvncia, uma vez que no poder eximir-se ao

    pagamento de dvidas j contradas alegando o seu posterior ingresso (art. 1.025).

    Inclusive, se o scio ingressar em sociedade, j constituda e insolvente, seu

    patrimnio responder nos termos do art. 1.023, j examinado acima. O scio retirante

    tambm no se exime completamente, pois responde solidariamente com o

    cessionrio por dois anos (art. 1.003, pargrafo nico).

    Outra inovao introduzida pelo Cdigo Civil, mormente em relao s

    sociedades simples, a possibilidade do credor particular de scio, na falta de outros

    bens para garantir execuo, fazer recair a penhora sobre a parte que couber ao

    devedor nos lucros da sociedade, ou mesmo, na parte que couber ao devedor em caso

    de liquidao (art. 1.026). Ainda, se a sociedade no estiver dissolvida, poder o

    credor requerer a liquidao da quota do scio devedor, sendo o saldo que lhe couber

    depositado no juzo da execuo.

    3.2.5. Da Resoluo da Sociedade em Relao a um Scio: Atualmente

    sabe-se que a empresa9 possui um papel relevante para a comunidade, uma vez que

    a principal fonte de riqueza de uma Nao. A empresa, alm dos impostos diretos que

    paga ao Estado, emprega pessoas, dando-lhes trabalho e oportunidades, como tambm

    possui uma importante funo econmica, qual seja, a de fazer circular a riqueza.

    Portanto, deve o direito buscar meios de preservar a empresa atravs da conservao

    das sociedades que as gerem.

    O Cdigo Civil introduziu, em relao s sociedades simples, a possibilidade

    de resoluo da sociedade em relao a um scio, ou seja, a dissoluo parcial da

    sociedade, para dela retirar-se um ou mais scios, no a extinguindo.

    O art. 1.028 dispe que em caso de morte de scio as suas quotas sero

    liquidadas. Vale dizer, que a sociedade ser dissolvida em relao ao scio falecido,

    sendo apurado os haveres que sero devidos ao esplio. Esta regra possui trs

    excees, quais sejam: a) se o contrato dispuser diferentemente, lembrando que a

    sociedade essencialmente um contrato, como definido no art. 981; b) se os scios

    remanescentes optarem pela completa dissoluo da sociedade, mormente nos casos

    em que a falta do scio falecido ou de seu cabedal inviabiliza o negcio; e c) se por

    acordo com os herdeiros, houver substituio do scio falecido, o que provvel,

    sobretudo nas sociedades familiares, nas quais a sucesso prevista no prprio

    contrato social.

    Qualquer dos scios pode retirar-se da sociedade, sendo ela a prazo

    indeterminado, mediante notificao dos demais no prazo no inferior a 60 (sessenta)

    dias. Uma vez notificados, os demais scios podem optar pela dissoluo total da

    sociedade, desde que o faam no prazo de 30 (trinta) dias contados do recebimento da

    notificao (art. 1.029).

    Se a sociedade for constituda para ter existncia por prazo determinado, o

    scio dissidente (retirante) somente poder postular a sua sada da sociedade,

    juntamente com os seus haveres, se provar justa causa, assim entendida a m gesto

    dos negcios, em desconformidade com o disposto no caput art. 1.011.

    O scio poder ser excludo da sociedade se no contribuir para o capital

    social no prazo e condies estipuladas no contrato (Art. 1.030), nos termos do art.

    1.004 e seu pargrafo nico, sendo dispensado, neste caso, qualquer manifestao do

    9 As normas sobre sociedade simples so utilizadas subsidiariamente por todos os tipos de sociedade

    regulados pelo Cdigo Civil, bem como porque as sociedades simples cujo objeto a atividade

    intelectual, tambm exercem papel econmico relevante, por isso certo falarmos no princpio da

    continuidade da empresa ao tratarmos desta matria.

