METAIS EM PEIXES

Páscoa em alerta: arsênio encontradoSardinha, atum e corvina apresentaram problemas em nossas análises. Mesmo assim, não é preciso tirar esse alimento da mesa.

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de pescado por habitante ao ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

ao ano, no Brasil (Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2008-09).

no Brasil, nos últimos sete anos, embora ainda esteja longe do indicado pela OMS.

Consumo ideal é de 12 quilos

Consumo é de apenas 9 quilos

Consumo anual cresceu 40%

Se você acompanha os artigos que publicamos aqui, na PROTESTE SAÚDE, desde setembro de 2011, já deve ter observado que, sempre que possível, recomendamos o consumo de peixes. A$nal, esse ali-mento é um grande aliado da boa saúde, ajudando na manutenção do peso corporal e na prevenção de doenças. Por isso, não se espante com o que iremos lhe informar ago-ra: avaliamos quatro espécies de peixes frescos, em busca de metais, e em diversos deles encontramos arsênio – relacionado a problemas renais, hepáticos e no sistema ner-voso – além dos limites brasileiros legais para o consumo.Por que você não deve se assus-tar? Pelo fato de que, embora haja risco ao se consumir qualquer alimento contendo metais tóxi-cos, no caso dos peixes a história muda um pouco de figura. De acordo com estudos científicos, os ácidos graxos ômega 3 – cuja fonte principal é o peixe – pro-

porcionam benefícios nutricio-nais importantes, que chegam a superar os danos possivelmente ocasionados por contaminantes.

Descarte inadequado contamina rios e maresEm nosso estudo, avaliamos se haveria a presença de cádmio, chumbo, mercúrio e arsênio em atuns, corvinas, pintados e sardi-nhas comprados em supermer-cados e peixarias de São Paulo. Esses metais podem atingir rios e mares após o descarte inadequa-do de rejeitos no meio ambien-te. E os peixes, por meio de suas brânquias (órgão por onde res-piram), facilmente os absorvem. Depois de pescados, esses metais podem ir parar justamente em nossos pratos.Os resultados de nossas análises laboratoriais foram mais positivos do que negativos: não detectamos qualquer vestígio de cádmio e chumbo. No caso do mercúrio, en-

Em novembro de 2012, fomos a 16 estabelecimentos comerciais da cidade de São Paulo para comprar quatro espécies de peixes frescos: atum, corvina, pintado e sardinha. Levamos as amostras ao laborató-rio para analisar os teores dos se-guintes minerais: arsênio (segundo a legislação, só pode ter até 1 mg/kg de peixe), cádmio (1 mg/kg), chumbo (2 mg/kg) e mercúrio (0,5 mg/kg, no caso dos peixes não pre-dadores, e 1 mg/kg, predadores).

COMO FIZEMOS O TESTE

Compramos peixes em 16 pontos de venda

contramos esse metal em 58% das amostras. Porém, com um valor abaixo do limite máximo assegura-do pela legislação. Assim, a princí-pio, não trariam danos à saúde. O problema que percebemos foi no arsênio. Esse metal estava presente em 75% das amostras, sendo que apenas 2,5% delas em limites den-tro do aceitável. Somente o pintado se mostrou livre de arsênio. Quanto às corvinas, 90% delas continham o metal acima da lei. Já todos os atuns e sardinhas apresentavam a substância além do ideal. No entanto, precisamos salientar dois aspectos. O primeiro é que, no Brasil, não há laboratórios

Nem todas as gorduras são nocivas. As chamadas mo-

noinsaturadas e poli-insaturadas fazem bem à saúde. E

o peixe é rico em uma delas, os ácidos graxos ômega 3.

ÔMEGA 3 PREVINE DOENÇASGORDURAS BOAS

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Os peixes são fonte de gorduras poli-insatu-radas. Elas são responsáveis por importan-tes benefícios ao organismo: redução dos triglicerídeos, melhora na função plaquetária, ligeira redução na pressão arterial e efeito anti-inflamatório.

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De modo geral, quem adota uma dieta em que entrem peixes no mínimo duas vezes por semana, além de outros pratos preparados com óleo vegetal, já alcança a quantidade necessá-ria dessa gordura.

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Além da carne dos peixes, o ômega-3 pode ser encontrado em linhaça, canola, nozes, mar-garina, cremes vegetais e nos óleos de atum, sardinha, truta e salmão.

Não achamos qualquer vestígio de cádmio e chumbo

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METAIS EM PEIXES

Chegamos a encontrar mercúrio em 58% dos peixes avaliados. Mas, como seu teor era inferior

ao limite máximo determinado pela legislação, não oferecem riscos ao consumidor.