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    23

    judicirio. Tambm dispensa qualquer manifestao do judicirio a resoluo da

    sociedade em relao ao scio falido (pargrafo nico do art. 1.030). Uma vez

    decretada a quebra, a sua excluso dar-se- de pleno direito, independente de qualquer

    ato judicial especfico, devendo ser apurado seus haveres, sendo estes colocados

    disposio do sndico da massa falida. Alm destes casos, o scio poder ser excludo

    da sociedade mediante provimento judicial, por iniciativa da maioria dos demais

    scios, quando ficar demonstrado falta grave no cumprimento de suas obrigaes, ou

    por incapacidade superveniente (art. 1.030).

    O contrato social, para evitar dvidas deve dispor que os scios entendem

    por falta grave, uma vez que as regras de direito societrio previstas no Cdigo Civil

    no fazem qualquer aluso ao que se entenda por falta grave. Na medida em que a

    sociedade simples uma sociedade de pessoas, pode-se ter uma idia do que seja

    considerado falta grave, esta a falta que afeta o relacionamento do scio faltoso com

    os demais, ou que acarreta desprestgio sociedade. O art. 48210

    da CLT pode ser

    utilizado como indicador do que seja considerado falta grave.

    Ainda resta a hiptese do art. 1.026, j comentada, que ocorre quando o

    credor particular do scio requer a liquidao de sua quota, neste caso o scio tambm

    ser excludo da sociedade.

    Resolvida ou dissolvida a sociedade em relao a um scio, o valor da sua

    quota, considerada pelo montante efetivamente integralizado, liquidar-se- com base

    na situao patrimonial da sociedade, verificado atravs de balano especialmente

    levantado para este fim (art. 1.031). O contrato social pode estabelecer que a

    liquidao, ao invs de ter como base o valor patrimonial, basear-se- no valor de

    mercado ou no valor com gio ou desgio.

    Resolvendo-se a sociedade em relao a um dos scios, o capital social

    sofrer a reduo proporcional ao pagamento dos haveres ao scio dissidente, eis que

    este pagamento debitado diretamente do patrimnio lquido ( 1o

    do art. 1.031).

    Porm, nada obsta que os demais scios supram o valor pago pela quota. Se o

    contrato no estipular prazo nem condio, os haveres do scio dissidente sero pagos

    no prazo de 90 (noventa) dias e em moeda corrente ( 2o do art. 1.031). Convm

    salientar que a obrigao de pagar os haveres ao scio retirante da sociedade e no

    dos demais scios.

    O art. 1.032 estabelece norma que nada mais do que consectrio da

    responsabilidade ilimitada desta espcie de sociedade. Dispe que a retirada, excluso

    ou morte do scio, no o exime, nem a seus herdeiros, da responsabilidade pelas

    obrigaes sociais anteriores, at dois anos, aps, averbada a resoluo da sociedade.

    Esta regra guarda similitude com a regra do pargrafo nico do art. 1.003, uma vez

    que a alterao do quadro societrio no pode modificar as relaes que a sociedade

    mantm com terceiros.

    10

    Art. 482. Constituem justa causa para resciso do contrato de trabalho pelo empregador:

    a) ato de improbidade; b) incontinncia de conduta ou mau procedimento; c) negociao habitual por

    conta prpria ou alheia sem permisso do empregador, e quando constituir ato de concorrncia

    empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao servio; d) condenao criminal do

    empregado, passada em julgado, caso no tenha havido suspenso da execuo da pena; e) desdia no

    desempenho das respectivas funes; f) embriaguez habitual ou em servio; g) violao de segredo da

    empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinao; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra

    ou da boa fama praticado no servio contra qualquer pessoa, ou ofensas fsicas, nas mesmas condies,

    salvo em caso de legtima defesa, prpria ou de outrem; k) ato lesivo da honra e boa fama ou ofensas

    fsicas praticadas contra o empregador e superiores hierrquicos, salvo em caso de legtima defesa,

    prpria ou de outrem; l) prtica constante de jogos de azar.

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    24

    A 2a parte do disposto no art. 1.032 dispe que o scio retirante e o excludo

    respondem, at dois anos, pelas obrigaes sociais posteriores, enquanto no se

    requerer a averbao da resoluo. Ocorre que enquanto no for averbada a

    resoluo do contrato, o retirante e o excludo respondem pelas obrigaes da

    sociedade, na medida em que permanecem como scios at a averbao da alterao

    do contrato social que os demitiu da sociedade. O scio retirante e o excludo

    respondem pelas obrigaes decorrentes de fatos j consolidados, mas que ainda no

    esto vencidas ou no foram liquidadas, isto pelo prazo de dois anos. Exemplo de

    obrigao no liquidada o chamado passivo trabalhista, assim entendido o total dos valores devidos aos empregados, mas que esto margem da folha de pagamentos

    e que somente se liquidam se o empregado propor ao trabalhista contra a sociedade.

    Entretanto, o scio retirante e o excludo no podem responder por

    obrigaes assumidas aps terem se retirado da sociedade, uma vez que no podem

    ser obrigados por fato de terceiros (seus ex-scios). Portanto, respondem pelas

    obrigaes da sociedade por dois anos aps se retirarem, mas apenas a obrigaes

    decorrentes de fatos ocorridos enquanto eram scios.

    3.2.6. Da Dissoluo: O art.1.033 estabelece em quais situaes as sociedades

    se dissolvem: a) pelo vencimento do prazo de durao, salvo se, vencido este e sem

    oposio de scio, no entrar a sociedade em liquidao, caso em que se prorrogar

    por tempo indeterminado; b) pelo consenso unnime dos scios; c) pela deliberao

    dos scios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; d) pela falta

    de pluralidade de scios, no reconstituda no prazo de cento e oitenta dias; e) pela

    extino, na forma da lei, de autorizao para funcionar.

    Por outro lado, as sociedades podem ser dissolvidas judicialmente, a

    requerimento de qualquer dos scios, nas seguintes hipteses: a) quando for anulada a

    sua constituio; e b) quando for exaurido o fim social, ou verificada a sua

    inexeqibilidade (art. 1.034).

    Alm destas causas de dissoluo, o contrato social pode prever outras, que

    devero ser verificadas judicialmente quando contestadas (art. 1035).

    Uma vez efetivada a dissoluo da sociedade compete ao seu administrador

    providenciar a investidura do liquidante, restringindo a gesto apenas aos negcios

    inadiveis, sendo vedada novas operaes. Caso estas ocorram, os administradores

    respondem ilimitada e solidariamente (art. 1.036).

    Se a sociedade dissolver-se de pleno direito, qualquer scio pode requerer a

    liquidao judicial desde logo (pargrafo nico do art. 1.036).

    Se a sociedade perder sua autorizao para funcionar, os administradores

    devero, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da perda da autorizao promover a

    liquidao da sociedade. Ainda, neste prazo, pode qualquer dos scios requerer a

    liquidao judicial (art. 1.037).

    Se a liquidao da sociedade no for promovida no prazo acima mencionado,

    a autoridade que cassou a autorizao de funcionamento da sociedade deve comunicar

    o Ministrio Pblico o qual dever promover a liquidao judicial da sociedade, caso

    os administradores ou qualquer scio, no prazo assinalado acima, ainda no tenham

    providenciado. Caso o Ministrio Pblico no promova a liquidao no prazo de 15

    (quinze) dias aps o recebimento da comunicao, a autoridade competente para

    conceder a autorizao nomear um interventor com poderes para requerer a

    liquidao judicial e administrar a sociedade at que seja nomeado, pelo juiz, um

    liquidante.

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    25

    Havendo liquidao de comum acordo entre os scios, e se no estiver

    designado no contrato social a pessoa que dever proceder liquidao, o liquidante

    dever ser eleito por deliberao dos scios, podendo ser escolhido pessoa estranha

    sociedade. O liquidante pode ser destitudo a qualquer tempo se for eleito pelos scios

    ou por ato do juiz, a requerimento de um ou mais scios, desde que haja justa causa

    (art. 1.038).