75% das amostras apresentavam arsênioONDE FIZEMOS AS COMPRAS

Carrefour SupermercadoRua Ribeiro Lacerda, 940Saúde – São Paulo

CA Santa Cruz PeixariaRua Santa Cruz, 1.851Vila Gumercindo – São Paulo

Extra SupermercadoAv. Dr. Ricardo Jafet, 1.501Vila Mariana – São Paulo

Hedama PescadosR. Gal. Chagas Santos, 815, box 5Vila da Saúde – São Paulo

Hirota Supermercado (1)Av. Aclimação, 488Aclimação – São Paulo

Hirota Supermercado (2)Av. Nazaré, 1.299Ipiranga – São Paulo

Hortifruti União PeixariaAv. Jabaquara, 224Saúde – São Paulo

Ki-Pescados PeixariaRua da Cantareira, 306, box 2 e 8Centro – São Paulo

Pão de Açúcar Supermercado (1)Av. Ibirapuera, 3.068Moema – São Paulo

Pão de Açúcar Supermercado (2)R. Prof. Serafim Orlandi, 299Vila Mariana – São Paulo

Peixaria RolinRua da Cantareira, 306, box 20Centro – São Paulo

Pescados Paola PeixariaRua da Cantareira, 306, box 33Centro – São Paulo

Renato Rabelo PeixariaRua da Cantareira, 306, box 27Centro – São Paulo

Sonda SupermercadoRua João Padilha, 127Vila Prudente – São Paulo

Walmart Supermercado (1)Av. Jabaquara, 2.979São Judas – São Paulo

Walmart Supermercado (2)Av. Dr. Francisco Mesquita, 1.000Vila Prudente – São Paulo

ATUM

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CORVINA

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PINTADO

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ArsênioCádmioChumboMercúrio

SARDINHA

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ArsênioCádmioChumboMercúrio

Encontrado acima dos limites legais.

Metal não encontrado. Encontrado, mas dentro dos limites legais.

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Veja como identificar o verdadeiro bacalhau em www.proteste.org.br/alimentacao/verdadeiro-bacalhau

Somente o pintando não tinha arsênio

privados que ofereçam a diferen-ciação entre arsênio orgânico e inorgânico – e sabe-se que os pro-blemas de toxicidade estão mais relacionados à forma inorgânica desse metal. E o segundo é que esses resultados são um retrato do momento. Se voltarmos aos estabelecimentos para comprar as mesmas espécies de peixes, pode ser que encontremos dados bem diversos.

Estudos relacionam metais ao câncerDe qualquer forma, esses núme-ros são preocupantes. Afinal, já há pesquisas sugerindo a relação entre o consumo de peixes con-taminados por metais com a pre-disposição ao câncer e a doenças cardiovasculares e no sistema nervoso. Por isso, uma dica para prevenir problemas é seguir uma dieta diversi$cada, variando as es-pécies de peixes e a frequência de seu consumo.

A PROTESTE REIVINDICA

Laboratórios precisam diferenciar o arsênio

´ Sabe-se que a forma inorgânica do arsênio é a mais tóxica ao homem. Porém,

a legislação brasileira não faz essa diferenciação. Atualmente, é estipulado um limi-

te máximo para a presença do arsênio, independentemente de sua forma química.

´ Enviamos os resultados de nosso teste ao Ministério de Agricultura, à Agência

Nacional de Vigilância Sanitária, à Coordenação de Vigilância de Saúde de São

Paulo e à Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo. Solici-

tamos uma discussão sobre a diferenciação das espécies químicas de arsênio pela

legislação e a inclusão dessa análise em laboratórios privados para identificar a

presença da forma inorgânica do arsênio. Além disso, é necessário um monito-

ramento constante da contaminação do pescado nacional em nome da saúde e

segurança dos consumidores.

Mas lembre-se: não tire o peixe de sua mesa. A$nal, já estão mais do que provados seus benefícios nutricionais, os quais superam os riscos. Esse alimento contém altos teores de ômega 3, baixo teor de gorduras saturadas, ami-

noácidos essenciais, vitaminas (A, D e E), ferro, zinco, cálcio, iodo e selênio. Portanto, man-tenha-o em sua dieta regular. E aproveite a Páscoa para servir um prato bem saboroso de pes-cado, sem medo.

Veja alguns exemplos de onde se encontram os metais tóxicos que buscamos em nossas análises. Repare que eles chegam à natureza,

muitas vezes, em decorrência do descarte inadequado do lixo e dos resíduos industriais. Abaixo, conheça os riscos para a saúde a partir

de uma exposição crônica a esses metais.

DESCARTE MAL FEITO DE BATERIAS É UM PROBLEMAONDE SE ESCONDE O PERIGO

MERCÚRIOCÁDMIO

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Onde é encontrado – Em baterias, ligas metálicas e alimentos contaminados.

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Riscos para a saúde – Afeta, principalmente, os rins. Pode, também, prejudicar o sistema esquelético.

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Onde é encontrado – Extração do ouro, tintas, fungicidas e alimentos contaminados.

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Riscos para a saúde – Atinge, sobretudo, o sistema nervoso central. Problemas renais também são observados.

CHUMBOARSÊNIO

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Onde é encontrado – Água de abastecimento e alimen-tos contaminados, praguicidas, tintas e nas indústrias de vidro e químicas em geral.

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Riscos para a saúde – Pode afetar o sistema nervoso central e periférico e causar danos aos rins e ao fígado.

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Onde é encontrado – Baterias, alguns tipos de soldas e alimentos contaminados.

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Riscos para a saúde – Suas ações tóxicas são mais evidentes no sistema renal e no sistema nervoso central e periférico.