    A liquidao da sociedade se processa nos moldes previstos nos arts. 1.102 a

    1.112 do Cdigo Civil.

    3.2.7 Resoluo da Sociedade em relao ao Scio Minoritrio: Antes de

    entrar em vigor o atual Cdigo Civil, prevalecia a regra de que a deliberao

    majoritria, no havendo clusula restritiva, abrangia a possibilidade de destituio do

    administrador, excluso de scio, dissoluo e extino de sociedade. Os atos que

    excluam scios deveriam indicar o motivo da excluso, bem como indicar a

    destinao da respectiva participao no capital social (art. 54 do Decreto n.

    1.800/96).

    Atualmente, ressalvado o caso do scio remisso, que no tenha integralizado

    a sua participao no capital social, na forma prevista no contrato, que pode ser

    excludo por simples ato da maioria (pargrafo nico do art. 1.004 c/c 1.030 que trata da excluso judicial por falta grave), a regra que os scios majoritrios no

    podem demitir os scios minoritrios (art. 1.085).

    Com a vigncia do novo Cdigo Civil, que introduziu significativa mudana,

    a demisso de scio minoritrio somente pode ocorrer, alm do caso acima

    mencionado, se no contrato houver clusula prevendo a possibilidade da excluso e

    desde que esta se d por justa causa.

    Os scios que representam a maioria do capital podem demitir scios

    minoritrios desde que fique demonstrado que o scio excludo tenha colocado em

    risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegvel gravidade.

    Esta excluso no depende de ato judicial, porm somente poder ser

    determinada em reunio ou assemblia, especialmente convocada para este fim,

    devendo o scio faltoso ser cientificado em tempo hbil para permitir o seu

    comparecimento e o exerccio do seu direito de defesa. Feito isto, a ata poder ser

    levada averbao. Convm lembrar que a excluso de scio, havendo justo motivo,

    somente poder ocorrer se o contrato social prever esta possibilidade.

    No caso do contrato social no prever a possibilidade de excluso de scio

    minoritrio mediante simples alterao contratual, a excluso depende de deciso

    judicial em que se prove que o scio esteja pondo em risco a continuidade da empresa

    em razo da prtica de atos de inegvel gravidade.

    O problema a identificao ou definio do que seja justa causa, ato de

    inegvel gravidade ou mesmo expor em risco a continuidade do negcio.

    Tendo em vista o ineditismo da norma, bem como a inexistncia de decises

    judiciais sobre os casos em que se deve admitir a excluso de scio por justo motivo,

    ou que tenha praticado ato de inegvel gravidade ou exposto a risco a continuidade do

    negcio, tem-se que se deve utilizar como referncia o art. 482 da CLT11

    , que

    estabelece as hipteses de justa causa para demisso do empregado. As hipteses

    previstas neste dispositivo da legislao trabalhista autorizariam a maioria do capital

    11

    Deve ser levado em conta o disposto nos arts. 153 a 158 da Lei n 6.404/76, que trata dos devedres e

    responsabilidades dos administradores de sociedade por aes.

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    26

    social a excluir um scio minoritrio, inclusive o nus da prova da justa causa deve

    recair sobre os scios majoritrios12

    .

    Sendo excludo o scio e arquivado o respectivo ato, deve-se proceder

    liquidao de suas quotas, apurando seus haveres, pagando-se em moeda no prazo de

    noventa dias, a partir da liquidao, salvo estipulao contratual em contrrio,

    aplicando-se o disposto nos arts. 1.031 e 1.032 do CC.

    Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relao a um scio,

    o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado,

    liquidar-se-, salvo disposio contratual em contrrio, com base na situao

    patrimonial da sociedade, data da resoluo, verificada em balano

    especialmente levantado.

    1 O capital social sofrer a correspondente reduo, salvo se os demais

    scios suprirem o valor da quota.

    2 A quota liquidada ser paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a

    partir da liquidao, salvo acordo, ou estipulao contratual em contrrio.

    Art. 1.032. A retirada, excluso ou morte do scio, no o exime, ou a seus

    herdeiros, da responsabilidade pelas obrigaes sociais anteriores, at dois

    anos aps averbada a resoluo da sociedade; nem nos dois primeiros casos,

    pelas posteriores e em igual prazo, enquanto no se requerer a averbao.

    3.2.8 Da Dissoluo: A sociedade limitada dissolve-se, de pleno direito, por

    qualquer das causas previstas no art. 1.033, j comentado quando da anlise da

    sociedade simples, se for empresria, dissolve-se tambm pela falncia.

    Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

    I - o vencimento do prazo de durao, salvo se, vencido este e sem

    oposio de scio, no entrar a sociedade em liquidao, caso em que

    se prorrogar por tempo indeterminado;

    II - o consenso unnime dos scios;

    III - a deliberao dos scios, por maioria absoluta, na sociedade de

    prazo indeterminado;

    IV - a falta de pluralidade de scios, no reconstituda no prazo de

    cento e oitenta dias;

    V - a extino, na forma da lei, de autorizao para funcionar.

    12

    O ideal que os scios estabeleam o que seja justa causa em ato separado e levado registro, ou mesmo no prprio contrato social.

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    27

    4. PARTILHA E SUCESSO DAS COTAS EMPRESARIAIS

    Art. 1.028. No caso de morte de scio, liquidar-se- sua quota, salvo:

    I - se o contrato dispuser diferentemente;

    II - se os scios remanescentes optarem pela dissoluo da sociedade;

    III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituio do scio

    falecido.

    Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relao a um

    scio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente

    realizado, liquidar-se-, salvo disposio contratual em contrrio, com

    base na situao patrimonial da sociedade, data da resoluo,

    verificada em balano especialmente levantado.

    1 O capital social sofrer a correspondente reduo, salvo se os

    demais scios suprirem o valor da quota.

    2 A quota liquidada ser paga em dinheiro, no prazo de noventa

    dias, a partir da liquidao, salvo acordo, ou estipulao contratual em

    contrrio.

    4.1. Subsociedade:

    AO DE DISSOLUO DE SOCIEDADE COMERCIAL C/C

    PEDIDO DE PRESTAO DE CONTAS E HAVERES. MULHER

    CASADA QUE PRETENDE A MEAO DAS COTAS SOCIAIS

    DO VARO. ILEGITIMIDADE ATIVA CARACTERIZADA.

    PARTILHA DE BENS COMO VIA ADEQUADA. No tem

    legitimidade ativa para pedir a dissoluo da sociedade comercial a

    esposa de um de seus scios que no tem participao societria direta

    na empresa. A pretendida meao das cotas sociais do marido deve

    ser includa na partilha de bens do casal, at porque poder ser scia do

    marido, em suas cotas, mas no da sociedade (TJSC. AC 878659-SC.

    Rel.: Carlos Prudencio. DJ 9/6/1998).

    AO DE SEPARAO CONSENSUAL - PARTILHA DE

    QUOTAS DE SOCIEDADE DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

    - DETERMINAO DE TRANSFERNCIA DA METADE DAS

    QUOTAS PERTENCENTES AO VARO PARA A MULHER -

    INADMISSIBILIDADE - FORMAO APENAS DE UMA

    SUBSOCIEDADE - SITUAO QUE NO AUTORIZA A

    INCLUSO DA ADQUIRENTE COMO SCIA DA EMPRESA -

    EXISTNCIA DE CLUSULA CONTRATUAL QUE PROBE OS

    SCIOS DE TRANSFERIR SUAS QUOTAS SEM A EXPRESSA

    CONCORDNCIA DOS DEMAIS - INTELIGNCIA DOS

    ARTIGOS 334, DO CDIGO COMERCIAL E 1.388, DO CDIGO

    CIVIL (TJSC, AI. Relator: Des. Carlos Prudncio)

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    4.2. Meao e Partilha:

    MANDADO DE SEGURANA REQUERIDO POR SOCIEDADE

    POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA, NA

    QUALIDADE DE TERCEIRO PREJUDICADO, VISANDO A

    CASSAR DECISO QUE, EM MEDIDA LIMINAR,

    DETERMINOU A VERIFICAO CONTABIL DE LIVROS E

    DOCUMENTOS FISCAIS DA IMPETRANTE.- EXAME

    CONTABIL QUE TEM ASSENTO NO ART. 382 DO CPC, CUJO

    OBJETIVO E A SEGURANA DA PARTILHA DE BENS

    DECORRENTE DA DISSOLUO DE SOCIEDADE CONJUGAL.

    LEGALIDADE DA MEDIDA. - RECURSO A QUE SE NEGA

    PROVIMENTO (STJ, RMS 2618/SP, Rel. Ministro ANTONIO

    TORREO BRAZ, QUARTA TURMA, julgado em 24.05.1994, DJ

    01.08.1994 p. 18650).

    4.3. Rendimentos:

    MEDIDA CAUTELAR INOMINADA - LIMINAR VISANDO O

    RECEBIMENTO DE METADE DOS LUCROS E DIVIDENDOS

    AUFERIDOS PELO REQUERIDO, OURIUNDOS DE SUA

    PARTICIPAO SOCIETRIA EM EMPRESA - CABIMENTO -

    EMPRESA REQUERIDA QUE DEVE PROVIDENCIAR O

    DEPSITO DO VALOR CORRESPONDENTE METADE DA

    RENDA QUE SERIA DESTINADA AO REQUERIDO - MEDIDA

    QUE VISA PRESERVAR EVENTUAIS INTERESSES

    PATRIMONIAIS DA AGRAVANTE. DECISO REFORMADA.

    RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO (TJSP. AI 994090379411.

    Rel.: Neves Amorim. DJ 12/04/10)

    4.3. Responsabilidade do scio e no da sociedade:

    Diante das novas disposio introduzidas pelo Cdigo Civil de 2002,

    fica evidente que a meeira das cotas no pode obrigar a sociedade, quer a aceit-la em seus quadros, face a ineficcia da transao perante

    a pessoa jurdica nos termos do art. 1.003 do CC/2002, quer a apurar e

    consequentemente pagar os direitos societrios que aquela adquiriu

    perante o ex-cnjuge (art. 1.027 do CC/2002), devendo aguardar a

    liquidao integral da sociedade ou das cotas titularizadas pelo ltimo.

    De todo modo, tal entendimento no constitui bice ao levantamento

    do efetivo valor patrimonial das cotas partilhadas e titularizadas pela

    ex-mulher do scio, pois a ela, inegavelmente, compete o direito de

    apurar o quantum correspondente aos direitos que adquiriu.

    E, apurada a quantia, embora a meeira nada possa exigir das

    sociedades, poder postular o adimplemento pelo ex-marido, ou, ainda,

    alienar os aludidos direitos a terceiros, eventualmente interessados na

    respectiva aquisio (TJSC. AI 2006.025470-4. Des. Rel.: Marco

    Aurlio Gastaldi Buzzi. DJ 22.11.2007)

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    4.3. Planejamento sucessrio:

    Converso do patrimonio pessoal em capital da empresa

    Incluso dos herdeiros como scios de acordo com a ordem de vocao hereditria

    Possibilidade de conceder a parte disponvel

    Entrada dos scios herdeiros por doao restries e aplicaes deste tema

    Modificao societria com diminuio das cotas do autor da herana

    Inventrio s das cotas diminuio de custos e custas

    DISCUSSO PORMENORIZADA OUTRO CURSO

    4.4. Alteraes das clusulas do contrato social:

    CONTRATO DE UNIO ESTVEL

    PACTO ANTENUPCIAL

    MUDANA DE REGIME DE BENS

    DIVRCIO

    LITIGIO

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